A IMPORTÂNCIA DA ESCOLHA DO CAVALO PARA A PRÁTICA DE

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TÍTULO: FATORES DE IMPORTANCIA NA PRÁTICA DE EQUOTERAPIA
COMO PROJETO DE EXTENSÃO
AUTORES:
Fabio Luiz Rocha – Universidade Federal de Uberlândia
Beth Ann Alphonse Francis – Centro Universitário do Triângulo
Murilo M. O. de Souza – Universidade Federal de Uberlândia
David G. Francis – Universidade Federal de Uberlândia
E-MAIL:
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ÁREA TEMÁTICA: Saúde
INTRODUÇÃO
A equoterapia é uma terapia complementar que focaliza o uso do cavalo como um
instrumento cinesioterápico, buscando o desenvolvimento físico e psicológico de pessoas
portadoras de deficiências como Síndrome de Down, Autismo e paraplegia. É uma atividade
que exige a participação do corpo inteiro, contribuindo assim para o desenvolvimento da força
muscular, relaxamento, conscientização corporal, aperfeiçoamento da coordenação e
equilíbrio.
O uso do cavalo nos tratamentos procura atingir vários objetivos motores, cognitivos e
afetivos. Com este enfoque de tratamento, torna-se importante a preocupação com a qualidade
do treinamento do cavalo, possibilitando que o seu movimento possa ser conjugado com cada
necessidade do paciente.
A ANDE-Brasil (1995) chama a atenção para o fato dos cavalos não serem iguais,
sendo dotados de naturezas diferentes em conseqüência da diversidade de temperamentos,
conformação, sensibilidade e caráter de cada animal. Cita também os andamentos
verdadeiramente úteis dos bons cavalos de sela como sendo o passo naturalmente largo, o
trote e o galope corrente, fácil e amplo. Neste sentido, é necessário que os animais se
locomovam de forma ordenada para que não haja prejuízos para os praticantes.
É importante também no processo de treinamento do cavalo a análise de sua
personalidade. A personalidade do cavalo é resultante da hereditariedade, da idade, do
manejo, do equilíbrio genital e endócrino de vários outros fatores inerentes a sua fisiologia
(HOUNTANG, 1989).
Assim é importante a identificação das reações psíquicas do cavalo frente aos
estímulos do ambiente que o cerca, traduzindo sua sensibilidade e excitabilidade, além de
demonstrar a necessidade de tentar compreender melhor seus andamentos para que se possa
entender sua dinâmica de movimento (BECK, 1983).
A realização de programa de equoterapia depende, também, de uma equipe de pessoas
devidamente capacitadas e preparadas a trabalhar com pessoas com necessidades especiais
tanto como cavalos. Devido às despesas do programa a contratação de uma equipe de pessoas
se torna inviável. Assim surgiu este projeto interdisciplinar ligando profissionais de diversas
áreas no trabalho de seleção de animais para a prática de equoterapia.
Todos este aspectos apresentam alguma influência na relação cavalo-praticante e nos
resultados obtidos com a prática de equoterapia. Devem ser selecionados, então, pessoas e
cavalos ideais para cada tipo de necessidade do praticante.
OBJETIVOS
Tendo em vista a necessidade da escolha de pessoais com conhecimento e
flexibilidade e cavalos adaptados a cada necessidade requerida pelo praticante, este trabalho
tem como objetivo geral a participação de estudantes de Medicina Veterinária e Fisioterapia e
a escolha dos cavalos ideais para a prática de equoterapia, a fim de promover uma formação
diferenciada a tais profissionais e proporcionar um instrumento (cavalo) bem preparado para
proporcionar ganhos expandidos ao praticante. Seguindo esta mesma linha procura-se
especificamente atingir os seguintes objetivos:
-
Identificar e recrutar estudantes de Medicina Veterinária e Fisioterapia para conduzir o
programa;
-
Desenvolver um programa para formar uma equipe efetiva de alunos de Medicina
Veterinária e Fisioterapia, preparados para trabalhar na seleção e treinamento de
animais para a prática de equoterapia;
-
Adestrar e condicionar cavalos para facilitar e melhorar a prática de equoterapia;
-
Proporcionar à comunidade um tratamento alternativo para pessoas com habilidades
especiais.
METODOLOGIA
Este trabalho realiza-se por uma parceria entre a Universidade Federal de Uberlândia e
a Academia Americana de Equitação e Equoterapia de Uberlândia, ambas localizadas no
Município de Uberlândia em Minas Gerais. Os trabalhos de seleção e treinamento dos cavalos
a serem utilizados na equoterapia são realizados aos sábados e domingos por estudantes de
Medicina Veterinária e Fisioterapia com orientação de diversos profissionais.
Estudantes foram entrevistados e selecionados considerando seus interesses e
experiência de trabalho com pessoas, especialmente crianças, e cavalos. Os cavalos foram
selecionados, freqüentemente entre cavalos de carroça da cidade. Eles são “trabalhados”
individualmente para que o treinador possa agir com calma e carinho promovendo uma doma
racional do animal, selecionando as características necessárias para o desenvolvimento efetivo
da equoterapia. As atividades realizadas são vistas como um processo, sendo necessário
também, uma constante observação e avaliação do cavalo durante as sessões de equoterapia,
para que novos movimentos sejam selecionados nos animais.
Para uma avaliação continuada do projeto são realizadas reuniões quinzenais, onde se
realizam trocas de experiência e opiniões sobre a forma de treinamento do cavalo para a
prática de equoterapia. Estas reuniões servem como incentivo para os extensionistas, pois aí
adquirem tanto conhecimentos sobre o treinamento do cavalo como conhecimentos de áreas
que não são inicialmente as suas. Neste ponto tenta-se instalar uma relação constante de
interdisciplinaridade.
RESULTADOS
Monitoria e avaliação do programa demostra que os voluntários reportam experiências
significativas através do programa. Eles descobriram habilidades em trabalhar com pessoas
com necessidades e intensificaram seu entendimento sobre treinamento e adestramento de
cavalos.
Houve, também, um entendimento saudável de áreas de conhecimento dos estudantes,
cada um com a do outro. A experiência interdisciplinar necessária para realizar a pratica de
equoterapia foi importante para todos os alunos que participaram.
Os resultados obtidos com o treinamento efetivo dos cavalos destinados à prática de
equoterapia foram notados principalmente durante a prática, pois se nota que o cavalo aceita
melhor os movimentos, às vezes mais bruscos, do praticante e os comandos do instrutor. O
grupo, interdisciplinar de pesquisadores conseguiu identificar características físicas tanto
como comportamentais dos cavalos que foram úteis na execução de equoterapia.
Os resultados obtidos relacionam-se também às características adquiridas pelo animal
relacionadas às práticas de equoterapia. Com relação à conformação física do animal, por
exemplo, os cavalos escolhidos tiveram um índice torácico variado além de diferentes
angulações de quartela, características que variaram de acordo com a deficiência de cada
praticante, com a finalidade de desenvolver o equilíbrio dos mesmos de acordo com suas
necessidades.
Com relação ao temperamento do animal, torna-se necessário que o animal obedeça ao
comando de voz no trabalho de guia. Neste sentido, foram descartados os machos não
castrados e as fêmeas com cria ao pé devido à ansiedade e desconcentração freqüentemente
observadas em suas atitudes.
Quanto ao andamento do animal foram selecionados animais que apresentavam as três
formas de locomoção naturais do cavalo, ou seja, um passo que deve ser diagonal, a quatro
tempos, mantendo um equilíbrio bastante estável para o paciente; o trote saltado, diagonal, a
dois tempos e simétrico; o galope saltado, assimétrico, diagonal, a três tempos.
Com relação à pelagem dos animais, através da utilização de cavalos de cores
diferentes durante a prática, descobrimos a preferência dos praticantes quanto à pelagem mais
clara dos animais.
Outro fator observado foi a influência do tamanho do cavalo, onde chegou-se à
conclusão de que animais de até 155 cm facilitam o trabalho dos profissionais e transmitem
maior segurança aos pacientes quando estes são mantidos à mesma altura dos profissionais
que os acompanham.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseando-se nos resultados obtidos, entendemos que este programa de extensão em
equoterapia representou uma oportunidade excelente para os alunos participantes em entender
e colocar em prática, aspectos de suas profissões tanto como de entender a profissão dos
outros alunos e aprender a trabalhar em cooperação no fornecimento de um serviço muito útil
para a comunidade.
Aprendemos que o animal a ser adotado para a prática da equoterapia deve ter
características especiais. Destacamos aqui o andamento regular envolvendo passo trote e
galope, ambos firmes e bem diferenciados. Estes animais devem ter estatura média não
ultrapassando 155 cm, além de índole tranqüila, permitindo treinamento de guia com pronto
atendimento ao comando de voz.
O animal deve ser selecionado para o paciente de acordo com seu índice torácico e
angulação de quartela, visando a exigência de um maior ou menor equilíbrio para cada
patologia em questão.
Consideramos então, que com a identificação de alunos habilidosos e interessados e a
seleção de cavalos com características que auxiliam os profissionais envolvidos no tratamento
de pessoas com necessidades especiais, pode-se obter excelentes possibilidades de oferecerlhes uma terapia adequada e capaz de produzir resultados satisfatórios.
REFERÈNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDE-BRASIL. A utilização da equoterapia aplicada às crianças de quatro a oito anos.
ANDE-BRASIL (coletânea 1996). Lês Nouveaux Chevaux du Bonheur, Bulletin Interieur da
Association de Specialisation, d’Enseignement et de Recherche dans lês Therapeutiques
d’Appoche Corporelle. Associação Nacional de Equoterapia, 1996.
ANDE-BRASIL. Equoterapia: Faseamento. Apostila apresentada no IV estágio de
habilitação em equoterapia, Granja do Torto, Brasília: Associação Nacional de Equoterapia,
1995. (mimeo.)
BECK, Sérgio Lima. Eqüinos. São Paulo: Criadores, 1985. 479 p.
BECK, Sérgio Lima. O deslocamento e os andamentos do cavalo. Eqüinos. Uberaba, v. 8, n.
58, p. 31-40, 1983.
HOUNTANG, Maurice. A psicologia do cavalo – I. 20 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1989. 221
p.
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