Belo Horizonte, 2 de Dezembro de 2011 Inpi dará registro hoje ao café da Serra da Mantiqueira – Diário do Comércio e da Indústria (DCI) são paulo - O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) concederá hoje (2) o registro de indicação de procedência ao café da região da Serra da Mantiqueira. Será a segunda região mineira a obter o Selo de Indicação Geográfica (IG), na modalidade de Indicação de Procedência do café. O Cerrado foi a primeira região que recebeu esse status, seguido, agora, da região da Serra da Mantiqueira, que é composta por dezessete municípios. O IMA realiza, desde 1995, o reconhecimento de origem e qualidade de cafés produzidos em algumas regiões mineiras, como cerrado, sul de Minas, além dos cafés das matas e chapadas. O objetivo é agregar valor e criar um diferencial aos produtos. Comitiva visitará o Paraguai por 10 dias – MAPA Medida foi anunciada durante encontro da Cosalfa, no Rio de Janeiro, que terminou nessa quarta-feira Os 11 países membros da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa) anunciaram a realização de uma missão técnica multinacional ao Paraguai na região do foco a partir desta quinta-feira, 1° de dezembro. A decisão foi anunciada ontem (31/11) no final da 4ª Reunião Extraordinária da Cosalfa, no Rio de Janeiro. Um grupo de oito técnicos do Comitê Veterinário Permanente do Mercosul (CVP) e do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa), entre eles um epidemiologista do Brasil, permanecerá no Paraguai até o dia 10 de dezembro. O objetivo da viagem é avaliar a situação in loco e apontar medidas corretivas e futuras atuações conjuntas. A partir desta quinta-feira também ocorrerá uma reunião com os estados integrantes da área livre de aftosa com vacinação, em Brasília. O objetivo do encontro, que se estende até 2 de dezembro, é avaliar o Plano Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) e analisar a possibilidade de ampliação da zona livre da doença. O diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e presidente da Cosalfa, Guilherme Marques, explica que o Brasil é mais pró-ativo porque tem como meta o reconhecimento de todo o território como livre de aftosa com vacinação até 2013. “Precisamos de incrementos nos serviços veterinários estaduais. É por isso que as estratégias regionais e internacionais são fundamentais”, declara. A decisão contempla uma das recomendações definidas na 21ª. reunião de ministros do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), em Brasília. Durante o encontro, que ocorreu nos dias 22 e 23 de novembro, os ministros defenderam que todos os países da região prestem o apoio necessário ao Paraguai. Defenderam ainda que as autoridades paraguaias recebam os profissionais do CVP para desenvolver atividades relacionadas á melhoria do status sanitário. Desmistificando a agricultura familiar – Sou Agro Rivalidade entre “agricultura familiar X empresarial” é um campo de batalha ideológico. Atividades não são concorrentes, ambas têm seu espaço garantido na contribuição ao desenvolvimento do País Em um país com a extensão territorial do Brasil, quase toda a definição corre o risco de ser generalista e não explicar o cerne da questão. É o que acontece com o termo agricultura familiar. No imaginário coletivo, principalmente de quem não tem relação direta com o campo, o pequeno produtor é o jeca tatu, capiau, camponês, etc. Para esclarecer os diferentes pontos de vista sobre o tema, na semana passada, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) promoveu o seminário “Desmistificando a Agricultura Familiar no Brasil”. Até 1995, o governo brasileiro tratava a agricultura como uma coisa só. Mas naquele ano os pequenos agricultores foram contemplados com uma política específica com a criação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf. Onze anos depois, no governo Lula, o programa ganhou forças com a lei 11.326/2006, que aperfeiçoou os conceitos e diretrizes voltadas à formulação de políticas públicas para a agricultura familiar e empreendimentos rurais familiares. “No começo, o Pronaf se restringia a crédito, mas depois se tornou mais abrangente”, explica a professora Marly Teresinha Pereira, que foi secretaria executiva do Pronaf no Estado de São Paulo em 2007 e 2008. Inicialmente o Pronaf foi gerido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mas hoje está sob a competência do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e abrange públicos