UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS YOLANDA TORRES HERNANDEZ CARACTERIZAÇÃO FÍSICO - QUÍMICA DE ALFACE CRESPA (Lactuca sativa L) CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPÔNICO – NFT(Nutrient Film Tchnique) COM ÁGUA SALOBRA. Salvador/BA 2013 YOLANDA TORRES HERNANDEZ CARACTERIZAÇÃO FÍSICO - QUÍMICA DE ALFACE CRESPA (Lactuca sativa L) CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPÔNICO – NFT(Nutrient Film Tchnique) COM ÁGUA SALOBRA. Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, UFBA para obtenção do título de Mestre em Ciência de Alimentos. Orientador: Prof. Dr. Celso Duarte Carvalho Filho. Salvador/BA. 2013 , Sistema de Bibliotecas - UFBA Torres Hernandez, Yolanda . Caracterização físico - química de alface crespa (Lactuca sativa L) cultivada em sistema hidropônico – NFT(Nutrient film tchnique) com água salobra / Yolanda Torres Hernandez. - 2014. 87 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Celso Duarte Carvalho Filho. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Salvador, 2013. 1. Alface. 2. Hidroponia. 3. Alface – Cultivo - Águas salinas. 4. Alface -Metais. 5. Hortaliças. 6. Espectrometria. I. Carvalho Filho, Celso Duarte. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Farmácia. III. Título. CDD - 635.5283 CDU – 635.5 Dedico Aos meus pais; Aos minhas irmãs; Aos minhas sobrinhas; iv AGRADECIMENTOS Agradeço a DEUS; por estar sempre presente em todo momento iluminando meu caminho; A minha família pela força e apoio; À Universidade Federal da Bahia – Faculdade de Farmácia; À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, representada na pessoa da Profª Drª Alaise Guimarães, pela oportunidade de ingresso no Mestrado; Ao Professor Dr. Celso Duarte Carvalho Filho pela orientação, compreensão e apoio; Ao Dr. Robson Mota, pela colaboração e acompanhamento na realização das análises, e paciência na corroboração dos resultados; Ao Dr. Tales Miller Soares, pelo apoio e pela acolhida na UFRB; À Profª Drª. Mariângela Viera Lopes e Mauricio Palmeira pelo acompanhamento na realização das análises no laboratório de Bromatología na UNEB; A meu amigo e colega Francisco de Assis de Souza Bruno, pela companhia e apoio. A meus colegas de turma Iuri, Edgar, Samantha, Andrea, Lidia, Marina, Mary, Wellington, Luciana e Natalie; A CAPES pela bolsa de estudos; A Priscila Oliveira, secretaria da Pós graduação em Ciência de Alimentos por toda sua ajuda e compreensão. Aos Professores Eliete, Ryzia, Celso, Janice, Maria Eugênia, Rogeira, Ligia Amparo, pelos conhecimentos que adquiri nas disciplinas; v À Professora Rose Carvalho, Maria de Fátima, Margarete e a todos do Laboratório de Bromatologia; Finalmente aos amigos que conheci na UFBA; A todos, muito obrigada vi SUMARIO LISTA DE FIGURAS .................................................................................... x LISTA DE TABELAS ................................................................................... xi RESUMO ...................................................................................................... xiii ABSTRACT .................................................................................................. xiv INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................ 15 OBJETIVOS ................................................................................................. 17 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 17 CAPÍTULO 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 18 1. ALFACE – ASPECTOS GERAIS ............................................................. 18 1.1 A Alface – Lactuca Sativa l .................................................................... 18 1.2 Tipos de Alface cultivados no Brasil ...................................................... 19 1.3 Sistemas de produção da Alface ........................................................... 20 1.3.1 Cultivo orgânico ................................................................................ 20 1.3.2 Cultivo Convencional ....................................................................... 21 1.3.3 Cultivo Hidropônico .......................................................................... 21 2. O SISTEMA HIDROPÔNICO .................................................................. 21 2.1 Características Gerais ............................................................................ 21 2.2 Estruturas de produção hidropônica ....................................................... 23 2.2.1 O sistema hidropônico NFT .............................................................. 23 2.2.2 Solução Nutritiva .............................................................................. 24 2.3 Usos da água em hidropônica para cultivo de alface ............................. 26 2.4 Efeito da salinidade sobre as plantas .................................................... 28 3. NITRATO E NITRITO ............................................................................... 29 3.1 Nitrato .................................................................................................... 29 3.2 Nitrito ...................................................................................................... 30 3.3 Nitrato e Nitrito em vegetais ................................................................... 30 4. METAIS TÓXICOS ................................................................................... 31 4.1 Absorção de metais pesados pelas plantas .......................................... 34 vii 5. TEXTURA ................................................................................................. 35 6. COR ......................................................................................................... 37 7 ANALISE MULTIVARIADA ..................................................................... 39 7.1 Análise das Componentes Principais .................................................. 39 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 41 CAPITULO 2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO QUÍMICA DE ALFACE CRESPA PRODUZIDA EM HIDROPONIA UTILIZANDO AGUA SALOBRA. RESUMO ...................................................................................................... 50 ABSTRACT .................................................................................................. 51 1. INTRODUÇAO ......................................................................................... 52 2. MATERIAL E METODOS ........................................................................ 54 2.1 MATERIAL .............................................................................................. 54 2.1.1 Localização do Experimento ............................................................ 54 2.1.2 Amostras de Alface ........................................................................... 54 2.2 METODOS .............................................................................................. 55 2.2.1 Caracterização físico-química........................................................... 55 2.2.2 Analise estatística ............................................................................. 56 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................. 57 3.1 ANALESE DO TEOR DE NITRATO E NITRITO ................................... 60 3.2 ANALISE DE COR ................................................................................ 63 3.3 ANALISE DE TEXTURA ..................................................................... 64 4. CONCLUSÕES ...................................................................................... 67 REFERENCIAS .......................................................................................... 68 viii CAPITULO 3 DETERMINAÇÃO DE METAIS EM ALFACE CRESPA (Lactuta sativa L) CULTIVADAS COM ÁGUAS SALOBRAS EM SISTEMA HIDROPONICO NFT RESUMO ..................................................................................................... 72 ABSTRACT ................................................................................................. 73 1. INTRODUÇAO ......................................................................................... 74 2. MATERIAL E METODOS ........................................................................ 76 2.1 Localização do Experimento ........................................................... 76 2.2 Amostra de Alface ............................................................................... 77 2.3 Procedimento experimental ................................................................ 77 2.4 Preparo das amostras para análise ................................................... 77 2.4.1 Procedimento de digestão das amostras de Alface ............................ 77 2.5 MÉTODO ESTATÍSTICO ...................................................................... 78 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 79 3.1 Análise multivariada para comparação e métodos analíticos das amostras ....................................................................................................... 81 3.1.1 Análise de componentes principais (PCA) ....................................... 81 4. CONCLUSÕES .......................................................................................... 85 REFERENCIAS ............................................................................................. 86 ix LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 1 Figura 1. Diferentes tipos de alface ofertados no mercado brasileiro, com folhas lisas, crespas e frisadas, de colora-ção verde ou roxa. ........................ 19 Figura 2. Esquema Básico para Instalação de Hidroponia no Sistema NFT... 24 Figura 3. Curva típica do texturómetro GF ................................................... 37 Figura 4. Diagrama de Cromaticidade a* e b* ............................................. 39 CAPÍTULO 2 Figura 1. Vista externa, à esquerda e interna, à direita, da Casa de vegetação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, no Município de Cruz das Almas ............................................................................................. 54 Figura 2. Análise de Cor das amostras de Alface cultivadas sob 4 diferentes fontes de água ................................................................................................ 64 Figura 3. Análise de textura das amostras de Alface cultivadas sob 4 diferentes fontes de água ................................................................................................ 66 CAPÍTULO 3 Figura 1. Casa de vegetação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Cruz das Almas, Ba. ......................................................................... 76 Figura 2. Gráfico de pesos (PC1 x PC2) obtido para amostras de alface produzidas no sistema hidropônico ............................................................................................... 82 Figura 3. Gráfico de scores obtidos para alface produzida em hidroponia analisada pelo PCA ......................................................................................... 82 x LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 1 Tabela 1. Composição físico-química da alface ......................................... 19 Tabela 2. Teores totais de metais pesados considerados Fitotóxicos ........ 35 CAPÍTULO 2 Tabela 1. Valores médios e desvio padrão de pH, acidez titulável, proteína, vitamina C, fibra, umidade, em amostras de alface obtidas em sistema hidropônico .................................................................................................. 57 Tabela 2. Valores médios e de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-) em amostras de alface obtidas em sistema Hidropônico ....................................................... 60 Tabela 3. Determinação de nitrato e nitrito nas águas puras e com solução nutritiva empregadas no cultivo hidropônico da alface “Verônica”.............. 62 Tabela 4. Valores médios obtidos do parâmetro L* e das coordenadas cromáticas a* e b* da análise de cor das amostras de Alface produzidas com água salobra em sistema hidropônico ................................................. 63 Tabela 5. Valores médios obtidos na análise de textura das amostras de Alface produzidas com água salobra em sistema hidropônico .............................. xi 65 CAPÍTULO 3 Tabela 1. Identificação das amostras de água coletadas nos municípios .... 76 Tabela 2. Concentrações em (mg kg-1) de metais em diferentes amostras de alface hidropônico, por ICP OES, com (n = 3) ............................................. 80 Tabela 3. Concentrações em (mg kg-1) de metais e metalóides em diferentes amostras de alface hidropônico, por ICP-MS, com (n = 3) .......................... 80 Tabela 4. Variância explicada para cada componente principal ................ 