UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Lilian Cristiana Ribeiro RISCOS QUÍMICOS EM CENTROS DE BELEZA Balneário Camboriú 2007 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Lílian Cristiana Ribeiro RISCOS QUÍMICOS EM CENTROS DE BELEZA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC, à banca examinadora do Curso de Cosmetologia e Estética, sob orientação da Profª Janine Maria Pereira Ramos Bettega. Balneário Camboriú 2007 Riscos Químicos em Centros de Beleza Lilian Cristiana Ribeiro1: Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina (UNIVALI). Janine Ramos Bettega2: Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale Do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina (UNIVALI). Email 1:lí[email protected] Email 2: [email protected] RESUMO Sob o ponto de vista da biossegurança, é fundamental que os centros de beleza tomem as devidas precauções no uso de produtos químicos, já que não é possível estabelecer uma regra geral, que garanta a segurança no manuseio de todas as substâncias químicas utilizadas. A Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos, dentre eles, a riscologia química. Nos centros de beleza trabalha-se com diversos produtos químicos, sendo de fundamental importância o conhecimento dos profissionais com relação aos produtos utilizados, bem como seu correto manuseio, armazenamento e descarte. O uso de Equipamentos de Proteção Individual tais como luvas, máscaras, óculos, jalecos, sapatos fechados, aventais e capas descartáveis também são muito importantes a fim de evitar acidentes e trabalho. Esta pesquisa teve por objetivo, coletar e organizar informações relacionadas à biossegurança no manuseio das principais substâncias químicas utilizadas na área de cosmetologia e estética, que apresentam algum tipo de risco ao profissional e ao cliente, tais como: acetona, amônia, formaldeído, hidróxido de sódio e peróxido de hidrogênio. As informações pesquisadas abrangem: sintomas de intoxicação, forma correta de manuseio, precauções no uso, armazenamento, incompatibilidades e descarte, segundo as normas vigentes. Atualmente estas informações não encontram-se acessíveis diretamente para os profissionais da beleza, que ainda precisam adequar-se às normas já existentes, para colocá-las em prática dentro dos estabelecimentos. Palavras-chaves: Biossegurança, produtos químicos e centros de beleza. INTRODUÇÃO Atualmente a procura pela beleza vem crescendo a cada dia. A importância pela aparência está se destacando cada vez mais com as mudanças que vêm acontecendo no mundo atual. Os serviços prestados em centros de beleza aumentaram nesses últimos anos, havendo conseqüentemente um aumento com relação aos produtos químicos lançados no mercado. Entretanto, é necessário conhecer e procurar evitar os riscos inerentes no momento do manuseio de produtos químicos, a fim de proteger o profissional e o cliente de possíveis acidentes e intoxicações. Toda substância, segundo a toxicologia, pode ser considerada um agente tóxico, dependendo das condições de exposição, desta forma, faz-se necessário conhecer as condições de uso seguro de substâncias químicas para a saúde humana e ambiental. Se de um lado, todas as substâncias podem ser potencialmente tóxicas, por outro, elas podem ser usadas de forma segura, desde que as condições de exposição sejam mantidas abaixo dos níveis de tolerância. Quando não for possível definir um limite de tolerância, deve-se evitar o contato (OGA, 2003). De acordo com Oga (2003): A toxidade de uma substância a um organismo vivo pode ser considerada como a capacidade de lhe causar dano grave ou morte. Para que este dano ocorra é indispensável à interação do agente químico com o organismo. A relação entre a intensidade do efeito, a concentração e o tempo de exposição, depende da idade e das condições de saúde do indivíduo ou organismo