Título da Comunicação: DECISÕES DE CUSTOS EM ÉPOCAS DE CRISE: aspectos relevantes em orçamentos de investimentos (CAPEX) Autor: Luciano Carlos Lauría Brasil Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais – ICEG PUC Minas [email protected] Área temática: A1 – Custos em tempos de crise econômica e financeira Palavras-chave: Investimentos, custos e despesas. CAPEX e OPEX. Tomada de decisões. Produzir ou comprar. Análises. Resultados. Metodologia de investigação: M1 – Analytical/Modelling DECISÕES DE CUSTOS EM ÉPOCAS DE CRISE: aspectos relevantes em orçamentos de investimentos (CAPEX) Luciano Carlos Lauría [email protected] Resumo Na atualidade da gestão das empresas, em um ambiente fortemente caracterizado pela restrição de gastos e pela necessidade da realização de investimentos para o objetivo da modernização das operações, visando maior competitividade, é requerida a elaboração de um planejamento acompanhado de análises orçamentárias, envolvendo alternativas para diminuir desembolsos de recursos, de custos e de riscos operacionais, procurando assim assegurar melhor rentabilidade. As duas opções mais comuns para essas análises, conhecidas pelas siglas CAPEX (Capital Expenditure, ou investimento em bens de capital) e OPEX (Operational Expenditure, ou despesas operacionais), são denominações nem sempre bem compreendidas, especialmente considerando aspectos relevantes como os custos envolvidos, internos e externos ao negócio, o alinhamento dos resultados econômicos com os fluxos monetários e com os recursos financeiros, as previsões e análise incrementais, delimitações de capitais, custo de oportunidade, dedutibilidade tributária de gastos e dependências a fornecedores, entre outras questões. A análise comparativa entre as opções permite avaliar os custos e as despesas operacionais, o montante de investimento e dos riscos correspondentes, o retorno dos investimentos e a rentabilidade entre as duas alternativas, bem como viabilizando estudos complementares voltados a projeções para os prazos do ciclo de vida de um projeto e as diversas estimativas perante cenários econômicos de crescimento, estagnação ou recessão. Com a realização de estudos apoiados em planilhas de análise para cada alternativa, adotando técnicas que consideram o valor do dinheiro no tempo, podem-se reduzir as dificuldades nas decisões e facilitar a avaliação entre a opção de 2 investimento ou a alternativa da realização de serviços com terceiros ou ainda a otimização das próprias estruturas de funcionamento da empresa, possibilitando assim economia de capital, muito importante em épocas de crise e de restrições de recursos em face da instabilidade nos cenários mundiais. DECISÕES DE CUSTOS EM ÉPOCAS DE CRISE: aspectos relevantes em orçamentos de investimentos (CAPEX) 1. INTRODUÇÃO Uma questão recorrente na atualidade da gestão das empresas, no ambiente de restrição de gastos e de corte orçamentário, é a decisão, sempre muito difícil, da realização de investimentos no ativo imobilizado motivada pela necessidade da modernização das operações e da maior competitividade, em contraponto a alternativa de contratar serviços e/ou alugar equipamentos e instalações, assumindo assim menores riscos operacionais. Por impactar diretamente os custos e os resultados, nem sempre é fácil a tomada de decisões e o exame dos múltiplos aspectos que envolvem a escolha de uma das opções, pois em cada uma existem prós e contras que afetam os custos e a rentabilidade do negócio. Para a construção de uma boa estratégia empresarial, o planejamento que envolve o estudo sobre as aquisições, manutenção e a substituição de ativos fixos são vitais para as organizações, pois além de envolver grandes cifras, são vinculados a investimentos de longo prazo e difíceis de reverter após a decisão tomada. Acrescente-se a isso que, com os movimentos de mercado muito intensos, aliados a processos de fabricação flexíveis e a busca contínua da inovação, vem a exigir muita rapidez no processo decisório em um ambiente de incerteza e de turbulência no sistema econômico mundial. 3 Por isso, medir e examinar as alternativas entre investir (CAPEX) ou comprar (OPEX), é de grande relevância na era da informação e da competição, acentuada com a crise financeira que afeta muitos países e empresas, exigindo um procedimento amparado em métodos de análise e um exame bastante rigoroso para subsidiar as análises que envolvem grandes cifras e longos prazos. 2. AS TERMINOLOGIAS CAPEX E OPEX E SUAS PARTICULARIDADES É comum haver dúvidas entre os termos CAPEX e OPEX. Elas são utilizadas na administração das empresas como uma forma de simplificar as duas opções mais recorrentes na gestão orçamentária, a decisão de investir ou não em ativos fixos, que como esclarece Martins (2003, p. 226), “a decisão depende, pois, não só da atual estrutura de custos, mas da que existirá após o momento da decisão.” CAPEX é a sigla em inglês da expressão Capital Expenditure, que significa “investimento em bens de capital” e designa o montante de recursos investidos na aquisição ou melhoria de bens (máquinas, equipamentos, instalações, terrenos e demais itens de investimento fixo) de uma determinada empresa, visando as operações. É termo utilizado em análises de investimentos em projetos, como medida de base ao exame do retorno sobre o investimento que será