1 CAMILA VIANA LEITE DA SILVA ABORDAGEM DO

Propaganda
1
CAMILA VIANA LEITE DA SILVA
ABORDAGEM DO FISIOTERAPEUTA INTENSIVISTA EM PACIENTE COM
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
MACEIÓ-AL
2011
2
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA
SOBRATI
ABORDAGEM DO FISIOTERAPEUTA INTENSIVISTA EM PACIENTE COM
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
Artigo apresentando como requisito
parcial para conclusão do Mestrado
em Terapia Intensiva pela Sociedade
Brasileira de Terapia IntensivaSOBRATI. Com orientação do
Prof.MS. Elson Gama.
APROVADO EM: ___/____/________
______________________________________________________
Nome do orientador
3
ABORDAGEM DO FISIOTERAPEUTA INTENSIVISTA EM PACIENTE COM
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA
APPROACH OF THE PHYSIOTHERAPIST INTENSIVIST IN A PATIENT
WITH ACUTE RESPIRATORY FAILURE
Camila Viana Leite da Silva1
José Elson Gama de Lima2
1Fisioterapeuta
mestranda em Fisioterapia Intensiva pela SOBRATI, orientanda,
[email protected]
2Doutorando
em Fisioterapia Intensiva pela SOBRATI, orientador,
[email protected]
Resumo
O presente estudo é uma revisão da literatura cientifica, que tem por objetivo apresentar a
insuficiência respiratória aguda (IRPA) ,suas causas,classificação e tratamento utilizado pelo
fisioterapeuta intensivista. A IRPA trata-se de uma síndrome caracterizada na incapacidade do
Sistema Respiratório efetuar adequadas trocas gasosas. É a síndrome mais prevalente em
UTI, apresentando significativa mortalidade. O fisioterapeuta intensivista pode lançar mão de
variadas técnicas que são comprovadamente eficazes no tratamento da IRPA. A fisioterapia
intensiva é, portanto a modalidade terapêutica de escolha para o tratamento da IRPA.
Palavras-chaves: Insuficiência respiratória aguda, tratamento, fisioterapia
intensiva.
ABSTRACT
This study is a review of scientific literature, which aims to present with acute respiratory failure
(IRPA), its causes, classification and treatment used by physiotherapists intensivist. The IRPA it
is a syndrome characterized by the inability of the Respiratory System to perform adequate gas
exchange. Syndrome is more prevalent in ICU, with significant mortality. The intensive physical
therapist can make use of various techniques that are proven effective in the treatment of IRPA.
The intensive physical therapy is therefore a therapeutic modality of choice for the treatment of
IRPA.
KEY-WORDS: Acute respiratory failure, treatment , intensive Physiotherapy.
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................05
2 OBJETIVO ................................................................................................07
3 MÉTODO ..................................................................................................08
4 DESCRIÇÃO.............................................................................................09
5 RESULTADOS..........................................................................................18
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................22
REFERÊNCIAS........................................................................................23
5
1 INTRODUÇÃO
A respiração consiste no processo fisiológico responsável pelas trocas
gasosas entre o organismo e o meio ambiente. O processo envolve a entrada
do oxigênio (O2) e a remoção do gás carbônico (CO2) do sangue e depende de
um complicado aparato: o aparelho respiratório, Vias aéreas, pulmões,
diafragma, caixa torácica, o controle do sistema nervoso central (SNC) e
periférico e o aparelho cardiocirculatório, todos interagem para adequar o
balanço entre o volume de ar que chega aos alvéolos e o fluxo sanguíneo no
capilar pulmonar, de onde resulta a troca gasosa.
(1)
A desregulação deste processo, traduzida pela incapacidade em manter
normal a oferta de O2 aos tecidos e a remoção de CO2 dos mesmos, define a
insuficiência respiratória. (1)
A Insuficiência Respiratória Aguda (IRPA) trata-se de uma síndrome
caracterizada na incapacidade do Sistema Respiratório efetuar adequadas
trocas gasosas, ou seja, captar oxigênio e eliminar CO2 da corrente sanguínea,
também designada falência Respiratória.
