JULIANE CRISTINA DURLO KAZAKEVICH MARISTELA DE CARVALHO PEREIRA OLIVEIRA MARKETING SOCIAL: ESTUDO DE CASO NA COOPERATIVA DE CRÉDITO SICOOB METROPOLITANO Maringá 2007 JULIANE CRISTINA DURLO KAZAKEVICH MARISTELA DE CARVALHO PEREIRA OLIVEIRA MARKETING SOCIAL: ESTUDO DE CASO NA COOPERATIVA DE CRÉDITO SICOOB METROPOLITANO Monografia apresentada no curso de Administração da Faculdade Nobel, como exigência para obtenção do título de bacharel na Área de Administração sob a orientação do Professor Especialista Luciano Ferreira. Maringá 2007 ___________________________________________ Professor Orientador: Luciano Ferreira ___________________________________________ Professor Ricardo Dantas Lopes ___________________________________________ Professor Wagner Cordeiro Delivio Dedicamos esse trabalho primeiramente aos nossos esposos e familiares, que nos ajudaram a mais essa conquista adquirida em nossa caminhada, vista que foram os principais responsáveis, pois sempre nos apoiaram e incentivaram a alcançar nossos objetivos e a realizar nossos sonhos. Porém, uma das pessoas fundamentais para a conclusão deste trabalho, sem dúvida, foi o nosso orientador, Luciano Ferreira, que nos guiou no decorrer deste último ano, auxiliando-nos e elucidando todas as nossas dúvidas, sempre, nos indicando os caminhos a seguir. Agradecemos a Deus, Pai sempre presente em todos os nossos momentos de nossas vidas. Em especial a todos os professores que com carinho e dedicação deixaram seus lares para nos passar suas experiências. Aos amigos de curso pelo apoio e companheirismo. Temos que agradecer imensamente a empresa que nos concedeu a oportunidade de desenvolver nosso trabalho, de colocar em prática nossos conhecimentos e contribuir para nossa formação profissional. O caminho mais curto para se realizar as coisas é fazer uma coisa de cada vez. RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso de Administração aborda o assunto de Marketing Social, que atualmente está causando mudanças no meio empresarial. Trata-se de uma nova expectativa da sociedade em relação aos valores, às pessoas, à comunidade e ao meio ambiente. A prática do Marketing Social é positiva para os negócios, sendo por exigência de clientes, parceiros, colaboradores e outros grupos. É considerado também um diferencial de mercado, no qual os consumidores cada vez mais valorizam empresas que praticam o Marketing Social. Por isso, cada vez mais o Marketing Social torna-se não apenas uma vantagem competitiva, mas uma condição de sobrevivência no mercado. Palavras-chaves: Marketing Social, Responsabilidade Social, Sicoob Metropolitano. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................................11 1.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................12 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................12 1.3 METODOLOGIA...............................................................................................................12 1.4 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................12 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................................13 2 EMBASAMENTO TEÓRICO ...........................................................................................14 2.1 CONCEITO DE MARKETING E MARKETING SOCIAL.............................................14 2.2 O MARKETING SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES DE SOCIEDADE CIVIL ..............20 2.3 ÉTICA, CIDADANIA CORPORATIVA E FILANTROPIA SOCIAL ............................26 2.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL .....................................................................................28 2.4.1 Os Indicadores da Responsabilidade Social: O Balanço Social ................................31 2.4.1.1 Histórico do Balanço Social .........................................................................................31 2.4.1.2 Porque fazer o Balanço Social? ....................................................................................32 2.4.1.3 Os Beneficiários ...........................................................................................................33 2.4.1.4 O Modelo e o Selo do Balanço Social..........................................................................34 2.5 A RELAÇÃO ENTRE MARKETING SOCIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL....35 3 ESTUDO DE CASO: O MARKETING SOCIAL PRATICADO PELA COOPERATIVA DE CRÉDITO SICOOB METROPOLITANO ....................................37 3.1 HISTÓRIA DO COOPERATIVISMO ..............................................................................37 3.1.1 Origem ............................................................................................................................37 3.1.2 História do Cooperativismo de Crédito.......................................................................38 3.1.3 O Cooperativismo de Crédito no Brasil ......................................................................41 3.1.4 Histórico da Cooperativa Sicoob Central Paraná ......................................................41 3.1.5 Histórico da Cooperativa Sicoob Metropolitano ........................................................42 3.2 INSTITUTO SICOOB PARANÁ – PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL......................................................................................................................44 3.2.1 Missão .............................................................................................................................44 3.2.2 Objetivos.........................................................................................................................45 3.2.3 Abrangência ...................................................................................................................45 3.2.4 As ações sociais praticadas pelo Sicoob Metropolitano através do Instituto Sicoob PR ................................................................................................................................45 3.2.4.1 Biblioteca Digital Comunitária.....................................................................................46 3.2.4.2 Projeto Crescendo e Vivendo com o Basquete.............................................................51 3.2.4.3 Programa Bom Aluno...................................................................................................52 3.2.4.4 Creche Menino Jesus ....................................................................................................53 3.2.4.5 Associação de Catadores e Agentes Ecológicos Vida e Esperança – RECIMAR .......54 3.2.4.6 Basquete sobre Rodas...................................................................................................55 3.2.4.7 Fundação Isis Bruder ....................................................................................................56 3.2.4.8 Lar Escola da Criança...................................................................................................57 3.2.4.9 Instituto de Responsabilidade Social de Maringá – FUNDACIM ...............................58 3.2.5 O Marketing Social praticado pelo Sicoob Metropolitano ........................................59 3.2.6 A relação entre Marketing Social e Responsabilidade Social praticados pelo Sicoob Metropolitano .............................................................................................................64 CONCLUSÃO.........................................................................................................................65 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................66 ANEXOS LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Parceiros do Projeto Biblioteca Digital Comunitária .......................................48 Figura 2- Biblioteca Digital Comunitária.........................................................................50 Figura 3- A comunidade utilizando a Biblioteca Digital Comunitária ............................50 Figura 4- Projeto Vivendo e Crescendo com o Basquete.................................................51 Figura 5- Projeto Vivendo e Crescendo com o Basquete.................................................52 Figura 6- Projeto Bom Aluno...........................................................................................53 Figura 7- Crianças na Creche Menino Jesus ....................................................................54 Figura 8- Aulas na Creche Menino Jesus.........................................................................54 Figura 9- Recimar distribuindo sacos para estimular a coleta seletiva ............................55 Figura 10- Basquete sobre Rodas....................................................................................56 Figura 11- Logotipo da Fundação Isis Bruder.................................................................57 Figura 12- Lar Escola da Criança....................................................................................58 Figura 13- Logotipo da Fundacim...................................................................................59 Figura 14- Evento: II Costela ao Fogo de Chão..............................................................60 Figura 15- Evento: II Costela ao Fogo de Chão (Colaboradores e Voluntários do Sicoob Metropolitano ......................................................................................................60 Figura 16- Evento: Arroz Carreteiro ...............................................................................61 Figura 17- Cartão Credicabal Paraná – Instituto Sicoob PR ...........................................62 Figura 18- Banner do Instituto Sicoob PR em exposição no PAC Colombo..................63 Figura 19-Lançamento da Coleção Primavera/ Verão do Shopping Atacadista Vest Sul...... .............................................................................................................................64 INTRODUÇÃO O tema Marketing Social passou a fazer parte das empresas nos últimos anos, sejam elas grandes ou pequenas, em todo o mundo. Com o acirramento da concorrência, o aumento do grau de instrução e a elevação da renda do consumidor, a deterioração do meio ambiente e as leis de proteção ambiental e ao consumidor, o Marketing Social apresenta-se como uma forma de adquirir vantagem competitiva. O mesmo pode ser conceituado como uma ferramenta estratégica que associa uma empresa ou marca, a uma causa social, em benefício mútuo. Hoje, a prática do Marketing Social nas empresas é vista como um fator positivo, afetando a imagem e os resultados da empresa. E ainda os consumidores cada vez mais valorizam empresas que praticam o Marketing Social. Essa valorização é demonstrada através da preferência por empresas que o praticam. Por isso, cada vez mais o Marketing Social torna-se não apenas uma vantagem competitiva, mas uma condição de sobrevivência no mercado. Mas sua aplicação demanda critério na escolha da forma a ser utilizada, bem como controle em todas as etapas do processo. Contudo, deve-se analisar cuidadosamente a campanha que a empresa irá apoiar, devendo ir de encontro aos princípios dos consumidores, pois se a empresa usar indiscriminadamente desta ferramenta poderá sofrer incriminação de postura antiética e ainda denegrir sua imagem. A realização desse trabalho tem por objetivo, mostrar como ocorre o Marketing Social, quais as formas de atuação do Marketing Social dentro da Cooperativa de Crédito Sicoob Metropolitano, e ainda porque se preocupa em ser socialmente responsável. Desenvolveu-se pesquisas bibliográficas para conceituarmos e explicarmos o tema em questão, seguido de pesquisa de campo, para justificar a ocorrência do Marketing Social ocorrido dentro da organização escolhida. 