O Principezinho De Antoine De Saint Exupéry Versão RECONTO Adaptação e revisão de texto Judite Vieira e Maria da Luz Simão Escola Secundária Afonso Lopes Vieira Leiria PLIP003 www.plip.ipleiria.pt Este trabalho foi desenvolvido no espírito do art.º 75 e 80 do Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e destina-se exclusivamente a uso não-comercial para fins pessoais e educativos e para benefício de pessoas com incapacidade. 2 Com seis anos fiz um desenho. Mostrei o desenho às pessoas grandes. Perguntei se tinham medo. Elas disseram que não. Um chapéu não mete medo. O desenho era uma cobra grande. A cobra engoliu um elefante. Os adultos não perceberam o desenho. Parei de desenhar. Pensei conduzir aviões. Muitos anos depois o meu avião teve um desastre. Caiu no deserto do Sahara. Eu estava sozinho. Não conseguia arranjar o avião. Uma noite fui acordado por uma voz muito fininha. A voz pediu: - Desenha uma ovelha. 3 Desenhei uma ovelha. O menino sorriu. Era o principezinho. O principezinho disse que vinha de um planeta muito pequenino. O planeta tinha três vulcões e uma flor. Ele andava à procura de um amigo. Todos os dias o principezinho contava mais coisas do planeta e eu fazia desenhos. Um dia perguntou-me se a ovelha comia flores. Tinha medo de que a ovelha comesse a flor de que ele tanto gostava. O principezinho um dia decidiu ir fazer uma viagem e visitar os asteroides. No primeiro asteroide vivia um rei bom que não gostava de pessoas desobedientes. O rei só dava ordens boas. 4 O principezinho pediu ao rei que desse ordem ao sol para se pôr. O rei disse-lhe que dava a ordem. Temos de esperar pela noite. O principezinho pensou que as pessoas grandes são muito esquisitas e foi embora. No segundo planeta vivia sozinho um vaidoso. O vaidoso perguntou ao principezinho: - Achas que sou o mais bonito e o mais inteligente deste planeta? O principezinho que sabia que ele morava lá sozinho foi embora a pensar que as pessoas grandes são muito esquisitas. No planeta seguinte vivia um bêbado. 5 Ele bebia para esquecer porque tinha muita vergonha de ser bêbado. No quarto planeta vivia um homem de negócios que contava estrelas. Escrevia o número de estrelas num papelinho para o guardar no banco. O principezinho achou que o homem de negócios não fazia nada de útil. Ele no seu planeta regava a flor e limpava os vulcões. Mais uma vez o principezinho pensou que as pessoas grandes são mesmo extraordinárias. O quinto planeta era o mais pequeno. Só lá vivia um homem que acendia e apagava um candeeiro. No sexto planeta vivia um homem já velho que escrevia livros muito grandes que era geógrafo. 6 Um geógrafo é um cientista que sabe onde ficam os rios e as montanhas. O geografo tentou convencer o principezinho a ficar no seu planeta e a ser explorador. O principezinho não aceitou porque estava a pensar na sua flor. O sétimo planeta era a Terra. A terra é um planeta muito grande e muito especial onde vive muita gente. O principezinho admirou-se por não ver ninguém. Estava com medo de se terra enganado quando viu uma serpente na areia. Disse à serpente que procurava uma flor e seguiu viagem. Atravessou um deserto onde encontrou uma flor com 3 pétalas. 7 A flor disse que no deserto não havia pessoas. O principezinho continuou à procura mas só via pedras. Um dia encontrou um jardim com muitas rosas. Ficou triste porque pensava que a sua flor era única. Estava a chorar quando apareceu uma raposa. O principezinho perguntou à raposa se queria brincar com ele. A raposa disse-lhe que não porque ainda não era amiga dele. O principezinho perguntou o que é ser amigo e a raposa respondeu: - É gostar muito de alguém. O principezinho pensou logo na sua flor. Ele era amigo dela. A raposa perguntou ao principezinho se podiam ser amigos. 8 A raposa explicou ao principezinho que os amigos são importantes. Os amigos fazem-nos felizes. Devemos dar mimos aos amigos. A raposa e o principezinho ficaram amigos e um dia a raposa disse ao principezinho: - Só se vê bem com o coração. O mais importante é invisível para os olhos. Dias depois o principezinho e raposa tiveram de se separar. O principezinho encontrou outras pessoas. Encontrou um homem que trabalhava na estação dos comboios. O homem disse ao principezinho que os adultos viajavam muito. O principezinho perguntou onde iam. 9 O homem respondeu que não sabiam, só as crianças sabem onde vão e o que querem. Encontrou também um vendedor de comprimidos para tirar a sede. O avião ainda estava estragado e já não tínhamos água para beber. Decidimos ir procurar um poço. Encontramos o poço e o principezinho ficou junto dele. Eu voltei para ao pé do avião. Consegui consertar o avião. Fui contar ao principezinho. Quando cheguei ele disse-me que tinha sido ao pé do poço que tinha começado a sua viagem. Já tinha passado um ano e ele tinha de se ir embora. Dissemos adeus a chorar. 10 Muitos anos depois contei esta história aos meus amigos. Eu estava triste e os meus amigos não perceberam porquê. Há muitas coisas que os adultos não percebem.