VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PRÁTICA ORAL E ESCRITA DE LÍNGUA PORTUGUESA I, II e III Rio de Janeiro / 2007 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo Branco - UCB. U n3p Universidade Castelo Branco. Prática Oral e Escrita de Língua Portuguesa I, II e III. – Rio de Janeiro: UCB, 2007. 64 p. ISBN 978-85-86912-57-3 1. Ensino a Distância. I. Título. CDD – 371.39 Universidade Castelo Branco - UCB Avenida Santa Cruz, 1.631 Rio de Janeiro - RJ 21710-250 Tel. (21) 2406-7700 Fax (21) 2401-9696 www.castelobranco.br Responsáveis Pela Produção do Material Instrucional Coordenadora de Educação a Distância Prof.ª Ziléa Baptista Nespoli Coordenador do Curso de Graduação Antônio Carlos Siqueira de Andrade - Letras Conteudista Ana Lúcia dos Prazeres Costa Supervisor do Centro Editorial – CEDI Joselmo Botelho Apresentação Prezado(a) Aluno(a): É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua. Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica. Seja bem-vindo(a)! Paulo Alcantara Gomes Reitor Dicas para o Auto-Estudo 1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo. 2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite interrupções. 3 - Não deixe para estudar na última hora. 4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor. 5 - Não pule etapas. 6 - Faça todas as tarefas propostas. 7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento da disciplina. 8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a auto-avaliação. 9 - Não hesite em começar de novo. Contextualização da Disciplina Prática Oral e Escrita de Língua Portuguesa I Prática Oral e Escrita de Língua Portuguesa II Prática Oral e Escrita de Língua Portuguesa III As disciplinas de Prática Oral e Escrita são oferecidas no intuito de complementar as atividades e os conteúdos oferecidos nas disciplinas Língua Portuguesa I, Língua Portuguesa: Fonologia e Língua Portuguesa: Morfossintaxe I. Por isso, muitas vezes será fundamental ter em mãos (ou em mente) o instrucional da disciplina base para que se possa entender e estudar o conteúdo da sua respectiva disciplina complementar. Por exemplo, Prática Oral e Escrita II é paralela à Língua Portuguesa: Fonologia (Instrucional: Fonética e Fonologia). Em Prática II, será estudado o fenômeno de assimilação dos traços de nasalidade e de sonoridade. O aluno, então, tem como apoio a disciplina de Fonologia, em que são estudados aspectos como a oposição surdo–sonoro e a questão da nasalidade. Vale observar que, em Prática Oral e Escrita I, há menor dependência entre os conteúdos desta disciplina e os da sua correspondente (Língua Portuguesa I). Em Prática I, serão ressaltados aspectos de textualidade, como definição de texto e tipologia textual. VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PRÁTICA ORAL E ESCRITA DE LÍNGUA PORTUGUESA I Rio de Janeiro / 2007 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO Orientações para o Auto-Estudo O presente instrucional está dividido em cinco unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam atingidos com êxito. Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades complementares. As Unidades 1, 2 e 3 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1. Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das cinco unidades. Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todos os conteúdos das Unidades Programáticas. A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso. Bons Estudos! SUMÁRIO Quadro-síntese do conteúdo programático ................................................................................................. 13 UNIDADE I LÍNGUA E LINGUAGEM: CONCEITUAÇÃO ....................................................................................... 15 UNIDADE II TEXTO: ORAL E ESCRITO...................................................................................................................... 16 UNIDADE III TIPOLOGIA TEXTUAL 3.1 – Descrição............................................................................................................................................ 18 3.2 – Narração ............................................................................................................................................. 19 3.3 – Dissertação ......................................................................................................................................... 19 UNIDADE IV TEXTO 4.1 – Análise................................................................................................................................................ 20 4.2 – Síntese ................................................................................................................................................ 20 UNIDADE V INTERPRETAÇÃO DE TEXTO ................................................................................................................ 22 Glossário ..................................................................................................................................................... 24 Gabarito....................................................................................................................................................... 25 Referências bibliográficas ........................................................................................................................... 27 Quadro-síntese do conteúdo programático UNIDADES DO PROGRAMA OBJETIVOS I – LÍNGUA E LINGUAGEM: CONCEITUAÇÃO • Revisar conceitos vistos em Língua Portuguesa I. II – TEXTO: ORAL E ESCRITO • Conceituar texto; • Identificar as modalidades escrita e falada como veículos para a produção de textos. III – TIPOLOGIA TEXTUAL 3.1 - Descrição 3.2 - Narração 3.3 - Dissertação • Diferenciar os conceitos de tipologia textual e gêneros discursivos; • Identificar alguns tipos de estruturação textual. IV – TEXTO 4.1- Análise 4.2- Síntese • Identificar a análise e a síntese como técnicas de estudo e compreensão de textos. V – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO • Realizar questões de leitura e interpretação de textos. 13 UNIDADE I 15 LÍNGUA E LINGUAGEM: CONCEITUAÇÃO Linguagem “é a capacidade específica à espécie humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais” (DUBOIS, 1993: 378), sistema esse que é a própria língua. Este sentido do termo linguagem se refere à linguagem verbal. O ser humano é o único animal que possui linguagem articulada, linguagem verbal. Possuir linguagem articulada significa que ele articula (combina) fonemas para formar sílabas, morfemas para formar palavras, palavras para formar sintagmas, sintagmas para produzir frases, e unidades maiores de comunicação. Possuir linguagem verbal é o mesmo que possuir linguagem articulada, já que linguagem verbal é a linguagem expressa através de palavras. Quando se utiliza este termo, tem-se em mente as duas maneiras de manifestação desta linguagem: - Linguagem verbal oral ou modalidade falada; - Linguagem verbal escrita ou modalidade escrita. Note-se que somente a linguagem oral faz parte da essência natural do ser humano, porque há povos ágrafos (sem escrita) e seres humanos analfabetos em sociedades letradas. Por este motivo, está dito no primeiro parágrafo desta unidade que língua é um sistema de signos vocais (vocal = voz = fala). A definição de linguagem acima apresentada (“capacidade específica à espécie humana”), como foi dito, diz respeito à linguagem verbal. Mas há também a linguagem não-verbal. Podemos citar, neste caso, a comunicação entre animais (linguagem das abelhas, dos golfinhos) ou a comunicação não-verbal produzida pelo próprio homem: a linguagem da dança, do olhar, de uma escultura ou pintura etc. Exercício de Fixação 1- Marque V para verdadeiro ou F para falso: a- ( ) A linguagem das abelhas é considerada uma linguagem articulada. b- ( ) A modalidade escrita é tão natural à espécie humana quanto a modalidade falada. c- ( ) Um desenho feito por uma criança em sala de aula pré-escolar é um exemplo de linguagem não-verbal. 16 UNIDADE II TEXTO: ORAL E ESCRITO A língua, sistema de signos vocais, está presente na mente do ser humano. Todos temos uma gramática (= sistema natural) internalizada, que nos permite falar e entender o que ouvimos, independentemente de irmos ou não à escola aprender a gramática escolar. Logo, a noção de língua é abstrata: um sistema que está presente em nossa cognição. Como a língua se manifesta concretamente, então? Quando falamos e escrevemos. Nós falamos e escrevemos por meio de quê? De textos. Logo, o conceito de texto é concreto, palpável: podemos produzi-los, escutá-los ou lê-los (no caso de textos escritos). Como vimos na Unidade I, a linguagem pode ser verbal ou não-verbal. A primeira é específica ao ser humano. Mas ele pode se comunicar através da lingua- gem não-verbal também: por exemplo, a cor vermelha do semáforo tem um significado que se faz presente sem palavras. Assim, você pode encontrar em algum lugar a expressão texto não-verbal. Ela remete ao conceito de linguagem não-verbal (sem palavras). Esta é uma concepção de texto em sentido amplo. Em sentido restrito, temos textos verbais, construídos a partir da linguagem verbal. Neste instrucional, vamos nos deter no conceito restrito de texto. Os textos que produzimos são falados ou escritos, pois a linguagem verbal pode ser oral ou escrita. Qual seria a definição de texto? Segundo Fávero (2001: 7), texto é “...qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo independente de sua extensão”. Observe-se que o conceito de texto independe da extensão. Sendo assim, uma placa de trânsito onde se lê Pare pode ser classificada como texto, embora tenha uma palavra só, pois há toda uma contextualização e pertinência comunicativa (localiza-se em geral num cruzamento, o destinatário da mensagem é o motorista, o emissor é a instituição responsável pelo tráfego do lugar etc.) É interessante notar que a origem da palavra texto é a mesma de tecido (daí a expressão indústria têxtil ser sinônima de indústria de tecido). Textus, em latim, é o particípio passado do verbo tecere e já era empregado para indicar o conjunto lingüístico do discurso. O envolvimento entre os diferentes componentes do texto vem, desde muito tempo, recebendo o tratamento de ‘tecido’, demonstrando o caráter de unidade e interação de suas partes: assim como a trama dos fios compõe o tecido, as partes do texto estão interligadas, dando origem ao sentido. O que caracteriza uma ocorrência lingüística falada ou escrita, de qualquer extensão, como um texto é, portanto, o fato de esta ser dotada de uma unidade de sentido. Então, nem sempre um conjunto de frases ou palavras possui textualidade. Se você coletar frases diversas, cada uma sobre um assunto isolado, e escrevê-las lado a lado em forma de parágrafos, não vai produzir um texto, embora quem olhe de longe e visualize os parágrafos possa crer que há um texto ali. Ao comentar que os textos podem ser escritos ou falados, é importante ressaltar que há diferenças estruturais entre a fala e a escrita, mas estas diferenças em hipótese alguma apontam para uma superioridade da escrita em relação à fala. Muitos de nós temos a falsa impressão dessa superioridade porque a escola tem como papel principal ensinar a escrita e uma de nossas preocupações ao escrever textos formais é evitar marcas de oralidade em nossa redação. Nós evitamos marcas de oralidade em textos escritos formais não porque a língua falada ‘seria’ inferior, ruim e pouco estruturada, mas porque esta tem características particulares. Na construção do texto escrito, em geral, o produtor tem tempo de planejar cada frase, cada parágrafo e pode (e deve) voltar atrás e corrigir aquilo que não ficou claro, podemos inclusive fazer rascunhos até chegarmos à versão final. Ao falar, elaboramos as frases ao mesmo tempo em que pensamos e planejamos; se fazemos pausas ou hesitações, é porque estamos “procurando em nossa memória” o termo certo; se a frase fica sem ser terminada (truncada) e iniciamos outra, é porque aquela não ficou bem elaborada ou não expressaria bem o que se quer expressar; se repetimos uma frase ou uma idéia, é porque vemos no rosto do nosso ouvinte o gesto de dúvida e indagação. Por fim, a sintaxe da língua falada possui palavras e expressões como “né?”, “tá?”, “olha só”, que são típicas da interação face a face e ajudam na própria organização do discurso. Logo, não podemos dizer que a estrutura da fala é ruim, desconexa. O texto falado apresenta uma sintaxe característica “sem, contudo, deixar de ter como pano de fundo a sintaxe geral da língua” (KOCH, 2002: 80). Quanto ao uso do vocabulário e da norma culta, não podemos cair no erro da generalização e pensar que toda escrita é sempre formal e toda fala é sempre informal. Há textos falados formais, em que se deve primar pela língua padrão (palestra, entrevista de emprego), assim como há escrita informal (podemos escrever num bilhete formas como “tá bem?” em vez de “está bem” ou “brigadão!” em vez de “obrigado”). Exercício de Fixação 1- Marque V para verdadeiro ou F para falso: a- ( ) Uma escultura de Rodin pode ser considerada um “texto”, no sentido amplo da palavra. b- ( ) Os textos, em sentido restrito (linguagem verbal), podem ser escritos ou falados. c- ( ) Uma placa com a palavra “Silêncio”, localizada na parede do corredor de um hospital, não é um exemplar de texto, pois só possui uma palavra. d- ( ) A modalidade falada é caracterizada por pausas, truncamentos e repetições, o que mostra sua debilidade sintática. 17 18 UNIDADE III TIPOLOGIA TEXTUAL Antes de chegarmos a uma classificação dos tipos de texto, temos de deixar clara a distinção entre tipologia textual e gêneros do discurso. exemplo, teria, entre outras, as seguintes marcas: predominância de tempos verbais no pretérito, de predicados dinâmicos e da primeira ou terceira pessoas. Atualmente vem se desenhando uma tendência a reservar o termo tipo textual ou seqüência textual para denominar a caracterização estrutural, lingüística, do texto. A tradição escolar consagra no mínimo três tipos: narração, descrição e argumentação. Estas estruturas lingüísticas são postas em prática numa situação real de comunicação através dos gêneros do discurso: as características da narração podem ser atualizadas através de diversos gêneros: uma piada, um conto, uma fábula etc. Quando se fala de características estruturais, pensase em marcas lingüísticas. Assim, a narração, por Observe: - Tipos de texto. Exemplos: narração, descrição, argumentação etc. - Gêneros do discurso. Exemplos: bilhete, carta, piada, conto, reportagem policial, receita culinária, palestra, memorando, conversa telefônica etc. Logo, vemos que: 1- A lista de gêneros possíveis é praticamente infinita; a de tipos textuais é bem mais limitada. 2- Um mesmo gênero pode conter vários tipos textuais, embora um possa ser predominante. Numa piada, predominam estruturas narrativas. O autor de uma carta pessoal pode começar com uma narração e, em seguida, argumentar sobre um dado tema, tentando convencer o destinatário. Segundo Abreu (2004: 54-55), os gêneros, por resultarem de processos de interação social, possuem “um caráter de evolução histórica”. Isto significa que alguns podem desaparecer e outros podem surgir ou sofrer modificações ao longo do tempo. Um exemplo bem recente é que desde o início deste século, com o advento e popularização da Internet, cartas pessoais e comerciais têm disputado espaço com e-mails pessoais e comerciais. A seguir, você estudará as características de alguns tipos textuais. 3.1 - Descrição Seqüências textuais descritivas apresentam predominância de predicados estativos (verbos ser, estar, parecer etc.), do uso de terceira pessoa e de um uso amplo de adjetivação. Veja a presença destas marcas lingüísticas no trecho do romance A Escrava Isaura: Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça. As linhas do perfil desenham-se distintamente entre o ébano da caixa do piano, e as bastas madeixas ainda mais negras do que ele. São tão puras e suaves essas linhas, que fascinam os olhos. (GUIMARÃES, Bernardo. A Escrava Isaura. 19. ed. São Paulo: Ática, 1993, p. 13) Temos como exemplo do uso amplo de adjetivos: sozinha, bela, nobre, puras, suaves, entre outros. Os verbos estáticos são: acha-se, são e fascinam. A descrição começa pela terceira pessoa do singular, tratando-se da própria escrava (nobre figura de moça) para, em seguida, referir-se à terceira do plural, numa tentativa de detalhar ainda mais a descrição (“as linhas do perfil” da moça e suas “bastas madeixas”). 3.2 - Narração Estruturas narrativas são caracterizadas pela predominância do modo verbal de indicativo, tempos verbais de pretérito, predicados de ação, presença de conectivos temporais (depois, em seguida etc.). A estrutura do texto narrativo é baseada na linearidade de eventos que se sucedem nas orações, dando a entender ao leitor ou ouvinte que o tempo muda de um evento para outro. 19 Abreu (2004: 49) comenta que a estrutura de um texto narrativo dramático (realizado em gêneros como conto, romance, telenovela e outros) inclui a confecção de um plot: “unidade dramática que se compõe de uma situação, uma complicação e uma solução”. Entre várias categorias de plot citadas pelo autor, tomemos a de “plot de amor”, em que as três partes seriam: “um casal que se ama é separado por alguma razão, volta a se encontrar e tudo acaba bem” (p.49). 3.3 - Dissertação Alguns autores distinguem argumentação de dissertação, como é o caso de Othon Moacir Garcia, no seu clássico livro Comunicação em Prosa Moderna. Para ele, o texto dissertativo tem a função de expor idéias de uma maneira isenta, imparcial, enquanto o texto argumentativo é por excelência persuasivo: nele, o autor toma partido de uma posição e quer influenciar o ouvinte ou leitor. Neste material, não seguiremos tal distinção. Portanto, faremos referência ao texto dissertativo/argumentativo. Este tipo apresenta predominância de estruturas sintáticas subordinadas; verbos no presente e futuro do pretérito (construções hipotéticas); conectivos que indicam seqüências discursivas tais como explicação (pois, porque), conclusão (logo, portanto), quebra de expectativa (no entanto, contudo, mas) etc. O texto dissertativo é de interesse fundamental para o estudante de ensino superior, já que a vida acadêmica é caracterizada pela confecção constante de provas discursivas, monografias, dissertações, teses, artigos e comunicações orais. Quanto à estrutura de organização, os textos dissertativos geralmente se apresentam em três blocos: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução apresenta o tema do texto, trazendo as idéias centrais e/ou a posição que será defendida através de argumentos em seguida. A leitura da introdução deve permitir ao leitor deduzir os caminhos pelos quais o texto seguirá. O desenvolvimento explicita as idéias, apresenta os argumentos que defendem uma posição, explora exemplos, mostra e analisa dados, sustentando, enfim, aquele tema que foi anunciado na introdução. A conclusão aponta as idéias principais desenvolvidas na dissertação e retoma a introdução no intuito de dar um fechamento ao texto, mostrando se a tese, a idéia ou proposta indicada no início do texto pode ser confirmada. Exercícios de Fixação 1- Que tipo de texto (dissertativo/argumentativo, narrativo ou descritivo) predominaria nos gêneros discursivos a seguir? a- Relatório sobre as condições de funcionamento de um prédio. b- Carta enviada à seção Opinião dos leitores de um dado jornal. c- Tese de doutorado. d- Debate. e- Telenovela. 