1.1 OBJETIVO GERAL Verificar como ocorre o Marketing Social na Cooperativa de Crédito Sicoob Metropolitano. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS o Conceituar o Marketing Social; o Mostrar a relação entre Marketing Social e Responsabilidade Social; o Mostrar as ações de Marketing Social praticadas pelo Sicoob Metropolitano; 1.3 METODOLOGIA Primeiramente será desenvolvida uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão, através de livros, artigos, revistas e internet. Em seguida, será realizada uma pesquisa de campo onde se identificará a aplicação do Marketing Social na Cooperativa de Crédito Sicoob Metropolitano. 1.4 JUSTIFICATIVA Observam-se hoje muitos problemas na sociedade. A fome, a guerra, o desmatamento, a violência e ainda a grande desigualdade social. Esses problemas favorecem o aparecimento de empresas interessadas em resolvê-los. O Marketing Social é uma ferramenta poderosa utilizada na gestão empresarial e de projetos, na solução de problemas sociais, beneficiando a comunidade e proporcionando retorno para a empresa. Devido à importância do assunto para a administração, achou-se oportuno realizar este trabalho. Quanto à escolha da Cooperativa de Crédito Sicoob Metropolitano, ressaltam-se as seguintes causas: o Permitiu acesso às informações; o Desenvolve projetos e programa de apoio à sociedade e ao meio ambiente. 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Nesta primeira parte, será apresentada a introdução, os objetivos e justificativa. O segundo capítulo será dedicado ao embasamento teórico sobre Marketing Social e assuntos relacionados como Responsabilidade Social, Ética, Cidadania Corporativa e Filantropia Social, etc. Em seguida, será descrita a História do Cooperativismo, do Cooperativismo de crédito no mundo e no Brasil, o surgimento do Sicoob Central, Sicoob Metropolitano e Instituto Sicoob PR, e as ações de Responsabilidade Social e Marketing Social da Cooperativa de Crédito Sicoob Metropolitano praticadas através do Instituto Sicoob PR. E, finalmente a conclusão, as referências e anexos. 2 EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1 CONCEITO DE MARKETING E MARKETING SOCIAL Apesar de se encontrar suas origens ao longo da história, na própria constituição do comércio, o Marketing é uma área de estudo nova se comparada com os demais campos. De acordo com a Chiavenato (1997) o estudo do mercado surgiu da necessidade dos industriais de administrar a nova realidade vinda da Revolução Industrial que provocou a transformação do mercado de vendedores para o mercado dos compradores. Nesta etapa o marketing ainda é indivisível da economia e da administração, pois sua preocupação inicial era exclusivamente de logística e produtividade, para o aumento dos lucros. Os consumidores não tinham poder de barganha e praticamente não existia a concorrência. Segundo Maximiano (2002) essa realidade manteve-se até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando houve a reação e crescimento da concorrência, então os mercadólogos começaram a criar teorias sobre como atrair e lidar com os consumidores. Nasceu então à cultura de vender a qualquer preço. As formas existentes até aquele momento baseavam-se mais na intuição do que na prática. Eram formas ingênuas ou maliciosas que estavam envolvidas as ferramentas eficientes. Maximiano (2002) diz que nos anos 40, foram desenvolvidos os primeiros estudos sobre o marketing, sobre como aplicar a psicologia na propaganda e sobre as Leis de gravitação do varejo. A questão principal era se as teorias de mercado iriam ou não se desenvolver. Afirmava-se também que seria impossível criar uma teoria mercadológica original, pois se considerava esta uma forma de arte. Ao mesmo tempo começava-se a admitir a existência de um potencial para a teoria mercadológica se tornar uma ciência. Segundo a Wikipédia (2007) em 1954, pelas mãos de Peter Drucker ao lançar seu livro “A Prática da Administração”, o marketing é colocado como uma força poderosa a ser considerada pelos administradores. Na maioria das empresas, o marketing ocupava apenas um lugar no organograma, composto por alguns vendedores e empregados e muita vez estava subordinado a outros diretores, mas ao longo do tempo, essa função foi se abrindo progressivamente e encaixada no mesmo plano das outras direções. Pode-se ver atualmente a mesma empresa praticando diferentes tipos de marketing, que segundo Kotler e Armstrong (1998) o definem como um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor em outros. Esta definição baseia-se nos seguintes conceitos centrais: necessidades, desejos e demandas; produtos (bens e serviços); valor, custo e satisfação; troca e transações; relacionamentos e redes; mercados; e empresas e consumidores potenciais. Entende-se, então, que o principal objetivo do marketing é o desenvolvimento de trocas em que às empresas e clientes voluntariamente participam de ações focadas para trazer benefícios a ambos. Torna-se necessário compreender, planejar e controlar as trocas, através de pesquisas às necessidades da outra parte, projetando e comunicando com eficiência uma oferta, a fim de atender essas necessidades, dentro das circunstancias adequadas. É o que se pode chamar de estar no lugar certo, no tempo certo e com o produto certo. Resumindo-se em outra definição: Marketing é a análise, o planejamento, a implementação e o controle de programas cuidadosamente formulados e projetados para propiciar trocas voluntárias de valores com mercados-alvo, no propósito de atingir os objetivos organizacionais (KOTLER, 1978, p. 20). As trocas são provenientes das necessidades essenciais para a sobrevivência do ser humano. As pessoas necessitam de água, alimentos, vestuário e moradia e também necessitam de lazer, educação, conforto entre outros serviços. Sendo assim, o mercado tem por objetivo criar e comercializar produtos e serviços para a satisfação dessas necessidades e desejos. Deve-se agregar a esses produtos e serviços valores, considerando sempre o custo e o grau de satisfação do consumidor. Cobra (2003) define o marketing como: O conhecimento de saber o que o mercado necessita através de informação complementar dos consumidores, para poder elaborar produtos com design diferenciados que satisfaçam os desejos dos clientes (COBRA, 2003, p. 23). Las Casas (1993) afirma que o marketing é uma área do conhecimento que envolve atividades voltadas às relações de troca, dirigidas para a satisfação dos clientes, com o intuito de alcançar objetivos de empresas ou indivíduos e levando em consideração sempre o meio ambiente e o conflito destas relações com a coletividade. Neste último conceito nota-se uma preocupação direcionada à sociedade. É uma das derivações do Marketing, o Marketing Social. De acordo com Kotler e Roberto (1992), o conceito de marketing social surgiu em 1971, para descrever os princípios e técnicas do marketing comercial para a promoção de uma causa, idéia ou comportamento. Surgiram na Grécia e Roma antigas as primeiras campanhas de Marketing social que tinham por objetivo a libertação dos escravos. Atualmente, essas campanhas têm dado mais destaque a questões ambientais, educacionais econômicas e de saúde. Logo, Kotler define o Marketing social como: O projeto, a implementação e o controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma idéia ou prática social num grupo alvo. Utiliza conceitos de segmentação de mercado, da pesquisa de consumidores, de configurações de idéias, de comunicação, de facilitação de incentivos e a teoria da troca a fim de maximizar a relação do grupo alvo (KOTLER, 1978, p.288). Os conceitos desenvolvidos a seguir por outros autores são bastante influenciados pela definição de Kotler. Encontram-se também autores que discordam com a visão de Kotler. Isto mostra a existência de duas correntes de pensamentos: uma mais focada na ação empresarial e outra na ação das Organizações da Sociedade Civil. Araújo coloca as seguintes diferenças entre o marketing social e o marketing comercial: O Marketing social opera num ambiente bem mais complexo que o do Marketing comercial, e seus objetivos são infinitamente mais ambiciosos. Eis algumas diferenças: os produtos sociais são mais complexos que os comerciais; os produtos sociais freqüentemente são mais controversos que os comerciais; trazem menos satisfação imediata dos consumidores; normalmente, o público do Marketing social tem menos recursos que a média da população; e os programas sociais requerem resultados espetaculares (ARAUJO, 1997, p.9). Melo Neto conceitua o marketing social como: Uma modalidade de marketing promocional, que tem como objetivo divulgar as ações sociais de uma empresa de modo que ela obtenha a preferência dos consumidores, o respeito dos clientes, a admiração dos funcionários, a satisfação dos acionistas e o reconhecimento da comunidade (MELO NETO, 2000, p.35). Para Mendonça e Shommer apud Adulis (2007), o marketing social, nasceu no Brasil, para sugerir a ação empresarial na área social com o foco de atingir um diferencial competitivo, sem que essas ações tenham o objetivo de influenciar comportamento da sociedade. Para Kotler e Armstrong (1998) o termo marketing social é o esboço, a prática e o controle de programas que tem por fim fazer com que o público-alvo aceite uma idéia, causa ou ação social. Adulis define marketing social como: Um conjunto de atividades, técnicas e estratégias que são utilizadas para estimular e promover mudanças sociais, como alterações de crenças, atitudes e comportamentos. Assim, no marketing social são empregados conceitos e ferramentas originárias do marketing convencional (ADULIS, 2007). Meneghetti (2001) diz que o marketing para organizações do Terceiro setor e marketing social são parecidos quando se dirigem ao planejamento detalhado de programas e projetos sociais. Porém, a autora pergunta por que usar conceitos do mundo dos negócios? Como aplicar as mesmas técnicas de marketing à gestão das organizações do Terceiro setor? Adulis menciona que no Socialtec (Fórum de Marketing Social) depara-se a seguinte idéia: O Marketing social é a gestão estratégica do processo de inovações sociais a partir da adoção de comportamentos, atitudes e práticas individuais e coletivas, orientadas por preceitos éticos, fundamentados nos direitos humanos e na equidade social. O termo é empregado para descrever o uso sistemático de princípios e técnicas orientadas para promover aceitação de uma causa ou idéia. Tem como