81 xii RESUMO A alface se destaca entre as hortaliças folhosas como a mais produzida e consumida no Brasil. Por ser consumida crua conserva todas as suas propriedades nutritivas, porém seu consumo é de grande aceitação. Devido à escasez de água potable a geração de tecnologias e pesquisa que permitam o uso de águas salobras na produção de alimentos tornam-se importantes para o cenário agrícola. O cultivo hidropônico é um sistema recente no Brasil que tem muitas ventagens para o consumidor, para o produtor e para o meio ambiente, tem menor gasto de água, de insumos agrí-colas e de mão-de-obra. Cultivada em maior escala pela Técnica do NFT (Nutrient Film Technique ou fluxo laminar de solução) devido à sua fácil adaptação ao sistema. Neste trabalho foram analisadas as folhas de alface produzidas com água salobra provenientes dos municípios de Cruz das Almas, Sapeaçu e Concepção do Coité do semiárido e do recôncavo bahiano no sistema hidropônico NFT. Com o objetivo de determinar suas características fisicoquimicas e a presença de metais tóxicos. As amostras analisadas não apresentaram diferenças significativas na maioria dos parâmetros. O pH da amostra produzida em Sapeaçú foi 6,20 com diferenças que não afetaram as amostras. Os teores de nitrito e nitrato encontrados foram inferiores ao limite máximo permitido pela Comunidade Europeia. A cor das amostras apresentou diferença significativa entre as amostras, a textura não apresentou diferença entre os valores médios obtidos da espessura das amostras. Em relação às concentrações de metais empregando a Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP OES) e Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS). Os elementos potencialmente tóxicos não ultrapassaram o limite máximo tolerado pela legislação brasileira e pelo Codex Alimentarius exceto o Cr e Hg, onde o valor médio obtido ficou acima do estabelecido pela legislação brasileira. Palavras-chave: Alface (Lactuca sativa); Hidroponia; sistema NFT; ICP-MS; xiii ABSTRACT Lettuce stands out between the vegetables of leaves like the most produced and consumed in Brazil. For being consumed crude conserve all its nutritious properties, for that reason its consumption is of great acceptance. For being little of potable water the generation of technologies and searches that allow the brackish water use in the food production return important for the agricultural scene. The hydroponic culture is a recent system in the Brazil that has many advantages for the consumer, the producer and environment, has minor cost of water, agricultural inputs and manual labor. Cultivated in greater scale by the technique of NFT (Nutrient Film Technique) or laminar flow of solution due to its easy adaptation to the system. In this work the leaves of lettuces produced with brackish water originating of the Cross municipalities were analyzed it give Souls, Sapeaçu and conception of Coité of the semi-arid one and the recôncavobaiano in hydroponic system NFT. With the objective to determine its chemical characteristics physical and the toxic metal presence. The analyzed samples do not present the important differences in the majority of the parameters. O pH of the sample produced in Sapeaçú was 6,20 with differences that did not affect the samples. The contents of nitrate were inferior to the limit of European Community. The color of the samples showed significant differences mean while, the texture did not show a difference between the middle values obtained from the samples coming. em relation to the concentration of metals employing Spectrometry of Optic Emission with Inductive Built-In Plasma (ICP OES) and Spectrometry of mass with Inductive Built-In Plasma (ICP-MS). The elements which are potentially toxic do not surpass the utmost limit permitted by Brazilian legislation and Codex Alimentarius except for Cr and Hg, where the middle value obtained stayed above the establishment by Brazilian legislation. Keywords: Lettuce (Lactuca sativa); hydroponics; systems NFT (Nutrient Film Technique); ICP-MS; xiv INTRODUÇÃO GERAL O consumo de hortaliças tem aumentado não só pelo crescente aumento da população, mas também pela tendência de mudança no hábito alimentar do consumidor, tornando-se inevitável o aumento da produção, havendo necessidade de produzi-la em grande quantidade e qualidade, bem como manter o seu fornecimento o ano todo. (OHSE, 1999) Entre as hortaliças, a alface é a folhosa de maior valor comercial no Brasil, sendo a sexta em importância econômica e oitava em ternos de volume de produção (OLIVIERA et al. 2005), sendo uma das hortaliças mais presentes na dieta da população brasileira, ocupando uma importante parcela do mercado nacional (VIDIGAL et al., 1995). Esta hortaliça é fonte de vitaminas e sais minerais, tendo a vantagem de ser um alimento de baixo valor calórico, variando de 11 a 15 kcal. 100 g–1 em função do cultivar e do sistema de cultivo. (OHSE, 1999). Em cultivos convencionais, nem sempre são levados em consideração às condições ambientais, os fertilizantes e os agroquímicos utilizados como fontes de interferência na qualidade. (GUADAGNIN et al., 2005). Existe também a produção orgânica que adota práticas de rotação de cultura, aproveitamento de resíduos orgânicos e controle biológico, eliminando a utilização de produtos químicos sintéticos, minimizando impactos ao meio ambiente e melhorando a qualidade do produto (GUADAGNIN et al., 2005). A hidroponia é um sistema de cultivo de plantas onde se utiliza solução nutritiva como principal componente (RESH, 1995). Este sistema de cultivo tem sido utilizado com sucesso em plantios de alface possibilitando elevar a produtividade, aumentar o número de colheitas por ano, prescindir da rotação da cultura, reduzir os gastos com agrotóxicos, obter um produto comercial de melhor aspecto, além de ocupar um menor espaço físico para o cultivo. (MOREIRA et al., 2001). A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças mais cultivada em sistema hidropônico no Brasil e devido ao aumento da demanda, passaram-se a comercializa-las frescas e minimamente processadas. A manutenção da qualidade destes produtos é um fator fundamental, pois o consumidor exige um 15 produto fresco, de aspecto saudável, com boas características de cor, bem como outros atributos sensoriais desejáveis na sua aparência. (MAISTRO, 2001; FREIRE JUNIOR et al., 2002). O cultivo hidropônico em NFT (Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes) já está bastante consolidado entre os hidroponistas do Brasil (MATHIAS, 2008). O NFT é classificado entre as técnicas de cultivo hidropônico como um sistema fechado, ou seja, uma técnica na qual o meio de cultivo, ou solução nutritiva, circula pelo sistema continuamente. Esta característica confere a esta técnica a possibilidade do cultivo utilizando águas salobras, pois não possui contato direto com o meio ambiente e o uso da água torna-se mais eficiente (SANTOS, 2009; RODRIGUEZ, 2002). Essas vantagens potencializam a utilização da hidropônia NFT como alternativa do cultivo com águas salobras nas regiões semiáridas. A região do Semiárido Nordestino tem apresentado um aumento populacional nos últimos anos com consequente aumento da demanda hídrica. A utilização de águas subterrâneas através de poços tubulares tem sido uma alternativa de abastecimento local das comunidades rurais destas regiões. Nas áreas do embasamento cristalino, os poços tubulares perfurados para captação de água subterrânea geralmente são de baixas vazões e altas salinidades, tornando inviável o seu uso para a agricultura convencional. (CABRAL & SANTOS, 2007). A utilização dessas águas subterrâneas para uso agrícola pode oferecer riscos ao meio ambiente, promovendo a salinização dos solos e como consequência oferecer prejuízos á própria produção agrícola. (SANTOS, 2009). O Nordeste tem cerca de 170 mil poços perfurados, os quais produzem frequentemente água salobra, imprópria para o consumo humano, sendo utilizado cerca de 17 mil dessalinizadores para retirar o sal da água por meio de osmose reserva. (FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL, 2008). O aproveitamento das águas salobras subterrâneas no Semiárido através de cultivos em sistemas hidropônicos, poderia beneficiar centenas de milhares de famílias, proporcionando-lhes uma atividade econômica extra e racional, mediante a exploração de poços que atualmente estão abandonados ou são subutilizados justamente devido ao excesso de sais dissolvidos. (SOARES et al. 2010; 2011). 16 OBJETIVOS GERAL Avaliar as características físico-químicas e a determinação de metais em alface crespa (Lactuca sativa L), cultivada com águas salobras em sistema hidropônico NFT. . ESPECÍFICOS • Determinação dos parâmetros fisioquímicos pH, Acidez titulável, Proteinas, Vitamina C, Fibra e Umidade na alface crespa hidropônica cultivada com aguas salobras do recôncavo baiano e do semiárido. • Determinação de nitrato NO3 - e nitrito NO2- em amostras de alface obtidas em sistema hidropônico com agua salobra. • Analisar os parâmetros de textura e cor da Alface crespa produzida em agua salobra. • Avaliar amostras de alface, produzidas no semiárido e no recôncavo baiano, em relação à presença dos metais: Ca, Mg, Na, K, Fe, Zn, Al, Mn, Cu, Ba, As, Cd, Cr, Co, Hg, Pb e, V. 17 CAPÍTULO 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. ALFACE – ASPECTOS GERAIS 1.1 A Alface – (Lactuca Sativa l) A alface (Lactuca sativa l) pertence à família botânica astereceae da ordem asterales e da classe magnoliatae (ALENCAR, 2003). É uma hortaliça folhosa de grande importância na alimentação e saúde humana sendo fonte de vitaminas, minerais e celulose. Originária da região do mediterrâneo há relatos de sua utilização desde 4500 A.C. como planta medicinal que passou por vários países da Europa e foi trazida para o Brasil pelos portugueses (GOTO, 1998; BORGES 2006). Pode ser classificada de acordo com as características de variedade, de formato das folhas e de cabeça, em crespa, americana, lisa, mimosa e romana e em subgrupos de acordo com a cor da folha como verde e roxa (CEAGESP, 1999). O tipo crespa é o mais comum, e por esse motivo o mais consumido no Brasil. Apesar da cultura não ser considerada como uma fonte proteica, dependendo do sistema de cultivo e do estado nutricional da planta, poder-se-ia obter um alimento mais nutritivo (MATIAS et al., 2000). A alface é a hortaliça folhosa de maior valor comercial cultivada no Brasil com cerca de setenta e cinco cultivares das quais aproximadamente dezoito são nacionais. E é consumida com maior frequência em saladas cruas e sanduiches sendo que as regiões sul e sudeste são as maiores consumidores (LOPES, 2005) O aproveitamento dos nutrientes da alface é favorecido por ser consumida crua, destacando-se seu elevado teor em pró-vitamina A, que alcança 4.000 UI em100 g de folhas verdes (cerca de quatro vezes o teor do tomate), sendo, porém, bem mais baixo nas folhas internas brancas das alfaces repolhudas. A produção de alface no Brasil é restrita ao mercado nacional e, devido à perecibilidade do produto, as regiões de plantio se situam normalmente próximas ao mercado consumidor. Na Tabela 1 observa-se os principais compostos e seus valores na quantidade de100g do produto. (IBGE, 1996.) 18 Tabela 1. Composição físico-química da alface. NUTRIENTE QUANTIDADE Calorias (Kcal) Glicídios (g) Proteínas (g) Lipídios (g) Cálcio (mg) Fósforo (mg) Ferro (mg) Vitamina A (mcg) Tiamina (mcg) Riboflavina (mcg) Niacina (mg) Vitamina C (mg ) Umidade (%) FONTE: IBGE, 1996 16 2,3 1,2 0,2 38 42 1,1 102 110 60 0,2 7,6 95 1.2 Tipos de Alface cultivados no Brasil No Brasil, as alfaces mais conhecidas e consumidas são as crespas e as lisas, algumas das quais foram melhoradas para o cultivo de verão ou adaptadas para regiões tropicais, com temperaturas e pluviosidade elevadas, mas nos últimos anos também aparecerem cultivares roxas e com as folhas frisadas repolhuda lisa, repolhuda crespa ou Americana, solta lisa, solta crespa, solta crespa roxa, tipo romana, tipo mimosa. Como mostra na Figura 1 (PAULO, G.H. 2009). Figura. 1. Diferentes tipos de alface ofertados no mercado brasileiro, com folhas lisas, crespas e frisadas, de coloração verde ou roxa. FONTE: EMBRAPA et, al, 2009. 19 1.3 Sistemas de produção da Alface O cultivo da alface vem sendo praticado na forma orgânica, hidropônica e convencional, que apresentam diferentes características na produção, podendo influenciar nas propriedades dessa hortaliça (MIYAZAWA et al., 2001 apud SANTANA, 2006). Segundo Borguini (2006), orgânico é um termo de rotulagem que indica que os produtos são produzidos atendendo às normas da produção orgânica e que estão certificados por uma estrutura ou autoridade de certificação devidamente constituída. 1.3.1 Cultivo orgânico: Se baseia no emprego mínimo de insumos externos. No entanto, devido à contaminação ambiental generalizada, as práticas de agricultura orgânica não podem garantir a ausência total de resíduos. Contudo, é possível aplicar métodos que visem à redução, ao mínimo, da contaminação do ar, do solo e da água. No Brasil, o sistema orgânico de produção está regulamentado pela Lei Federal nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que contém normas disciplinares para a produção, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade dos produtos orgânicos, sejam de origem animal ou vegetal. De acordo com a referida Lei, considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que são adotadas técnicas específicas para aprimorar o uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis, e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, O objetivo é alcançar a sustentabilidade ecológica e econômica, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e à proteção do meio ambiente (BRASIL B, 2003). Apesar de todas as determinações da lei que regem a prática do cultivo orgânico ser favorável a uma produção de vegetais livres de substâncias químicas, não isenta completamente os perigos biológicos. Assim, as boas práticas agrícolas são fatores importantes para uma boa qualidade higiênicosanitária de frutas, verduras e legumes, tornando indispensável o cuidado com a qualidade da água, cuidados técnicos e, principalmente, a manipulação póscolheita. A hidroponia é uma técnica agrícola em que as plantas são cultivadas 20 sem a necessidade do solo, para o fornecimento dos seus nutrientes (GERMANO, 2008). 1.3.2 Cultivo Convencional: Neste cultivo utilizam-se canteiros de terra, onde, durante o seu desenvolvimento, a planta fica em contato com o solo. São utilizados adubos orgânicos, e agrotóxicos, compostos amplamente empregados no cultivo de hortaliças a fim de impedir ou eliminar pragas e microrganismos, porém, muitos deles possuem um grande tempo de meia-vida e sua decomposição no ambiente é longa (BALIONI et al., 2003). 1.3.3 Cultivo Hidropônico: O termo hidropônico deriva de duas palavras gregas: hidro=água, e ponos,=trabalho. A junção dessas duas palavras significa “trabalhar com a água” e, implicitamente, o uso de soluções de adubos químicos para se cultivar plantas sem terra. Este significado opõe-se à agricultura convencional, que poderia ser denominada de geoponia, do grego geo = terra. (DOUGLAS, 1987). 