Introdução à Filosofia Professor

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Unidade I
OG: Introdução à Filosofia
Aula 3 - 1ª parte: OE: Os primeiros filósofos
Professor: Flany Toledo
2ª Parte: O que é filosofia?
Nome do(a) aluno(a):
Nº
Turma:
Objetivos: Esta aula tem como objetivo, levar o aluno a entender as rupturas e
as continuidades entre o discurso mítico e a filosofia nascente. Para tanto, faremos uma
análise de alguns fragmentos dos pré-socráticos, em comparação a Teogonia já
analisada.
Os primeiros filósofos
A grande aventura intelectual não começa propriamente na Grécia continental,
mas sim nas colônias gregas: na Jônia (metade sul da costa ocidental da Ásia Menor) e
na Magna Grega (sul da península itálica). Assim, a filosofia surgiu no século VI a.C. nas
colônias gregas da Magna Grega e da Jônia. Só no século seguinte desloca-se para
Atenas, centro da fermentação cultural do período clássico.
Os Pré-socráticos, nome dado aos primeiros filósofos que viveram, portanto, por
volta do século VI a.C. e, mais tarde, foram classificados como pré-socráticos - devido à
divisão da filosofia grega ser centralizada na figura de Sócrates - e agrupados em
diversas "escolas". Por exemplo, escola jônica (Tales, Anaximandro, Anaxímenes,
Heráclito, Empédocles); escola itálica (Pitágoras); escola eleática (Xenófanes,
Parmênides, Zenão); escola atomista (Leucipo e Demócrito). Os escritos desses filósofos
desapareceram com o tempo, e só nos restam alguns fragmentos ou referências feitas
por outros filósofos posteriores. Sabemos que geralmente escreviam em prosa,
abandonando a forma poética característica das epopéias, dos relatos míticos.
As preocupações destes primeiros pensadores os levaram à elaboração de uma
cosmologia, A palavra Cosmologia é composta de duas outras: cosmos, que significa
mundo ordenado e organizado, e logia, que deriva da palavra logos, que significa
pensamento racional, discurso racional, conhecimento. Isto quer dizer que, a Filosofia
nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza, donde
cosmologia, na medida em que procura a racionalidade do universo, e não mais de uma
cosmogonia, como nos relatos míticos.
Questão 1
Podemos dizer que a filosofia não nasce propriamente na Grécia, mas muito
antes, com os pré-socráticos. O que caracteriza tais textos como filosóficos é
justamente a elaboração de uma cosmologia, isto é, do conhecimento racional da
ordem do mundo e da natureza.
1
Resposta (sim)
São assim, classificados pré-socráticos - devido à divisão da filosofia
grega ser centralizada na figura de Sócrates. Inclusive estes filósofos são
agrupados em diversas "escolas". Por exemplo, escola jônica (Tales,
Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Empédocles); escola itálica (Pitágoras);
escola eleática (Xenófanes, Parmênides, Zenão); escola atomista (Leucipo e
Demócrito). Você acertou, siga em frente!
Os pré-socráticos versus Hesíodo
Cada um dos primeiros filósofos descobriu um fundamento, uma unidade pela
qual poderiam explicar a multiplicidade: para Tales é a água; para Anaxímenes é o ar;
para Demócrito é o átomo; para Empédocles, os famosos quatro elementos: terra, água,
ar e fogo, aceitos até o século XVIII, quando todos foram "destronados" pela química.
Já podemos observar aqui algumas diferenças cruciais entre o pensamento mítico
e a filosofia nascente. Enquanto que no mito as explicações são unívocas, com os présocráticos nem todo mundo pensa igual, não há unidade de pensamento, mas
divergências entre os pensadores e pluralidade de explicações a respeito do princípio de
todas as coisas. As respostas são as mais variadas, pois variada é a inventividade e a
criatividade humana, que são possíveis a partir da realidade de cada pessoa, do modo
como cada qual observa o mundo, pois cada qual observa o mundo a partir do espaço,
de um lugar, de um contexto, ou seja, de um determinado período histórico-cultural, de
um ambiente.
