129 A DEPRESSÃO E OS TRATAMENTOS FARMACOTERÁPICOS – UM PERFIL DOS FÁRMACOS MAIS UTILIZADOS E OS SEUS USUÁRIOS EM BARRA DO GARÇAS - MT Leida Maria Sena de Alencar1 Daniel de Jesus2 Eduardo Luzía França3 Aurea Damaceno Alves 4 Resumo A depressão é uma doença psicossomática que afeta o comportamento do indivíduo, pois atinge o seu sistema nervoso central, interferindo nas emoções, pensamentos e percepção deste. Os fatores que desenvolvem um episódio depressivo podem ser genéticos, psicológicos, ambientais ou clínicos. Suas manifestações vão da melancolia ao ponto mais crítico: o suicídio. Dada a complexidade dessa doença, os especialistas buscaram sistematizá-la de maneira a estabelecer uma possível relação a causas hereditárias ou genéticas. Inicialmente, estudou-se a origem do homem, sua evolução e relação afetiva com seus pares. Em seguida, analisou-se, etimologicamente, a origem da palavra “afeição” e suas perspectivas oriundas do homem, podendo, assim, explicar o comportamento de alguns pacientes portadores desses sintomas. Estabelecer a diferenciação entre Razão e Emoção e entre os Distúrbios de Humor e a Depressão também foi uma das preocupações. Em seguida, leu-se várias literaturas de especialistas e artigos relacionados ao tema que nortearam e auxiliaram para amparar essa pesquisa. Por fim, analisou-se um grupo de indivíduos atendidos no Posto de Saúde da Família na cidade de Barra do Garças , buscando, a partir desta análise, entender quais os fármacos mais distribuídos no sistema de saúde pública local, bem como entender quais os casos diagnosticados e sua relação com idade e sexo. Palavras-chave: Depressão, Doença, Fármacos, Psicoterapia, Sintomas depressivos. Abstract Depression is a psychosomatic illness that affects the individual's behavior, because it affects his central nervous system interfering in his emotions, thoughts and perceptions about it. The factors which develop a depressive episode may be genetic, psychological, environmental or clinical. Its manifestations range from melancholy to the most critical point: suicide. Due the complexity of this disease, the specialists sought to systematize it in order to establish a possible relationship to genetic or hereditary causes. Initially, the origin of man was studied, its evolution and affective relationship with their peers. Then it was analyzed etymologically, the origin of the word "affection" and their perspectives of the man may thus explain the behavior of some patients with these symptoms. To be differentiated Reason and Emotion and mood disorders and depression was also a concern. Then read up various literatures and expert articles related to the theme that guided and helped to support this research. Finally, it was analyzed a group of patients who attend at the Family Health Center in the Barra do Garças city seeking, from this analysis, to understand which drugs distributed in most local public health system, as well as understand which cases diagnosed and its relationship to age and sex. Keywords: Depression, Disease, Drugs, Psychotherapy, Depressive symptoms. 1 Professora Esp. pesquisadora das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia - UNIVAR Professor Dr. Universidade Paulista UNIP – Goiânia GO 3 Professor Dr. Universidade Federal de Mato Grosso 4 Professora Ms. Coord. do curso de Farmácia das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia - UNIVAR 2 1. INTRODUÇÃO O homem, em sua essência, tem a necessidade do convívio em grupo. Estar entre seus pares , adequarse dentro de uma sociedade e desta receber reconhecimento e aprovação, tem sido a busca pelo que é considerado “padrão” de comportamento humano. Portanto, o homem necessita dar e receber afeto. O objetivo deste trabalho consiste no distúrbio provocado On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X pela quebra dessa relação, levando a sintomas depressivos. Vários fatores influenciam no comportamento do indivíduo nesse estado, e que serão aqui elencados , propiciando, contudo, uma abordagem mais específica na Depressão e as alternativas de tratamento farmacológicos, observandose, porém, que como ser pensante e reativo, depende exclusivamente do indivíduo e dos familiares, com ajuda profissional, encontrar o caminho certo para a Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p.129 - 125 130 cura dessa doença. Cabe ao profissional da saúde identificar os sintomas depressivos, recorrendo, até mesmo a exames, no sentido de subsidiá-lo. A psicoterapia tem papel relevante na recuperação do indivíduo, agindo como adjuvante no tratamento. Os fármacos podem contribuir de forma significativa para a erradicação desses sintomas, mas o envolvimento da família também é muito importante para o sucesso terapêutico. 