2. O SISTEMA HIDROPÔNICO 2.1 Características Gerais O cultivo hidropônico é uma alternativa de produção agrícola onde a produtividade seguida de boa qualidade, vem sendo cada vez mais exigida. Nessa técnica, os vegetais não entram em contato com o solo, sendo produzidos em soluções nutritivas que circulam entre as raízes. Como na agricultura orgânica, na hidroponia não se usam defensivos agrícolas. O cultivo hidropônico protege a hortaliça contra fatores adversos do meio ambiente, como chuvas, geadas e ventos fortes e outros, favorecendo a produtividade do produto. As hortaliças hidropônicas devem, necessariamente, receber nutrientes previamente dissolvidos em água, pois são cultivadas fora de seu ambiente natural (terra), em tubos plásticos, por onde circula a água contendo os fertilizantes químicos. (CAETANO et al, 1999). Segundo Malavolta (1980), os alemães Saches (1860) e Knop (1865) foram os primeiros a cultivar plantas em meio líquido de semente a semente, 21 usando soluções aquosas com o fornecimento de elementos indispensáveis como N, P, K, Ca, Mg, Cl e Fe. Somente a partir de 1930 o professor Willian F. Gericke, da Universidade da Califórnia, passou ao cultivo prático de hortaliças entre outras, batizando assim essa técnica como hidroponia. Esse tipo de cultivo vem sendo discutido e desenvolvido no mundo inteiro. O cultivo hidropônico possui diversas vantagens como: possibilidade de aproveitamento de áreas inaptas ao cultivo convencional, tais como zonas áridas e solos degradados (TEIXEIRA, 1996); independência do cultivo às intempéries tais como veranico, geadas, chuvas de granizo, ventos, encharcamentos, e às estações climáticas, permitindo o cultivo durante todo o ano (FAQUIN et al., 1996); Além disso possibilita a redução do uso de mão-deobra nas atividades “braçais” tais como, capina e preparo de solo, pois as atividades na hidroponia são consideradas mais suaves, ocorre a antecipação da colheita devido ao encurtamento do ciclo da planta, rápido retorno econômico, dispensa a rotação de culturas e economia de água (CASTELLANE & ARAÚJO, 1995; FAQUIN et al., 1996; TEIXEIRA, 1996). Por outro lado, possui algumas desvantagens como: o alto custo de instalação dos sistemas (SANTOS, 1998; TEIXEIRA, 1996; FAQUIN et al., 1996); necessita acompanhamento permanente do funcionamento do sistema, principalmente do fornecimento de energia elétrica e controle da solução nutritiva (CASTELLANE & ARAÚJO, 1994; FAQUIN, 1996); necessidade de mão-de-obra e assistência técnica especializada e novos produtos e técnicas adequadas no controle de pragas e doenças, pois, os agrotóxicos convencionais podem diminuir a qualidade biológica do produto (SANCHEZ, 1996; TEIXEIRA, 1996; SANTOS, 1998). Diversas técnicas de cultivo sem solo têm sido desenvolvidas: nutrient film technique (NFT) denominado de técnica do fluxo laminar de nutrientes; deep film technique (DFT) - também denominado de floating; em substrato e em aeroponia - sistema em que as raízes das plantas ficam suspensas recebendo água e nutrientes por atomizadores (FAQUIN; FURLANI, 1999). O principal sistema de cultivo hidropônico em uso no Brasil é o NFT, ou seja, a técnica do fluxo laminar de nutrientes. Descoberta pelo inglês Alan Cooper, nos anos 70, a técnica NFT define-se como método de produção, no qual a planta desenvolve seu sistema radicular parcialmente submerso em fluxo de água 22 reciclada, com dissolução de todos os elementos necessários. O fluxo corrente de água não deve inundá-la por completo. Aproximadamente 2/3 das raízes devem estar submersas para absorver a água e os nutrientes, e 1/3 no ar, absorvendo oxigênio. Esse é o princípio básico do NFT (STAFF, 1998). 2.2 Estrutura de produção hidropônica 2.2.1 O sistema Hidropônico NFT Para utilização da técnica NFT são necessárias bancadas de cultivo, formadas por canais nos quais passa a solução nutritiva na forma de uma lâmina, onde são colocadas as plantas. Segundo Furlani et al. (1999), as dimensões das bancadas normalmente obedecem a certos padrões, que podem variar de acordo com a espécie e com o tipo de canal utilizado. Atualmente, os canais de cultivo não utilizam substratos e a sustentação das plantas é feita através de uma placa (isopor, lona plástica de dupla face e “tetrapack®) com orifícios, que também previne contra a entrada de luz e aquecimento do sistema radicular das plantas (TEIXEIRA,1996). Algumas empresas têm colocado no mercado canais de cultivo em forma de tubos de polipropileno achatados com orifícios para a colocação das plantas. Podem ser utilizadas como base telhas de fibra de vidro ou fibrocimento, ou ainda, tubos de polivinil clorídrico (PVC) de 75 ou 100 mm (FAQUIN et al., 1996). No que se refere à altura e à largura, a bancada deve ter: até 1,0m de altura e 2,0m de largura para mudas e plantas de ciclo curto (hortaliças folhosas). O comprimento da mesa de cultivo não deve exceder os 30m, para evitar variações de temperatura e nos níveis de oxigênio e de sais da solução nutritiva ao longo do canal de cultivo. Além disso, como normalmente há um desnível da mesa entre 2 e 4%, bancadas muito extensas instaladas em terreno plano ficam com sua parte final muito próxima ao solo, prejudicando o manejo e o escoamento da solução para o tanque de armazenamento e aumentando os riscos de contaminação via solo, como esta demostrado na figura 2. (FURLANI et al., 1999). 23 Figura 2. Esquema Básico para Instalação de Hidroponia no Sistema NFT. Fonte: Hidroponia: Aquaponia, 2011. 2.2.2 Solução Nutritiva Um dos aspectos mais importantes no cultivo de plantas em hidroponia é a solução nutritiva. Esta deve ser formulada de acordo com o requerimento da espécie que se deseja produzir, ou seja, conter, em proporções adequadas, todos os nutrientes essenciais ao seu desenvolvimento (SCHMIDT, 1999). As diversas variedades de espécies vegetais requerem diferentes quantidades de nutrientes em suas soluções nutritivas, particularmente fósforo e potássio. Destaca-se que a alface e outros vegetais folhosos requerem maiores doses de nitrogênio que tomates e pepinos, enquanto estes requerem maiores doses de fósforo, potássio e cálcio que as folhosas (RESH1997). Além da adequação à espécie, composição da solução nutritiva pode variar de acordo com o crescimento da planta, e a amplitude de variação depende da relação entre o seu crescimento e o volume de solução empregado, sendo que, o crescimento das plantas não causa apenas decréscimo nas quantidades de sais disponíveis para as raízes, mas também, alterações qualitativas na solução, uma vez que nem todos os elementos são absorvidos nas mesmas proporções (MARTINEZ, 1999). A composição ideal de uma solução nutritiva não depende somente das concentrações dos nutrientes, mas também de outros fatores ligados ao cultivo, incluindo-se o tipo ou sistema hidropônico, as condições meteorológicas (luminosidade, temperatura e umidade do ar), a época do ano, a idade das 24 plantas, a espécie vegetal e a cultivar em produção (FURLANI, 1995). Existem diversos sais que podem ser utilizados no preparo das soluções nutritivas. Os aspectos importantes nesta escolha, considerando-se que todos apresentam qualidade incontestável, são a solubilidade e o custo unitário. Deve-se levar em consideração que na adição de íons à solução nutritiva, de nada adiantaria se o produto escolhido não apresentasse boa solubilidade (MORAES, 1997). Para o cultivo da alface no sistema NFT o volume de solução no tanque não deve ser inferior a 1 litro por planta. Quanto maior o volume, menores serão as alterações na concentração dos nutrientes na solução. O volume de água evapotranspirada deve ser reposto diariamente, bem como efetuado o monitoramento do pH e CE (condutividade elétrica) (FAQUIN et al., 1996). Experimentos conduzidos por Santos (1998), comparando diferentes soluções nutritivas para o cultivo da alface, em vasos, no período de maio a julho de 1995, observaram que a solução sugerida por CASTELLANE; ARAÚJO (1995) apresentou produção superior às demais – (HOAGLAND; AMON(1950); JENSEN; COLLINS (1985); UEDA (1990); CASTELLANE; ARAÚJO (1995)). Segundo Alberoni (1998), existem alguns fatores que devem ser controlados para o completo e perfeito desenvolvimento da planta e aproveitando máximo da solução nutritiva como o pH que é tão importante quanto a condutividade elétrica, pois as plantas não conseguem sobreviver com valores de pH abaixo de 3,5. Os seus efeitos podem ser diretos, quando houver efeitos de íons hidrogênio sobre as células; ou indiretos, quando afetam a disponibilidade de íons essenciais para o desenvolvimento da planta. Segundo Faquin; Furlani (1999), o acompanhamento da solução deve ser feito diariamente através da medida do pH, mantendo seu valor na faixa de 5,5 a 6,5. Em valores acima de 7,0, geralmente ocorre a precipitação de micronutrientes catiônicos na solução, induzindo deficiências nas plantas. O controle da condutividade elétrica (CE) é de grande importância, pois determina quanto há de nutrientes na solução (quantidade de íons). Quanto mais íons tiver na solução, maior será a condutividade elétrica, e vice-versa. Utilizando-se a solução nutritiva recomendada por Castellane e Araújo (1995) a CE deve situar-se em torno de 2,8mS cm-1. A oxigenação da solução nutritiva é importante para a respiração das raízes. Quando a solução nutritiva apresenta baixos níveis de oxigênio (O2), 25 ocorre à morte dos meristemas radiculares, pequena ramificação das raízes e baixa absorção de água e nutrientes. O conteúdo de (O2) na solução nutritiva não deve ser inferior a 5ppm, sendo que o aumento do nível pode ser obtido pela turbulência da solução nutritiva no reservatório, através do retorno da solução sob pressão da bomba, ou através de borbulhamento com ar comprimido (FAQUIN; FURLANI, 1999). 2.3 Uso da água em hidroponia para cultivo de alface O cultivo hidropônico usando água salobra e ou rejeito da dessalinização vem sendo utilizado em pesquisas com alguns resultados promissores (DIAS et al., 2010, PAULUS et al., 2010; SANTOS et al., 2010, SOARES et al., 2007). Essas pesquisas são propostas com o intuito de gerar tecnologia para uso racional das águas subterrâneas salobras do Semiárido e do rejeito da dessalinização por osmose reversa, sendo que nesse último caso o impacto tecnológico seria duplo, por mitigar aquela que é uma das maiores restrições a essa tecnologia: a destinação apropriada do seu rejeito (SOARES et al., 2006). Desta forma, pode-se fazer a seguinte distribuição de uso de águas de diferentes origens: a) A Água no semi árido Brasil tem uma posição importante com cerca de 12% da água doce disponível no mundo (BRASIL, 2006). Apesar da situação, esse recurso não se distribui equitativamente para todas as regiões do País. Tanto as águas superficiais como as águas das chuvas se concentram mais em umas regiões que em outras. (PAZ et al. 2000). A Região Nordeste ocupa 18,27% do território brasileiro, com uma área de 1.561.177,8 km². Deste total, 962.857,3 km² situam-se no Polígono das Secas, conforme delimitado em 1936, através da Lei 175, e revisado em 1951, abrangendo oitos Estados nordestinos – exceto o Maranhão – e uma área de 121.490,9 km² em Minas Gerais2. Já o Semi-Árido ocupa 841.260,9 km² de área no Nordeste e outros 54.670,4 Km² em Minas Gerais, caracterizando-se por apresentar reservas insuficientes de água em seus mananciais SUDENE (2003). 26 b) Uso das águas subterrâneas A utilização das águas subterrâneas salobras para o uso agrícola pode oferecer riscos ao meio ambiente, promovendo a salinização dos solos e conseqüente redução da produção agrícola, (MAAS &HOFFMAN,1997). As águas subterrâneas estão contidas nos espaços entre os solos e embasamento rochoso que compõe a região. Um conjunto de rochas sedimentares e cristalinas compõe as Províncias Hidrogeológicas do Brasil (CABRAL & SANTOS, 2007). As quantidades de águas subterrâneas estocadas no subsolo da região dependem da porosidade do material rochoso, cuja dimensão é de ordem milimétrica ou micrométrica, podendo esse ser poros ou espaços vazios das rochas formadas por um grande número de grãos, também chamadas de granulares, ou ser as fraturas ou fissuras das rochas duras ou compactas (REBOUÇAS, 2004). No nordeste brasileiro, principalmente na região do Semiárido, cerca de 50% de sua área é coberta por rochas do embasamento cristalino (CABRAL & SANTOS, 2007). Nas áreas cristalinas, os poços tubulares perfurados para captação de água subterrânea geralmente são de baixas vazões e altas salinidades, tornando inviável o seu uso para a agricultura convencional CABRAL & SANTOS (2007). A composição química das águas subterrâneas depende, tanto em quantidade como em qualidade. (De modo geral os principais sais solúveis encontrados nas águas subterrâneas são os ânions CO3-, HCO3-, Cle SO4- e os cátions Ca2+, Mg2+, K+ e Na+ (SILVA JÚNIOR, 2007). c) Dassalinizacão de âguas salobras A dessalinização é um processo que converte água salobra em águas de boa qualidade, e vem sendo praticada há mais de 50 anos. A escassez de água de boa qualidade tem forçado o uso dessa prática em regiões áridas e semiáridas e nos países que fazem limite com mares ou lagos com águas salinas (VOUTCHKOV, 2004). A osmose reversa é o processo mais utilizado para a dessalinização de água, principalmente nas regiões semiáridas do Nordeste (PORTO, AMORIM & ARAÚJO, 2001). O método de dessalinização por osmose reversa tem como 27 princípio de funcionamento o sentido inverso ao da osmose, por isso, a denominação osmose reversa ou osmose inversa. (SANTOS, 2009). As águas salobras em seu processo de dessalinização produzem, uma água de boa qualidade e outra denominada de rejeito, também conhecida por concentrado ou salmoura, que tem concentração de sais solúveis praticamente dobradas com relação à água originalmente captada do poço (PORTO et al. 2001). d) Utilizacão de águas salobras em sistema hidropônico Segundo Rodrigues (2002), O cultivo hidropônico já vem sendo utilizado há muito tempo em pesquisas com vegetais. O uso comercial no Brasil é recente. O desenvolvimento do cultivo hidropônico brasileiro deve-se ao pioneirismo de Shigueru Ueda e Takanori Sekine que trouxeram a técnica do Japão, a qual, após o início das pesquisas em 1986, apresentou, em 1990, o primeiro projeto piloto de hidroponia comercial para a cultura da alface. Furlani (1998) ressalta que vantagens tais como produção em pequenas áreas, utilização racional de água e fertilizantes, redução das operações relacionadas aos tratos culturais ao longo do ciclo da cultura, antecipação da colheita e redução drástica de defensivos agrícolas, são alguns dos fatores que contribuíram para sua difusão. Atualmente existem vários problemas, dentre eles: o mau planejamento, poucos técnicos especializados na área, a utilização de estruturas e materiais impróprios para o cultivo, falta de informações sobre a cultura e sobre o mercado, a falta ou o controle inadequado da temperatura, umidade, luminosidade e de outros fatores ambientais ligados a nutrição da cultura e problemas de pragas e doenças. (RODRIGUES, 2002). Estudos estão sendo realizados no sentido de viabilizar o uso de águas que até então eram considerada inadequada para uso produtivo de hortaliças (SOARES, 2007, 2009, 2010). 