INTRODUÇÃO Em 1731, foi Garangeot o primeiro a encontrar o

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RELATO DE CASO
HÉRNIA DE AMYAND : RELATO DE CASO¹
AMYAND’S HERNIA: A CASE REPORT
Andréa Simonne do NascimentoHENRIQUES² ,Raimundo Nonato Ribeiro de OLIVEIRA JÚNIOR 2,
William Mota de Siqueira³ e Clisse Michelle Rodrigues ALVES4
RESUMO
Objetivo: relatar um caso de hérnia de Amyand ,corrigida ,cirurgicamente,na Fundação Santa
Casa de Misericórdia do Pará(FSCMPA),em Belém/PA. Relato de Caso: paciente do sexo
masculino,57 anos,com hérnia inguinal recidivada a direita. Considerações finais: o presente
caso relata o ocorrência de hérnia inguinal direita contendo o apêndice cecal no interior de seu
saco herniário durante a correção cirúrgica.
DESCRITORES :hérnia de Amyand,apendicectomia,herniorrafia inguinal.
INTRODUÇÃO
Em 1731, foi Garangeot o primeiro
a encontrar o apêndice cecal não
inflamado no interior do saco peritoneal
de uma hérnia inguinal indireta. Em
1973, Ryan informou que encontrou o
apêndice dentro de sacos herniários
indiretos em 11 de 8962 casos de
apendicite (0,3 %)1.
A hérnia de Amyand deve o seu
nome ao cirurgião britânico, Claudius
Amyand (1680-1740), que em 1735
descreveu o primeiro caso de apendicite
perfurada no saco de uma hérnia
inguinal2.
Em 1735, Claudius Amyand
descreveu tal condição correspondendo
a presença do apêncice cecal no interior
do saco herniário em pacientes
OBJETIVO
A seguir relataremos o caso de um
paciente, submetido, eletivamente, a
correção cirúrgica de hérnia inguinal
1
submetidos a herniorrafia inguinal
eletiva, porém caracterizando também
os casos de apendicite aguda no interior
de hérnia inguinal encarcerada ou
estrangulada tornando-se clássica a
denominação de Hérnia de Amyand.
Trata-se de condição rara, ocorrendo em
torno de 1% nos casos de apêndice
normal e 0,1% em casos de apendicite
aguda com manifestação clínica
variável, dependendo da extensão do
processo infeccioso apendicular e da
presença ou não de peritonite,
ocorrendo em idades que variam desde
o terceiro mês até os 80 anos3.
Fernando e Leelaratna definiram
hérnia de Amyand como um
sacoherniário contendo o apêndice não
inflamado ou apêndice inflamado ou
apêndice perfurado4.
direita recidivada na FSCMPA no qual
foi encontrado o apêndice cecal aderido
ao saco herniário.
Trabalho realizado no serviço de Cirurgia Geral da Fundação Santa Casa de Misericórdia do
Pará(FSCMPA)
2
Médicos Residentes de Cirurgia Geral da FSCMPA
3
Cirurgião Geral e Coordenador do serviço de Cirurgia Geral da FSCMPA
4
Acadêmica de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará(FMUFPA)
RELATO DE CASO
Anamnese
a.C.R.C,
57
anos,
sexo
masculino, taxista, procedente de
Belém-PA, procurou o ambulatório de
cirurgia geral da Santa Casa do Pará, em
dezembro de 2009, com história de
abaulamento em região inguinal direita
há dez anos sendo submetido
anteriormente a correção cirúrgica por
duas vezes da hérnia inguinal, tendo
recidivado pela última vez há 2 anos.
Refere dor local durante a realização de
atividade física, associado ao aumento
do abaulamento, porém melhorando
após administração de analgésicos.
Refere ser hipertenso, porém
sem uso regular de medicação, negando
queixas urinárias e respiratórias, além
de outras patologias de base, afirmando
tabagismo desde a adolescência e duas
correções cirúrgicas anteriores da hérnia
inguinal.
Exame físico
Paciente consciente, orientado,
afebril, eupneico, acianótico, anictérico,
com pele e mucosas normocoradas,
hidratado e sem edema de membros
inferiores.Ausculta pulmonar e cardíaca
sem alterações. Abdome com cicatriz
infra-umbilical e inguinal direita de
cirurgia prévia, plano, flácido, indolor á
palpação superficial e profunda, com
ruídos hidroaéreos presentes e sem
visceromegalias. Nota-se e palpa-se
abaulamento pequeno, redutível á
monobra de Valsalva, sugerindo hérnia
inguinal indireta durante realização da
monobra de Landivar.
Exames subsidiários
Durante a realização de exames préoperatórios, não foram identificadas
alterações
laboratoriais,
incluindo
análise do PSA, ultrassonográficas de
próstata e eletrocardiográficas, porém, o
exame radiológico de tórax demonstrou
imagem sugerindo opacidade basal
posterior em campo pulmonar direito.