distintos: silvicultores, aquicultores, pescadores, extrativistas, comunidades quilombolas, etc. Segundo o último censo agropecuário, o de 2006, a agricultura familiar abrange um universo de 4,37 milhões de estabelecimentos rurais. Desse total, 2 milhões de agricultores têm a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Em outras palavras, eles preenchem os seguintes requisitos: área de até quatro módulos fiscais; utilizar mão de obra familiar, em caso de empregados, o máximo permitido são dois; morar na propriedade ou próximo dela; ter uma renda bruta anual de até R$ 110 mil. Ideologia Mas de onde vem essa imagem do Jeca Tatu? “Temos um milhão de famílias rurais em situação de pobreza. Cada um classifica como quer, se a pessoa tem preconceito pode dar este nome, mas na verdade são agricultores pobres”, diz Hur Bem Corrêa da Silva, assessor técnico do Departamento de Assistência Rural do MDA. “São o que eu chamo de agricultores e subsistência, os que estão fora do mercado e recebem bolsas compensatórias: bolsa família, etc”, diz Marly. A outra parte, pouco mais de um milhão, está na fase de transição, começando a se consolidar como agricultores mais viáveis economicamente. Essa nuance do setor muitas vezes confunde as pessoas e as levam à dicotomia: agricultura familiar X agricultura empresarial. “Esse campo de batalha é ideológico e acontece no âmbito das lideranças sob o aspecto político e partidário”, diz Marly. “Eles não são concorrentes: o agro empresarial tem seu espaço garantido pela contribuição ao desenvolvimento econômico do País e a agricultura familiar também”, diz Silva. Quanto à tecnologia, as duas vêm se mecanizando a medida do possível. A grande diferença está na gestão da propriedade. Na agricultura familiar, a família toca o seu negócio. “Ela pode fazer investimentos que nem sempre são lucrativos, mas o faz em função de necessidades familiares”, diz Silva. Já na agricultura empresarial, a lógica é a do mercado. Questionamentos A evolução dos beneficiários do Pronaf é fato. No entanto, como toda política pública, há alguns questionamentos. Um deles foi levantado pela academia. “A lei fala em agricultores rurais, mas há muitos produzindo em áreas urbanas e periurbanas”, diz Marly. Outro adendo é na restrição de dois empregados. “Isso deveria variar de atividade para atividade. O agricultor familiar que produz flores precisa de mais de dois funcionários”, completa Marly. Para Edivando Soares de Araújo, pescador em Barra Bonita (SP), a burocracia é o principal entrave. “Precisamos ter a carteira de pescador para poder pescar. Na minha comunidade, tem pescador que mandou renovar há seis meses e não está pronto”, diz. Já para o índio Anildo Lulu, produtor de mandioca da região de Bauru, “a dificuldade é acessar o recurso, porque no passado, alguns índios pegaram crédito, mas não tiveram assistência técnica, não produziram e não pagaram”. A conversibilidade do real – O Estado de SP Nathan Blanche A conversibilidade cambial é tema bastante debatido na literatura acadêmica. Uma moeda pode ser tida como conversível quando for capaz de liquidar transações financeiras livremente, ou seja, sem restrições ou dificuldades à compra e venda. E, para tal, são necessários dois pré-requisitos: solidez macroeconômica e segurança jurisdicional. Do lado econômico, um país terá moeda conversível quando os agentes, residentes ou não, forem capazes de trocar recursos por outras moedas em transações comerciais. Isso só ocorrerá quando agentes que receberem determinada moeda confiarem em sua capacidade de preservação patrimonial. Ou seja, se a gestão macroeconômica é consistente e não gera perdas aos detentores dessa moeda via inflação ou intervenção direta na taxa de câmbio. Repare-se que isso não implica as taxas não estarem sujeitas a flutuações e riscos, só que não existem evidências estruturais que levem a crer numa perda de valor por má gestão macroeconômica ou jurisprudencial. A gestão macroeconômica consistente de um país é condição necessária - ainda que não suficiente. No Brasil, a adoção do tripé macroeconômico em 1999 fez com que o País caminhasse para a conquista da confiança dos não residentes. Em 2000, nosso passivo externo tinha 53% da sua composição denominada em moeda estrangeira, resultado da falta de confiança na moeda local. Antes da crise de 2008, esse patamar chegou a 25% e, mais recentemente, a 30%. Em julho deste ano, o total desses passivos somou US$ 1,4 trilhão. Como base de comparação, a Austrália, cuja moeda é tida como conversível, tem 45% do passivo externo em moeda estrangeira. No Chile, cuja política macroeconômica é reconhecidamente consistente, o patamar é próximo a 40%. O Brasil tem moderno e sofisticado mercado financeiro e de capitais, regulação prudencial e sistema bancário sólido. Empiricamente, pois, uma sólida base para a conversibilidade do real. Mas, do ponto de vista jurisdicional, somos totalmente inabilitados a exercê-la. A legislação que rege operações cambiais tem seus fundamentos em conceitos anteriores à 2.