1.1 O homem: emotivo ou racional ? Acredita-se que pela intensa conexão entre as malhas pré-frontais e as estruturas do cérebro intermediário, o homem seja, entre todas as raças, a que apresenta o maior número de emoções e sentimentos. E esse comportamento começou a se desenvolver com o surgimento dos primeiros mamíferos. Com a evolução desses, chegamos ao homem. Nossos ancestrais, os hominídeos, possuíam diferentes reações frente às, igualmente diferentes, sensações que experimentavam em sua luta pela sobrevivência. A essas sensações destacamos a necessidade do convívio em grupo, fazendo ressaltar o afeto. A palavra afeto tem origem no latim “affectus” e significa afligir, abalar, atingir e definida, segundo o dicionário Aurélio, como "um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos ou paixões, acompanhadas sempre da impressão de prazer ou dor, de satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza". O homem sempre relacionou o significado desse sentimento a fatores positivos. Afeto é, portanto, o sensor da psique humana. É o responsável pelo significado sentimental de tudo aquilo que vivemos. E isso está diretamente ligado ao olhar do observador frente à realidade. Existem situações em que este enxerga o “seu” mundo de maneira obscura, fria, cinzenta. Por outro lado, existem os que enxergam essa realidade totalmente colorida, cor de rosa, e tudo se torna excepcionalmente vivaz. Portanto, o significado de uma mesma situação vai diferir, de um indivíduo para o outro, pois isto é pessoal e subjetivo. Podemos afirmar que o homem possui emoção (palavra latina originada de “emovere” e designa mover, movimentar, deslocar). São manifestações que rompem o equilíbrio afetivo e são, em geral, de curta duração, possuindo grau de intensidade, tempo de resposta e cria, sobre o nosso organismo, bloqueio na capacidade de raciocínio, podendo ser total ou parcial. Já os sentimentos têm sua duração mais duradoura, com menor interferência sobre o organismo. Outro ponto a ser observado é que a afetividade é involuntária e não está submetida à vontade humana. On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Os sentimentos afloram-se e esvaem-se alheios à nossa permissão. Contudo, procedimentos podem ser adotados para melhorarem a afetividade. Esses podem ser adotados com a administração de medicamentos que atuarão nos neurorreceptores e neurotransmissores cerebrais, ou através de atividades psicopedagógicas e psicoterápicas para auxiliar no aperfeiçoamento da personalidade do paciente submetido ao tratamento. ( DAMASIO,1996) No contexto da vida afetiva, podemos citar duas condições ligadas diretamente ao humor: depressão ou euforia maníaca e ansiedade. Três teorias destacam-se na análise dessas manifestações afetivas e estão diretamente relacionadas à capacidade do homem responder aos estímulos que incidem sobre elas. DARWIN (1996) APUD PIETROSKI (2010), defende que as reações são padrões inatos e que existem apenas para orientar o comportamento do homem e sua adaptação ao meio ambiente, garantindo a sobrevivência própria e da espécie. Os distúrbios seriam uma consequência natural, parte da fisiologia humana. Ele apresenta uma explicação sobre o que chama de “linhagem modificada”. Esta seria determinada pela hereditariedade e pela variabilidade. É a teoria da seleção natural onde aponta que as características desenvolvidas por uma espécie, para sua sobrevivência, tornar-se-á um traço típico desta. Em outras palavras, o indivíduo necessita adaptar-se às constantes mudanças do ambiente para sobreviver. Aqueles que não conseguem, sucumbem. Isso fundamenta-se não só no aspecto físico, mas emocional e afirma que, com o passar do tempo, o homem agregou características para sua sobrevivência, ou seja, isso é inato e herdado. As expressões dos adultos influenciam diretamente no comportamento da criança. Elas determinam a ativação ou arrefecimento de sentimentos da criança de acordo com sinais negativos ou positivos identificados na expressão da mãe. Segundo ROSSMAN (1998) APUD COSTA (2007), dois fatores determinam a variação emocional em uma criança: a experiência emocional desta e o ambiente em que ela convive. Algumas crianças se veem obrigadas a conviverem em ambientes e comportamentos tensos. Levando-se em consideração que a criança aprenda, com os adultos e com o ambiente, situações problemáticas conduzidas com violência, desencadearão um comportamento similar nesta. . William James, em outra teoria, afirma que estas são respostas do organismo a um estímulo, quer seja real ou imaginário, acompanhada de uma série de alterações musculares, viscerais e neurovegetativas. LEHMANN (1997) APUD COSTA (2007), por sua vez, pontua o afeto como um fenômeno que apesar da complexidade, sempre é uma resposta a um estímulo interno ou externo, iniciando-se a partir de um processo central. O afeto ou emoção são determinados Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p.129 - 125 131 pela quantidade de sintomas corporais. Quanto maior a percepção desses sintomas, maior a transformação do afeto em emoção. Tal teoria encontra sustentação em estudos realizados em pacientes que sofreram algum tipo de “fobia”. Foi observada a presença de Betabloqueadores que não atravessaram a barreira hemato-encefálica e, com isso, não agiram sobre centros cerebrais. Estabeleceram-se somente nas periferias e bloquearam os fenômenos neurovegetativos, aliviaram, portanto, a ansiedade e proporcionaram maior controle da fobia nesses pacientes. ( LEHMANN (1997) APUD COSTA (2007). Outro ponto bastante questionado na área da psique humana é a relação entre razão e emoção. Segundo Antônio Damásio, no livro “O Erro de Descartes”, razão e emoção estão intimamente ligadas, remontando à história evolutiva dos seres vivos. Durante esta evolução, o estabelecimento natural entre respostas comportamentais adaptativas eram moldadas através de processos emocionais. Afirma, também, que a escolha das respostas, em determinados momentos, reflete o uso da razão. Assim, defende que repertórios adaptativos são controlados pela emoção, ao passo que a seleção de comportamento é dirigido pela razão (DAMASIO , 1996). Desse modo, os sentimentos seriam o resultado de tais mudanças associados às imagens mentais da situação. Assim sendo, a emoção estaria ligada intimamente à memória, traduzindo o contexto em que é adquirida, na vivência desta, por cada indivíduo (DAMASIO, 1996). Entre razões e emoções, entende-se que a maior necessidade do homem é viver em grupo. É essencial que nessa convivência ele obtenha aprovação e reconhecimento. Quando a afetividade positiva ocorre, é comum que o indivíduo se sinta bem. O objeto de estudo, no entanto, irá explorar o olhar do indivíduo frente à afetividade negativa e suas consequências, ou melhor, distúrbios. O tema principal a ser abordado será a depressão, considerada, por muitos especialistas, o mal do século. Serão abordados, também, os distúrbios de humor, porém, de maneira menos aprofundada, e estabelecidas as diferenças entre estes e a depressão. Os sintomas depressivos podem ser perceptíveis ou não, cabendo ao profissional habilitado, familiares, amigos e grupos de ajuda identificá-los e ajudarem no tratamento. É importante o esforço em conjunto, mas, sobretudo, o indivíduo necessita tomar uma atitude positiva em relação ao seu estado. Quanto mais amparado e disposto estiver , melhor e mais rápido será o processo de cura. 1.2 Depressão: tristeza ou melancolia? On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X A tristeza é um sentimento peculiar do homem e, ao contrário do que muitos imaginam, é apenas um dos sintomas da depressão. Seu estado mais avançado é a melancolia. Sigmund Freud, em seu livro “Luto e Melancolia”, estabelece uma diferenciação entre os dois estágios. Descreve o luto como um processo que, para um indivíduo, é conhecido, natural, superável. Por outro lado, a melancolia é descrita como um estado e suas causas não são definidas. Aponta, ainda, que a melancolia pode levar a um estado de luto (FREUD,1917). No luto, o indivíduo entende e assimila, conscientemente, essa perda objetal. Em contraposição no estado melancólico, ele acha que algo foi retirado do seu âmago. É a forma patológica do luto (FREUD,1917). Nesse quadro, o indivíduo apresenta um árduo estado de desânimo, de desinteresse pelas coisas do mundo, incapacidade de amar, contenção na realização de qualquer tarefa, baixa gradual da autoestima e o desejo de uma punição ( FREUD,1917). Os sintomas observados em ambos os casos são os mesmos, diferenciando-se o luto apenas pela não perda da autoestima. No final do século XX, uma forma mais branda da melancolia, a depressão, vai se tornando mais comum. 