INGLÊS ARCAICO UMA CURTA VIAGEM NO TEMPO 2009 A lgumas pessoas gostam de falar ou escrever em Inglês arcaico porque elas acham que é fofo dizer algo como "I thinketh thou stinketh!" (Eu achos que tu fedes) Na minha opinião, acho que elas devem pelo menos tentar fazer o uso correto da gramática do Inglês Arcaico. – Você consegue perceber os erros da frase referida acima? – esse guia vai ajudá-lo à usar corretamente a gramática arcaica quando você decidir misturar o idioma medieval com o seu. A questão, evidentemente, só surge quando queremos saber em que tempos o Inglês arcaico era usado. Idiomas são constantemente alterados. O Inglês antigo (Anglo-Saxão) de 800 D.C. é completamente diferente em comparação ao Inglês moderno, e nossos descendentes do ano 3200 provavelmente vão pensar a mesma coisa do Inglês que usamos hoje em dia. Geralmente, quando se diz “Inglês arcaico”, as pessoas têm o senso intuitivo de que é a variedade o idioma falado por volta de 1500 D.C, quando foi transitando do “Inglês Médio” para o “Inglês Moderno”, que é esse que usaremos aqui. Se você for muito adiantado, você realmente vai confundir as pessoas com coisas como “heo” no lugar de “she”, “hit” no lugar de “it”, e “hem” no lugar de “them”. Veja as diferenças das duas frases a seguir (símbolos/alfabeto). Inglês Antigo: Fæder ure þu þe eart on heofonum. Inglês Moderno: Father ours, thou that art in heaven. Mas antes de começarmos a nos aprofundar, devemos saber quais são os pronomes usados no Inglês arcaico, e acima de tudo, sua tradução, para que se possa ter uma noção do que estamos falando – é claro que não recomendo traduzir tudo ao pé da letra –. Veja a seguir uma pequena lista deles: thou: tu thee: a ti, contigo, te, ti, thy/thine: teu, teus, tua, tuas ye: o, os, a, as, vós, vos art: és (quando junto a thou: thou art) GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO Página |3 PRONOMES E SUAS CONJUGAÇÕES VERBAIS Estes são os pronomes que as pessoas usam na maioria do tempo para “empregar” o arcaico na sua língua. Aqui estão as formas corretas: 1A PESSOA SUBJETIVO (NOMINATIVO) OBJETIVO (ACUSATIVO) (CASO GENITIVO) POSSESSIVO SUFIXOS DOS VERBOS VERBOS IRREGULARES I ME MY, MINE1 NONE AM THOU THEE THY, THINE1 -EST ART, HAST, DO SINGULAR 2 A PESSOA DOST, SHALT DO SINGULAR 3 A PESSOA HE, SHE, IT HIM, HER, IT HIS, -ETH HER/HERS, DO SINGULAR IS, HATH, DOTH ITS 1A PESSOA WE US OUR, OURS NONE ARE YE2 YOU YOUR, NONE ARE NONE ARE DO PLURAL 2A PESSOA DO YOURS PLURAL 3A PESSOA DO PLURAL THEY THEM THEIR, THEIR “My/mine” e “thy/thine” foram utilizados de forma similar ao “a/an”; "my" e "thy" precedendo uma palavra que começava com o som de uma consoante, enquanto “mine” e “thine” precediam uma palavra que começava com o som de uma vogal. 1 Note que “ye" é nominativo e "you" é acusativo, o qual é contra-intuitivo, dado que “thou/thee” é totalmente o contrário. “When town criers yelled ‘Hear Ye!", o "ye" é o sujeito, e não o objeto do ouvinte; o mais próximo equivalente ao 2 GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO Página |4 moderno seria "Y'all hear" – para sulistas -, ou "Youse guys hear" – para nortistas - Alguém me mandou um e-mail perguntando sobre isso, de fato, o caso de “Ye” usado aqui é vocativo. – Note também que usando “ye” no lugar de “the”, como em "Ye olde candye shoppe", é errado; isto é resultado de uma interpretação equivocada na grafia arcaica de "the" usada em uma antiga letra rúnica, mais tarde substituída por “th”, este tipo letra era semelhante a letra minúscula “y”. CONJUGAÇÃO As formas verbais usadas depois de “thou” geralmente terminam em “-st” ou “est” no modo indicativo, tanto no