TRATADO DE KYOTO 1. ORIGEM E CONCEITO. Na década de 80 estudos científicos alertaram sobre as suspeitas de que a temperatura média do planeta estaria aumentando, então houve um debate internacional sobre mudanças climáticas acarretadas pela influência das industrias o que teria transformado vários países em grandes poluidores, principalmente devido ao acúmulo do dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, pois a alta concentração desses gases provoca o efeito estufa, que tem se intensificado desde 1988, com a criação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Dois anos depois, o IPCC divulgou seu primeiro relatório, confirmando a ameaça das mudanças climáticas e recomendando um tratado global para discussão do problema. Em 1992, no Rio de Janeiro, durante a Conferência Eco 92, foi realizada a chamada Cúpula da Terra, quando 175 países assinaram a Convenção sobre Mudanças Climáticas, com o objetivo comum de reduzir a níveis seguros as concentrações de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Então, foi realizado em dezembro de 1997 - em Kyoto, no Japão - um evento com a participação de aproximadamente 10.000 delegados, observadores e jornalistas, que culminou na decisão, por consenso, de se adotar um Protocolo segundo o qual os países industrializados reduziriam suas emissões combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990 até o período entre 2008 e 2012. Esse compromisso, com vinculação legal, objetiva reverter uma tendência histórica de crescimento das emissões iniciadas nesses países há cerca de 150 anos. O Tratado de Kyoto elimina o principal entrave às conversas até agora - a polarização entre as posições de Estados Unidos e Europa. O protocolo, assinado em 97, prevê a redução de 5,2% até 2012 nas emissões de gás carbônico (CO2) dos países industrializados. O gás, produzido principalmente pela queima de combustíveis fósseis, retém a radiação solar na atmosfera, esquentando o planeta. 2. EFEITO ESTUFA E O CO2. Os raios solares que chegam a Terra têm mais dificuldades para sair, ficando retido o calor na atmosfera, causando o aquecimento da superfície terrestre. Pode causar vários danos ambientais, como enchentes (devido ao derretimento de calotas polares), prejuízos às atividades agrícolas e ao desenvolvimento econômico, isso tem sido uma das grandes preocupações de governos e autoridades ligadas ao meio ambiente pois essa liberação excessiva de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, é responsável, entre outros males, pelo efeito estufa, que consiste no acúmulo desses gases no ar, impedindo que as radiações de calor da terra possam ir para o espaço, criando, assim, o aquecimento global. Os países industrializados são responsáveis por 71% dessas emissões de CO2. Isso sem contar que os desmatamentos e as queimadas também contribuem para o agravamento da situação. Hoje, os países em desenvolvimento contribuem com 18% das emissões. Só que, de acordo com os cientistas, em 30 anos esses países estarão emitindo a mesma quantidade de CO2 que os industrializados. Muitos especialistas temem que se as emissões de gases-estufa (principalmente CO2, metano e óxido de nitrogênio) continuarem a crescer, a temperatura do planeta também se elevará. Em conseqüência, poderão ocorrer mudanças sérias, como a elevação do nível do mar, a intensificação de secas e inundações, e a redução das terras disponíveis para a produção de alimentos, pois com a quantidade excessiva a natureza não consegue absorver através da fotossíntese, processo no qual as plantas captam dióxido de carbono e liberam oxigênio. O que fica de CO2 excedente na atmosfera contribui para o efeito estufa. Assim, o efeito estufa é o processo pelo qual a presença de gases atmosféricos faz com que a terra mantenha uma temperatura maior do que se esses gases não existissem. O problema não é a existência de gases na atmosfera, mas o seu aumento descontrolado. Segundo os pesquisadores devem ser controlados os seguintes gases: -metano (CH4); -oxido nitroso (N2O); -três gases flúor: hidrofluorcarbono (HFC), perfluorcarbono (PFC) e hexafluor sulfúrico (SF6); -gás carbônico (CO2): liberado por carros ou indústrias que usam carvão ou petróleo como combustível, é o principal causador do efeito estufa. 