trajetórias da polpa: técnicas em endodontia

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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
TRAJETÓRIAS DA POLPA: TÉCNICAS EM ENDODONTIA
BOENO, Mikely¹
[email protected]
KISSEL, Tatiana Euladia¹
[email protected]
KLEIN, Raquel Elena¹
[email protected]
ZORTEA, Leticia¹
[email protected]
ZORZI, Rafaela¹
[email protected]
BORGHETTI, Vanessa I.²
[email protected]
DELLANI, Marcos Paulo²
[email protected]
ANDRES, Decio Antonio Junior²
[email protected]
PIEROZAN, Morgana Karin²
[email protected]
RANGHETTI, Alvaro²
[email protected]
SILVA, Lisiane Borges²
[email protected]
¹ Discentes do Curso Odontologia, Nível 1 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
² Docentes do Curso Odontologia, Nível 1 2016/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
RESUMO: O responsável pelo sucesso do procedimento odontológico é o planejamento, e no caso da
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Endodontia, que trata a polpa dentária o sucesso é proveniente de uma combinação de planejamento e
execuções bem realizadas da prática clínica, começando pelo diagnóstico, a partir de uma análise detalhada e
exames complementares, sendo que é necessária uma boa saúde bucal antes e após o tratamento endodôntico,
podendo haver alterações patológicas da polpa dental que são as pulpopatias, possuindo características
clínicas e histológicas variadas. Em alguns casos, depara-se também com a necessidade de retratar uma
determinada peça dentária em função do fracasso e da falta da higiene instrumental realizada no tratamento
endodôntico anteriormente. Após o tratamento ser realizado é necessário que os instrumentos sejam
esterilizados e o paciente mantenha a assepsia dentária para que não possa haver futuros problemas. O
objetivo do trabalho foi descrever a morfologia, fisiologia e patologia da polpa dentária, seus tecidos
periapicais, doenças microbianas, fatores que causam a doença nessa região, e as técnicas necessárias para
realizar o seu tratamento. A coleta de dados foi realizada com quatro profissionais da cidade de Severiano de
Almeida-RS, tendo em média 10 anos de atuação na área, sendo também, através de entrevistas e pesquisa
bibliográfica. Além de mostrar a importância da estética bucal e também a importância da endodontia na
odontologia para uma boa saúde bucal, apresentando os diversos problemas causados pelo tratamento
endodôntico quando deixa de ser realizado ou se não for tratado previamente.
Palavras-chave: Endodontia, Polpa Dentária, Tratamento, Canal Radicular.
ABSTRACT: The responsibility for the success of the dental procedure is the planning, and in the case of
Endodontics, which deals with the tooth pulp success comes from a combination of planning and execution
and performed clinical practice, beginning with the diagnosis from a detailed analysis and complementary
tests, and good oral health is necessary before and after endodontic treatment, with possible pathological
changes in dental pulp are pulpopatias having clinical and histological features varied. In some cases, we are
faced with the need to retract a particular tooth part due to the failure and lack of hygiene instrument held in
the endodontic treatment previously. After the treatment is performed is necessary for the instruments to be
sterilized and the patient keep dental sterilization so that there can be no future problems. The aim of the
study was to describe the morphology, physiology and pathology of the dental pulp, its periapical tissues,
microbial diseases, factors that cause the disease in this region, and the techniques necessary to carry out
their treatment. Data collection was performed with four professionals from the city of Severiano de
Almeida-RS, averaging 10 years of experience in the field and is also, through interviews and literature. In
addition to showing the importance of oral aesthetics and also the importance of endodontics in dentistry for
good oral health, with the various problems caused by endodontic treatment when it ceases to be performed
or if not previously treated.
Keywords: Endodontics, Dental Pulp, Treatment, Root Canal.
1 INTRODUÇÃO
A saúde bucal representa diretamente a saúde geral. Os dentes, considerados
primordiais para o organismo, são de suma importância desde a mastigação até mesmo a fala
e estética. Muitas doenças sistêmicas podem derivar de infecções buco-dentárias, ou
manifestar-se na cavidade bucal, afetando outros órgãos do nosso organismo. Esta é a função
da Odontologia, para que todos os indivíduos possam dispor de saúde bucal qualificada.
Uma cavidade bucal sadia tem muito mais a ver com a saúde geral e com a
qualidade de vida do que se aprende na faculdade e ensina-se para a população.
Nessas condições, ela contribui em níveis muito básicos para proteger o organismo,
como um todo, contra a instalação de doenças infecciosas e outras condições que
podem levar, direta ou indiretamente, ao aparecimento de doenças sistêmicas graves
e, às vezes, fatais (WEINE, 2003, p. 20).
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Inicialmente as práticas odontológicas eram praticadas por barbeiros e Tiradentes, a
Carta Régia de Portugal, de 09 de novembro de 1629 foi à primeira legislação regularizando a
prática, onde era preciso obter licença para exercê-las, do contrário eram presos ou multados.
As extrações dentárias eram praticadas com técnicas primitivas, ocorrendo muitas mortes por
hemorragias e infecções, devido à falta de informações. A evolução tecnológica possibilitou
várias transformações, através de estudos aprofundados aumentando os mecanismos de
tratamento para solucionar esses e outros problemas (FERRARI, 2000).
A odontologia é a ciência que estuda a face, cavidade bucal e trata suas doenças. Tem
como objetivo preservar, promover, conservar e reestabelecer a saúde da boca e partes anexas
a ela. É um sistema complexo denominado sistema estomatognático, constituído por tecidos,
dentes, músculos, articulações, estruturas ósseas, glândulas e sistemas vasculares (GREGORI
& ANDRIOLO, 2006).
Essa ciência abrange diversas áreas de atuação, entre elas a periodontia, ortodontia,
buco-maxilo-facial, dentística, endodontia, entre outras. Segundo Torabinejad & Walton
(2010), a endodontia aborda a morfologia, fisiologia e patologias da polpa dentária e dos
tecidos periapicais. Trata a etiologia, isto é, fatores que causam doenças nessa região, sendo
geralmente o principal fator causal as cáries avançadas e todas as técnicas necessárias para o
tratamento.
De acordo com Torabinejad & Walton (2010), geralmente as pessoas procuram
atendimento endodôntico, pois sofrem incômodos por várias razões, como dores espontâneas
ou na mastigação, sensibilidade, tumefação e úlceras. O tratamento endodôntico é conhecido
por ser dolorido, porém, o dente só dói se não for tratado. A pulpite, que é a inflamação
pulpar mais comum é muito dolorida e essa dor só chega se o paciente deixar o dente com
cárie sem tratamento.
A radiografia por sua vez, é uma parte essencial do diagnóstico
endodôntico, pois surge permitindo a visualização dessas lesões do canal pulpar,
reconhecendo a doença através desses incômodos.
Tratar o dente, nesse caso, necessita de conhecimento amplo.
O tratamento endodôntico é reconhecidamente um tratamento cirúrgico, e por
diversas razões, um procedimento com características muito especiais. Por ser
realizada na cavidade pulpar, isto é, em um campo operatório com reduzidíssimas
dimensões, sem luminosidade, por consequência, com pouquíssima ou nenhuma
visibilidade... (SOARES & GOLDBERG, 2011, p.61).
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O profissional endodontista tem o dever de orientar o paciente quanto aos aspectos de
manutenção da higienização oral, de comparecimento assíduo às consultas marcadas e de
outros cuidados, buscando evitar a fratura do remanescente dentário, sobretudo durante a
mastigação (SILVA, 2010).
Desta forma, este trabalho visa descrever o tratamento endodôndico e buscar possíveis
prevenções das doenças pulpares, identificando as causas e relatando seus processos de
tratamento por meio de estudos da literatura específica e questionários elaborados a um
profissional da área da endodontia.
2 DESENVOLVIMENTO
Os profissionais da área de odontologia encontram vários problemas no seu dia a dia.
Na endodontia, o maior problema é a dificuldade em conseguir um correto diagnóstico das
alterações pulpares e periapicais. Esse profissional não tem uma visão clara das áreas
afetadas, dificultando o entendimento dos processos que ocorrem, desde o início da
inflamação, sua evolução e uma correlação com os sintomas clínicos (SOUZA, 2015).
Estrela (2013) afirma que conhecer a anatomia dentária interna é de real importância
para efetivar o processo de sanificação e modelagem do canal radicular.