realizado. Esses investimentos podem ser feitos através de aquisição ou desenvolvidos pela própria empresa. OPEX é a sigla em inglês da expressão Operational Expenditure, que significa “despesas operacionais” e designa o montante de recursos gastos (custos ou despesas) necessários para o funcionamento de uma empresa. Portanto OPEX é o gasto cotidiano (custo ou despesa, conforme a destinação) realizado constantemente para manter tanto o funcionamento 4 das atividades do negócio, envolvendo custos com manutenção de equipamentos, custos com empregados, combustíveis, entre outros, além das despesas gerais como as da alçada administrativa, comerciais e tributárias, quanto os gastos para realização dos serviços contratados com terceiros. Por força da dificuldade de obtenção de recursos para investimentos, bem como o cenário competitivo e crises econômicas decorrentes da conjuntura financeira local e mundial, as empresas acabam tendo que optar por OPEX ao invés de CAPEX. Isso é feito através da terceirização ou parcerias com outras empresas em consórcio, bem como o recurso ao aluguel. mencionam que é Nesse aspecto, Bertó e Beulke (2006, p. 252) o “contraponto inevitável no gerenciamento de desempenho a comparação dos custos internos da empresa com os custos de serviços externos similares, disponíveis no mercado”. Uma vantagem do CAPEX é que o investimento fica inteiramente aplicado nas operações da empresa, que irá depreciá-lo na medida da previsão da sua duração (vida útil esperada do bem). Tem o inconveniente dos encargos financeiros e do custo de oportunidade do capital investido, que pode ser alto e exigir um retorno rápido o que nem sempre é possível. A vantagem da OPEX é a economia do capital, que não é requerido para o investimento, passando a ter-se um custo ou uma despesa, dependendo do uso do gasto – respectivamente, se para a fabricação de produtos Conforme ou para essa outras finalidades classificação (custo administrativas ou despesa e e operacionais. o tempo de processamento do produto, estocagem e venda), a OPEX pode trazer a vantagem da dedutibilidade tributária do gasto, em contraponto com o CAPEX, que será depreciado conforme a previsão da vida útil e dedutível conforme as taxas definidas na legislação dos impostos sobre o resultado. 5 Os recursos incorridos na aquisição de bens (CAPEX) ficam então inseridos no patrimônio das empresas (ATIVO) e os recursos gastos no custeio (OPEX) são reconhecidos no resultado no mês na competência do gasto. E nessa linha de raciocínio, Groppelli e Nikbakht (2001, p. 120), esclarecem que uma empresa “pode efetuar dois tipos de gasto: circulante ou capital. Os gastos correntes ou circulantes são de curto prazo e são debitados como despesas no exercício em que ocorrem. capital são de longo prazo e são amortizados (seus Os gastos de valores são gradualmente reduzidos) durante vários anos de acordo com o regulamento da Receita Federal”. Na análise do fluxo de caixa, os recursos do CAPEX são tratados como saída de caixa integral quando do período de aquisição (ou formação) e os recursos do OPEX, no período em que forem desembolsados. Como os recursos do CAPEX são geralmente expressivos, o uso das disponibilidades do caixa para atender a esse investimento pode fazer falta para outros desembolsos, inclusive, o de pagamento de dividendos a acionistas. Atkinson, Banker, Kaplan e Young (2000, p. 419), bem como outros autores como Garrison, Noreen e Brewer (2007, p. 502), tratam dessa questão na abordagem da decisão de produzir ou comprar. Nas empresas integradas verticalmente, por exemplo, comentam que cria-se menor dependência de fornecedores e garante-se um fluxo mais contínuo de componentes e materiais à produção, além de acreditar-se em um melhor controle da qualidade produzindo seus próprios componentes e materiais, em lugar da dependência dos padrões de qualidade de fornecedores externos. Já em contraponto a esses aspectos, a terceirização e a subcontratação com outras empresas podem resultar em reduções de custos e atender aos esforços corporativos globais, evitando-se custos diretos e também indiretos, quando se conseguir satisfatoriamente reposicionarem-se os recursos e atividades que são alvo de rateios, mas que quase sempre são inevitáveis ou fixos. Importante é salientar que, em qualquer análise, as estimativas de receitas, de custos e despesas devem ser compostas independentemente das 6 atuais, ou seja, são as estimativas incrementais relevantes para o projeto de análise entre CAPEX e OPEX, que impactam não só o fluxo de caixa, mas também trazem grandes influências nos resultados econômicos e no nível de investimentos financeiros do negócio. 