Liberado para a realização da cirurgia
pela pneumologia e cardiologia, com
risco
cirúrgico
baixo,
após
administração de hidroclorotiazida
25mg/dia por 1 mês mantendo estáveis
os níveis tensionais.
Hipótese diagnóstica
Hérnia inguinal
recidivada.
direita
indireta
CONDUTA
Submetido
a
inguinotomia
direita,com identificação de saco
herniário oriundo do anel inguinal
interno, aderido aos elementos do
cordão espermático, além de fragilidade
da parede posterior do canal inguinal.
Após isolamento e abertura do saco
herniário, foi identificado apêndice
cecal aderido ao peritônio(figuras 1 e
2). Realizado apendicectomia devido
área de descontinuidade em serosa e
parte da muscular apendicular, nas áreas
de aderências, durante a liberação do
órgão e tentativa de redução do mesmo
para a cavidade abdominal, seguida do
reparo da hérnia mista pela técnica de
Lichtenstein.
A hérnia de Amyand pode afetar
qualquer faixa etária (6 semanas – 88
anos)3 e é mais comum no sexo
masculino7. A maioria das pacientes
femininas com apendicite herniária está
na pós-menopausa4.
Figura 1: Apêndice cecal aderido ao
saco herniário durante sua exploração.
A maioria dos casos ocorre no lado
direito, como conseqüência da posição
anatômica normal do apêndice, e
também por causa das hérnias inguinais
do lado direito serem mais comuns do
que as hérnias do lado esquerdo. Estão
relatadas hérnias de Amyand no lado
esquerdo, o que é raro e pode estar
associado a situs inversus ou malrotação intestinal5.
O diagnóstico pré-operatório da
hérnia de Amyand é raro, sendo, na
maioria dos casos, realizado durante a
intervenção cirúrgica eletiva ou de
urgência, tendo como diagnóstico
diferencial, na maioria das vezes, a
hérnia encarcerada, estrangulada ou
escroto agudo5.
Figura 2: Identificação do cordão
espermático e saco herniário aberto
contendo o apêndice.
EVOLUÇÃO
Paciente
evolui
satisfatoriamente,
recebendo alta no 2º dia de pósoperatório. Retorna ao ambulatório, no
7º e 30ºdia de pós-operatório, sem
evidências de complicações.
DISCUSSÃO
A freqüência de casos em que há
presença do apêndice cecal como
conteúdo do saco herniário em
herniorrafias inguinais eletivas é de 1%,
sendo ainda mais rara, entre 0,13 a
0,1%, a condição em que há apendicite
aguda associada, durante a abordagem
cirúrgica de urgência3.
As opções para a correção da
hérnia depende das condições locais,
devido a existência de contaminação
local por peritonite em caso de
apendicite aguda, estando contraindicado ao uso de próteses nestes
casos. Em casos onde não há
contaminação associada, a maioria dos
autores sugerem redução do saco com o
apêndice para a cavidade abdominal6.
Durante a cirurgia relatada no
presente caso, optamos pela realização
da
apendicectomia
baseada
na
ocorrência de lesão em camadas serosa
e parte da muscular apendicular, durante
a lise de aderências e tentativa de
redução do conteúdo para a cavidade
peritoneal,
como
precaução
de
complicação
posterior
pela
possibilidade de perfuração e peritonite.
A correção da hérnia mista foi realizada
pela
CONSIDERAÇÕES FINAIS
apêndice cecal no interior de seu saco
herniário durante a correção cirúrgica.
O presente caso relata o ocorrência de
hérnia inguinal direita contendo o
técnica
de
Lichtenstein.
SUMMARY
AMYAND’S HERNIA : A CASE REPORT
Andréa Simonne do Nascimento HENRIQUES , Raimundo Nonato Ribeiro de OLIVEIRA JÚNIOR,
William Mota de Siqueira e Clisse Michelle Rodrigues ALVES
Objective: To report a case of hernia Amyand corrected surgically in the Holy House of Mercy
Foundation of Pará (FSCMPA), in Belém / PA. Case Report: A male patient, 57 years with
recurrent inguinal hernia right. Conclusion: This case reports the occurrence of right inguinal
hernia containing the appendix inside the hernia sac during its surgical correction.
KEY WORDS: Amyand’shérnia,appendicectomy,herniorrafia inguinal
REFERÊNCIAS
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8.
Milanchi, S; Allins, AD. Amyand's hernia: history, imaging, and management. Hernia. 2008 Jun;
12(3):321-2.
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:
Andrea Simonne do Nascimento Herinques
[email protected]
Recebido em 10.02.3013 – Aprovado em 07.05.2013
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