CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN: 2357-8645 A ULTRASSONOGRAFIA NA ODONTOLOGIA: REVISÃO DE LITERATURA Italo Lamarke da Silva Gomes¹ Daniel Rodrigues Pinho² Thalya Carvalho Monteiro³ Raimundo Thompson Gonçalves Filho Acadêmico do curso de Bacharelado em Odontologia¹ Acadêmico do curso de Bacharelado em Odontologia² Acadêmica do curso de Bacharelado em Odontologia³ Docente do curso de Bacharelado em Odontologia (Mestre em Implantodontia e Doutorando em Cirurgia buco-maxilo-facial - Orientador) FAMETRO – Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza [email protected] Desenvolvimento de Produtos e Projetos RESUMO A ultrassonografia ou ecografia é um tipo de exame complementar de diagnóstico, que utiliza a emissão de ondas sonoras. Bastante utilizada na área médica, principalmente no exame de tecidos moles, a ultrassonografia na odontologia, por sua vez, pode ser utilizada para o exame de osso e tecido mole superficial, a detecção de principais lesões de glândulas salivares, articulação temporomandibular, avaliação de fraturas e lesões vasculares, exame de gânglios linfáticos, medição da espessura dos músculos e visualização dos vasos do pescoço. Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o assunto, discutir e ressaltar a importância da ultrassonografia na área da odontologia, bem como suas vantagens, desvantagens, indicações e contra-indicações. Utilizou-se como fonte de busca portais como PubMed, Bireme. Após os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 06 artigos relevantes sobre o tema. Concluímos com este trabalho que a ultrassonografia é um tipo de exame complementar de ampla aplicação nas diversas especialidades da odontologia e que necessita ser estudado, compreendido e utilizado tanto por parte do acadêmico de odontologia como na rotina de trabalho do cirurgião-dentista. Palavras-chave: Ultrassonografia. temporomandibular. Odontologia. Diagnóstico. Articulação INTRODUÇÃO A ultrassonografia, também chamada de ecografia é uma forma de exame complementar de diagnóstico, que utiliza a emissão de ondas sonoras. Nos aparelhos de ultrassonografia, o ultra-som é gerado pelo transdutor, que fica em contato com a superfície do corpo humano a ser examinada. As ondas sonoras são emitidas via cristais piezoelétricos a partir do transdutor de ultrasons, sendo uma fração absorvida pelos tecidos e a outra refletida como impulsos elétricos. Por sua vez, esses impulsos serão transformados em pontos que variam do branco ao preto, formando a imagem no monitor do aparelho. Bastante utilizada na área médica, principalmente no exame de tecidos moles, a ultrassonografia na odontologia, por sua vez, pode ser utilizada para o exame de osso e tecido mole superficial, a detecção de principais lesões de glândulas salivares, articulação temporomandibular, avaliação de fraturas e lesões vasculares, exame de gânglios linfáticos, medição da espessura dos músculos e visualização dos vasos do pescoço. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo discutir e ressaltar a importância da ultrassonografia na área da odontologia, bem como suas vantagens, desvantagens, indicações e contra-indicações. Foram encontrados alguns trabalhos referentes ao assunto, sendo selecionados e escolhidos 6 artigos para revisão, segundo critérios de inclusão e exclusão. Desta maneira, torna-se necessário a discussão por meio deste artigo sobre o uso da ultrassonografia na odontologia, cabendo uma reflexão sobre os motivos que tornam um recurso tão importante no diagnóstico de lesões e fraturas, um dos menos utilizados na área odontológica. DESENVOLVIMENTO / PERCURSO METODOLÓGICO Os exames complementares desempenham um importante papel no adequado manejo do paciente. Na rotina dos cirurgiões-dentistas, as radiografias são os exames mais solicitados, seguidas pela tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM). Entretanto outras alternativas, também podem ser utilizadas, uma vez que fornecem informações relevantes ou até mesmo conclusivas, em