(2)
Estima-se que nos EUA haja 150.000 casos por ano com mortalidade de 50
a 70%. A IRPA é a síndrome mais prevalente em UTI, apresentando
significativa mortalidade apesar dos avanços terapêuticos e da monitorização
da terapia intensiva. (2,3)
A Insuficiência Respiratória Aguda (IRPA) não é uma doença, mas um
distúrbio da função que pode ser causado por diversos fatores. As causas da
IRPA podem ser tóxicas: depressão do sistema nervoso central (SNC); por
fraqueza dos músculos ventilatórios; Síndrome de Angústia Respiratória Aguda
(SARA); edema pulmonar; aspiração pulmonar; inalação de fumaça. E as
causas não tóxicas, que são: asma brônquica; bronquiectasia; edema pulmonar
(não tóxico); trauma torácico; pneumonia; embolia pulmonar; obstrução das
vias aéreas superiores; poliomielite; polineurite. (4)
OS Sinais e Sintomas clínicos são dispnéia intensa (FR > 35), cianose,
alteração do nível de consciência (sonolência / torpor), taquicardia (FC > 100).
6
O diagnostico e clinico e confirmado por meio da gasometria arterial e pode ser
classificada como hipoxêmica ou hipercapneíca.
(2,5)
O tratamento da IRPA deve ser individualizado, em função das causas
desencadeantes e dos mecanismos fisiopatológicos, envolvidos. Os Bronco
dilatadores, os corticosteróides, diuréticos, antibióticos e procedimentos
cirúrgicos poderão ser utilizados. (6)
O Fisioterapeuta intensivista é um profissional especializado, membro da
equipe da unidade de terapia intensiva (UTI) responsável entre outras funções,
pela assistência ventilatória ao paciente criticamente enfermo, monitorização
ventilo-respiratória,
e
prevenção
dos
efeitos
decorrentes
do
repouso
prolongado no leito. Dessa forma, também cabe a ele a preocupação em
adotar medidas gerais e específicas para a IRPA. (7)
Tendo em vista o relatado sobre a IRPA, torna-se necessário o
aprofundamento dos conhecimentos e de recursos fisioterapêuticos que
objetivem melhorar a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes
acometidos pela IRPA. O objetivo da presente estudo é descrever a IRPA, suas
causas, classificação e conseqüências bem como abordagem do fisioterapeuta
intensivista no paciente com IRPA.
7
2 OBJETIVO
Descrever a IRPA, suas causas, classificação e conseqüências bem
como abordagem do fisioterapeuta intensivista no paciente com IRPA.
8
3 MÉTODO
Para a elaboração do presente estudo optou-se por realizar uma
pesquisa bibliográfica do tipo descritiva. Utilizou - se como fonte bibliográfica
artigos disponibilizados na internet, livros e revistas especializadas envolvendo
o período de 2002 a 2011 escritos em língua portuguesa, sendo a coleta de
dados feita durante o mês de abril a agosto de 2011.
Após a obtenção do material, realizou-se uma leitura exploratória para
verificar quais assuntos se enquadravam com o tema da pesquisa. Feito isto,
selecionou-se os artigos que estavam de acordo com o assunto proposto. A
discussão foi feita entre os autores pesquisados, de forma ética e organizada,
respeitando a opinião individual dos mesmos e confrontando os aspectos
científicos das pesquisas.
9
4 DESCRIÇÃO
A
respiração
é
uma
característica
básica
dos
seres
vivos.
Essencialmente consiste na absorção pelo organismo de oxigênio, e
eliminação do gás carbônico resultante. O pulmão, órgão das trocas gasosas, é
formado por cerca de 300 milhões de alvéolos, dispostos em grupos de 15 a
20, sendo responsáveis pela hematose. (4)
4.1 Definição
A insuficiência respiratória é a falha dos pulmões em promover uma
adequada oxigenação ou ventilação para o sangue. A falha da oxigenação se
refere mais especificamente a uma pressão de PaO2 no sangue arterial de
menos de 60 mmHg, mesmo com uma boa concentração de O2; já a falha da
ventilação consiste de uma ventilação inadequada entre os pulmões e a
atmosfera, resultando numa inapropriada elevação da pressão de CO2 no
sangue arterial num nível maior que 50 mmHg. (8)
Apresenta-se como um problema clínico bastante freqüente, com uma