Outra diferença que merece destaque é que, enquanto na Teogonia, Hesíodo
procura a arché como gênese, como origem, genealogia do mundo e dos deuses, já os
pré-socráticos procuram o princípio, não como início, o que antecede no tempo, mas
como fundamento do ser. Quando perguntam "Qual é a arché?", estão procurando o
elemento constitutivo de todas as coisas e não simplesmente o que vem antes, primeiro.
Esta foi uma postura que revolucionou o pensamento humano, tratava-se de fato
da expressão de um pensamento filosófico racional e abstrato, por ser justificado por
argumentos, sem recorrer a explicações sobrenaturais.
Agora, que vimos às diferenças, responda sim ou não:
Questão
Dado o exposto, podemos concluir que enquanto Hesíodo, em sua Teogonia,
procura a arché como gênese (genealogia dos deuses), como origem, como início;
os pré-socráticos procuram o princípio, não como início, o que antecede no tempo,
mas como fundamento do ser. Quando perguntam "Qual é a arché?", estão
procurando o elemento constitutivo de todas as coisas e não simplesmente o que
vem antes, primeiro.
2
Resposta (sim)
Esta foi uma postura que revolucionou o pensamento humano, tratava-se
de fato da expressão de um pensamento filosófico racional e abstrato, por ser
justificado por argumentos, sem recorrer a explicações sobrenaturais. Siga em
frente.
Hesíodo estrutura dos pré-socráticos.
Por outro lado, os mesmos estudos que distinguiram os pré-socráticos de
Hesíodo, também concluíram que, o conteúdo da filosofia permanece semelhante ao do
mito. Para melhor entendimento do que estamos falando, vejamos o exemplo, do já
estudado trecho da Teogonia. Lá Hesíodo narra que, a partir do Caos, a divindade Terra
gera Céu e Mar, não por união, mas sozinha, por cissiparidade; depois se une ao Céu,
que, cobrindo-a, dá início às gerações divinas. O que preside e assegura essa união é
Eros, princípio de coesão do universo.
Quando olhamos rigorosamente e estudamos atentamente notamos que existe a
mesma estrutura de pensamento nos textos dos primeiros filósofos quando afirmam
que, de um estado inicial de indistinção, separam-se pares opostos
quente e frio,
seco e úmido
que vão gerar os seres naturais: o céu de fogo, o ar frio, a terra seca,
o mar úmido. As (coisas) frias esquentam, quente esfria, úmido seca, seco
umedece. 1. Para eles, a ordem do mundo deriva das forças opostas que se equilibram
reciprocamente, e a união desses opostos explica os fenômenos metereológicos, as
estações do ano, o nascimento e morte de tudo que vive.
Questão
Antes de pensar o mundo o homem o sente (tato, olfato, audição, paladar e
visão), por isso, o primeiro falar sobre o mundo está ligado ao universo préreflexivo, dos instintos, da intuição, da percepção, das emoções, das fantasias e
da imaginação. Entretanto, este narrativa mitológica será o chão de onde nascerá
às primeiras explicações racionais acerca da realidade. Sim ou Não?
Resposta (Sim)
Parabéns! Siga para a última parte da aula!
Mito e Razão
Dado o exposto, podemos concluir que na passagem do mito à razão, há uma
continuidade no uso comum de certas estruturas de explicação, uma continuidade
discursiva comum entre mito e a filosofia nascente ao mesmo tempo em que há uma
ruptura quanto à atitude das pessoas diante do mundo, de suas posições perante as
coisas e de seus próprios pensamentos. Assim do Caos emergiu um "cosmos", da
confusão inicial surgiu um mundo ordenado.
1
Heráclito, in: Escólios para a Exegese da Ilíada, de Tzetzes
3
Para um entendimento mais claro, vejamos o seguinte fragmento de um destes
primeiros filósofos:
Heráclito de Éfeso
Deste logos sendo sempre os homens se tornam descompassados quer antes de
ouvir quer tão logo tenham ouvido; pois, tornando-se todas (as coisas) segundo esse
logos, a inexperientes se assemelham embora experimentando-se em palavras e ações
tais quais eu discorro segundo (a) natureza distinguindo cada (coisa) e explicando como
se comporta. Aos outros homens escapa quanto fazem despertos, tal como esquecem
quanto fazem dormindo 2
Heráclito neste fragmento resume, de modo perfeito, o que dissemos nesta aula, a
saber:
Quando o homem conhece a explicação racional do mundo fica estupefato com a
diferença entre esta (nova) e a antiga (mítica). Mesmo que os poetas discorram valendose da mesma estrutura discursiva, da mesma língua, os pré-socráticos explicam a
natureza de cada coisa, os fenômenos do mundo, segunda a razão (logos), os outros
homens (poetas) recorrem, portanto, ao mito diante das mesmas inquietudes, diante dos
mesmos fenômenos. Ao fazerem deste modo, agem como uma criança dormindo,
mesmo que se trate de um adulto desperto.
Questão
Observe rigorosamente os dois textos seguintes:
Xenófanes de Colofão3
O sol lançando-se por sobre a terra e aquecendo-a
O mar é fonte da água, é fonte do vento:
pois, nas nuvens, não haveria a força do vento
que sopra para fora, sem o grande mar,
nem as correntes dos rios, nem a água chuvosa do éter.
É o grande mar que engendra as nuvens, ventos e rios
As Danaides de Ésquilo4:
O Amor (Eros) de acasalar-se domina a Terra.
Ama o sagrado Céu penetrar a Terra.
A chuva ao cair de seu leito celeste
Fecunda a Terra, e esta para os mortais gera
As pastagens dos rebanhos e os víveres de Deméter .
2
Heráclito 1º Fragmento da Coleção Os Pensadores Trad. De José Cavalcante de Souza. Editor Victor Civita (Abril
Cultural), São Paulo, 1978, pg 79.
3
Fragmentos, 30 e 31 da Coleção Os Pensadores Trad. De Anna L. A. de A. Prado. Editor Victor Civita (Abril
Cultural) São Paulo, 1978, pg 66.
4
Esquilo o primeiro grande representante do espírito Atico, o poeta mais importante da jovem república.
4
Da análise atenta decorre a seguinte afirmação:
a) Trata-se da mesma atitude para explicar as origens das coisas.
b) Existe, claramente, uma continuidade de atitude formatada em outra
estrutura discursiva.
c) Há uma noção de processo no texto b enquanto que no texto a esta
noção inexiste.
d) Há uma continuidade discursiva ao mesmo tempo em que há uma
ruptura de atitude diante das coisas do mundo.
e) Existe uma continuidade discursiva ao mesmo tempo em que há uma
continuidade de atitude diante dos fenômenos do mundo.
Resposta (d)
Parabéns você acertou, está apto a passar para a próxima aula!
Filosofando (Tarefa Complementar)
1) De acordo com o que foi dito, podemos falar em ruptura total da filosofia
com o mito? Por que?
2) Qual era a preocupação fundamental dos pré-socráticos?
3) Como os pré-socráticos explicavam a pluralidade das coisas do mundo?
Obs.: A tarefa complementar visa aprofundar o entendimento do aluno
acerca da aula. Não é obrigatória e nem vale nota. O aluno que quiser resolvê-la
fará por vontade própria e poderá discutir suas respostas com o professor
pessoalmente nos plantões de dúvidas de sua unidade. Portanto, as respostas
não devem ser enviadas virtualmente, mas, sim discutidas presencialmente.
Logo, o aluno que se propor a fazê-la deverá ter disponibilidade para freqüentar
os plantões.
Unidade I
OG: Introdução à Filosofia
Professor: Flany Toledo
Aula 3 (OE) - 2ª Parte: O que é filosofia?