em risco. Em virtude do embrião e o feto serem particularmente sensíveis, as gestantes devem tomar cuidados especiais, evitando a exposição a substâncias potencialmente tóxicas. As substâncias tóxicas podem ser absorvidas por inalação, ingestão, absorção através da pele ou pela combinação desses caminhos. Alguns compostos químicos se decompõem gerando material tóxico quando submetidos ao calor, à umidade ou presença de outros produtos químicos. Tais informações são importantes para que se determine o tipo de EPI necessário contra a exposição, e o tratamento médico adequado no caso de exposição e intoxicação (CIPA, 1999). A toxicidade ambiental também é dos fatores preocupantes, de forma a diminuir os impactos ambientais causados pelos produtos químicos, existe uma preocupação mundial com a caracterização do potencial de periculosidade ambiental que o produto possa ser disponibilizado no mercado. No Brasil é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, é quem estabelece tal classificação. Um dos grandes problemas ambientais no mundo atual é o lançamento de produtos químicos perigosos de forma inadequada no solo e na água, que não estão devidamente preparados para recebê-lo. Os Órgãos Nacionais com competência para regular o assunto são a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em conjunto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Um marco foi a publicação RDC 05/93 da CONAMA, que definiu a obrigatoriedade da elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos pelos serviços da saúde. Segundo a classificação desta resolução os resíduos químicos estão agrupados no grupo B, (resíduos químicos contaminados ou perigosos) (FIOCRUZ, 2007). Esta resolução foi complementada pela ANVISA, em 2003, a partir da RDC 33/03 e em 2004 pelo regulamento técnico 306/04. Mais tarde, estes regulamentos foram atualizados através da resolução 358/05 elaborada pelo CONAMA. A ABNT definiu normas de armazenamento de resíduos químicos perigosos através da NBR 12235/92, bem como a simbologia de risco químico para manuseio e transporte de material (NBR 7500/00). As substâncias químicas podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade (ANVISA, 2004). Segundo a FIOCRUZ, (2007), a toxicidade é a capacidade de uma substância em produzir efeitos nocivos num organismo vivo ou ecossistema. O risco tóxico é a probabilidade que o efeito nocivo ocorra em função das condições de utilização da substância. De acordo com Hirata, (2002), a obediência às normas de segurança é fundamental para evitar acidentes de trabalho. Os riscos apresentados pelos produtos químicos dependem de sua reatividade, não sendo possível estabelecer uma regra geral que garanta as possibilidades de exposição do trabalhador e as vias de penetração no organismo. Não há uma classificação única dos riscos tóxicos que contemple e esgote todos os produtos químicos (SILVA, 1999). Portanto, é necessário adequar todos os salões de beleza que utilizam produtos químicos e são geradores de Resíduos Químicos, a fim de que apliquem as normas de biossegurança. Estes estabelecimentos devem assegurar o manuseio correto dos produtos químicos que utiliza, bem como adotar procedimentos corretos de descarte através do firmamento de contrato com empresas credenciadas pelos órgãos ambientais e federais, ANVISA e CONAMA. Porém não existe uma norma voltada especificamente para área de Cosmetologia e Estética, as quais devem seguir as normas já existentes para o descarte do lixo químico, avaliando sempre os critérios de compatibilidade e reatividade dos compostos, evitando assim, os acidentes graves nos estabelecimentos. (FIOCRUZ, 2007). Este trabalho teve por objetivo coletar e organizar informações sobre as principais substâncias químicas utilizadas na área de Cosmetologia e Estética, que apresentam riscos químicos ao profissional e ao