UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA EFEITO DA SALINIDADE NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ HÍBRIDO AVAXI SOB CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE NaCl TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Cláudia Hatschbach Santa Maria, RS, Brasil 2009 2 EFEITO DA SALINIDADE NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ HÍBRIDO AVAXI SOB CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE NaCl Por Cláudia Hatschbach Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em Agronomia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Luiz Augusto Salles das Neves Santa Maria, RS, Brasil 2009 3 Universidade Federal de Santa Maria Centro de ciências rurais Curso de graduação em Agronomia A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso EFEITO DA SALINIDADE NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ AVAXI SOB CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE NaCl. Elaborada por Cláudia Hatschbach Como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo COMISÃO EXAMINADORA: _______________________________ LUIZ AUGUSTO SALLES DAS NEVES (Presidente/Orientador, Prof. Dr) ________________________________ ANTÔNIO GILBERTO FREITAS DE MORAES ( Prof..Msc. Engenheiro Agrônomo) ____________________________ HEBER RODRIGRUES SILVA (Engenheiro Agrônomo) Santa Maria, 15 de junho de 2009. 4 RESUMO Trabalho de conclusão de curso Curso de graduação em Agronomia Universidade Federal de Santa Maria EFEITO DA SALINIDADE NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ HÍBRIDO AVAXI SOB CONCENTRAÇÕES CRESCENTES DE NaCl Autor: Cláudia Hatschbach Orientador: Luiz Augusto Salles das Neves Data: Santa Maria, 2009 Resumo: O presente trabalho foi conduzido no mês de fevereiro de 2009 no Laboratório de Genética Vegetal, Departamento de Biologia, na Universidade Federal de Santa Maria. Sementes de arroz do híbrido Avaxi foram submetidas as concentrações de 0, 50, 100, 200, 300, 400 mMol. Foram analisados a primeira contagem da germinação (PCG), a germinação (G), o índice de velocidade de germinação (IVG), o comprimento da raiz e da parte aérea, aos 14 dias após semeadura, o índice de velocidade de emergência (IVE) e o comprimento da parte aérea e da raiz, aos 21 dias. Os resultados mostraram que a partir da concentração de 200 mMol da NaCl houve uma redução no IVG, sendo que a concentração de 400 mMol provocou maior redução. Além dessa, constatou-se que o aumento da concentração de NaCl reduziu o IVE. Observou-se que a raiz foi afetada a partir da concentração de 200 mMol da solução salina, tendo o seu comprimento reduzido, porém não houve diferença significativa com relação as concentrações mais altas (>200 mMol). O comprimento da parte aérea e das raízes, aos 21 dias, foram reduzidos com o incremento da concentração de NaCl. Palavras chave: arroz, sementes, germinação, vigor, NaCl 5 ABSTRACT Course Conclusion Work Graduation Course of Agronomy Federal University of Santa Maria TITLE Author: Claudia Hatschbach Advisor: Luiz Augusto Salles das Neves Date: Santa Maria, 2009 This study was conducted in February of 2009 at the Laboratory of Genetics Vegetal, Department of Biology at the Federal University of Santa Maria. Seeds of hybrid rice Avaxi were submitted the concentrations of 0, 50, 100, 200, 300, 400 mMol. Were analyzed the first count of germination(PCG), the germination (G), the speed of germination index (IVG), the length of root and shoot, the 14 days after sowing, the speed of emergence index (IVE) and length of shoot and root, at 21 days. The results showed that as the concentration of NaCl of 200 mMol there was a reduction in IVG, and the concentration of 400 mMol caused more reduction. In addition, it was found that increasing the concentration of NaCl reduced IVE. It was observed that the root was affected from the concentration of 200 mMol of saline, and its length reduced, no difference with respect to the higher concentrations (>200 mmol). The length of shoots and roots, to 21 days, was reduced with increasing the concentration of NaCl. Key words: rice, seeds, germination, vigor, NaCl 6 LISTA DE FIGURAS Página 1- Figura 1. Germinação e primeira contagem de germinação das sementes do híbrido Avaxi submetidas as concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mM de NaCl.................................................................................................................. 24 2- Figura 2. Índice de velocidade de germinação das sementes do híbrido Avaxi submetidas as concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mM de NaCl........... 25 3- Figura 3. Comprimento de raiz e de parte aérea do híbrido de arroz Avaxi submetidos a soluções de NaCl nas concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mM de NaCl....................................................................................................... 26 4- Figura 4. Biomassas secas da raiz e da parte aérea de plântulas de arroz cujas sementes foram submetidas a soluções de NaCl nas concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mM de NaCl................................................................................ 29 5- Figura 5. Índice de velocidade de emergência do híbrido de arroz Avaxi submetidos a soluções de NaCl nas concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mM de NaCl......................................................................................................... 31 6- Figura 6. Comprimento de raiz e parte aérea do híbrido de arroz Avaxi......... submetidos a soluções de NaCl nas concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mM de NaCl........................................................................................................ 33 7 LISTA DE TABELAS Página 1-Tabela 1 - Diretrizes para interpretar a qualidade da água para irrigação (Ayers e Westcot), 1991)............................................................ 20 2-Tabela 2 - Medidas de ph da solução salina............................................. 23 8 SUMÁRIO Resumo ........................................................................................................ Página 4 Abstract ....................................................................................................... 5 Lista de figuras ............................................................................................ 6 Lista de tabelas ............................................................................................ 7 Sumário ....................................................................................................... 8 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 9 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................. 13 3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................. 23 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................... 25 5 CONCLUSÕES ...................................................................................... 