3. A ABORDAGEM ECONÔMICA, FINANCEIRA E MONETÁRIA NAS DECISÕES DE INVESTIMENTOS No exame que envolve a decisão entre CAPEX e OPEX, é necessário definir a abordagem utilizada para subsidiar a proposição para o tomador de decisão, evidenciando as vantagens e os ganhos de uma opção perante a outra. Essa abordagem pode compreender um contexto econômico, e/ou financeiro ou ainda monetário, dependendo da extensão da análise e dos resultados. Ao comentarem que os estudos para a realização de um investimento devem considerar as variáveis técnicas, mercadológicas, econômicas e financeiras, Bertó e Beulke (2006, p. 253), informam que “quando se fala em custos, em geral, se está vinculando seus temas ao aspecto econômico”. E complementam que, no “que diz respeito a um estudo de investimento, normalmente se deseja saber qual é o volume necessário de produtos ou serviços que deve ser gerado, e em que tempo, para que o valor investido retorne ou seja recuperado.” Provavelmente, o contexto da análise decisorial entre produzir ou comprar deverá abranger todos estes três pontos de vista, pois a melhor decisão é a que leva em consideração os resultados econômicos (a viabilidade econômica), com uma geração adequada de caixa (a utilização de recursos monetários gerados e disponibilizados pelo caixa do projeto/investimento) e a questão das fontes de recursos próprios e de terceiros para o financiamento dos investimentos fixos e de giro para o projeto (a questão financeira). Em geral, a decisão que envolve tanto a aquisição de ativos imobilizados (CAPEX) quanto o de incorrer em maiores despesas e custos 7 (OPEX), implica em impactos econômicos (aumento ou redução de lucros), em monetários (geração e necessidade de caixa) e em financeiros (fontes de financiamento e estruturas de capital). Esse composto de análise é bem evidenciado através dos próprios relatórios contábeis de maior utilização para mensuração de viabilidade e de avaliação da geração de riqueza, que são a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), pois de toda forma, qualquer análise que envolver a aquisição de ativos imobilizados ou o assumir de despesas trará impactos nesses três contextos e nesses demonstrativos. 4. ASPECTOS RELEVANTES PARA O EXAME DAS ALTERNATIVAS ENTRE CAPEX E OPEX O foco da gestão das empresas tem migrado da ideia convencional da geração da margem de lucro para o da rentabilidade do capital e da riqueza dos acionistas. Como afirma Assaf Neto (2012, p. 159), ao ponderar sobre as alternativas das empresas no mundo globalizado, “torna-se cada vez mais difícil às organizações viabilizar economicamente seus investimentos por meio de decisões direcionadas ao aumento de preços e de participação de mercado, conforme consagradas por longo tempo no passado.” E, em paralelo a essas restrições, Assaf Neto complementa que “a redução de despesas, tendo como base o corte de valores monetários, outra medida adotada com ampla preferência, não introduz maior vantagem competitiva na nova ordem econômica, em que todas as empresas podem ter acesso e seguir o mesmo receituário de economia de gastos”. Para o objetivo de agregar valor ao negócio e gerar riqueza aos acionistas, conclui Assaf Neto (2012, p. 160) que “criar valor para uma empresa ultrapassa o objetivo de cobrir os custos explícitos identificados nas vendas”, incorporando o entendimento e o cálculo da remuneração dos custos implícitos como o do custo de oportunidade do capital investido. 8 Assim, para que uma análise possa ser empreendida e culminar com uma escolha que proporcione maior redução e melhor racionalização dos custos e despesas, permitindo que uma alternativa seja escolhida e recomendada para a tomada de decisão, é necessário que se considere, com base na moderna teoria das finanças e como abordado por Brealey e Myers (1992), Atkinson, Banker, Kaplan e Young (2000), Weston e Brigham (2000), Ross, Werterfield e Jordan (2000), Brigham, Gapenski, Ehrhardt (2001), entre outros, as seguintes questões: · da oportunidade da realização do projeto, com ou sem investimento imobilizado; · da estimativa das receitas, dos custos e das despesas que envolvem o projeto e dos tributos sobre o resultado; · da previsão da duração do investimento e do tempo de análise; · da escolha dos métodos de avaliação de investimento; · da determinação do custo de oportunidade do capital. Todos esses aspectos precisam merecer especial cuidado nas duas opções, diminuindo a incerteza e desenvolvendo a indicação consistente da melhor alternativa em termos não só de resultados econômicos, mas também financeiros e monetários. 4.1 A oportunidade da realização do projeto Todo e qualquer investimento precisa ser examinado em profundidade, pois requer recursos que podem impactar fortemente os resultados das empresas, que precisam antecipar-se aos concorrentes no atual ambiente competitivo de crise financeira. O leque de probabilidades requer que se examine com profundidade a decisão do investimento, contrapondo-a com a de não investir e realizar o que for necessário através de serviços de (ou com) terceiros. Como característica de um investimento, afirmam Atkinson e outros (2000, p. 523), é um “valor monetário dos recursos que uma empresa libera 9 na aquisição de um ativo de longo prazo”, e assim, torna-se imprescindível um processo focalizado em aspectos relevantes, dentro dos objetivos estratégicos da empresa, visando seu posicionamento competitivo com melhores resultados. Para assegurar maior competitividade, exige-se um exame cuidadoso dos cenários econômicos, das incertezas, das implicações para todos os públicos internos e externos e principalmente das forças competitivas, de modo a avaliar as estratégias e táticas a serem estudadas antes de serem implementadas. Um caminho importante nesse exame é verificar a consistência das informações e dados, competências e habilidades, fundamentadas e conhecidas que impactam (em maior ou menor grau) as previsões, especialmente os custos e o alinhamento dos resultados