3. O AQUECIMENTO GLOBAL A queima de carvão, gás e petróleo para obtenção de energia, estão entre as atividades que mais contribuem para o aquecimento global. Os níveis de CO2 na atmosfera estão provocando o aquecimento global de maneira rápida. Nos anos 90 houve um considerável aumento na temperatura em comparação com outros períodos. Atualmente a atmosfera recebe mais de 700 toneladas de CO 2 por segundo. 4. FINALIDADE, METAS E VISÕES. O Tratado de Kyoto tem como principal finalidade fazer com que os países industrializados (os principais responsáveis pelo efeito estufa) façam a redução e controle na emissão de gases, atingindo a meta até 2008-2012. Os países assumiram diferentes metas percentuais, e poderá utilizar-se de “mecanismos flexíveis”, que servirão também para abater as metas de carbono absorvidas nos chamados “sorvedouros”, tais como florestas e terras agrícolas. É o mais importante mecanismo para reverter os danos provocados pelo aquecimento global. Esse documento contém orientações para que os governos possam colaborar, garantindo um planeta saudável para as futuras gerações. Assim - negociado pela Comissão das Nações Unidas para a Mudança do Clima - cria para os países desenvolvidos a obrigação de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, cujos efeitos começaram a ser sentido de maneira dramática, como é o caso do descongelamento da calota polar e alterações climáticas que estão afetando milhões de pessoas. Com o Tratado de Kyoto, cria-se um mercado mundial de crédito de carbono. Os países que não conseguirem reduzir suas emissões de GEE poderão comprar créditos dos países que contribuem para retirar esses gases da atmosfera em quantidade maior do que emitem. Este, abrange seis gases de efeito estufa produzidos por atividades humanas: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6). O Tratado de Kyoto, é um plano global para reduzir os gases associados ao aquecimento global, o qual teve sob uma onda mundial de críticas aos Estados Unidos. Os americanos, os maiores poluidores do mundo, se recusam a fazer cortes em suas emissões, alegando que trariam sérios prejuízos a sua economia. Muitos especialistas consideram o protocolo morto sem os EUA. Afinal, para que ele seja implementado, é necessária sua ratificação (aprovação como lei pelo Parlamento) por 55 países, que somem pelo menos 55% das emissões de CO2 do planeta. Como os EUA respondem, sozinhos, por quase 36% das descargas globais do gás, as metas de Kyoto para aplacar o aquecimento global perderiam todo o efeito. A ministra japonesa das Relações Exteriores, Makiko Tanaka, disse que trabalharia "até o último momento" para persuadir os EUA a voltar atrás. A meta do Tratado tem como principal objetivo reduzir as emissões dos países industrializados de gases associados ao aquecimento global. Os países industrializados que o ratificaram se comprometeram a, juntos, reduzirem suas emissões até 2012 em 5,2% abaixo dos níveis de 1990. Cada país tem metas próprias. Porém, a ONU diz que os países estão longe de cumprir suas metas. O Tratado de Kyoto determina que quem polui deve assumir financeiramente as conseqüências disso. Os países em desenvolvimento, que mantêm, ao menos relativamente, preservados os seus recursos naturais, podem passar a se inspirar para desenvolver projetos visando a sustentabilidade social e ambiental. Assim, os países desenvolvidos que mais poluíram - desde a Revolução Industrial - deverão pagar pelos prejuízos causados ao ambiente, ou compensar essa falta investindo, por exemplo, na recuperação e manutenção de áreas verdes, cuja maior parte ainda está nos países pobres. 