35 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 36 9 1 INTRODUÇÃO O arroz, cultura amplamente difundida no Brasil, representa uma das principais fontes de carboidratos na alimentação humana, apresentando também em menor escala, teores de proteínas, vitaminas e minerais. Grande parte das lavouras orizícolas gaúchas ocupam o ecossistema de várzea, localizado na planície litorânea da região sul do Estado. A abundância de recursos hídricos nesta região, como a Laguna dos Patos e os rios litorâneos tornam-se por vezes a fonte de obtenção de água para a irrigação dos campos de cultivo de arroz. A coincidência dos meses de menor precipitação na região que possibilitam a salinização destas fontes, e o período de maior demanda por água pela cultura de arroz, representa um risco ao cultivo deste cereal, devido à sensibilidade, principalmente no estádio de plântula e de reprodução, podendo o estresse ocasionar diminuição do estande e aumento na esterilidade de espiguetas, respectivamente. (MACHADO et al. 1996). Segundo resultados de análises realizadas pelo laboratório da extinta CLMSUDESUL, situado em Pelotas-RS, em vários pontos amostrados ao longo do canal São Gonçalo, durante o verão de 1985, o índice de NaCl presentes na água variou de 0,03 a 23 g L-1 (Lipp, 1987). De um modo geral, os solos situados em regiões áridas, quando submetidos à prática da irrigação, apresentam grandes possibilidades de se tornarem salinos, desde que não possuam um sistema de drenagem adequado. Estima-se que de 20% a 30% das áreas irrigadas em regiões áridas necessitam de drenagem subterrânea para manter sua produtividade, sendo a irrigação e a drenagem ações afins. Estimativas da FAO informam que, dos 250 milhões de ha irrigados no mundo, aproximadamente, 50% já apresentam problemas de salinização e de saturação do solo e que 10 milhões de ha são abandonados, anualmente, em virtude desses problemas. As principais causas da salinização nas áreas irrigadas são os sais provenientes de água de irrigação e/ou do lençol freático, quando esse se eleva até próximo à superfície do 10 solo. Pode-se afirmar que a salinização é subproduto da irrigação: uma lâmina de 100 mm de água, com concentração de sais de 0,5 g/l, aplicada a 1 ha deposita, naquela área, 500 kg de sal. Quanto maior for a eficiência do sistema de irrigação, menor será a lâmina de água aplicada e, como conseqüência, menor será a quantidade de sal conduzida para a área irrigada, bem como o volume de água percolado e drenado. O requerimento básico para o controle da salinidade, nas áreas irrigadas, é a existência da percolação e da drenagem natural ou artificial, garantindo o fluxo da água e do sal para abaixo da zona radicular das culturas. Nessa situação, não haverá salinização do solo. No local onde o dreno descarregar, entretanto, haverá aumento na concentração de sais. Aproximadamente 30% das áreas irrigadas dos projetos públicos no Nordeste apresentam problemas de salinização; algumas dessas áreas já não produzem. Medeiros (1998) cita Tayer (1987), o qual afirma que, geralmente, os efeitos da salinidade (osmótico) são visualmente similares aos provocados por déficit hídrico. O meio mais viável para determinar a diferença entre os efeitos da salinidade e do déficit de umidade no desenvolvimento das plantas é pela análise do tecido vegetal. A falta de água normalmente reduz a absorção mineral total. A transpiração por unidade de matéria seca ou de área foliar é usualmente muito similar nos estresses causados pela salinidade ou por falta de água. A redução no desenvolvimento da planta devido à salinidade quase sempre envolve uma menor absorção total de água pela planta. O arroz é uma cultura que apresenta sensibilidade à salinidade nos diferentes estádios de desenvolvimento, sendo maior no início do ciclo e na reprodução, resultando em diminuição do estande e em aumento na esterilidade de flores, respectivamente. O acúmulo excessivo de íons pode induzir a toxicidade iônica, desequilíbrio nutricional ou a ambos (Greenway & Munns, 1980; Munns & Termaat, 1986; Boursier & Läuchli, 1990), inibindo a germinação e o crescimento das plantas pelo estresse salino ocasionado pela redução do potencial osmótico. O grau com que cada componente influencia sobre a fase do desenvolvimento, é dependente de fatores como a espécie vegetal, o cultivar, o tipo de salinidade, concentração e duração do estresse salino, seletividade / permeabilidade celular, dentre outros de ordem edafo-climática. Associado a questão da crescente necessidade de alimento do planeta está a necessidade de redução dos custos de produção e aumento da rentabilidade da cultura, aliada à exigência crescente pelo mercado consumidor de um produto de melhor qualidade, requerendo uma forte demanda por cultivares de arroz de ciclo precoce e 11 semi-precoce (100 a 120 dias até a colheita) que apresentem, ao mesmo tempo, elevado potencial genético de rendimento e superior qualidade de grão (Pereira & Rangel,2001). Atualmente o arroz híbrido vem crescendo em área semeada no Brasil, por proporcionar acréscimos de 20 % na sua produtividade das lavouras. O arroz híbrido surgiu na década de 70 na China, devido a necessidade de produzir mais em uma área menor, país que atualmente é o maior produtor deste cereal. Da produção total de arroz do planeta, que gira em torno de 412 milhões de toneladas, cerca de 20 % é resultado da utilização de sementes de híbrido, segundo a revista Planeta Arroz (2006). Estima-se que 20 a 25 mil hectares de arroz híbrido foram semeados na safra 2007/08 no Rio Grande do Sul e cerca de 500 arrozeiros utilizem a tecnologia. O melhor rendimento do híbrido está relacionado principalmente ao maior perfilhamento, panícula grande e maior peso do grão, além de menor necessidade de água para o desenvolvimento da planta. (Revista Lavoura Arrozeira, 2005). O arroz híbrido é o resultado do cruzamento de duas linhas de arroz geneticamente diferentes que explora o fenômeno do vigor híbrido (heterose) com o objetivo de incrementar o potencial produtivo. Desta combinação, obtém-se a primeira geração de sementes híbridas (F1), que será utilizada para semeadura de áreas comerciais. A viabilidade do uso desta tecnologia depende do sucesso na produção de sementes, o controle de custos e a adoção de manejo diferenciado. (Revista Lavoura Arrozeira, 2005). As condições predominantes na região sul do Brasil referentes a irrigação e cultivares utilizadas, demonstram a necessidade do desenvolvimento de trabalhos que visem avaliar a influência da presença e concentração de sais de sódio presentes na água utilizada sobre as principais culturas utilizadas nessas áreas. Uma forma de avaliação da qualidade fisiológica da semente, com a finalidade de obter informações sobre a semeadura e fornecer dados que possam ser utilizados associados as demais informações, para comparar diferentes lotes de sementes (Brasil,1992), é o teste de germinação, a partir do qual é possível estabelecer parâmetros de máxima emergência e desenvolvimento de estruturas essenciais do embrião, representando sua viabilidade pela capacidade de produzir uma planta normal em condições favoráveis de campo. Segundo a Revista Seed News (2007) o desafio para alcançar altos padrões de qualidade e de produtividade compatíveis com as crescentes necessidades de alimento do planeta é, talvez, a principal explicação para a expansão do arroz híbrido, cuja tecnologia de 12 produção é bem mais complexa que aquela empregada no cultivo de sementes convencionais e, na relação com as outras culturas, de maior complexidade do que outras variedades híbridas como o milho. O objetivo da realização deste trabalho foi avaliar o efeito da salinidade na germinação e no desenvolvimento de plântulas de um híbrido de arroz, visando identificar a sensibilidade à salinidade. 