presente como no passado. Estas formas são usadas por ambos os verbos: fortes e fracos: Segue-se exemplos típicos de ambas as formas: presente e passado (imperfeito). O “e” no final é opcional; a gramática daquele Inglês não tinha sido ainda padronizada. Em poemas, a possibilidade de escolher o “e” muitas vezes depende das considerações de medidas – no caso, por se tratar de poemas. to know: thou knowest (tu sabes), thou knewest (tu sabias); to drive: thou drivest (tu diriges), thou drovest (tu dirigias); to make: thou makest (tu fazes), thou madest (tu fazias); to love: thou lovest (tu amas), thou lovedest (tu amavas); Alguns verbos irregulares com o pronome “thou”: to be: thou art (tu és) – ou “thou beest” (tu és) -, thou wast (tu foste) pretérito perfeito - ou “thou wert” (se tu fosses) subjuntivo/conjuntivo; originalmente “thou were”; to have: thou hast (tu tens), thou hadst (tu tinhas); to do: thou dost (tu fazes) - ou “thou doest” (tu fazias) na forma nãoauxiliar – e “thou didst” (tu fizeste); shall: thou shalt (tu deves), thou shouldst (tu devias); will: thou wilt (tu queres), thou wouldst (tu querias). GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO Página |5 Veja abaixo a conjugação de dois verbos irregulares comum: PRESENT TENSE PRESENTE TO BE TO HAVE SER ESTAR I am thou art he/she/it is we are ye are they are I have thou hast he/she/it hath we have ye have they have Eu sou tu és ele/ela é nós somos vós sois eles/elas são Eu tenho tu tens ele/ela tem nós temos vós tendes eles/elas têm FORMAS DE TRATAMENTO: 'FAMILIAR' E 'FORMAL' Para complicar ainda mais o uso dos pronomes, no período em questão, o Inglês fez uma distinção dos pronomes da segunda-pessoa, ou seja, isso vai depender se você está falando com uma pessoa em um nível familiar ou formal. Este conceito é familiar a estudantes de outros idiomas que têm muitas formas de tratamento, como a distinção entre “tu” e “uested” em espanhol. Atualmente, o uso de “vous” na França é a melhor forma de abordar os paralelos do Inglês medieval; “vous” é o pronome da segunda-pessoa do plural, que também é usado no singular, quando se está tratando uma pessoa de uma maneira formal. Os pronomes singulares thou e thee foram considerados “familiares”, significando que eles foram apropriados para uso entre amigos próximos e familiares. Quando se está com alguém que não é um próximo ou familiar, o uso de thou ou thee, neste caso, indica que você está tratando uma pessoa de nível social alto, como se ela fosse de um nível mais baixo da qual ela realmente pertence, e por isso era absolutamente inadequado o uso delas quando se tratava de alguém de nível social superior. Veja um exemplo: as pessoas podem ser punidas por desacato, ao se referir a um juiz de tribunal dessa maneira. Para tratar alguém fora do circulo de familiaridade de uma forma respeitosa, especialmente quando ela for de uma classe social alta ou em uma posição de poder, ye e you eram usados – e ainda é usado, dependendo do grupo de pessoas - mesmo que a pessoa em questão esteja no singular e não no plural. Eventualmente, com o aumento de filosofias igualitárias, em contraste com as hierarquias rígidas do feudalismo, ou seja, tendo duas formas diferentes de tratamento, foi considerado um excesso de bagagem na ortografia, isso mudou, até que seu uso atingiu o uso moderno, sem distinção familiar, formal, singular ou GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO Página |6 plural, nominativo ou acusativo. A distinção do plural “you” foi então reinventada em alguns dialetos como “y’all” ou “youse guys”. PASSADO O sufixo “-ed” era usado da mesma forma que usamos agora, para