1.3 Classificações da Depressão Algumas pesquisas têm apontado a causa hereditária da depressão, visto que as pessoas com histórico familiar, apresentam maiores probabilidades de desenvolverem a doença. Estudos comprovaram que pacientes com parentesco de primeiro grau, tinham prédisponibilidade entre 1,5 e 3,0 % para desenvolver o distúrbio Indicou, ainda, que genes defeituosos nos cromossomas 04, 11, 18 e 21, podem estar relacionados ao desenvolvimento da depressão .(NETTINA, 2003). Conforme Pedroso e Oliveira existem quatro formas de depressão: Reativa; Neurótica; Unipolar e Bipolar. A depressão reativa está diretamente ligada à perda, ansiedade, dificuldades financeiras, invalidez, impotência sexual ou insucesso profissional (PEDROSO E OLIVEIRA , 2007). A depressão neurótica é de maior duração e nela, o indivíduo apresenta quadros elevados de desinteresse por atividades e pelo prazer. (PEDROSO E OLIVEIRA, 2007). A depressão unipolar é subdividida em Distúrbio Depressivo Major (MDD) e Distúrbio Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p.129 - 125 132 Distímico. O MDD, que tem como característica a ocorrência de um ou mais sintomas da Depressão Major, com ausência de Mania ou Hipomania. Geralmente é precedido pelo Distúrbio Distímico. Sendo mais comuns nos familiares de primeiro grau, a taxa de ocorrência, segundo pesquisas, é maior entre as mulheres do que entre os homens. Já o Distúrbio Distímico difere-se do MDD pela duração e intensidade dos sintomas, ou seja, a persistência dos sintomas chegam a dois anos. Igualmente ao MDD,indivíduos com histórico familiar, em primeiro grau, podem desenvolver a doença. As mulheres têm possibilidade de 2 a 3 vezes maiores de desenvolverem a doença do que os homens. Por fim, a quarta forma de depressão é a bipolar. Essa consiste na presença de episódios de Mania. Nessa doença, episódios de suicídio são elevados, sendo prevalentes principalmente nos quadros depressivos. Estão estes, por sua vez, diretamente relacionados a indivíduos com problemas com o uso de álcool e drogas. 1.4 Alternativas de tratamento. É importante ressaltar que, antes da adoção do tratamento farmacoterápico, poder-se-á levar em consideração a adoção, também, da psicoterapia, que vem mostrando resultados muito satisfatórios em pacientes que apresentaram quadro Unipolar ou Bipolar. Ela atua como um auxiliar no tratamento farmacológico, pois apresentam um quadro personalizado do problema ao paciente e racionalizam seu comportamento frente ao tratamento, podendo despertar no paciente, através de quadros evolutivos, o sentimento de autoeficácia. 1.5 Tratamento Unipolar. Farmacológico na Depressão Na fase unipolar, é preciso separar procedimentos para as fases severas e moderadas. Nas depressões moderadas unipolares, o uso de Inibidores Selectivos da Recaptação da Serotonina (ISRS), tem demonstrado bastante sucesso, como Escitalopram e Fluoxetina. A Venlafaxina e a Bupropiona demonstraram resultados favoráveis, falta de efeitos secundários e boa tolerância. Caso não haja resposta positiva, o tratamento pode ser complementado ou alterado sua prescrição para a Imipramina. Caso ainda haja resistência ao medicamento, entre 2 a 4 semanas, a alternativa será a Fenelzina e Iproniazida(IMAOs). Esgotados todos os procedimentos, aconselha-se a utilização da Terapia Eletroconvulsiva (MALHI et al,2009). Nos casos de depressões severas, aconselha-se o uso da Imipramina, combinada com Venlafaxina ou Bupropiona. Observados comportamentos suicidas, sintomas psicóticos ou outro comportamento grave, On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X deve-se utilizar a Terapia Eletroconvulsiva (MALHI, 2009). Não havendo sucesso, poderá combinar-se ISRS. Persistindo ainda sintomas, poderão ser utilizados IMAOs (MALHI et al, 2009). Antidepressivos - apesar dos antidepressivos demorarem até duas semanas para atingirem respostas favoráveis, é perceptível, em alguns dias, melhoras significativas (MALHI et al,2009). Mais comuns: Paroxitina, Venlafaxina e ATCs Antidepressivos Tricíclicos (ATCs) – considerados como os fármacos mais antigos utilizados no tratamento da depressão, porém