cliente. Essas informações consistem nas características físico-químicas das substâncias estudadas, sinais e sintomas de intoxicação aguda e/ou crônica, forma correta de manuseio, uso de EPI’s necessários e apropriados para cada produto a ser manipulado, primeiros socorros, precauções, armazenamento, incompatibilidades e descarte dos resíduos químicos. METODOLOGIA A pesquisa foi do tipo bibliográfica considerando, respectivamente os seus objetivos, sobre os produtos químicos mais utilizados em centros de beleza pelos profissionais que atuam na área. Para o levantamento do referencial sobre o tema foi realizada uma ampla pesquisa a partir de uma base já disponível, a qual será ampliada e principalmente atualizada. Além da Internet, para a localização e captação de material, foi procedida a busca em livros e artigos científicos de Biossegurança, além de legislações vigentes, como resoluções e normas técnicas da ANVISA, CONAMA e ABNT. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os estabelecimentos de beleza que utilizam produtos químicos, especialmente aqueles à base de acetona, amônia, formaldeído, hidróxido de sódio e peróxido de hidrogênio, devem seguir um planejamento de manuseio, tomando-se todos os cuidados necessários, desde a compra destes produtos (que devem ser registrados na ANVISA), passando pelo correto armazenamento (levando em consideração as incompatibilidades químicas) e o descarte adequado dos resíduos gerados. A manipulação dos produtos químicos seja durante a preparação de colorimetria, alisamentos e descoloração capilar pela/o cabeleireira/o ou no uso da acetona pela manicure, devem ser acompanhadas do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). Este planejamento pode ser esquematizado através de uma cadeia de procedimentos, exemplificada na figura 1. Figura 1. Planejamento de procedimentos a serem adotados no manuseio de produtos químicos em um estabelecimento de beleza. PRODUTO QUÍMICO (deve ser registrado em órgão competente) ARMAZENAMENTO ADEQUADO (levar em consideração as incompatibilidades) MANUSEIO CORRETO (uso de EPI’s) DESCARTE ADEQUADO RESÍDUOS SÓLIDOS RESÍDUOS LÍQUIDOS SEPARAÇÃO TRATAMENTO PRÉVIO ÓRGÃO DE LIMPEZA URBANA REDE DE ESGOTO A. Armazenamento dos produtos químicos É importante que um centro de beleza implante um local apropriado para o armazenamento dos produtos químicos, seja em um local centralizado (almoxarifado), ou em áreas independentes em cada setor (salão, manicures), devidamente identificadas. O local de armazenamento deve ser separado, bem ventilado e arejado, sem a incidência de luz solar direta. O armazenamento de resíduos químicos perigosos deve atender a NBR 12235 da ABNT (1992). O abrigo de resíduos do Grupo B, (riscos químicos), deve estar identificado, em local de fácil visualização, com sinalização de segurança, com o símbolo de risco químico baseado na norma NBR 7500 da ABNT (2000), de acordo com a figura 2. Figura 2: Símbolo do risco químico e tóxico. Fonte: WIKIPÉDIA, 2007. Segundo (KOKOT, 1992; FIOCRUZ, 2007) todas as substâncias devem ser rotuladas e as substâncias incompatíveis não devem ser armazenadas juntas. Os produtos muito tóxicos devem ser guardados em armários fechados ou em locais que sejam de acesso restrito. Os produtos químicos podem reagir de forma violenta com outra substância química, inclusive com o oxigênio do ar ou com a água, produzindo fenômenos físicos tais como calor, combustão ou explosão, ou então produzindo uma substância tóxica. As reações químicas perigosas tanto podem ocorrer de forma exotérmica quanto podem provocar a liberação de produtos perigosos, fenômenos que muitas vezes ocorrem simultaneamente. Para prevenir os riscos de natureza química, devem-se conhecer as substâncias químicas incompatíveis de uso corrente em salões de beleza a fim de observar os cuidados na estocagem, manipulação