O dente se origina como uma banda de células epiteliais, a lâmina dental, nos
maxilares do embrião. O crescimento para baixo dessa banda irá, no final, formar os
dentes. (...) os germes dentais. (...) se tornam invaginados (...) conforme os germes
dentários crescem em tamanho e a invaginação se aprofunda entram em estágio de
sino. O tecido dentro da invaginação transformar-se-á, finalmente, na polpa dental
(...). A polpa participa na iniciação e no desenvolvimento da dentina, quando esta
está formada, leva a formação do esmalte (TORABINEJAD & WALTON, 2010).
A cavidade pulpar pode ser dividida em duas porções. A primeira seria a câmera
pulpar, localizada na coroa dentária e a segunda seria o canal radicular, localizado na raiz do
dente. De acordo com Balogh & Fehrenbach (2012), a coroa normalmente é preenchida por
tecidos moles e é composta pelo esmalte, camada mais externa e extremamente dura do dente;
e pela dentina, camada mais interna e moderadamente dura, que envolve a polpa. A dentina
ainda envolve a raiz e sua camada mais externa é formada pelo cimento. O cimento
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assemelha-se ao osso e adere ao ligamento periodontal, o qual se insere no alvéolo ósseo e
mantém o dente na sua posição, conforme Figura 1.
Figura1- Anatomia dentária.
Fonte: ADAM, 2014.
A polpa do dente ocupa as cavidades internas do dente, ou seja, a câmara pulpar e o
canal radicular, sendo um tecido conjuntivo frouxo, constituído de células, matriz
extracelular, vasos sanguíneos e nervos. A célula mais característica do complexo
dentinopulpar é o ondontoblasto, organizadas em uma só camada na extremidade entre a
dentina e a polpa (LOPES & SIQUEIRA 2015).
O esmalte e a dentina possuem a função de proteger a polpa quando saudáveis, mas
quando a proteção é rompida alguns micro-organismos podem se aproximar dela, danificá-la e
ser fator causal de desconforto e doença. Para Torabinejad & Walton (2010), os nervos da
polpa respondem aos estímulos aplicados aos tecidos originários da dentina e do esmalte, esse
estímulo fisiológico pode apenas resultar na sensação de dor. A sensibilidade da polpa, por
meio da dentina e do esmalte, é rápida e aguda e é transmitida pelas fibras mielinizadas.
A polpa dentária, por meio da inflamação pulpar, tenta promover o bloqueio dos
diferentes agentes agressores - microbianos, físicos, químicos e outros – causando um
rompimento conhecido como alterações do complexo dentinopulpar. As patologias
inflamatórias da região periapical, resultam da invasão e colonização de micro-organismos
que de acordo com a sua especificidade, virulência e associação às respostas do hospedeiro,
caracterizam as diferentes patologias inflamatórias periapicais (ESTRELA, 2013).
Existem diversas formas das bactérias atingirem a polpa; o modo mais comum é por
meio da cárie dentária. Fejerskov & Kidd (2011) descrevem a cárie dentária como uma
destruição localizada, de acordo com Figura 2, mas também, pode ser relatada como uma
doença ou processo crônico. A doença afeta o esmalte, a dentina e o cimento, onde acontece a
desmineralização desses envolvidos, em ausência de tratamento a cárie progride até que o
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dente seja totalmente destruído, essa destruição é referida como uma lesão, sendo necessário
realizar um tratamento endodôntico.
Figura 2 - Evolução da Cárie até a formação de uma Lesão Periapical.
Fonte: MAGRIN, 2009.
Outras formas dos micro-organismos atingirem a polpa conforme Lopes & Siqueira
(2015) é por meio dos túbulos dentinários, que percorrem toda a expansão da dentina,
exposição pulpar, quando a polpa se torna exposta diretamente a micro-organismos e a doença
periodontal, quando bactérias que tem acesso à polpa por meio de forames laterais.
Soares (2011) explica como o tecido pulpar não consegue reagir a essas invasões.
Logo as partes da polpa começam a se desintegrar, sendo a necrose inevitável.