5. VANTAGENS DA ADESÃO AO TRATADO DE KYOTO. A contribuição dos países em desenvolvimento à redução dos gases estufa é fundamental, segundo o Banco Mundial, para o sucesso do Protocolo de Kyoto do qual os EUA são a grande ausência. Países como Chile, Marrocos e Índia participam de projetos de redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) que são negociados sob a supervisão do Banco Mundial. O comércio de redução de emissões permite a um país pobre vender sua cota a países industrializados que podem utilizá-la para cumprir os objetivos de Kyoto: uma redução média de 5% dos gases poluentes até 2012, tendo como base os valores de 1990. Os especialistas do Banco Mundial prevêem que as negociações de emissões cresçam no próximo ano. Segundo o organismo, seria muito caro para o mundo industrializado atingir os objetivos de Kyoto mediante projetos nacionais, por isso eles investirão em energias sustentáveis em países pobres, para posteriormente comprar a redução de gases que essas energias geram e contabilizá-la para si. No total, os países desenvolvidos terão de adquirir o equivalente a 3 bilhões de toneladas de reduções de CO2 no exterior, segundo explicou hoje em entrevista coletiva Ken Newcombe, responsável pelos Fundos de Carbono do Banco Mundial. O Chile é um dos países em desenvolvimento que se preparou para esta realidade. Marcela Main, do departamento de Relações Internacionais da Comissão de Meio Ambiente chilena, explicou a EFE que o Chile é, segundo o Banco Mundial, o terceiro país que oferece mais emissões e o segundo melhor para se investir neste tipo de projeto. O Banco Mundial administra cerca de 800 milhões de dólares em fundos de emissões de dióxido de carbono. 5.1. NÃO ADESÃO DOS EUA. O Protocolo não poderia entrar em vigor antes de os EUA ou a Rússia o subscrevessem, porque os EUA sozinhos representam cerca de 36% das emissões globais de gases de efeito estufa e a Rússia 17%. Pressionado pela indústria norteamericana, o governo Bush rejeitou o Protocolo. O governo dos EUA, campeão em emissão de gases, recusou-se a ratificar o acordo. Os americanos desistiram do acordo em 2001, alegando que ele frearia o crescimento econômico, pois exigiria muito dinheiro para reduzir a poluição — ou na forma de investimentos em filtros e energia limpa ou com a diminuição da atividade das indústrias. 5.2. ADESÃO DA RÚSSIA. Com a adesão da Rússia, em dezembro de 2004, o acordo conseguiu o número mínimo de signatários, ou seja, com a assinatura da Rússia o Protocolo finalmente entrou em vigência a partir de fevereiro de 2005. 6. REDUCÃO PREVISTA. O Protocolo de Kyoto estabeleceu a divisão entre os países em dois grupos: os que precisam reduzir suas emissões de poluentes e aqueles que não estão obrigados a tais reduções. O grupo de países em desenvolvimento (que inclui o Brasil) não precisa reduzir nada - pelo menos nos próximos anos. O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento que não precisam diminuir suas emissões de dióxido de carbono, pode vender essa redução através dos créditos de carbono conseguidos com as CERs. Já os países desenvolvidos devem reduzir, em média, 5% das emissões de gases nocivos em relação a 1990, ano do início das discussões sobre o aquecimento global. O prazo para atingir a meta é o ano de 2012. 