e descarte (FIOCRUZ, 2007). A tabela abaixo enumera as substâncias químicas abordadas neste estudo e suas respectivas incompatibilidades e condições de armazenamento. Tabela 1: Incompatibilidade e armazenamento dos produtos químicos utilizados em Cosmetologia e Estética. Substâncias Incompatibilidades Acetona Misturas de ácidos sulfúricas, nítrico Deve ser armazenada longe de fontes de ignição, da luz solar concentrados, peróxidos de direta, em locais ventilados, de hidrogênio, amônia, formaldeído e preferência em armários específicos para inflamáveis. hidróxidos. Amônia Cloro, ácidos fortes, metal, zinco, alumínio, acetona, Armazenamento formaldeído e hidróxidos. Formaldeído Oxidantes fortes, álcalis, ácidos, fenóis, uréia, acetona e hidróxidos. Hidróxido de Sódio Ácidos halogênios, nitrometano, alumínio, magnésio e zinco, acetona e formaldeído. Peróxidos de Hidrogênio Cobres, bromo, cromo, ferro, álcoois, acetona, fenol, formaldeído hidróxido de sódio e amônia. Fonte: CARVALHO, 1999. e Em locais frescos, secos e áreas ventiladas, protegida de substâncias incompatíveis. Manter bem fechado, armazenando-o em local fresco, seco e bem ventilado. Protegê-lo contra danos físicos, guardá-lo longe de fontes de fogo, se possível separado das outras substâncias, principalmente das incompatíveis. Manter o material bem fechado, armazenando-o em local fresco, seco e bem ventilado. Devem ser armazenados em uma área fresca e ventilada, isolada de materiais orgânicos. B. Manuseio dos produtos químicos Medidas de controle são necessárias aos profissionais e ao cliente ao manusear os produtos químicos, para evitar a exposição do agente químico na pele e em órgãos do nosso corpo, os quais incluem: luvas que devem ser de material resistente de PVC ou látex e compatíveis com as sustâncias que serão manuseadas; máscaras de proteção individuais de polietileno ou máscaras de vapores no uso de produtos químicos tóxicos; óculos de proteção; aventais de borracha para que as substâncias corrosivas não ultrapassem as barreiras de proteção; capas descartáveis para as clientes utilizarem no momento do seu atendimento; jaleco de manga comprida, para que nenhuma substância entre em contato com a pele e sapatos fechados. Usar o EPI adequado ao risco existente em determinada substância é uma forma de proteção para que não ocorram acidentes e danos à saúde dos profissionais e riscos aos clientes. O uso inadequado ou incompleto dos equipamentos de Proteção Individual por parte dos profissionais, pode não contribuir para sua saúde, além disso, a importância de cada equipamento determina uma interdependência, e a utilização dos mesmos em conjunto, promove eficiência na proteção. C. Descarte dos produtos químicos Os resíduos químicos (grupo B) devem ser segregados dos outros tipos de resíduos, como os orgânicos, recicláveis e biológicos. Dentro de estabelecimentos de beleza, são gerados resíduos químicos que podem estar na forma líquida ou sólida. Os sólidos constituem-se principalmente nas embalagens que contêm os produtos químicos e algodões ou gazes contaminadas, enquanto que os resíduos na forma líquida são gerados através da água de enxágüe dos produtos nos cabelos dos clientes. Quanto ao descarte dos resíduos sólidos, os estabelecimentos de beleza podem desenvolver um planejamento baseado RDC 306 (2004), que descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, considerando as características e riscos dos resíduos, incluindo as ações de proteção à saúde e ao meio ambiente, seguindo as seguintes etapas: • SEGREGAÇÃO: Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, e os riscos envolvidos. • ACONDICIONAMENTO: Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. • IDENTIFICAÇÃO: Consiste em figuras e frases que permitem o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS (Resíduos de Serviços de Saúde). Deve