13 2 REVISÃO DE LITERATURA O arroz freqüenta a mesa de dois terços da população mundial, constituindo-se no principal alimento de vários países. O seu cultivo é tão antigo quanto a própria civilização, cerimônias civis, sociais e religiosas de muitos povos do oriente atestam a sua importância nutricional e cultural. Símbolo da fecundidade na Ásia, o arroz sempre acompanhou os recém-casados nos matrimônios quando atirado sobre eles em cerimônias religiosas, conforme a tradição Hindu e Chinesa. Na Índia, o arroz é associado a importantes fases da existência humana, do berço a sepultura. A origem do arroz é de uma planta silvestre de algumas regiões da Índia e da zona tropical da Austrália. É provável que foi semeado no Vale do Eufrates e na Síria, quatro séculos antes de Cristo. O arroz nasceu na Ásia, para posteriormente conquistar o mundo, seguindo deste continente para a Europa e norte da África, já era cultivada na Itália, em 1468, próximo a Pisa. A introdução do arroz na América teria ocorrido através do sul dos Estados Unidos em 1647, fato contestado por autores Brasileiros que apontam o Brasil como o primeiro país a cultivá-lo no continente Americano, após este cereal ter vegetado espontaneamente em época anterior ao descobrimento. Integrantes da expedição de Pedro Álvares Cabral, regressando de uma viagem por três milhas de território nacional, trouxeram arroz colhido em chão brasileiro, relatam pesquisadores. E isto é a confirmação de registros feitos por Américo Vespúcio que constatou a presença do cereal em grandes áreas alagadiças no Amazonas. Em 1587, lavouras arrozeiras já ocupavam terras da Bahia, em 1745, o cultivo teve início no Maranhão; em 1772 no Pará e em 1750, em Pernambuco. A prática da orizicultura no Brasil, de forma organizada e racional, era notada acentuadamente em meados do século 18, desta época até a metade do século 19, o país foi grande exportador de arroz. Posteriormente, passou a importá-lo, o que provocou altas taxas e sobretaxas alfandegárias na importação para melhorar o preço do produto nacional e expandir a orizicultura em vários Estados brasileiros, com o objetivo de atingir 14 uma produção compatível com a necessidade de consumo interno. Havia também o “arroz nativo” no Estado do Pará, e nos pantanais de Mato Grosso, e o “arroz brabo”, na região do Rio de Janeiro, essas plantas não eram muito valorizadas para alimentação diária dos indígenas. Só o arroz polido, vindo com o colonizador português, realmente conquistou um lugar cativo na mesa de todos os brasileiros. O colonizador português fez uma outra descoberta, que ficou para a história: nesta terra onde em se plantando tudo dá, o arroz não precisa nem de alagados para brotar. Aqui, o arroz nasce tanto no período das águas quanto na seca. No Brasil o arroz é o terceiro em consumo, mais elevado na América Latina- entre 45 a 50 quilos por habitante, o que sintetiza a sua importância na agricultura. É cultivado em todos os estados. O Brasil tem uma cultura arrozeira que visa o abastecimento do mercado interno. O Rio Grande do Sul, é o maior produtor brasileiro, é o responsável pelo excedente das pequenas exportações, outros grandes produtores são Santa Catarina, Maranhão, Minas Gerais e Mato Grosso. O arroz possui uma produção mundial em torno de 500 milhões de toneladas ou 10 bilhões de sacas. O Brasil ocupa hoje a sétima colocação na produção do mundo. O maior produtor é a China, seguida pela Índia, Indonésia, Bangladesh, Tailândia, Vietnã. No Brasil, o arroz é o terceiro produto agrícola mais importante depois da soja e do milho. Este cereal é o prato principal, e algumas vezes o único, da maior parte da população asiática. O cultivo em alguns países deste continente alcança rendimentos significativos, superando 6 mil kilos por hectare, muito acima da média brasileira. O arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo, sendo parte da alimentação básica para mais da metade da população. No Rio Grande do Sul, a área total semeada gira em torno de 950 mil hectares, com uma produtividade média de 6.200 kg ha-1 (Revista Seed News, 2007). O arroz gaúcho representa aproximadamente 61% da produção nacional e por 50 % da produção do mercosul. Para 2009 a produção nacional esperada é de 12,6 milhões de toneladas. No mundo a produção total, gira em torno de 412 milhões de toneladas onde cerca de 20% é resultado da utilização de sementes híbridas. Atualmente o arroz híbrido vem crescendo em área semeada no Brasil, por proporcionar alto potencial de produtividade, alta capacidade de perfilhamento, baixa densidade de semeadura, boa formação de raízes, mais sanidade e estabelecimento de rendimento. O vigor híbrido em arroz resultante da heterose 15 vem sendo uma das mais importantes aplicações técnicas da genética na agricultura. (Revista Planeta Arroz, 2005). A cultura de arroz irrigado apresenta pequena resposta a variações de densidade de plantas, compensando os componentes do rendimento dentro de limites bastante amplos. A resposta ao número de plantas por unidade de área depende da variedade utilizada, do vigor da semente e também do manejo do cultivo. O vigor híbrido permite baixar a densidade de semeadura de 150 kg.ha1 com híbridos. Estatura e número de perfilhos, por exemplo, podem variar, resultando em maior auto-sombreamento, em maior esterilidade de flores ou em menor qualidade industrial do grão ao ser descascado. O cultivar IRGA 417 é um dos principais cultivados nas áreas de arroz irrigado do Rio Grande do Sul, ocupando o primeiro lugar no ranking do ano agrícola 2002/2003 com 28,7 % da área total cultivada no Estado, dos 955.101 hectares (IRGA, 2003). Destaca-se pela precocidade, alta produtividade, qualidade de grãos, alto vigor inicial das plântulas, além de apresentar boa adaptabilidade a todas regiões orizícolas do Rio Grande do Sul, motivos pelos quais possui determinada preferência de cultivo sobre as demais. Muitas vezes, a água disponível na natureza para utilização na irrigação pode conter impurezas. Estas impurezas podem ser caracterizadas quanto aos aspectos sanitários, físicos e químicos. Quanto ao aspecto químico, este se refere à concentração de sais, metais pesados e outros elementos químicos que são nocivos à cultura e que somente a água de irrigação não é normalmente suficiente para prejudicar diretamente as plantas. Os danos devem-se ao acúmulo desses elementos químicos no solo que devido ao manejo inadequado da irrigação e ou drenagem insuficiente, acabam prejudicando a cultura devido à salinização do solo e toxicidade (CARRIJO., 1999). Segundo Ayers & Westcot (1991), o problema de salinidade do solo existe quando os sais acumulam-se na zona radicular à concentração tal que ocasiona perdas na produção. Estes sais geralmente são provenientes dos sais contidos nas águas de irrigação ou nas águas do lençol freático alto. O rendimento das culturas diminui quando o teor de sais na solução do solo é tal que não permite que as culturas