7. O BRASIL O governo brasileiro ratificou o acordo. O país que não conseguir diminuir suas emissões pode compensar investindo em projetos ambientais em outros países. Assim, com o recurso de outros países, o Brasil poderá recuperar florestas, que ajudam a retirar o CO2 da atmosfera. O Brasil é um dos países em estágio mais avançado em termos de preparação para o Protocolo de Kyoto e para o MDL. Constituiu uma Autoridade Nacional Designada (AND), que é uma Comissão Interministerial de Mudanças Globais de Clima - formada por 11 Ministérios coordenados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Essa comissão já aprovou alguns projetos de MDL, já encaminhados à aprovação do Comitê Executivo, órgão da ONU que aprova e registra tais projetos e emitem os Certificados de Redução de Emissões, os chamados créditos de carbono. É brasileiro o primeiro projeto registrado no Comitê Executivo. 8. O SEQUESTRO DE CARBONO. É incalculável a quantidade de dióxido de carbono já emitida por esses países no decorrer das décadas. Para facilitar o cumprimento das metas de redução de emissões, o Protocolo criou alguns “mecanismos de flexibilização” à disposição dos países desenvolvidos, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e a CERs. Desses mecanismos, o mais importante para o Brasil é o MDL, que permite a participação dos países em desenvolvimento. Por exemplo, uma indústria de um país desenvolvido, sujeito à meta de redução de emissões, pode atender parte de suas exigências adquirindo “créditos” associados a projetos de florestamento ou tecnológicos de redução de emissões desenvolvidos por empresas de países em desenvolvimento. O objetivo do MDL é buscar alternativas de tecnologias limpas (nãopoluidoras) para, por exemplo, a geração de energia, reduzindo as emissões de CO 2 na atmosfera. Também os projetos voltados para a área florestal devem ajudar a diminuir o CO2 presente na atmosfera pela absorção feita pela vegetação através da fotossíntese. É o que se chama de "seqüestro do carbono". Os países em desenvolvimento, como o Brasil, que não precisam diminuir suas emissões de dióxido de carbono, pode vender essa redução através dos créditos de carbono, conseguidos com as CERs. 9. “CRÉDITOS DE CARBONO”. 9.1. CRÉDITOS De acordo com este Tratado, as Empresas e Governos que não estivessem interessadas ou não pudessem diminuir a emissão de gases na atmosfera, teriam de adquirir créditos de carbono. Isso significa que eles teriam de investir em projetos de captação de carbono, como os desenvolvidos no Tocantins. “Os créditos são uma forma de compensação. Os países que emitem mais Dióxido de Carbono têm mais dificuldades de diminuir as suas emissões. Então já que a eles não interessa barrar seu desenvolvimento tecnológico, o que seria bem mais caro, eles resolveram investir em projetos como o seqüestro de carbono, para equilibrar os seus índices de poluição”, explica Tereza Rodrigues, diretora do Instituto Ecológica. 9.2. COMÉRCIO DE CRÉDITOS Há um Estado brasileiro que teve a iniciativa do seqüestro de carbono que é Palmas, capital de Tocantins, que vem se destacando no Brasil e no Mundo. Segundo Marcelo Lélis, presidente da Amatur, a idéia é inédita no Brasil. “É o único projeto de absorção de carbono que está sendo desenvolvido em uma área urbana”, ressalta. Isso o diferencia de projetos como o da Ilha do Bananal e um outro realizado no Mato Grosso, que são executados em áreas florestais. A potencialidade de Palmas para se inserir em uma iniciativa como essa está em sua capacidade de absorção de gás carbônico. “Palmas possui uma área verde de 4.530 hectares. Sendo que 2.900 são de preservação, 1.500 de reflorestamento e 130 de jardins”, explica Luís Henrique Piva, gerente de projetos da Amatur. Para se ter uma idéia, São Paulo, por exemplo, tem 4m² de área verde por habitante, Brasília 110m². Palmas possui 180m² de área verde. De acordo com estudos realizados pela agência, Palmas tem a capacidade de “seqüestrar” anualmente 78.000 toneladas de carbono. Palmas, diferentemente do Instituto Ecológica, pretende comercializar créditos de carbono para empresas e países que estejam em desequilíbrio com sua emissão de gases