conter o risco específico de cada grupo de resíduos, (Grupo B, risco químico). • TRANSPORTE: A empresa geradora deve manter contrato com o órgão de limpeza urbana responsável. • DISPOSIÇÃO FINAL: Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparados para recebê-los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo com a RDC 237/97 da CONAMA. Com relação à disposição final de resíduos no solo, ressalta-se que a nomenclatura usualmente utilizada para as diversas formas de disposição, muitas vezes, não corresponde às suas verdadeiras classificações. Os locais adequados para disposição final de resíduos são os aterros sanitários, que consistem em locais apropriados e seguros para disposição do lixo, envolvendo o empilhamento e compactação para que ocupe o mínimo espaço possível, cobrindo o lixo diariamente com uma camada de material impermeável, para evitar o escape de gases mal cheirosos, bem como a disseminação de doenças. Porém, algumas vezes, a disposição final não ocorre em aterros sanitários, e sim em locais inadequados que não passam de vazadouros ou “lixões” a céu aberto, onde ocorre a deposição de resíduos de forma descontrolada no solo, sem nenhum critério de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública (NASCIMENTO, 2001). Os resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, deveriam ser submetidos, num futuro próximo, a um processo de reciclagem em que as próprias empresas fabricantes/fornecedoras criassem um sistema de recolhimento e reciclagem das embalagens para o reaproveitamento e/ou descarte das mesmas. Os resíduos químicos no estado líquido devem ser submetidos a tratamento específico, que atendam as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes, conforme Resolução RDC nº 306 (2004). No caso de estabelecimentos de beleza, os lavatórios devem ser construídos de maneira a conter um corpo receptor onde se realize o tratamento prévio dos resíduos químicos líquidos contidos na água de lavagem, antes do lançamento na rede de esgoto. Em centros de beleza são manuseados uma variedade de produtos químicos que apresentam riscos tanto aos profissionais quanto aos clientes. Caso não sejam observadas as normas de Biossegurança, poderá ocorrer sérios danos toxicológicos ao organismo. Dentre as substâncias utilizadas em Cosmetologia e Estética, serão abordadas as mais conhecidas, como a acetona, amônia, formaldeído, hidróxido de sódio e peróxido de hidrogênio, apresentando informações quanto às características físicoquímicas, principais sintomas de intoxicação, incompatibilidades, armazenamento, uso de EPI necessários, descarte e primeiros socorros. 1 Acetona 1.1 Características físico-químicas: A acetona é um líquido incolor e extremamente inflamável, mesmo quando diluída em água. 1.2 Principais sintomas de intoxicação: 1.2.1Contato com a pele: A acetona líquida e os vapores em altas concentrações podem penetrar na pele. Em contatos repetidos e prolongados com a pele pode levar ao aparecimento de dermatite. 1.2.2 Contato com os olhos: Em contato com os olhos, o vapor da acetona, causa vermelhidão, enquanto que o líquido pode atingir a córnea. 1.2.3 Por inalação: Irritação da garganta e irritação nasal, que são reversíveis a partir da remoção da fonte de exposição. Concentração acima de 12.000 ppm pode causar depressão do Sistema Nervoso Central. 1.2.4 Exposição crônica: Dor de cabeça, irritação da garganta e nasal. 1.3 Incompatibilidades: Misturas de ácidos sulfúrico e nítrico concentrados e peróxido de hidrogênio. 1.4 Armazenamento: Deve ser armazenada longe de fontes de ignição e sem contato a luz solar direta, sendo ideal os locais ventilados de preferência em armários específicos para inflamáveis. 1.5 EPI’s: Luvas de borracha natural e látex, avental, máscara e jaleco. 1.6 Descarte: Sua embalagem deve ser descartada em lixo com tampa, separada dos demais produtos, assim como o algodão com os resíduos da mesma. 