relação ao tipo de enfermidade apresentada pelo paciente. Os recursos da medicina nuclear, bem como os exames hematológicos e a ultrassonografia (US) dos tecidos bucais, são ferramentas solicitadas com menor frequência, embora possam contribuir de forma significativa na condução do caso avaliado (MARTINS, 2014). Segundo Frare et.al. (2014) a ultrassonografia é considerado um exame seguro, sem efeitos deletérios ao paciente e de baixo custo, que pode ser realizado em qualquer paciente, até mesmo em crianças e gestantes, porém, é um exame operador-dependente, onde a experiência do radiologista é considerada de grande valor. A partir dessas informações podemos chegar as seguintes conclusões: devido a falta de conhecimento sobre o aparelho de ultrassom e suas características técnicas, faz-se necessário o ensino de uso desta técnica bem como suas vantagens e desvantagens, suas indicações e contraindicações bem como a correta interpretação das imagens, nos cursos de graduação e pós-graduação em odontologia. A US tem como vantagens a não utilização de radiação ionizante, além de ser, comparativamente aos métodos citados, de custo mais acessível. Além disso é indicada para diferenciação de massas sólidas e císticas e na relação das alterações com outras estruturas. Permite ainda, através do efeito doppler, conhecer o sentido e a velocidade do fluxo sanguíneo em áreas ou lesões vascularizadas. Contudo sua desvantagem está relaciona a incapacidade de penetrar em estruturas ósseas, como maxila e mandíbula (FRARE et. al., 2014). Segundo Aquino (2014) as principais aplicações clínicas da US na odontologia são: avaliar as glândulas salivares maiores, detecção de cálculos nos ductos das glândulas salivares (sialolitíase), tumefações na região de cabeça e pescoço e etc., tendo como desvantagem a difícil interpretação das imagens devido à baixa resolução e, sendo contraindicado para diferenciação precisa entre a lesão benigna e maligna. Comparada as demais técnicas radiográficas, a US apresenta-se de forma inócua, ou seja, não apresenta efeitos danosos, além de ser um exame de baixo custo. Em contrapartida é um tipo de exame onde a experiência técnica, incluindo o conhecimento de suas indicações e interpretação de imagens é imprescindível para compreensão dos resultados. Podemos aqui também concluir que o uso da US é pouco difundido na área odontológica, não sendo abordada de forma devida nos cursos de graduação e pós-graduação, o que explica a escassez de cirurgiões-dentistas capacitados em seu manuseio e interpretação. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Utilizou-se como fonte de busca portais como PubMed, Bireme e foram usados os descritores: Ultrassonografia, diagnóstico, articulação temporomandibular, Odontologia. Após os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 06 artigos relevantes sobre o tema. A tabela a seguir mostra um apanhado dos artigos utilizados para construção deste trabalho. Título do Artigo Autores Revista e data Tipo de Trabalho Ultrassonografia em odontologia Francisco Nolânio Mateus Henrique de Aquino 2014 Revisão de literatura Uso da ultrassonografia como exame complementar durante o processo diagnóstico do cirurgião-dentista em lesões bucomaxilofaciais Rafaela A. Frare; Fernanda G. Salum; Karen Cherubini; Maria Antonia Z. Figueiredo Rev Odonto I Bras Central; 2014 Pesquisa Contribuição da ultrassonografia como exame complementar no estabelecimento do diagnóstico de lesões nodulares submucosas e subcutâneas da região bucomaxilofacial Felipe Leal Martins 2014 Pesquisa intervencionista Review on the applications of ultrasonography in dentomaxilofacial region Şehrazat Evirgen, Kıvanç Kamburoğlu World Journal of Radiology; 2016 Revisão de Literatura Ultrasonografy of the temporomandibular joint: a literature review D. Manfredini; F. Guarda Nardini International Journal of Oral & Maxillofacial Surgery, 2009 Revisão de Literatura Ultrasonografy in the diagnosis of bone lesions of the jaws: a sistematic review Davide Musu; Giampiero