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Hérnia de Richter: Relato de caso
Pereira, P.F.V.1; Barberini, D.J. 1; Rafael, L.A. 1; Morotti, F. 1; Stievani, F.C. 1; Coutinho, D.A. 1; Dearo, A.C.O2.
1- Médicos Veterinários residentes da área de Clínica Médica, Cirúrgica e Reprodução de Grandes Animais da UEL
2- Docente do departamento de Clínicas Veterinárias da UEL
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
O encarceramento do intestino em uma hérnia umbilical ocorre em
apenas 2 a 10% dos casos, sendo a causa de 0,4 a 1,4% das ocorrências
de síndrome cólica. O encarceramento de somente uma porção da borda
antimesentérica do intestino no anel herniário é chamado de Hérnia de
Ritcher ou Hérnia Parietal, sem haver, contudo, obstrução do lúmen
intestinal. Muitas vezes, os sinais característicos de dor abdominal aguda
não são observados justamente por não haver obstrução completa do
lúmen intestinal. A correção cirúrgica deve ser realizada havendo risco de
necrose do segmento encarcerado, formação de abscesso e fístula
enterocutânea caso a correção não seja feita. O objetivo deste trabalho
foi relatar um caso de Hérnia de Richter em um equino atendido no
Hospital Veterinário da UEL.
RELATO DE CASO
Figura 2: Segmento do cólon dorsal esquerdo após abertura do anel herniário.
Um eqüino, fêmea, de oito meses de idade, da raça Apaloosa foi
encaminhado ao HV-UEL apresentando sinais leves de desconforto
abdominal agudo. A anamnese revelou a ocorrência de três episódios de
desconforto abdominal em apenas um mês. O exame físico revelou
taquicardia (64 bpm), leve hipomotilidade intestinal e normalidade dos
demais parâmetros. À inspeção do abdômen foi observado um aumento
de volume na região umbilical de formato semi-esférico, de consistência
firme, irredutível e sensível à palpação com aproximadamente 10 cm de
diâmetro (Figura1). O hemograma revelou leve leucocitose e neutrofilia.
Com base nos achados clínicos, a correção cirúrgica da hérnia umbilical
encarcerada foi indicada. Medicação antiinflamatória e antimicrobiana foi
realizada e o animal submetido à laparotomia exploratória a qual revelou a
presença de um segmento da borda antimesentérica do cólon dorsal
esquerdo encarcerado no anel herniário sem haver, contudo, obstrução do
lúmen intestinal (Figura 2).
Figura 3: Enteroanastomose término-terminal.
O anel herniário foi aberto e a hérnia foi reduzida, todavia, o segmento
intestinal encarcerado apresentou uma área circunscrita de
desvitalização tecidual e isquemia, sendo necessária a ressecção desta
porção seguida de enteroanastomose término-terminal (Figura 3).
Durante o período pós-operatório, medicação antiinflamatória,
antimicrobiana e analgésica foi realizada, e a alimentação foi
reintroduzida de forma gradativa. Após 10 dias o animal obteve alta,
sem maiores intercorrências.
DISCUSSÃO
Figura 1: Aspecto da hérnia na região umbilical.
Hérnias umbilicais que não regrediram espontaneamente dentro de seis
meses e que apresentam um diâmetro maior que 5 cm, possuem alto
risco de complicações e necessitam de correção cirúrgica.
Frequentemente, segmentos do intestino delgado, principalmente do
íleo, são encontrados encarcerados na Hérnia de Richter. Contudo, no
presente relato, o segmento encarcerado foi o cólon dorsal esquerdo,
fato incomum de ser observado. O monitoramento constante da hérnia
quanto à sua dimensão, sensibilidade dolorosa e redutibilidade deve
ser realizado, visando a intervenção precoce assim que necessário.
REFERÊNCIAS
FREEMAN, D. E. Small intestine. In: AUER, J. A., STICK J. A. Equine surgery. 3 ed., p. 420, 2006.
MARKEL, M. D.; PASCOE, J. R.; SAMS, A. E. Strangulated umbilical hernias in horses: 13 cases (1974-1985). JAVMA, v. 190, n. 6, p. 692- 94, 1987.
STECKEL, R. R.; NUGENT, M. A. Parietal hernia in a horse. JAVMA, n. 8, v. 182, p. 818-19, 1983.
WHITE, N.A.; MOORE, J. N.; MAIR, T.S. The equine acute abdomen. 2. ed. 2009. 754p.
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