objetivo principal transformar a maneira pela qual um determinado público-adotante percebe uma questão social e promover mudanças comportamentais visando melhorar a qualidade de vida de um segmento populacional (ADULIS, 2007). Estas considerações são influenciadas pela definição de Kotler que destaca o marketing social no uso de suas ferramentas para mudanças comportamentais na sociedade. Andreasen conceitua o marketing social e o distingue do marketing comercial: O marketing social difere do marketing comercial em pelo menos dois aspectos importantes: primeiro, a meta do marketing social é o bem (bem estar) individual ou social, não simplesmente a satisfação individual; segundo, a finalidade a ser alcançada pelo marketing social é algo que aqueles que vivenciam o problema social não precisam eles mesmos identificar como um problema social [...] (ANDREASEN, 2002, p. 59-61). A análise destes conceitos mostra a diferença de entendimentos sobre o marketing social. Percebem-se duas correntes diferentes de idéia: uma direcionada às práticas empresariais e outra na mudança comportamental, papel exercido pelas Organizações da Sociedade Civil. E além de se falar em marketing social passa a existir também outras opiniões que se confundem com esta, como os conceitos de marketing para causas sociais. Pringle e Thompson apresentam o conceito de marketing para causas sociais: Marketing de causas sociais é uma forma efetiva de melhorar a imagem corporativa, diferenciando produtos e aumentando tanto as vendas quanto a fidelidade. [...] É o esforço que as empresas fazem para associar suas atividades – diretamente ou em parceria com instituições de caridade – a uma causa social aprovada por grande parte da sociedade e, portanto, dos consumidores (PRINGLE E THOMPSON, 2000, p.3). Para Pringle e Thompson (2000) a lealdade do cliente não pode ser comprada, ela deve ser conquistada. Para isso, em oposição ao simples suborno, exigem-se valores superiores das marcas. Isto reivindica uma parceria com transparência e com o objetivo de assumir um acordo de longo prazo entre empresas e Organizações do Terceiro Setor. Adulis fala do marketing para causas sociais, que é confundido com o de marketing social e menciona suas principais diferenças: Uma organização agrega uma causa, como combate ao trabalho infantil ou a preservação ambiental, aos processos de produção, promoção e vendas de seus produtos e serviços. Neste caso, a empresa vincula seu produto ou sua imagem institucional a uma determinada causa, seja ela social ou não, com o objetivo de atrair ou conquistar a fidelidade de seus consumidores por afinidades. [...] No caso do marketing social, como explorado em diversas publicações em todo o mundo, o principal impacto será a transformação da sociedade, na qual a empresa ou a instituição está inserida. Já no caso do marketing para causas sociais, retornos financeiros ou de imagens, diretamente voltados para a empresa ou instituição, serão mais evidentes (ADULIS, 2007). Camargo et al definem o marketing de causa relacionada e descreve seus benefícios para as Organizações: A estratégia de marketing de causa relacionada é uma atividade estabelecida para alcançar dois objetivos: incrementar as vendas e ajudas às causas sociais. As ações do marketing de causa relacionada têm origem em fatores do ambiente de negócios da empresa que levaram os profissionais de marketing a repensar seu relacionamento com a comunidade. [...] O marketing de causa relacionada pode fazer clientes trocarem de marca para apoiar uma causa pela qual se interessam. Programas de marketing de causa relacionada de longa duração acabam por gerar a associação da corporação com a causa, os produtos e serviços das empresas são vistos como uma oportunidade para os consumidores apoiarem a causa social por meio de uso ou compra (CAMARGO et al 2001, p. 102). Para Camargo et al (2001) o marketing de causa relacionada está, focado nas empresas, uma vez que estas podem usar esta estratégia para expandir suas vendas e colaborar para uma causa social. Porém, pode-se afirmar também que, direta ou indiretamente, o marketing de causa relacionada, e seus instrumentos, contribuem também para mobilizar recursos das Organizações da Sociedade Civil. Referente à aplicabilidade do conceito de marketing social Adulis apud Baker (2007) afirma que ele deve se distinguir do marketing sem fins lucrativos, que se preocupa com o gerenciamento do marketing de instituições ou organizações sem fins lucrativos. Porém, ao observar a prática e outros conceitos percebe-se que esta diferenciação não é feita. Um exemplo disso são ações para fortalecer a sustentabilidade financeira das Organizações da Sociedade Civil através de programas de doação, que se utiliza de diversas ferramentas do marketing social. Para que as organizações viabilizem seus projetos é necessária à obtenção de recursos. Se as pessoas se dedicarem a uma causa, seja através de ações voluntário ou cedendo uma pequena parcela dos seus recursos as entidades que elas acreditam, teremos entidades legitimas e representantes de uma sociedade ativa. Para a ação contínua de uma sociedade a favor de uma causa é extremamente imprescindível a participação da sociedade, pois uma organização não tem sua existência legitimada se apenas alguns cidadãos defenderem sua causa. Quanto mais pessoas estiverem envolvidas, mais apoio ela terá, mais idéias serão geradas, mais recursos serão obtidos, resultando em melhores serviços e em uma causa social mais forte e concreta. 2.2 O MARKETING SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL Considerando o conceito de Kotler (1978), como base para o que foca o marketing social como projeto, a implementação e o controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma idéia ou prática social num grupo alvo, parte-se para agrupar quais elementos do marketing social podem colaborar efetivamente para as Organizações da Sociedade Civil. Percebe-se o desenvolvimento do conceito de sustentabilidade dentro das Organizações da Sociedade Civil, passando de um problema financeiro para um problema que envolve também uma dimensão técnica e uma dimensão política. Segundo Camargo et al (2001) no que se refere à dimensão financeira da sustentabilidade usa-se algumas ferramentas do marketing para suavizar as dificuldades encontradas pelas Organizações com a sua captação de recursos, sendo assim, eles adequam o mix de marketing (produto, preço, comunicação e distribuição) à realidade das empresas, com o intuito de criar condições favoráveis para que as iniciativas das Organizações sejam confiáveis para as empresas, para o Estado, entre outros. De acordo com Camargo et al (2001) os aspectos técnicos e políticos da sustentabilidade das Organizações da Sociedade Civil são bastante didáticos e contribuem para dirigir a aplicação prática das ferramentas de marketing social nas Organizações. Segundo Kotler e Roberto (1992), há cinco estratégias de mudança social que são elas: a tecnológica, a econômica, a político-legal, a educacional e o Marketing social que é uma estratégia de mudança de comportamento. A última estratégia combina os melhores elementos das abordagens tradicionais de mudança social num diagrama integrado de planejamento e ação e utiliza os avanços na tecnologia das comunicações e na capacidade de marketing. Kotler e Roberto (1992) conceituam as campanhas de mudança social como um esforço organizado, realizado por um grupo, com o objetivo de convencer terceiros a aceitar, mudar ou ceder a certas idéias, atitudes, práticas e comportamentos. Kotler (1978) diz que há quatro tipos de mudanças ou causas sociais e seus graus de dificuldades e suas possibilidades de acontecer: Mudança cognitiva: são as campanhas de informações ou educação pública. São consideradas fáceis, pois não tem como objetivo modificar atitudes ou comportamentos enraizados; Mudança de ação: elas têm como objetivo tentar fazer com que o máximo de pessoas possível pratique uma ação específica. São consideradas mais difíceis que a anterior, pois as pessoas terão que aprender uma coisa nova e desempenhar uma ação com base no novo aprendizado; Mudança de comportamento: são as que levam ou ajudam as pessoas a mudar algum comportamento. Estas são mais difíceis que as anteriores, pois a pessoa deve estar consciente das conseqüências prejudiciais de seus hábitos de consumo e não há uma ação que ele possa adotar para terminar com os impulsos a que ele está sujeito; Mudança de valor: buscam alterar intensamente as crenças ou valores que um grupo tem em relação a alguns objetos ou posição. É considerada a mais difícil, pois o sentido de identidade e bem-estar de um indivíduo está radicado em seus valores principais. Kotler e Roberto (1992) definem as principais causas para o fracasso de campanhas de informação: • Há grupos de “ignorantes crônicos” que não conseguem ser alcançados por elas; • Se poucas pessoas estão interessadas, poucas reagirão; • As pessoas tendem a evitar informações desagradáveis; • As pessoas interpretam de forma diferentes as informações que recebem, dependendo de suas crenças e valores. Kotler e Roberto (1992) concluem que, o uso da comunicação de massa para modificar a conduta do público foi restringido e defendem que influências interpessoais e contatos pessoais são as alternativas mais eficazes para incitar as pessoas a terem hábitos mais saudáveis. E ainda defendem que as condições necessárias para o sucesso de uma campanha de informação de massa são: • Monopolização: presume o monopólio da mídia, sem mensagens • Canalização: prevê que é mais fácil canalizar atitudes e condutas adversas; já existentes numa outra direção do que a criação de novas atitudes e pregar novas condutas; • Suplementação: comprova que os esforços de comunicação de massa têm mais oportunidade de dar certo se forem complementados pela comunicação direta. Kotler esclarece qual a importância do marketing social para que algumas mudanças aconteçam na sociedade: O Marketing social visa produzir um plano ótimo para proporcionar uma mudança social desejada. O fato de o plano ser ótimo, no entanto, não garantirá que a mudança-alvo será atingida. Dependerá de quanto fácil ou difícil seja a mudança social alvo. Sem o Marketing Social, poderá acontecer que a mudança social desejada tenha somente dez por cento de possibilidade de ser alcançada; o melhor plano de Marketing Social poderá aumentar essa possibilidade a quinze por cento. Em outras palavras, algumas mudanças sociais são relativamente fáceis de acontecer, mesmo sem o marketing social; outras são extremamente difíceis de acontecer, mesmo com o Marketing social (KOTLER, 1978, p. 293). O Marketing Social é uma ferramenta poderosa para solucionar problemas sociais e ainda representa uma grande oportunidade para as organizações passarem a um patamar mais alto, no qual os consumidores passam a encarar esse trabalho como uma forma de compromisso que a empresa tem com a sociedade, proporcionando maior retorno para a empresa. Atualmente, a prática do Marketing Social nas empresas é vista como um fator positivo, afetando a imagem e os resultados da empresa. E ainda os consumidores cada vez mais valorizam empresas que praticam o Marketing Social. E essa valorização é demonstrada através da preferência por empresas que o praticam. Por isso, cada vez mais o Marketing Social torna-se não apenas uma vantagem competitiva, mas uma condição de sobrevivência no mercado. Para Meneghetti (2001), embora a cultura de marketing social nas organizações seja um ação recente e em cabal construção, ainda vigora a visão de que, se os serviços prestados pelas Organizações são verdadeiramente necessários e desejados, não é necessário esforçar-se para vendê-los porque se vendem sozinhos. Uma outra censura a esta nova moda é de que o marketing social é oposto às abordagens de comunicação que fortalecem os mecanismos de participação comunitária. Meneghetti (2001) define ainda as principais contribuições do marketing para a gestão de uma Organização são: • Visão estratégica, ou seja, de fora para dentro; • Planejamento das atividades – análise de pontos fortes e fracos; • Conceito de posicionamento; • Busca de relacionamentos mais sólidos e duradouros com os públicos estratégicos, ou seja, estabelecimento de trocas; • Foco no cliente; • Maior controle e monitoramento do processo de comunicação; • Racionalização de recursos. Na extensão política da sustentabilidade das Organizações da Sociedade Civil, vale enfatizar um outro subsídio exposto por Baker apud Adulis (2007) que destaca que o marketing social tem muito a proporcionar também não somente influenciando o comportamento individual do cidadão, mas também dos responsáveis pelas políticas e de grupos de interesse influentes. Camargo et al (2001) percebe na apreciação dos diversos conceitos apontados no trabalho que ainda não existe um consenso sobre o conceito de marketing social. Alguns autores têm uma visão crítica desse conceito, podendo considerar um avanço na construção de uma teoria mais apropriada para as Organizações. A diversidade conceitual ainda é reforçada pela diversidade das práticas que se colocam sobre o tema de marketing social. Camargo et al (2001) considera as contribuições teóricas sobre o marketing social, baseada na definição original de Kotler, perceber-se que o marketing social pode contribuir para a sustentabilidade das Organizações especificamente em: Promover a sustentabilidade técnica: através do uso do marketing as ações das Organizações podem conseguir os resultados esperados de mudanças de comportamento, atitudes e práticas; promover a sustentabilidade política: o marketing social pode causar uma maior visibilidade das ações das Organizações na sociedade atraindo mais pessoas que possam fortalecer sua base social de apoio e lutar junto pela mesma causa; e, promover a sustentabilidade financeira: através das estratégias de mobilização de recursos locais, parcerias com empresas e sociedade como um todo. Segundo Kotler (1978) pode-se assegurar que o marketing social colabora para a construção de um mundo mais justo, à medida que põem a disposição de Organizações e Governos instrumentos importantes para a mudança de conduta, atitudes e práticas “nocivas” presentes na sociedade. Contudo as práticas de marketing social precisam ser praticadas sempre passando por uma análise mais cuidadosa do ponto de vista da ética, ou seja, considerando o público-alvo a fim de não se criar estereótipos na sociedade. Segundo Adulis (2007) identificou-se também a necessidade de construir uma linguagem própria para o Terceiro Setor, criar instrumentos de gestão capazes de superar as necessidades gerenciais e às necessidades da ação social que se ajusta pela participação e pela visão de desenvolvimento sustentado com foco nos valores humanos. Com o fortalecimento do terceiro setor fez nascer uma nova realidade dentro das organizações, que viam nas atividades de cunho solidário uma oportunidade de mostrar à sociedade sua preocupação com questões sociais e investir parte de seus ganhos em obras humanitárias, que transmitissem aos seus consumidores o envolvimento constante na tentativa de incrementar suas vidas e todos os recursos envolvidos. De acordo com Camargo et al (2001) este é um desafio colocado para a teoria e a prática da administração que durante tanto tempo estiveram distante das organizações do Terceiro Setor. Talvez hoje o número de pessoas empregadas, os recursos movimentados e a tendência da responsabilidade social empresarial consigam justificar a necessidade de se dedicar mais atenção ao estudo desse ambiente organizacional a fim de se contribuir para a construção de teorias e práticas mais adequadas para este tipo de organização. 2.3 ÉTICA, CIDADANIA CORPORATIVA E FILANTROPIA SOCIAL As práticas de marketing social devem também, como as práticas de marketing comercial, serem analisadas eticamente desde o seu desenvolvimento até os seus impactos. A ética é definida por Andreasen (2002) como um estudo de padrões de comportamento e de julgamento moral. Segundo ele, os profissionais do marketing social são confrontados com alguns dilemas éticos que surgem quando dois princípios corretos estão em conflito. Considera-se que os padrões que mais apresentam dilemas éticos aos profissionais de marketing social são: seja verdadeiro, proteja a privacidade, não crie comportamentos inadequados, não seja ofensivo, evite estereótipos, proteja as crianças. Segundo Vázquez: A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma específica do comportamento e seu objeto de estudo é constituído por vários tipos de atos humanos: os atos conscientes e voluntários dos indivíduos que afetam outros indivíduos, determinados grupos sociais ou a sociedade em seu conjunto (VÁZQUEZ, 1999, p. 23-24). Vásquez (1999), parte do princípio de que a ética se ocupa do pensamento, de fatos ou atos humanos, que sugere liberdade de escolher entre fazer o bem e o mal, podemos dizer que as empresas que praticam responsabilidade social assumem uma postura ética na medida em que fazem uma escolha consciente de colaborar para o desenvolvimento da comunidade e solução dos problemas sociais. Pode-se definir a partir do princípio de Vásquez (1999) que a empresa que prática responsabilidade social é aquela que responde à situação social na qual está inserida, consciente que está no seu papel de agente da sociedade. Encontra-se ainda referência ao termo cidadania corporativa relacionado à intervenção das empresas nas questões sociais. Novamente depara-se com a necessidade de definir termos como cidadania e cidadão. Segundo a Wikipédia (2007) a palavra cidadania significa: condição social de um membro nativo ou naturalizado de uma cidade ou país, enquanto que cidadão, na acepção mais ampla, indivíduo pertencente a uma sociedade política ou a um determinado Estado. Possui direitos civis e políticos e obrigações definidos e garantidos em lei. Assim a empresa cidadã ou que desenvolve ética empresarial, é aquela que desempenha seus deveres que são exatamente os mesmos correspondentes à prática da responsabilidade social. Diante de tantos conceitos semelhantes o que dizer da filantropia social? Em alguns artigos e documentos sobre Marketing Social a expressão filantropia social refere-se à ação social das empresas e aos seus projetos. Para esclarecer a relação da filantropia com o Marketing Social vejamos a seguinte definição: - segundo a Wikipédia (2007) filantropia: do grego "philos" = amigo + "antrophos" = homem, significando amizade pelo homem. A filantropia significa, amor à humanidade, normalmente manifestado através de atividades que promovam o bem-estar. Diz respeito ao desembolso de riqueza por parte de indivíduos e, especialmente, ao recolhimento de fundos por parte de organizações que atuam sem fins lucrativos, isso não tem nada em comum com o Marketing Social que é uma estratégia empresarial. O Marketing Social não é feito desinteressadamente ou porque as empresas são "boazinhas". Espera-se um retorno, uma relação de ganha-ganha em que a empresa e a sociedade ganhem com a ação social. Ao comparar as definições de filantropia com o verdadeiro sentido de Marketing Social veremos que nada têm em comum. É um erro grave elevar a filantropia ao nível estratégico, tendo em vista que o caráter estratégico de um investimento social remete-se apenas ao Marketing Social. 2.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL Segundo Melo Neto e Froes (2001), a Responsabilidade Social de uma empresa consiste na sua decisão de participar mais diretamente das ações sociais da região em que esta atuando e diminuir possíveis danos ambientais decorrente da atividade exercida. Ainda segundo os autores, há duas dimensões de Responsabilidade Social das empresas: • A gestão da responsabilidade social interna, onde estão contidos os programas de seleção, contratação, treinamentos e manutenção de pessoal, realizados pelas empresas em beneficio de seus colaboradores, assim como os demais benefícios e programas voltados para a participação nos resultados e atendimentos aos dependentes. Podem-se pontuar algumas das principais ações internas desenvolvidas pelas empresas como o investimento no bem-estar dos empregados e seus dependentes (programas de remuneração e participação nos resultados, assistência médica, social, odontológica, alimentar e de transporte); e, investimentos na qualificação dos funcionários (programas internos de treinamento e capacitação e programas de financiamento de cursos externos, regulares ou não, realizados por seus colaboradores com vistas a sua maior qualificação profissional e obtenção de escolaridade mínima). • A gestão da responsabilidade social externa, que consiste no exercício e desenvolvimento de ações que beneficiem a comunidade. Essas ações podem ser feitas através de doações de produtos, equipamentos e materiais em geral, transferência de recursos em regime de parceria com órgãos públicos e ONG’s, prestação de serviços voluntários para a comunidade pelos funcionários da empresa, aplicações de recursos em atividades de preservação do meio ambiente, geração de empregos, patrocínio de projetos sociais do governo e investimentos diretos em projetos sociais criados pela própria empresa. A responsabilidade social externa tem como foco a comunidade, através de ações sociais voltadas principalmente para as ares de educação saúde, assistência social e ecologia. Tem como objetivo um maior retorno social, de imagem, publicitário e para os acionistas. Na atual conjuntura mundial observa-se que as empresas, estão cada vez mais voltadas para o desenvolvimento de atividades sociais, demonstrando-se preocupadas com os problemas da sociedade, da comunidade e do seu público interno. Nesta nova ocasião do mercado, as pessoas se perguntam, por que de repente as empresas ficaram tão cheias de boas intenções, já que é de conhecimento de todos que o objetivo é gerar lucros. Ocorre que o interesse das empresas pelas causas sociais tornou-se um diferencial aos olhos do consumidor, bem como as empresas estão se conscientizando que sua participação na comunidade será um fator para o sucesso. Incitar boas práticas de gestão social é o primeiro passo para elevar o patamar de consciência da organização. Essa nova postura deve