2- Segundo Othon Moacir Garcia, qual a diferença entre o texto argumentativo e o dissertativo? Observação Uma complementação dos exercícios referentes a esta unidade aparecerá na Unidade V, que será dedicada a questões de interpretação textual. 20 UNIDADE IV TEXTO Nesta unidade, você vai conhecer a diferença entre análise e síntese, e aprender duas técnicas de síntese: o resumo e o esquema. 4.1 - Análise Enquanto analisar um texto significa acrescentar informações, idéias, comentários, sintetizar significa resumir, pinçar as informações principais. Se fazemos a síntese de um capítulo indicado como leitura por um professor, obviamente, o texto sintetizado deve ficar mais curto do que o original 4.2 - Síntese Nesta seção, exemplificaremos duas estratégias de se elaborar uma síntese: o resumo e o esquema. O esquema é nada mais do que um resumo disposto em tópicos. Para a exemplificação destas estratégias, teremos por base o seguinte fragmento de Fiorin & Savioli (2003: 252253), sobre as funções dos três tipos básicos de texto: narração, descrição e dissertação.Os textos narrativos e descritivos são figurativos. Eles representam o mundo, simulam-no. A narração mostra mudanças de situação de um ser particular, com os enunciados dispostos numa progressão temporal, numa relação de anterioridade e de posteridade. A narração capta o mundo em sua mudança, no dinamismo de suas transformações. A descrição expõe propriedades e aspectos de um ser particular (por exemplo, o céu estrelado numa determinada noite, um rosto sofrido, a hora do rush, um pôr-do-sol, uma personagem qualquer) numa relação de simultaneidade; nela não há mudanças. Ela apresenta, então, um ser tal como é visto num dado momento, fora do dinamismo da mudança. O texto dissertativo é temático. Explica, analisa, classifica, avalia os seres concretos. Por isso, sua referência ao mundo faz-se por conceitos amplos, modelos genéricos, muitas vezes abstraídos do tempo e do espaço. Por isso, embora apareçam nele mudanças de situação, não têm maior importância as relações de posterioridade e anterioridade entre os enunciados, mas as relações lógicas entre eles (FIORIN & SAVIOLI, 2003: 252-253). Esquema O esquema é um método através do qual a síntese é organizada em forma de tópicos e subtópicos. É uma estratégia que permite uma visualização rápida dos conteúdos resumidos; portanto, é uma maneira efici- ente de estudar ou de fazer anotações sobre os textos utilizados numa pesquisa. Um possível exemplo de esquema para o texto acima citado seria: Tipos de texto quanto às suas funções (segundo Fiorin & Savioli, 2003) - Narração e descrição: textos figurativos (representam o mundo) •Narração - mudanças de situação de um ser - dinamismo: progressão temporal dos enunciados •Descrição – exposição das propriedades de um ser - Dissertação: texto temático (enfoque no tema) – referência mais abstrata ao mundo Resumo Ainda aproveitando a citação acima, um exemplo de resumo seria o seguinte: Tipos de texto Quanto à função dos tipos básicos de texto, Fiorin & Savioli (2003) classificam a narração e a descrição como figurativos, pois representam o mundo. Na narração, o mundo é representado através das mudanças de situação de um ser: há um dinamismo que se revela através da progressão temporal dos enunciados. A descrição expõe as propriedades de um ser. A dissertação, por sua vez, não é figurativa, mas temática, já que faz referência a aspectos do mundo de um modo mais temático, mais abstrato. Exercícios de Fixação 1- Sintetize o parágrafo a seguir através de um resumo (de no máximo duas linhas): A Lei de Diretrizes e Bases de dezembro de 1996, que é a mais recente, determinou, sem maiores debates ou discordâncias, que o ano letivo dos níveis fundamental e médio deve ter carga horária mínima de 800 horas, distribuídas por 200 dias, sem contar com os dias reservados para exames finais. Também o ensino superior deve ter 200 dias letivos. 2- Sintetize a Unidade I deste instrucional através de um esquema. 3- Analise a seguinte afirmação: Os parâmetros curriculares nacionais, publicados pelo MEC em 1998, prescrevem que a disciplina Língua Portuguesa deve abranger o estudo da diversidade de gêneros discursivos. 21 22 UNIDADE V INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Leia o texto e responda às questões que se seguem: Em defesa da razão Estou chegando aos 70 anos. Minha geração assistiu a mais revoluções científicas, tecnológicas e sociais do que todas as gerações anteriores. Com essa experiência de vida, preocupa-me o que estamos deixando para os nossos netos: um mundo onde as pessoas desconfiam dos cientistas e se entregam às crendices. Um mundo de violência, injustiça e desencanto, que abre espaço para a exploração do desespero da população. Durante décadas, lutei desesperadamente para trazer racionalidade às gerações que me sucederiam, acreditando na ciência e nas suas conquistas. A caminhada do homem na Lua, as fotos dos planetas distantes, os computadores, a televisão direta dos satélites, as vacinas que eliminaram da face da Terra a varíola e a poliomielite, os remédios desenhados em computadores que curam o câncer quando detectado a tempo, os transplantes de coração e rins, a biotecnologia gerando plantas mais resistentes e mais produtivas, (...). E, apesar disso, o que colhemos? Uma geração de crédulos sem capacidade crítica. Até mesmo pessoas que seguiram carreira técnicocientífica não entendem a racionalidade da ciência. Consomem toneladas de pseudomedicamentos sem nenhum efeito positivo para o organismo. Engolem comprimidos de vitaminas que serão eliminadas na urina. Consomem extratos de plantas com substâncias tóxicas e abandonam o tratamento médico. Gastam fortunas com diferentes marcas de xampu que contêm sempre o mesmo detergente mas anunciam “alimentos” para os cabelos, quando estes recebem nutrientes diretamente do sangue que irriga suas raízes. Há os que untam o rosto com colágeno – geléia de mocotó –, e ovos e acham que estão rejuvenescendo. Mas nem tudo está perdido. Ainda há quem encontre motivação para se guiar pelo racionalismo e pela ciência – e para mudar. E há muito que fazer. É preciso combater o irracionalismo e as mistificações, onde quer que eles se manifestem: na televisão, nos locais de trabalho, nas faculdades. Podemos começar pela educação. Hoje, as pessoas passam um terço da vida nas salas de aula sem aprender e ninguém se importa. Criamos robôs que nos permitem ter uma produção cada vez maior de bens, mas ficamos prisioneiros de uma sociedade cada vez menos justa. Numa sociedade em que a ciência expandiu a longevidade do homem, não oferecemos à maioria da população segurança física nem acesso ao que a medicina moderna pode oferecer – nem mesmo a garantia de teto e comida. Enfim, criamos um campo propício para a proliferação dos enganadores. Está na hora de quebrar a insensibilidade dos governos e das lideranças para tentar corrigir isso. Não será nos entregando à irracionalidade que sairemos desse buraco e construiremos um mundo melhor para os nossos netos. Exercícios de Fixação 1- De que assunto trata o texto Em defesa da razão? 2- Quanto à tipologia textual, como pode ser classificado este texto? 3- Comente o uso da palavra defesa no título. 4- Delimite a introdução, o desenvolvimento e a conclusão do texto. 5- Que palavra inicia a conclusão? Que outra palavra poderia ser usada? 6- Releia a introdução e a conclusão. Há ligação entre estas partes? Isaias Raw (Revista Veja, 4 de setembro, 1996) 23 Se você: 1) 2) 3) 4) concluiu o estudo deste guia; participou dos encontros; fez contato com seu tutor; realizou as atividades previstas; Então, você está preparado para as avaliações. Parabéns! 