econômicos e sociais para promover o aumento do valor da empresa no tempo. Alertam Ross e outros (2000, p. 247) que, “independentemente de quão cuidadosos formos ao organizar e processar os números, os resultados ainda poderão ser extremamente enganosos” e que acontecerá uma má decisão se “formos exageradamente otimistas a respeito do futuro, e, consequentemente, nossas previsões de fluxos de caixa não refletirem de maneira realista os fluxos de caixa futuros possíveis”. Outro aspecto importante é o exame do conjunto de procedimentos voltados a avaliar, comparar e selecionar projetos, processo esse denominado de orçamento de capital. Nesse aspecto e quanto a disponibilidade do capital para investimento, observam Groppelli e Nikbakht (2001, p. 119) que é “um recurso muito limitado, seja na forma de capital de terceiros, seja na de capital próprio”. Ao deparar com fontes limitadas de capital, a “administração deve decidir com cuidado se um determinado projeto é ou não economicamente aceitável”. 4.2 A estimativa das receitas, dos impostos, dos custos e das despesas 10 No foco da identificação da melhor alternativa para a realização do projeto, é primordial a estimativa das receitas, dos impostos que oneram as receitas, dos custos para a fabricação de produtos, aquisição de mercadorias ou prestação de serviços, bem como das despesas operacionais, permitindo o exame entre as duas opções, CAPEX ou OPEX, pois o resultado econômico é que assegurará a viabilidade do projeto. E o resultado econômico é a primeira abordagem, por sinal a mais importante, pois como salientado na seção 3, a visão econômica trata da medida da capacidade da geração do lucro, que é decorrente do confronto entre receitas, tributos, custos e despesas. As receitas, os custos, as despesas e os impostos devem ser consideradas cumprindo o princípio da competência do exercício, tendo por objetivo apresentar o resultado econômico a cada exercício. Devem-se separar os gastos operacionais, vinculados a fatos contábeis que tenham relação com as operações continuadas da atividade principal. Os gastos financeiros e receitas financeiras devem ser segregados, para evidenciar-se o resultado operacional antes dessas influências. Na abordagem monetária, em que se estimam os fluxos de caixa, ou seja, o fluxo líquido real de dinheiro, esclarecem Weston e Brigham (2000, p. 561), que é a que “se opõem ao lucro líquido contábil que flui para dentro (ou para fora) de uma empresa em um período especificado”, e “é o passo mais importante, mas também mais difícil, na análise de um projeto de capital”. Isso pela razão que muitas variáveis estão relacionadas na estimativa do fluxo de caixa. Explicam ainda Weston e Brigham (2000, p. 562) que “um importante elemento na estimativa do fluxo de caixa é a identificação dos fluxos de caixa relevantes, que são definidos como uma série específica de fluxos de caixa que deveria ser considerado na decisão em questão”. E para obter o fluxo de caixa líquido, soma-se ao lucro líquido do período o valor da depreciação, item não monetário, pois como salientam Weston e Brigham (2000, p. 563), para a maioria dos projetos, “a depreciação é de longe o maior custo não monetário”. 11 Ross e outros (2000, p. 64) informam que, para calcular o fluxo de caixa operacional, deve-se obter a diferença entre receita menos custos, mas não deve ser incluída a depreciação, pois não é uma saída de caixa, e nem incluir juros, pois são despesas financeiras. Quanto aos impostos, Ross e outros (2000, p. 61) registram que “podem representar uma das maiores saídas de caixa da empresa e que a magnitude do pagamento de impostos é determinada pela legislação tributária, um conjunto de normas frequentemente revisto e alterado”. Na análise decisorial envolvendo CAPEX e OPEX, como mencionam Garrison e outros (2007, p. 40), “cada alternativa possuirá custos e benefícios que precisarão ser comparados aos custos e benefícios das outras alternativas existentes.” Essa diferença de custos entre duas alternativas é denominada de custo diferencial ou incremental e a diferença de receitas entre quaisquer das duas alternativas é chamada de receita diferencial. O conhecimento dos custos é essencial, pois são os custos que refletem os recursos que a empresa investe para obter produtos ou mercadorias e/ou prestar serviços a seus clientes. Atkinson e outros (2000, p. 85) chamam a atenção para a importância do custo, pois “realizando as mesmas coisas com menos recursos e, portanto, menores custos, significa que a empresa está tornando-se mais eficiente”. 