Nome do(a) aluno(a):
Nº
Turma:
Introdução:
-
Nesta aula já temos como responder, com a ajuda da leitura de Aristóteles, o
que é Filosofia? Trabalharemos de modo rigoroso, sistemático, metódico,
portanto, técnico, com uma pequena passagem da Metafísica aristotélica. O
5
objetivo é fornecer ao aluno, uma explicação mais abrangente de como
funciona um texto filosófico.
Conteúdos (OE):
O que é filosofia?
- Diferenças entre mito e filosofia
Boa Aula!
I) O que é filosofia?
A palavra filosofia é grega. Trata-se de uma composição de duas outras palavras:
Philo + Sophia = philosophia
Philo deriva-se de philia, que significa amizade, respeito entre amigos, amor
fraternal. Sophia quer dizer sabedoria, dela se deriva à palavra sophos, sábio.
Portanto, filosofia significa amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.
Por conseqüência filósofo é aquele que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber,
deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é,
deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.
Atribui-se a Pitágoras, filósofo grego que viveu no século V a.C., a invenção da
palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos
deuses, mas que os mortais (homens), podem desejá-la ou amá-la, tornando-se
filósofos.5. Nietzsche, filósofo alemão que viveu entre os anos de 1844 e 1900 estudioso
da filosofia antiga e de Pitágoras, afirma: E, se não podeis ser santos do conhecimento,
sede ao menos, seus guerreiros. São estes os companheiros e precursores de tal
santidade .6
Portanto, o filósofo é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar, e avaliar
as coisas, as ações, a vida; resumindo, pelo desejo de saber.
Vejamos o que nos diz, um dos maiores filósofos de todos os tempos, Aristóteles
a respeito do filosofar:
Leia com atenção:
Metafísica7
5
Chaui, Marilena, Convite à filosofia, São Paulo, Ática, 2002, págs.19 e 20.
Nietzsche, F., Assim falou Zaratustra, São Paulo, Circulo do Livro, 1998, p. 63.
7
Aristóteles, Metafísica, Porto Alegre, Globo, 1969, Livro I 980a 982b25.
6
6
Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o prazer que
nos proporcionam os nossos sentidos; pois, ainda que não levemos em conta a sua
utilidade, são estimados por si mesmos, (...)
Por outro lado, não identificamos nenhum dos sentidos com a Sabedoria, se bem
que eles nos proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. Não nos dizem,
contudo, o porquê de coisa alguma p.ex., por que o fogo é quente: só nos dizem que o
fogo é quente.
(...)Com efeito, foi pela admiração que os homens, assim hoje como no começo,
foram levados a filosofar; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias,
avançaram pouco a pouco até resolverem problemas maiores, como as mudanças da
Lua, as do sol e das estrelas, assim como a gênese do universo.
E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (...);
portanto, como filosofam para fugir da ignorância, é evidente que buscavam a ciência a
fim de saber, (...);mas, assim como declaramos livre o homem que existe para si mesmo
e não para um outro, assim também cultivamos esta ciência como a única livre, pois só
ela tem em si mesma o seu próprio fim .
Exercício de leitura filosófica
Obs.: A tarefa complementar visa aprofundar o entendimento do aluno
acerca da aula. Não é obrigatória e nem vale nota. O aluno que quiser resolvê-la
fará por vontade própria e poderá discutir suas respostas com o professor
pessoalmente nos plantões de dúvidas de sua unidade. Portanto, as respostas
não devem ser enviadas virtualmente, mas, sim discutidas presencialmente.
Logo, o aluno que se propor a fazê-la deverá ter disponibilidade para freqüentar
os plantões.