retirem água suficiente da zona radicular, provocando, assim, estado de escassez de água nas plantas por tempo significativo. Para estes autores, os sais que contribuem para criar problema de salinidade são solúveis e transportados facilmente na água. Uma parte dos sais acumulados no solo por irrigações anteriores pode ser lixiviada além da zona radicular, sempre e quando se aplicar maior quantidade de água que a 16 consumida pela cultura, durante seu período vegetativo. Assim, o processo de lixiviação ou lavagem de sais é operação fundamental no controle dos problemas relacionados com a salinidade. Para evitar que os sais se acumulem na região. A utilização de água com algum grau de restrição no cultivo de arroz irrigado tem ocorrido com maior freqüência nos últimos anos em parte das lavouras nas Planícies Costeiras e na região Sul do Rio Grande do Sul (MACEDO et al., 2005), reduzindo a produção. Isto ocorre principalmente em anos de “La Nina”. Esse grau de restrição ao uso da água para irrigação das lavouras é a salinidade que exerce influência sobre a morfologia das plântulas geradas, entretanto, a concentração requerida para causar alterações significativas, sobre o número de plântulas anormais, é alta. Esse descritor, plântulas anormais, é o que permite possíveis análises com referência aos distúrbios fisiológicos e/ou estruturais provocado pela condição salina das águas de irrigação. Além disso, há um decréscimo no percentual de germinação na contagem final, aos 14 dias, sugerindo que a salinidade afetou o desenvolvimento de plântulas normais e diminuiu a viabilidade e o vigor das sementes (LIMA et al., 2005). Com a finalidade de se observar o comportamento dos minerais nitrogênio, fósforo e potássio em plântulas de arroz submetidas a estresse salino, LIMA et al. (2007) utilizaram as cultivares BRS Agrisul e BRS Bojurú submetidas a doses de 10; 20; 30; 40 e 50 mM de NaCl. Esses autores verificaram que o teor de sódio da parte aérea aumentou conforme o incremento na concentração salina, nas duas cultivares. Porém, quando comparadas, a cultivar BRS Agrisul apresentou valores superiores, principalmente nas duas concentrações mais altas (40 e 50 mM). A cultivar BRS Bojurú, manteve níveis mais baixos de sódio, provavelmente esta possua algum mecanismo que impeça o sódio de se translocar mais facilmente até a parte aérea. O teor de potássio diminuiu à medida que aumentou a salinidade, tanto na parte aérea quanto nas raízes. Observou-se que na parte aérea da cultivar BRS Agrisul o teor de potássio foi maior, provavelmente esta cultivar tenha alocado maior quantidade deste nutriente nos vacúolos para ajuste osmótico. O teor de nitrogênio da parte aérea em ambas as cultivares foi maior no tratamento controle e manteve-se o mesmo em todas as concentrações, demonstrando que a salinidade afeta as plantas de arroz dos cultivares utilizadas, porém o aumento da salinidade não provoca 17 grandes variações no seu teor. Nas raízes, o teor de nitrogênio foi o mesmo em ambos cultivares. Os teores de nitrogênio da parte aérea e do sistema radical de todos os genótipos não foram influenciados pela concentração salina, não ocorrendo diferenças entre as concentrações de sódio. (LIMA et al.; 2007). Segundo Azam et al. (1992) altos níveis de nitrogênio neutralizam ou contrabalançam os efeitos tóxicos de salinidade. A salinidade afetou os teores de nutrientes sódio e potássio dos cultivares utilizados. Os teores de nitrogênio não são prejudicados pela salinidade nos cultivares BRS Agrisul e Bojurú. (LIMA et al.; 2007). Para avaliar a qualidade fisiológica de sementes e o crescimento de plântulas dos cultivares BRS Bojurú e IAS 12-9 Formosa (tolerantes ao sal) e BRS Agrisul e BRS 6 Chuí (sensíveis ao sal), LIMA et al. (2005) utilizaram as concentrações de zero, 25, 50, 75 e 100 mM de NaCl. Apesar da menor porcentagem de germinação, a cultivar IAS 12-9 Formosa apresentou maior número de plântulas normais aos quatorze dias comparando-a com os demais cultivares, demonstrando que o sal teve efeito menos severo quanto ao dano das plântulas. A presença em altos níveis de íons em não halófitas pode exercer efeitos adversos na permeabilidade da membrana (GREENWAY & MUNNS, 1980), o que possivelmente tenha contribuído para a diminuição da germinação. Experimentos realizados com Bauhínia forficata Link ( Fanti & Perez, 1996), Cnidosculus phyllacanthus Pax & K. Hoffm. ( Silva et al.; 2001) e Prosopis juliflora (SW) D.C. (FREIRE et al.; 2001) apresentam resultados similares, levando a concluir que conforme aumenta a salinidade diminui o índice de velocidade de germinação e, portanto o vigor das sementes. A altura das plantas dos cultivares BRS Bojurú e BRS Agrisul foi reduzida pelo NaCl, mas não houve diferença significativa no tocante as soluções com sal, entre 25 a 100 mM de NaCl. Em todas as cultivares de arroz testadas, o vigor das sementes decresceu com o aumento na concentração de NaCl do meio. Fraga et al. (2006) estudaram o efeito na produtividade do cultivar IRGA 424, mantidos na lâmina de água pela adição de solução de cloreto de sódio, em diferentes períodos do ciclo do arroz: diferenciação do primórdio floral a florescimento pleno (80 % das plantas em floração); diferenciação do primórdio floral a maturação fisiológica do grão; florescimento 18 pleno a maturação fisiológica e V4 a maturação fisiológica, com níveis de salinidade de zero; 1,5; 3,0; e 4,5 dS m-1.. A redução no peso de grãos e o aumento da esterilidade de espiguetas foram relatados por Grattan et al. (2002) como a causa principal para a redução no rendimento de grãos em experimento realizado a campo na Califórnia. Em outro experimento similar, estes autores relataram que a salinidade não influenciou a esterilidade de espiguetas e a redução no rendimento do arroz pela salinidade foi devido à redução de panículas por área e peso de grãos, demonstrando que podem ocorrer diferentes respostas das plantas a salinidade em distintas situações. A salinidade afetou os componentes de rendimento, a esterilidade de espiguetas e a produção de grãos de arroz. A entrada de água com sal a partir da diferenciação do primórdio floral afetou a produção de grãos, os componentes de rendimento e a esterilidade de forma semelhante à entrada de água com sal a partir do florescimento pleno reduz estes danos da salinidade ao arroz. Os componentes de rendimento, assim como a esterilidade de espiguetas, associaram-se com o rendimento de grãos de arroz, mais estreitamente com esta última. Com o objetivo de avaliar as cultivares IRGA 417, IRGA 419 e EL PASO 144 L quanto a tolerância aos diferentes níveis de NaCl e a relação destes com a condutividade elétrica na água foi realizado um experimento em casa de vegetação, nas estações de crescimento de 1999/00 e 2000/01, na Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha RS. Os níveis de salinidade na água de irrigação foram zero, 0,20, 0,35 e 0,50%. A água utilizada na irrigação apresentou os seguintes valores de condutividade elétrica: água potável (testemunha)= 0,18 mS cm-1, 0,20% de NaCl = 4,38mS cm-1, 0,35% de NaCl = 7,00 mS cm-1 e 0,50% de NaCl = 10 mS cm-1. Até o perfilhamento (dois perfilhos por planta), todos os tratamentos foram irrigados com água potável. No tratamento