O senhor tem preconceito? No rol de perguntas contemporâneas

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O senhor tem preconceito?
No rol de perguntas contemporâneas carregadas de idiotice essa merece especial destaque. Primeiro
porque denota uma indisfarçável ignorância acerca do instituto e segundo porque contextualiza de
maneira maniqueísta algo que notoriamente deve ser fragmentado para sua própria compreensão.
Diga-se desde logo que preconceito é algo que todos tem, quem disser o contrário além de
mentiroso é hipócrita. A palavra preconceito é um substantivo masculino que significa fazer um
conceito prévio, sem ter o devido conhecimento do objeto, ora, esse conceito prévio todos fazemos
em relação a qualquer coisa com que tenhamos contato, por exemplo: quando vou atender um
indivíduo em meu comércio, mesmo antes dele abrir a boca, já se estabeleceu uma comunicação
visual, o seu modo de agir, de andar, suas roupas, seu cabelo, enfim, todo o contexto já me envia
uma mensagem, a qual recebo e analiso.
Esse “preconceito” pode estar ou não alinhado com o subjetivo do indivíduo a minha frente, caso
haja consonância estarei certo em minha avaliação, ao contrário então a mensagem visual não se
coaduna com o subjetivo. Isso ocorre em absolutamente todas as situações e nada tem de anormal
ou de errado, pelo contrário, seria alarmante por exemplo se eu visse um leão e acreditasse estar à
frente de um cordeiro, essa falsa avaliação certamente me levaria à morte.
Conclui-se portanto que ter “preconceito” é normal e não faz nenhum mal, antes pelo contrário, nos
auxilia a evitar situações que poderiam se transformar em risco. A conotação negativa acerca do
preconceito como instrumento de discriminação e menosprezo é contemporânea e algo equivocada.
Quando o sujeito discrimina ou humilha o semelhante, poderá estar infringindo alguma lei ou
mesmo praticando um crime, isso é bem diference de “ter preconceito”, mesmo nesse caso, se o
indivíduo tiver determinada compreensão acerca de um determinado grupo, mas não externar esse
pensamento, então nenhum conduta ilícita terá praticado, pensar de maneira contrária chega ao
despautério de punir o sujeito pelo seu pensamento, conclusão totalmente absurda.
Hoje em dia com o terrorismo do politicamente correto, as pessoas tem medo de expressar suas
opiniões e passam a repetir refrões entubados por grupos que se dizem “minorias vitimizadas”, os
quais contam com participantes extremamente preconceituosos, no sentido de em não vendo suas
opiniões acolhidas, partirem para agressão verbal e física.
Nesse contexto de terror imposto pela política do politicamente correto, todos dizem que não tem
nenhum preconceito. Na verdade isso constitui um grande perigo social, primeiro porque nessa
perspectiva a palavra preconceito não está significando intolerância ou agressão, mas uma opinião,
direito garantido constitucionalmente, e segundo porque se no Estado Democrático de Direito o
sujeito não puder expressar livremente sua opinião, então precisamos alterar esse modelo de Estado,
ele pode ser tudo, menos Democrático e de Direito.
Uma coisa é o indivíduo não gostar de comida japonesa, outra bem diferente é sair por aí
estigmatizando, xingando ou mesmo agredido com palavras e gestos aqueles que comem esse tipo
de iguaria. Temos o direito de ter preconceito com o que quer que seja sem que isso nos torne
intolerantes ou criminosos.
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