4.3 A previsão da duração do investimento e do tempo de análise Os planos econômicos e financeiros de qualquer empresa são elaborados considerando as metas organizacionais, provendo, como mencionado por Ross e outros (2000, p.43) a “maximização de lucro”, pois este é o objetivo empresarial mais freqüentemente citado. Salientam Atkinson e outros (2000, p. 530), que “a maioria dos investimentos provê uma série de rendimentos durante um período 12 especificado no futuro”, denotando que não há como saber se há vantagem ou não em considerar se um investimento deve ser feito, se não estabelecer um prazo de duração em que o projeto seja examinado como viável. É necessário observar, conforme Bruni e Famá (2011, p. 312) que “segundo o custeio do ciclo de vida, o custo de determinado produto ou serviço deveria ser analisado ao longo de sua vida útil” e, para isso, “podem ser empregadas técnicas de engenharia econômica ou orçamento de capital”, devendo ser feita em aquisições de bens cujo aproveitamento econômico ocorra ao longo de uma vida útil relativamente extensa, como a aquisição de itens do ativo imobilizado. Como os investimentos tratam do comprometimento de grandes somas de recursos e são feitos para um grande período de tempo, envolve o elemento de incerteza, como mencionam Figueiredo e Caggiano (1997). Uma vez tomada a decisão, é muito difícil de ser revertida, obrigando a um cuidado primordial quanto ao prazo e ao tempo de duração do projeto de investimento. Ross e outros (2000, p. 61), ao tratarem das duas partes do futuro de análise de investimento, o curto e o longo prazo, esclarecem que essa distinção “está relacionada ao fato de que os custos podem ser fixos ou variáveis”. A longo prazo, afirmam, “todos os custos são variáveis”, o que significa dizer que no exame de alternativas de longo prazo, os custos estarão vinculadas a demonstração de resultado como custo da mercadoria vendida e que, “de maneira análoga, os custos do período são incorridos durante um determinado período e podem ser divulgados sob os nomes de despesas de venda, gerais e administrativas”. 4.4 A escolha dos métodos de avaliação de investimento 13 Como o valor de uma empresa depende das decisões gerenciais que envolvem continuadamente a questão da realização de investimentos para assegurar melhor competitividade, tanto em termos de aquisição de bens e equipamentos quanto em termos de melhorias e mudanças em custos e despesas, os gestores procuram conhecer os resultados prevendo o que pode acontecer no futuro e tomando a decisão de fazer, se perceberem, para o prazo determinado, o recebimento de algo mais que o valor investido ou sacrificado. Essa motivação determina a escolha de critérios para avaliação das alternativas. Os critérios mais usados, segundo Figueiredo e Caggiano (1997, p. 91), envolvem o “método do período de payback, a taxa contábil de retorno e as técnicas de fluxo de caixa descontado, para os quais existem duas formas principais, o valor presente líquido e a taxa interna de retorno”. Afirma Assaf Neto (2003, p. 299) que “os métodos quantitativos de análise econômica de investimentos podem ser classificados em dois grandes grupos: os que não levam em conta o valor do dinheiro no tempo e os que consideram essa variação por meio do critério do fluxo de caixa descontado”. Em razão do maior rigor conceitual e considerando que as decisões implicam investimentos de longo prazo, conclui Assaf Neto (2003, p. 299) que “dá-se atenção preferencial para os métodos que compõem o segundo grupo”, portanto, os métodos do valor presente líquido e da taxa interna de retorno, pois levam em consideração os benefícios futuros esperados de caixa, descontados a valor presente mediante uma taxa de desconto que venha a medir e refletir o risco de decisão e da oportunidade do investimento. No exame conclusivo dos métodos de orçamento de capital, entre Valor Presente Líquido – VPL (Net Present Value - NPV) e Taxa Interna de Retorno – TIR (Internal Rate of Return – IRR), Brigham e outros (2001, p. 437) afirmam que o VPL é o que apresenta “melhor medida isolada de lucratividade” e que a TIR “também mede a lucratividade, porém aqui ela é 14 expressa como uma taxa de retorno em pontos percentuais, que é a maneira preferida de quem toma as decisões”. E concluem que “as diferentes medidas proporcionam diferentes tipos de informações para aqueles que tomarão as decisões” e que, “por serem fáceis de calcular, todas as medidas devem ser levadas em consideração no processo de decisão”. 4.5 A determinação do custo de oportunidade do capital O custo de oportunidade do capital é uma medida de referência para a avaliação de remuneração de capital de investimento. Lauria (2008, p.285) explica que o custo de oportunidade “representa o quanto de ganho seria atribuído a um investimento, caso fosse feito em outro negócio ou outra aplicação alternativa”. Significa que, para merecer atenção do investidor, um projeto de investimento que requer capital precisa trazer uma rentabilidade pelo menos igual ao retorno que teria em alternativa com nível de risco similar. Ross e outros (2000, p. 241) observam que “quando pensamos em custos, normalmente imaginamos os custos desembolsados, ou seja, aqueles que exigem realmente que se pague alguma coisa”. Mas esclarecem que “um custo de oportunidade é ligeiramente diferente; requer que desistamos de um benefício.” Pois quando se investem recursos, a alternativa mais valiosa que é sacrificada para se realizar esse investimento obriga a considerar que a sua rentabilidade é a que foi sacrificada para obtenção de outra. A esse sacrifício se denomina custo de oportunidade, que é uma medida a partir de uma renúncia de ganho alternativo, mantendo o mesmo nível de risco do investimento. Segundo Assaf Neto (2012, p. 164), o “investimento do acionista revela atratividade econômica somente quando a remuneração oferecida for suficiente para remunerar o custo de oportunidade do capital próprio aplicado no negócio”. 