atingir todos os stakeholders, modificando a interação da empresa com a sociedade. O impacto tende a ser extremamente positivo para os negócios, pois a quebra dos paradigmas está se revelando na ponta que é responsável pelas mudanças na cadeia: o consumidor final. Drucker (1997) diz que apesar de parecer um assunto novo no cenário empresarial, a responsabilidade social vem sendo praticada há vários anos nos países mais desenvolvidos como os Estados Unidos da América e países europeus. Atualmente, apesar de ser incipiente, está ganhando a adesão de muitos empresários no Brasil. Para aprofundar-se mais na trajetória do Marketing Social, é importante esclarecer os termos que estão relacionados com o assunto, tais como, responsabilidade social, ética, filantropia social, cidadania corporativa e que ainda são usados de forma confusa pelos meios de divulgação. Uma organização socialmente responsável é aquela que além de ter ética nos negócios, preocupa-se com vários fatores como: não utilizar de mão-de-obra infantil, negociação coletiva, liberdade na associação a sindicatos, segurança no trabalho, não utilização de trabalhos forçados, não discrimina seus funcionários, saúde de seus funcionários, nem a sociedade em geral, respeita o horário de trabalho, preocupa-se com questões ambientais e possuem um sistema de gestão coerente. As organizações procuram vincular sua imagem à noção de responsabilidade social porque esse elemento será um fator determinante de sucesso mercadológico. Peter Drucker revela que o termo responsabilidade social sofreu uma grande transformação desde o início da década de 60. Responsabilidade Social era o termo usado para reivindicar – ou atribuir – responsabilidade de liderança aos homens de negócio com respeito à "cultura" da comunidade apoiar as artes, os museus, a ópera e a orquestra sinfônica, servir de curador nos conselhos de instituições educacionais e religiosas, doar dinheiro a causas filantrópicas da comunidade (...) (DRUCKER, 1997, p.356). Após a Segunda Guerra Mundial a contribuição da empresa começou a ser cada vez mais enfatizada, mas a ênfase ainda permanecia sobre as "causas" externas e não no comportamento e nas ações da empresa em si. Segundo Peter Drucker o novo conceito de responsabilidade social exige que: (...) a empresa assuma responsabilidade pelos problemas sociais, por questões sociais, por metas políticas e sociais que se torne a guardiã da consciência da sociedade e o agente decisório de seus problemas (DRUCKER, 1997, p.357). 2.4.1 Os Indicadores da Responsabilidade Social: O Balanço Social Segundo Torres e Mansur (2007), O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa agrupando um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também uma ferramenta estratégica para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social. No balanço social a empresa mostra o que faz por seus colaboradores, dependentes e comunidade, dando transparência às atividades que busca melhorar a qualidade de vida de todos. Ou seja, sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, à sociedade e o meio ambiente. O balanço social é uma ferramenta que, quando construída por múltiplos profissionais, tem a capacidade de explicitar e medir a preocupação da empresa com as pessoas e a vida no planeta. 2.4.1.1 Histórico do Balanço Social Segundo Torres e Mansur (2007) nos anos 60, nos EUA e na Europa, o repúdio da população à guerra do Vietnã deu início a um movimento de boicote à aquisição de produtos e ações de algumas empresas ligadas ao conflito. A sociedade exigia uma nova atitude ética e várias empresas passaram a prestar contas de suas ações sociais. A elaboração e divulgação anual de relatórios com informações sociais resultaram no que hoje se chama de balanço social. Ainda segundo os autores, no Brasil a idéia começou a ser tratada na década de 70. Contudo, apenas nos anos 80 surgiram os primeiros balanços. A partir da década de 90 organizações de diferentes setores passaram a publicar balanço social anualmente. No entanto, a proposta só ganhou visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou, em junho de 1997, uma campanha pela divulgar o balanço social. Com o apoio e a participação de algumas lideranças empresariais, a campanha decolou e vem gerando uma série de debates através da mídia, seminários e fóruns. Atualmente é possível contabilizar o sucesso desta iniciativa e afirmar que o processo de construção de uma nova mentalidade e de novas práticas no meio empresarial está em pleno curso. 2.4.1.2 Porque fazer o Balanço Social? Segundo Torres e Mansur (2007) existem várias razões importantes para que as empresas se preocupem fazer e publicar seu balanço social, abaixo pode-se citar alguns motivos: • Porque é ético: ser justo, bom e responsável já é um bem em si mesmo; • Por agregar valores: o balanço social traz um diferencial para a imagem da empresa que vem sendo cada vez mais valorizado por investidores e consumidores no Brasil e no mundo; • Porque diminui os riscos: num mundo globalizado, onde informações sobre empresas circulam mercados internacionais em minutos, uma conduta ética e transparente tem que fazer parte da estratégia de qualquer organização; • Porque é um moderno instrumento de gestão: o balanço social é uma valiosa ferramenta para a empresa gerir, medir e divulgar o exercício da responsabilidade social em seus empreendimentos; • Porque é instrumento de avaliação: os analistas de mercado, investidores e órgãos de financiamento (como BNDES, BID e IFC) já incluem o balanço social na lista dos documentos necessários para se conhecer e avaliar os riscos e as projeções de uma empresa; • Porque é inovador e transformador: realizar e publicar balanço social anualmente é mudar a antiga visão, indiferente à satisfação e o bem-estar dos funcionários e clientes, para uma visão moderna em que os objetivos da empresa incorporam as práticas de responsabilidade social e ambiental. 2.4.1.3 Os Beneficiários Para Torres e Mansur (2007) o balanço social favorece a todos os grupos que estão ligados à empresa. Aos dirigentes fornece informações úteis à tomada de decisões relativas aos programas sociais que a empresa desenvolve. Seu processo de realização estimula a participação dos colaboradores na escolha das ações e projetos sociais, gerando um grau mais elevado de comunicação interna e integração nas relações entre dirigentes e o corpo funcional. Aos fornecedores e investidores, mostra como a empresa encara suas responsabilidades em relação aos recursos humanos e à natureza, o que é um bom indicador da forma como a empresa é administrada. Para os consumidores, dá uma idéia de qual é a postura dos dirigentes e a qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho que a empresa escolheu para construir sua marca. E ao Estado, ajuda na identificação e na formulação de políticas públicas. 2.4.1.4 O Modelo e o Selo do Balanço Social Segundo Torres e Mansur (2007) desde 1997, Herbert de Souza e o Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (Ibase) vêm chamando à atenção de empresários e toda a sociedade para a importância e a necessidade da realização do balanço social das empresas em um modelo único e simples. Torres e Mansur (2007) entendem que a simplicidade é a garantia do envolvimento do maior número de corporações, o Ibase, em parceria com diversos representantes de empresas públicas e privadas, a partir de inúmeras reuniões e debates com vários setores da sociedade, desenvolveu um modelo que tem a vantagem de estimular todas as empresas a divulgar seu balanço social, independente do tamanho e setor. Ainda segundo os autores, se a forma de apresentação das informações não seguir um padrão mínimo, torna-se difícil uma avaliação adequada da função social da empresa ao longo dos anos. A predominância de dados que possam ser expressos em valores financeiros ou de forma quantitativa é fundamental para enriquecer este tipo de demonstrativo. É claro que nem sempre correlacionar fatores financeiros com fatos sociais é uma tarefa fácil, porém, os indicadores desenvolvidos do modelo Ibase ajudam às análises comparativas da própria empresa ao longo do tempo ou entre outras do mesmo setor. No modelo sugerido pelo Ibase, a sociedade e o mercado são os grandes auditores do processo e dos resultados alcançados. Segundo Torres e Mansur (2007), em 1998, para estimular a participação de um maior número de corporações, o Ibase lançou o Selo Balanço Social Ibase/Betinho. O selo é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido pelo Ibase, dentro da metodologia e dos critérios propostos. Através deste Selo as empresas podem mostrar - em seus anúncios, embalagens, balanço social, sites e campanhas publicitárias - que investem em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente. O Selo Balanço Social Ibase/Betinho demonstra que a empresa já deu o primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa-cidadã, comprometida com a qualidade de vida dos funcionários, da comunidade e do meio ambiente; apresenta publicamente seus investimentos internos e externos através da divulgação anual do seu balanço social. 2.5 A RELAÇÃO ENTRE MARKETING SOCIAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL Com base nas informações coletadas, pode-se perceber que as pessoas apóiam as atitudes das empresas envolvidas com uma causa social. Muitas pessoas estão inclusive dispostas a pagar mais caro por um determinado produto vinculado a uma causa social. Os autores Thompson e Pringle, mencionam uma pesquisa feita em 1997, pela Research Internacional, na Inglaterra, mostra que: [...] 64% dos consumidores estão dispostos a pagar um pouco mais por um produto associado a uma causa social; 20% da população se dispõe a pagar 10% a mais pela causa certa; 61% dos consumidores mudariam de loja se a outra fosse associada a uma boa causa (PRINGLE e THOMPSON, 2000, p. 23). Segundo Levek et al (2002): Esse tipo de pesquisa motiva muitas empresas a adotarem a pratica da Responsabilidade Social, pois elas podem também organizar um plano de Marketing com base em uma causa social que julgue importante, seja por sua filosofia, missão, ou objetivos internos. (...) a pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), segundo a qual 90% das empresas pesquisadas afirmam que começaram a investir em ações sociais por acreditarem estar melhorando a sua imagem institucional. A ampliação das relações da empresa com a comunidade foi apontada por 74% das empresas como um motivo relevante para ações de Responsabilidade Social e 19% acreditam que ser socialmente responsável incrementa a lucratividade (LEVEK, 2002, p. 23). Ainda segundo os autores: (...) o Marketing Social é uma conseqüência da Responsabilidade Social. A empresa deve se utilizar das estratégias de marketing social, observando o modo como fazer, porque fazer e quando fazer. Muitas empresas utilizam o marketing para divulgar suas ações relacionadas ao social, principalmente se ela é responsável socialmente. Assim, pode-se dizer que a responsabilidade social e o marketing social dependem intrinsecamente um do outro. O marketing social inicia-se como uma verdadeira forma do exercício da responsabilidade social, podendo chegar a construir, a longo prazo, um valor diferencial para a marca, agregação de valor ao produto, aquisição de clientes, e possibilitando um vantagem competitiva para as empresas (LEVEK, 2002, p. 23). Pode-se concluir que as empresas estão utilizando o marketing social como uma estratégia empresarial e também como um meio que estabelece uma forma de divulgar as ações sociais praticadas por ela, comunicando-as a toda a rede de interessados na empresa. Assim, as organizações exercitam a responsabilidade social através do marketing social podem conseguir sustentabilidade para sobrevivência, permanência e destaque no mercado que estão atuando. 