taxa de mortalidade bastante grande. Define-se como um distúrbio funcional
provocado por qualquer condição que possa afetar seriamente a capacidade
dos pulmões de manter a oxigenação arterial ou a eliminação do gás
carbônico. (8)
Do ponto de vista respiratório, classifica a insuficiência pulmonar como
incompetência, absoluta ou relativa, de hematose. Absoluta quando a
hematose não se realiza adequadamente mesmo que o organismo mobilize
todas as suas reservas. Relativa quando só adequada em face do emprego
parcial ou total destas reservas. Ainda salienta que a insuficiência pulmonar
implica uma deterioração do ciclo pulmonar da respiração. Este ciclo pode
deixar de funcionar satisfatoriamente por alteração de um dos dois processos
que o compões: a ventilação e as trocas gasosas. (8)
10
4.2 Insuficiência Respiratória Aguda x Crônica
A Insuficiência Respiratória Aguda (IRPA) é causada por uma grande
variedade de doenças, não necessariamente pulmonares. É preciso diferenciar
entre Insuficiência Respiratória Aguda e Crônica. A primeira é de evolução
rápida e consiste em uma falência respiratória em pulmões que antes da
doença atual apresentavam-se normais tanto estruturais como funcionalmente
e depois da doença podem voltar à normalidade. E a segunda é uma
deteriorização progressiva e gradual das doenças pulmonares crônicas, sendo
irreversível. (2)
4.3 Causas da IRPA
As causas da IRPA podem ser tóxicas (secundária à falência
ventilatória e secundária à patologia pulmonar) e não tóxicas. Sendo elas:
Tóxicas:
Secundária à falência ventilatória por:
1. Depressão de sistema nervoso central de origem tóxica
2. Fraqueza de músculos ventilatórios
o Botulismo
o Praguicidas (carbamatos e organofosfados)
o Relaxantes musculares
o Picada de cobra
o Estricnina
Secundária à patologia pulmonar:
1. Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA)
2. Edema pulmonar cardiogênico e não cardiogênico
3. Cloro e outros gases irritantes
4. Aspiração pulmonar e pneumonite (carvão ativado, conteúdo
gástrico, hidrocarbonetos)
5. Inalação de fumaça
11
Não tóxicas:
1. Asma brônquica
2. Bronquiectasia
3. Edema pulmonar cardiogênico
4. Doença obstrutiva crônica
5. Diminuição do nível de consciência de etiologia não-tóxica
6. Fraqueza muscular de etiologia não-tóxica (miastenia gravis)
7. Trauma torácico
8. Pneumonia
9. Tromboembolismo pulmonar
10. Obstrução das vias aéreas superiores
11. Poliomielite
12. Síndrome de Guillain-Barré (polineurite) (2)
4.4 Classificação
A IRPA pode ser classificada como tipo I (hipoxêmica) e tipo II
(hipercápnica). No primeiro tipo o paciente pode apresentar: PaO2 < 50mm Hg
com PaCO2 normal ou diminuída (FiO2= 0,21); Ó D(A-a)O2; alteração da
relação PaO2/FiO2; Oxigenação sanguínea arterial prejudicada; alteração da
relação V/Q ou shunt pulmonar importante; diminuição da complacência
pulmonar; e aumento do trabalho respiratório. A IRA tipo I ocorre nas
complicações do Edema agudo pulmonar cardiogênico (EAPC), pneumonia
adquirida
na
comunidade,
Lesão
pulmonar
aguda
imunosupressão e no desmame da ventilação invasiva.
(LPA),
SDRA,
(3)
O tipo II tem como quadro clínico: PaO2 < 50mmHg com PaCO2 >
50mmHg (FiO2= 0,21); Hipoventilação alveolar difusa; VM baixo ou normal
associado a espaço morto aumentado, espaço morto alveolar ou produzido por
circuitos do ventilador. A mecânica ventilatória varia de acordo com a causa.
Este tipo de IRPA apresenta como causas: exacerbação da DPOC, asma,
fibrose cística e obstrução das vias aéreas superiores.(3)
12
4.5 Aspectos clínicos
O quadro clínico da IRPA baseia-se na dispnéia intensa, juntamente com
sinais de hipoxemia e/ou hipercapnia. Os sinais da hipoxemia podem ser
agitação, confusão mental, taquipnéia, taquicardia, arritmias, cianose central e
hipotensão arterial, já os sinais da hipercapnia são a sonolência, torpor, coma,
abalos musculares, tremores, hipertensão arterial e convulsão. Ver tabela 1.