Aproximadamente três centenas de bactérias já foram encontradas nos canais radiculares,
ressaltando que a sobrevivência desses micro-organismos depende principalmente da
disponibilidade de nutrientes, temperatura, teor de oxigênio.
Entre as bactérias mais comuns isoladas nos canais radiculares com lesões periapicais,
encontra-se Eubacterium spp, característicos bacilos gram-positivos, não móveis. As duas
outras bactérias em seguidas encontradas mais frequentemente, são a Peptostreptococcus spp.
- cocos gram-positivos, não móveis e a Fusobacterium spp. - fusiformes gram-negativas, não
móveis (SOARES, 2011).
Outra bactéria de suma importância na Endodontia é a Enterococcus faecalis, capaz de
sobreviver como único organismo ou como principal micro-organismo da microbióta
(EVANS et al., 2002), sendo a principal motivadora do insucesso endodôntico (KOCH et al.,
2004).
De acordo com Torabinejad & Walton (2010), medicações intracanais tem uma longa
história de uso como curativos entre consultas. Um antimicrobiano capaz de inibir o
crescimento microbiano dos canais é o hidróxido de cálcio, possui pH alcalino e pode ajudar
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na dissolução de tecidos necróticos remanescentes, bactérias e seus subprodutos. Pode ser
aplicado como um pó seco, ou como pó misturado com líquido tal qual uma solução
anestésica local, solução salina, água ou glicerina para formar uma pasta espessa. É
importante colocar o material profundo e densamente para maior eficácia.
O tratamento endodôntico tem passado por constantes modificações, devido à
evolução científica, tecnológica e biológica, levando a sucessos cada vez maiores. Entretanto,
um tratamento bem-sucedido necessita que todos os passos sejam realizados com eficiência,
desde o diagnóstico e seleção do caso até as etapas operatórias. Atualmente, os insucessos têm
um percentual reduzido, sendo que a maior causa ainda é a iatrogenia (GOMES et al., 2003).
No diagnóstico clínico emprega-se a semiologia subjetiva e objetiva. A semiologia
subjetiva é constituída de um conjunto de perguntas ao paciente visando obter respostas
relativas à dor quando presente ou ausente. Com a ausência da dor, uma polpa danificada
pode afetar o osso alveolar, que une o seu dente aos maxilares, ocasionando lesões em volta
do ápice da raiz, que podem ser abscesso, granuloma, cisto. Essas lesões podem ocasionar
uma osteomielite, doença infecciosa grave, aguda ou crônica, causada pelo Staphylococcus
aureus, mais comum em crianças e adolescentes. Além disso, nos ossos maxilares ou
bacteremia que são bactérias na circulação sanguínea, pode infectar qualquer órgão do corpo
humano colocando em risco a saúde e a vida do indivíduo, isso acontece em casos de Pulpite
Aguda Irreversível. Caso não houver melhoras poderá ocorrer à extração do dente. (SILVA,
2008).
Já a semiologia objetiva é realizada utilizando-se métodos clássicos para obtenção de
sinais e sintomas clínicos através dos testes diagnósticos. O exame clínico abrange inspeção,
palpação, percussão, mobilidade e análise radiográfica. Através da semiologia as condições
pulpares são classificadas clinicamente como: polpa normal, pulpite reversível, pulpite
transicional, pulpite irreversível e necrose (SILVA, 2008).
A pulpite causa uma dor de dente intensa. Para determinar se a polpa se encontra
saudável o suficiente para poder ser salva, o dentista realiza certos testes, por exemplo, ele
aplica um estímulo frio e se a dor resultante do estímulo parar alguns segundos após a
remoção do estímulo frio, a polpa ainda está sadia. O dentista pode salvá-la através da
remoção da parte lesada do dente, realizando, a seguir, uma restauração (GARCIA, 2009).
Entretanto, quando é impossível salvar a polpa, a dor persistirá após a remoção do
estímulo frio ou pode ocorrer espontaneamente. O dentista também pode usar um estimulador
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elétrico que indica a vitalidade da polpa, mas não se ela está saudável. A polpa está viva
quando o paciente sente a pequena descarga elétrica aplicada ao dente. Frequentemente, a
sensibilidade à percussão de um dente significa que a inflamação se disseminou para os
tecidos e ossos circunjacentes (GARCIA, 2009).