marcar o tempo no passado verbos “fracos”. Alguns verbos que agora são regulares, no entanto, ainda estavam na classe irregulares, verbos “fortes”, formando alterações nos tempos verbais do assado por uma alteração vocálica no “sing/sang/sung” (cantar/cantou/cantada) ou “steal/stole” (roubar/roubou). Originalmente, o sufixo “-ed” era pronunciado como se fosse uma silaba separada, mas graças a Shakespeare, ele foi comumente abreviado a forma moderna, e freqüentemente pronunciada como “deceiv’d” para indicar isto – e esta pronunciação foi denunciado por lingüísticos puritanos da época: como desleixado. 'E' SILENCIOSO Aquela ortografia não tinha o moderno estilo padronizado que temos hoje, portanto, eram completamente bizarros os conjuntos ilógicos de grafias, comparado com os que temos agora, houve toda uma profusão dessa bizarra ortografia ilógica. Uma variação comum foi a inserção e remoção da letra “e” em todos os finais de palavras. Um pouco mais atrás na história da linguagem, o “e” no final era pronunciada, e algumas vezes, poetas adicionavam ou o derrubavam para conseguir a medida certa em um verso. Mais tarde, ele foi omisso, e os escritores usavam sua própria sensibilidade estética para decidir quando incluir ou excluí-lo, até que finalmente os dicionários aderiram a arbitrariedade na ortografia padronizada como temos hoje. Algumas vezes, pessoas que estão aprendendo o Inglês arcaico adicionam “e” no final de palavras que não o tem, porque realmente não fica visível que está “certo” ou “errado” usá-lo. GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO Página |7 SHAKESPEARE& Algumas Confusões Muitas pessoas confundem o Inglês arcaico com o Inglês antigo, pensam que os pronomes de alguma forma ‘evoluíram’ como algumas pessoas pensam ao ver ‘thou’ Eu mesmo fui perguntar à uma amiga minha, se ela sabia o que significava ‘thou’, e ela me disse que ‘thou’ era a antiga forma do atual ‘though’. De qualquer forma, muitas pessoas ainda se confundem dizendo que Shakespeare usava o Inglês Antigo, mas isso é completamente aceitável, enfim, ninguém é obrigado a estudar a língua antiga. Mas a meu ver, penso que seja muito simples saber o que é Inglês Antigo, sendo que são muitas as palavras que não são compreendidas na leitura de um texto, como ‘engel’ (angel), ‘sorg’ (sorrow), ‘nama’ (name), ‘eage’ (eye), ‘tunge’ (tongue), no caso do Inglês Arcaico somente os pronomes ‘thou’, ‘thy’, ‘thine’, ‘thee’, ‘ye’ e as formas sucedidas ou precedidas de ‘thou’ como ‘doest’, ‘beest’, ‘wilt’ etc. Enfim, Shakespeare não usava o Inglês Antigo em seus textos, e sim um ‘pedaço’ do Inglês Arcaico. SINTÁXE DE SHAKESPEARE A sentença mais simples e comum no Inglês moderno segue o padrão: Sujeito (S) + Verbo (V) + Objeto Jamal caught the ball (Jamal pegou a bola) Tal sentença teria sido perfeitamente entendida nos dias de Shakespeare; no entanto, para atender as necessidades de um verso branco, que pedia dez silabas em cada fala, Shakespeare usava muito a inversão S-O-V. Jamal the ball caught (Jamal a bola pegou) Ao usar a inversão de palavras, Shakespeare poderia fazer o uso de métrica sempre que mais precisasse dela, assim, aplicando-a em qualquer parte da sentença. Shakespeare também brincava com outras construções, como a O-S-V: The ball Jamal caught (A bola Jamal pegou) GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO Página |8 PRESENT ENGLISH* SHAKESPEARE ENGLISH* BONDAGE IS HOARSE AND MAY NOT SPEAK ALOUD, ELSE WOULD I TEAR THE CAVE WHERE ECHO LIES. BONDAGE IS HOARSE AND MAY NOT SPEAK ALOUD, ELSE I WOULD TEAR THE CAVE WHERE ECHO LIES. IN THE INSTANT CAME THE FIERY TYBALT WITH HIS SWORD PREPARED. IN