devido à toxicidade e aos inúmeros efeitos colaterais anticolinérgicos, foram substituídos. Mais comuns: Amitriptilina, Clomipramina, Doxepina e Imipramina. Inibidores da Monoamina-Oxidase (IMAOs) – muito eficazes no tratamento da depressão atípica, que corresponde entre 15 a 20% do Distúrbio Depressivo Major, entretanto, pelo desenvolvimento de crises hipertensivas e sua não associação à tiramina na dieta alimentar, seu uso é limitado. Mais comuns: Fenelzina e Tranilcipromina. Inibidores Selectivos da Recaptação da Serotonina (ISRSs) – Substituiram os ATCs e os IMAOs . Podem causar disfunção sexual e sintomas gastrointestinais. Mais usados: Citalopram, Sertralina, Escitalopram, Paroxetina, Fluoxetina e Fluvoxamina. Inibidores da Recaptação da Serotonina/Noripenifrina(IRSN) – Nos casos mais graves de sintomas depressivos, são mais efetivos que os ISRSs. Quadros de disfunções sexuais e gastrointestinais também foram observados. Mais comuns: Venlafaxina e Duloxetina. 1.6 Tratamento Bipolar Farmacológico na Depressão Por englobar fases de Mania e Depressão, o tratamento fármaco é muito complexo. Será considerada, nesta abordagem, apenas a fase de depressiva. A Depressão Bipolar é entendida como mais complexa que a Depressão Unipolar, respondendo menos favorável aos antidepressivos e com grande possibilidade de conversão para Mania. Essa conversão acontece entre 7 a 30 % dos pacientes tratados com antidepressivos, dependendo, nesse caso, da dosagem, do tipo e do histórico familiar. Será necessária a administração de um regulador de humor, destacandose o Lítio e a Lamotrigina. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p.129 - 125 133 O Lítio minimiza a frequência de estágios depressivos e sua utilização, a longo prazo, favorece a libertação da serotonina, diminuindo os receptores desta no hipocampo. Entretanto, há a necessidade de monitorização por favorecer o desenvolvimento de Hypotiroidismo e o Bócio ( FOUNTOULAKIS et al,2008). A Lamotrigina é indicada nos casos agudos da Doença Bipolar, reduzindo, igualmente, os quadros depressivos e apresentando os resultados mais eficazes no tratamento, também, dos casos mais leves e moderados. Pode provocar Exantemas e, por isso, deve ser iniciada com doses moderadas. A utilização de antidepressivos provoca discussões entre os pesquisadores e, quando adotados, os ISRSs e a Bupropiona são as primeiras alternativas. IMAOs e Venlafaxina apresentam-se como opções. Os ATCs, por apresentarem elevados riscos de conversão, não são utilizados, sendo reservados apenas para as depressões mais severas. Outros fármacos bastante utilizados são os Antipsicóticos de Primeira e Segunda geração, principalmente quando administrados concomitantemente com estabilizadores do humor. A Olanzapina em combinação com Fluoxetina foi aprovada, mas efeitos como boca seca, aumento de peso e apetite, além de sonolência foram observados. A Quetiapina é bastante efetiva contra a Depressão Bipolar, sendo o único antipsicótico aprovado pelo Food and Drug Administration-FDA, órgão do governo americano responsável pelo controle e fiscalização de, além de alimentos e outros, dos medicamentos comercializados nos Estados Unidos. A Benzodiazepina, com seus efeitos ansiolíticos e sedativos, pode ser utilizada como fármaco de apoio ao tratamento. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Para elaboração do estudo foram coletados dados por meio de questionário contendo informações sobre sexo, idade e tratamento farmacológico adotado em um Posto de Saúde da Família (PSF ) Drº João Bento, que atende os bairros : Centro, Santo Antônio, Dermat, Jardim Maria Lúcia e Alto da Boa Vista, na cidade de Barra do Garças, estado de Mato Grosso, que possui uma população de 56.903 habitantes (IBGE2010). Os profissionais da saúde que atuam nesse PSF deram suporte ao estudo, fornecendo informações necessárias para preenchimento desta pesquisas. Percebeu-se, inicialmente, que a procura por atendimento é feito, em sua maioria, por mulheres (77%), sendo que os homens correspondem aos 23% restantes (fig. 1) . Homens 23% Mulhere s 77% Figura 1 – Sexo das das pessoas que procuras o atendimento. Nos indivíduos do sexo feminino, a prevalência é daquelas que possuem faixa etária entre 31 e 50 anos (57 %), seguindo as que têm mais de 51 anos (38 %). Entre os homens, a procura é maior daqueles que possuem idade superior a 50 anos (57%) (fig. 2 e 3). 