1.7 Primeiros socorros: Em caso de intoxicação aguda por exposição aos vapores, remover a pessoa do ambiente exposto e procurar um médico. É indicada administração de oxigênio por inalação, tratamento do edema pulmonar, remoção por lavagem gástrica ou indução de vômito, seguida por laxantes (COSTA, 1996). 2 Amônia 2.1 Características físico-químicas É um gás incolor de solução aquosa, dentro das classes dos produtos químicos é um produto corrosivo (ANVISA, 2007). 2.2 Principais sintomas de intoxicação: 2.2.1 Contato com a pele: Pode causar dor, vermelhidão, irritação severa ou queimaduras graves. Pode ser absorvido pela pele com possíveis efeitos sistêmicos. 2.2.2 Contato com os olhos: Irritação, vermelhidão o dor. Pode causar cegueira temporária ou permanente (COSTA, 1996). 2.2.3 Por inalação: Extremamente destrutivo aos tecidos das membranas mucosas e área respiratória. Os sintomas podem incluir sensação de queimação, ardência, tosse, laringite, respiração ofegante, enxaqueca, náusea e vômito. Pode ser fatal como resultado de inflamação, espasmo e edema da laringe e brônquios. Pode causar pneumonia e edema pulmonar (ANVISA, 2007). 2.2.4 Exposição crônica: Por exposição prolongada pode causar dermatite, danos nos olhos, fígado, rim e pulmões (CARVALHO, 1999). 2.3 Incompatibilidades: Halogênios, mercúrio, cloro, ácidos fortes, metal, zinco, alumínio e hipoclorito de cálcio (COSTA, 1996). 2.4 Armazenamento: Em locais frescos, secos e áreas ventiladas, protegido de substâncias incompatíveis (CARVALHO, 1999). 2.5 EPI’s: Luvas de PVC, máscara, jaleco e avental. 2.6 Descarte: No caso da área da beleza, a amônia está na composição das tinturas de cabelo, que devem ser descartadas separadamente em lixo químico, separado das demais substâncias, rotuladas como riscos químicos e entregue aos órgãos vigentes. 2.7 Primeiros socorros: Não induzir o vômito, dar grandes quantidades de água. Em contato com os olhos, lave imediatamente com água corrente, abrindo e fechando as pálpebras, por aproximadamente 15 minutos, remover o indivíduo ao ar livre e procurar orientação médica o mais rápido possível (ANVISA, 2007). 3 Formaldeído 3.1 Características físico-químicas: É um gás incolor, de odor forte dentro das classes dos produtos químicos é um produto tóxico. 3.2 Principais sintomas de intoxicação: 3.2.1 Contato com a pele e couro cabeludo: Irritação à pele, é cáustico, causando dor e queimaduras. 3.2.2 Contato com os olhos: Causa irritação, vermelhidão, dor, lacrimação, visão embaraçada, conjuntivite e até cegueira. Altas concentrações causam danos irreversíveis, fortes dores de cabeça, tosse, falta de ar e vertigem. 3.2.3 Por inalação: Pode causar câncer no aparelho respiratório. Pode causar dor de garganta, irritação do nariz, tosse, diminuição da freqüência respiratória, irritação e sensibilização do trato respiratório. Pode ainda causar graves ferimentos nas vias respiratórias, levando ao edema pulmonar e pneumonia fatal em altas concentrações. 3.2.4 Exposição crônica: O formol é considerado cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A freqüente ou prolongada exposição pode causar hipersensibilidade, levando às dermatites. O contato repetido ou prolongado pode causar reação alérgica, debilitação da visão, aumento do fígado, rachaduras e ressecamento na pele, ulceração principalmente entre os dedos, apresenta como risco o aparecimento de câncer na boca, nas narinas e no pulmão. 3.3 Incompatibilidades: O formol é um composto químico com enorme capacidade de redução, especialmente na presença de álcalis. É incompatível com amônia, tanino, bissulfetos, preparações à base de ferro, prata, potássio e iodo. Reage com albumina, caseína, ágar-agar formando compostos insolúveis. É violentamente reativo com óxidos, nitrometano, carbonato de manganês e peróxidos. 