Produção de Agrião D`água em Hidroponia com Diferentes

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Produção de Agrião D’água em Hidroponia com Diferentes Soluções
Nutritivas e Densidades de Plantio1.
Manuel B. Novella2; Osmar S. Santos2; Danton C. Garcia2; Silvia S. Sinchak2; Eliseu G.
Fabbrin2; Cinei Riffel2.
UFSM – CCR - Departamento de Fitotecnia, 97105-900, Santa Maria – RS. e-mail: [email protected]
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RESUMO
Realizou-se um experimento na Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS)
para avaliar o desempenho de mudas de agrião d’água em DFT testando três soluções
nutritivas e duas densidades de plantio. Constatou-se que a produção por área das plantas
cultivadas em densidade alta (133,3 plantas/m²) foi sempre superior à das plantas em
densidade baixa (66,7 plantas/m²), não se tendo observado diferenças, neste sentido, entre
as plantas cultivadas nas diferentes soluções nutritivas.
PALAVRAS-CHAVE: Nasturtium officinale, DFT, mudas.
ABSTRACT
Hydroponic watercress production under different nutrient solutions and plant
densities
An experiment was carried out at Santa Maria’s Federal University (Rio Grande do Sul –
Brazil) to evaluate the production of watercress transplants grown in DFT, testing three
nutrient solutions ad two planting densities. Plants grown on high density stands (133,3
plants/m²) had higher production per area than those grown on low density ones (66,7
plants/m²). There was no significant difference in production between the different nutrient
solutions.
KEYWORDS: Nasturtium officinale, DFT, transplants.
A partir de pesquisas anteriores (Novella, 2004), conclui-se que o uso da solução nutritiva
proposta por Castellane & Araújo (1995) para a cultura hidropônica da alface proporciona
boa produção de agrião d’água, que suas mudas devem ser obtidas a partir de sementes e
que se deve cultivá-lo preferentemente em DFT sem suporte para as plantas. Além disso,
constatou-se a vantagem de retirar as plantas com raízes após completar o ciclo de
produção, desinfetar a estrutura e transplantar plantas novas. No entanto, ainda não se
sabe como seria o desempenho desta espécie cultivada com outras soluções nutritivas,
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada à UFSM, Santa Maria - RS.
2
principalmente aquelas que possuem parte do nitrogênio, de sua fórmula, na forma
amoniacal em lugar de tê-lo exclusivamente na forma nítrica como é o caso da solução
Castellane & Araújo (1995), e aquelas calculadas especificamente para a produção de
agrião a partir da composição química da planta.
Em conseqüência, propõe-se a realização de um experimento com agrião de água em DFT,
testando três soluções nutritivas e duas densidades de plantio durante três cultivos com
quatro semanas de duração cada um.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Núcleo de Pesquisa em
Ecofisiologia e Hidroponia (NUPECH) do Departamento de Fitotecnia, no Centro de Ciências
Rurais da Universidade Federal de Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul.
A técnica de cultivo utilizada foi o DFT (Deep Flow Technique ou "Floating" ou Técnica de
Fluxo Profundo) em piscinas construídas em madeira, impermeabilizadas com plástico dupla
face, com 2,05m de comprimento e 1,14m de largura, bordas de 9,0cm de altura e 2,03,0cm de profundidade da lâmina de solução (Habbeger et al., 1989; Alberoni, 1998),
mantidas em nível sobre dois suportes de sustentação.
A produção de mudas foi feita semeando-se nos cubos de espuma fenólica (GREEN-UP®)
de 2x2x2cm, nos dias 14/05, 11/06 e 11/07/2003, para cada um dos três cultivos, e
colocadas nas piscinas após três semanas (21 dias) de permanência no berçário.
Transplantou-se e colheu-se o total das plantas inteiras (com raízes) em cada cultivo.
O delineamento experimental usado nos três cultivos foi parcelas subdivididas em esquema
fatorial 3x2 (três soluções nutritivas x duas densidades) com quatro repetições.
As soluções nutritivas testadas foram as seguintes:
1) Castellane & Araújo (1995) para alface (C&A).
2) Santos et al. (2003) para alface (S. et al.).
3) Novella & Nogueira (2003, não publicado) para agrião d’água (N&N).
A composição da solução N&N foi calculada com base nos dados do conteúdo percentual
de cada macronutriente na massa seca da planta segundo informado por Furlani et al.
(1978) e metodologia indicada por Carmello (1996), Carmello & Rossi (1997), Martinez
(1997) e Santos (2000).
A solução de micronutrientes usada para as três soluções nutritivas foi a indicada por
Castellane & Araújo (1995) para alface na forma de solução estoque.
