1 REAÇÃO DE AGLUTINAÇÃO Os imunoensaios podem ser usados para a pesquisa de Ag ou de Ac tendo especial aplicação no diagnóstico e acompanhamento de processos infecciosos. Com relação às infecções, o diagnóstico de um processo infeccioso é feito pela demonstração do patógeno ou de seus produtos nos tecidos ou fluidos biológicos do hospedeiro, por exemplo, no sangue periférico, na urina ou nas fezes. Porém, nem sempre isso é possível e os testes sorológicos têm sido amplamente utilizados para suprir as deficiências dos métodos parasitológicos e microbiológicos sendo usados para a pesquisa de antígenos do agente infeccioso ou de anticorpos contra o agente infeccioso. Desta forma, pode-se pesquisar o HBsAg, um Ag do vírus da hepatite B (VHB ou HBV), para diagnóstico de hepatite pelo HBV ou Ac contra o vírus da rubéola numa gestante para diagnóstico de rubéola na gestação. E, pode-se, também, através da reação de aglutinação, pesquisar Ag presentes na superfície das hemácias de um paciente (ex: Ag A e B do sistema ABO, dentre outros) Assim, a pesquisa de antígenos e anticorpos é importante não só para definir que agente infeccioso provoca uma patologia, mas também para diferenciar a fase da doença (a infecção é recente??), selecionar doadores de sangue, diagnosticar infecção congênita e avaliar o prognóstico de determinadas doenças. Os testes sorológicos são técnicas para a detecção e quantificação de antígeno ou anticorpo, podendo utilizar reagentes não marcados ou marcados. Os ensaios com reagentes não marcados, como a reação de aglutinação possuem sensibilidade analítica menor, pois é necessário que se formem grandes complexos Ag-Ac (imunocomplexos) para que sejam detectados, porém têm a vantagem de serem de execução simples, não necessitando de aparelhos especiais para sua realização (a leitura é visual). No caso da aglutinação de hemácias para a pesquisa de grupo sanguíneo, por exemplo, a leitura é visual e não requer o uso de nenhum aparelho, a não ser uma centrífuga. Nos ensaios com reagentes marcados, usa-se um reagente (chamado de conjugado) que permite que a reação seja detectada além de permitir aumento da sensibilidade analítica. Os marcadores comumente utilizados são enzimas, fluorocromos ou substâncias radioativas, no caso do ELISA, imunofluorescência e radioimunoensaio, respectivamente. O advento dos Ac monoclonais proporcionou um grande avanço dos imune ensaios pela possibilidade de produção, em grande quantidade, de Ac homogêneos e totalmente caracterizáveis. Esses Ac são a base de vários testes de pesquisa de Ag. Por outro lado, a análise da estrutura dos principais componentes antigênicos dos microrganismos levou à identificação dos Ag mais importantes na detecção de Ac. Esses Ag podem ser preparados em larga escala por síntese peptídica e tecnologia recombinante, aumentando a especificidade dos testes para a pesquisa de Ac. As reações de aglutinação podem ser feitas com Ag nativos insolúveis (ex: hemácias, bactérias) ou com partículas recobertas com um Ag ou Ac. Essas reações podem ser classificadas em diretas ou indiretas (passivas). Na aglutinação direta, uma célula ou Ag insolúvel é aglutinado diretamente pelo Ac. Um exemplo é a aglutinação de hemácias de um paciente do grupo A por anticorpo anti-A. A aglutinação indireta ou passiva refere-se à aglutinação de células ou partículas inertes cobertas com Ag (ou em alguns casos com Ac). 2 As partículas inertes são usadas para permitir a visualização da reação já que sem elas a reação não seria visível. Um exemplo é a aglutinação de partículas de látex para a detecção de proteína C reativa. Nesse caso, as partículas de látex são recobertas com Ac anti PCR. E a aglutinação de hemácias recobertas com Ag de Treponema pallidum para a pesquisa de Ac anti T. pallidum num paciente com suspeita de toxoplasmose, Técnicas baseadas na reação de aglutinação: 1- Aglutinação direta: nesse teste, o antígeno faz parte naturalmente da célula e pode ser usado para pesquisar Ac contra ele. Assim, bactérias e fungos responsáveis por processos infecciosos em humanos podem ser diretamente aglutinados por Ac presentes no soro do paciente, para se definir o agente infeccioso que provoca a doença, desde que a reação Ag-Ac seja detectável, ou seja, que essa reação provoque uma aglutinação visível (ex.: pesquisa de Ac contra Leptospira ou contra a Brucela no soro do paciente). Além disso, pode-se pesquisar um Ag na superfície das hemácias de uma paciente usando um Ac que reconhece esse Ag para definição do grupo sanguíneo. Assim, pode pesquisar o Ag A na superfície das hemácias de um paciente usando Ac anti A comercial (esse Ac é comercializado por várias firmas). Nos dois casos citados, não é necessário nenhum aparelho para se detectar a aglutinação. 2- Teste de aglutinação indireta (passiva): um grande número de Ag (ou Ac ) pode ser ligado a hemácias ou a partículas inertes. Muitos Ag ligam-se espontaneamente aos eritrócitos formando reagentes estáveis para a detecção de Ac e em outros casos usa-se reagentes para aumentar essa ligação. Assim, pode-se usar hemácias sensibilizadas com Ag de um agente infeccioso para se pesquisar Ac contra esse Ag (ex: hemácias sensibilizadas com Ag de T. cruzi para pesquisa de Ac contra o T. cruzi). A reação de aglutinação indireta em microplacas de aglutinação utiliza pequenas quantidades de reagente e é considerada positiva quando se verifica a formação de tapete cobrindo o fundo da cavidade (poço) da placa e negativa quando as hemácias sedimentam formando um “botão”compacto. Além disso, pode-se pesquisar um analito no soro de um paciente usando-se partículas de poliestireno (látex) sensibilizadas com Ag ou com Ac. Por exemplo, pesquisar -HCG na urina de uma paciente com suspeita de gravidez pelo uso de partícula de látex sensibilizado com Ac anti - -HCG.