24 Glossário Conectivos – termos que estabelecem conexão entre palavras e entre frases: pronomes relativos; conjunções coordenativas e subordinativas; preposições; expressões adverbiais que ligam uma frase à outra ou um parágrafo ao outro, tais como: em seguida, depois, assim sendo, desse modo etc. Figurativo – tipo de discurso baseado em termos concretos, em oposição ao discurso temático (baseado em termos abstratos). Esta oposição encontra-se em Fiorin & Savioli (2003: 89). Predicado estativo – predicado que não expressa dinamicidade, movimento. Sintagma – o sintagma é um grupo de elementos que formam uma unidade numa organização hierarquizada. Na sintaxe de uma oração, as palavras podem se organizar em unidades menores, mas esta organização não é aleatória. Ex.: em “Maria viu uma flor”, intuitivamente dividimos a frase em [Maria] e [viu uma flor]. O primeiro elemento é um sintagma nominal (cujo núcleo é um nome) com função de sujeito; o segundo é um sintagma verbal (o verbo é o núcleo). No interior deste sintagma verbal encontramos um outro sintagma nominal - [uma flor] - com função de objeto direto. Temático – discurso baseado em termos abstratos. Enquanto o discurso figurativo representa seres e acontecimentos do mundo, o temático apresenta idéias que explicam, classificam e interpretam aspectos do mundo. O discurso figurativo é mais concreto e o temático é mais conceitual. Gabarito Unidade I 1a- (F) b- (F) c- (V) Unidade II 1a- (V) b- (V) c- (F) d- (F) Unidade III 1a- Descritivo b- Dissertativo/ argumentativo c- Dissertativo/ argumentativo d- Dissertativo/ argumentativo e- Narrativo 2- No texto argumentativo, o autor pretende defender um ponto de vista, persuadir, convencer o leitor ou ouvinte. O texto dissertativo tem a simples intenção de informar. Unidade IV 1- Resposta pessoal. Exemplo de uma resposta possível: A última LDB determinou que o ano letivo deve ter 200 dias. 2- Resposta possível de esquema que resume a Unidade I: Linguagem - Linguagem não-verbal: pinturas, esculturas, comunicação entre animais. - Linguagem verbal: capacidade específica à espécie humana • Oral = natural a todos os seres humanos • Escrita = presente nas sociedades letradas 3- Resposta pessoal. Exemplo de uma análise possível: A escola deve trabalhar com a diversidade de gêneros discursivos porque seu papel é preparar o aluno para o exercício de sua cidadania e para a vida em sociedade. No decorrer de sua vida escolar e também fora da escola, o educando vai se deparar com a tarefa de interpretar ou produzir textos de diversos gêneros (cartum, quadrinhos, poesia, entrevista formal, conversa informal, prosa literária, trabalhos acadêmicos, documentos empresariais etc.). Nesta tarefa, está incluída a necessidade de se adequar a fala ou escrita às diversas situações comunicativas, menos ou mais formais. Em suma, o ensino de Língua Portuguesa deve ampliar a competência comunicativa do educando e, já que é através de textos que nos comunicamos, a diversidade de gêneros textuais deve ser contemplada pela escola, em práticas de interpretação, análise e produção. Unidade V 1- O autor mostra sua indignação, enquanto cientista, em relação às crendices populares, ou seja, a ingenuidade 25 de quem acredita em tratamentos não-científicos e/ou ‘milagrosos’. 26 2- Texto dissertativo/ argumentativo. 3- O uso desta palavra antecipa que o autor tomará uma posição a favor da racionalidade; também sugere, de certa forma, que há uma maioria que se afasta dela. 4- Introdução: primeiro parágrafo. Desenvolvimento: segundo, terceiro e quarto parágrafos. Conclusão: último parágrafo. 5- Enfim. Em suma, finalmente, concluindo etc. 6- Sim. O autor volta a falar do mundo atual, em que a injustiça, violência e falta de perspectivas aumentam o desencanto da população e a torna vulnerável à ação dos enganadores. Referências Bibliográficas ABREU, Antônio Suarez. Curso de redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2004. BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 20. ed. São Paulo: Ática, 2000. DUBOIS, Jean et alii. Dicionário de lingüística. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1993. FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 9. ed. São Paulo: Ática, 2001. FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 16. ed. São Paulo: Ática, 2002. ______. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003. GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever aprendendo a pensar. 15. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1992. KOCH, Ingedore V. O texto e a construção dos sentidos. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2002. SOARES, Magda Becker & CAMPOS, Edson Nascimento. Técnica de redação. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2004. UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO. Língua Portuguesa I. Rio de Janeiro: UCB, 2006. 27 VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PRÁTICA ORAL E ESCRITA DE LÍNGUA PORTUGUESA II Rio de Janeiro / 2007 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO Orientações para o Auto-Estudo O presente instrucional está dividido em duas unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam atingidos com êxito. Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades complementares. A Unidade 1 corresponde ao conteúdo que será avaliado em A1. Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das duas unidades. Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todos os conteúdos das Unidades Programáticas. A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso. Bons Estudos! SUMÁRIO Quadro-síntese do conteúdo programático ................................................................................................. 33 UNIDADE I FONOLOGIA 1.1 – Os fonemas do português brasileiro ................................................................................................... 35 1.2 – Alfabeto fonético internacional .......................................................................................................... 36 UNIDADE II A RELAÇÃO ENTRE FONOLOGIA E ORTOGRAFIA 2.1 – Dificuldades de escrita de origem fonológica .................................................................................... 38 2.2 – Neologismos fonéticos ....................................................................................................................... 39 Glossário ..................................................................................................................................................... 42 Gabarito....................................................................................................................................................... 43 Referências bibliográficas ........................................................................................................................... 44 Quadro-síntese do conteúdo programático UNIDADES DO PROGRAMA I – FONOLOGIA 1.1 - Os fonemas do português brasileiro 1.2- Alfabeto fonético internacional II – A RELAÇÃO ENTRE FONOLOGIA E ORTOGRAFIA 2.1 - Dificuldades de escrita de origem fonológica 2.2 - Neologismos fonéticos 33 OBJETIVOS • Reforçar a idéia de que não há relação de um-paraum entre letra e som da fala; • Revisar conceitos vistos no instrucional Fonética e Fonologia através do estudo de alguns aspectos fonéticos e fonológicos do português brasileiro. • Observar e pôr em prática algumas dicas de ortografia; • Identificar neologismos fonéticos. 34 UNIDADE I 35 FONOLOGIA 1.1 - Os Fonemas do Português Brasileiro Aproveitaremos esta unidade para estudar alguns aspectos fonéticos e fonológicos do português brasileiro. No instrucional Fonética e Fonologia, você estudou as vogais orais e nasais. Viu que a nasalidade é somente fonética quando a sílaba seguinte começa com uma consoante nasal (/n/, /m/ ou /ñ/). Por exemplo: cama, cana, banha. A vogal da primeira sílaba pode ser pronunciada como [a] ou [ã] (ou outras pronúncias). Esta diferença não é opositiva, logo, constitui uma alofonia (variação). A presença da nasalidade nos exemplos acima se dá por assimilação fonética: a vogal se nasaliza por influência do ambiente fonético em que se insere, qual seja, a vogal é pronunciada antes de uma sílaba que começa com consoante nasal. Como não pronunciamos sílaba por sílaba, mas enunciados inteiros, a vogal se “contamina” com a nasalidade da sílaba seguinte. A nasalidade é (não somente fonética como também) fonológica quando há oposição de sentido no contraste ‘presença’ versus ‘ausência’ de pronúncia nasalizada: • mata – manta; meta – menta; mito – minto; • boba – bomba; nuca – nunca. Portanto, vemos que a escrita comum procura ser fonológica pelo menos no que diz respeito à nasalidade. Quando a nasalidade da vogal é só fonética, a vogal escrita não ganha nenhum sinal; se é fonológica, a grafia se faz com til (anã, lã) ou com a letra N ou M (mANta, bOMba, nUNca). Para que você classifique uma vogal como nasal (nasalidade fonológica), não precisa encontrar necessariamente um par mínimo como ‘lá - lã’ ou ‘mito - minto’, basta perceber: - se a nasalidade da vogal não está atrelada à sílaba seguinte, a grafia comum representa a nasalidade com o til ou um M ou N na mesma sílaba. A nasalidade, neste caso, é fonológica; - se o N ou M da grafia comum estão na sílaba seguinte, a nasalidade da vogal é só fonética, isto é, decorrente de assimilação. Continuando o estudo de aspectos fonéticos e fonológicos do português brasileiro, passemos para a análise do arquifonema /S/, que pode ter várias realizações fonéticas. Uma palavra transcrita fonologicamente como /´paSta/ pode ter a pronúncia do arquifonema concretizada como [s] ou [š]. Em Minas Gerais e no Espírito Santo, os falantes produzem o som da consoante fricativa alveolar surda [s], enquanto os cariocas fazem uma pronúncia palatal. No entanto, o arquifonema /S/ também pode ser relacionado ao fenômeno da assimilação. Se a sílaba seguinte começa com uma consoante sonora, a realização fonética do arquifonema será também a de uma consoante sonora. Note: /´veSgo/ - A consoante /g/ é sonora. O arquifonema /S/ se concretiza foneticamente: - como [ž], consoante fricativa palatal sonora, na fala carioca; - como [z], consoante fricativa alveolar sonora, nas falas de MG e do ES. A assimilação acontece deste jeito: o /S/ se torna concretamente sonoro quando está diante de uma consoante sonora. Este tipo de assimilação se chama sonorização. É por isso que podemos dizer que, na fala carioca, a letra s em palavras como asno, vesgo representa o mesmo som representado por j de janela: a fricativa palatal sonora. Você já pensou nisso? No dialeto carioca a letra s pode, em algumas palavras, representar o som representado por j. Faça o teste, pronunciando (se você não é carioca, tente imitar o sotaque)! Você já sabe, então, reconhecer quando ocorre a sonorização: quando o arquifonema /S/, sempre localizado em final de sílaba, encontra uma sílaba seguinte começada por consoante sonora (/b/, /d/, /g/, /n/, /m/). Ou seja, a pronúncia do /S/ se “contamina” com a sonoridade da sílaba seguinte. Veja os exemplos: Regra fonológica de assimilação: o fonema /S/ se sonoriza diante de consoante sonora: Esbarra: [z] ou [ž] => Há sonorização porque [b] é consoante sonora. Espana: [s] ou [š] => Não há sonorização porque [p] é consoante surda. 