na natureza. Segundo Marcelo Lélis, isso ainda não foi efetivado por duas razões: “falta o ministro da Ciência e Tecnologia assinar uma carta onde não coloca objeção ao projeto e a certificação por uma empresa multinacional”, afirma Lélis. Mas já existem interessados, como Portugal, que desenvolve algo semelhante nos arredores de Lisboa, e o Banco Mundial. O dinheiro arrecadado com a venda dos créditos servirá para o investimento na própria preservação das áreas verdes, evitando queimadas e invasões. Além disso o retorno, segundo Marcelo Lélis, vai além do financeiro. “Esse projeto, que é uma vitrine para Palmas, vai consolidá-la definitivamente como Capital Ecológica”, declara. A excelência e a repercussão do “seqüestro de carbono” em Palmas fez com que a capital entrasse, como convidada, no Iclei (Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais). Isso representa a possibilidade de realização de Intercâmbios entre as cidades membros, além de cursos de capacitação. 10. MDL (MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO). Traduz-se responsabilidade para em uma reduzir alternativa as emissões que de implica em poluentes, assumir e uma promover o desenvolvimento sustentável. É um mecanismo de investimentos, através do qual países desenvolvidos podem estabelecer metas de redução de emissões e de aplicação de recursos financeiros em projetos como reflorestamentos, produção de energia limpa. Exemplo: as empresas, ao invés de utilizar combustíveis fósseis (altamente poluentes), passariam a utilizar energia produzida em condições sustentáveis, como é o caso da biomassa. Existem vários projetos ambientais e operações de engenharia financeira que podem ser desenvolvidos no Brasil, proprietário das sete matrizes ambientais (água, energia, biodiversidade, madeira, minério, reciclagem e controle de emissão de poluentes - água, solo e ar). 11. O MERCADO DE CARBONO. Os volumes - no mercado de carbono - possuem estimativas variadas, com fontes indicando dados diferentes: de U$ 500 milhões até US$ 80 bilhões por ano. A partir de 1997, um novo e dinâmico mercado de créditos de carbono passaram a existir. O Reino Unido (em 2002) e a União Européia (em 2005) estabeleceram sistemas de comercialização do dióxido de carbono. Novas bolsas estão surgindo, como da Áustria (para energia). Outras, já existentes, como de Amsterdã e de Paris estão se consolidando. De acordo com Rubens Barbosa (Consultor, Presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp), os volumes transacionados sobem a mais de 2.2 milhões de toneladas por dia. A redução certificada de emissões está sendo negociada por 8 a 10 dólares por tonelada de dióxido de carbono e os créditos europeus, por cerca de 35 dólares. Em 2003, foram negociados US$ 330 milhões em todo o mundo e as projeções indicam um grande incremento no mercado global, que poderá chegar a US$ 13 bilhões em 2007. Ainda segundo Rubens Barbosa, o Brasil deverá em breve entrar para esse restrito clube, pois está sendo criado em São Paulo o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), com o objetivo de organizar um mercado de créditos de carbono, tornando o país uma referência mundial no campo das negociações com carbono. A BM&F, que está implantando o MBRE, será a primeira bolsa de países emergentes a negociar créditos de carbono gerado pelo MDL no âmbito do Protocolo de Kyoto, concorrendo com os mercados que começam a aparecer na Europa, na Ásia e nos EUA. Todos os projetos enquadrados no programa brasileiro de Incentivo às fontes alternativas de Energia Elétrica, como a eólica, biomassa e PCH, por exemplo, são passíveis de gerar crédito de carbono. O estabelecimento do MBRE se desdobra em duas etapas: 1a) Criação pela Bolsa de um Banco de Projetos MDL - para estimular o desenvolvimento desses projetos no Brasil e em outros países. O empresário que registrar seus projetos em tal Banco poderá atrair eventuais compradores de créditos dos países desenvolvidos. Tal Banco também divulgará a intenção de investidores em adquirir créditos de carbono, indicando o perfil de projetos de redução de emissões por eles demandados. 