3 ESTUDO DE CASO: O MARKETING SOCIAL PARTICADO PELA COOPERATIVA DE CRÉDITO SICOOB METROPOLITANO 3.1 HISTÓRIA DO COOPERATIVISMO 3.1.1 Origem Segundo Crúzio (2003), as primeiras cooperativas surgiram no início do século XVIII na Europa, especialmente na Inglaterra, como meio de enfrentar as conseqüências econômicas e sociais da Revolução Industrial, que opusera a classe dos capitalistas, proprietários dos meios de produção, à classe dos proletários que vendiam sua força de trabalho. Segundo o Sicoob Metropolitano (2003) em 1844, um grupo de 32 alfaiates, carpinteiros e trabalhadores braçais criaram na cidade de Rochdale, Inglaterra, a primeira cooperativa. Esse grupo de trabalhadores ficou conhecido como Pioneiros de Rochdale. Os tecelões de Rochdale devem ser considerados os verdadeiros criadores da cooperativa moderna de consumo, pois tiveram a idéia de estabelecer os princípios aos quais devem obedecer a uma cooperativa de consumo para cumprir sua missão. Segundo o Sicoob Metropolitano (2003) em novembro de 1995, em Manchester, Inglaterra, no XXXI Congresso da ACI (Associação Cooperativa Internacional), foram votadas as últimas modificações nos sete princípios cooperativistas: • A adesão é voluntária e livre, são abertas a todas as pessoas, sem discriminação de sexo, nível social, raça, partidarismo político e religião. • A gestão democrática pelos membros é, controladas por seus membros, que participam na formulação das políticas e nas tomadas de decisões. • As participações econômicas dos associados contribuem para a formação do capital social da entidade e a controlam democraticamente. • A autonomia e independência são de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. • A educação, formação e informação fazem à organização promover a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores. • A cooperação serve de formação eficaz a seus membros, fortalecendo o movimento cooperativo e trabalhando em conjunto com entidades locais, regionais, nacionais e internacionais. • Há interesse pela comunidade que trabalha para o desenvolvimento sustentado. Estes princípios deram base à doutrina cooperativista, principalmente pelo seu destaque nos aspectos das relações entre cooperados, assim como, pela estrutura de poder formal por eles determinada, fazem com que as cooperativas se diferenciem das empresas tradicionais. Enquanto que em uma empresa tradicional o poder está determinado pelo capital através do número de ações que cada sócio possui, nas cooperativas a cada cooperado corresponde um voto, independentemente do capital por ele subscrito. Nas cooperativas, todos são considerados, ao mesmo tempo, sócios, fornecedores, clientes e, às vezes, empregados, e isto, independente da modalidade cooperativa, sendo o que se observará no cooperativismo de crédito e na sua estrutura funcional. 3.1.2 História do Cooperativismo de Crédito Paralelamente ao desenvolvimento das cooperativas de consumo e produção na Europa, durante o século XIX, teve início o movimento responsável pela criação das primeiras cooperativas. Segundo o Sicoob Metropolitano (2003), este modelo de cooperativa de crédito tem o nome de seu criado Schulze e da pequena cidade de Delitzsch, na Alemanha, surgiu por volta de 1849. A legislação em vigor, naquela época, em tudo o continente europeu, prejudicava sobremaneira a classe operária, facilitando a exploração espúria do trabalho. De acordo com o Sicoob Metropolitano (2003) o projeto nasceu com a formação de uma pequena caixa de socorro destinada especialmente ao atendimento de casos de doença e morte. Em 1850, como forma de evolução, transformou-se na primeira cooperativa de crédito urbano, que foi seguida de inúmeras outras, posteriormente chamadas Bancos Populares, dando origem à União Geral das Sociedades Cooperativas e Artesanais Alemãs. Na mesma época em que Schulze promovia o surgimento do movimento cooperativista de crédito urbano, outro alemão, Friedrich Wilhelm Raiffeisen, preocupava-se com a precária situação dos agricultores da província de Renânia, que mal conseguiam recursos para as despesas anuais de produção. Assim, também em 1849, nasce na cidade de Heddsdorf, mediante iniciativa de Raiffeisen, uma caixa de socorro responsável por oferecer crédito aos camponeses interessados em buscar novas alternativas de financiamento, dando origem ao movimento cooperativista de crédito rural alemão. Ainda de acordo com o Sicoob Metropolitano (2003) os organizadores de cooperativas de crédito de diversos países têm ido buscar inspiração em Schulze-Delitzch e Raiffeisen, mas a necessidade de adequá-la às suas peculiaridades econômico-sociais leva-os a criarem outros sistemas. No rastro da formação de cooperativas de crédito destinadas a preservar o bem-estar social dos trabalhadores urbanos e rurais, surgiu, pelas mãos do político e professor universitário Luigi Luzzatti, em 1864, na Itália, o modelo batizado com seu próprio nome, que reunia cooperados das mais diversas atividades econômicas. Embora baseado no movimento Schulze-Delitzsch, o cooperativismo creditício italiano apresenta algumas diferenças básicas em relação ao seu antecessor, entre elas a admissão de auxílio do Estado, de forma complementar à captação interna de recursos e somente durante o período de tempo em que a sociedade não for capaz de arcar com seus compromissos. Segundo o Sicoob Metropolitano (2003) outro modelo de cooperativa de crédito foi formatada no Canadá. Fundada em 1900 por Alphonse Desjardins, em Levis (Québec), representa a síntese de sua intensa meditação sobre as formas entreajuda econômica em vários países. O Sicoob Metropolitano (2003) diz que Desjardins, foi considerado um visionário, sentia-se atormentado pelas altas taxas de juros cobradas pelos bancos e agiotas, saiu à luta, para constituir, em pequenos vilarejos pobres, cooperativas de crédito ou caixas de crédito popular, no intuito de solucionar as necessidades mais prementes da população. Durante cerca de 25 anos, Desjardins empregou suas horas de lazer na busca de uma fórmula para melhorar a sorte dos trabalhadores, de modo a inculcar-lhes o espírito de poupança e dispensar-lhes crédito necessário às suas atividades colocando a seu serviço os abundantes frutos dessa mesma poupança, mas em condições de segurança e de acesso de todos. Apoiado pela Igreja e estimulado pelos exemplos vindos da Europa, Luzzatti e Raiffeisen, batalhou, principalmente junto ao Parlamento, no sentido de concitar os deputados a editar leis que favorecessem a constituição de cooperativas de crédito. Vencendo obstáculos e incompreensões, conseguiu, no dia 06 de dezembro de 1900, há mais de cem anos, fundar a primeira cooperativa de crédito popular do Canadá. Inspiradas em Desjardins, às cooperativas de economia e crédito mútuo brasileiras são sociedades de pessoas e não de capital. Ou, para repetir a expressão de seu idealizador, nelas a individualidade do associado domina, e não o montante de sua contribuição. O objetivo principal da cooperativa de crédito é educativo e, ao mesmo tempo, econômico. 3.1.3 O Cooperativismo de Crédito no Brasil Segundo o Sicoob Metropolitano (2003) no Brasil, o cooperativismo surgiu no começo do século XX, com ações principalmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Conforme afirma Pinho e Palhares (2004), em 1902, na pequena localidade de linha imperial, Município de Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, surgiu a primeira cooperativa de crédito da América Latina, criada pelo padre Suíço Theodor Amstadt, baseando-se no sistema de Raiffeisen, muito bem sucedido na Alemanha. 3.1.4 Histórico da Cooperativa Sicoob Central Paraná O SICOOB Paraná nasceu com o intuito de atender às necessidades de expansão das cooperativas de crédito no Estado do Paraná, oferecendo aos cooperativistas uma gama maior de produtos, serviços e linhas de investimentos. A constituição da Central das Cooperativas de Crédito do Estado do Paraná – SICOOB Central Paraná se deu em 22 de dezembro de 2001, sendo formada inicialmente com três cooperativas singulares, a Credioeste de Foz do Iguaçu, a Cresud de Francisco Beltrão e a Creserv de Dois Vizinhos. Iniciou suas atividades em 05 de julho de 2002, recebendo de imediato sua quarta cooperativa, o SICOOB Metropolitano de Maringá. Logo outras cooperativas foram surgindo dentro do sistema, sendo que o SICOOB Paraná conta atualmente com 19 cooperativas de crédito filiadas e em plenas atividades. Hoje seu objetivo passa para um patamar mais elevado, onde se busca a organização em comum e em maior escala de serviços econômico-financeiros e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos serviços. 3.1.5 Histórico da Cooperativa Sicoob Metropolitano No dia 29 de novembro de 1999, depois de mais de um ano de estudos e negociações realizados e financiados pela ACIM - Associação Comercial e Empresarial de Maringá foi inaugurada a Agência Sicredi Metropolitano. Primeiramente a cooperativa estava filiada ao Sistema Sicredi, porém, em Setembro de 2002 desfiliou-se deste Sistema e passou a fazer parte do maior sistema cooperativo do Brasil, o Sistema Sicoob, que atua com experiência no mercado empresarial em 20 estados do país. A cooperativa começou a ser idealizada pelo Sr. Jéferson Nogarolli, então Presidente da ACIM, por sugestão da Sr.