36 1.2 – Alfabeto Fonético Internacional Viu-se em Fonética e Fonologia que tanto o alfabeto da Associação Internacional de Fonética (IPA) quanto o de Pike são bastante divulgados e conhecidos. No exercício referentes a esta seção 1.2 (exercícios 3 e 4), você vai trabalhar com os símbolos da IPA. Para isso, reproduziremos aqui o quadro de consoantes com os símbolos de Pike e os equivalentes da IPA entre parênteses. QUADRO FONÉTICO DE CONSOANTES (símbolos do alfabeto da IPA entre parênteses) No que diz respeito às vogais a única divergência de símbolos é a seguinte: Pike [t] = IPA [I]. Esta vogal é típica de sílabas átonas finais, como em fale e pele . Exercícios de Fixação 1- Analise o tipo de nasalidade das vogais localizadas nas primeiras sílabas de cada palavra faça a correspondência: (A) Nasalidade fonética (B) Nasalidade fonológica a- ramo ( ) b- ponte ( ) c- uma ( ) d- rema ( ) e- planta ( ) f- sonho ( ) 2- Levando-se em conta a pronúncia palatalizada do carioca, escreva entre os colchetes: [š] consoante fricativa palatal surda, se NÃO ocorre o fenômeno da sonorização. [ž] consoante fricativa palatal sonora, se ocorre a sonorização. a- asma [ ] b- escola [ ] c- vestido [ ] d- esperto [ ] e- esgoto [ ] f- pista [ ] 3- Transcreva os símbolos fonéticos dos sons contrastados nos pares mínimos. Use os símbolos da IPA: a- fala e falha = [ ] e [ ] b- acha e assa = [ ] e [ ] c- chato e jato = [ ] e [ ] d- carreta e careta = [ ] e [ ] e- mana e manha = [ ] e [ ] 4- Tomando por base a fala carioca, transcreva com símbolos fonéticos da IPA o primeiro som de cada palavra: a- tijolo = [ ] b- ditado = [ ] c- gelado = [ ] d- chama = [ ] 37 38 UNIDADE II A RELAÇÃO ENTRE FONOLOGIA E ORTOGRAFIA 2.1 - Dificuldades de Escrita de Origem Fonológica A escrita da nossa língua é mais ou menos fonológica. Por exemplo, para a palavra tia há algumas realizações fonéticas possíveis, como o som [t] ou [tš] para o primeiro segmento pronunciado; mas, fonologicamente, temos /t/. Logo, a transcrição fonológica, neste caso, coincide com a escrita comum. No entanto, as coincidências são exceções. Sabemos que nossa escrita comum não é cem por cento fonológica, muito menos fonética. Por exemplo, o som [z] é representado ora por x (exército), ora por s (quesito), ora por z (azeite). A falta de correspondência entre letra e som faz com que surjam dúvidas de ortografia. Mas o cidadão brasileiro não pode afirmar que sua língua seria difícil devido a este fato. Não há uma escrita natural que seja totalmente fonológica ou fonética. Diferenças entre sons e letras são comuns em todos os idiomas com escrita “aproximadamente” fonológica: inglês, espanhol, francês etc. Na tentativa de amenizar alguns problemas de ortografia, listaremos dicas que buscam a sistematização de algumas ocorrências para que não se memorize a grafia de palavra por palavra. Uso do S - Nos sufixos -oso e -osa: horroroso, formosa. - Nos sufixos -esa, -isa e -ês, indicadores de título de nobreza, origem ou profissão: francês, francesa, duquesa, profetisa, princesa. - Nas formas do verbo PÔR e do verbo QUERER: quis, quiser, quisesse, pus, puser, pusesse. - Verbos com grafia ND originam substantivos e adjetivos com NS: ascender = ascensão, ascensorista expandir = expansão, expansiva pretender = pretensão, pretensioso suspender = suspensão, suspensório Uso do Z - Nos sufixos -ez e -eza, formadores de substantivos abstratos a partir de adjetivos: insensato = insensatez magro = magreza grande = grandeza - No sufixo -izar, formador de verbo: canal = canalizar hospital = hospitalizar OBSERVAÇÃO: nas palavras abaixo não temos Z porque não temos o sufixo –izar; repare: análiSe = analiSar pesquiSa = pesquisar paraliSia = paralisação, paralisar liso = alisar Uso do G ou J - Com G: palavras terminadas em GIO: pedágio, colégio, relógio, subterfúgio etc. - VIAGEM e VIAJEM: o substantivo é a viagem; viajem é conjugação do verbo viajar: Desejo que eles viajem bem./ Viajem amanhã mesmo para São Paulo. Uso de X - Palavras de origem indígena e africana: xavante, xangô, xará; - Empréstimos aportuguesados do inglês (sh por x): xerife, xampu. - Depois de ditongo: ameixa, caixa, feixe, faixa, eixo. - Depois de EN: enxoval, enxada, enxame, enxaqueca. EXCEÇÃO: encher e encharcar e seus derivados: enchente, encharcado. Uso de I ou E - Uso de I: verbos terminados em -UIR, -AIR e -OER conjugados no presente do indicativo: possuir = possui cair = cai moer = mói - Uso de E: verbos terminados em -OAR e -UAR conjugados no presente do subjuntivo: abençoar = abençoe efetuar = efetue Dúvidas comuns: com I = prIvilégio; com E = antEontem. Uso do SS Uso do C/ Ç Em substantivos e adjetivos derivados de verbos grafados com CED, GRED, PRIM, TIR e MET: ceder = cessão exceder = excessivo agredir = agressão imprimir =impressão admitir = admissão submeter =submissão conceder = concessão - Correlação T = C ou Ç aTo = ação MarTe = marciano isenTo = isenção redenTor = redenção - Correlação -TER e -TENÇÃO abster = abstenção reter = retenção ater = atenção etc. 2.2 - Neologismos Fonéticos Para que você estude os neologismos fonéticos, é necessário que saiba o que significa “neologismo”. A palavra tem radicais gregos e significa “nova palavra”. Como as línguas vivas estão em constante mudança, é natural que algumas palavras e estruturas gramaticais caiam em desuso e novas palavras e estruturas surjam. São os próprios falantes de uma comunidade lingüística que criam novas palavras. Quando elas passam a ser reconhecidas e usadas pela comunidade como um todo, passam a fazer parte do vocabulário da língua. A maioria dos neologismos se dá por meio de processos morfológicos, como a ‘derivação’. Exemplo: formação de novas palavras através dos sufixos {inho} e {-ão}: quentinha (tipo de embalagem para comida), patricinha, mauricinho, ricardão, frescão (tipo de ônibus). Na área da fonética, nosso assunto, os neologismos são criados basicamente através de onomatopéias. A onomatopéia é uma tentativa de reprodução de um ruído, barulho ou voz animal. Ex. miau; tique-taque. É um recurso muito utilizado em histórias em quadrinhos para identificar lutas, queda de objetos etc.: soc, pou, crash. Alves (2002), coletando dados sobre neologismos em jornais e revistas informativas, encontrou a ocorrência de tchurma na revista Manchete (março de 1988), que seria uma forma variante de se falar turma. A ocorrência se deu em um contexto de língua escrita informal (coluna social), por isso foi possível que o jornalista escrevesse imitando a pronúncia jocosa que alguns dão à palavra. Na criação de apelidos carinhosos usados no contexto familiar (estes nomes são conhecidos como hipocorísticos), notam-se alguns fenômenos fonéticos, como o apagamento de algumas sílabas (causando a redução da palavra: braquissemia) ou a repetição de sílabas: Elisabete = Bete Luciana = Lu, Lulu Eduardo = Edu Ester = Teté etc. Exercícios de Fixação 1- Complete o enunciado com as palavras entre parênteses: Para que todos ________________ confortavelmente, vamos alugar um ônibus maior na ocasião da próxima ___________________. (viagem – viajem) 2- Escreva substantivos terminados em ção, são ou ssão: a- interceder = b- regredir = c- transmitir = d- conter = e- pretender = 39 40 3- Complete as lacunas com a forma correta do verbo entre parênteses: a- Cada um ______________ como quer. (contribuir – presente/ indicativo) b- É bom que você se ______________ ao trabalho. (habituar – presente/ subjuntivo) c- Esperamos que o barulho se _________________. (atenuar – presente / subjuntivo) d- Exige-se dele uma competência que não ____________. (possuir – presente/ indicativo) 41 Se você: 1) 2) 3) 4) concluiu o estudo deste guia; participou dos encontros; fez contato com seu tutor; realizou as atividades previstas; Então, você está preparado para as avaliações. Parabéns! 42 Glossário Braquissemia – formação de uma nova palavra através da redução da palavra original. Hipocorístico – palavra criada por afetividade através da alteração do prenome (Jô, Dudu) ou criada no universo infantil através de alterações na palavra original, geralmente por reduplicação de sílabas (titia, mamãe, vovô). IPA – a sigla, em inglês, se refere ao Alfabeto Fonético Internacional (International Phonetic Alphabet); mas pode se referir também Associação Fonética Internacional (International Phonetic Association). Gabarito Unidade I 1a- ramo (A) b- ponte (B) c- uma (A) d- rema (A) e- planta (B) f- sonho (A) 2a- asma [ž] b- escola [š] c- vestido [š] d- esperto [š] e- esgoto [ž] f- pista [š] 3a- [l ] e [λ] b- [∫ ] e [s] c- [∫] e [З] d- [x] e [τ] e- [n] e [η] 4a- tijolo = [t∫] b- ditado = [dЗ] c- gelado = [З] d- chama = [∫] Unidade II 1- viajem – viagem 2a- interceder = intercessão b- regredir = regressão c- transmitir = transmissão d- conter = contenção e- pretender = pretensão 3a- contribui b- habitue c- atenue d- possui 43 44 Referências Bibliográficas ALVES, Ieda Maria. Neologismo. Criação lexical. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002. CALLOU, Dinah & LEITE, Yonne. Iniciação à fonética e à fonologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. CÂMARA JR., J. Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. DUBOIS, Jean. Bases da análise lingüística. Coimbra: Almedina, 1976. _______ et alii. Dicionário de lingüística. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1993. LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 34.ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997. LOPES, Edward. Fundamentos da lingüística contemporânea. 19. ed. São Paulo: Cultrix, 2000. MATEUS, Maria Helena Mira. Aspectos da fonologia portuguesa. Lisboa: Instituto de Alta Cultura, 1975. SILVA, Thaís Cristófaro. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 1999. SOARES, Maria Aparecida Botelho. Iniciação à fonética. Cadernos Didáticos - UFRJ, Nº 1. UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO. Fonética e Fonologia. Rio de Janeiro: UCB, 2007. VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PRÁTICA ORAL E ESCRITA DE LÍNGUA PORTUGUESA III Rio de Janeiro / 2007 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO Orientações para o Auto-Estudo O presente instrucional está dividido em quatro unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam atingidos com êxito. Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades complementares. As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1. Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das quatro unidades. Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todos os conteúdos das Unidades Programáticas. A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso. Bons Estudos! SUMÁRIO Quadro-síntese do conteúdo programático ................................................................................................. 49 UNIDADE I ESTRUTURA DO VOCÁBULO 1.1 – Elementos constituintes dos vocábulos.............................................................................................. 52 1.2 – Flexão nominal e verbal ..................................................................................................................... 52 UNIDADE II PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 2.1 – Derivação: produtividade de prefixos e sufixos ................................................................................. 54 2.2 – Composição e outros processos ......................................................................................................... 54 UNIDADE III CLASSES DE PALAVRAS 3.1 – Delimitação e critérios ....................................................................................................................... 56 UNIDADE IV OS ASPECTOS MORFOLÓGICOS E O DICIONÁRIO 4.1 – A utilização do dicionário para consultas........................................................................................... 57 4.2 – O dicionário como ferramenta de ensino de morfologia ................................................................... 57 Glossário ..................................................................................................................................................... 59 Gabarito....................................................................................................................................................... 60 Referências bibliográficas ........................................................................................................................... 62 Quadro-síntese do conteúdo programático UNIDADES DO PROGRAMA 49 OBJETIVOS I – ESTRUTURA DO VOCÁBULO 1.1 – Elementos constituintes dos vocábulos 1.2 – Flexão nominal e verbal • Identificar e nomear elementos que constituem o vocábulo. II – PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 2.1 – Derivação: produtividade de prefixos e sufixos 2.2 – Composição e outros processos • Compreender o uso da língua enquanto atividacriativa, através da análise de alguns processos de formação vocabular. III – CLASSES DE PALAVRAS 3.1 – Delimitação e critérios • Verificar outros critérios, além do semântico, na delimitação de classes de palavras. IV – OS ASPECTOS MORFOLÓGICOS E O DICIONÁRIO 4.1 – A utilização do dicionário para consultas 4.2 – O dicionário como ferramenta de ensino de morfologia • Compreender que a utilidade do dicionário vai além da simples busca de significados. UNIDADE I 51 ESTRUTURA DO VOCÁBULO Começaremos este capítulo denominado estrutura do vocábulo com a própria definição de vocábulo. Você saberia explicar o que é palavra ou vocábulo? A partir de que critérios você elaboraria sua definição? Na língua escrita, definimos vocábulo como “conjunto de letras que fica entre dois espaços em branco”. Mas esta definição gera, no mínimo, dois problemas: 1)Nem sempre se dá na escrita a definição acima: guarda-roupa = 1 vocábulo fala-se = 2 vocábulos 2)Já que a essência das línguas é a oralidade (nem todas as línguas apresentam sistema de escrita), como definir “vocábulo” de modo a abranger as modalidades falada e escrita? Na fala, não fazemos pausa a cada espaço em branco correspondente à escrita; fazemos pausa a cada grupo de força: campo aberto, livro excelente, grande homem. Um estudioso da língua portuguesa se propôs definir vocábulo e adaptar a definição à realidade da língua portuguesa: Mattoso Câmara Jr. Para tentar definir vocábulo, Câmara Jr. (1997 e 1998) mostra que o critério formal é o que caracteriza um vocábulo; logo vocábulo = vocábulo formal. Mas o que seria um vocábulo formal? O termo formal se opõe a quê? A essência das línguas é a oralidade, não a escrita, mas, por mais que pareça contraditório, a pronúncia dos enunciados não nos ajuda a definir onde começa e termina um vocábulo. Logo o vocábulo fonológico (= relacionado à pronúncia) não seria um critério bom para se definir vocábulo. Câmara Jr. defende que o conceito de vocábulo deve ser formal (ou mórfico). Que diferença há então entre vocábulo formal (ou mórfico) e vocábulo fonológico? Vejamos: O vocábulo fonológico é um conjunto de sílabas dominadas por um acento (tônico): Almoçar = um vocábulo fonológico. De manhã = um vocábulo fonológico, pois a preposição de é átona. O autor mostra que o conceito de vocábulo não pode estar atrelado somente a critérios fonológicos, sempre há um vocábulo formal para cada fonológico: na expressão de manhã, temos dois vocábulos formais e um fonológico. Veja outros exemplos: O campo aberto => 2 vocábulos fonológicos; 3 formais Divirta-se => 1 vocábulo fonológico; 2 formais Guarda-roupa => 2 vocábulos fonológicos; 1 formal Vemos nos exemplos acima que as palavras átonas são subordinadas ao vocábulo seguinte ou anterior. Outro argumento contra o critério fonológico é o fato de que nem sempre há limite de pronúncia entre o fim de uma palavra e o início da outra (ligação): paz amiga /pazamiga/ rosa amada /rozamada/ casa ideal /kazideaw/ cons.+vogal formam sílaba crase (a+a = a) elisão (a+i = i) Que solução o autor encontra, então? Câmara Jr. (1997 e 1998) lança mão de conceitos estabelecidos pelo americano Leonard Bloomfield: FORMA LIVRE – “seqüência que pode funcionar isoladamente como comunicação suficiente”. Formas livres são vocábulos. Ex. Luz, feliz, infeliz, imprevisível. FORMA PRESA – “só funciona ligada a outra”. Formas presas NÃO são vocábulos. Ex. ‘infeliz’ = in+ feliz (= presa + livre); gat- + -a (‘gata’ = radical + flexão de feminino – ambas formas presas); im-, -pre-, -vis-, -ivel (prefixo, prefixo, radical, sufixo – todas formas presas). Logo, somente as formas livres seriam vocábulos. As formas presas não são vocábulos formais, são apenas parte de um vocábulo. No entanto, o conceito de forma livre não é suficiente para se definir vocábulo em português; então, Câmara Jr. acrescenta às contribuições de Bloomfield o seguinte conceito: FORMA DEPENDENTE. • não é livre porque não funciona isoladamente como comunicação suficiente; • não é presa porque entre ela e uma forma livre podem aparecer outras formas livres: o livro; o grande 52 além disso, algumas formas dependentes têm lugar variável: Divirta-se!, Se divirta!. Desse modo, Câmara Jr. consegue incluir na definição de vocábulo elementos como artigos, preposições e pronomes átonos. A estrutura de um vocábulo pode conter formas livres e presas. Em feliz, temos uma forma livre indecomponível. Em infeliz, uma forma presa ({in-}) e a forma livre {feliz}. Em gata, {gat-} e {-a} são formas presas. A próxima seção será dedicada ao estudo destes elementos que formam o vocábulo. Resumindo, o que são vocábulos formais? São as formas livres e as formas dependentes. 