1) O texto foi dividido em cinco partes;
Explique cada um dos trechos, identificando o tema (aquilo de que trata o trecho
analisado) e a tese (aquilo que o filósofo afirma em cada um dos trechos);
Depois, reescreva cada um dos trechos analisados de modo significativo para
você, respeitando o sentido do texto original.
a) Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o prazer que nos
proporcionam os nossos sentidos; pois, ainda que não levemos em conta a sua utilidade, são
estimados por si mesmos .
a¹)Tema:________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
a²)Tese:_________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
a³)Reescrever:___________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
7
b) Por outro lado, não identificamos nenhum dos sentidos com a Sabedoria, se bem que
eles nos proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. Não nos dizem, contudo, o
porquê de coisa alguma p.ex., por que o fogo é quente: só nos dizem que o fogo é quente .
b¹)Tema:________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
b²)Tese:_________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
b³)Reescrever:___________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
c) Com efeito, foi pela admiração que os homens, assim hoje como no começo, foram
levados a filosofar; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a
pouco até resolverem problemas maiores, como as mudanças da Lua, as do sol e das estrelas,
assim como a gênese do universo .
c¹)Tema:________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
c²)Tese:_________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
c³)Reescrever:___________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
d) E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (...);
portanto, como filosofam para fugir da ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de
saber .
d¹)Tema:________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
d²)Tese:_________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
d³)Reescrever:___________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
e) mas, assim como declaramos livre o homem que existe para si mesmo e não para um
outro, assim também cultivamos esta ciência como a única livre, pois só ela tem em si mesma o
seu próprio fim .
e¹)Tema:________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
e²)Tese:_________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
e³)Reescrever:___________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
2) Agora, reunindo os trechos que você reescreveu, transcreva todo o texto, apontando
seu tema (geral) e sua tese (geral) (utilize o verso):
Metafísica
Tema:Tese:
3) De acordo com nosso curso e com o texto aristotélico acima trabalhado, por que os
homens são levados a filosofar? (Disserte no mínimo 10 linhas - utilize o verso)
8
Unidade I
OG: Introdução à Filosofia
Professor: Flany Toledo
Aula 3 (OE) - 3ª Parte: Desenvolvimento mental do ser humano segundo Jean Piaget
Nome do(a) aluno(a):
Nº
Turma:
Desenvolvimento mental do ser humano segundo Jean Piaget
Introdução:
Nesta aula, vamos reforçar as semelhanças e diferenças, entre um discurso
mitológico e um discurso filosófico ou científico, suas respectivas estruturas e seus
modos de abordar o mundo.
Em seguida faremos uma comparação, entre a explicação evolucionista
apresentada na primeira unidade letiva, e a teoria de Jean Piaget acerca do
desenvolvimento da inteligência no homem.
O objetivo, é que o aluno conclua: que as fases por quais passou a evolução do
pensamento especulativo, longe de ser um passado histórico, continuam a ocorrer no
desenvolvimento da inteligência humana - desde o nascimento até a idade adulta.
Mais, além de serem estágios do desenvolvimento histórico e mental do homem, o
mito e a razão constituem toda a natureza humana sendo - ambos em equilíbrio,
necessários a plenitude da vida.
Conteúdos:
- Diferenças entre mito e filosofia (revisão)
- Desenvolvimento mental do ser humano segundo Jean Piaget
Boa Aula!
Parte I
Diferenças entre mito e filosofia (revisão)
9
Ao contrário da perspectiva comumente aceita de ruptura total entre mythos e
logos, observamos que há uma ruptura somente parcial, uma mudança de atitude. Ou
seja, vimos que é possível encontrar elementos que mostrem, que o pensamento
filosófico teve vinculações com o mito, apesar das diferenças. Entretanto, são justamente
essas diferenças, fundamentais para que ficasse caracterizado o marco especulativo que
alteraria toda a história posterior do pensamento humano, a saber, o surgimento da
filosofia.
Vejamos, além das já trabalhadas até aqui, algumas das principais diferenças:
O mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e,
portanto, convida à discussão;
No mito a inteligibilidade é dada, na filosofia ela é procurada;
Na filosofia a natureza deixa de ser sagrada, ou seja, rejeita o sobrenatural e a
interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos, no mito tudo é sagrado e
nada é natural;
E ainda mais: a filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos
conceitos, o debate e a discussão; organiza-se em doutrina e surge, portanto, como
pensamento abstrato.