em que os níveis de salinidade iniciaram no perfilhamento, irrigou-se com água salina até a morte das plantas e nos demais tratamentos, até o final do ciclo. Na adubação de base foi utilizado 22 Kg há-1 de N, 90 kg há-1 de P2O5 e 135 Kg ha-1 de K2O. A adubação de cobertura foi realizada em duas etapas, sendo 100 kg há-1 de N na diferenciação do primórdio da panícula (DPP). As medidas de condutividade elétrica iniciaram a partir do perfilhamento até o enchimento completo dos grãos. Foram avaliadas as porcentagens de esterilidade de espiguetas e morte de plantas. Todas as plantas irrigadas com água salina a partir do perfilhamento não completaram o ciclo e morreram antes da emissão da panícula. Os cultivares utilizados IRGA 417, IRGA 419 19 e EL PASO 144 L não diferiram estatisticamente entre si quanto à esterilidade de espiguetas. Os resultados obtidos indicaram que a irrigação com água salina no estádio da diferenciação do primórdio da panícula (DPP), as plantas são mais suscetíveis. Os valores de espiguetas estéreis foram diretamente proporcionais às concentrações de NaCl na água de irrigação. Os resultados mostraram que níveis de NaCl iguais ou superiores a 20% na água de irrigação são danosos na DPP, pelos prejuízos causados as plantas de arroz. A irrigação com água salina a partir do florescimento, a porcentagem de espiguetas estéreis foi significativamente maior na concentração de 0,50% de NaCl que diferenciou dos demais níveis de salinidade. No entanto, o nível de 0,20% de NaCl não diferiu estatisticamente da testemunha. Somente a maior concentração de NaCl causou danos às plantas no enchimento de grãos e diferenciou-se significativamente das demais. Nos tratamentos com diferentes níveis de NaCl na água de irrigação iniciados a partir do perfilhamento, apesar das plantas sobreviverem por aproximadamente cinqüenta dias sob água salina, não suportaram as altas concentrações de NaCl medidas através da condutividade elétrica e morreram antes da emissão da panícula. O consumo de água através da evapotranspiração e a devida reposição com água salina, fez com que houvesse aumento na condutividade elétrica de forma gradual em função do início da aplicação dos tratamentos e diretamente proporcional aos níveis de NaCl, alcançando valores próximos de 17 mS cm-1 na maior concentração. Na diferenciação do primórdio da panícula (DPP) os valores de condutividade elétrica alcançaram valores altos em um curto período. Isto pode ser devido ao alto consumo de água que normalmente ocorre nesta fase, e muito dos sais nela dissolvidos, não foram absorvidos pelas plantas, concentrando-se na água, o que provocou a elevação da condutividade elétrica. Portanto, lavouras continuamente irrigadas com água que apresenta condutividade elétrica de 4,38 mS cm-1 até o final do ciclo da cultura e causar até 65,5% de espiguetas estéreis. Concluiu-se que se deve evitar a utilização de água para irrigação, contendo valores iguais ou superiores de 0,20% e 4,38 mS cm-1 de NaCl e condutividade elétrica, respectivamente, antes do florescimento. Estudos referentes a salinidade não estão restritos ao arroz ou a água de irrigação. Nesse sentido há referências sobre o efeito do NaCl em soja, trigo, milho, beterraba, alfafa, aveia e cevada. (Harris, 1915), citado por Campos e Assunção (1990). O autor observou que o período de germinação foi consideravelmente afetado pela presença de sais solúveis no solo. 20 O grau de presença de sais solúveis no solo apresentou a seguinte ordem: cloreto de sódio, cloreto de cálcio, cloreto de potássio e sulfato de magnésio. Em soja foi avaliado o estresse salino e hídrico na germinação e vigor de sementes com alto e baixo vigor. As sementes foram colocadas para germinar em rolos de papel germitest, embebidos em soluções de cloreto de sódio, cloreto de cálcio, sulfato de sódio e manitol com potenciais osmóticos de 0, -3, -6, -9, -12 e -15 atm. Os sais afetaram mais a germinação das sementes do que o manitol, sendo que nas maiores concentrações houve uma menor porcentagem de germinação, cujo efeito foi mais acentuado para as sementes de baixo vigor. Para as sementes com alto vigor, tanto a presença de sais como do manitol provocou uma redução nos valores de matéria seca, comprimento da radícula e hipocótilo, que foi intensificada com o aumento da concentração. Para as sementes com baixo vigor, as menores concentrações de solutos provocaram aumento nas variáveis avaliadas, possivelmente pela redução da velocidade de embebição das sementes, evitando injúrias ao embrião. Santana et al. (2003) encontraram uma redução linear na produção de feijoeiro comum com o aumento da salinidade do solo, chegando a 93,4% quando a CE esteve em 5,5 ds m-1. Marques (2003) observou redução na produção da berinjela quando irrigada sob diferentes lâminas e água salina. Medeiros (1998) verificou que a redução na produção da cultura do pimentão em estufa foi da ordem de 14% para incremento de 1,0 ds m-1 na salinidade do solo, acima da salinidade limiar que foi de 1,5 ds m-1. Ainda segundo o mesmo autor, geralmente, concentrações de sais acumulados no tecido das plantas acima do requerido para as suas funções normais e acima de um dado valor limite resultarão em algum prejuízo para o desenvolvimento e rendimento da planta. Acúmulo excessivo de sais na planta pode ser oriundo de altas concentrações de sais na zona radicular ou da absorção dos sais diretamente pelas folhas, quando a água de irrigação é aplicada por aspersão. Bower et al. (1969), citados por Medeiros (1998), em experimento utilizando diferentes salinidades da água de irrigação e frações de lixiviação, verificaram como esses fatores afetam a distribuição e acumulação de sais solúveis no perfil do solo irrigado em condições de equilíbrio. Esse autor ainda cita Rhoades & Loveday (1990), os quais observaram que, em terrenos irrigados, sob condições de equilíbrio, tem-se o seguinte: 21 1-o teor de sais da solução do solo aumenta no perfil com a profundidade da zona radicular, exceto quando se irriga com águas de baixa salinidade (CE< 0,2 dS m-1) e frações de lixiviações altas (FL> 0,5); 2- a salinidade da solução do solo aproxima-se a da água de irrigação próximo a superfície do solo, independente da fração de lixiviação, mas aumenta com a profundidade quando FL é diminuída; 3- para uma mesma relação CEa/FL, a salinidade da solução é proporcional à CEa no fundo da zona radicular; 4- a salinidade média da solução do solo na zona radicular aumenta e o rendimento da cultura decresce, à medida que aumenta a CEa e há decréscimo da FL; 5- os primeiros incrementos da lixiviação são os mais efetivos para se prevenir a acumulação de sais na zona radicular. Ayers & Westcot (1991) apresentam diretrizes para avaliar a qualidade da água de irrigação (Tabela 2). Essas se referem, sobretudo, aos efeitos a longo prazo da qualidade da água sobre a produção das culturas, nas condições de solo e manejo agrícola. Elas têm caráter prático e têm sido utilizadas com êxito na agricultura irrigada, para avaliar os constituintes da água superficial, subterrânea, de drenagem, efluentes de esgotos e outras águas residuais. TABELA 1. Diretrizes para interpretar a qualidade da água para irrigação (AYERS & WESTCOT, 1991). Grau de restrição para o uso Problema potencial Unidades Nenhuma Ligeira e moderada Severa Salinidade CEa dS m-1 <0,7 0,7 a 3,0 >3,0 *SDT mg L-1 <450 450 a 2000 >2000 *SDT= total de sais em solução. Ayers & Westcot (1991) mencionam que os fertilizantes naturais e químicos e os corretivos contêm concentrações altas de muitos sais solúveis. Quando são colocados nas proximidades das plantas, estes produtos provocam ou intensificam os problemas de 22 salinidade e ou toxicidade. Considera-se, geralmente, que um aumento do nível de fertilização acima do necessário para o ótimo desenvolvimento não afeta a tolerância das plantas a salinidade. No entanto, se tanto a salinidade como a baixa fertilidade limitam a produção, a correção de uma ou ambas provocará aumento nos rendimentos da cultura. Entretanto, se a fertilidade é o fator limitante, a adubação não provocará aumento nos rendimentos nem melhorará a tolerância à salinidade. 