ª Elizabete Francisco Emidio que num Encontro Empresarial em São Paulo tomou conhecimento da existência da Cooperativa de Crédito de Teófilo Otoni – MG, através do Sr. Giovani da Cota Fonseca. Em 1996 o Sr. Luiz Ajita e a Sra. Elizabete Emidio, a pedido do Sr. Jéferson Nogarolli, participaram de um Congresso do CNDL em Belém do Pará, onde retomaram contato com o Sr. Giovani Cota Fonseca e receberam do mesmo, mais informações sobre a cooperativa de crédito. Após uma pesquisa realizada com os associados da ACIM, que escolheram como principal desejo a criação da cooperativa de crédito, e com a recomendação do Sr. Jéferson Nogarolli, à presidência da ACIM, deu-se inicio aos trabalhos de constituição da cooperativa. Edmar Arruda, então diretor de Serviços e Inovações Tecnológicas da ACIM passou a coordenar o projeto de constituição da cooperativa de crédito dos comerciantes, baseado no compromisso de desenvolver produtos e projetos que atendessem as necessidades emergentes dos associados ACIM. A fim de buscar experiências, o Sr. Edmar Arruda foi até Teófilo OtoniMG, e conheceu a cooperativa cujo presidente era o Sr. Geovani Cota Fonseca. No dia 14 de junho de 1999, no auditório da ACIM, reuniram-se 26 empresários com o propósito de fundar esta cooperativa. Nesta reunião, constituiu-se o Estatuto Social, escrito pelo Dr. Paulo Roberto Pereira de Souza, subscreveu-se o total de R$ 35.000,00 em quotas-partes, elegeu-se os membros do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal, e a Diretoria Executiva, sendo esta composta pelo Diretor-Presidente, Diretor Administrativo e Diretor Financeiro. No dia 02 de Setembro de 1999, a cooperativa foi comunicada pelo Banco Central que o seu funcionamento havia sido autorizado, e no dia 29 de novembro de 1999, a Cooperativa inicia seus trabalhos, possuindo 26 cooperados, 6 colaboradores e R$ 35.000,00 de capital inicial. No primeiro mês de funcionamento (dezembro de 1999) a cooperativa movimentou R$ 235.583,00. A partir daí, com o decisivo apoio da ACIM, através da sua diretoria e principalmente do Sr. Jéferson Nogarolli, presidente da ACIM e do Sr. Helio Costa Curta, presidente do Conselho Deliberativo, e do Sivamar na pessoa do Sr. Ali Wardani, a cooperativa começou a desenvolver-se de forma surpreendente. Quando a cooperativa se desfiliou do Sistema Sicredi e passou a fazer parte do Sistema Sicoob, possuía 1297 cooperados, 1 agência e um Patrimônio Líquido de R$ 1,5 milhão e movimento mensal perto de R$ 10 milhões. Hoje, o Sicoob Metropolitano possui mais de 13.000 cooperados, 14 pontos de atendimento nas cidades de Maringá, Sarandi, Marialva, Mandaguari, Astorga e Cianorte. Esse crescimento repercutiu por todo país, e hoje o Sicoob Metropolitano é considerado modelo de Cooperativa de Crédito pelo Sebrae. 3.2 INSTITUTO SICOOB SUSTENTÁVEL PARANÁ – PROJETO DE DESENVOLVIMENTO O INSITUTO SICOOB-PR é o braço institucional do SICOOB criado para alavancar ações sociais e ambientais das unidades do sistema SICOOB no Estado do Paraná. Vive-se um momento histórico representado pelo novo Governo de fortes bases sociais e uma articulação singular da sociedade civil. Afinal, não existe política social que vigore sem um movimento engajado da sociedade. O cidadão consciente consegue questionar direitos ao Governo. No Brasil, as últimas décadas vêm sendo marcadas por uma aceleração das ações sociais e intensificação de discussões em várias esferas da sociedade sobre terceiro setor e responsabilidade social. A linha mestra das ações sociais deve nascer de uma visão profunda da relação de interdependência entre “governo-empresa-homemnatureza”. Pode-se entender esta ligação como um ciclo natural, uma cadeia de ligação: este é um princípio que dever ser cultivado. O Sicoob Metropolitano faz sua parte através de seus princípios cooperativistas, como a preocupação com o bem-estar dos seus colaboradores e da comunidade e, conseqüentemente, a contribuição para uma sociedade mais junta. Tendo em vista esses princípios foi criado o Instituto Sicoob Paraná – Projeto de Desenvolvimento Sustentável. O Instituto Sicoob desenvolve e apóia projetos sociais sustentáveis de geração de trabalho e renda, cujo foco é o combate à pobreza e valorização da cidadania, além de trabalhar pela qualificação das organizações do terceiro setor. 3.2.1 Missão Contribuir para o desenvolvimento sustentável, participando do processo de inclusão social e de preservação do meio ambiente, constituindo-se num canal para viabilização de projetos, ações voluntárias e contribuição social. 3.2.2 Objetivos • Fomentar e criar projetos e programas econômicos e de justiça social; • Desenvolver programas de educação, defesa e desenvolvimento ambiental; • Captar e disponibilizar recursos e ação voluntária para projetos sociais, culturais, educacionais, esportivos e ambientais; • Incentivar projetos sociais sustentáveis, de geração de trabalho e renda, combatendo a pobreza e valorizando a cidadania; • Contribuir para o desenvolvimento profissional e empreendedor de jovens, especialmente os de baixa renda e portadores de deficiência; • Promover centro de treinamento, oficinas de pesquisa, qualificação profissional e inclusão digital; 3.2.3 Abrangência O INSTITUTO SICOOB-PR tem como área de abrangência o município de Maringá, podendo estender-se ao Estado do Paraná, através das unidades do Sistema SICOOB, interagindo com suas políticas e dinâmicas de desenvolvimento social, econômico e ambiental. 3.2.4 As ações sociais praticadas pelo Sicoob Metropolitano através do Instituto Sicoob PR Algumas ações sociais do Instituto Sicoob PR é a inclusão digital através da Biblioteca Digital Comunitária, criada em 2003 e que oferece cursos sobre internet, digitação, informática básica e Windows. Na área ambiental, o Instituto Sicoob PR trabalha junto a organizações de recicladores, realizando o cadastro e diagnóstico da situação legal e operacional das organizações de coletores de Maringá. Realiza promoções para arrecadação de fundos, tais como a Costela ao Fogo de Chão (anual), jantares beneficentes e ainda, conta com o cartão de crédito Credicabal Paraná – Instituto Sicoob PR, que destina parte das suas receitas para manutenção dos projetos/entidades: Basquete Sobre Rodas, Creche Menino Jesus, Fundação Isis Bruder - Casa Maternal Evangélica, Lar Escola da Criança de Maringá, Instituto de Responsabilidade Social de Maringá - FUNDACIM, Programa Bom Aluno, etc. 3.2.4.1 Biblioteca Digital Comunitária A Biblioteca Digital nasceu de um sonho. E o sonho era proporcionar a comunidade o acesso à informação. O Sr. Luiz Ajita, Presidente do Sicoob Metropolitano, ao assistir uma reportagem do esforço de um senhor humilde, questionou-se o quanto poderia fazer pela sociedade. Esta reportagem tratava de um cidadão, morador de uma favela do Rio de Janeiro, que com muito esforço acumulou livros e transformou parte da sua casa em uma biblioteca, onde não há obrigatoriedade pela devolução dos livros. Sentindo-se provocado com uma ação tão nobre, o Sr. Luiz expressou seu interesse de constituir uma Biblioteca em um bairro da cidade, permitindo a comunidade o acesso à informação através dos livros. Porém, ao expressar esse desejo em um Evento da Associação Comercial e Empresarial de Maringá - ACIM, a idéia da informação passou a envolver não os livros, mas sim, computadores com acesso a internet. Isto ocorreu em função de um projeto da ACIM – Projeto ACIM Digital, que promove o financiamento de equipamentos de informática a uma taxa de juros mais baixa para que, especialmente, microempresários possam informatizar seus negócios. A idéia do Sicoob Metropolitano era financiar a compra de 15 computadores que seriam doados para a implementação deste projeto, que foi então, batizado de Biblioteca Digital Comunitária. Neste ínterim, o Jardim Liberdade manifestava seu desejo de ter uma biblioteca. Em um curso promovido pelo SEBRAE que visava à formação de líderes locais para trabalhar em prol do desenvolvimento local, foi fundado o Fórum Permanente de Desenvolvimento Liberdade em 01 de outubro de 2002 e seu lançamento foi feito no dia 12 de outubro durante a realização da I Festa da Família. Após a criação do Fórum, foram feitas reuniões nas quais foram trazidas e elencadas diversas sugestões que se transformaram em projetos para o desenvolvimento dos bairros compreendidos na região da Associação dos Moradores (Associação Comunitária dos Jardins Liberdade e América de Maringá). Entre esses projetos estava a criação de uma biblioteca. Unindo a Associação dos Moradores e o ideal do Sicoob aprimorado pelo Projeto ACIM Digital, formou-se a idéia de constituição de uma Biblioteca Digital Comunitária. Várias parcerias foram firmadas, entre elas a Intel, que participou do projeto após o Presidente, o Sr. Paulo Cunha, ouvir o projeto e decidir apoiar. A empresa Maringaense Aldo Componentes Eletrônicos, também se aliou ao projeto e se tornou um grande apoiador. E outros parceiros contribuíram de forma decisiva para o sucesso da ação, sendo eles: PROE, GVT, Teracom Internet, Enclimar, Enforcer Segurança Eletrônica, Sistemar Sistemas, entre outras. Figura 1 – Parceiros do Projeto Biblioteca Digital Comunitária Fonte: As autoras A Biblioteca Digital Comunitária foi inaugurada no dia 09 de novembro de 2003 durante a realização da II Festa da Família. Contou com a participação de políticos, autoridades, empresários das empresas parceiras, todos com suas respectivas famílias, e a presença da população local, que vieram prestigiar o evento, num total de aproximadamente 1.800 pessoas. A renda dessa promoção foi usada para a manutenção da Biblioteca Digital Comunitária. A Biblioteca Digital Comunitária funciona de segunda a sábado nos seguintes horários: de segunda a sexta-feira das 8:00 às 12:00 hs e das 14:00 às 20:00 hs; e aos sábados das 8:00 às 16:00 hs. Para utilizar os computadores, os interessados devem se cadastrar no projeto, preenchendo uma ficha de inscrição e assinando um termo de responsabilidade pelos seus atos na Biblioteca. No caso do usuário ser menor de 18 anos, a presença de um responsável é requerida para assinar o termo de responsabilidade, tornando-se este responsável pelos atos e atitudes do menor. Após a efetivação do cadastro, o usuário recebe uma carteirinha, que é utilizada para freqüentar a Biblioteca. Os usuários, antecipadamente, agendam seu horário, que pode utilizá-la de 1 a 2 horas por dia. Os usuários contam com o apoio de um funcionário responsável pelo projeto e de um estagiário, ambos à disposição das pessoas para orientá-las durante a navegação na rede, acesso à sites de busca e pesquisa, criação e acesso a e-mails, entre outras coisas. Não é permitido o acesso a qualquer tipo de site. Existe um regulamento onde é detalhado o que o usuário pode e o que não fazer e/ou acessar. Todos os usuários são obrigados a obedecer ao regulamento para o uso da Biblioteca Digital Comunitária. Tanto para a confecção da carteirinha de usuário quanto para a utilização dos computadores, não é cobrada nenhuma taxa. A Biblioteca Digital Comunitária localiza-se na Avenida Osires Stenghel Guimarães nº 882, no Jardim América, próximo ao Parque de Exposição Francisco Feio Ribeiro, em Maringá/PR. Funciona em um salão (prédio) alugado de aproximadamente 300 m2 onde funciona também a sede da Associação de Moradores e do Fórum Liberdade. O ambiente é climatizado e o espaço foi todo reformado para abrigar adequada e confortavelmente todos os usuários. As pessoas procuram a Biblioteca para as mais variadas necessidades: ler uma revista, acessar seu e-mail, digitar um currículo, pesquisar e fazer trabalhos de escola e faculdade, e, alguns, inclusive, para fazer sua monografia para a conclusão de seu curso universitário. Também são realizados cursos de informática básica e de internet para os demais usuários da Biblioteca visando à alfabetização digital da população local. Destes, é cobrada uma pequena taxa para cobrir os custos de material e ajudar na manutenção do projeto. Outros cursos também são oferecidos, como de inglês. A intenção da criação de uma biblioteca convencional, que era a idéia original da biblioteca, também já está sendo colocada em prática através de uma campanha feita nos bairros próximos que busca a doação de livros junto à comunidade local. Figura 2 – Biblioteca Digital Comunitária Fonte: As autoras Figura 3 – A comunidade utilizando a Biblioteca Digital Comunitária Fonte: As autoras 3.2.4.2 Projeto Crescendo e Vivendo com o Basquete Este projeto teve início em janeiro de 2004 e o seu público-alvo são as crianças carentes do Conjunto Borba Gato, de Maringá-PR. Boa parte das crianças dos bairros de Maringá tem pais que trabalham durante todo o dia e não têm tempo para cuidar e educar seus filhos fora do horário escolar. O Programa Crescendo e Vivendo com o Basquete têm o intuito de afastar essas crianças destas situações através da prática esportiva e o ensino e conceitos como cidadania, convívio social e competição honesta durante os treinamentos e campeonatos. As aulas e treinamentos são acompanhados por professores, mestres e doutorandos na área do esporte. O Sicoob Metropolitano através de recursos financeiros paga os professores e fornece material desportivo. Figura 4 – Projeto Vivendo e Crescendo com o Basquete Fonte: As autoras Figura 5 – Projeto Vivendo e Crescendo com o Basquete Fonte: As autoras 3.2.4.3 Programa Bom Aluno O Programa Bom Aluno de Maringá é uma franquia do Instituto Bom Aluno do Brasil IBAB. O PBA – MGÁ é desenvolvido pela entidade assistencial mais antiga de Maringá, a Associação de Proteção à Maternidade, à Infância e à Família. O Sicoob Metropolitano mantém o Programa Bom Aluno, dando condições para que bons alunos, oriundos das camadas menos favorecidas da população, possam ter, estudando, oportunidade de ascensão econômica e social, tornando-se, por merecimento próprio, profissionais competentes e capazes de contribuir para a melhoria do país. Figura 6 – Projeto Bom Aluno Fonte: As autoras 3.2.4.4 Creche Menino Jesus Essa instituição auxilia no desenvolvimento de crianças e adolescentes carentes, com projetos de educação, arte e cultura. O trabalho é realizado pela Creche Menino Jesus e conta com a parceria do Instituto Sicoob PR, idealizado e mantido pela cooperativa Sicoob Metropolitano, que promove eventos e canaliza recursos por meio do Fundo para Infância e adolescência (FIA). A creche está localizada na Vila Operária, Maringá, PR, e atende atualmente 280 crianças e adolescentes, com idade de 0 a 14 anos. Figura 7 – Crianças na Creche Menino Jesus Fonte: As autoras Figura 8 – Aulas na Creche Menino Jesus Fonte: As autoras 3.2.4.5 Associação de Catadores e Agentes Ecológicos Vida e Esperança – RECIMAR Atualmente conta com 260 associados atuando de forma organizada na coleta de materiais recicláveis. O Instituto Sicoob PR, apóia as ações de coleta seletiva na comunidade e presta assessoria na gestão administrativa e facilita o acesso ao crédito. A RECIMAR atende muitas visitas de outros municípios e já recebeu até mesmo a uma comitiva do Japão, que buscavam a RECIMAR como modelo a ser replicado. A associação distribui sacos para estimular a coleta seletiva nas residências dos bairros na região de abrangência dos Postos de Coleta da RECIMAR. Figura 9 – Recimar distribuindo sacos para estimular a coleta seletiva Fonte: As autoras 3.2.4.6 Basquete sobre Rodas Desenvolve trabalho psicomotor e de inclusão social, através do esporte, junto a pessoas portadoras de deficiência. Atende em média 15 cadeirantes de ambos os sexos, de Maringá e região. É um projeto de extensão da Universidade Estadual de Maringá – UEM e contam com o apoio da Associação dos Catadores e Agentes Ecológicos Vida e Esperança – RECIMAR e do Instituto Sicoob PR. Figura 10 – Basquete sobre Rodas Fonte: As autoras 3.2.4.7 Fundação Isis Bruder Criada há 5 anos, a fundação atende 240 crianças e adolescentes de 3 a 14 anos, em período integral e no contra turno escolar. Um dos seus programas é ligado à Casa Maternal Evangélica, atuante a mais de 30 anos. O Instituto Sicoob PR, também canaliza recursos através do FIA. Figura 11 – Logotipo da Fundação Isis Bruder Fonte: Sicoob Metropoliano 3.2.4.8 Lar Escola da Criança O Lar Escola da Criança de Maringá atende 340 crianças e adolescentes de 7 a 17 anos em regime sócio-educativo, em meio aberto além de 220 acima de 14 anos e adultos, em projetos de extensão. Tem por objetivo promover formação integral e garantir os direitos básicos em situações de vulnerabilidade pessoal e social. Idealizado pela Escola o projeto contou com o apoio financeiro do Instituto Sicoob PR. Figura 12– Lar Escola da Criança Fonte: As autoras 3.2.4.9 Instituto de Responsabilidade Social de Maringá – FUNDACIM O Instituto de Responsabilidade Social de Maringá – FUNDACIM tem por objetivo a profissionalização das entidades sociais, realizando treinamentos e prestando assessoria administrativa e de legislação. Promove a integração do Terceiro Setor e fomenta a filosofia da Responsabilidade Social junto aos empresários maringaenses. As iniciativas da Fundação tiveram a parceria do Instituto Sicoob PR, onde mais de 50% das entidades de Maringá se beneficiaram. Figura 13 – Logotipo da Fundacim Fonte: Sicoob Metropolitano O apoio que Instituto Sicoob PR proporciona a essas entidades traduz seu comprometimento com a Responsabilidade Social, de forma coerente com os princípios do cooperativismo e contribuindo para ampliar o contingente de cidadãos que trabalham voluntariamente em prol da comunidade. 3.2.5 O Marketing Social praticado pelo Sicoob Metropolitano As ações de Responsabilidade Social praticadas pelo Sicoob Metropolitano têm o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável da região. Mas como conseqüência o Marketing Social ocorre com a divulgação dessas ações e eventos feitos para angariar recursos. O Sicoob Metropolitano distribui formulários de cadastro aos colaboradores para criação do banco de voluntários, para realização de promoções para arrecadação de fundos para o Instituto como: Costela ao Fogo de Chão e Arroz de Carreteiro, que são promovidos anualmente. Figura 14 – Evento: II Costela ao Fogo de Chão Fonte: As autoras Figura 15 – Evento: II Costela ao Fogo de Chão (Colaboradores e Voluntários do Sicoob Metropolitano) Fonte: As autoras Figura 16 – Evento: Arroz Carreteiro Fonte: As autoras Além desses eventos, o Sicoob Metropolitano destina parte das receitas arrecadadas com a venda dos cartões de crédito Credicabal Paraná – Instituto Sicoob para manter ações sociais já mencionadas. Cada cartão vendido e desbloqueado pelo portador, gera uma receita de R$. 4,00 que é cem por cento destinada ao Instituto Sicoob. Existe ainda, a taxa de intercambio emissor, que é a taxa cobrada do estabelecimento – que varia de acordo com o ramo de atividade da empresa credenciada - pelas vendas efetuadas, das quais o Sicoob Metropolitano recebe quinze por cento e destina cinqüenta por cento dessa receita para o Instituto Sicoob. O Supermercado Cidade Canção como cooperado do Sicoob Metropolitano, mantinha uma parceria com o Cartão Cabal, mas em junho deste ano essa parceria foi rompida, devido à negociação e fechamento com outra administradora de cartões que proporcionou ao Supermercado maior vantagem competitiva. Toda a base de dados dos clientes do Supermercado Cidade Canção foi aproveitada pelo Sicoob Metropolitano, no intuito de angariar mais recursos e divulgar o Instituto Sicoob PR, que encaminhou uma mala direta - Anexo A - que divulgava o rompimento da parceira e a substituição dos cartões pelo cartão Credicabal Paraná – Instituto Sicoob. E, alguns dias depois os clientes receberam os cartões em suas residências. Figura 17 – Cartão Credicabal Paraná – Instituto Sicoob PR Fonte: Sicoob Metropolitano Todas essas ações sociais estão sendo divulgadas diariamente através de Banners expostos nos Postos de Atendimento ao Cooperado – PAC, panfletos - Anexo B e C e eventos promovidos pelos cooperados do Sicoob Metropolitano, todas as ações sociais promovidas e apoiadas pelo Instituto Sicoob PR. Figura 18– Banner do Instituto Sicoob PR em exposição no PAC Colombo Fonte: As autoras No lançamento da Coleção Primavera/Verão do Shopping Atacadista Vest Sul realizado no dia 05 de agosto de 2007, o PAC Aeroporto foi representado pelas colaboradoras Juliane Bedendo e Tamara Delaporte, juntamente com o Sr. Baroni, Gerente do VestSul. Foram colocados em locais estratégicos quatro banners do Instituto Sicoob PR, apresentando ao público todos os projetos sociais realizados pela instituição. Figura 19 – Lançamento da Coleção Primavera/Verão do Shopping Atacadista Vest Sul Fonte: As autoras O Sicoob Metropolitano publica anualmente o Balanço Social, demonstrando as informações sobre os projetos voltados à comunidade na área de segurança pública, educação, cultura, esportes, assistência social, desenvolvimento social e responsabilidade sócio ambiental - Anexo D. 3.2.6 A relação entre Marketing Social e Responsabilidade Social praticados pelo Sicoob Metropolitano O Sicoob Metropolitano vem praticando ações de responsabilidade social e divulgando essas ações praticadas. Com essa divulgação consequentemente ocorre o Marketing Social, que contribui para que a instituição estudada consiga sustentabilidade para sobrevivência, permanência e destaque no mercado que esta atuando. CONCLUSÃO Neste trabalho apresentou o conceito de Marketing Social e o envolvimento e comprometimento da empresa estudada nas práticas de ações sociais. Notou-se que o Marketing Social é uma conseqüência da Responsabilidade Social. Atualmente a Responsabilidade Social não é apenas um diferencial no mercado, mas sim uma condição de sobrevivência. Os consumidores estão optando em consumir produtos e serviços de empresas que praticam a responsabilidade social. Para o Sicoob Metropolitano o Balanço Social é de grande importância, pois transparece os valores cooperativistas para seus colaboradores e comunidade que se beneficia com os projetos desenvolvidos pelo Instituto Sicoob PR. O Sicoob Metropolitano vem investindo fortemente na Responsabilidade Social, com intuito de continuar a desenvolver os projetos e ações sociais e beneficiar principalmente a comunidade local. A divulgação desses projetos e ações traz como conseqüência o Marketing Social que beneficia e fortalece a marca SICOOB. Atualmente, o Sicoob Metropolitano possui muitos concorrentes e a prática do Marketing Social é uma maneira de diferenciar-se das outras instituições e conquistar seu espaço no mercado. Para os próximos trabalhos verifica-se a importância de medir o impacto das ações sociais praticadas pelo Sicoob Metropolitano junto a seus cooperados. REFERÊNCIAS ADULIS, Dalberto. O verdadeiro e o falso marketing social. Disponível em: <http://www.akatu.net>. Acesso em: 19 jun.2007. ANDREASEN, Alan R. Ética e Marketing Social. São Paulo: Futura, 2002. ARAÚJO, José Paulo de. Marketing para uma sociedade não anônima. Fortaleza, 1997. BAKER, Michael J. Administração de Marketing. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CAMARGO, Mariângela Franco et al. Gestão do Terceiro Setor no Brasil: estratégias de captação de recursos para organizações sem fins lucrativos. São Paulo: Futura, 2001. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 5ªed. São Paulo: Bakron Books, 1997. Cidadania. 08/09/2007. 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