3.4 Armazenamento: Deve ser estocado em temperatura ambiente, mas não inferior a 15º. Deve ser protegido da luz e hermeticamente fechado para evitar contato com o ar. 3.5 EPI’s: Luvas de PVC, Máscara de filtro, óculos de proteção, jaleco e avental. 3.6 Descarte: Não descartar diretamente na pia, deve ser descartado em forma diluída na rede de esgoto devidamente preparado para recebê-lo,e a embalagem deve ser descartada em lixo químico separado dos demais (FISPQ, 2007). 3.7 Primeiros socorros: em contato com a pele e com os olhos, lavar com água corrente imediatamente e procurar um médico (ANVISA, 2007). 4 Hidróxido de Sódio: 4.1 Características físico-químicas: É um composto que apresenta-se em solução aquosa, branca, não volátil e sem cheiro. O Hidróxido de Sódio (NaOH), também conhecido como soda cáustica, dentro das classes dos produtos químicos é um produto corrosivo (FISPQ, 2006). 4.2 Principais sintomas de intoxicação: 4.2.1 Contato com a pele: Causa queimaduras e ulcerações profundas. Em contatos prolongados com soluções diluídas têm efeito destrutivo sobre os tecidos (COSTA, 1996). 4.2.2 Contato com os olhos: Pode causar irritação, queimaduras e problemas na córnea ou no conjuntivo e até cegueira. 4.2.3 Por inalação: Dor intensa na boca, problemas respiratórios em conseqüência do inchaço e dor na garganta. Se for inalado pode causar irritações, sendo que em altas doses pode levar a morte. 4.2.4 Exposição crônica: Pode causar problemas gastrintestinais, dores abdominais intensas, diarréia, hipotensão, e também dermatite irritante (COSTA, 1996). 4.3 Incompatibilidades: Ácidos halogênicos, nitrometano, alumínio, magnésio e zinco (CARVALHO, 1999). 4.4 Armazenamento: Mantenha o material bem fechado, armazenando-o em local fresco, seco e bem ventilado. Proteger o frasco de danos físicos, fontes de calor, incompatibilidades e umidade. Este material é tóxico, pois retêm resíduos. Observar todos os avisos e precauções com relação ao produto (ANVISA, 2007). 4.5 EPI’s: Luvas de PVC ou polietileno, máscara, jaleco e avental. 4.6 Descarte: Neutralizar com ácido hidroclórico a 5% e despejar na rede de esgoto e a embalagem separada das demais em lixo químico (COSTA, 1996). 4.7 Primeiros socorros: Em casos de contato com o hidróxido de sódio, deve-se expor a região em água corrente por 15 min e procurar ajuda médica. Se for ingerido deve-se dar água à vítima sem provocar vômito. Se for inalado, levar a vítima para um local aberto para que possa respirar. Se caso a vítima não esteja respirando, é necessário que se use respiração artificial (ANVISA, 2007). 5 Peróxidos de Hidrogênio 5.1 Características físico-químicas É um líquido claro e viscoso. O peróxido de hidrogênio apresenta-se como solução aquosa e é conhecido comercialmente como água oxigenada, dentro das classes dos produtos químicos é um produto oxidante (ANVISA, 2007). 5.2 Principais sintomas de intoxicação: 5.2.1 Contato com a pele: Causa severas irritações, dermatites e queimaduras. 5.2.2 Contato com os olhos: Causa irritações e vermelhidões na córnea. 5.2.3 Por inalação: Prejudicial para toda a saúde, induzir ao vômito e procurar assistência médica imediatamente. 5.2.4 Exposição crônica: Severas irritações e queimaduras na pele (FAENQUIL, 2003). 5.3 Incompatibilidades: Cobre, Bromo, Cromo, Ferro, Álcoois, Acetona, Fenol e Amônia (COSTA, 1996). 5.4 Armazenamento: Deve ser armazenado em uma área fresca e ventilada, isolada de materiais orgânicos. 5.5 EPI’s: Luvas de látex, máscara, jaleco e avental. 5.6 Descarte: Deve ser descartado em forma diluída com água na rede de esgoto, nunca lançar diretamente na pia e a embalagem em lixo químico separado dos demais. 