ª Guerra Mundial, tendo sofrido modificações decorrentes da tentativa de liberação cambial na esteira do Tratado de Bretton Woods e pela lei de registro de capitais estrangeiros dos anos 60 (Lei 4.131). Dentro do arcabouço arcaico dessa legislação, nos últimos 20 anos - as normas que introduziram o dólar turismo datam do final dos anos 80 e a regulamentação da Transferência Internacional de Reais (TIR), do início dos anos 90 -, buscou-se criar fendas à maior liberdade para remessa, manutenção e ingresso de moeda estrangeira, ampliando hipóteses em que as operações poderiam ser realizadas. Mais recentemente, nova legislação federal suprimiu a exigência de prestação de cobertura cambial nas exportações, um dos dogmas do regime de controle cambial. Convivemos ainda com conjunto de normas - entre leis, decretos, resoluções e circulares - de tal complexidade que a compreensão sobre o que é ou não permitido em operações cambiais é privilégio de alguns iniciados, com um grau de divergência inaceitável para um sistema que se pretende estável. As normas que regulam operações cambiais procuram detalhar diversas situações em que agentes autorizados a operar o câmbio podem comprar e vender moeda estrangeira, sujeitando simples operações a um conjunto de registros e assinaturas de documentos. Exemplo clássico dessa situação é o verdadeiro pavor que o sistema bancário nacional tem de abrir e operar contas de não residentes, as CC5 - em referência à Carta Circular n.º 5 do Banco Central. Há grande temor de que alguma operação possa ser considerada ilegítima. Como a Austrália, o Brasil tem baixo nível de poupança doméstica, mas, dadas as restrições à entrada de capital estrangeiro, tem limitados seu nível de investimentos e o crescimento potencial. O prêmio de risco (CDS) da Austrália está em 70 pontos e o do Brasil, em 170, onerando de forma substantiva nosso financiamento externo. A atual crise externa deve se prolongar e, com ela, virá a escassez de crédito, que se fará mais seletivo. A relação de confiança com o capital externo se torna, então, crucial. A conclusão é de que urgem medidas do governo para modernizar o aparato cambial, sob o risco de perdermos mais uma oportunidade de alavancar o crescimento. O colunista Celso Ming está em férias. Nathan Blanche é Sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada Algo para comemorar, mas muito ainda para fazer – Valor Online Roberto Abdenur Cresce e se consolida a economia brasileira. Não obstante, temos ainda muito a fazer para reduzir aquele nível de atividades que não está nos registros oficiais, que está à margem da economia formal. Chama-se a isso de economia subterrânea, aquela que não aparece na superfície formal, não paga impostos, taxas nem tributos. E, naturalmente, prejudica o desenvolvimento econômico de um país e compromete as relações de trabalho e o ambiente de negócios. A informalidade traz prejuízos diretos para a sociedade, ao criar um ambiente de transgressão e estimular o comportamento econômico oportunista, com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia. Além disso, provoca a contração dos recursos governamentais destinados a programas sociais e a investimentos em infraestrutura. É difícil saber o tamanho exato da economia subterrânea, mas é possível estimá-lo e ter uma ideia aproximada. Em 2006, a pedido do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV) desenvolveu um método de estimar o tamanho dessa economia. O acesso ao crédito e a formalização do emprego são algumas das explicações para a queda da informalidade Esse trabalho vem sendo feito desde então, com análise retrospectiva, chegando até 2003. Como resultado disso, em 2003, a estimativa apontou que a economia subterrânea chegava a 21% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, um valor de R$ R$ 570 bilhões. De 2007 a 2009, a estimativa