(1,2,4)
Tabela 1: Sinais e sintomas de hipoxemia e hipercapnia
Sistema
nervoso
central
Hipoxemia aguda
Hipercapnia
Confusão
Apreensão
Instabilidade motora
Confusão
Convulsões/coma
Torpor/coma
Iniciais:
taquicardia,
Sinais
de
Efeitos
hipotensão
cardiovasculares
Hipoxemia grave: bradicardia, vasodilatação
sinais de baixo débito
Aparelho
vasoconstrição
Taquipneia
Taquipneia
Dispneia
Dispneia
respiratório
Uso de musculatura acessória
Uso
de
e
musculatura
acessória
Poderemos observar nos exames laboratoriais: PaO2 < 60 mmhg,
PaCO2 > 50-55 mmhg, Saturação de O2 < 92%, teremos também condições
13
correlatas: doenças pulmonares ( BCP, SDRA, EAP ) ou sistêmicas ( choque
séptico, IAM, IRA ).(2)
As condições definidas são independentes podendo Ter um ou mais
sinais e dados laboratoriais, porém o diagnóstico e tratamento é predominante
clínico. Ou seja, muitos paciente desenvolvem IRPA em situações de boa
manutenção de PaO2 e Saturação de O2 com aporte de O2 suplementar. (2)
É de suma importância observar os aspectos clínicos do paciente com
IRPA para escolhermos o melhor método de tratamento. Observe a seguir os
10 mandamentos da IRPA. Ver tabela 2.
(2)
Tabela 2: 10 Mandamentos da IRPA, em ordem de importância
SINAIS / EXAMES
RESULTADOS
consciência
Sonolência / torpor / coma
Dispnéia
Moderada / intensa
Frequência respiratória
> 35
Saturação de O2
< 90%
PaO2
<60 mmhg
PaCO2
> 50 -55 mmhg
cianose
Intensa +++ / ++++
Estado hemodinâmico
Instável
Aspecto Radiológico
Hipersdensidade intensa e/ou bilateral
PH
< 7.35 ou > 7.45
4.6 Diagnóstico
O diagnóstico e a investigação da causa da IRPA baseiam-se numa
história clínica informativa, exame físico, detalhado e exames complementares,
14
adequados deverá ser realizada análise dos gases sangüíneos. A história
clínica, obtida do paciente ou acompanhante, deverá obrigatoriamente
pesquisar, além da queixa ou queixas atuais do doente, a ocorrência de
sintomas semelhantes previamente, a presença de doenças de base,
antecedentes pessoais, e o uso, atual ou anterior, de medicações com atuação
no aparelho respiratório e SNC. (6)
4.7 Tratamento
O tratamento da IRPA deve ser individualizado, em função das causas
desencadeantes
e
dos
mecanismos
fisiopatológicos,
envolvido.
Os
Broncodilatadores, corticosteróides, diuréticos, antibióticos e procedimentos
cirúrgicos poderão ser de maior ou menor valia, em função das condições de
base.(6)
4.8 Atuações da Fisioterapia Intensiva
A Fisioterapia Intensiva assume grande importância no tratamento da
IRPA. O fisioterapeuta em UTIs tem sido relacionado como um profissional
indispensável no tratamento da IRPA, uma vez que o profissional segue
medidas específicas para diminuição e controle dos sinais e sintomas
apresentados, promovendo uma assistência de qualidade, deste modo
interferindo para um melhor prognóstico destes pacientes.
(10)
A assistência ventilatória do paciente crítico associada à monitorização
ventilo-respiratória, prevenção dos efeitos do imobilismo e a atenção aos
distúrbios
musculoesqueléticos,
cardiovasculares,
promove
uma
neurofuncionais,
melhora
significativa
metabólicos
na
e
morbidade,
mortalidade e taxa de permanecia. Tais indicadores refletem a qualidade
assistencial na UTI. (11,12)
A abordagem do fisioterapeuta intensivista no paciente com IRPA será
para promover condições para uma adequada ventilação e oxigenação, em que
15
o fator tempo é de primordial importância. Deve apresentar medidas Imediatas
para promover a Desobstrução (abertura bucal, elevação da língua – guedel,
aspirações); oxigenioterapia ( catéter, máscara, VMNI ou VMI ); elevação de
decúbito; instalar oximetria de pulso, monitorização do paciente. (2)
A
atuação
do
fisioterapeuta
intensivista
no
paciente
ventilado
mecanicamente, seja no aspecto ventilatório, músculo-esquelético ou neurofuncional, permite que este profissional esteja atento para as possíveis
complicações da ventilação mecânica invasiva e para ventilação mecânica não
invasiva. (11,12)
A fisioterapia intensiva é utilizada em pacientes críticos com objetivo de
prevenir e/ou tratar complicações respiratórias. Para isso, geralmente é usada
uma combinação dos procedimentos que objetivam a reexpansão pulmonar e a
remoção de secreções nas vias aéreas.