2a) Lançamento na Bolsa de um sistema eletrônico de negociação de créditos de carbono- para contribuir com uma maior padronização, transparência e segurança das operações no mercado de créditos de carbono. O Brasil tem potencial para representar 10% do mercado internacional, e tem como principais concorrentes a China e a Índia, bem como os países da Europa Oriental. 11.. TRANSACÕES INTERNACIONAIS DE CRÉDITOS DE CARBONO – Exemplos de Projetos: 11.1 Holanda financia usina elétrica movida à biomassa: com potencial de 8 MW de energia gerada a partir da queima da casca de arroz no Rio Grande do Sul. A Bioheat International (trader holandesa) negociou os créditos de carbono com a Josapar e com a Cooperativa Agroindustrial de Alegrete no valor de cinco dólares por tonelada de carbono. A Holanda é país integrante do Anexo 1 da Convenção e pretende atingir metade das suas metas de reduções internamente e a outra metade no exterior (http:/www.diariopopular.com.br). É um dos países que estão obrigados a reduzir, de 2008 a 2012, emissões de dióxido de carbono e outras substâncias nocivas a um índice 5,2% menor do que o índice global registrado em 1990. 11.2 Projetos de aproveitamento do gás metano liberado por lixões das empresas: Vega, localizada em Salvador-BA, e Nova Gerar, em Nova IguaçuRJ, cujo gás metano é canalizado e aproveitado para gerar energia, deixando de ser liberado na atmosfera naturalmente pela decomposição do lixo. Muito embora o gás seja o metano, a redução de emissões é calculada em dióxido de carbono: 14 milhões de toneladas de CO2 em 16 anos para a Vega e 14 milhões de toneladas de CO2 para a Nova Gerar em 21 anos. Esses dois projetos são os primeiros aprovados oficialmente pelo governo brasileiro, sob as regras do MDL (htpp://www.oestado.com.br). 11.3 Objeto Carbono Social: localizado na Ilha do Bananal-TO, reúne as qualidades de seqüestro de carbono em sistemas agroflorestais, conservação e regeneração florestal com enfoque principal no desenvolvimento sustentável da comunidade. Inicialmente o projeto não pretendia reivindicar créditos de carbono e foi financiado pela instituição britânica AES Barry Foundation e implementado pelo Instituto Ecológica. A meta inicial de conservação do estoque e seqüestro de carbono era de 25.110.000 toneladas de CO2 em 25 anos, mas pela não concretização de parcerias esse estoque de foi drasticamente reduzido (Fixação de Carbono: atualidades, projetos e pesquisas, 2004; Carbono Social, agregando valores ao desenvolvimento sustentável, 2003). 11.4 Projeto Plantar: primeiro projeto brasileiro do Fundo Protótipo de Carbono. Com cunho comercial, essa empresa de reflorestamento nasceu com incentivos de plantação de eucalipto no fim dos anos 60. Mais tarde, para aproveitar a matéria prima, entrou para o setor siderúrgico. Seus créditos são provenientes da substituição de uso do carvão mineral para vegetal, melhoria dos fornos de carvão pela redução da emissão do metano e reflorestamento de 23.100 hectares com eucalipto, totalizando 3.5 milhões de toneladas de C02. 