15 5. ETAPAS E PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DE DECISÃO Para ilustrar como adotar um direcionamento para a análise entre a opção do CAPEX e a opção do OPEX, nos termos abordados e com foco nas questões relevantes mencionadas na seção anterior, utilizaremos uma exemplificação desenvolvida em planilha em Excel, tendo por objetivo permitir objetividade de análise e apresentação dos resultados sequenciadamente, acompanhados de explicações a cada passo. Consideremos a elaboração de um orçamento anual com a previsão de receitas totais de R$ 490 mil por ano e custos e despesas totais anuais de R$ 310 mil (não incluídas depreciações). A empresa precisará investir R$ 400 mil em equipamentos e instalações que possibilitarão a fabricação e a receita de venda de produtos. Esses ativos serão integralmente depreciados durante a vida útil de cinco anos desse investimento. Além disso, supõe-se que o custo de remoção do equipamento será aproximadamente igual ao seu valor daqui a cinco anos, ou seja, não terá, essencialmente, qualquer valor de mercado ao final desses anos. O projeto demandará um investimento inicial de R$ 49 mil em capital de giro líquido. A alíquota dos impostos sobre o resultado é estabelecida em 30%. Para essa exemplificação, considera-se que o capital necessário será suportado pelos acionistas, sem obtenção de recursos externos financeiros. A segunda alternativa que envolve a exemplificação em pauta é a contratação de serviços por terceiros, que trará a vantagem da dispensa da aquisição dos equipamentos, mas elevará os custos da operação em R$ 130 mil por ano. Nas etapas sequenciadas a seguir, numeradas de 1 a 4, identificamse os procedimentos para a análise das alternativas objeto da exemplificação. Etapa 1: O primeiro passo é a composição do período de análise, a demonstração de resultados e o fluxo de caixa, em uma planilha em Excel. Com a planilha, será facilitada a realização das simulações e das medidas para 16 as avaliações de resultados econômicos, financeiros e monetários perante cada alternativa de escolha, CAPEX ou OPEX (Figura 1) Etapa 2: Para a análise da decisão de investimento (CAPEX), deve- se considerar os dados orçados do valor do investimento, da necessidade do capital de giro (NCG), das receitas, dos custos e despesas operacionais, da vida útil dos bens ativos resultantes do investimento, obtendo-se o valor do lucro operacional antes da dedução do valor da depreciação (EBITDA1). Na seqüência, após a depreciação, calculando-se o valor do lucro tributável. Com a indicação do percentual dos impostos, obtendo-se o valor do lucro líquido para cada um dos anos de análise, que é também conhecido como NOPAT2 Nesse momento, obter-se-ão os resultados, tanto econômicos (lucro líquido) quanto monetários (fluxo de caixa do projeto), conforme demonstrado na Figura 1. Figura 1 – Resultados econômicos e monetários - CAPEX Em R$ 1.000 DISCRIMINAÇÃO Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 INVESTIMENTO (400) CAPITAL DE GIRO (49) (NCG) RECEITA LÍQUIDA 490 490 490 490 490 CUSTOS E DESPESAS (310) (310) (310) (310) (310) OPERACIONAIS LUCRO ANTES DOS JUROS, IMPOSTOS E 180 180 180 180 180 DEPRECIAÇÃO (EBITDA) DEPRECIAÇÃO (Vida 5 (80) (80) (80) (80) (80) útil) LUCRO OPERACIONAL 100 100 100 100 100 (EBIT) 1 EBITDA, sigla em inglês EARNINGS BEFORE INTEREST, TAXES, DEPRECIATION AND AMORTIZATION, significa ganhos (lucros) antes dos juros, impostos sobre o lucro, depreciação e amortização. Devido a sua simplicidade e rapidez de cálculo, é muito utilizada em análises e decisões com foco na geração bruta de caixa. Corresponde ao caixa gerado pelos ativos utilizados na operação. (ASSAF NETO, 2012, p. 130) 2 NOPAT, sigla em inglês NET OPERATING PROFIT AFTER TAXES, lucro operacional líquido após impostos, é a quantia de lucros que uma empresa geraria caso ela não tivesse dívida nem mantivesse ativos financeiros. (BRIGHAM e outros, 2000, p. 61). 17 IMPOSTOS SOBRE 30% (30) LUCRO LUCRO OPERACIONAL 70 LÍQUIDO (NOPAT) Ajustes para o fluxo de caixa: Depreciação 80 (30) (30) (30) (30) 70 70 70 70 80 80 80 80 Valor residual do investimento Recuperação do capital de giro FLUXO DE CAIXA (449) DO INVESTIMENTO 150 150 150 150 49 199 Pela opção do investimento (CAPEX) e considerando os dados da exemplificação, observa-se que o projeto trará um lucro líquido de R$ 70 mil por ano, ou R$ 350 mil nos cinco anos, após os impostos sobre o resultado, demonstrando que o projeto é viável, sob o ponto de vista econômico, em valores nominais anuais. Sob o ponto de vista monetário, deve-se considerar que aos valores dos lucros econômicos anuais deverão ser incluídas as depreciações anuais (que não são desembolsadas), bem como a recuperação do capital de giro, ao final do período de análise, adicionando-o, uma vez que para fechamento do ciclo de análise, os valores dos investimentos devem ser recuperados até a sua finalização, retornando ao caixa e proporcionando a análise conclusiva sobre a viabilidade desses investimentos, tanto fixos (ativos imobilizados) quando de giro (ativos circulantes). Tomando-se por base a informação da exemplificação, não foi incluído, para esses cálculos, um valor residual do investimento. Observando a última linha da Figura 1, que apresenta os valores ano a ano dos saldos do fluxo de caixa do projeto, verifica-se que, contrapondo-se ao montante da saída de recursos iniciais do projeto (Ano 0) de R$ 449 mil, nos anos seguintes haverá a geração de recursos positivos que somados, resultarão em R$ 799 mil. Significa que, para uma saída inicial de recursos do caixa, de R$ 449 mil, resultará em uma entrada de caixa total de R$ 799 mil nos cinco (5) anos do projeto, demonstrando assim um ganho líquido de R$ 350 mil, confirmando o resultado econômico, disponível ao caixa, após a recuperação dos capitais investidos (giro e imobilizado). 