(15)
O fisioterapeuta deve instituir e acompanhar a VNI no ambiente da terapia
intensiva, A aplicação da VNI requer uma atenção maior da equipe da UTI,
principalmente nas horas inicias da sua instituição. Estudos mostraram que
durante as 8 horas iniciais da VNI, o fisioterapeuta despendeu cerca de 60
minutos a mais na assistência dos pacientes em VNI quando comparado com o
grupo sob tratamento convencional. (15)
São indicações para o uso da VMNI nas unidades de terapia intensiva
(UTI) : pacientes portadores de insuficiência respiratória aguda hipercápnica;
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); as doenças pulmonares
restritivas; insuficiência respiratória aguda hipoxêmica de diferentes etiologias;
pacientes considerados de alto risco para o desenvolvimento de insuficiência
respiratória aguda, como os imunossuprimidos; a insuficiência cardíaca
congestiva; o desmame da ventilação invasiva; o edema agudo pulmonar
cardiogênico;
pós-operatórios
tóraco-abdominais;
pneumonias,
e
hipoventilação pulmonar. (13)
As contra-indicações incluem as absolutas e relativas. As absolutas são:
parada cardiorrespiratória; necessidade de intubação traqueal; paciente não
colaborativo; pós-operatório recente facial, esofágico ou gástrico; trauma
16
craniofacial; hipoxemia ou hipercapnia refratária; instabilidade neurológica;
redução do nível de consciência; alterações anatômicas da nasofaringe;
hemoptíase e epistaxe maciça e pneumotórax não drenado.
(13)
As contra-indicações relativas são: ansiedade extrema; obesidade
mórbida; hipersecreção pulmonar; SARA (Síndrome da Angústia Respiratória
Aguda) com hipoxemia grave; instabilidade cardiovascular e hemodinâmica.
Segundo o Consenso de Ventilação Não Invasiva com Pressão Positiva,
os critérios de seleção para se indicar a ventilação não invasiva aos pacientes
devem incluir pelo menos dois dos descritos abaixo:
- Desconforto respiratório com dispnéia moderada ou severa, uso de
musculatura acessória, respiração paradoxal
- PH menor que 7,35 e Pressão Parcial Arterial de Gás Carbônico (PaCO2 )
maior que 45 mmHg
- Freqüência Respiratória (FR) maior que 25 rpm (no adulto). (13)
A ventilação mêcanica invasiva (VMI) tem como objetivo manter ou
modificar a troca gasosa pulmonar, o suporte ventilatório irá intervir na
ventilação alveolar. Em certas circunstâncias, o objetivo pode ser aumentar a
ventilação alveolar ou reduzir a ventilação alveolar de maneira controlada
(hipercapnia permissiva); porém, o objetivo usualmente adotado é normalizar a
ventilação alveolar. (13)
Atuará na oxigenação arterial com o objetivo é atingir e manter valores
aceitáveis de oxigenação arterial (PaO2 > 60mmHg, SaO2 > 90%). A oferta de
oxigênio aos tecidos (DO2) deve ser considerada, corrigindo fatores como o
conteúdo arterial de oxigênio (hemoglobina) e o débito cardíaco.
Terá ação no aumento do volume pulmonar:
• Insuflação pulmonar inspiratória final. Visa a prevenir ou tratar atelectasia.
• Otimizar a capacidade residual funcional (CRF). Utilizar a PEEP em situações
em que a redução na CRF pode ser prejudicial (redução da PaO2, maior injúria
pulmonar).
Tem a indicação de reverter hipoxemia: aumentando a ventilação
alveolar,aumentando o volume pulmonar, diminuindo o consumo de oxigênio e
aumentando a oferta de oxigênio,reverte a acidose respiratória aguda, Reduz o
desconforto respiratório,Preveni ou reverte atelectasias, Reverte fadiga dos
músculos respiratórios. (13)
17
O fisioterapeuta tem papel importante na condução de protocolos de
triagem de pacientes para interrupção da ventilação mecânica. A avaliação
diária da capacidade respiratória dos pacientes em VM pelo fisioterapeuta
diminuiu o tempo de VM e reduziu a morbidade dos pacientes. Em um estudo
randomizado e controlado, mostraram que o desmame protocolado e guiado
por fisioterapeutas reduziu a duração da VM e aumentou a taxa de sucesso no
desmame. (15)
18
5 RESULTADOS
A manutenção de pacientes na UTI tem um custo alto sendo de grande
importância o fornecimento de evidências baseadas na prática de todos os
profissionais que trabalham em UTI, incluindo o fisioterapeuta.