Rossi-Fedele; MClinDent; Girolamo Campisi; Elisabetta Cotti. De acordo com levantamento Oral and Maxillofacial Radiology, 2016 Revisão Sistemática (questionário) realizado por Frare (2014), com a finalidade de avaliar o grau de conhecimento e utilização da US por parte dos cirurgiões-dentistas (CDs) clínicos e especialistas atuantes nos últimos 12 meses, mostrou que dos 175 entrevistados 136 (77,7%) responderam saber para que o exame é solicitado, enquanto que 39 (22,3%) responderam não saber. Ainda sobre o mesmo artigo, uma tabela nos mostra os percentuais de CDs clínicos e especialistas que afirmam utilizar, ou nunca utilizar a US durante o processo de diagnóstico em lesões bucomaxilofaciais dos seus pacientes. Podemos concluir a partir desta tabela que a especialidade Estomatologia seguida da CTBMF são aquelas que mais utilizam US como exame complementar para diagnóstico de lesões bucomaxilofaciais, totalizando 23 estomatologistas (92,0%) e 12 cirurgiões bucomaxilofaciais (48,0%) de um total de 25 especialistas entrevistados de cada área (especialidade). Dentre as principais lesões diagnosticadas a partir da US estão: lesões nodulares, císticas, de glândulas salivares e vasculares do complexo maxilo-mandibular. Em seu trabalho sobre a contribuição da ultrassonografia para o estabelecimento do diagnóstico de lesões nodulares submucosas e subcutâneas da região bucomaxilofacial, Martins (2014) apresenta uma tabela com escala de pontuação de 0 à 3, onde 0 significa nenhuma contribuição da ecografia no estabelecimento do diagnóstico final, sendo responsável por 12,3% dos exames realizados. A pontuação 1, indicando que a US ajudou na gestão do caso, e 2, onde foi possível definir o diagnóstico através da imagem. Estes dois últimos representados, respectivamente por 41,5% e 46,1%, totalizando 87,6% dos casos em US. Isso demonstra que do total de pacientes analisados (n = 65), em 57 casos a US contribuiu de forma significativa para a gestão adequada do paciente. Em uma segunda tabela da mesma obra, de acordo com as pontuações determinadas pelos examinadores, o método contribuiu para o diagnóstico de lesões vasculares em 93,3%. Nas neoplasias, a ultrassonografia era útil no tratamento das lesões malignas, bem como aqueles benignos, em 87,5%. No que diz respeito ao muco fenômenos de retenção, a US teve um papel no estabelecimento do diagnóstico final em 76,5%. As outras alterações descritas foram representados por um número limitado de pacientes, fazendo uma análise eficaz destes dados impossíveis. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio desta revisão de literatura podemos perceber que a ultrassonografia é um tipo de exame complementar de ampla aplicação nas diversas especialidades da odontologia, contudo ainda é um recurso desconhecido pela maioria dos profissionais, que necessita ser estudado, compreendido e utilizado tanto por parte do acadêmico de odontologia como na rotina de trabalho do cirurgião-dentista. REFERÊNCIAS FRARE, Rafaela A. et. al; Uso da ultrassonografia como exame complementar durante o processo diagnóstico do cirurgião-dentista em lesões bucomaxilofaciais. Rev Odonto I Bras Central, pp. 104-107, 2014. AQUINO, Francisco Nolânio Mateus Henrique; odontologia: uma revisão de literatura. 30 p. mar. 2014 Ultrassonografia em MARTINS, Felipe Leal; Contribuição da ultrassonografia como exame complementar no estabelecimento do diagnóstico de lesões nodulares submucosas e subcutâneas da região bucomaxilofacial. 106 f. mar. 2014. KAMBUROĞLU, Şehrazat Evirgen, Kıvanç; Review on the applications of ultrasonography in dentomaxilofacial region. World Journal of Radiology, V. 8(1): pp. 50-58; jan. 2016. MANFREDINI, D.; NARDINI, F. Guarda; Ultrasonografy of the temporomandibular joint: a literature review. International Journal of Oral & Maxillofacial Surgery, pp. 1229-1236, 2009. MUSU, Davide et. al; Ultrasonografy in the diagnosis of bone lesions of the jaws: a sistematic review. Oral and Maxillofacial Radiology, V. 122, N. 1, pp. 1929, jul. 2016.