12. ATIVIDADES MAIS INDICADAS. A ONU autorizou várias empresas a desenvolverem projetos que reduzissem as emissões de gases. As atividades mais indicadas são a substituição de óleo diesel ou carvão mineral em caldeiras por biomassa ou biodiesel, substituição do óleo diesel de geradores por biodiesel, reflorestamento, captação do gás metano de aterros sanitários ou fazendas de suínos e a substituição total ou parcial do óleo diesel pelo biodiesel em caminhões, ônibus, tratores, locomotivas, barcos e outras atividades previstas no MDL. As empresas poluidoras compram em bolsa ou diretamente das empresas empreendedoras as toneladas de carbono seqüestradas ou não emitidas através de um bônus chamado Certificado de Redução de Emissões (CER). Em agosto de 2006, cada tonelada de carbono estava cotada entre $15 e $18 euros (há um ano eram $5 euros). Entre 2008 e 2012, estima-se que esse valor deve subir para $30 ou $40 euros, quando a economia de 5,2% tornar-se obrigatória. Segundo determinações de órgãos técnicos da ONU, as quantidades de toneladas de CO2 ou outros gases economizadas ou seqüestradas da atmosfera, são calculadas por empresas especializadas. Exemplos: uma tonelada de óleo diesel trocado por biodiesel gera o direito a 3,5 toneladas de créditos; um hectare de floresta de eucalipto absorve por hectare, em um ano, 12 toneladas de gás carbônico; um grande aterro sanitário que capte o metano e o transforme em eletricidade, pode ter o direito a milhões de toneladas de créditos por ano. 13. HANKING DE EMISSORES. Os maiores países que transmitem o CO2 são: Estados Unidos 36,1% Rússia 17,4 % Japão 8,5 % Alemanha 7,4 % Reino Unido 4,3 % Canadá 3,3 % Itália 3,1 % Polônia 3,0 % França 2,7 % Austrália 2,1 % Espanha 1,9 % Países Baixos 1,2 % República Checa 1,2 % Romênia 1,2 % No ranking dos poluidores, o Brasil ocupa o 16º lugar, com 1,3% das emissões. 14. PAÍSES QUE MAIS DIMINUÍRAM EMISSÕES DE CO2, DESDE 1990: Lituânia 66% Letônia 63% Bulgária 56% Estônia 55% Romênia 48% Ucrânia 47% Belarus 44% Rússia 38% Polônia 32% Hungria 31% Esses países (campeões da redução de CO2) são ex-comunistas, cuja emissão de gás carbônico diminuiu com a queda da atividade industrial por causa da crise econômica, e não como resultado de algum programa ambiental. 15. PAÍSES QUE MAIS AUMENTARAM EMISSÕES DE CO2 - DESDE 1990: Espanha 40% Portugal 40% Mônaco 32% Irlanda 29% Grécia 26% Austrália 22% Nova Zelândia 21% Canadá. 20% EUA 13% Japão 12% Entre os maiores poluidores dos últimos 15 anos, que estão fora do protocolo: Austrália, Mônaco e Estados Unidos. Espanha e Portugal atrapalham a ambiciosa meta da União Européia, que quer reduzir em 8% suas emissões de CO 2 até 2012. CONCLUSÃO Concluímos que as mudanças climáticas são um problema global e precisam de uma resposta global séria e urgente, e que este Tratado favorece e muito para esta solução que há muitos anos, alguns grupos discutem, bem como sobre o problema da água, da biopirataria dentre outros; e só de uns 15 anos para cá que algumas nações em desenvolvimento se conscientizaram disso e estão colocando em prática com muitas dificuldades econômicas e até mesmo tecnológicas, ações que visam fazer frente ao aquecimento global que aumenta de forma ininterrupta e nociva à sobrevivência de todos os seres vivos em nosso planeta, pois ainda é tímida a implementação deste projeto. INTRODUÇÃO Há mais de dois séculos, o mundo passa por profundas transformações que está traçando de forma definitiva o futuro do homem. Todas as áreas do conhecimento – da política à economia; da religião às artes – sofreram mudanças radicais em suas estruturas e redefiniriam a sociedade que hoje se conhece. Um dos grandes acontecimentos que marcaram esses anos agitados foi a Revolução Industrial, uma revolução que criou novos papéis para homens e mulheres, que trouxe o progresso e o desenvolvimento das cidades e que moldou uma nova ordem econômica: o capitalismo. No início desta revolução, ainda não havia uma consciência ambiental e nem se via a necessidade de tê-la, uma vez que os recursos naturais disponíveis ao homem sempre foram abundantes. Então, enquanto as indústrias iam crescendo e mais tecnologia a serviço do capital ia surgindo, a natureza, em especial a atmosfera, ia se degradando com a exploração abusiva, como a emissão excessiva de gases tóxicos pela atividade industrial.