3
Os espaçamentos entre plantas e entre filas (com as fileiras desencontradas), e suas
respectivas densidades foram as seguintes:
a) Densidade Baixa (DB): 15cm na linha x 10cm entre linhas (66,7 plantas/m²).
b) Densidade Alta (DA): 7,5cm na linha x 10cm entre linhas (133,3 plantas/m²).
A renovação das soluções foi feita em forma total (100%) no fim de cada um dos dois
primeiros cultivos.
Os tamanhos de parcelas para avaliação da produção das massas foram de 20x20cm
(0,04m²) para os três cultivos.
As avaliações realizadas foram produção de massa fresca e seca total (parte aérea junto
com as raízes devido a que a emissão continua destas, em forma adventícia, impediu a
separação das duas partes). A massa correspondente aos cubos de espuma fenólica
(0,084g de massa seca por cubo) foi deduzido em todos os casos.
Os dados de produção, do primeiro cultivo foram submetidos a transformação logarítmica de
base 10, e do segundo e terceiro cultivos sem transformação nenhuma, foram analisados e
as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos três cultivos constatou-se diferença significativa para o efeito densidades tanto em
massa fresca como em massa seca, menos para massa seca no primeiro e segundo cultivo,
mas deve-se ter em conta que no primeiro cultivo a massa seca não atingiu a significância
de 5% por muito pouco (Pr>F = 0,0752) e que no segundo cultivo, as baixas radiações
solares durante certo período de crescimento da cultura (18º a 23º dia), provocaram
estiolamento das plantas, que tombaram, diminuindo a produção. Esta foi somente 43% das
produções do primeiro e terceiro cultivos, quando se considera massa fresca; quando se
considera massa seca foi 49% da produção do primeiro cultivo e 65% da produção do
segundo cultivo, sempre comparando as produções mais altas (Tabela 1).
Tabela 1 – Produção (g/m2) aos 28 dias após o transplante de agrião de água segundo a
densidade de plantio. UFSM, Santa Maria-RS, outono-inverno 2003*.
Plantas/m
²
133,3
66,7
C.V.(D)%
Massa Fresca
1ºCult.
2ºCult.
3ºCult.
11384a 4892a
11576a
8548b
4054b
8980b
3,16
7,31
14,44
Média
9284a
7194b
12,96
Massa Seca
1ºCult.
2ºCult.
345,3a
169,3a
277,2a
160,7a
4,48
7,75
3ºCult.
262,3a
210,2b
12,04
Média
258,9a
216,1b
12,00
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*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de F (P<0,05).
(D): Densidades.
Além disso, o segundo cultivo foi o único que apresentou diferenças estatisticamente
significativas entre as soluções nutritivas, tanto em massa fresca como em massa seca
(Tabela 2). Nesta tabela pode-se ver que a produção da solução C&A foi significativamente
superior (mais de 20%) as das outras duas em produção de massa seca e a da N&N em
massa fresca, mas, como foi expresso, nesse experimento aconteceu tombamento das
plantas, o que mascara a interpretação dos resultados neste caso.
Tabela 2 – Produção (g/m2) aos 28 dias após o transplante de agrião de água segundo a
solução usada. 2º Cultivo, UFSM, Santa Maria-RS, outono-inverno 2003*.
Solução
C&A’95
S. et al.
N&N
C.V.Soluções Nutritivas (%)
Massa Fresca
4976 a
4379 ab
4065 b
11,97
Massa Seca
186,2 a
153,9 b
154,9 b
11,47
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05).
Devido a que neste experimento não se avaliou as variações do pH das soluções ao longo
do tempo, pois se corrigiu o mesmo diariamente, não foi possível constatar o efeito de maior
tamponamento das duas das soluções (S. et al. e N&N) que continham parte do nitrogênio
de suas fórmulas na forma amoniacal (Teixeira, 1996; Martinez, 1997).
Cabe destacar que, no primeiro e terceiro cultivos, os rendimentos da densidade mais alta
(a mais produtiva) são similares aos informados por Benoit & Bergeron (1990), na Bélgica,
para plantas com raízes se ajustado o número de dias após a semeadura e descontada a
massa do substrato (9kg/m² de parte aérea e 10,37kg/m² de parte aérea + substrato aos 42
dias, o que resulta 11,86kg/m² aos 49 dias tomando o período desde a semeadura). Isto é
ainda mais marcante tomando em conta que o período trabalhado por eles foi de 42 dias a
partir do 16/05/1990, pleno fim da primavera européia, no entanto este experimento foi
realizado no período de outono-inverno.
CONCLUSÕES
A densidade alta de plantas foi sempre superior em produção à baixa.
O desempenho das soluções testadas foi similar, dependendo a escolha de uma delas de
considerações econômicas, da facilidade de obter os nutrientes requeridos e de necessitar
ou não uma solução mais tamponada.
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