Parte II
Desenvolvimento mental do ser humano segundo Jean Piaget
Características da Pré-adolescência:
Num primeiro estágio a percepção do mundo se dá através dos sentidos, ou seja,
sentimos o mundo, não o pensamos, ainda. Não distinguimos o subjetivo do objetivo, ou
seja, há uma indiferenciação, não percebemos com clareza a separação entre o Eu e o
Mundo, temos a experiência de uma totalidade.
Num segundo estágio se dá a fase do pensamento simbólico, aprendemos a
representar a realidade, no sentido de que o símbolo torna presente o que está ausente.
É a fase em que nos percebemos separados dos demais, descobrimos o outro e, por
conseqüência, as regras de convivência. Tudo ainda no terreno da intuição.
A terceira é a última fase deste período pré-adolescente, aqui, já estamos quase no
terreno da reflexão, quase, pois, apesar de interiorizarmos a ação, fazemos esta
operacionalização de modo concreto, ou seja, muito preso ainda a experiência
imediatamente vivida. Há um confronto com a realidade e com outros modos de ver o
mundo, no entanto tudo ainda é muito material, ligado a experiência imediata, vivida no
dia a dia.
Características da adolescência e da pós-adolescência
É a fase em que atingimos o nível das operações abstratas, ou seja, além de
sermos capazes de interiorizarmos a ação vivida, somos capazes de tomar distância da
10
experiência, de tal forma que podemos pensar por hipótese. É o amadurecimento do
pensamento hipotético-dedutivo. É a fase da teorização, da reflexão, ou seja, da crítica
da própria vivência, o que pode levar a elaboração de um projeto de vida. A capacidade
de reflexão leva à organização autônoma das regras e à deliberação. Reflexão,
discussão, reciprocidade, autonomia são termos que aqui aparecem entrelaçados. Se
refletir é desdobrar o pensamento, é pensar duas vezes, é tematizar; é como se
trouxéssemos o outro para dentro de nós, então refletir é discutir interiormente. Da
mesma forma, a discussão é a exteriorização da reflexão. Ora, toda discussão exige o
outro, portanto reciprocidade. Numa discussão é preciso expor os argumentos de modo
coerente, com lógica, ou seja, de forma metódica se o que se pretende é mudar a
opinião, ou ao menos, conquistar o respeito dos envolvidos, pois a condição do
amadurecimento é a conquista da autonomia no pensar e no agir. E é esta autonomia, na
teoria e na prática, que deve marcar a fase adulta de nossas vidas.
Tudo isso não se faz automaticamente, mas é necessário aprendizagem. Se o
adolescente não for estimulado a desenvolver a reflexão crítica, mas, ao contrário,
continuar submetido ao pensamento dogmático nunca se tornará um adulto
independente, continuará a achar que é o ponto de referência do mundo e que o mundo
gira em torno dele, feito uma eterna criança.
Parte III
Posfácio
Assim, encerramos nossa introdução à filosofia, cabe ressaltar que essa
fundamentação filosófica é base, pré-requisito para os demais eixos
investigativos.
Na próxima UL nosso OG será a Filosofia do Conhecimento. Por hora,
ficaremos com a apresentação de cada área.
Áreas da Filosofia
FILOSOFIA DO CONHECIMENTO
Cada escola filosófica, ao longo da história, apresentou uma posição quanto à
possibilidade de se chegar a conhecimentos verdadeiros e confiáveis. Para o
dogmatismo, é possível chegar a certezas absolutas; para o ceticismo, ao contrário, não
há nenhum conhecimento absolutamente certo. O relativismo, como o nome indica,
afirma que o conhecimento é relativo à época e ao contexto histórico. Cada sociedade
tem diferentes visões de mundo.
De onde vêm os conhecimentos?