1.1- Elementos Constituintes dos Vocábulos O vocábulo é constituído de morfemas. Em gata há dois morfemas; em feliz só há um. Qual seria, então, o conceito de morfema? Na tradição do estruturalismo americano, corrente que se dedicou bastante ao estudo da morfologia, o morfema é entendido como a unidade mínima significativa. Isto quer dizer que o vocábulo tem uma forma e um significado, mas há formas significativas menores que o próprio vocábulo: os morfemas. Por exemplo, em amávamos temos quatro morfemas: AMÁVAMOS = {am-} {-a-} {-va-} {-mos} = {am-} = radical, com valor nocional, que poderia ser: “sentir carinho, apreço por algo ou alguém”. {-a-} = morfema com valor gramatical de vogal temática, que indica a que categoria o verbo pertence, neste caso, verbo de primeira conjugação. {-va-} = morfema com valor gramatical que indica o tempo e o modo verbais, neste caso, o pretérito imperfeito do modo indicativo. {-mos} = morfema com valor gramatical que indica a pessoa verbal e o número verbal, neste caso, primeira pessoa do plural. Daí, Bloomfield dizer que o morfema é uma forma recorrente (que se repete na língua) portadora de significado, forma esta que não pode ser analisada em formas significativas menores (Bloomfield, 1993 apud Rosa, 2000). Radical ou morfema lexical: situa-se no léxico; possui valor nocional: pode ser definido com base em nosso conhecimento de mundo. Exemplos: - Em amávamos, o radical é {am-}, que significa algo como “sentir carinho, apreço por algo ou alguém”; - Em gata, o radical é {gat-}, que significa algo como “mamífero da classe dos felinos”. Morfema gramatical: situa-se na gramática; designa classes, categorias e relações. Exemplos: - Em ‘cantar’, {-a-} é vogal temática; {-r} é desinência que indica o infinitivo verbal. A vogal temática tem uma função classificatória: indica a conjugação do verbo: Em ‘cantar’ a vogal temática é {-a-}, que indica a primeira conjugação ‘beber’ – {-e-} – segunda conjugação ‘pedir’ – {-i-} – terceira conjugação - Acima vimos que, em amávamos, o morfema {-va-} é gramatical e indica o tempo e modo, o verbo. Os significados de singular e plural nos nomes, de tempo, modo, pessoa e número nos verbos são expressos por um tipo específico de morfemas gramaticais: as flexões. Isto significa que nomes e verbos possuem morfemas flexionais. Este será o assunto da próxima seção. Os morfemas podem ser lexicais ou gramaticais: 1.2 - Flexão Nominal e Verbal Flexão Nominal As flexões nominais, como o próprio nome indica, são morfemas gramaticais pertencentes ao nome. Indicam gênero e número. o gênero, mesmo porque existem palavras masculinas com vogal temática a: o cometa, o planeta, o mapa. Nós sabemos o gênero de uma palavra através dos determinantes que a acompanham: esse planeta, esta mesa, aquela mala, a casa etc. Gênero A categoria de gênero diz respeito à oposição masculino/feminino. No entanto, nem todas as palavras têm flexão. Por exemplo, o a final de casa, mala, mesa, coisa, é uma vogal temática. Não é o a final que indica Resumindo, os nomes possuem a categoria de gênero, mas nem sempre possuem flexão de gênero. O {-a} final em ‘planeta’ e o {-o} em ‘livro’ são, portanto, vogais temáticas. Quando o morfema {-a} final encontra uma contraparte masculina, é tratado como uma desinência de feminino: menino – menina; moço – moça; garoto – garota Número O mecanismo flexional de número em português se resume à oposição singular/ plural. O plural é marcado pelo morfema {-s}, ou sua variante {-es}: casa – casas; lar – lares. Como a marca de singular não se manifesta foneticamente, dizemos que é um morfema-zero. Segundo Silva & Koch (2005), também existe plural através de morfema latente: casos em que a oposição singular/plural só é recuperada através do contexto: o tórax – os tórax; meu lápis – meus lápis; reposta simples – repostas simples. Note-se também que certas palavras só existem no plural: férias, núpcias, óculos etc. Flexão Verbal As categorias de modo/tempo e número/pessoa são expressas morfologicamente através das desinências flexionais (desinências de modo/tempo = DMT; e desinências de número/pessoa = DNP), que se unem ao tema do verbo. Para recordar: o tema é composto pelo radical (= morfema lexical) mais a vogal temática (VT) do verbo. Logo, em cantaríamos, temos: cant – a – ría – mos = [morfema lexical + VT] + DMT + DNP tema flexões Quanto às noções de número/ pessoa, as desinências expressam: Pessoa: primeira [falante] Número: singular plural segunda [ouvinte] terceira [assunto] Exercícios de Fixação 1- Coloque o número correspondente à quantidade de vocábulos: 2- Marque a opção em que existe a oposição singular/plural através da oposição morfema-zero/ desinência de plural: ( ) amores ( ) pires ( ) férias ( ) bônus 3- Marque a opção em que existe morfema latente para a oposição singular/plural: ( ) manada ( ) óculos ( ) ônibus 4- Classifique os morfemas gramaticais sublinhados: a- jogaríamos = b- jogávamos = c- jogaríamos= d- menina = e- meninas = f- caderno = ( ) garotas 53 54 UNIDADE II PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS 2.1 - Derivação: Produtividade de Prefixos e Sufixos Na seção 2.1 do instrucional de Morfossintaxe I, você encontra a definição de derivação e alguns exemplos: palavra derivada é aquela criada a partir de uma palavra já existente na língua, por exemplo: casebre (a palavra primitiva seria casa); dentista (palavra primitiva: dente). A derivação se dá através da utilização de afixos (prefixos ou sufixos): {-dor} (agente) (formador de substantivos a partir de verbos) ganhar + dor = ganhador SUBST. SUFIXO SUBST. DERIVAÇÃO NOMINAL: formação de nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) por meio de morfemas derivacionais (prefixos e sufixos). Ex.: formação de substantivo a partir de uma base verbal: julgar + {-mento} = julgamento. DERIVAÇÃO: formação de palavras por meio de afixos agregados a um vocábulo básico. Afixos: - prefixos Ex.: fazer desfazer - sufixos Ex.: catar catador Alguns afixos acrescentam um significado à base, ex. infeliz (negação); budismo, capitalismo (doutrina, sistema). Na derivação PREFIXAL, os morfemas aditivos emprestam significações acessórias ao vocábulo básico: Ex.: {des-} (ação contrária, negação, afastamento) desfazer {i-} (negação) ilegal DERIVAÇÃO VERBAL: formação de verbos por meio de morfemas derivacionais (prefixos e sufixos). Ex.: {des-} + fazer = desfazer; escuro + {-ecer} = escurecer (neste último exemplo, um verbo é formado a partir de um adjetivo). A derivação SUFIXAL, por sua vez, além da função de acrescentar significados acessórios à base, pode servir para mudar a classe gramatical do vocábulo básico: Alguns significados de afixos derivacionais: desconectar, desfazer (negação, afastamento); refazer (repetição); legalizar (formação de verbo com aspecto causativo). Acréscimo de significado: {-eiro} (agente, ofício) pedra + eiro = pedreiro A título de reforço, pesquise no instrucional de Morfossintaxe I (seção 2.1) os demais tipos de derivação: regressiva, imprópria e parassintética. Estes três SUBST. SUFIXO SUBST. Acréscimo de significado + mudança de classe gramatical: 2.2 - Composição e Outros Processos COMPOSIÇÃO: Processo que cria um novo vocábulo pela combinação de outros já existentes. Os dois morfemas lexicais combinados se unem semanticamente, sendo que tal fusão semântica se dá em maior ou menor proporção. Por exemplo, em guarda-roupa, o significado de cada elemento pode ser retomado de certo modo: o verbo guardar e aquilo que é guardado, a roupa; já em pé-de-moleque o significado dos elementos dá lugar a outro, à designação do tipo de doce. Do ponto de vista fonético, a composição pode se dar por justaposição ou aglutinação: - Justaposição – os vocábulos são dispostos lado a lado, mantendo sua autonomia fonética: Ex.: passatempo, girassol, amor-perfeito, Porto Alegre; - Aglutinação – ocorre a perda ou alteração de algum elemento fonético: Ex.: aguardente, planalto. Segundo Monteiro (1987: 164), do ponto de vista gráfico, os componentes de um vocábulo composto podem estar ligados (aguardente, passatempo), hifenizados (vira-lata, franco-suíço) ou soltos (Nossa Senhora, Mato Grosso, Costa Rica, Vossa Senhoria). No instrucional de Morfossintaxe I, você encontra outros processos de formação de palavras além da derivação e composição, como sigla (ONU por Organização das Nações Unidas), abreviação (foto por fotografia) e hibridismo (sociologia = socio vem do latim e logia vem do grego), por exemplo. Aqui, apresentaremos um processo não abarcado por aquele instrucional: o cruzamento vocabular. fenômeno evidencia o aspecto criativo da linguagem e, nas palavras de Sandmann (1997: 60), em muitas situações, vem carregado de “jocosidade, ironia ou desapreço”. São exemplos citados pelo autor: CRUZAMENTO VOCABULAR: União de duas bases num só vocábulo com a perda fonética das duas bases ou de apenas uma: sapatênis = sapato + tênis (só sapato teve perda fonética); burrocracia = burocracia “burra” bringando = falando meio seriamente e meio rindo boilarina = bailarina de formas não apropriadas para seu ofício A criação de neologismos por cruzamento vocabular muitas vezes é efêmera e, outras, permanente. Esse Outros exemplos: bótimo, empresdado, lambaeróbica etc. Exercícios de Fixação 1- Faça a correspondência entre os exemplos de DERIVAÇÃO NOMINAL e suas classificações: A- Por prefixação B- Por sufixação: formação de substantivo a partir de verbo C- Por sufixação: formação de adjetivo a partir de verbo D- Por sufixação: formação de substantivo a partir de adjetivo E- Por sufixação: formação de adjetivo a partir de substantivo F- Por sufixação: formação de advérbio a partir de bases adjetiva G- Por sufixação: formação de substantivo a partir de outro substantivo ( ( ( ( ( ( ( ) amável (amar + {-vel}) ) ilegal - anormal ) beleza (belo + {-eza}) - escuridão (escuro + {-idão}) ) barrigudo (barriga + {-udo}) - cheiroso (cheiro + {-oso}) ) tristemente - lentamente ) fixação (fixar + {-ção}) - lavagem (lavar + {-agem}) ) verdureiro – pedrada – arvoredo – budismo - capitalista 2- O mesmo sufixo pode ter vários significados, dependendo do contexto. Encontre os significados de {-ista} em cada grupo de palavras (as opções aparecem em seguida): a- dentista, artista: b- paulista, nortista: c- capitalista, budista, estruturalista: Opções: partidário de uma doutrina ou sistema / ocupação, profissão/ origem 3- Forme verbos de aspecto causativo com as seguintes bases adjetivas: a – ideal: ________________________ b – formal: ______________________ c – suave: _______________________ 4- Explique a formação dos neologismos sublinhados. a- A bela policial civil Monique Vidal, da delegacia de Copacabana, é conhecida como delegata. b- A Joana está há tanto tempo namorando o Jorge, que ele já virou namorido. 