THE INSTANT THE FIERY TYBALT CAME WITH HIS SWORD PREPARED. BUT SOFT, WHAT LIGHT THROUGH YONDER WINDOW BREAKS? BUT SOFT, WHAT LIGHT BREAKS THROUGH YONDER WINDOW? MEAGER WERE HIS LOOKS. HIS LOOKS WERE MEAGER. HAVE I THOUGHT LONG TO SEE THIS MORNING'S FACE. HIS LOOKS WERE MEAGER. HAVE I THOUGHT LONG TO SEE THIS MORNING'S FACE. I HAVE LONG THOUGHT TO SEE THIS MORNING'S FACE. * tradução livre Por mais que achemos a lingua usada por Shakespeare muit diferente da linguagem que usamos hoje, é importante notar que ele usava muitos padrões de propósito. Ele esperava fazer suas falas mais memoráveis ao fazê-las diferentes da linguagem usada pelas pessoas que viviam naquela época. GRAMÁTICA DE SHAKESPEARE Como vimos anteriormente, existem outras ‘regras’ que devem ser seguidas: Use my/thy antes de um som de consoante: THY LEG (E NÃO: THINE LEG) THY HEART MY HEAD Use mine/thine antes de um som de vogal: THINE EYE (E NÃO: THY EYE) THINE APPLE MINE ARROW Use “most,” “right,” ou “well” no lugar de very: HE SINGETH MOST HAPPILY. GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO Página |9 VERBOS COMUNS DE SHAKESPEARE ANON UNTIL LATER (até FARE-THE-WELL GOODBYE (adeus) NE’ER NEVER (nunca) MAYHAP/PERHANCE/BELIKE MAYBE (talvez) VERILY TRULY (sinceramente) GRAMMARCY THANK YOU (obrigado) MORROW DAY (dia) AYE/YEA YES (sim) OFT OFTEN (frequente[mente]) ENOW ENOUGH (chega, PRITHEE/PRAY E’EN NAY WHEREFORE AROINT FIE mais) o bastante) PLEASE (por favor) EVEN/EVENING (*/noite) NO (não) WHY (por quê) AWAY (longe/distante/*) A CURSE (maldição) * tradução que requere contexto FRASES EXTRAÍDAS DOS TEXTOS DE SHAKESPEARE: Thou hast done me wrong. Tu tens-me feito mal. I have never lied to thee. Eu nunca menti para ti. Why doest thou not love me? Por que tu não me amas? I have suffered agonies for thee. Eu tenho sofrido agonias por ti. Please take it, so it will always be thine. Por favor, pegue-o, então teu ele sempre será. Thou hast written this letter, for it is thy hand. Tu tens escrito esta carta, porque é tua mão. GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO P á g i n a | 10 I am returning this kerchief, for it is thine. Eu estou devolvendo este lenço, porque ele é teu. Wilt thou swear this is thy horse? Tu juras que este é teu cavalo? Poor fool, I can only pity thee. Pobre tolo, eu só posso ter pena de ti. I give thee this jewel, as a token. Eu dou a ti esta jóia, como um símbolo. Thou dost not know what I have suffered. Tu não sabes o que tenho sofrido. It is only thy love that I desire. É só o teu amor que eu desejo. I am making a drawing of thee. Eu estou fazendo um desenho de ti. Hast thou ever felt these pangs of desire? Alguma vez já sentistes estas dores do desejo? If these feelings were thine, what wouldst thou do? Se estes sentimentos forem teus, o que poderias tu fazer? If only thy love were as constant as mine, thou wouldst feel the anguish that I do. Se só teu amor for tão assíduo como o meu, tu deves sentir a angustia que eu sinto. Thou knowest how well I esteem thy wisdom. Tu sabes bem como eu estimo tua sabedoria. This is thy doing, that is why I love thee. Este é teu esforço, é por isso que eu te amo. I defy thee, I shall capture thy heart. Eu te desafio/desafio a ti, devo capturar teu coração. GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO I give my heart to thee if thou desirest it. Eu dou meu coração a ti se tu desejá-lo. Thine eyes I love, and they, as pitying me. Teus olhos eu adoro, enquanto eles sentem pena de mim. P á g i n a | 11 GRAMÁTICA DO INGLÊS ARCAICO P á g i n a | 12 REFERÊNCIA: http://dan.tobias.name/frivolity/archaic-grammar.html <access on March 04, 2009>