(3)
A Fisioterapia intensiva é responsável pelo manejo da ventilação
mecânica (VM) que é utilizada na insuficiência respiratória aguda a fim de
manter as trocas gasosas pulmonares, reduzir o trabalho respiratório, manter
os volumes pulmonares e diminuir a dispnéia. (3)
Com o aparecimento de complicações respiratórias pelo tempo
prolongado de intubação orotraqueal (IOT), principalmente a pneumonia
nasocomial (PN), surgiu a ventilação não-invasiva com pressão positiva
(VNIPP) para ofertar um suporte ventilatório a pacientes com IRPA sem os
riscos para a ocorrência de infecções e suas conseqüências. Vários trabalhos
foram surgindo relatando a eficácia da VNIPP em evitar a IOT, diminuir as
complicações devido à VM e o tempo de permanência na UTI. (3)
Os fisioterapeutas estão envolvidos na aplicação da VNI desde a
epidemia de poliomielite, estes profissionais administravam rotineiramente
medicação respiratória através de um tipo de VNI, a respiração por pressão
positiva intermitente (RPPI) a fim de melhorar a ventilação e reduzir a dispnéia.
Desta forma os fisioterapeutas estão envolvidos com sua aplicação e
pesquisas em diversas situações clínicas. (3)
Estes profissionais atuam na aplicação da VNI como membros-chave e
em diferentes níveis como: avaliação do paciente; início da terapia, com a
escolha do aparelho e adaptação do paciente à máscara e à máquina;
planejamento de um programa de reabilitação em paralelo, como necessidade
de oxigênio durante as atividades e treinamento de todo o corpo; plano de alta,
com treinamento do paciente e/ou acompanhante quanto aos cuidados e
operação do equipamento; e acompanhamento.
(3)
O uso da VNI deve ser visto como uma adição às técnicas de fisioterapia
intensiva fazendo parte de um programa de reabilitação global, ajudando a
19
aumentar
a
tolerância
dos
pacientes
a
outros
procedimentos
fisioterapêuticos.(3)
O uso da VNIPP tem-se expandido nos últimos anos. Isso se deve em
parte à publicação de estudos bem controlados que documentaram as
vantagens da VNIPP sobre a abordagem convencional no tratamento da
insuficiência respiratória aguda de diversas etiologias, como DPOC, pneumonia
grave, infecção por Pneumocystis
carinii, edema pulmonar cardiogênico,
insuficiência respiratória pós - extubação ou como técnica de “desmame” da
ventilação mecânica invasiva.(14)
Em pacientes com IRPA do tipo I hipoxêmica, deve-se considerar a
instalação de ventilação mecânica, quando a PaO2 mantiver-se abaixo de 60
mmHg, apesar do uso de altas FiO2. Um passo inicial, antes da entubação,
nessas situações, pode ser a terapia com dispositivos do tipo CPAP (pressão
positiva, contínua, nas vias aéreas). (6)
O uso do CPAP pode levar a melhoras dramáticas da oxigenação devido a
efeitos fisiológicos variados, tais como a expansão alveolar, o combate às
microatelectasias e o aumento da capacidade residual, funcional. Está indicado
apenas em pacientes sem comprometimento importante do nível da
consciência, tendo seu uso já sido associado a complicações, tais como
dilatação gasosa do estômago, com vômitos e aspiração, e mesmo a necrose
de bochecha nos pontos de contato facial. (6)
Nos últimos anos, as indicações de suporte ventilatório não invasivo
através de equipamentos do tipo Bipap (Bilevel positive airway pressure) têm
crescido bastante. Tais dispositivos permitem a administração de altos fluxos
de gás através de máscara facial ou nasal, e a simultânea regulação das
pressões inspiratórias e expiratórias de maneira independente. (6)
Desse modo, o volume corrente é gerado em função do gradiente de
pressão, inspiratório e expiratório e do padrão respiratório dos indivíduos.
Aparelhos desse tipo têm se mostrado bastante úteis no manuseio de
pacientes com IR do tipo II. Atualmente, são indicados, inclusive, para a
manutenção de pacientes que necessitam de suporte ventilatório domiciliar,
crônico, tais como os portadores de moléstias neuromusculares. (6)
20
O tratamento em pacientes com disfunção importante do drive respiratório,
normalmente faz-se necessária a IOT e VM. Em contrapartida, o III Consenso
Brasileiro de Ventilação Mecânica (2007) traz o que hoje, apesar de alguns
estudos considerarem casuísticas heterogêneas, mostram benefícios do uso da
ventilação mecânica não invasiva em reduzir a necessidade de intubação,
complicações associadas à ventilação mecânica e mesmo mortalidade quando
a VMNI e comparada com tratamento convencional, ou mesmo com a VMI,
para cuidados de pacientes com insuficiência respiratória.