23 3 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no laboratório do departamento de biologia e em casa de vegetação, na Universidade Federal de Santa Maria. Sementes de arroz do híbrido Avaxi da empresa RiceTec foram embebidas por 1 hora em soluções de NaCl nas concentrações de zero, 50, 100, 200, 300 e 400 mMol de NaCl e a seguir foram aplicados os seguintes testes para avaliação da qualidade das sementes. Teste de germinação (TG) – foi conduzido com 1.200 sementes de arroz do híbrido Avaxi, divididas em quatro repetições de 50 sementes, utilizando-se como substrato papel do tipo germitest previamente umedecido com água destilada. As sementes tratadas foram semeadas no papel, enroladas, e colocadas em germinador do tipo Mangeldorf com temperatura de 26 º C. A leitura foi realizada até os 14 dias após a semeadura e os valores foram expressos em porcentagem de plântulas normais (Brasil, 1992). Primeira contagem de germinação – A primeira contagem de germinação foi realizada aos cinco dias após a semeadura, e anotado o número de plântulas emergidas. Índice de velocidade de emergência (IVE) – foi conduzido com 1.200 sementes divididas em quatro repetições de 50 sementes por tratamento, semeadas em bandejas de 200 células cada uma, sendo o substrato areia. A semeadura foi realizada manualmente e umedecidas freqüentemente. As observações foram realizadas diariamente durante 21 dias e anotado o número de plântulas emergidas por dia até que esse número permanecesse constante. Os valores lidos foram colocados na seguinte fórmula, segundo metodologia de VIEIRA & CARVALHO ( 1994 ) : IVE = (E1 – E0)N1+ (E2-E2)/N2+...+(Em-Em-Em-1)Nn;onde E0 é a contagem no primeiro dia, E1 no segundo dia,..., Em no enésimo dia, N1 é o primeiro dia após a semeadura, N2 o segundo dia,...,Nn o enésimo dia. 24 Emergência de plântulas em casa de vegetação ( E ) _ foi instalado de forma idêntica ao teste de velocidade de emergência em casa de vegetação, com contagem até os 21 dias após a data de semeadura e os resultados foram expressos em porcentagem de emergência de plântulas. Determinação da biomassa fresca e seca e comprimento da parte aérea e da raiz – determinado no teste de germinação ( 14 dias ) e no de emergência de Plântulas ( 21 dias ), em 10 plântulas por repetição, por tratamento, procedendo – se a separação da parte aérea das raízes. A seguir realizaram-se as medidas da parte aérea e das raízes. Os resultados foram expressos em milímetros. Após as partes das plântulas (a parte aérea e raiz) foram deixadas secar até peso constante, sendo então pesadas para obter a biomassa seca. Os resultados foram expressos em g plântula-1. Foram medidos o ph das soluções salinas com a finalidade de se verificar algum efeito devido a acidez. Conforme tabela 2 abaixo descrita observa-se que não houve diferenças significativas no ph com o aumento da concentração de sal. Tabela 2. Medidas de pH da solução salina Concentração da solução Gramas de NaCl pH Água destilada 0 5,95 50 mM 2,9g 5,55 100 mM 5,85 g 5,53 200 mM 11,75 g 5,62 300 mM 17,55 g 5,70 400 mM 23,40 g 5,74 25 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na figura 1 estão demonstrados os efeitos das soluções salinas na germinação e na primeira contagem da germinação de sementes de arroz do híbrido Avaxi. Observa-se que a partir da concentração de 100 mMol houve um aumento na porcentagem de germinação, estendendo-se esta tendência as demais concentrações, havendo uma pequena variação na concentração de 300 mMol de NaCl, mas de forma não Germinação e primeira contagem da germinação (% ) significativa. 98 a a a a 96 a a a 94 b b b 92 b b 90 88 0 50 100 200 300 400 Concentração de NaCl (mMol) Germinação Primeira contagem da germinação Figura 1: Germinação e primeira contagem de germinação das sementes do híbrido Avaxi submetidas às concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mMol de NaCl. Santa Maria. 2009 26 No teste de primeira contagem de germinação (aos 5 dias) das sementes submetidas ao cloreto de sódio houve diferença significativa entre as diferentes concentrações exceto a concentração de 50 mMol de Nacl, em relação a testemunha. O índice de velocidade de germinação das sementes de arroz do híbrido Avaxi esta demonstrada na figura 2. Nessa figura observa-se que até a concentração de 100 mMol de NaCl não houve diferença significativa. A partir da concentração de 200 mMol de NaCl observa-se uma redução no índice de velocidade de germinação, sendo que a concentração de 400 mMol provocou maior redução. 7 a 6 IVG 5 b b b b 4 c 3 2 1 0 0 50 100 200 300 400 Concentração de NaCl (mMol) Figura 2. Índice de velocidade de germinação das sementes do híbrido Avaxi submetidas às concentrações zero; 50; 100; 200; 300; e 400 mMol de NaCl. Santa Maria. 2000. Os resultados obtidos estão de acordo com Raven et al (2001) que submetendo sementes dos cultivares IRGA 417 a doses crescentes de NaCl verificaram que a cultivar apresentou diminuição significativa no percentual de germinação em concentrações elevadas de NaCl (-0,8 MPa e -1,2 MPa). Estes efeitos explicam-se em parte pela provável influência do potencial osmótico sobre a permeabilidade das membranas, considerando o movimento da água de um potencial hídrico mais elevado como (solução hipotônica) para outro menos elevado (solução hipertônica), ou ainda assumindo-se que a presença dos sais de sódio em determinada concentração possam criar um meio isotônico entre a solução e a semente, (anulando o saldo de transferência de água através da membrana). 