2.4 Efeito da salinidade sobre as plantas As plantas sujeitas ao estresse salino por vezes toleram mudanças nestas condições em seu ambiente provocando o fechamento dos estômatos, 28 reduzindo a fotossíntese e diminuindo a translocação de nutrientes da raiz para parte aérea (SILVA, 2002; SANTOS, 2008). Os efeitos do estresse salino nas plantas são classificados em primários e secundários. Os efeitos primários incluem: efeitos tóxicos específicos dos sais; danos na permeabilidade das membranas e desequilíbrio metabólico em nível de fotossíntese, respiração, anabolismo e catabolismo de aminoácidos, proteínas e ácidos nucléicos (LEVITT, 1980). Os danos podem reduzir significativamente os rendimentos e sua magnitude depende do tempo, da concentração de íons, da tolerância das plantas e do uso da água pelas culturas. Os efeitos secundários da salinidade incluem efeitos osmóticos e deficiência de nutrientes induzida pela competição do Na+ e do Cl- com os demais nutrientes minerais durante o processo de absorção (LEVITT, 1980). O excesso de sal absorvido pelas plantas promove desequilíbrio iônico e danos ao citoplasma, o que é refletido pela transpiração, principalmente da água, havendo nestas regiões acúmulo do sal sedimentado no solo e intensa toxidez de sais (LIMA, 1997). O estresse ambiental frequentemente ocorre em conjunto. E assim, a salinidade pode induzir desidratação e a desidratação pode induzir estresse por aumento de temperatura. Aumento de temperatura pode induzir deficiências de nutrientes. (EPSTEIN E BLOOM, 2006). 3. NITRATO E NITRITO 3.1 Nitrato O nitrato é uma das formas inorgânicas do nitrogênio no solo e, juntamente, com o amônio, constitui produto final da mineralização do nitrogênio orgânico, contido em qualquer resíduo orgânico após adição ao solo (DYNIA et al., 2006). É a principal forma de nitrogênio encontrada nas águas. Concentrações de nitratos superiores a 5 mg.L-1 demonstram condições sanitárias inadequadas, pois a principal fonte de nitrogênio nitrato são dejetos humanos e animais. Os nitratos estimulam o desenvolvimento de plantas, sendo que organismos aquáticos como algas, florescem na presença destes e, quando em 29 elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a crescimento exagerado, processo denominado de eutrofização (CINTRA FILHO, 2008). Os impactos negativos resultantes da utilização do nitrogênio no meio agrícola concentram-se na eutrofização de mananciais, sejam superficiais sejam subterrâneos, dada sua grande mobilidade na forma de nitrato (GOMES et al., 2008), a eutrofização reduz o oxigênio das águas, matando peixes e outros componentes da fauna aquática (SYLVESTRE, 2010). No organismo, o nitrato, que é ingerido em excesso com os alimentos, pode ser reduzido para nitrito, entrando na corrente sangüínea, onde oxida o ferro da hemoglobina, produzindo a metahemoglobina. Esta forma de hemoglobina é inativa e incapaz de transportar o oxigênio para a respiração normal das células dos tecidos, causando a chamada metahemoglobinemia (GOMES et al., 2008). O acúmulo de nitrato nos tecidos vegetais ocorre quando há desequilíbrio entre a absorção e a assimilação desse íon, sendo que as quantidades excedentes são estocadas nos vacúolos para serem assimiladas posteriormente (ANDRIOLO, 1999). 3.2 Nitrito O Nitrito é um estado intermediário do ciclo do nitrogênio, é formado durante a decomposição da matéria orgânica e prontamente oxidada a nitrato. Concentrações até 0,1 mg.L-1 são inofensivas, já em concentrações entre 0,1 e 0,5 mg.L-1 podem provocar danos a certas espécies de peixes, existe perigo elevado em caso de concentrações superiores a 1 mg.L -1 (CINTRA FILHO, 2008) O risco da ocorrência de nitrito na água está no fato de que ele pode combinar com aminas formando nitrosaminas, as quaissão cancerígenas e mutagênicas (GOMES et al., 2008). 3.3 Nitrato e Nitrito em vegetais Os nitratos e nitritos são constituintes naturais das plantas. Embora os nitratos sejam aparentemente não tóxicos abaixo do seu limite máximo de resíduo (LMR), podem ser convertidos in vivo a nitritos, que por sua vez podem reagir com aminas e amidas para produzir compostos do tipo N-nitroso. (SANTAMARIA, 2006). 30 Os vegetais são a principal fonte de nitrato e nitrito na dieta humana (Amr & Hadidi 2001). Vários estudos têm sido feitos na tentativa de identificar fatores que determinam o acúmulo de nitrato em vegetais. Os teores de nitratos nos vegetais dependem do tipo de planta, das condições de intensidade luminosa em que são cultivados, do tipo de solo, temperatura, humidade, produção intensiva, grau de maturidade, período vegetativo, momento da colheita, tamanho da unidade vegetal, tempo de armazenamento e da fertilização azotada. (TAMME et al., 2006). Os níveis de nitrato em alface considerados aceitáveis para o consumo humano variam bastante. Na Europa, vários Países têm estabelecido limites máximos tolerados de 3500 a 4500 mg de NO3- Kg-1 de massa fresca para cultivo de inverno e 2500 mg de NO3-Kg-1 de massa fresca para cultivos de verão (Van Der Boon et al., 1990). Do ponto de vista metabólico, o acúmulo de NO3- nos tecidos dá-se pelo alto influxo do ânion sem que haja disponibilidade de poder redutor proveniente do NADH+ para a redução no NO3- a NO2- pela enzima Nitrato Redutase (Solomonson & Barber, 1990; Campbell, 1999), e da Ferredoxina para a redução, pela Nitrito Redutase, do NO2- a NH4+ (Hewitt, 1975), cuja assimilação também depende da disponibilidade de esqueletos de carbono (açúcares) para a formação de aminoácidos (Miflin & Lea, 1977; Pate, 1980). Como a Ferredoxina é reduzida em nível de cloroplastos a partir de elétrons capturados pelo Fotossistema I, a planta no escuro tende a apresentar um déficit de poder redutor, podendo acumular nitrito, que por “feedback” inibe a ação da nitrato redutase, acumulando assim o NO3- absorvido. Para que isso ocorra, é necessário que as outras variáveis como temperatura e disponibilidade de ATP sejam favoráveis à absorção do NO3 - (Rao & Rains, 1976; Fernandes, 1983). As variações cíclicas diurnas no influxo de NO3- e NH4+ também promovem grandes variações no acúmulo tanto de N-NO3quanto N-amino livres, principalmente nas raízes das planta (Delhon et al., 1995). 4. METAIS TÓXICOS A expressão “metais pesados”, mesmo sendo muito utilizada, não é bem definida, podendo-se empregar como sinônimos, “metais toxicos”, “elementos traço”, “microelementos”, dentre outros. Define-se por metais pesados, o grupo 31 de elementos com densidade superior a 5 mg/mL. Embora o termo faça menção aos metais, alguns autores também se referem ao metaloide arsênio como um metal pesado. Alguns exemplos de elementos tóxicos bem conhecidos e que possuem densidade superior a 5 mg/mL são: arsênio: 5,7 mg/mL; cádmio: 8,65 mg/mL; chumbo: 11,34 mg/mL; e mercúrio: 13,546 mg/mL (SURUCHI e KHANNA, 2011). O termo “metais pesados” é utilizados para elementos químicos que contaminam o meio ambiente, provocando diferentes danos à biota, podendo ser metais, semi-metais e mesmo não metais como o selênio. Os principais elementos químicos enquadrados neste conceito são: alumínio, antimônio, arsênio, cádmio, chumbo, cobre, cobalto, cromo, ferro, manganês, mercúrio, molibdênio, níquel, selênio e zinco (COSTA, 1994). Esses elementos são encontrados naturalmente no solo em concentrações inferiores àquelas consideradas como tóxicas para diferentes organismos vivos. Entre os metais, o arsênio, o cobalto, o cromo, o cobre, o selênio e o zinco são essenciais para os organismos vivos. A presença de metais muitas vezes está associada à localização geográfica, seja na água no solo, e pode ser controlada, limitando o uso de produtos agrícolas e proibindo a produção de alimentos em solos contaminados com metais pesados. Todas as formas de vida são afetadas pela presença de metais dependendo da dose e da forma química. Muitos metais são essenciais para o crescimento de todos os tipos de organismos, desde as bactérias até mesmo o ser humano, mas eles são requeridos em baixas concentrações e podem danificar sistemas biológicos (COSTA, 1994). Diferese de outros agentes tóxicos porque não são sintetizados e nem destruídos pelo homem. É necessário serem consumidos em pequenas quantidades para a realização de funções vitais nos organismos dos seres vivos, porém em níveis excessivos esses elementos podem ser extremamente tóxicos (RAMALHO, 2001). Esses elementos são encontrados naturalmente no solo em concentrações inferiores àquelas consideradas como tóxicas para diferentes organismos vivos. Entre os metais, o arsênio, o cobalto, o cromo, o cobre, o selênio e o zinco são essenciais para os organismos vivos. Para Jardim (1986) a toxidez devido ao metal pesado para a planta e para o animal, deve ser 32 acompanhada e por isso medida pelas seguintes variáveis: diminuição no crescimento ou redução na colheita, sintomas visíveis e concentração no tecido. O primeiro efeito ou manifestação pode ser devido à interferência provocada pelo elemento na absorção ou transporte. O sintoma visível, que poderá não ser específico, é o resultado de uma cadeia de acontecimentos que começa com uma alteração ao nível molecular, continua com modificação subcelular que, por sua vez, conduz a uma alteração celular a qual, finalmente, resulta em modificação no tecido, isto é, no sintoma. Incidência de doenças, ataque de pragas, condições de clima (insolação, chuva, seca, frio) podem provocar sintomas parecidos com os de toxidez. Para saber se a anormalidade visível é causada pela toxidez de um elemento devem ser considerados os seguintes aspectos: a) generalização: o sintoma deve aparecer em áreas relativamente grandes e não em plantas isoladas; b) gradiente: de um modo geral os sintomas são mais acentuados em folhas mais velhas, as mais novas mostrando-as menos pronunciados; c) simetria: folhas de um mesmo par ou próximas umas da outras devem mostrar a anomalia. Todas as formas de vida são afetadas pela presença de metais, alguns desses elementos sendo benéficos, enquanto outros, danosos ao sistema biológico, dependendo da dose e da forma química em que se encontram (OGA, 2003). Segundo Rodella et al (2001), os metais são classificados: Micro-contaminantes ambientais: arsênico, chumbo, cádmio, mercúrio, alumínio, titânio, estanho e tungstênio; Elementos essenciais e simultaneamente micro-contaminantes: cromo, zinco, ferro, cobalto, manganês e níquel. Para Camargo et al (1998), classificaram os elementos em três grupos fundamentais: a) Elementos essenciais - Macroelementos: necessários na ordem de gramas (sódio, potássio, magnésio e cálcio); - Elementos em traço: necessários na ordem de miligrama (ferro, zinco, cobre e manganês); 33 - Elementos em ultratraço: necessários na ordem de micrograma-nanograma (vanádio, cromo, molibdênio, cobalto, níquel, silício, arsênio, selênio e boro). b) Microcontaminantes ambientais São elementos de origem natural e/ou de atividade antropica, como: atividade produtiva, habitação e tráfego (chumbo, cádmio, mercúrio, berílio, tálio, antimônio, tungstênio, alumínio, estanho e titânio). c) Elementos essenciais e simultaneamente microcontaminantes Atualmente compreendem os seguintes elementos: cromo, estanho, manganês, níquel, ferro, zinco, arsênio, molibdênio e cobalto. Metais essenciais, por sua vez, podem tornar-se nocivos ao organismo quando ingeridos através de alimentos em quantidades muito acima das nutricionalmente desejáveis, ou quando ocorra uma exposição por outras vias que não a oral. É importante salientar que o consumo de plantas com elevados teores de metais pesados é uma fonte de contaminação para o homem. Os teores de metais pesados das plantas cultivadas em solos não contaminados, geralmente não causam problemas à saúde humana. (SILVA, 1999). 