Após o diagnóstico, o plano de tratamento é determinado normalmente o tratamento
do canal radicular, mas procedimentos complementares podem ser incluídos. Devem ser
consideradas todas as possibilidades, de restauração, o estado periodontal e o plano total
(TORABINEJAD & WALTON, 2010).
No preparo do canal radicular tem se verificado que a preocupação não é só com a
limpeza e a sanificação pelo uso de substâncias químicas auxiliares como também, em
respeitar a conformação e a forma natural do canal durante o ato de instrumentação (MELO et
al., 2010).
Pelo fato de a região apical dos canais radiculares curvos representarem uma área de
difícil administração, alterações indesejáveis decorrentes do preparo constituem
ocorrências rotineiras. Independentemente da técnica ou do tipo de instrumentos
empregados, o desvio ou o transporte apical são os acidentes mais frequentes
(PEREIRA et al., 2004, p.136).
Para a realização do tratamento endodôntico é primordial que o cirurgião-dentista
adquira instrumentos próprios para a abertura, o preparo e a obturação dos canais radiculares.
Os produtos mais empregados no preparo e na modelagem dos canais radiculares são as limas
endodônticas manuais, sendo que cada uma possui especificações técnicas para o uso,
vantagens e desvantagens. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, as limas
endodônticas são destinadas ao tratamento de patologias (SILVA, 2009).
Inicialmente o endodontista cria um acesso aos canais fazendo um desgaste da porção
dentária que cobre a polpa radicular. Na sequencia remove a polpa inflamada ou infectada,
limpa e dilata cuidadosamente o canal no interior da raiz, então obtura e sela este espaço com
um material chamado guta-percha associado a um cimento (TORABINEJAD & WALTON,
2010).
Segundo Fidel (2008) a obturação do canal radicular é a ação expressiva e
complementar da tríade endodôntica, sendo a abertura coronária, sanificação-modelagem e
obturação do canal, significando o preenchimento do espaço anteriormente ocupado pela
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polpa por um material inerte ou antisséptico que sele o mais hermeticamente possível,
impedindo a reinfecção por micro-organismos.
A cirurgia parendodôntica é uma alternativa secundária, pois ela se propõe a resolver
problemas resultados de insucessos endodônticos. Desde que haja condições, deve-se indicar
o retratamento do canal radicular e caso necessário, lançar mão da cirurgia parendodôntica
como complemento da terapia, resultando na preservação do dente que de outra maneira
teriam de ser perdidos (GOMES et al., 2003).
Estudos epidemiológicos revelam que a qualidade do selamento coronário promovido
pela restauração da coroa dentária pode estar relacionada ao sucesso da terapia endodôntica
(LOPES & SIQUEIRA, 2015).
Observações revelam que ocorre um índice maior de sucesso no tratamento
endodôntico quando há associação entre um bom tratamento endodôntico e uma boa
restauração coronária, quando o tratamento é bem-sucedido, mas a restauração coronária é
ruim. De outro modo, quando a qualidade do tratamento endodôntico é ruim, o índice de
sucesso cai, de acordo com Quadro 1:
Quadro 1- Influência Da Qualidade do Tratamento Endodôntico e da Restauração Coronária
Tratamento endodôntico
Restauração coronária
Índices de sucesso
Bom
Boa
81%
Bom
Ruim
71%
Ruim
Boa
56%
Ruim
Ruim
57%
Fonte: LOPES E SIQUEIRA, 2015.
Para que a determinação das lesões endodônticas possa ser realizada, é necessário que
o profissional endodôntico possa reconhecer as possíveis doenças, sendo necessário que ele
questione o paciente sobre seus sintomas e após isso realize exames visuais, testes clínicos e
testes dos tecidos perirradiculares, ou seja, testes de percussão e de vitalidade que são os
testes do frio, do quente e de testes elétricos (SILVA, 2012).
Com a melhora na qualidade de vida das pessoas, os dentistas estão se deparando cada
vez mais com pacientes em busca de melhorar sua estética e também na saúde bucal.
Inclusive pessoas idosas procuram por esses motivos. Porém, esses pacientes têm os dentes
mais calcificados e, além disso, possuem uma longa história de problemas dentários o que
dificulta e muitas vezes impedem de realizar o processo endodôntico (SANTOS et al., 2013).