(5,13)
Com bases em estudos realizados, o III Consenso Brasileiro de Ventilação
Mecânica recomenda que o uso da VMNI parece ser útil para diminuir a
mortalidade em subgrupos específicos de pacientes com insuficiência
respiratória hipoxemica. (5,13)
A oferta de oxigênio é fundamental na hipoxêmia. A FiO2, fração inspirada
de oxigênio, ofertada deve ser aquela que proporcione saturação de O2 ideal
para idade, no jovem 96%. Para baixas frações, os catéteres, para altas
frações as máscaras de nebulizações faciais com ou sem reservatório, estas
permitindo FiO2 até 100%. (2)
Afirma também que a Assistência Ventilatória, é utilizada através da
Ventilação mecânica Invasiva (VMI) ou Não Invasiva ( VMNI ). A VMI é
efetuada em situações protetora, e sempre indicada com glasgow < ou igual a
8 é em quadros agudos. A VMNI deve ser utilizada como terapia de escolha e
será contra-indicada em pacientes inconscientes e com pneumotórax não
drenado. (2)
Deve ser realizada desobstrução das vias aéreas, aspiração de qualquer
conteúdo presente. Retirar próteses e se necessário manter guedel provisório
em paciente sem previsão de intubação. Manter o paciente em decúbito
elevado pois a elevação do decúbito favorece a contração diafragmática o qual
desce ao contrair. Observar sempre a Oximetria de pulso que é dado indicativo
de oxigenação sanguínea. (2)
As técnicas de fisioterapia intensiva, objetivando o aumento da
permeabilidade das vias aéreas e prevenção do acumulo de secreções
brônquicas, são amplamente utilizadas nas UTI. As técnicas desobstrutivas
21
incluem a compressão torácica manual (CTM), hiper-insuflacão manual (HM),
drenagem postural (DP), aspiração traqueal, dentre outras.
(9)
Acredita-se que a higiene brônquica proporciona melhora na mecânica
respiratória através do aumento da complacência pulmonar dinâmica (Cdyn)
e diminuição da resistência do sistema respiratório (Rsr). (9)
Foi avaliada a técnica de HM em 18 pacientes com VMI comparando com
aspiração traqueal isolada. A Cdyn aumentou em 30% após a técnica de HM e
maior volume de secreção pulmonar foi removido apos a sua realização.(9)
Apesar da maioria dos estudos compararem as técnicas isoladamente, a
combinação entre elas e a prática mais utilizada por fisioterapeutas que atuam
nas UTI com o objetivo de remover secreções respiratórias. (9)
A FI faz parte do atendimento multidisciplinar oferecido aos pacientes em
UTI. Sua atuação é extensa e se faz presente em vários segmentos do
tratamento intensivo, tais como o atendimento a pacientes críticos que não
necessitam de suporte ventilatório; assistência durante a recuperação do
paciente, com o objetivo de evitar complicações respiratórias e motoras;
assistência a pacientes graves que necessitam de suporte ventilatório.
(13)
Nesta fase, o fisioterapeuta tem uma importante participação, auxiliando na
condução da ventilação mecânica, desde o preparo e ajuste do ventilador
artificial à intubação, evolução do paciente durante a ventilação mecânica,
interrupção e desmame do suporte ventilatório e extubação. (13)
O FI desempenha um papel fundamental na assistência ao paciente crítico,
uma vez que evita complicações secundárias, diminuindo o tempo de
internação, a necessidade de antibióticos, o número de óbitos e libera mais
rapidamente os leitos, auxiliando assim, a equipe na prevenção de
complicações respiratórias. (7)
22
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do exposto, observou-se que a IRPA é a falha dos pulmões em
promover uma adequada oxigenação ou ventilação para o sangue. Sendo a
síndrome de maior prevalência em UTI, causada por uma grande variedade de
doenças,
não
necessariamente
pulmonares,
apresentando
significativa
mortalidade.
A abordagem do fisioterapeuta intensivista no paciente com IRPA será para
promover condições para uma adequada ventilação e oxigenação, deve
apresentar medidas Imediatas para promover a desobstrução de vias aéreas;
oxigenioterapia (catéter, máscara, VMNI ou VMI); posicionamentos adequados
(elevação de decúbitos); monitorização do paciente.