4.1 Absorção de metais pesados pelas plantas As plantas desenvolveram mecanismos especializados para aumentar a concentração de íons metálicos na solução do solo, ao modificar o ambiente químico da rizosfera, acidificando o meio pela extrusão de H+ pelas raízes, estimulando a desorção de íons dos sólidos do solo para a solução. Além disso, algumas plantas também podem exudar uma variedade de compostos orgânicos, formando complexos com os metais e mantendo-os disponíveis para serem absorvidos (LASAT, 2000). Cádmio, Pb, e Hg não são considerados nutrientes vegetais, mas estes metais podem ser absorvidos pelas plantas junto ao Fe, Cu, Mn, Zn e Ni (TAN, 2000). E, por não serem metabolizados, os metais tendem a se acumular em todos os organismos vivos. A capacidade da biomassa das plantas em acumular altas concentrações de metais sem efeitos prejudiciais ao seu crescimento, enfatiza seu potencial em retirar metais de solos e da água (RASKIN e ENSLEY, 2000). Entretanto, a absorção de metais pesados varia de acordo com a espécie vegetal e entre as diferentes partes da planta, absorvendo pelas raízes, íons 34 tóxicos de metais pesados, particularmente Cd, Pb, Cu, Hg, Zn e Ni, que se acumulam em suas células (MOHR e SCHOPFER, 1995). A acumulação de metais pelas plantas também depende da natureza da planta, fatores do solo como o pH, matéria orgânica, concentração do metal, presença de ânions, sua textura, além da temperatura, luminosidade, umidade, presença de corretivos e fertilizantes, aeração, potencial redutor do solo e presença de micorrizas (KABATA-PENDIAS e PENDIAS, 1992; BERTON, 1992). Pode-se observar na Tabela 2 os teores de metais pesados considerados Fitotóxicos. Tabela 2. Teores de metais pesados considerados Fitotóxicos Nível tóxico Elemento (mg.kg-1) Ag 2 As 15 - 20 B 25 - 100 Be 10 Br 10 - 20 Cd 2-8 Co 25 - 50 Cr 75 - 100 Cu 60 - 125 F 200 - 1000 Hg 0,3 - 5 Mn 1500 - 3000 Mo 2 - 10 Ni 100 Pb 100 - 400 Sb 5 - 10 Se 5 - 10 Sn 50 V 50 - 100 Ti 1 Zn 70 - 400 Fonte: EPA (1995) 5. TEXTURA As propriedades de textura constituem um dos três principais fatores usados pelos consumidores para avaliar qualidade, sendo os outros dois: aparência e sabor. O estudo de propriedades físicas e de textura é fundamental para avaliar o comportamento do produto durante a produção, armazenamento, 35 acondicionamento até o momento do consumo. Através do controle da textura também é possível assegurar que o produto pode ser consumido e deglutido, passando por todos os órgãos digestivos, sem causar problemas ao indivíduo. (AFOAKWA et al., 2009) A textura é uma combinação da estrutura física do material e suas propriedades mecânicas e de superfície. A Alface é mundialmente cultivada para o consumo em saladas, com inúmeras variedades de folhas, cores, formas, tamanhos e texturas. Os parâmetros de textura são dureza, fraturabilidade, coesividade, adesividade, gomosidade e elasticidade, que podem ser definidos mecânica e sensorialmente como (BOURNE, 2002): Dureza: a força máxima na primeira compreensão, representada pela altura do primeiro pico, ou seja, a primeira mordida. Ela relaciona-se com a força dentro da boca requerida para comprimir uma substância entre os dentes molares ou entre a lingua e o palato. Fraturabilidade: um parâmetro que foi inicialmente chamado de fragilidade. É a força pelo qual o material fratura, e a força de uma inflexão na curva na primeira mordida, por exemploo amendoim requer maior força para quebrar do que biscoitos,ou seja, é a força em que a amostra quebra ou racha (produto com alto grau de dureza e baixo grau de coesividade). Para avaliar sensorialmente a fraturabilidade de um alimento, este é colocado entre os dentes molares dos provadores que mordem uniformemente até que o alimento se desintegre, apresente rachaduras ou quebre. O grau de fraturabilidade de um alimento é medido como a força horizontal com que um alimento se afasta do ponto onde a força vertical é aplicada. Coesividade: razão entre a área do segundo pico e a área do primeiro, ou a taxa da área de força positiva sob a primeira e a segunda compressão. É a extensão até a qual o material pode ser distendido antes de romper irreversivelmente. Adesividade: representada pela área negativa após o primeiro pico. É a energia necessária para superar as forças atrativas entre a superfície do 36 alimento e a de outros materiais em contato com o mesmo. Sensorialmente, é a força requerida para remover o material que adere ao palato durante a mastigação, e está relacionada com propriedades de superfície. Elasticidade: dimensão que a amostra recupera após a primeira compressão antes da segunda, ou a velocidade na qual um material deformado volta à condição não deformada depois que a força de deformação é removida. É a extensão em que o alimento recobra a sua altura durante o tempo entre o fim da primeira mordida e o início da segunda. Gomosidade: densidade que persiste ao longo da mastigação ou a energia necessária para desintegrar um alimento semi-sólido para um estado a ser deglutido (é o produto de baixo grau de dureza x alto grau de coesividade). A Figura 3 Mostra a representação gráfica das propriedades de textura e análise do perfil de textura em equipamento texturômetro: Figura 3. Curva típica do texturômetro GF. Fonte: BOURNE, 1982. 6. ANALISE DE COR A cor é um aspecto da percepção visual, cuja definição e qualificação são difíceis, fisicamente cor é uma característica da luz, mensurável em termos de 37 intensidade ( energia radiante) e comprimento de onda. Fisiologicamente, é limitada a banda do espectro no intervalo de 380 a 770 nanômetros, uma vez que o olho humano é praticamente insensível a outros comprimentos de onda de energia radiante. (KRAMER e TWEGG, 1962). A cor dos alimentos é importante atributo de qualidade, não só servindo de base para a identificação e aceitação de grande variedade de produtos, mas também influenciado negativa ou positivamente na percepção dos demais atributos sensoriais. (PONTES, 2004). Os principais tipos de instrumentos utilizados na medição da cor são os colorímetros e os espectrofotômetros. Os colorímetros são utilizados para avaliar a cor de um objeto exatamente de forma que o ser humano percebe. Os espectrofotômetros determinam o espectro de refletância da amostra, sendo mais versáteis, avaliando a cor de forma mais complexa e com elevada precisão. (MINOLTA, 1998) A figura 1. Representa o diagrama de cromaticidade. L* a luminosidade com valores variando de 0 (preto) a 100 (branco) enquanto a* e b* representam coordenadas cromáticas. A tonalidade (Hue) e o termo utilizado para a classificação de vermelho, amarelo, azul etc. Por definição o ângulo Hue se inicia no eixo de croma a* e é expreso em graus em que 0° seria +a* (vermelho), 90° será +b* (amarelo), 180° será –a* (verde) e 270° seria –b* (azul). (Konica Minota (1997). 38 Figura 4. Diagrama de Cromaticidade a* e b* (KONICA MINOLTA, 1997). 7. ANÁLISE ESTATÍSTICA MULTIVARIADA A Análise Multivariada é um conjunto de técnicas estatísticas utilizada em situações em que muitas variáveis são estudadas em um único banco de dado, originando múltiplos dados para um mesmo indivíduo ou objeto em investigação. Conforme Mingoti (2005), quanto maior for o número de variáveis a serem usadas no estudo, mais complexa tornam-se as análises pelos métodos de estatística univariada. As técnicas estatísticas multivariadas estão sendo amplamente aplicadas em centros de pesquisas e na indústria. Com a computação cada vez mais barata e com processamento computacional cada vez mais rápido, essas técnicas ganham cada vez mais espaço 7.1 Análise das Componentes Principais Análise das Componentes Principais (PCA, do inglês "Principal Component Analysis") é uma técnica estatística poderosa que pode ser utilizada para redução do número de variáveis e para fornecer uma visão estatisticamente privilegiada do conjunto de dados. A análise de componentes principais fornece as ferramentas adequadas para identificar as variáveis mais importantes no espaço das componentes principais (MOITA NETO, 2004). 39 A análise por componentes principais consiste em transformar um conjunto original de variáveis (por exemplo, altura, produção etc.) em outro conjunto de dimensão equivalente, mas com propriedades importantes. Cada componente principal é uma combinação linear das variáveis originais. Além disso, são independentes entre si e estimados com o propósito de reter, em ordem de estimação, o máximo da informação, em termos de variação total, contida nos dados iniciais (CRUZ e REGAZZI, 1997). A viabilidade da utilização desta técnica dependerá da possibilidade de reduzir o número de variáveis estudadas em poucos componentes principais, ou seja, reduzir de um espaço p-dimensional para um espaço bi ou tridimensional, com a menor perda de informação possível. Assim, é permitido descartar variáveis que contribuem pouco para a discriminação do material avaliado e agrupar os tratamentos similares, mediante exames visuais em dispersões gráficas. Esta técnica leva em consideração a distância euclidiana e pode ser obtida sem a realização de um experimento com repetições (RIBEIRO JÚNIOR, 2001). A análise em componentes principais estabelece, com base em uma matriz de semelhança (correlações, variâncias-covariâncias ou até mesmo de similaridades), um conjunto de eixos (componentes ou fatores) perpendiculares. Cada componente corresponde a um autovetor dessa matriz (VALENTIN, 2000). O objetivo da PCA é reduzir o número de variáveis envolvidas na modelagem, através de combinação linear estabelecida entre os dados (OLIVEIRA, 2003). 40 REFERENCIAS ALENCAR. C.M.de productividade da alface americana (Lactuca Sativa L) em três sistemas de irrigação Botucatu, 2003. 68p. tese (Doutorado) universidade estadual paulista ¨Julio de mesquita filho¨ facultad de ciências agronômicas campos Botucatu. ARDIM, W. F. Metais pesados um dano irreparável. Rev. Bras. Tecnol., Brasília, v. 14. n.2, p. 41 -45, 1983. Nitrogen transformations in flooded Rice soil. Fertilizer Research, Hague, v.9, p. 15 – 38, 1986. AFOAKWA, E. O. Chocolate Science and Technology. England: WileyBlackwell, 2010, 234 p. 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RESUMO A alface, principal hortaliça folhosa comercializada e consumida pela população brasileira, é muito perecível e por isso a manutenção da qualidade deste produto é um fator fundamental, pois o consumidor exige um produto fresco, de aspecto saudável, com boas características de cor, bem como outros atributos sensoriais desejáveis como aparência e textura. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade físico-química de alface crespa (Lactuca sativa) cultivar Verônica produzida em hidroponia, com águas salobras oriundas de dessalinizadores localizados nos municípios Sapeaçú, Conceição do Coité e Cruz das Almas. Foram realizadas análises químicas de pH, acidez, proteína, fibra, umidade, vitamina C, nitrito e nitrato de acordo Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. A textura foi determinada estatisticamente por ANOVA e teste de médias de Tukey, utilizando o programa Microsoft Excel versão, cor por meio do sistema L* a* b*. As amostras analisadas não apresentaram diferenças significativas na maioria dos parâmetros. O pH da amostra produzida em Sapeaçú foi 6,20 com diferenças que não afetaram as amostras. Os teores de nitrito e nitrato variam de 203,82 mg.kg-1 a 552,65 mg.kg-1 respectivamente foram inferiores ao limite máximo permitido pela Comunidade Europeia. A cor das amostras apresentou diferença significativa (p<0,05) já a textura não apresentou diferença entre os valores médios obtidos da espessura das amostras oriundas dos municípios. Palavras-chave: Hidroponia, alface (Lactuca sativa L), hortaliças, físicoquimica. 50 ABSTRACT Lettuce, the most sold and consumed leafy green by Brazilian population, is very perishable, that‟s why the maintenance of the quality of the product is a basic factor, because the consumer expects a fresh product, with healthy appearance, good colors, between other desirables attributes for example appearance. The main objective of this work was to evaluate the physicalchemical quality of curly lettuce (Lactuca sativa) cultivating Verônica produced in hidroponics, with brackish water coming from desalinization of local authorities such as Sapeaçú, Conceição do Coité e Cruz das Almas. There have been realized chemical analyzes about pH, acidity, protein, fibre, humidity, vitamin C, nitrate according to the Analytical Norms of the Institute of Alfonso Lutz. The texture was determined in a statistics by ANOVA and tested by Tukey, using Microsoft Excel, applying the system L* a* b*. The analyzed samples do not present the important differences in the majority of the parameters. O pH of the sample produced in Sapeaçú was 6,20 with differences that did not affect the samples. The contents of nitrate vary from 203,82 mg.kg-1 to 552,65 mg.kg-1 and were inferior to the limit of European Community. The color of the samples showed significant differences (p<0,05) mean while the texture did not show a difference between the middle values obtained from the samples coming from the local authorities. Keywords: Hidroponia, Lettuce (Lactuca sativa L.), green, Physical-.chemical. 51 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a população tem buscado consumir hortaliças frescas de excelente qualidade sensorial e isentos de processamento, como forma de obter uma dieta saudável com alto valor nutritivo, (CARDOSO et al, 2010). A alface (Lactuca sativa) é a hortaliça folhosa mais comercializada no Brasil devido a seu fácil cultivo, sendo considerada uma cultura hortícola de grande consumo. Devido ao seu baixo valor calórico qualifica-se para diversas dietas, o que favorece grandemente o seu consumo de maneira geral, constituindo-se em componente imprescindível das saladas dos brasileiros (SANTANA et al., 2006). O tipo crespa é o mais comum, e por esse motivo o mais consumido. Neste grupo, enquadra-se a cv. Verônica, liderando com 70% do mercado, enquanto o tipo americana detém 15% deste mercado (COSTA; SALA, 2005). Apesar da cultura não ser considerada fonte proteica, dependendo do sistema de cultivo e do estado nutricional da planta, poder-se-á obter um alimento mais nutritivo (MATIAS et al., 2000). A produção de olerícolas é uma atividade agrícola vantajosa quando praticada em condições ambientais e mercados adequados para sua comercialização. Desta forma, é imprescindível a busca de novas alternativas de cultivo e tecnologias que contribuam para o aumento da produtividade (ARAÚJO et al., 2009). A alface é a espécie mais cultivada e adaptada ao sistema hidropônico, destacando-se por seu ciclo curto e possibilitando retorno mais rápido do capital investido. Atualmente, o cultivo de hortaliças em ambiente protegido é muito difundido (Cuppini et al., 2010), devido à possibilidade de controle das condições adversas de cultivo, que favorece o desenvolvimento das plantas, permitindo a produção de olerícolas de melhor qualidade (HELBEL JÚNIOR et al., 2007). Uma das desvantagens da produção de folhosa no sistema hidropônico é o acúmulo de nitrato nas plantas. Segundo Bennini et al., (2002), a produção de hortaliças folhosas em hidroponia exige alguns cuidados com a nutrição, 52 podendo ocorrer maior acúmulo de nitrato nas plantas do que no processo convencional de cultivo. O nitrato e nitrito são substâncias tóxicas ao homem. O nitrato, reduzido a nitrito no organismo humano, forma ferremoglobina causadora da melanemia, outro problema é quando o nitrito reage com aminas biogênicas resultando na formação de nitrosaminas, produto cancerígeno e mutagênico. Assim, o monitoramento destas substâncias nos alimentos é essencial para garantir a qualidade dos produtos consumidos pela população (Miyazawa et al., 2001). A capacidade de acúmulo de nitrato pelas plantas e a variação deste entre espécies e cultivares é de caráter genético. Porem é grandemente influenciada por outros fatores, tais como: disponibilidade desse nutriente no nível das raízes, intensidade de radiação luminosa, da atividade da enzima redutase, temperatura, sistema de cultivo, idade da planta e hora da colheita, época do ano e por último, o sistema de manejo (orgânico, convencional e hidropônico) pode causar alterações nos teores de nitrato na planta. (OHSE et al., 2001). Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as qualidades físico-químicas de alface crespa, cultivar verônica, utilizando água salobra e doce no cultivo em sistema hidropônico garantido assim a produção deste alimento para as comunidades a onde têm sido implantadas. Por ser um sistema que otimiza o uso de água, a sua utilização vem sendo testada com águas salobras. 53 2. MATERIAL E METODOS 2.1 MATERIAL 2.1.1 Localização do Experimento O experimento foi conduzido em casa de vegetação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, no Município de Cruz das Almas, usando um sistema hidropônico NFT Para o cultivo hidropônico utilizou-se águas salobras, provenientes dos rejeitos dos dessalinizadores, localizados nos municípios baianos de Conceição do Coité e Sapeaçú, além da água oriunda de poço tubular profundo perfurado no campus da UFRB em Cruz das Almas e como tratamento controle foi avaliada água potável, obtida do sistema de abastecimento local. Figura 1. Vista externa, à esquerda e interna, à direita, da Casa de vegetação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, no Município de Cruz das Almas. 2.1.2 Amostras de Alface As amostras de alface crespa da variedade Verônica foram coletadas no período de julho a agosto de 2011, 50 dias após a germinação das mudas, e acondicionadas em caixas plásticas apropriadas, identificadas pelo tipo de água matriz, e em seguida transportadas para o Laboratório de Bromatología, da Universidade Federal da Bahia- UFBA e da Universidade do Estado da Bahia UNEB, para serem analisadas. 54 A estrutura de hidroponia foi composta por 42 unidades experimentais das quais foram selecionadas 4 amostras, com 4 plantas cada, de cada tratamento, para as analises físico-químico. 2.2 METODOS 2.2.1 Caracterização físico-quimica das amostras As amostras de alface foram higienizadas e homogeneizadas para análise dos parâmetros químicos. Os resultados destes parâmetros foram dados em base úmida Uma parte das amostras foi seca a 60o para determinação de nitratos e nitritos, contudo os resultados foram expressos em base úmida. A metodologia utilizada para análise físico-química das folhas de alface seguiu a recomendação do Instituto Adolfo Lutz (2008) a fim de determinar os parâmetros bromatológicos tais como umidade, acidez titulável, pH, proteínas, fibras e vitamina C, nitrato e nitrito. A determinação dos teores de nitrito e nitrato foi feita no Laboratório de Bromatologia da UNEB. A textura dos produtos foram avaliadas através da leitura direta da força máxima de cisalhamento em aproximadamente 47 g por folha de alface hidropônica convencional, através do texturômetro ( STABLE MICRO SISTEM, modelo TA – XT2i, Inglaterra) equipado com probes de 3 dimensões ( convencional, perfurômetro e cilíndrico), na velocidade de pré-teste, teste e pós-teste, respectivamente de 2,0, 1,0 , 10,0 mm/s, com distância de penetração de 10,0 mm. A cor das amostras de alface foram determinadas no sistema L*, a*, b* em colorímetro modelo CR-410 (Konica Minolta, Japão), o qual foi calibrado utilizando placa de porcelana branca. Nesse sistema de cores L* representa a luminosidade (L*=0 – preto e L*=100 – branco) e a* e b* são as coordenadas de cores responsáveis pela cromaticidade: (+a* = vermelho e – a* é o verde, +b* é o amarelo e –b* é o azul). A determinação de textura e teores de cor foram realizadas no laboratório LAPAAC da UFBA. Todos os parâmetros foram analisados em triplicatas. 55 2.2.2 Analise estatística Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) com subseqüente teste de Tukey em nível de significância de p < 0,05, realizada com programa STATISTICA (versão 7, StatSoft, Inc., Tulsa, OK, EUA). 56 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1. Apresenta o resultado dos parâmetros químicos realizados nas amostras de alfaces frescas produzidas. Com base na análise de variância, verificou-se que não houve diferenças significativas para as variáveis: acidez titulável, proteína, vitamina C, fibra e umidade, Contudo apenas a amostra oriunda do sistema que utilizou a água de rejeito de Sapeaçu apresentou diferença significativa para a medida de pH, quando comparada as demais amostras. (p<0,05). Tabela1. Valores médios e desvio padrão de pH, acidez titulável, proteína, vitamina C, fibra, umidade, em amostras de alface obtidas em sistema hidroponico. Parâmetro pH Acidez titulável Proteínas (g%) Vitamina C Fibra (g%) Umidade (g.%) Água Doce b 6,10±0,01 a 4,76±0,06 a 1,72±0,04 a 34,75±1,29 a 0,45±0,35 a* 97,24±0,58 Poço UFRB b 6,13±0,02 a 4,80±0,03 a 1,46±0,14 a 31,80±2,49 a 0,77±0,24 a 96,90±0,26 R. Sapeaçú a 6,20±0,01 a 5,40±0,52 a 1,68±0,10 a 34,04±0,54 a 0,87±0,25 a 96,90±0,69 R. Conc. Coité b 6,11±0,02 a 5,70±0,28 a 1,83±0,08 a 34,75±2,46 a 0,98±0,56 a 95,82±0,15 *Valores assinalados com a mesma letra na mesma linha entre as médias não diferem significativamente (p>0,05), segundo o teste de Tukey.n=3. Os valores médios obtidos de pH para alface produzida com água de rejeito de Sapaeçú estão próximos ao encontrado por Freire Et al. (2009) com 6,22 para alface (Grandes Lagos 659) produzida em sistema hidropônico, cultivadas em ambiente protegido e em condições salinas. Para Stertz et al. (2005) os resultados encontrados na análise de pH foram de 6,05 em amostras in natura de alface crespa cultivar Verônica, em sistema de cultivo hidropônico. Martins (2011) analisando alfaces adquiridas em três diferentes pontos de comercialização verificaram os valores médios de pH encontrados nas amostras de alface e variam entre 6,26 a 7,91, e ressaltaram que os alimentos minimamente processados incluem-se na faixa de pH favorável para a formação de ácido carbônico, este ácido moderado alteraria o pH do meio e retardaria a proliferação microbiana. 57 Essas diferenças nos valores de pH encontrados entre os estudos é justificada por diversos fatores, entre eles o tipo de solução nutritiva, cultivo, ambiente podem influir nos valores de pH analisados. Os resultados encontrados na análise de acidez total titulável não diferiram entre as amostras. Os valores encontrados variam segundo a literatura pela divergência genética e ambiental utilizada, evidenciando assim que o desenvolvimento e a composição química das plantas podem variar entre diferentes espécies e mesmo dentro de cada espécie, de acordo com as condições ambientais as quais são submeti-das (TESTER; DAVENPORT, 2003; TAIZ; ZEI-GER, 2004). O maior teor de nitrogênio total (proteínas) na alface foi encontrado na amostra produzida com água de rejeito de Conceição de Coité (1,83%), seguido da amostra de alface produzida com água doce (1,72%), de rejeito sapeaçú (1,68%) e o menor teor encontrado na amostra da alface produzida com água de poço UFRB (1,46%). Não foi identificada diferença estatística entre as amostras. Oshe (2009) em estudos realizados com cinco cultivares de alface hidropônica encontraram valores que variam entre 0,83 a 1,28% resultados inferiores aos encontrados em este estudo. Segundo Ohse, Neto e Manfron et al. (1998), os diferentes cultivares e variedades em hidroponia não diferem entre si quanto à proteína, e mantém o mesmo teor que o encontrado em alface cultivada no solo. Quanto ao teor de vitamina C não houve diferença significativa entre as amostras de alface. Em sistema hidropônico Ohse et al. (2001a) verificaram que o cultivar Verônica apresentou maior teor de vitamina C, no qual obtiveram valores de 30,8 mg 100g-1 proximo a os analisados na alface produzida com água de poço UFRB. Em estudos realizados por Silva et al (2011), alfaces cultivadas em sistema orgânico, convencional e hidropônico, foram encontrados valores de 28,6 mg/100g, 26,4 mg/100g e 34,1 mg/100g em sistema hidropônico codificadas como A, B e C respectivamente, 42,9 mg/100g em sistema orgânico e 29,7 mg/100g em sistema convencional. Sendo estes semelhantes aos encontrados neste estudo. Para Freire et al., 2009, esta variação encontra58 se dentro do padrão para alface, que varia sensivelmente em relação à prática de cultivo. Nas determinações de fibra foram encontrados para a amostra de alface produzida com água doce 0,45%, para a amostra de alface produzida com água de poço UFRB 0,77%, para a amostra de alface produzida com água de rejeito de Sapeaçú 0,87% e para a amostra de alface produzida com água de rejeito de Conceição de Coité 0,98%, valores que não diferenciaram estatisticamente entre si em nível de 5%. Verificou-se que os teores de fibra das amostras de alface foram inferiores aos obtidos por Favaro-Trindade et al. (2007) com alfaces orgânicas 1,57% e Ohse (2001) com 1,3% em alface hidropônica. Sgarbieri (1987) encontrou, em alface convencional, teor de 0,7 %, semelhantes aos encontrados na alface produzida com água de poço UFRB. Nos resultados das análises de umidade observa-se que não houve diferença significativa em nível de 5% entre as amostras, mas verificou-se que a alface produzida com água doce (97,24%), apresentou o teor de umidade mais alto. As amostras produzidas com água de poço UFRB apresentaram 96,90%, na de rejeito Sapeaçú 96,90% e Conceição do Coité 95,82% de umidade e estes valores são semelhantes aos analisados por Ohse; Neto e Manfron et al., (1998), onde diferentes cultivares em hidroponia apresentaram semelhança entre si, com valores em torno de 94,46%. Ressaltaram que a umidade da alface hidropônica é influenciada pelo tipo de solução nutritiva utilizada e que a variação no teor de água se deve provavelmente ao tempo de permanência da alface na fase final. Quanto maior o período, maior a matéria seca e consequentemente menor o teor de umidade. Em trabalhos publicados por Bourn e Prescott, 2002; Afssa, 2003; Stertz 2005 e Favaro Trindade et al. (2007), alfaces orgânicas apresentaram resultados com umidade superior a 95,38%, comprando com alface cultivadas de forma convencional e hidropônica. 59 3.1 ANÁLISE DO TEOR DE NITRATO E NITRITO O Brasil ainda não dispõe de legislação para limite máximo de nitrato na massa fresca dos vegetais. Para fins de monitoramento, são adotados índices europeus (Luz et al., 2008), que segundo a Norma Europeia 1881/2006 (Comission Regulation - EC, 2006), nos cultivos de inverno (1 de outubro a 31 de março) e de verão (1 de abril a 30 de setembro), as alfaces conduzidas em ambiente protegido devem apresentar um limite de 4500 e 3500mg NO 3-kg-1 de massa fresca (MF), respectivamente. Também foram considerados pela „Food Agriculture Organization’ (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), como admissível uma dose diária de 3,65 mg do íon nitrato e 0,133 mg do íon nitrito por kg de massa corpórea humana, conforme citado por Coelho (2002). Grande parte dos trabalhos em que foram avaliados os teores de nitrato em plantas de alface, publicados no Brasil, revelaram valores inferiores aos limites máximos permitidos pela Comunidade Europeia (Comision Regulation EC, 2006). Isto ocorre pelo fato do Brasil possuir clima tropical, com altos níveis de radiação e temperatura, condições estas que potencializam a atividade das enzimas redutase do nitrato e redutase do nitrito, intensificando, desta forma, a redução do nitrato a amônio, diminuindo os teores desse ânion na planta (Luz et al., 2008). A tabela 2. Apresenta os valores encontrados nas determinações de nitrato e nitrito. Houve diferença significativa entre o teor de nitrato e nitrito das amostras de alface produzidas com água doce e as demais amostras. Tabela 2. Valores médios de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-) em amostras de alface obtidas em sistema Hidropônico. Parametro Água Doce -1 Nitrato(mg.Kg ) -1 Nitrito (mg.Kg ) Poço UFRB b R. Conc. Coité a* 517,46±51,25 a 105,09±12,03 203,82±21,20 615,33±43,11 b 124,96±8,82 48,57±4,31 R. Sapeaçu a 552,65±57,29 a a 112,23±11,64 a *Valores assinalados com a mesma letra na mesma linha entre as médias não diferem significativamente (p>0,05), segundo o teste de Tukey n=3. 60 A literatura cientifica é escassa quanto a valores de nitrato e nitrito em hortaliças cultivadas pelo sistema hidropônico com água salobra. Desta forma os resultados obtidos neste trabalho foram próximos e semelhantes aos encontrados em outros estudos feitos com alface produzida em sistema de cultivo hidropônico. O acumulo de nitrato foi menor na amostra de alface cultivada com água doce 203,82mg.kg–1 evidenciado diferença significativa entre as outras amostras analisadas. Este resultado ficou próximo ao resultado obtido por Ohse (2000) encontrou teores de 258,8mg de NO3-kg-1 na matéria fresca em alface sob cultivo hidropônico Filgueiras et al. (2002) avaliando o efeito da condutividade elétrica da solução nutritiva no acúmulo de nitrato em alface cultivada em sistema hidropônico no inverno, em Londrina, PR, encontraram teores variando de 442 a 763mg de NO3-kg-1de matéria fresca. Os resultados encontrados nos teores de nitrato nas análises da alface produzida com água de poço foram: UFRB 615,33mg. kg-1, rejeito Sapeaçú 517,46mgkg-1 e rejeito Conceição do Coité 552,65mgkg-1 não apresentaram diferenças significativas neste estudo, entretanto, se mostraram superiores aos alcançados por COMETTI(2000) com alface da cultivar Verônica cultivadas pelo sistema hidropônico que apresentaram 406,2 mg kg–1de folhas frescas mesmo com altas doses de NO3-na solução nutritiva . Nos valores de Nitrito obtidos, verificou-se através do teste de Tuckey que na amostras de alface produzida com água doce houve diferença significativa de 5%, quando comparadas com outros tratamentos, apresentando o menor valor com 48,57mg -kg-1, seguido das amostras da alface produzida com água de rejeito Sapeaçú com valor de 105,09mg kg-1 de rejeito de Conceição do Coité com 112,23mg -kg-1 e água de poço da UFRB, com valor de 124,96mg kg-1, sendo este o maior valor entre as amostras. Todos estes resultados ficaram abaixo do valor recomendado pela Organização Mundial para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). 