Para o empirismo, por exemplo, a fonte de todo conhecimento são as sensações é por elas que se tem acesso ao mundo. Já para o racionalismo, as sensações são
confusas - para conhecer a realidade, é preciso usar a razão e não os sentidos.
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Indaga sobre o conhecimento científico, seu alcance e suas peculiaridades,
mostrando que a Ciência é um conhecimento que obedece à verificação e à correção
11
permanentes. Focaliza inter-relações entre as diversas ciências (físico-químicas,
biológicas, lógico-matemáticas, cibernética, humanas), bem como métodos e
procedimentos científicos. Atualmente, há enorme preocupação ética com relação à
Ciência (clonagem, modificação genética, etc).
ÉTICA E MORAL
A ética aborda a consciência moral, a liberdade de escolha, a responsabilidade.
Discute valores, como o bem e as virtudes, e verifica se são universais ou se variam de
acordo com a época e as culturas. Exemplos: valorização da cidadania; importância da
liberdade nas democracias. A moral preocupa-se com normas e regras, com códigos
realmente praticados pelos indivíduos e pelos grupos que convivem em sociedade.
FILOSOFIA POLÍTICA
Aborda o tema do poder: por quem ele é exercido (governos, tipos de governo,
distribuição dos poderes), em nome de que é exercido, se é legítimo, como se distribui
pela sociedade. Põe em foco questões de cidadania, lutas e conflitos nas relações de
poder, bem como o papel do estado, a evolução desse papel, o valor da democracia.
ESTÉTICA
Aborda a natureza da arte, o modo como se dão as expressões artísticas, o valor
do belo, da harmonia e das formas. Discute se a arte deve ter como função apenas o
prazer estético, ou se deve ter alguma função política.
Exercícios de fixação (tarefa complementar)
Obs.: A tarefa complementar visa aprofundar o entendimento do aluno
acerca da aula. Não é obrigatória e nem vale nota. O aluno que quiser resolvê-la
fará por vontade própria e poderá discutir suas respostas com o professor
pessoalmente nos plantões de dúvidas de sua unidade. Portanto, as respostas
não devem ser enviadas virtualmente, mas, sim discutidas presencialmente.
Logo, o aluno que se propor a fazê-la deverá ter disponibilidade para freqüentar
os plantões.
1) Quais as diferenças entre mito e filosofia?
2) Explique a oposição reflexão-imaginação .
3) De acordo com Jean Piaget, a capacidade de reflexão crítica inicia-se na
adolescência, antes deste período, na fase que chamamos de pré-adolescência, nossa
maneira de conhecer o mundo é, sobretudo, sensório-motora e simbólica. Com base no
que vimos até aqui, faça um paralelo entre o desenvolvimento mental de uma pessoa em
geral e a evolução do pensamento humano até o advento da filosofia.
12
4) Comente a seguinte afirmação:
O paradoxo da situação humana reside no fato de que o homem, para poder entrar
realmente no mundo, precisa sair dele . (Gerard Bornheim)
5) Você acha que todas as pessoas desenvolvem plenamente, as três fases da
inteligência? Justifique sua resposta.
6) Leia e interprete de acordo com o rigor filosófico o seguinte texto:
Com efeito, não se pode negar que o fetichismo, que marca nossos primeiros passos no
mundo, seja eminentemente apto a desenvolver a afeição, pela crença espontânea,
própria a este estado, que todos os objetos que nos cercam são suscetíveis de
sentimentos e têm vontades como nós. É a crença da infância, é a crença do poeta, é a
crença de todo amante apaixonado. Foi este admirável estado que a Europa, de há
quatro séculos, não soube compreender, assassinando a sangue frio as pacíficas
populações americanas 8
Tema:__________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Tese:___________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Reescrever:_____________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
8
Barreto, L.P. Teoria das Gastralgias e das Nevroses em Geral. in: Obras Filosóficas, vol I. Editorial Grijalbo Ltda.
São Paulo, 1967. p.37
13
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