50 ou mais 57% 30 a 50 anos 43% Figura 2 – Facha etária dos entrevistados do sexo feminino. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A coleta de informação foi feita diretamente com enfermeiros e psicólogos que atuam naquela unidade de saúde. On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p.129 - 125 134 20 a 30 anos 5% 51 oumais 57% 31 a 50 anos 38% Figura 3 – Facha etária dos entrevistados do sexo masculino. Cabe aqui ressaltar que, apesar de não considerar o aspecto do acompanhamento familiar na pesquisa (ações que devem ser desenvolvidas pelos agentes de saúde responsáveis), o papel da família é de fundamental importância para o sucesso do tratamento. Assim, medidas paliativas e preventivas contribuirão para a redução pontual dos quadros sintomáticos observados nos bairros atendidos pelo Posto de Saúde da Família avaliado. Resta, ainda, observar que a condição social dos indivíduos pesquisados, devido à localização dos bairros atendidos, é considerada de classe média e classe média alta, alertando as autoridades sobre um número cada vez mais crescente nessa camada social. Encontrar os “porquês” e apontar a solução para reduzir esses índices, sugere um estudo mais aprofundado e igualmente detalhado. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS No que diz respeito à adoção de fármacos utilizados na condução do tratamento, percebeu-se que entre os indivíduos, a prevalência maior é do Clonazepan de 0,5, 2 e 10 mg, sendo que o maior número de receituários é o de 2 e 10 mg,, e os pacientes do sexo feminino apresentou maior número (80%). Já entre os homens, o Cloridrato de Amitriptilina 25mg e 75mg , bem como o Clonazepan 10 mg, têm sido os mais comuns utilizados, correspondendo, cada um, a 40% dos pacientes, Sendo o diazepan de 5mg e 10mg correspondendo a 10% tanto para homens e mulheres. (fig. 4). Haloperidol Fluoxetina 5% 5% Clorpromazina 7% Clonazepan 42% Diazepan 10% Cloridrato de Amipritlina 31% Figura 4 – Principais fármacos adotados no tratamento de depressão no município de Barra do Garças . O estudo da depressão tem sido amplamente divulgado devido à sua incidência cada vez mais frequente sobre a população mundial. A aceitação como doença psicossomática abre campo para a exploração de tratamentos diversos e os medicamentos farmacoterápicos têm papel relevante na tentativa do controle dos sintomas depressivos. Entende-se que o homem, como ser racional, é guiado instintivamente pelas emoções, e essas emoções são caracterizadas por sentimentos subjetivos, portanto, igualmente complexos nos diversos estudos do comportamento. A união das ciências ( humanas e da saúde ) tem apontado como uma alternativa acertada na busca de respostas e tratamento dos sintomas da Depressão. Especificamente no caso de pacientes de um Posto de Saúde da Família, localizado na cidade de Barra do Garças, estado de Mato Grosso, buscou-se correlacionar e classificar indivíduos e sintomas, com faixa etária e sexo. Entendeu-se, assim, que as mulheres são mais suscetíveis a sofrerem transtornos e sintomas da depressão entre os 31 e 50 anos, enquanto os homens só manifestam essa, doença em sua maioria, depois dos 50 anos. Determinar as causas e encontrar alternativas de tratamento serão objetos de discussão futura entre os profissionais da área. Os fármacos, enquanto medidas paliativas, carecem da complementação de tratamentos preventivos, visando ao bem-estar do indivíduo, da família e da sociedade. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A partir deste estudo, evidencia-se o grau de risco eminente e a necessidade de um trabalho preventivo no sentido de inibir o crescente índice de sintomas de depressão e transtornos que afetam, sobretudo, as mulheres de faixa etária entre 31 e 50 anos e que podem desenvolver quadros mais graves. On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X ABDO, C. (2004). Estudo da Vida Sexual do Brasileiro. São Paulo: Bregantini. ALMEIDA, P. D; DRATCU, L; LARANJEIRA, R. Manual de Psiquiatria. v.1. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1996. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p.129 - 125 135 ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA (APA). (2002) Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4. ed. - Revista (DSM-IV-TR). Porto Alegre: Artmed, 2000. BAHLS, S. C. (2007). 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