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Os procedimentos do tratamento endodôntico, são tecnicamente mais complexos em
pacientes idosos. Pois, segundo Torabinejad & Walton (2010), as restaurações extensas, o
envolvimento periodontal, a história de muitas cáries, a diminuição do tamanho da polpa, as
inclinações e as giroversões são os fatores envolvidos. O tratamento necessita ser
diferenciado, pois ocorrem diversas modificações em seus organismos que podem interferir
nos tratamentos endodônticos, tais como depressão, diabetes, hipertensão, osteoporose e
dentes calcificados, que muitas vezes impedem o tratamento endodôntico.
Dentes decíduos com raízes completas podem ser submetidos tanto a pulpotomia
quanto ao tratamento endodôntico que normalmente é necessário por exigências protéticas.
Por exemplo, se a coroa fraturou na região da margem gengival o tratamento permitira
colocação do pino, núcleo e coroa. Já se ocorrer uma avulsão do dente o reimplante em
crianças, não é recomendado, por causa risco de dano ao dente sucessor. Impactos que
resultam em avulsão podem causar dano no momento do traumatismo, devido a isso, o
tratamento que de algum modo pode levar danos adicionais ao dente permanente devem ser
evitados (TORABINEJAD & WALTON, 2010).
Já no tratamento em gestantes, deve ser de preferência pela manhã, realizados em
condições mais favoráveis e pouco exaustivas. Embora a radiologia seja essencial para o
tratamento endodôntico, possibilitando obter imagens com o mínimo de radiação, por meio da
radiologia digital. Entretanto, segundo Lopes & Siqueira (2015) no atendimento ás gestantes,
recomenda-se realizar as tomadas radiográficas apenas quando indispensável, utilizar um fator
de proteção, como um avental com revestimento de chumbo, e empregar filmes ultrarrápidos
que permitem menos tempo de exposição.
O propósito da obturação é selar toda a extensão da cavidade endodôntica, desde a sua
abertura coronária até o seu término apical, ou seja, o material obturador deve preencher todo
o espaço ocupado anteriormente pela polpa, proporcionando um selamento tridimensional, de
acordo com as Figuras 3 e 4.
Figura 3- Antes do tratamento
Figura 4- Depois do tratamento
Fonte: LEMOS, 2013.
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Devido à falta de visibilidade no tratamento endodôntico a radiografia proporciona
uma maior nitidez dos canais radiculares.
A radiografia periapical é um dos mais importantes elementos no tratamento
endodôntico, sendo necessário que o profissional conheça as técnicas radiográficas e
saiba indicá-las. Porém a incapacidade de certos pacientes aceitarem filmes
radiográficos ou sensores digitais no interior da cavidade bucal pode causar
complicações durante o procedimento radiográfico (WALTER & PORTO, 2006,
p.2).
Na endodontia é necessário, que após cada atendimento, os instrumentos sejam
esterilizados e higienizados. Sendo colocados em uma cuba ultrassônica todos os
instrumentos e após ser embalados em papel de esterilização apropriado e selado para que
sejam levados à autoclave, para evitar contaminações e possíveis falhas no tratamento.
Segundo Baumgartner & Falkler (1991), a limpeza e modelagem do canal radicular são
fatores de suma importância no tratamento, pois se não houver a preocupação em obter-se a
desinfecção, o sistema de canais torna-se um santuário privilegiado para bactérias e seus
produtos.
No entanto, existem casos que resultam em fracasso, apesar do tratamento ter seguido
os padrões e técnicas corretas, sendo estes, normalmente associados à anatomia dos sistemas
de canais radiculares (LOPES & SIQUEIRA, 2004). As falhas podem ser revertidas através
do retratamento, ou, se esse não for possível, por cirurgia paraendodôntica. Tais falhas podem
ocorrer nos casos de persistência microbiana no sistema de canais radiculares como
consequência do controle asséptico inadequado, cirurgia de acesso pobre, limpeza
insuficiente, obturação inadequada, ou quando há uma infiltração coronária (FERRARI,
2007).
