Texto de apoio ao Curso de Especialização Atividade física adaptada e saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira HEPATITE O QUE É? É qualquer inflamação do fígado, causada por infecções (provocadas por vírus ou bactérias), álcool, medicamentos, drogas, doenças hereditárias (que provocam depósitos anormais de ferro e cobre) e doenças auto-imunes. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS CAUSAS? - Álcool - A doença é provocada pelo uso abusivo de qualquer tipo de bebida alcoólica. A quantidade de bebida que pode causar a doença varia de pessoa para pessoa, sendo que, quanto maior o tempo de ingestão, maior é o risco de hepatite alcoólica e cirrose. Porém, algumas pessoas podem adoecer mesmo com doses e tempo de ingestão bem menores. - Medicamentos - Vários remédios podem causar hepatite em pessoas sensíveis. Não é possível prever quem terá hepatite devido ao uso de determinado medicamento, porém pessoas que já possuem outras formas de doenças do fígado correm maior risco. - Auto-imune - Os anticorpos, substâncias de defesa do organismo, podem causar inflamação e danos ao fígado. As causas dessa agressão ainda são desconhecidas. - Hereditariedade - Algumas doenças hereditárias, como a hemocromatose e a doença de Wilson, levam ao acúmulo de ferro e cobre no fígado, causando a hepatite. - Gordura no fígado - A esteatohepatite não-alcoólica é provocada pelo acúmulo de gordura no fígado, devido a causas variadas, como consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, desnutrição, diabetes melitus, alterações das gorduras do sangue (colesterol e triglicerídeos altos) e alguns remédios. - Vírus - As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes: Hepatite Viral A, Hepatite Viral B, Hepatite Viral C, Hepatite Viral D e Hepatite Viral E. Esses tipos atingem um grande número de indivíduos e podem levar às complicações das formas agudas e crônicas. São doenças que necessitam ser acompanhadas em termos coletivos, avaliando as medidas de prevenção e rastreando as fontes de infecção. É fundamental avisar a Vigilância Epidemiológica da sua cidade. - Hepatites do tipo A e E - As principais formas de transmissão são: água, alimentos ou objetos contaminados por fezes levados à boca e relação sexual oral sem preservativo. Mesmo os bons hábitos de higiene pessoal são insuficientes para interromper surtos da doença, sendo necessária, em casos de surtos, prevenção através da imunização (vacinas). A hepatite do tipo E ocorre com mais freqüência em locais atingidos por enchentes. - Hepatites do tipo B, C e D - As principais formas de transmissão são as relações sexuais sem preservativo, a transfusão de sangue contaminado, o contato com a secreção de feridas e o uso compartilhado de objetos contaminados (como seringa, agulha usada para piercing e tatuagem, escova de dentes, barbeador e alicate de unhas). Existe também a possibilidade de contaminação na hora do parto, da mãe para o bebê. QUAIS SÃO OS SINTOMAS? No caso das hepatites infecciosas, há um período sem sintomas após a contaminação, entre 45 e 180 dias, chamado de período de incubação. Depois desse período surgem os sintomas gerais, como náusea, vômitos, falta de apetite, alterações do olfato e do paladar, cansaço, mal-estar, dores nas articulações, dores musculares, dor de cabeça e febre baixa. É comum que a melhora desses sintomas dê lugar ao aparecimento de outros, típicos da doença: coloração amarelada da pele e das mucosas, urina escura e fezes claras. QUAIS SÃO OS AGRAVAMENTOS? - Hepatite A - Geralmente costuma ter evolução benigna, não deixando seqüelas. - Hepatite B - Torna- se crônica em até 5% dos casos. De 25% a 40% dos casos crônicos evoluem para a cirrose e câncer de fígado. - Hepatite C - Torna-se crônica em mais de 80% dos casos. Cerca de 20% dos casos crônicos evoluem para a cirrose e câncer de fígado. - Hepatite E - Geralmente é benigna, exceto nas gestantes, nas quais há maior risco de formas graves, que podem levar a complicações sérias para a mãe e para o feto. - Hepatites alcoólica, medicamentosa e auto-imune - Podem evoluir para crônicas e cirrose se a exposição ao agente causador persistir. COMO FAZER O DIAGNÓSTICO? Em caso de suspeita, procure o serviço médico. Somente através do histórico, do exame médico e dos exames de sangue, será possível diagnosticar a hepatite. QUAIS SÃO OS TRATAMENTOS? - Repouso, conforme a capacidade e o bem-estar do paciente. Geralmente até que os níveis das substâncias alteradas no sangue voltem aos valores normais. - Alimentação adequada, de acordo com a tolerância do paciente. - A ingestão de bebidas alcoólicas fica proibida até que seja liberada pelo serviço médico que acompanha o paciente. - Remédios só devem ser utilizados com a orientação do médico. A automedicação pode piorar o quadro da hepatite. Em média, os sintomas da doença duram cerca de quatro semanas. Cada tipo de hepatite deve ser tratada de acordo com a sua causa. Para as hepatites agudas, causadas por vírus, não há tratamento específico. Somente nos casos de hepatite C, descobertos na fase aguda, o tratamento específico pode prevenir a evolução para o estado crônico da doença. Na hepatite crônica, é importante que, desde o início do atendimento, sejam tomadas medidas para evitar o agravamento, que levam a cirrose e ao câncer de fígado. Com isso, é fundamental a orientação para o não consumo de bebidas alcoólicas e o controle da diabetes, da obesidade e dos níveis de gorduras no sangue. Além disso, o paciente deve tomar medidas para não contaminar outras pessoas, como o uso de preservativos nas relações sexuais e o não compartilhamento de objetos contaminados por sangue. COMO PREVENIR-SE? - Hepatite A - É fundamental sempre utilizar água tratada ou fervida; dar preferência aos alimentos cozidos; lavar sempre as mãos (após ir ao banheiro, após trocar fraldas, antes de preparar alimentos); lavar frutas e legumes; e nunca banhar-se em áreas que podem estar contaminadas por lixo (piscinas sem tratamento, enchentes, córregos, praias impróprias). - Hepatites B e C - Nesses casos, a prevenção é a mesma das doenças sexualmente transmissíveis. Ou seja, use sempre preservativo (camisinha) nas relações sexuais e não tenha contato com sangue ou secreções de pessoas contaminadas (transfusões de sangue e uso de agulhas e seringas contaminadas). - As hepatites A e B podem ser prevenidas pelo uso de vacinas disponíveis em postos de saúde municipais. A vacinação tem por objetivo eliminar a transmissão na população em geral. Entretanto, algumas populações específicas devem ser priorizadas, como profissionais da área de saúde e pessoas portadoras ou com histórico de doenças sexualmente transmissíveis. Os pacientes portadores de hepatite B e HIV tendem a cronificar esta infecção, podendo ainda prejudicar a resposta da vacina. Os profissionais da área da saúde devem sempre usar luvas, óculos de proteção e máscara para evitar a possibilidade de contaminação do vírus através de sangue ou secreções de mucosas e lesões da pele. Para prevenir a hepatite alcoólica evite a ingestão exagerada e constante de bebidas alcoólicas. Já para os tipos auto-imune e medicamentosa, não são conhecidas formas de prevenção. Por isso, só use medicamentos com orientação médica. A falta de informação é um dos principais responsáveis pelo aumento do contágio das hepatites do tipo viral. A maioria das pessoas desconhece sua condição sorológica, agravando ainda mais a cadeia de transmissão. Faça a sua parte e previna-se.