18 Etapa 3: Uma vez avaliada a opção do investimento (CAPEX), deve-se analisar a alternativa da contratação de serviços por terceiros e/ou o aluguel de equipamentos (OPEX), com um custo anual, conforme exemplificação, de R$ 130 mil além dos gastos estimados para o projeto. Alterando-se os dados, com a exclusão do investimento e o impacto da majoração nos custos e despesas operacionais, os resultados seriam apresentados conforme Figura 2: Figura 2 – Resultados econômicos e monetários - OPEX Em R$ 1.000 DISCRIMINAÇÃO Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 INVESTIMENTO 0 CAPITAL DE GIRO (49) (NCG) RECEITA LÍQUIDA 490 490 490 490 490 CUSTOS E DESPESAS (440) (440) (440) (440) (440) OPERACIONAIS EBITDA 50 50 50 50 50 DEPRECIAÇÃO 0 0 0 0 0 LUCRO OPERACIONAL 50 50 50 50 50 (EBIT) IMPOSTOS SOBRE 30% (15) (15) (15) (15) (15) LUCRO LUCRO LÍQUIDO 35 35 35 35 35 (NOPAT) Ajustes para o fluxo de caixa: Depreciação 0 0 0 0 0 Valor residual do investimento Recuperação do capital de giro 49 FLUXO DE CAIXA (49) 35 35 35 35 84 DO PROJETO 19 Verificando-se os resultados dessa alternativa, pela opção de despesas e aumento dos custos operacionais (OPEX) e com os dados da exemplificação, observa-se que o projeto possibilitará um lucro líquido de R$ 175 mil (R$ 35 mil por cada ano), após os impostos sobre o resultado, demonstrando que essa opção também é viável sob o ponto de vista econômico, em valores nominais anuais. Entretanto, essa alternativa apresenta um valor bem menor que o resultado nominal da opção CAPEX, que evidenciou um montante de R$ 350 mil de lucro para os cinco anos de duração do investimento. Pode-se então concluir que, em uma análise superficial e perante os dados do exemplo, a opção CAPEX é melhor que a OPEX, em face dos resultados apresentados em cada um, com prevalência do maior valor pela alternativa CAPEX. Entretanto, a análise em valores históricos nominais (correntes), para um período de análise de longo prazo, traz o inconveniente de não expressar o valor da riqueza absoluta do investimento, como tal um valor presente de um fluxo de resultados econômicos líquidos de caixa estimados para o período futuro – no caso do exemplo, de cinco (5) anos. Por essa razão, deve-se utilizar o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), como mencionado na seção 4.4. Dessa forma, para avaliar se o resultado final é viável economicamente, em valores presentes, utiliza-se uma taxa do custo de oportunidade que venha a medir, ano a ano, o custo do investimento em termos de uma remuneração que torne atrativa ao investidor aportar recursos nesse projeto, mediante a decisão de compra de ativos fixos ou por terceirização. Etapa 4: Procede-se ao recálculo dos resultados após a utilização do custo de oportunidade estabelecido para o projeto, considerando-se que todo o recurso necessário para investimento será aportado pelos sócios investidores, requerendo-se uma taxa de atratividade mínima de 16% ao ano. Com isso, deve-se adicionar na planilha o custo de capital para mensurar, através dos métodos do Valor Presente Líquido e da Taxa Interna de Retorno, os resultados para cada uma das opções, expressos pela riqueza econômica 20 gerada a valor presente, dimensionada pelos resultados de caixa esperados para os cinco anos do projeto, descontados a uma taxa de atratividade composta somente pelo custo de oportunidade dos sócios investidores. Esses resultados assim indicariam: Resultados CAPEX: Custos e despesas incorridos: R$ 390 mil por ano Valor Presente Líquido: R$ 65,470 mil Taxa Interna de Retorno: 21,87% Resultados OPEX: Custos e despesas incorridos: R$ 440 mil por ano Valor Presente Líquido: R$ 88,930 mil Taxa Interna de Retorno: 71,43% Comparando-se esses dados e resultados, obtêm-se a indicação que a realização dos investimentos através de inversões fixas (ativo imobilizado) de R$ 400 mil exigirá aporte de capital (CAPEX) resultando em uma rentabilidade medida pela Taxa Interna de Retorno (TIR) de 21,87%, superior a taxa mínima de atratividade requerida pelos investidores de 16% ao ano, mas menor que a TIR obtida pela opção de não investimento e pela contratação de serviços de terceiros e/ou aluguel de equipamentos. Nessa segunda alternativa (OPEX), viabiliza-se uma rentabilidade bem maior, de 71,43%, uma vez que não haverá, nessa opção, um aporte fixo de capital, diminuindo a necessidade de recursos e, portanto, do capital investido, assegurando melhor rentabilidade nessa alternativa. Similar análise é realizada pelo critério do Valor Presente Líquido (VPL), que nas duas opções acusa uma geração de riqueza acima do custo de oportunidade (taxa de atratividade), de R$ 65,470 mil para a opção CAPEX e de R$ 88,930 mil para a opção OPEX, que é a melhor, comprovando que o projeto é viável economicamente, remunerando o capital aportado em 16%, recuperando melhor o pequeno investimento (que é, nessa opção da OPEX, 21 somente o necessário para sustentar o capital