De acordo com Cheung (1996), os problemas mais comuns como dificuldades
anatômicas, falta de controle asséptico durante o tratamento, acesso indevido à cavidade
pulpar, canais não detectados, obturações incorretas, falhas na instrumentação e restaurações
coronárias insatisfatórias ou ausentes podem levar ao insucesso do tratamento endodôntico.
Nair (1999), afirma que na maioria dos casos em que o tratamento fracassa, é proveniente a
procedimentos insatisfatórios de controle e eliminação da infecção.
Para Schilder (1974), a endodontia seria melhor distinguida pelas técnicas de limpeza
e modelagem. Sendo que a limpeza se refere à remoção de todo o conteúdo do sistema de
canais antes e durante a remodelagem, já a modelagem refere-se a uma cavidade que permita
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uma obturação tridimensional a mais hermética possível. Sendo assim, para a sua realização
há a necessidade de utilização de instrumentos como limas, alargadores e brocas, bem como,
o uso de soluções químicas auxiliando a instrumentação e preparação dos canais radiculares.
Metodologia
A coleta de dados foi realizada com quatro profissionais da cidade de Severiano de
Almeida-RS, tendo em média 10 anos de atuação na área, sendo também, através de
entrevistas e pesquisa bibliográfica. Primeiramente, a escolha dos grupos foi feita pelos
alunos que poderiam ser de três até quatro integrantes, após isso foram sorteados os assuntos
relacionados às áreas da odontologia.
A entrevista foi realizada com profissionais especializados em endodontia, onde foram
coletados dados importantes sobre essa especialidade. A pesquisa bibliográfica desenvolveuse através de livros, artigos e revistas, onde foram encontradas várias informações sobre as
práticas em endodontia e relacionadas com as informações das entrevistas realizadas.
3 CONCLUSÃO
Considerando os dados coletados, nas pesquisas realizadas com profissionais da área
da endodontia foi possível constatar que são vários os motivos para que o dente e/ ou paciente
necessite de um tratamento adequado. Segundo estes profissionais, todo o dente tratado é mais
fraco perante os demais.
O tratamento de canal é necessário porque algumas vezes a polpa do dente torna-se
inflamada ou infectada. Isto pode ser causado por uma cárie profunda, repetidos
procedimentos dentários nos dentes, fratura ou rachadura do dente ou um traumatismo dental.
Todo dente tratado com endodontia é mais fraco que os demais, porém, se o tratamento for
bem executado o dente não ficará comprometido.
Os principais sintomas para quem necessita dos processos endodônticos podem
acontecer nas primeiras 48 horas. Consiste em uma sensação dolorosa, decorrente da
manipulação do dente, que pode ser resolvida pela administração de analgésicos, antiinflamatórios ou antibiótico, dependendo do caso de cada paciente.
Segundo profissionais entrevistados especializados em endodontia, se a polpa
danificada não for removida, o dente e os tecidos ficam infectados, onde inchaço e dor podem
acompanhar a infecção.
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Visando as entrevistas, foi possível constatar que para tais procedimentos o mais
adequado falar é que é uma cirurgia delicada e não uma cirurgia de riscos, pois não existe
grande manipulação dos tecidos, e em caso de perfuração muitas vezes tem necessidade de
extrair o dente.
Após o procedimento, não haverá lesões desde que bem executado a reconstituição do
dente, como restauração, coroas, blocos, tratamento gengival, não ocorrer nenhuma lesão, mas
isso se for bem realizados, é muito importante em casos de abscesso ou cisto ter controle
radiográfico após o tratamento. Deve-se cuidar mais o dente tratado até que ele seja
adequadamente restaurado, evitando possíveis fraturas, e manter a limpeza adequada dos
dentes desta forma, ele pode durar o resto da vida.
Conforme pesquisas realizadas com profissionais da área, literatura e pesquisas
bibliográficas obtiveram-se os resultados necessários para uma melhor compreensão e
conhecimentos em técnicas e praticas endodônticas.
Com isso, constatou-se que a endodontia é de suma importância para todas as pessoas,
desde a saúde até mesmo na estética. Os conhecimentos adquiridos permitiram, portanto, um
aprofundamento na endodontia, que foi possível perceber que o tratamento endodôntico
permite que não haja a perda do dente, mesmo que este esteja em estado precário.
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