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Instituto Hahnemanniano do Brasil
Medicina Veterinária
Silvia Helena Figueira Bahiense
HIPOTIREOIDISMO CANINO
Uma Proposta Homeopática
Orientadora: Roselene Barzellay Ferreira da Costa
Rio de Janeiro, dezembro de 2013
1 Introdução:
 Tema: Hipotireoidismo canino.
 Motivação: Percepção pessoal das dificuldades na
condução do tratamento da doença pela alopatia.
 Problema: Dificuldade na condução do tratamento
alopático da doença em
hipotireoidismo primário.
cães
adultos
com
 Justificativa: Aumento da incidência de casos de
hipotireoidismo na população canina.
 Objetivo: Oferecer uma proposta de tratamento
homeopático baseando-se
típicos da doença.
nos
sintomas
mais
2 Revisão de literatura:
 Tireoide (ou tiroide) = thyreos+oeides = “em forma
de escudo”. Descrita pela primeira vez pelo filósofo
grego Aristóteles.
 É a única glândula endócrina que acumula o seu
produto, isso garante que o organismo consiga
suportar períodos de privação de iodo ou só se
ressinta da falta deste hormônios meses após a
interrupção do funcionamento da glândula.
 A regulação da produção dos hormônios tireoidianos
é feita pelo TSH e a produção deste é estimulada
pelo frio e diminuída pelo calor ou pelo stress e
estímulos neurogênicos podem agir sobre a tireoide.
 O T3 e o T4 são os hormônios que chegam ao
sangue e apesar do T3 ter uma ação mais rápida e
mais potente, o T4 é o principal e o mais abundante,
respondendo por 90% do hormônio tireoidiano.
 A disfunção da tireoide mais comum nos cães é o
hipotireoidismo e pode existir de duas formas:
congênito e adquirido.
 A forma congênita é considerada rara e causa uma
síndrome chamada cretinismo.
 A forma adquirida pode ser primária ou secundária.
 Primária: geralmente causada pela destruição da
glândula tireoide, pela tireoidite linfocitária (tireoidite
imunomediada semelhante à tireoidite de Hashimoto
dos humanos) ou pela atrofia da glândula.
 Secundária:
ocorre devido a causas
relacionadas diretamente à glândula tireoide.
não
 O hipotireoidismo primário responde por 95% do
total dos casos da doença e por + ou - 50% dos
casos de hipotireoidismo adquirido em cães.
 Idade média de ocorrência: de 2 e 6 anos.
 Sem predileção por sexo.
 Predisposição racial: Golden Retriever, Labrador
Retriever, Schnauzer Miniatura, Setter Irlandês, Dog
Alemão, Poodle e Cocker Spaniel.
 Sintomas: algum embotamento mental, letargia,
intolerância ao frio e/ou ao exercício ou até apatia,
tendência ao ganho de peso sem aumento de
apetite equivalente, fraqueza.
 Na pele: alopecia bilateral simétrica em tronco,
apruriginosa, que poupa cabeça e extremidades;
alopecia focal, multifocal, ou generalizada,
podendo-se iniciar pelos pontos de fricção, “cauda
de rato”; piodermite e seborreia de todos os tipos,
(podendo
haver
prurido);
otite
crônica,
recrescimento lento do pelame, hiperqueratose,
caspas e escamas, pelagem seca, opaca, facilmente
destacável, hiperpigmentação.
 Com a evolução: mixedema, principalmente da face,
provocando
trágicas.
aparência
conhecida
como
fácies
 Pode apresentar sintomatologia neurológica de
origem central ou periférica.
 Alterações cardiovasculares.
 Alterações oculares.
 Alterações laboratoriais: alterações no sistema de
coagulação, anemia arregenerativa normocítica e
normocrômica,
aumentos
consideráveis
de
triglicerídeos (levando à lipemia) e de colesterol
(podendo ser maior que 1000 mg/dL), aumento das
enzimas ALT, AST, FA sérica e CPK.
 Diagnóstico: através de testes específicos da função
tireoidiana (em ordem de importância: a dosagem do
T4 livre pelo método de diálise de equilíbrio e a
dosagem sérica do T4 total basal). Usa-se associar
também a dosagem de TSH basal.
 Pode-se usar também
a ultrassonografia cervical:
em cerca de 94% dos cães com hipotireoidismo há
alterações nas imagens da tireoide.
 Tratamento
alopático:
levotiroxina sódica (Ltiroxina), existindo uma grande variação nos
protocolos recomendados, sendo que o mais usado
é de 22 mcg/kg q 12 h.
3 Materiais e métodos:
Foi feita uma repertorização utilizando-se nove
sintomas considerados, segundo Nelson e Couto
(2000), como sendo os mais frequentes e mais típicos
na manifestação da doença.