de giro das operações). Ao contrário da alternativa CAPEX em que o empate de maior capital resulta em uma remuneração menor, a opção OPEX, com investimento restrito ao capital de giro, assegura melhor resultado. Essa conclusão é válida somente para a exemplificação, que pode levar a outros resultados e conclusões se, por exemplo, o valor do investimento na opção CAPEX for menor que os estimados R$ 400 mil, se o valor dos custos e despesas operacionais forem maiores que os orçados para a opção OPEX, bem como outras alterações em receitas e despesas. Entretanto, a técnica de análise empreendida, com uso instrumental da planilha em Excel, é inteiramente válida, por contemplar uma avaliação com os fatores relevantes e pontos de vista econômicos e monetários, complementados com os critérios de análise VPL e TIR, necessários para a escolha da melhor opção para longos prazos de análise. Sobretudo, esse exame entre alternativas permite avaliar, a partir dos dados originais envolvidos, análises vinculadas a fatores como aumento de custos, diminuição de receitas e outras estimativas que possam variar, no futuro, individualmente ou em conjunto, realizando-se uma análise de sensibilidade para avaliar os efeitos das variabilidades das estimativas perante os resultados VPL e TIR. Outras análises podem ser empreendidas adicionalmente, a partir da planilha de cálculo apresentada, visando a mensuração, por exemplo, da alavancagem financeira com utilização parcial de recursos via financiamento, em que os juros, quando contratados com taxas menores que o da remuneração do investimento (TIR), acabam gerando um ganho adicional para o investidor. À decisão de investimento pode, então, ser complementada com a decisão de financiamento, no contexto da análise financeira para o empreendimento. 6. CONCLUSÃO 22 Os objetivos estratégicos das empresas, em um ambiente de muita competitividade, envolve uma busca incessante de desempenho em metas e resultados. A análise das opções entre CAPEX, que significa investir em aquisições de ativos imobilizados, e OPEX, que representa a alternativa de contratação de serviços com terceiros e alugueis de máquinas e equipamentos, vem ao encontro dessa necessidade, pois essas metas precisam estar atreladas a objetivos adequados que possam gerar oportunidades de melhorias e ganhos de produtividade. O estabelecimento de critérios para avaliação dos resultados planejados em uma ou outra opção, dentro dos prazos definidos de análise, reduz a dificuldade de determinar qual escolha deve ser feita. Assim, através do uso de uma planilha de cálculo, estruturada com os dados dos custos e receitas devidamente projetados e voltada para a realização de cálculos e simulações para diminuir o risco de previsão, tem-se por objetivo facilitar a tomada de decisões com maior eficácia. Essa planilha é demonstrada no seção 5, com cálculos exemplificativos. A importância que se revestem essas análises, amparadas em previsões e dados orçamentários de um projeto incremental, ou seja, que vai além dos resultados atuais de uma empresa, insere-se numa forma de mensuração e avaliação direcionada a quantificar, através dos critérios de avaliação de projetos de investimento, o Valor Presente Líquido e da Taxa Interna de Retorno de cada opção, uma vez que, considerando-se valores muito expressivos e um longo prazo de análise, precisa-se adotar o procedimento do fluxo de caixa descontado, para garantir que o objetivo de maximização dos resultados ocorra com uma remuneração acima do custo de oportunidade do capital. Em uma era em que as decisões financeiras são tomadas em um ambiente de muita competição e grandes desafios, sujeitos a leis e regulamentações provenientes de diversos órgãos e entidades, a análise das estimativas perante os diversos cenários requer um exame continuado, combinando as técnicas disponíveis com uma gestão voltada ao controle e a 23 um horizonte de perspectivas que demonstrem a viabilidade de uma estratégia ao invés de outra. As decisões que resultam de análises como as que envolvem a escolha entre investir recursos (CAPEX) ou assumir custos e despesas (OPEX), visam assegurar resultados e compromissos concretos, pois o capital investido requer um retorno com menos riscos, em um ambiente empresarial de incerteza, complexidade e dificuldades competitivas. Isso reforça nosso entendimento de que o processo sistemático de análise passa pela adoção de uma estrutura de cálculo que torne facilitada a orçamentação de custos e resultados com a adoção da análise comparativa, como apresentada nesse estudo. REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2012. ATKINSON, Anthony A (et al.). Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BERTÓ, Dalvio J., BEULKE, Rolando. Gestão de custos. São Paulo: Saraiva, 2006. BRIGHAM, Eugene, GAPENSKI, Louis, EHRHARDT, Michael. Administração financeira: teoria e prática São Paulo: Atlas, 2001. BRUNI, Adriano, FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços. São Paulo: Atlas, 2011. FIGUEIREDO, Sandra, CAGGIANO, Paulo. Controladoria: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1997. GARRISON, Ray, NOREEN, Eric, BREWER, Peter. Contabilidade gerencial. Rio de Janeiro: LTC, 2007. GROPPELLI, A, NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 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