5.7 Primeiros socorros: Remover para local arejado, se respirar com dificuldade, ministrar oxigênio, cessar a respiração, aplicar respiração boca a boca, em contato com os olhos lavar imediatamente por 15 minutos, em contato com a pele lavar imediatamente com água corrente e sabão até que toda a substância seja removida da pele (FAENQUIL, 2003). CONSIDERAÇÕES FINAIS A biossegurança estabelece ações voltadas à minimização e prevenção de riscos inerentes às atividades de trabalho. O conhecimento dos profissionais de centros de beleza sobre os produtos químicos utilizados e o uso das devidas precauções, auxilia na tomada de decisões quanto à adequação do local de trabalho às normas já existentes. Considera-se importante também, a necessidade de uma norma voltada exclusivamente para área de Cosmetologia e Estética, já que não existe padronização das medidas de segurança nesta área. Desta forma, é essencial que haja conscientização por parte dos profissionais e órgãos de fiscalização para que aconteçam mudanças de conduta na área da beleza. É importante que os centros de beleza implantem e padronizem medidas como locais separados, apropriados e identificados para o armazenamento dos produtos químicos, bem como cuidados no manuseio destes produtos, com a utilização de EPI’s, assim como o planejamento de uma estratégia de gerenciamento de resíduos gerados, de acordo com as normas vigentes. Este trabalho pode servir como base de consulta para os profissionais da área, sendo que as informações mais importantes para a prevenção dos riscos químicos estão resumidas na tabela a seguir. Tabela 2: Características químicas, identificação de periculosidade, uso de EPI’s e precauções no manuseio dos produtos químicos. Produtos Químicos Fórmula Química Identificação da periculosidade Uso de EPI’s Precauções manuseio no Acetona H3C-CO-CH3 Inflamável Luvas de borracha natural e látex, avental, máscara e Manter longe de chamas abertas, centelhas e fonte de jaleco. Luvas de PVC, máscara, jaleco e avental. Amônia NH3 Corrosivo Formaldeído H2CO Tóxico Luvas de PVC, máscara de filtro, óculos de proteção, jaleco e avental. NaOH Corrosivo Luvas de PVC ou polietileno, máscara, jaleco e avental. H2O2 Oxidante Luvas de látex, máscara, jaleco e avental. Hidróxido Sódio Peróxidos de Hidrogênio de calor. Evitar o contato com os olhos, pele e a roupa mediante uso de EPI’s. Protegerse da inalação de vapores. Evitar o contato com olhos, pele, mucosas respiratória e oral, sob o risco de conseqüências mortais. Faz-se referência especial à ação cancerígena. Evitar o contato com os olhos, pele e a roupa mediante medidas protetoras especiais. Não inalar os vapores. Evitar qualquer contato com substâncias combustíveis (perigo de inflamação). Os incêndios podem ser favorecidos, dificultando a sua extinção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT, Associação Brasileira de Norma Técnicas, NBR 10004, Resíduos Sólidos. Classificação, segunda edição, 31 de maio de 2004. ABNT, Associação Brasileira de Norma Técnicas, NBR 7.500, Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de Material. Março de 2000. ABNT, Associação Brasileira de Norma Técnicas, NBR 12235, Armazenamento de Resíduos Químicos Perigosos. 30 abril de 1992. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, RDC nº 33, Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços da Saúde. 2003. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, RDC nº 306, Regulamento Técnico para Gerenciamento de Resíduos de Serviços da Saúde. 7 de dezembro de 2004. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Propriedades Físico-químicas das Substâncias. Disponível em: www.anvisa.gov.br acessado em 26 abril 2007. CARVALHO, P. R. Boas Práticas Químicas em Biossegurança. Rio de Janeiro: Interciência, p 58-59, 120, 1999. CIPA, Comissão Interna de Preservação de Acidentes. Portaria Nº 08. Manual da CIPA. 23 fevereiro de 1999. CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente. 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