27 Constatou-se assim, que a germinação de sementes de arroz do cultivar IRGA 417, decresceu com o incremento da salinidade a partir do potencial osmótico – 0,4 MPa, afetando o desenvolvimento de plântulas normais e reduzindo a viabilidade (OLIVEIRA et al.; 2007). Lima et al. (2007) utilizaram as cultivares BRS Agrisul e BRS Bojurú submetidas a doses de 10; 20; 30; 40 e 50 mM de NaCl. A cultivar BRS Agrisul apresentou maior índice de velocidade de germinação seguida dos cultivares BRS 6 Chuí, BRS Bojurú e IAS 12-9 Formosa. No entanto, no índice de velocidade de germinação (IVG) essas cultivares permaneceram praticamente constantes com o incremento da salinidade, enquanto a cultivar BRS Agrisul teve um acréscimo na velocidade de germinação com o aumento da concentração salina. Apesar de o índice de velocidade de germinação indicar que quanto mais rapidamente a semente germina, maior é o seu vigor, a queda no IVG da cultivar BRS Agrisul com o aumento da concentração de NaCl, sugere que essa cultivar apresenta sensibilidade ao sal. A germinação de sementes de arroz, cultivares BRS Agrisul e IAS 12-9 Formosa, decresceu com o incremento da salinidade, afetando o desenvolvimento de plântulas normais e reduzindo a viabilidade. (LIMA et al.; 2007) O alongamento da parte aérea do híbrido Avaxi (Figura 3) não demonstrou diferença significativa entre a testemunha e a concentração de 200 mMol. Entretanto, percebe-se que as concentrações de 300 e 400 mMol houve redução significativa, porém não diferiram entre si. Comprimento de parte aérea e de raiz (cm) 28 10 8 a a a a a a b a b b 6 b b 4 2 0 0 50 100 200 300 400 Concentração de NaCl (mMol) RAIZ P. A. Figura 3 – Comprimento de raiz e de parte aérea do híbrido de arroz Avaxi submetidos às concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mMol de NaCl. Santa Maria. 2009. No híbrido Avaxi os efeitos da solução salina sobre o comprimento de raiz e de parte aérea estão demonstrados na figura 3. Observa-se que a raiz foi afetada a partir da concentração de 200 mMol de NaCl, tendo o seu comprimento reduzido, porém não houve diferença significativa com relação as concentrações mais altas (> 200 mMol). A altura das plantas e o comprimento das raízes foram reduzidos pelo incremento da concentração de NaCl. De modo geral, em substrato salino, o crescimento da parte aérea é mais afetado do que o crescimento das raízes. Parece que o fator decisivo é o sinal fitohormonal advindo das raízes ( Teermaat & Munns, 1986). Lima et al. (2007) utilizando as cultivares BRS Agrisul e BRS Bojurú constataram que o comprimento do sistema radicular para as cultivares BRS Agrisul, BRS 6 Chuí e IAS 12-9 Formosa não foi influenciado pela concentração salina, entretanto a cultivar BRS Bojurú aumentou o tamanho das raízes com o incremento no teor de NaCl. Observou-se a maior tolerância ao sal da cultivar BRS Bojurú em comparação os demais cultivares. Nos cultivares BRS Talento e Cana Roxa, pertencente ao grupo japônica e BRS Agrisul, BRS Querência, BRS Ligeirinho, pertencentes ao grupo indica, procedentes da estação experimental Terras baixas (Embrapa- clima Temperado) foi avaliado a tolerância a 29 salinidade, as concentrações utilizadas foram zero, 68, 136, e 204 mM de NaCl, O maior percentual de redução relativa foi observado na área foliar média, 74,0 %, indicando ser o parâmetro morfológico mais sensível a toxicidade causada pelo NaCl em concentrações acima de 136 mM. Por outro lado, não se observou redução relativa para a variável comprimento médio de raiz na concentração de 68 mM, o que conduz a interpretação de que, em concentração de até 204 mM, este parâmetro morfológico é o menos influenciado pela salinidade. As taxas de redução relativa registrada para todas as variáveis analisadas confirmam o relato de Morales et al. (2001), o qual salienta que nem todas as partes da planta são igualmente afetadas pela salinidade. Levando-se em consideração a redução relativa para altura média da parte aérea, os genótipos Cana Roxa, BRS Agrisul, BRS Talento e BRS Querência apresentaram tolerância moderada à salinidade até a concentração de 136 mM, com índices de redução inferiores a 10 %, enquanto BRS Ligeirinho apresentou redução de 20,9% nesta mesma concentração. Considerando a diferença entre os tratamentos extremos, foram verificadas reduções de 27,8% para o genótipo BRS Talento e de 58,7% para BRS Ligeirinho, denotando maior tolerância, à salinidade, de BRS Talento para esta variável. O maior percentual de redução relativa foi observado na área foliar média, 74,0 %, indicando ser o parâmetro morfológico mais sensível a toxicidade causada pelo NaCl em concentrações acima de 136 mM. Por outro lado, não se observou redução relativa para a variável comprimento médio de raiz na concentração de 68 mM, o que conduz a interpretação de que, em concentração de até 204 mM, este parâmetro morfológico é o menos influenciado pela salinidade. As taxas de redução relativa registrada para todas as variáveis analisadas confirmam o relato de Morales et al. (2001), o qual salienta que nem todas as partes da planta são igualmente afetadas pela salinidade. Levando-se em consideração a redução relativa para altura média da parte aérea, os genótipos Cana Roxa, BRS Agrisul, BRS Talento e BRS Querência apresentaram tolerância moderada à salinidade até a concentração de 136 mM, com índices de redução inferiores a 10 %, enquanto BRS Ligeirinho apresentou redução de 20,9% nesta mesma concentração. Considerando a diferença entre os tratamentos extremos, foram verificadas reduções de 27,8% 30 para o genótipo BRS Talento e de 58,7% para BRS Ligeirinho, denotando maior tolerância, à salinidade, de BRS Talento para esta variável. . (Benitez et al. 2008). O comprimento do sistema radicular para as cultivares BRS Agrisul, BRS 6 Chuí e IAS 12-9 Formosa não foi influenciado pela concentração salina, entretanto a cultivar BRS Bojurú aumentou o tamanho das raízes com o incremento no teor de NaCl. Observou-se a maior tolerância ao sal da cultivar BRS Bojurú em comparação os demais cultivares. Na figura 4 estão demonstrados os efeitos do estresse salino sobre as biomassas secas da raiz e da parte aérea das plântulas de arroz do híbrido Avaxi. Verifica-se na figura 4 A que aos 21 dias para a raiz as concentrações de 50 e 100 mMol de NaCl não diferiram entre si, mas diferiram das demais. A a a Biomassa seca (g) 0,80 a a a 0,60 0,20 b b 0,40 a a c b d 0,00 0 50 100 200 300 400 Concentração de NaCl (mMol) Raiz Parte aérea B Relação parte aérea/raiz 2,5 2 1,5 1 0,5 0 0 50 100 200 300 400 Concentração de NaCl (m Mol) Figura 4 – Biomassas secas da raiz e da parte aérea (A) e relação parte aérea/raízes (B) de plântulas de arroz cujas sementes foram submetidas às concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mMol de NaCl. Santa Maria. 2009. 31 Observa-se igualmente que houve decréscimo significativo no comprimento da raiz a partir da concentração de 200 mMol. Todas as concentrações diferiram da testemunha,, que apresentou o menor valor para o comprimento da raiz. Este estímulo pelas moléculas de NaCl não foi investigado no presente trabalho. Na figura 4 B observa-se que o comportamento da relação parte aérea/raiz foi diversificado. Da testemunha até a concentração de 100 mMol o crescimento da raiz foi favorecido. Todavia, nas concentrações a partir de 200 mMol a relação invertem-se, pois o desenvolvimento da biomassa da raiz foi afetado. Lima et al. (2005) utilizando as concentrações de zero, 25, 50, 75 e 100 mM de NaCl nas cultivares BRS6 Chuí, IAS 12-9 Formosa, BRS Agrisul, BRS Bojurú, observaram que a matéria seca da parte aérea declinou com o incremento da concentração de NaCl. No entanto, houve maior discrepância na matéria seca das raízes em função da salinidade. Desse modo, a matéria seca das raízes dos cultivares BRS 6 Chuí e IAS 12-9 Formosa não foram influenciadas pela concentração salina, ficando praticamente constantes. Enquanto a matéria seca da cultivar BRS Agrisul decresceu linearmente em função do teor de NaCl e na cultivar BRS Borujú houve acentuado e linear