A FI faz parte do atendimento oferecido aos pacientes em UTI, sua atuação
é extensa e se faz presente em vários segmentos do tratamento intensivo, uma
vez que sua atuação evita complicações, diminui o tempo de internação, o
número de óbitos e libera mais rapidamente os leitos.
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
-
HOVNANIAN,
A.
L.
D;
CARVALHO,
C.
R.
R.
Insuficiência Respiratória Aguda. Livro Clínica Médica: dos Sinais e
Sintomas ao Diagnóstico e Tratamento. Barueri: Manole, 2007. Disponível
em 04/07/11
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2152/insuficiencia_respir
atoria_aguda.htm
2 - FERRARI, D. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA. Terapia Intensiva
Moderna. Disponível em 11/07/11
http://www.medicinaintensiva.com.br/IRpA.htm
3
-
LIMA,
F.
M.
R.;
PELUSO,
A.
Q.
L.;
VIRGÍNIO,
F.
B.
Ventilação não invasiva com pressão positiva na insuficiência
respiratória aguda: Prevenção e reintubação. Disponível em 15/04/11
http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/respiratoria/i
nvasiva_fabiola.htm
4 - GOMES, T. R. V. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA: UMA
PROPOSTA PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA UTI .
Disponível em 25/05/11
http://200.169.226.82/13cbcenf/sistemainscricoes/arquivosTrabalhos/insufici
encia%20respiratoria%20aguda%20uma%20proposta.pdf
5 - MOREIRA, M. F.; SILVEIRA S. C.; BASSINI, S. R. F. Principais causas da
insuficiencia respiratoria aguda em unidade de terapia intensiva de um
hospital publico da Zona Leste de São Paulo. Disponível em 28/06/11
http://site.fmabc.br/admin/files/revistas/32s2amabcs8.pdf
24
6 - PÁDUA AI; ALVARES F & MARTINEZ JAB. Insuficiência respiratória.
Medicina, Ribeirão Preto,36: 205-213, abr./dez. 2003.
7 - FERRARI, D; PINTO, A; TADINE, R. Fisioterapia Intensiva: Nova
especialidade e modelo educacional. Revista Intensiva, 2005; vol 1.
8 - BADKE, T. A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA
RESPIRATÓRIA
DE
PACIENTES
MUSCULAR
PROGRESSIVA
PORTADORES
DO
DE
TIPO
DISTROFIA
DUCHENNE:
REVISÃOBIBLIOGRÁFICA. CASCAVEL, 2003.
http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:i63c10PrG0J:www.unioeste.br/projetos/elrf/monografias/2003/mono/01.pdf+FISI
OTERAPIA+NA+insuficiencia+respiratoria&hl=pt-
9 - KUSIAK. V.; ADEGA, C.; SAVI. A; DIAS, A. S. Comportamento da
Mecânica Pulmonar apos a Aplicacao de Protocolo de Fisioterapia
Respiratoria e Aspiracao Traqueal em Pacientes com Ventilacao
Mecanica Invasiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva.Vol. 19 No 2,
Abril-Junho, 2007
10 - ROCHA, M. M. P. Incidência de pneumonia nasocomial em uma
unidade de terapia intensiva do município de Maringa, estado do Paraná.
Revista Saúde e Pesquisa, v. 1, n. 1, p. 39-43, jan./abr. 2008.
11 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA.
Diretrizes brasileiras para tratamento das pneumonias adquiridas no
hospital e das associadas à ventilação mecânica. J Bras Pneumol. 2007;
33 (Supl 1):S 1-S 30.
25
12 - FERRARI, D; PINTO, A; TADINE, R. Fisioterapia Intensiva: Nova
especialidade e modelo educacional. Revista Intensiva, 2005; vol 1.
13 - JERRE ,G. E COL. III Consenso brasileiro de ventilação mecânica.
Fisioterapia no paciente sob ventilação mecânica. J. Bras. Pneumol.
2007; 33 (Supl 2): S 142-S 150.
14 - Holanda, M. A, Oliveira C. H, E. col. Ventilação não-invasiva com
pressão
positiva
em
pacientes
com
insuficiência
respiratória
aguda:fatores associados à falha ou ao sucesso. J Pneumol 27(6) – novdez de 2002.
15 - JERRE, G. E COL. Fisioterapia no paciente sob ventilação mecânica.
J. bras. pneumol. vol.33 suppl.2 São Paulo July 2007.
Download