55 56 UNIDADE III CLASSES DE PALAVRAS 3.1- Delimitação e Critérios Tradicionalmente, as classes de palavras têm sido definidas pelo critério semântico (relativo ao significado). Por exemplo, o verbo seria a palavra que exprime ação ou estado. Mas esta definição não é delimitadora da classe, já que cavalgada exprime ação e é um substantivo, assim como felicidade exprime estado e é também um substantivo. Câmara Jr. (1998, capítulo IX) mostra que o critério sintático (ou funcional) e o morfológico (ou formal) devem também ser levados em conta na delimitação das classes. O que separaria substantivos de verbos, então, seria o critério morfológico: o substantivo possui flexão de plural e a categoria de gênero (esta se expressa ou não por meio de morfema); o verbo possui morfemas gramaticais de tempo e modo e também de número e pessoa. O critério funcional (sintático) ajudaria a separar substantivos de adjetivos. Os substantivos são termos nucleares dos grupos nominais: em menina bonita, o núcleo é menina, palavra modificada (determinada) pelo adjetivo bonita. Logo, adjetivos são termos determinantes e substantivos são termos determinados, nucleares. Assim, os adjetivos concordam morfologicamente (gênero e número) com o seu determinado (neste caso, feminino e singular). Exercícios de Fixação (título 3) 1 - De acordo com o critério funcional, os pronomes podem ser substantivos ou adjetivos. O pronome adjetivo é aquele usado como determinante (modificador) de um substantivo. O pronome substantivo é aquele que exerce a função que um substantivo exerceria: núcleo de um grupo nominal (núcleo de um sujeito, de um objeto etc.). Marque (A) para pronome adjetivo e (S) para pronome substantivo: a- Eu cheguei atrasado. ( ) b- Minha terra tem palmeiras. ( ) c- Esse é o amigo da tua irmã. ( ) d- Tua irmã viajou. ( ) e- Estive em outros lugares. ( ) 2- Também com ajuda do critério funcional classifique trabalhador e japonês nas frases: “Conheço um japonês trabalhador” e “Conheço um trabalhador japonês”. UNIDADE IV 57 OS ASPECTOS MORFOLÓGICOS E O DICIONÁRIO 4.1- A Utilização do Dicionário para Consultas Todos sabemos que o dicionário é um auxiliar na busca de significados para as palavras que desconhecemos. Mas há outras utilidades deste tipo de livro. a pronúncia da palavra estrangeira e o estrangeiro consulta a pronúncia da palavra pertencente a nosso idioma. No caso de um dicionário bilíngüe (português-inglês; português-espanhol etc.), podemos consultar a transcrição fonética, além de consultar o significado das palavras. Assim, o falante de português observa Em todo bom dicionário, ao lado de cada verbete, temos abreviaturas que indicam categorias gramaticais: adj. (adjetivo), adv. (advérbio), conj. (conjunção), s.m. (substantivo masculino), s.f. (substantivo feminino) etc. 4.2 – O Dicionário como Ferramenta de Ensino de Morfologia Como, então, um dicionário poderia ser útil em averiguações na área de morfologia? O aluno pode pesquisar a classe gramatical de dada palavra, como e (conjunção), prestando atenção aos casos em que uma palavra funciona como uma ou outra classe dependendo da distribuição na frase. Por exemplo, você encontra para a palavra eletricista as abreviaturas adj. e s.m. e f., cabe a você classificar a palavra no contexto onde a encontrou. Em um eletricista competente, temos um substantivo masculino; em um menino eletricista, temos um adjetivo. O dicionário nos ajuda a perceber algumas questões de categoria gramatical. Por exemplo, como a palavra férias (época de repouso do trabalhador) só existe no plural, temos a abreviatura s. f. pl. (substantivo feminino plural). Há palavras sobre as quais temos dúvidas quanto ao uso do masculino ou feminino. A consulta a um dicionário também aclararia esta dúvida. Exemplo: ênfase s.f. Exercício de Fixação 1- Pesquise num dicionário o gênero das seguintes palavras: a - dó (lástima, compaixão) b - cal c - diabetes, diabete 58 Se você: 1) 2) 3) 4) concluiu o estudo deste guia; participou dos encontros; fez contato com seu tutor; realizou as atividades previstas; Então, você está preparado para as avaliações. Parabéns! Glossário Aspecto (Aspectual) – categoria gramatical relativa a verbos (ao lado de tempo e modo) que marca a duração ou o tipo de atividade denotada. Exemplo: aspecto progressivo (estou estudando); aspecto durativo (não concluso) x concluso (imperfeito – nadava x perfeito – nadei); aspecto causativo (traumatizar). Crase – junção de duas vogais iguais (lado a lado) numa só pronúncia. Determinado – termo nuclear numa construção lingüística; termo subordinador; os elementos a ele subordinados são os determinantes. Exemplo: Em Meu livro, o núcleo/determinado é livro e o determinante é meu. Determinante – termo que acompanha o núcleo de uma construção, acrescentando-lhe um valor semântico. Artigos, pronomes, numerais e adjetivos podem funcionar como determinantes de um substantivo. Exemplos: o livro, este livro, dois livros, livro antigo etc. Elisão – supressão da pronúncia da vogal átona final de uma palavra quando a palavra seguinte começa por vogal. Ex.: cas(a) igual = [kaziguaw] Jocosidade – qualidade do que provoca graça, riso. Neologismos – palavras novas. Verbete – termo técnico aplicado a dicionários e enciclopédias; refere-se a cada vocábulo comentado e seu conjunto de significações. 59 60 Gabarito Unidade I 1. 2 - amores 3 - ônibus 4a - jogaríamos = desinência de modo e tempo (modo indicativo / futuro do pretérito) b - jogávamos = desinência de modo e tempo (modo indicativo / pretérito imperfeito) c - jogaríamos = desinência de número e pessoa (plural / primeira pessoa) d - menina = desinência de feminino e - meninas = desinência de plural f - caderno = vogal temática Unidade II 1(C) amável (amar + {-vel} (A) ilegal - anormal (D ) beleza (belo + {-eza}) escuridão (escuro + {-idão}) (E) barrigudo (barriga + {-udo}) cheiroso (cheiro + {-oso}) (F) tristemente - lentamente (B) fixação (fixar + {-ção}) lavagem (lavar + {-agem}) (G) verdureiro – pedrada – arvoredo – budismo - capitalista 2a - dentista, artista: ocupação, profissão. b - paulista, nortista: origem. c - capitalista, budista, estruturalista: partidário de uma doutrina ou sistema. 3a - ideal: idealizar b - formal: formalizar c - suave: suavizar 4a - delegata = delegada + gata (cruzamento vocabular) b - namorido = namorado + marido (cruzamento vocabular) Unidade III 1a - (S) b - (A) c - (S) d - (A) e - (A) 2Conheço um japonês trabalhador = japonês é núcleo do objeto direto, logo, é o substantivo; trabalhador é seu determinante, logo, adjetivo. Conheço um trabalhador japonês = trabalhador é o núcleo, portanto, o substantivo; japonês especifica que tipo de trabalhador o emissor conhece, logo, é o termo determinante, ou seja, o adjetivo. Unidade IV 1a - s. m., ou seja, o dó (gênero masculino) b - s. f., ou seja, a cal (feminino) c - s. m. e f., ou seja, o ou a diabetes (o ou a diabete). Dicionários de edições mais atualizadas registram as duas possibilidades; dicionários de edições mais antigas costumam registrar como palavra masculina. 61 62 Referências Bibliográficas ALVES, Ieda Maria. Neologismo. Criação lexical. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002. BASÍLIO, Margarida. Teoria lexical. 3. ed. São Paulo: Ática, 1991. CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Problemas de lingüística descritiva. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. ______. Estrutura da língua portuguesa. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. CAMPOS, Odette Altmann de Sousa. O gerúndio no português: estudo histórico descritivo. Rio de Janeiro: Presença, 1980. CUNHA, Celso. Gramática da língua portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro: FAE (Fundação de Assistência ao Estudante), 1985. FREITAS, Horácio Rolim. Princípios de morfologia. Rio de Janeiro: Presença, 1979. GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996. KEHDI, Valter. Formação de palavras em português. 3. ed. São Paulo: Ática, 2005. MONTEIRO, José Lemos. Morfologia portuguesa. 2. ed. Fortaleza: EDUFC, 1987. ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da língua portuguesa. 34. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997. ROSA, Maria Carlota. Introdução à Morfologia. S.P. Co ntexto, 2000. SANDMANN, Antônio. Morfologia lexical. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1997. SILVA, Maria Cecília P. & KOCH, Ingedore Villaça. Lingüística aplicada ao português: morfologia. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2005. SOUZA, Luiz Marques (org.) Morfologia e sintaxe para a graduação. Rio de Janeiro: Ed. dos autores, 1994. UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO. Morfossintaxe I. 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