Discurso proferido pelo deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS), em sessão no dia 09/12/2014. CHIKUNGUNYA: UM DESAFIO URGENTE Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Desde 2009, encontros internacionais de saúde já apontavam a necessidade de se preparar para a chegada do vírus da Febre Chikungunya nas Américas e a potencialidade desta patologia. Chikungunya é uma palavra em Makonde, um dialeto de um grupo étnico que vive entre a Tanzânia e Moçambique, que significa “aquele que se curva”, em referência ao aspecto sintomático do infectado pelo vírus CHIKV. Esta doença é nova no Brasil, não tem vacina e não há imunidade, logo todas as pessoas podem ser infectadas. Ela é transmitida de forma semelhante a dengue, ou seja, pelo mosquito Aedes Aegypti e Aedes Albopictus. Além dos mosquitos, roedores, pássaros, pequenos mamíferos e primatas incluindo os seres humanos são reservatórios do vírus em uma epidemia. Em grávidas, a doença pode ser transmitida ao bebê no momento do parto. As crianças não adquirem imunidade pela mãe infectada. Há registros de abortos antes do terceiro mês de gestação. As epidemias desta doença ocorriam em países da África, Europa e países insulares dos oceanos Índico e Pacífico. Porém, em outubro de 2013, iniciaram os primeiros registros em países caribenhos. Na atualidade, toda a América Central, Estados Unidos, Colômbia, Venezuela, Guianas, Paraguai e Brasil já apresentam casos de transmissão. Ao todo, esses países já contabilizam 770.000 casos. Em nosso país, os primeiros infectados foram confirmados pelo Ministério da Saúde em setembro. A maioria dos casos registrados foram no Amapá e na Bahia, porém, já temos um caso notificado em meu estado, Mato Grosso do Sul. Nos infectados, até 97% apresentam os sintomas de febre e poliartralgia, ou seja, dores em diversas articulações. Os sintomas mais importantes regridem em até 12 dias, porém o paciente pode ter recaídas por alguns meses ou até anos. As febres iguais ou maiores que 39º perduram por até uma semana, aparecendo no primeiro dia e pode ser contínua ou intermitente. As dores nas articulações, mais comuns em mãos e pés, aparecem em 100% dos casos, podem ser bilaterais, graves e debilitantes. A incapacidade para tarefas cotidianas como dirigir e cozinhar é resultado das dores, inflamações e rigidez. Nas formas mais agudas pode apresentar lesões vesiculobolhosas em crianças, além de edemas, conjuntivite, dores de cabeça e nauseas. Não existe tratamento para a doença, apenas para aliviar sintomas, como a utilização de paracetamol, repouso absoluto e hidratação. Nos casos mais graves recomenda-se a utilização de corticosteroides. São por essas características que solicito a esta Casa imediata elaboração, em conjunto com o Ministério da Saúde, de um plano de combate a uma realidade epidemiológica. Não podemos pensar a Chicungunya como uma nova Dengue, pois apresenta sua forma crônica de forma mais comum, logo temos de enfrentá-la com maior rigor e com planejamento. Tenho total confiança nos profissionais de saúde que vem desempenhando um importante papel no combate a Dengue, porém, além de técnicos precisamos de uma estratégia montada de atenção, capacitação multiprofissional, adequação de ambientes, manejo clínico, abordagem terapêutica, aquisição de cadeiras de rodas e macas mais baixas, por exemplo, além de, rastreamento, diagnóstico e tratamento. Nossos médicos, enfermeiros, agentes de saúde não se furtarão em dar as suas contribuições para este enfrentamento. Agora é momento dos gestores fomentarem o planejamento, disponibilizarem as estruturas e garantirem o mínimo de sofrimento para pacientes em potencial. Porém, por vezes, os gestores não fazem a sua parte. No ano de 2008, viabilizei o valor de R$ 1.684.950,00 para obras de ampliação do Hospital Dia Professora Esterina Corsini que pertence ao Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Por profundas dificuldades em responder as diligências no projeto, a primeira parcela de R$ 206.250,00 foi paga apenas em março do ano passado, possibilitando assim a licitação e o início das obras. Esta seria a unidade mais preparada para o atendimento dos pacientes com Chicungunya, por ser o departamento de infectologia do HU, porém, a edificação está parada, pois a construtora abandonou a obra. Desta forma, se justifica a minha preocupação: teremos as medicações à mão quando de uma possível epidemia? teremos departamento de fisioterapia a disposição do público infectado? Como os Estados e em especial, o Mato Grosso do Sul estão se preparando para as respostas imediatas que a patologia exige? Para que situações como a descrita não se repita, para que não surjam mais dúvidas, realizo este alerta com antecedência. Como médico, coloco-me a disposição para organizarmos um grupo de elaboração e fiscalização de modo a darmos respostas a sociedade antes da epidemia totalmente instalada. Muito obrigado pela atenção. Deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS)