INFLUÊNCIA DE CÍCERO E BOÉCIO NA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO MEDIEVAL BOVETO, Laís (PIC/UEM) OLIVEIRA, Terezinha (UEM) INTRODUÇÃO A obra de Cícero escrita em 45 a.C. revela-nos que a preocupação do autor é apresentar a cultura helênica aos romanos, para dar um sentido ético a nova realidade que surgia com a crise do Império Romano e com a apropriação da cultura grega pelos latinos. O declínio do Império principia exatamente no seu apogeu devido a uma série de situações que o fragilizaram, expondo-o às invasões de outros povos. Entre essas situações é possível mencionar a fragmentação de todo o Império, a descentralização do poder e a diversificação cultural que se instalou devido ao contato com outras colônias. Nesse período, a cultura greco-romana corria o risco de ser destruída por completo e a decadência social passa a ser realidade com as invasões nômades. Cícero valorizava a língua latina e preocupava-se em fazê-la desenvolver o vocabulário para que fosse confiável, especialmente quando se tratava das traduções dos textos gregos. A abordagem de idéias de diferentes correntes do conhecimento, como o epicurismo2 e o estoicismo3, indica que Cícero empenhava-se em 2 Escola fundada por Epicuro (341 – 270 a. C.), defendia o prazer sensível como bem supremo e a dor como único mal. Tratava de prazeres fundamentados na razão, escolhidos com sabedoria para que o homem não fosse dominado por eles (PADOVANI e CASTAGNOLA, 1974, p. 149 – 153). 1 colaborar para que os homens de seu tempo tivessem acesso a fontes variadas do pensamento clássico. Dessa forma, ao resgatar e preservar a cultura grecoromana, pretendia manter a existência da sociedade civilizada. Por meio da Retórica, o filósofo expressava a intenção de educar a classe dominante, torná-la capaz e virtuosa, para que agisse a favor do bem comum. Nesse sentido, a Retórica fundamenta o trabalho de Cícero que, com intenções claramente sociais, defende a utilização de palavras ‘adequadas’ na transmissão de idéias e enfatiza que o importante é a correta utilização dos vocábulos para que estes expressem conceitos e concepções com coerência e precisão, evitando interpretações errôneas. Parece-te que não entendo o significado das palavras, ou que necessitais ensinar-me a falar o grego ou o latim? E nota, ademais, que, se eu, sabendo o grego, não entendo o que Epicuro quer dizer, talvez a culpa seja dele, que fala de modo que não o possamos entender (CÍCERO, liv II, cap. V, § 1). Em Do sumo Bem, o autor ressalta a forma como Epicuro transmitiu a idéia de deleite. Muitas passagens do discurso de Cícero denotam a importância de utilizar as palavras corretamente. Ainda tecendo críticas a Epicuro afirma: “Se pensa uma coisa e diz outra, nunca poderei entender o que pensa” (CÍCERO, liv II, cap. VII, § 6). Há, sobretudo, uma valorização da linguagem eloqüente como forma de expressão. Ao analisar o teor do discurso de Epicuro, segundo o qual o sumo bem é o deleite, Cícero indaga as afirmativas do filósofo com a clara intenção de demonstrar, por um lado que o sumo bem não pode ser o deleite - tendo em vista que o deleite muitas vezes leva aos vícios e ao desvio da boa conduta. Por outro, deixa evidente que considera Epicuro contraditório e muito pouco eloqüente, “[...] já sabemos que ele despreza a elegância no discurso e que fala 3 Escola fundada por Zenão (334 – 262 a. C.), segundo a qual a finalidade suprema do homem é a virtude e o mal supremo é o vício. Defende a ausência total da paixão para dar lugar unicamente à razão (Op. Cit., p. 146 – 149). PIEPER. Abertura para o todo: a chance da Universidade. Tradução de LAUAND e BARROS. 1963. 2 confusamente” (CÍCERO, liv. II, cap. IX, § I). A importância que Cícero atribui à Retórica está profundamente vinculada a sua idéia de sumo bem. Em todo seu discurso elabora uma argumentação, uma defesa daquilo que considera o sumo bem e, em contraposição, o sumo mal. Que filosofia é esta, que não busca acabar com a maldade, contentando-se com a mediania dos vícios? [...] E não vê o severo e grave filósofo que tais bens, os únicos que ele reconhece, não são em verdade apetecíveis, porque, segundo a sua própria opinião, a única coisa que devemos desejar é carecer de dor. Estas sentenças são contraditórias entre si. Se tivesse aprendido a definir e dividir, se tivesse compreendido o valor das palavras, não teria incorrido nunca em tais confusões (CÍCERO, Livro II, cap. IX, § I e cap. X, § I). Acredita assim que, por meio do estudo e do conhecimento, o homem pode alcançar uma condição moral desejável e assemelhar-se a uma perfeição próxima a dos deuses, com atitudes retas e honestas. Defende a idéia estoicista da virtude como bem supremo. Tendo em vista que essa virtude se manifesta quando o ser humano age em benefício da coletividade e do bem comum. Para que os homens adquiram essa virtude, necessitam dedicar-se com afinco aos estudos e à busca pelo conhecimento. E a mesma razão torna cada homem inclinado aos outros homens, e dá-lhe conformidade de natureza, de língua e de costumes com eles, para que, começando pelo amor dos parentes e criados, siga adiante, e entre primeiro na sociedade dos concidadãos, e depois na de todos os mortais; e, como escreveu Platão e Arquitas, para que ‘saiba que não nasceu para si só, mas para a pátria e para todos os seus’ (CÍCERO, Livro II, cap. XIV, § I). Podemos verificar que, seis séculos depois, Boécio aborda as mesmas questões, sob uma nova realidade histórica. O filósofo presencia o final da crise que Cícero vê iniciar. Representa, inclusive, o homem virtuoso explicitado por Cícero. Era letrado, conhecedor da filosofia grega e exercia virtudes que 3 deveriam ser próprias daqueles que pertenciam à classe dominante. Boécio deu continuidade às traduções da filosofia grega para o latim. Procurou harmonizar a fé, que ora depositava no cristianismo, com o pensamento clássico. Foi um dos maiores expoentes do pensamento medieval e, assim como Cícero, defendia o conhecimento e a sabedoria como a essência do ser humano. Elaborou sínteses entre idéias cristãs, o platonismo e o estoicismo. É tido como um dos grandes compiladores do saber antigo e suas obras estiveram entre as mais divulgadas, copiadas e lidas nos tempos medievais. Em A Consolação da Filosofia, Boécio lamenta a perda de poder e dinheiro e sua consciência recorre à Filosofia para fazê-lo despertar e enxergar o sentido de sua vida e seu trabalho. A Filosofia chama a atenção para a Fortuna, afirmando que o homem que fundamenta sua existência nela deve estar preparado para as conseqüências. Do ponto de vista do autor a Fortuna cria uma imagem de felicidade, no entanto, a felicidade fundamentada na Fortuna é efêmera e inconsistente. Dessa forma, a sabedoria, para o autor, consiste em saber desprezar o desejo pela Fortuna, ou seja, o desejo pelas coisas materiais. Vós combateis numa batalha – e quão árdua é a batalha! – contra toda forma de Fortuna para impedi-la de vos desmoralizar, se ela vos for adversa, ou de vos querer corromper, se vos sorrir. Mantende-vos no meio! Para além ou para aquém dessa linha média encontra-se o desprezo da felicidade e não a recompensa do esforço. Depende apenas de vós dar à Fortuna a forma que desejais (BOÉCIO, livro IV, cap. XIII, § I). A sabedoria é a única coisa que realmente pode pertencer às pessoas e, segundo a consciência de Boécio, as riquezas e as belezas materiais não podem pertencer ao homem e por isso não devem guiar o seu destino e suas ações. Ora, as riquezas parecem ter mais valor quando se vão do que quando são adquiridas. É por isso que a avareza é causa de antipatia, e a generosidade, de louvores. [...] Portanto, como são limitadas e lastimáveis essas riquezas que não podem ser possuídas em sua totalidade por muitos ao mesmo tempo, nem 4 se tornar propriedade de um sem deixar outro mais pobre! [...] De fato, que objeto desprovido de movimento e sopro vital seria interessante para um ser dotado de vida e razão? (BOÉCIO, livro II, cap. IX, § I). Para o filósofo, a sabedoria que o homem adquire e desenvolve é o que ele realmente tem de valor. Os bens materiais vêm e vão, são transitórios e inconsistentes. A capacidade, essencialmente humana, de pensar em relação ao futuro, ao presente e ao passado, a capacidade de abstração e imaginação são os valores realmente louváveis do homem. Neste sentido, o conhecimento e a sabedoria devem ser desenvolvidos tendo como objetivo o bem comum. Dessa maneira, Boécio indica, aos homens de seu tempo, a importância de utilizar a razão para a manutenção da sociedade. Indica ainda que o homem virtuoso e feliz é aquele que defende seus compatriotas e considera a coletividade acima da individualidade. É a idéia do coletivo que constrói o bem comum, portanto, os homens devem ser educados para esse ideal. Assim, ao relacionarmos as concepções de formação do homem desses autores com o papel que a Educação busca cumprir na atualidade, é possível abordar a filosofia e o conhecimento sob duas perspectivas amplas. Em relação à Filosofia, Lauand (1987) apresenta sua análise sobre a diferenciação, realizada por Josef Pieper, entre o ato de filosofar e a Filosofia propriamente dita. Dessa maneira, a Filosofia pode indicar uma disciplina a ser estudada, como Física ou Química, enquanto filosofar consiste em uma forma de observar o mundo e compreendê-lo. O ato de estudar Filosofia não deve ser confundido com o ato de filosofar e, muitas vezes, um pode até ser empecilho para o outro (LAUAND, 1987, p. 41). No que concerne ao conhecimento, Lauand aborda a concepção de Pieper sobre a perspectiva útil e necessária. Neste sentido, conhecimento útil é voltado à utilidade comum, ou ao trabalho, ou seja, é o conhecimento técnico, do mundo prático, utilizado de forma imediata e de acordo com necessidades funcionais. Sob a perspectiva necessária, o conhecimento aproxima-se do 5 conceito de sabedoria. Muitas vezes, não possui uma utilidade prática evidente, porém, é essencial para a convivência em sociedade, uma vez que é no conhecimento necessário que se manifesta um pensamento mais apurado e reflexivo. Esta conceituação de conhecimento útil e necessário é apresentada por Lauand em sua análise das obras do filósofo alemão Josef Pieper. Este traz uma discussão a respeito da diferença entre utilidade comum e bem comum. O mundo do trabalho se dirige à utilidade comum, conceito que deve ser diferenciado do de bem comum. [...] Daí a grande atualidade, também política, da afirmação categórica de que o filosofar não pertence ao mundo do trabalho pois ‘não serve absolutamente para nada’ prático e, no entanto, é algo necessário (LAUAND, 1987, p. 62). Lauand deixa claro que esse posicionamento não está, de forma alguma, associado a um desprezo pelo trabalho. Para tanto, traz a seguinte afirmação de Pieper: Longe de nós subestimar do alto de algum pretenso pedestal de ócio filosófico este mundo do trabalho diário. Não é necessário insistir no fato óbvio de que este mundo do trabalho pertence à própria essência do mundo do homem; é nele que se cria a base de sua existência física, sem a qual o homem nem poderia filosofar! (PIEPER apud LAUAND, 1987, p. 63). Dessa forma, a filosofia depende da existência do trabalho no mundo do homem. Porém, o trabalho e, por conseguinte, o conceito de utilidade comum ou conhecimento útil, não devem ser confundidos com os conceitos de bem comum e conhecimento necessário. Tendo em vista que, para que o homem esteja adequadamente inserido na sua condição de sujeito pensante é absolutamente necessário que não reduza o seu conhecimento ao utilitário e instrumental. Neste contexto é possível afirmar que a sabedoria adquire uma acepção mais ampla, que inclui os conhecimentos úteis e os necessários. O sábio é aquele que possui compreensão de sua existência e age em favor da sociedade 6 em que vive. Como afirmou Cícero (2005), o homem nasceu para “entender e obrar” (CÍCERO, Livro II, cap. XIII, § I). A busca pela compreensão da realidade e do que é verdade é que torna o ser humano diferente dos outros seres vivos. Sendo essa busca motivada pela sabedoria em si mesma e não por qualquer sentido utilitário do conhecimento. “Se não podemos extrair nenhuma utilidade ou benefício do desejo de conhecer o que está oculto para nós e as causas que ordenam e regem o movimento dos céus, quem todavia há de tão brutos instintos ou tão rebelde às instituições da natureza que deteste o conhecimento, e não o busque ainda que sem deleite ou utilidade alguma [...]? (CÍCERO, liv. III, cap. XI, § I) Assim, é fundamental para o ser humano compreender sua própria existência além do mundo do trabalho, além da realidade prática. O conhecimento útil é, portanto, necessário. E, embora nem todo conhecimento necessário tenha sua utilidade evidenciada no mundo do trabalho, essa utilidade se manifesta na convivência social e na busca pelo bem comum. OBJETIVO GERAL Analisar o conceito de sabedoria nas obras Do sumo bem e do sumo mal e A consolação da Filosofia, considerando sempre a educação voltada ao bem comum. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Compreender a influência de obras de Cícero e Boécio na educação do período medieval; 2. Analisar o que a Filosofia representa no pensamento de Cícero e Boécio; 3. Verificar os conceitos de utilidade comum e bem comum presentes nas noções de Filosofia de Cícero e de Boécio, relacionando-os aos conceitos 7 apresentados por Lauand. METODOLOGIA Ao trabalharmos com a História Social enquanto caminho teórico a ser seguido, destacamos que a trajetória desta pesquisa será conduzida a partir de pesquisa bibliográfica e documental. CONSIDERAÇÕES Tendo em vista que este trabalho faz parte de uma pesquisa ainda não finalizada, apresentaremos as considerações realizadas até o presente momento. Entre elas, alguns questionamentos podem ser levantados, como: que conhecimentos podemos considerar úteis e/ou necessários, como futuros educadores? É possível desconsiderarmos qualidades essencialmente humanas ao tratar desses conhecimentos? O que é o ser humano sem suas qualidades subjetivas? Essas questões são amplamente discutidas atualmente principalmente quando se trata de Educação. A expectativa em relação ao profissional dessa área tem sido cada vez mais direcionada ao desenvolvimento de uma inteligência prático-teórica, que permita a compreensão da diferença entre o conhecimento e a sabedoria. Daí a relevância em adquirir a noção do papel real a que as instituições de ensino se propõem e de qual papel deveriam desempenhar. Um professor de Ensino Fundamental pode ter como único objetivo a formação de mão-de-obra? É possível uma educação escolar ou universitária voltada somente ao ensino de conhecimentos técnicos e/ou científicos? Entendemos que o trabalho e o conhecimento científico fazem parte da sociedade, no entanto, a sociedade não pode ser reduzida unicamente ao contexto utilitário do trabalho e da ciência. O homem atesta sua humanidade na convivência social, no interesse pelo bem comum, na busca pela sabedoria e 8 pelo entendimento da própria existência e do mundo que o cerca. O trabalho faz parte dessa realidade e, como afirma Pieper, “[...] pertence a própria essência do mundo do homem [...]” (PIEPER, apud LAUAND, 1987, p. 63). No entanto, assim como Boécio afirmou, somos seres dotados de vida e razão e não devemos nos contentar em buscar o conhecimento pela sua utilidade prática. O homem não pode contentar-se em reduzir sua essência ao trabalho. Atualmente, a sabedoria é tida como algo exterior à Ciência, uma vez que pode ser adquirida com a experiência e não, necessariamente, com a experimentação. A Ciência cumpre, assim, um papel cada vez mais determinante em indicar o que é verdade, por meio de comprovações estatísticas e experimentais. Dessa forma, é possível estabelecer uma relação entre os conceitos de sabedoria, filosofia e bem comum e entre conhecimento útil, ciência e utilidade comum. O caráter prático do conhecimento útil é absolutamente relevante, mas não pode ser a única orientação para a formação do pensamento humano. O desejo humano em adquirir conhecimento ao compreender a natureza não é pautado pelo uso que se fará deste conhecimento, mas pela evidente necessidade de conhecer. Neste sentido, a Ciência nem sempre é desenvolvida com finalidades definidas, ou nem sempre serve às finalidades as quais se propõe. É necessário considerar também que assuntos tratados cientificamente não são abordados de forma integral dentro da realidade. Para Pieper a Ciência cumpre um papel parcial, onde uma especialidade limita a outra, considerando aspectos particulares da realidade. “As ciências perguntam: qual é causa de tal doença; como se produziu tal evento histórico; de que tipo é a estrutura do átomo; e assim por diante”. Assim, não há uma consideração do todo e, de modo cartesiano, a realidade é dividida em tantas partes quanto forem necessárias para a tentativa de compreensão do todo. No entanto, a completude da realidade só pode ser admitida quando visualizamos a realidade além do que aprendemos de suas pequenas partes, além daquilo que é prático ou útil, levando em consideração tanto o que é objetivo e concreto quanto o que é 9 subjetivo e abstrato. Essa união de atributos aparentemente opostos é que compõe o ser humano e sua realidade. Assim, pois, só a sabedoria é plena e perfeita em si mesma. E por isso é inexata a comparação entre o fim da sabedoria e o fim da medicina e o da pilotagem (navegação). A sabedoria abarca a magnanimidade e a justiça, e o ter o homem por inferiores a ele todas as coisas que lhe sucedem [...] (CÍCERO, liv. III, cap. VII, § 1). Neste sentido, já no século I, Cícero considera a sabedoria como uma virtude que tem um fim em si mesma. O filósofo também realiza uma crítica àqueles que equivocadamente consideram “por sumo bem a posse da ciência” (ibidem, cap. IX, § 1), denominados cientificistas na análise de Lauand. Assim, o cientificismo engana-se ao entender que o conhecimento científico é o único que faz parte da objetividade e da experiência. Pois objetividade significa afirmar que é aquilo que é na realidade. Uma realidade que temos acesso na experiência, onde por experiência entendemos não só (nem principalmente) as dos laboratórios de Física, mas precisamente qualquer tipo de contato imediato com a realidade, não excluindo, por exemplo, a captação do que se expressa num modo de olhar, num gesto [...] (LAUAND, 1987, p. 116). Essa afirmação nos revela que a sabedoria envolve um conhecimento amplo que a Ciência não tem condições de nos oferecer em todos os assuntos, tendo em vista que produz um conhecimento limitado, em assuntos específicos. A experiência, neste sentido, apresenta um significado mais abrangente do que a experimentação. Esta concepção depara-se com as concepções apresentadas por Cícero e, posteriormente, por Boécio. Para estes filósofos a sabedoria, o estudo, a busca pelo conhecimento da realidade consistem em virtudes que os homens devem desenvolver, não por terem alguma utilidade, mas por serem essencialmente humanas. Compreendemos que a realidade do homem medievo é, claramente, 10 muito distante da realidade dos homens atualmente, porém a formação do que somos no presente provêm da maneira como os homens medievais foram educados. É possível observar, nessas obras, questionamentos e discussões que podem auxiliar na busca por um entendimento da sociedade em que vivemos tendo em vista que alguns questionamentos mantêm a sua atualidade. Cícero e Boécio apresentam uma perspectiva social da educação e, com a concepção de Lauand, contemplamos a perspectiva sócio-institucional, uma vez que atualmente essas duas perspectivas de educação se confundem. REFERÊNCIAS BOÉCIO. A consolação da Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998. CÍCERO. Do sumo bem e do sumo mal. São Paulo: Martins Fontes, 2005. LAUAND. O que é uma universidade? São Paulo: Editora Perspectiva, 1987. NUNES. História da educação na Idade Média. São Paulo: EDUSP, 1979. OLIVEIRA (Org.). Luzes sobre a Idade Média. Maringá: EDUEM, 2002. 11