61 Stertz et al, (2005) obtiveram concentração de nitrito em amostras de alfaces produzidas em sistema hidropônico com valor de 670,94 mgkg-1 , valor este acima dos analisados neste estudo, 368,53 NO 2-kg-1 em sistema convencional e 196,14 NO2-kg-1 para alface obtida em sistema Orgânico. O valor encontrado referente ao sistema hidropônico foi superior aos encontrados neste estudo, mesmo aqueles tratamentos que utilizaram águas salobras. A tendência do aumento do teor de nitrato com os níveis mais elevados de salinidade pode ser explicada pelo ajuste osmótico para que a planta consiga absorver água quando submetida a condições de baixo potencial de água. (CHUNG; JIN; CHO, 2005). Os teores mais elevados de nitrato e nitrito nas amostras de alface obtidos neste trabalho já eram esperados devido a maior disponibilidade do nutriente na solução nutritiva. A tabela 3 apresenta os resultados de nitrato e nitrito tanto na água pura como na água com solução nutritiva nas águas empregadas no cultivo hidropônico da alface Verônica feitas a partir de uma segunda coleta. Além disso, outros fatores também interferem nos teores de nitrato como a intensidade da luz e o sistema de cultivo. Tabela 3. Determinação de nitrato e nitrito nas águas puras e com solução nutritiva empregadas no cultivo hidropônico da alface “Verônica”. Parâmetros Água Doce Pura Nitrato (como N), mg/L Nitrito (como N), mg/L Poço UFRB Com S.N. Pura 2,10 3,4 0,005 0,012 Rejeito Sapeaçú Pura 3,20 Com S.N. 200,00 0,004 0,014 Rejeito Conceição do Coité Pura Com S.N. 1,30 Com S.N. 214,00 6,80 211,00 0,007 0,02 0,012 0,034 Para Wright, (1964) e Maynard et al, (1976). A intensidade luminosa parece ser também dentre os fatores ambientais, o de influência mais marcante no acúmulo de nitrato em plantas. O acúmulo de NO3- que ocorre quando as plantas são submetidas à baixa intensidade luminosa. 62 3.2 ANÁLISE DE COR Na Tabela 3. Encontram-se os valores do parâmetro L* e das coordenadas cromáticas a* e b* da análise de cor das amostras de alface. Nas amostras analisadas foram verificadas diferenças estatísticas entre si (p<0,05) em nível de 5%. Tabela 4. Valores médios obtidos do parâmetro L* e das coordenadas cromáticas a* e b* da análise de cor das amostras de Alface cultivada sob 4 diferentes fontes de água. Amostra L* a* b* Sapeaçu 17,37a -22,76a 8,75ac Doce 16,84a -22,57a 7,18bd Conceição 18,89a -25,16a 7,65ad UFRB 22,12b -28,99b 9,85c Valores na mesma coluna acompanhados de letras iguais não diferem entre si pelo teste t de Student (p≤ 0,05) Os valores de L* apresentados na Tabela 3. diferiram estatisticamente entre as amostras de alface analisadas, quais variam de 16,86 a 22,12 sendo que lós valores mais altos indican mayor reflactancia de luz. A amostra de alface produzida com água Doce (16,84) possui uma coloração mais escura, visto que o valor do parâmetro L* é menor que os valores para as amostras. A alface prodizida com água de poço UFRB 22,17 é a mais clara e as alfaces produzidas com água de rejeito sapeaçú 17,37 e de rejeito de Conceição de Coité 18,89 com coloração intermediária. Houve diferença significativa para os parâmetros de cromaticidade a* na amostra de alface produzida com água de poço UFRB que apresento valor inferior às outras amostras com valor negativo de -28,99 caracterizando-se com as folhas mais claras, seguida da amostra de alface produzida com água de rejeito Conceição de Coité com valor de -25,16 e os valores das alfaces produzidas com água doce e de rejeito Sapeaçú que apresentaram valores semelhantes de -22,57 e -22,76 respectivamente, valores que indicam coloração mais escura. É possível afirmar que todas as amostras de alface se 63 apresentaram nas regiões do verde já que a leitura do colorímetro demonstrou valores negativos para estas coordenadas. Para os valores da cromaticidade b* as amostra de alface apresentaram valores que vão de 7,18 a 9,85 indicando coloração amarela na alfece produzida com água de poço UFRB que aprenta maior valor. 30,00 20,00 10,00 0,00 Sapeaçu Doce Conceição UFRB -10,00 -20,00 -30,00 -40,00 L a b Figura 2. Análise de Cor das amostras de Alface cultivadas sob 4 diferentes fontes de água 3.3 ANÁLISE DE TEXTURA: O estudo de propriedades físicas é fundamental para avaliar o comportamento do produto durante a produção, armazenamento, acondicionamento até o momento do consumo. Através de controles reológicos e de textura é possível assegurar que o produto pode ser consumido e deglutido, passando por todos os órgãos digestivos, sem causar problemas ao indivíduo. As propriedades de textura constituem um dos três principais fatores usados pelos consumidores para avaliar qualidade, sendo os outros dois: aparência e sabor (AFOAKWA et al., 2009). Analisando os valores médios obtidos da espessura observou-se que não há diferença significativa entre as espessuras das folhas de alface dos 4 tratamentos, a 5% de significância, apresentando valores entre 0,028 e 0,040. A partir desta observação infere-se que a diversificada composição da água 64 utilizada no cultivo das alfaces, proveniente de diferentes fontes, não influenciou na espessura das folhas das amostras. Os valores médios para o parâmetro de textura Força Máxima até o Rompimento (FMR) variaram entre 67,517 e 107,700, sendo este maior valor percebido na alface produzida com água de rejeito de Conceição. Foi observada diferença significativa entre as quatro amostras, conforme apresentado na Tabela 4. Os valores observados para Distância Máxima até o Rompimento (DMR) variaram de 2,233 a 4,883, apresentando diferença significativa entre a amostra proveniente da água de rejeito de Conceição, que apresentou o maior valor médio, e as demais amostras, conforme apresentado na Tabela 4. Tabela 5. Valores médios obtidos na análise de textura das amostras de Alface produzidas com água salobra em sistema hidropônico. Força Máxima até Distância Máxima até o Espessura (mm) Amostra o Rompimento (g) Rompimento (mm) Sapeaçu 67,517a 2,233a 0,040a Doce 95,150b 2,150a 0,028a Conceição 107,700b 4,883b 0,034a 99,217ab 3,317a 0,033a UFRB Valores na mesma coluna acompanhados de letras iguais não diferem entre si pelo teste t de Student (p≤ 0,05) A amostra controle, submetida à irrigação com água tratada por órgão de saneamento básico, denominada neste trabalho como Doce, apresentou os menores valores na distância percorrida pelo probe após contato com a amostra, registrando o menor valor médio para o parâmetros DMR, o que demonstra pouca elasticidade destas folhas. Esta amostra controle, no entanto, não apresentou a menor FMR, ficando esta a cargo da amostra Sapeaçú, com 67,517g. A partir destes dados, nota-se que a menor DMR não é acompanhada pela menor FMR, ou seja, a amostra Controle apresenta pouca elasticidade, 65 mas não é a mais frágil dentre as analisadas, necessitando de uma força média de 95,150g para atingir o rompimento. A partir dos maiores valores médios observados para FMR e DMR na amostra Conceição infere-se que a composição da água interferiu no incremento dos valores destes parâmetros de textura, porém não houve diferença significativa entre os valores desta amostra e das amostra Doce (controle) e UFRB, quanto ao parâmetro FMR. A outra amostra irrigada com água de rejeito, Sapeaçú, apresentou os menores valores médios para FMR e DMR, conforme apresentado na Figura 3, registrando diferença significativa da amostra Conceição em ambos parâmetros. 120 100 80 Força (g) 60 Distância (mm) Espessura (µm) 40 20 0 Sapeaçu Doce Conceição UFRB Figura 3. Análise de textura das amostras de Alface cultivadas sob 4 diferentes fontes de água. 66 CONCLUSÕES Em relação ao valor nutricional verifico-se que: os teores de proteína e vitamina C apresentam os maiores valores, fibras menores teores e os teores de umidade e determinação de pH com valores semelhantes em comparação com os valores disponibilizados na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, o que significa que a interação de estes fatores pode estar relacionada com o tipo de cultivo, temperatura, período de reprodução ou as características mesmas da espécie. Quanto aos teores de nitrato e de nitrito das amostras de alface, as produzidas com água de poço UFRB apresentaram valores superiores aos encontrados nas alfaces produzidas com água doce, de rejeito Sapeaçú e de rejeito de Conceição de Coité. Observou-se que os teores de nitrato avaliados nas plantas de alface produzidas com água salobra não comprometeram a qualidade da alface porque apresentam teores abaixo dos limites máximos estabelecidos pela Comunidade Europeia. Quanto aos parâmetros de textura analisados as amostras que receberam água de rejeito de salinizadores, Sapeaçú e Conceição, evidenciaram respostas diferentes, não sendo possível associar o tipo de origem da água com a alteração textural observada. Os parâmetros utilizados na determinação da cor nos valores de L* as amostras de alface produzida com água doce possui uma coloração mais escura, as amostras de água de poço mais claras e as produzidas com água de rejeito Sapeaçú e Conceição de Coité com coloração intermédia. 67 REFERENCIAS AFSSA, A.F.D.S.S.D.A. Evaluation des risques et bénéfices nutritionnels et sanitaires des aliments issus de l'Agriculture biologique. Paris: AFSSA. 131 p. 2003. AFOAKWA, E. O.; PATERSON, A.; FOWLER, M.; VIEIRA, J. 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Visão Acadêmica, Curitiba, v. 6, n. 1,p. 51-59, jan.-jul. 2005. 71 CAPITULO 3 DETERMINAÇÃO DE METAIS EM ALFACE CRESPA (Lactuca sativa) CULTIVADAS COM ÁGUAS SALOBRAS EM SISTEMA HIDROPONICO NFT RESUMO A alface é uma hortaliça folhosa com grande importância alimentar, é a mais produzida em sistema hidropônico e apresenta em seus componentes principais o potássio, fósforo, cálcio, sódio, magnésio, cobre zinco, selênio, ferro e manganês, indispensáveis ao desenvolvimento do homem. Alguns desses elementos podem causar graves danos à saúde humana quando são absorvidos em excesso, pois podem ser tóxicos, por isso devem ser monitorados como forma preventiva para garantir a qualidade do alimento. Foram analisadas amostras de alface crespa cultivadas em sistema hidropônico NFT (Nutrient Film Technique), produzidas com águas de rejeitos provenientes de dessalinizadores dos municípios de Cruz das Almas, Conceição do Coité e Sapeaçú do recôncavo baiano, em relação as concentrações de metais empregando a Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP OES) e Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS). Os elementos potencialmente tóxicos não ultrapassram o limite máximo tolerado pela legislação brasileira e pelo Codex Alimentarius exceto o Cr e Hg, onde o valor médio obtido ficou acima do estabelecido pela legislação brasileira. Foi aplicada análise multivariada empregando a técnica de analise de componentes principais (PCA) a qual proporciona um estudo multivariado dos dados experimentais obtidos facilitando a visualização da correlação entre amostras e variáveis. Os resultados mostram que depois da determinação das concentrações dos espectrômetros foi possível reduzir de dezessete variáveis para 2 componentes principais. O emprego deste método resulta ser uma importante ferramenta eficiente, rápida e objetiva para o tratamento de um grande número de dados em determinadas amostras. Sendo assim, pode-se concluir que as amostras de alface cultivadas nas condições estudadas apresentaram valores próximos e não representaram riscos pra a saúde. Palavras-chave: Lactuca sativa L., minerais; metais traços; Análise dos Componentes Principais (PCA) 72 ABSTRACT Lettuces is a leafy green with great nourish importance, which is mostly produced in hydroponic systems and presents as its main components potassium, phosphorus, calcium, sodium, magnesium, zinc, selenium, iron, manganese; essential substances for human being development. Some of these elements can cause serious problems to human health if they are absorbed to excess, because they may be toxic, that‟s why they need to be controlled in a preventive way to guarantee the quality of the alimentation. They analyzed curly lettuce, which has been cultivated in hydroponic systems NFT (Nutrient Film Technique), which were produced with water proceeding from desalinization of local authorities in Cruz das Almas, Conceição do Coité e Sapeaçu of bahian recôncavo , em relation to the concentration of metals employing Spectrometry of Optic Emission with Inductive Built-In Plasma (ICP OES) and Spectrometry of mass with Inductive Built-In Plasma (ICP-MS). The elements which are potentially toxic do not surpass the utmost limit permitted by Brazilian legislation and Codex Alimentarius except for Cr and Hg, where the middle value obtained stayed above the establishment by Brazilian legislation. It was used a multivariate analyze to employ analyze techniques for the principal components (PCA), which affords a multivariate study of the experimental dates obtained making easier the visualization of the correlation between sample and variable. The results show that after the determination of the concentration of the spectrometers it was possible to reduce seventeen variables to 2 main components. As a result the employment is an important and efficient, quick and objective work tool for a big amount of dates similar values and do not represent risks to health. Keywords: Lactuca sativa L., minerals, lines of metal, Analyze of principal components (PCA) 73 1. INTRODUÇAO A alface é a mais popular das hortaliças folhosas, sendo conhecida mundialmente e o seu consumo ocorre principalmente na forma “in natura”. Originária de clima temperado, a sua adaptação, em regiões de temperatura elevada, tem gerado obstáculos ao seu crescimento e desenvolvimento, impedindo que a cultura expresse todo o seu potencial genético. É uma das hortaliças mais difundidas atualmente, sendo cultivada por todo o país (LIMA, 2005). A contaminação por metais toxicos em hortaliças não deve ser menosprezada, uma vez que esses alimentos são importantes componentes da dieta humana. Contudo, o consumo desses alimentos contaminados por metais tóxicos podem representar sérios riscos à saúde humana (SHARMA et al., 2009). Alguns metais como: cromo, cádmio, chumbo, arsênio e mercúrio, são aqueles com maior potencial tóxico entre os contaminantes presentes nos alimentos. Entre tanto, outros metais como: cobre ferro, estanho, magnésio, manganês, molibdênio os quais estão presentes em pequenhas quantidades na dieta humana, também podem se tornar tóxicos para os seres humanos em condições especiais ou quando ingeridos em excesso (BAKKALI et al., 2009). Elementos, tais como As, assim como Al, B, Be, Cd, Co, Cr , Cu, Mo, Ni, Se e Ti, podem ser prejudiciais aos vegetais e seres humanos, mesmo em baixas concentrações. Entretanto, muitos desses elementos também desempenham nestes, funções essenciais (MOHAMED, et al., 2003). Assim, a essencialidade e a toxicidade de um elemento dependem da quantidade que é absorvida e, principalmente, de seu estado de oxidação. Numerosos estudos sobre o potássio, fósforo e nitrogênio têm demonstrado que as plantas crescem normalmente e contêm concentrações normais desses nutrientes, se os mesmos estão disponíveis na faixa 0,1mg L-1. Essa descoberta tem levado alguns pesquisadores a enfatizar que a taxa de suprimento de nutrientes não sua concentração, é um fator importante. A razão para a alta concentração de nutrientes nas formulações usadas como padrão, recaem na dificuldade experimental de reabastecimento de nutrientes á medida que a plantas os exaurem. (EPSTEIN; BLOOM, 2006). 