incremento na matéria seca das raízes com o aumento da concentração salina. Estes resultados conduzem a interpretação que a cultivar BRS Bojurú, tolerante a salinidade, aloca mais assimilados no sistema radical, de modo a superar problemas de sal. Confirmando o fato, de o estresse localizado em uma parte afeta mais a outra parte, porque a planta envia mais assimilados para o local do estresse, para aumentar o crescimento desse órgão em detrimento da outra parte. O comportamento do cultivar BRS Bojurú sugere que a presença de cloreto de sódio não interferiu na massa das plântulas, pelo menos neste estágio inicial. Demonstrando que esta cultivar possui menor sensibilidade ao sal conforme previamente determinado por Machado & Terres (1997). Normalmente, em plantas sensíveis a salinidade diminui a taxa de emergência e induz a redução nas matérias seca e fresca da parte aérea e do sistema radical (Shannon et al 1998) A relação entre a matéria seca da parte aérea e raiz decresceu com o aumento na concentração salina. Benites et al 2008 verificaram que o cultivar Cana Roxa apresentou aumento relativo de 6,8% na massa fresca média da parte aérea, em relação ao tratamento controle, enquanto 32 BRS Talento apresentou menor redução, 1,9%. Na maior concentração testada, 204 mM, cana Roxa e talento apresentaram reduções de 64,5 e 51,5%, respectivamente, sendo as menores reduções observadas para este parâmetro. BRS Agrisul e BRS Querência tiveram comportamento bastante similar, sendo, novamente, a maior redução encontrada no genótipo BRS Ligeirinho, 79,7%. Para a variável massa fresca de raiz, visualizou-se que os genótipos Cana Roxa e BRS Talento apresentaram aumentos na produção de raiz de 14,5 e 14,6%, respectivamente, enquanto a maior redução encontrada, 32,3%, foi no genótipo BRS Ligeirinho. Na concentração de 204 mM, BRS Talento apresentou o menor percentual de redução, 56,3%, seguido de Cana Roxa, assim como observado para as demais variáveis, enquanto os demais genótipos apresentaram reduções entre 76,6 e 80,4%, sendo o maior percentual encontrado em BRS Agrisul. Para o genótipo Cana Roxa foi observado incremento relativo de 11,5% no comprimento médio de raiz. Analogamente ao observado nas variáveis anteriores, as menores taxas de redução encontradas, na maior concentração testada (204 mM), foram para os genótipos BRS Talento, (26,7%), e Cana Roxa (38,1%), enquanto para os demais genótipos as reduções variaram entre 41 e 45,9%. Os genótipos respondem de maneira diferenciada ao estresse salino, sendo BRS Talento o genótipo mais tolerante na concentração de 204 mM de NaCl. Cana Roxa apresenta-se com um genótipo tolerante à salinidade até concentrações de 68 mM e BRS Ligeirinho é o genótipo mais sensível. Na figura 5 observa-se que com o aumento da concentração de NaCl houve uma redução no índice de velocidade de emergência. 33 2,5 a b 2 b IVE 1,5 c 1 c 0,5 d 0 0 50 100 200 300 400 Concentração de NaCl (mMol) Figura 5- Índice de velocidade de emergência do híbrido de arroz Avaxi submetidos à concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mMol de NaCl. Santa Maria. 2009. Na fase I da embebição, a semente inicialmente seca acumula água e aumenta em volume e tamanho em função do potencial matricial (ψm), a presença de sal pode provocar uma redução na densidade de absorção de água dificultando a germinação da semente e conseqüentemente a emergência da plântula. Petrasovits (1968) observou que a quantidade de água absorvida pelas sementes em meio salino foi reduzida com o aumento da concentração do sal, o que deve ser uma das causas da redução na germinação. Por outro lado, Ayers (1952) relatou que a salinidade pode afetar a germinação, tanto dificultando a absorção da água pelas sementes, como pela penetração de íons a níveis tóxicos. Prisco & O’Leary (1970) e Bari et al. (1973) observaram que a germinação de sementes de feijão foram prejudicadas por redução na absorção de água, quando postas para germinar em meio salino. No entanto, Clarck & West (1971), citados por Bari et al. (1973), comentaram que a ausência de outra razão plausível as diferenças genéticas podem explicar a variação de comportamento de cultivares sob condições de salinidade. Por outro lado, Sarin & Narayanan (1968), citados por Prisco et al. (1975), relataram sobre uma aparente inibição pelos sais, da síntese e/ou atividade de enzimas hidrolíticas necessárias à germinação. Esta inibição foi observada por Prisco et al. (1975), embebendo sementes de Sorghum bicolor em ácido giberélico e benziladenina, antes de coloca-las para germinar em substrato contendo NaCl ou Na2SO4. 34 Pearson et al. (1966) também observaram diferenças entre cultivares de arroz ao germinarem em meio salino. Observações feitas por Taylakov (1967) mostraram comportamentos diferentes entre cultivares da mesma espécie quando colocadas para germinar em meio salino, e que estas diferenças foram maiores para o milho do que para o sorgo, o que comprova as diferentes reações entre espécies e entre cultivares da mesma espécie. Do mesmo modo George & Williams (1964) observaram redução de até 50 % na germinação de sementes de cevada e cravo em substrato salino. Do mesmo modo, Blumbla et al. (1968), Narale et al. (1969) e Bari et al. (1973), pesquisando sobre germinação de arroz em meio salino, observaram, também, retardamento na germinação. Na figura 6 A, observa-se que o comprimento de raízes tratadas com NaCl não diferiu significativamente entre si, porém a concentração zero apresentou menor comprimento de raiz do que as demais concentrações. Com relação a parte aérea a concentração intermediária (100 mMol) reduziu o seu comprimento, não ocorrendo o mesmo em concentrações maiores e menores de NaCl. 35 Comprimento de raiz e parte aérea (cm) A 14 a b 12 b 10 b b c 8 6 a a a a 100 200 300 a b 4 2 0 0 50 400 Concentração de NaCl (mMol) Raiz Parte aérea Relação parte aérea/raiz B 2,5 2 1,5 1 0,5 0 0 50 100 200 300 400 Concentração de NaCl (mMol) Figura 6 - Comprimento de raiz e parte aérea (A) e relação entre o comprimento da parte aérea/raiz (B) de plântulas do híbrido de arroz Avaxi submetidos à concentrações zero; 50; 100; 200; 300 e 400 mMol de NaCl. Santa Maria. 2009. Na figura 6 B obteve-se uma relação maior na testemunha, após houve um decréscimo até a concentração de 100 mMol de NaCl motivada pela presença de soluções salinas , a partir deste ponto obteve-se um crescimento da relação parte aérea e raiz até a concentração de 400 mMol. 36 5 CONCLUSÕES Nas concentrações do presente trabalho pode-se concluir que na concentração de 200 mMol de NaCl há estímulo da porcentagem de germinação. A primeira contagem de germinação é estimulada na concentração de 200 mMol de NaCl e reduzida na concentração de 300 e 400 mMol. O comprimento da raiz e da parte aérea bem como da biomassa seca da raiz, reduzemse a partir da concentração de 200 mMol de NaCl. O índice de velocidade de germinação reduz-se com o incremento da solução salina. A relação comprimento da parte aérea/raiz decresce com o aumento da solução salina na concentração de 100 mMol. 37 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYERS, R.S., WESTCOT, D. W. A qualidade da água na agricultura. Trad. De H.R. 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