São eles:
1.a- Mental, Alheio, deslocado,
ambiente (arredores), de seu;
1.b- Mental, Indiferença, apatia.
distante,
meio
2.a- Mental, Embotamento, lerdeza, dificuldade de
pensar e torpor mental;
2.b- Mental, Sentidos embotados, entorpecidos;
3.a- Generalidades, Lentidão corporal;
3.b- Generalidades, Movimento, aversão a;
3.c- Generalidades, Sedentários, hábitos.
4.a- Generalidades, Aquecer-se, melhora;
4.b- Generalidades, Calor (aquecimento), desejo de;
4.c- Generalidades, Frio, aversão a;
4.d- Generalidades, Friorento.
5 - Generalidades, Obesidade.
6.a- Generalidades, Hipotireoidismo.
7 - Generalidades, Atrofia, glândulas, de.
8.a- Pele, Coloração, marrom;
8.b- Pele, Coloração, negra.
9 - Pele, Cabelo, queda de (em geral).
Resultado da repertorização:
Sintomas
Remédios
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Ptos / nº sint.
Calc
2
3
3
3
3
2
-
-
2
18 / 7
Graph
2
3
1
3
3
3
-
-
2
17 / 7
Nat m
3
3
2
2
2
3
-
-
2
17 / 7
Ars
2
1
3
3
2
-
1
3
1
16 /8
Kali c
2
3
2
3
2
1
1
-
1
15 / 8
Lach
2
3
3
1
1
2
-
2
1
15 / 8
Sep
3
3
2
3
1
3
-
-
-
15 / 6
Carb v
3
3
2
2
1
-
-
2
1
14 / 7
Con
3
2
2
2
1
1
3
-
-
14 / 7
Phos
3
3
1
3
2
-
1
-
1
14 / 7
Sec
2
2
2
1
-
-
2
3
2
14 / 7
Sil
2
3
3
3
1
1
1
-
-
14 / 7
Sulph
2
3
3
2
2
1
-
-
1
14 / 7
Lyc
2
3
2
3
2
2
-
-
-
14 / 6
Plb
1
3
2
2
1
-
1
3
-
13 / 7
4 Discussão
 Dos medicamentos mais bem pontuados, Calcarea
carbonica aparece em 1º lugar, com a melhor
pontuação e cobrindo a maior parte dos sintomas (7
em 9 selecionados).
 Segundo a Matéria Médica do Dr. Lathoud, é um
medicamento que “afeta a nutrição geral” e isso se
relaciona a todo o metabolismo (alvo dos hormônios
tireoidianos).
 Ação importante nas glândulas em geral, mas
principalmente na hipófise e na tireoide (BOERICKE,
1993).
 Indicado em doentes de aspecto gordo, apáticos e
com movimentos lentos (CAIRO, 1996; LATHOUD,
2002).
 Incapacidade de manter um esforço intelectual
(embotamento mental) (LATHOUD, 2002).
 Sensibilidade ao frio, agravação pelo frio e sensação
de frio, inclusive frio interior, adequado então, à
diminuição do metabolismo que o hipotireoidismo
causa (BOERICKE, 1993; CAIRO, 1996; LATHOUD,
2002).
 Útil em certos casos de anemias secundárias
(CAIRO, 1996; LATHOUD, 2002).
 O doente apresenta completa falta de energia
(CAIRO, 1996; LATHOUD, 2002).
Além deste medicamento, selecionei outros com
ação interessante na glândula tireoide. São eles:
 Penicilinum (sal de sódio da benzil penicilina
G):Tem indicação no hipotireoidismo. Doses: 4ª a
30ª CH (BOERICKE, 1993).
 Thyroidinum (Tiroidina):
ação importante na
tireoide e também com indicação no hipotireoidismo.
Doses: 6ª a 30ª CH (BOERICKE, 1993).
 Lophophytum leandrii (Flor de Piedra): tem seu
principal organotropismo pela tireoide e sua
indicação é no hipotireoidismo (também no
hipertireoidismo). Doses: 4ª a 30ª DH e 1ª a 12ª CH
(BOERICKE, 1993).
5 Conclusão
 O presente trabalho demonstra ser possível tratar o
hipotireoidismo canino primário através da
Homeopatia, levando-se em conta os sintomas
clássicos mais comuns.
 Utilizando-se um medicamento de fundo e contando
com o auxílio de medicamentos de ação
organoterápica.
 Desta forma, podemos dar a chance ao paciente de
usufruir de uma terapêutica mais suave e com
grandes chances de êxito minimizando-se o risco de
uma tireotoxicose.
OBRIGADA!
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