74 Seja qual for à recomendação para a solução nutritiva usada, concentrada ou não, sempre se deve ter para o cultivo hidropônico o emprego dos elementos essenciais ás plantas quais sejam: N, P, K, Ca, Mg, S, Fe, Zn, Mn, Cu, B, Mo e Cl. Outros elementos considerados benéficos ás plantas são Co, V, Ni, Si e Na, os quais podem ser considerados no preparo da solução nutritiva a depender da cultura a explorar. (SOARES, 2007). O presente trabalho teve como objetivo determinar as concentrações de metais, em amostras de Alface crespa, proveniente do cultivo hidropônico com água salobra do semiárido e do recôncavo da Bahia empregando a Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP OES) e Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado (ICPMS). 75 2 MATERIAL E METODOS 2.1. Localização do Experimento Para desenvolver todo o procedimento do trabalho utilizou-se o espaço físico da casa de vegetação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) na cidade de Cruz das Almas, localizada no Estado da Bahia. Figura 1. Casa de vegetação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Cruz das Almas, Ba. As águas coletadas para o sistema NFT foram obtidas das cidades de Cruz das Almas, Sapeaçú, Conceição do Coité, localizadas no estado Bahia. A identificação das amostras água está apresentada abaixo na tabela 1. Tabela 1. Identificação das amostras de água coletadas nos municípios Local Cruz das Almas Cruz das Almas Sapeaçú Conceição do Coité Tipo de água Água doce. Água subterrânea de poço instalado na UFRB em Cruz das Almas BA. Rejeito da dessalinização da água do poço de Sapeaçú. Rejeito da dessalinização da água do poço de Conceição do Coité. 76 2.2 Amostras de Alface As plantas de alface crespa (Lactuca sativa), variedade Verônica, utilizada nesse trabalho foram coletadas no período de julho a agosto de 2011. A estrutura de hidropônia foi composta por 4 unidades experimentais. Cada parcela representou um sistema hidropônico NFT (técnica de fluxo laminar de nutrientes) independente. 2.3 Procedimento experimental O trabalho foi conduzido em casa de vegetação da unidade experimental da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB, localizada no município de Cruz das Almas - Bahia, no período de junho a agosto de 2011, utilizando a cultivar de alface crespa Verônica. Para a produção de mudas utilizou-se o sistema NFT (Nutrient film technique) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes: composto basicamente de um tanque de solução nutritiva, de um sistema de bombeamento, dos canais de cultivo e de um sistema de retorno ao tanque. A solução é bombeada aos canais e escoa por gravidade formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes. Esta técnica consiste que as raízes das plantas ficam suspensas na solução. A colheita do experimento foi realizada 50 dias após a germinação das mudas. As plantas foram cortadas no intuito de promover a separação da parte aérea das raízes. Em seguida, as plantas foram secas em estufa com circulação forçada de ar a 60 ºC por 72 horas. Depois, as amostras foram moídas em gral de ágata e pistilo e acondicionadas em dissecadores. 2.4 Preparo das amostras para análise 2.4.1 Procedimento de digestão das amostras de alface O procedimento para pré-tratamento das amostras de alface consistiu em digestão por via úmida. Foram digeridas 4 amostras de alface (em triplicata) mediante a utilização de um sistema composto de bloco de aquecimento, tubo digestor e “dedo frio”, o qual viabiliza um refluxo durante a digestão ácida das 77 amostras. Foram utilizados no processo de digestão 0,1 g da amostra, 2 mL de ácido nítrico concentrado e 3 mL de peróxido de hidrogênio, sendo submetidos a uma temperatura de 90 °C, onde o processo de digestão foi conduzido em capela durante duas horas. As soluções dos digeridos obtidos foram transferidos para tubos cônicos de 10 mL e foram avolumados com água ultrapura, para serem analisados no Espectrômetro de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP OES) e Espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). O mesmo procedimento descrito acima foi aplicado para o material de referência certificado da NIST, SRM NIST 1570a - Trace Elements in Spinach Leaves e SRM NIST 1573a - Tomato Leaves. As medidas eram realizadas no dia posterior, depois de realizada as digestões das amostras. Os analises dos metais foram analisados em triplicata. 2.5 Método estatístico Neste trabalho o método estatístico de análise dos dados utilizado foi a Análise de Componentes Principais – PCA (Principal Component Analysis). Para a obtenção dos resultados estáticos foram utilizadas ferramentas de análise multivariada em que se empregou o programa computacional STATISTICA ® 8.0. 78 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados são representados na Tabela 2, onde foram avaliados os teores de Ca, Mg, Na, K, Fe, Zn, Al, Mn, Cu, Ba. por ICP OES. Na Tabela 3, são apresentados os resultados da análise dos elementos As, Cd, Cr, Co, Hg, Pb, V, por ICP-MS feitos no Laboratório de Análises químicos na UFBA mostrando os valores das concentrações de cada elemento. Considerando-se que ADC, APC, ARS, e ARC correspondem, respectivamente, as águas utilizadas para o cultivo. Nesse trabalho foi aplicada a Análise multivariada nos dados obtidos para se ter uma visão mais ampla. 79 Tabela 2. Concentrações em (mg kg-1) de metais em diferentes amostras de alface hidropônico, por ICP OES, com (n = 3). Ca Mg Na K Fe Amostra Zn Al Mn Cu Ba -1 (mg kg ) 1. ADC 1,85 ± 0,13 4,56 ± 0,12 2,42 ± 0,06 3,57 ± 0,38 173 ± 12 50 ± 4 39 ± 4 795 ± 23 0,19 ± 0,06 3,86 ± 0,34 2. APC 7,86 ± 0,27 5,84 ± 0,23 7,31 ± 0,3 4,15 ± 0,58 166 ± 8 85 ± 8 42 ± 7 848 ± 39 0,42 ± 0,08 7,78 ± 0,97 3. ARS 16,56 ± 0,18 7,36 ± 0,33 10,43 ± 0,1 5,33 ± 0,25 163 ± 3 719 ± 13 71 ± 18 410 ± 13 8,46 ± 0,17 17,13 ± 1,09 4. ARC 24,32 ± 1,34 5,62 ± 0,17 9,17 ± 0,05 6,78 ± 0,18 120 ± 13 360 ± 7 39 ± 7 780 ± 18 13,8 ± 0,56 19,18 ± 0,86 ADC - Água doce (Cruz das Almas); APC - Água subterrânea de poço (Cruz das Almas); ARS - Rejeito de dessalinização (Sapeacú); ARC - Rejeito de dessalinização (Conceição do Coité); Tabela 3. Concentrações em (mg kg-1) de metais e em diferentes amostras de alface hidropônico, por ICP-MS, com (n = 3). Amostra As Cd Cr Co -1 (mg kg ) Hg Pb V 1. ADC 0,03 ± 0,02 0,05 ± 0,02 0,31 ± 0,09 0,16 ± 0,04 0,08 ± 0,01 0,05 ± 0,01 0,28 ± 0,03 2. APC 0,14 ± 0,01 0,22 ± 0,03 0,54 ± 0,01 0,10 ± 0,04 0,32 ± 0,03 0,28 ± 0,01 0,38 ± 0,05 3. ARS 0,16 ± 0,02 0,19 ± 0,03 0,63 ± 0,13 0,22 ± 0,14 0,35 ± 0,01 0,55 ± 0,02 0,35 ± 0,08 4. ARC 0,14 ± 0,03 0,12 ± 0,01 0,54 ± 0,03 0,65 ± 0,07 0,55 ± 0,01 0,78 ± 0,02 0,26 ± 0,05 ADC - Água doce (Cruz das Almas); APC - Água subterrânea de poço (Cruz das Almas); ARS - Rejeito de dessalinização (Sapeacú); ARC - Rejeito de dessalinização (Conceição do Coité); 80 As concentrações de metais em alface crespa produzida com água salobra em sistema hidropônico NFT, foram determinadas utilizando como técnica de detecção o ICP OES e ICP-MS. A análise multivariada foi utilizada como proposta para validação dos resultados o qual considera as amostras e as variáveis em conjunto, ou seja, análise multivariada que possibilita visualizar todo conjunto de dados (MOURA et al. 2006). Com este método torna-se possível obter informações complementares à análise univariada. A Tabela 4. mostra as porcentagens de variância explicada para cada componente principal. Como podem ser observadas, as duas primeiras componentes principais respondem pela maior parte da variância da matriz de dados. Tabela 4. Variância explicada para cada componente principal. Componente Principal Variância Explicada (%) PC1 61,93 PC2 27,90 Variância acumulada 89,83 3.1 Análise multivariada para comparação e métodos analíticos das amostras 3.1.1 Análise de componentes principais (PCA) Avaliando os resultados obtidos, foram estudados os efeitos de dois componentes principais que acumularam a maior quantidade de variância na Análise das Componentes Principais (PCA). As Figuras 2 e 3 correspondem, respectivamente, aos gráficos de pesos e de “scores” para a primeira e a segunda componentes principais que representam, respectivamente, 61,93 % e 27,90 % da variância explicada, totalizando 89,83% da informação. 81 1.0 0.8 V Al Cd Fe Mg 0.6 Cr ZnAs 0.4 PC2: 27,90% Na 0.2 0.0 Ba -0.2 Pb HgCa Cu K -0.4 Mn -0.6 Co -0.8 -1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 PC1: 61,93% Figura 2. Gráfico de pesos (PC1 x PC2) obtido para amostras de alface produzidas no sistema hidropônico. 1.2 1.0 0.8 0.6 PC2: 27,90% 0.4 0.2 0.0 -0.2 -0.4 -0.6 -0.8 -1.0 -1.2 -1.4 -1.4 -1.2 -1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 PC1: 61,93% Água doce - Cruz das Almas Água de poço - Cruz das Almas (UFRB) Água de Rejeito - Sapeaçú Água de Rejeito - Conceição do Coité Figura 3. Gráfico de scores obtidos para alface produzida em hidroponia analisada pelo PCA. 82 A análise dos pesos das variáveis nas PCs pode ser realizada por meio da análise do gráfico (Figura 2). onde pode ser verificado que quanto maior o valor peso das variáveis, maior a sua contribuição para a discriminação dos grupos. As variáveis que apresentam as maiores contribuições para a discriminação dos grupos das amostras analisadas podem ser observadas na Figura 3. Na avaliação dos resultados obtidos foram avaliadas as duas primeiras componentes principais. Os valores dos elementos obtidos nas 4 amostras (escores) de água utilizada para a produção da alface foram analisados dezessete variáveis (valores de concentração dos elementos), onde, gerou as componentes principais, os valores dessas componentes explicam a variância total dos dados em função do tratamento e das dezessete variáveis estudadas, fazendo com que houvesse a necessidade de analisar os efeitos das PC1 x PC2 cujos os valores acumulados para os dois componentes principais contribuem com 89,83 % da variânça. Através dos valores dos pesos (Figura 2), podemos observar que na PC1, que os elementos V, Cd, Al, Mg, Cr, Zn, As, Na, Ba, Pb, Hg, Ca, Cu, K e Co, apresentam os maiores valores de pesos positivos. Já os elementos Mn e Fe, apresentam os maiores valores de pesos negativos. Já analisando a PC2, na região positiva os elementos que apresentam os maiores valores de pesos positivos são: V, Fe, Cd, Al e Mg, já na região negativa, os elementos que apresentam os maiores valores de pesos negativos são: Co e Mn. As variáveis que apresentam maiores valores de pesos absolutos são as variáveis que mais contribuem para promover a discriminação entre as amostras de alface cultivas com diferentes águas. Conforme pode ser analisada PC1 x PC2, analisando PC1 a região positiva separa as amostras ARS de ARC onde apresentaram as maiores concentrações dos elementos Co, Cu, K, Hg, Ca, Pb, Ba, Na, Zn, Cr e As. Na região negativa separa as amostras ADC e APC onde se pode observar que estas amostras apresentaram maiores concentrações dos elementos Mn e Fe, conforme pode se observado na Figura 3. 83 O tipo de água utilizada após da adição de solução nutritiva pode explicar que estas amostras são diferenciadas pelos valores maiores de Fe e Mn e que tem influencia negativa nas amostras ADC e APC. Analisando a PC2 pode observar que as amostras APC e ARS localizadas na região positiva, as mesmas apresentaram as maiores concentrações dos elementos V, Al, Cd e Mg. Observa-se na região negativa da PC2 que a amostra ARC apresentou a maior concentração de Co em relação às demais amostras, conforme podemos observar na Figura 3. O Co tem influencia negativa para a amostra da ARC na PC2 onde tem acumulado o 27,90% de variância, o que pode explicar que fatores como o enriquecimento natural da água, o ambiente no que é produzido poderão influenciar na absorção desse elemento na hortaliça. 84 4. CONCLUSÕES O emprego de ICP OES e ICP-MS foram de grande importância para ser aplicada na análise da alface produzida com água salobra para determinação de metais. O uso da estatística Multivariada utilizando as análise das componentes Principais (PCA) possibilitou agrupar por semelhança as amostras e entender as diferenças de agrupamento pelo gráfico dos pesos visto que possibilita a visualização do comportamento de todos os elementos simultaneamente. As concentrações dos metais encontrados nas amostras analisadas apresentaram valores próximos e não representaram riscos pra a saúde. Os valores observados nos elementos As Cd, e Pb considerados potencialmente tóxicos apresentam concentrações de dentro dos limites considerados normais para a alface e é considerada adequada para o consumo humano, conforme as normas do Ministério da Saúde. 85 REFERENCIAS BAKKALI, K.; MARTOS, N.R.; SOUHAIL, B.; BALLESTEROS, E. 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