mostrou que o tamanho da economia subterrânea ficou no patamar médio de 19%, ou seja, em torno de R$ 640 bilhões, o que correspondia ao tamanho da economia da vizinha Argentina, ou duas vezes a economia do Chile. Nesses anos, registrou-se uma certa estabilização do índice, que crescia em ritmo próximo ao do PIB. Já se considerava um bom indício o fato de a economia subterrânea não crescer relativamente ao PIB. Nos países desenvolvidos da Europa, por exemplo, a economia subterrânea gira em torno dos 10% do PIB. Por outro lado, há países do Terceiro Mundo em que se estima algo como 40% da economia à margem da formalidade. Assim, uma média de 19% já não era tão ruim. Contudo, cresce e se consolida a economia brasileira. E a boa notícia é que esse índice baixou em 2011. O índice de 2010 indicou que o tamanho da economia subterrânea estava menor em relação ao PIB, baixando para o patamar de 17%. Mais precisamente, 17,7%, ou R$ 651,7 bilhões. A porcentagem diminuiu, embora seu valor em reais fosse maior, porque também o PIB cresceu, cenário per si alvissareiro. Portanto, um avanço em todos os sentidos. Não somente porque a economia brasileira vem crescendo consistentemente, como a parte não declarada desse produto vem se contraindo. A previsão para 2011, com base nessa tendência de queda, é de 17,2% do PIB, ou R$ 613 bilhões. Essa comprovação depende dos resultados finais do ano que ainda serão divulgados no primeiro semestre do ano que vem. De que consiste, afinal, a economia subterrânea? Seria "simples" se toda a economia subterrânea viesse de atividades 100% paralelas. Mas uma parte da economia formal também guarda suas informalidades. No caso de sonegação de impostos, por exemplo, existe uma linha tênue de variações. Tanto profissionais quanto empresas exercem parte de suas atividades na legalidade e parte na informalidade, ainda que por circunstâncias diversas. As expressões "por fora" ou "caixa dois" retratam claramente o que se faz para repartir o formal do informal. Por essa razão, o esforço tem sido no sentido de esclarecer a população da importância de que a circulação de bens e serviços aconteça dentro de um processo formal e regular, dentro da economia e não por fora dela. Mas a conscientização é apenas um primeiro passo, e sabemos que as mudanças ocorrem quando há mais do que isso. Ocorrem quando há uma pressão ou uma necessidade real de mudança. A queda no índice de 2011 mostra que houve uma real necessidade de mudar a relação de trabalho e valorizar a formalização do emprego. Uma das explicações para isso é, sem dúvida, o acesso ao crédito. Em um contexto de estímulo ao consumo por meio de linhas de crédito, a exigência de comprovações de renda formal para obtenção de financiamento acaba estimulando a formalização do emprego. Ao mesmo tempo, o empregado com carteira assinada acaba percebendo a maior segurança em não adquirir produtos informais e se torna mais sensível ao apelo e às vantagens da formalização. Isso pode levar, pelo menos para os otimistas, a um círculo virtuoso da economia. A própria globalização tem sido uma mola propulsora nesse sentido, já que exportação e importação exigem documentações de todos os tipos. A modernização institucional do Brasil também contribui, estimulando a livre concorrência dentro de mecanismos de mercado legítimos em todos os sentidos. O crescimento econômico, o aumento da formalidade no emprego, a redução da economia subterrânea e uma rara confiança no futuro do Brasil formam cenário auspicioso. É dever dos poderes públicos e autoridades, como, de resto, de toda a sociedade, manter um olhar crítico e constante sobre essa questão. É o momento de nos apossarmos desse salutar avanço da economia brasileira e dar continuidade a uma política econômica que tem contribuído para colocar o Brasil na direção de níveis mais elevados de desenvolvimento. Roberto Abdenur é diplomata e presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) – Valor Online Guerra aos clones na Europa ameaça exportadores de gado Shane Romig e John W. Miller - The Wall Street Journal A União Europeia está preparando restrições à venda de carne derivada de animais clonados, abrindo um novo fronte na batalha que envolve a engenharia alimentar contra poderosos produtores modernos, como a Argentina, onde os produtores cada vez mais clonam bovinos, suínos e outros gados. A Comissão Europeia, o conselho executivo do bloco, está trabalhando na proposta de um veto ou plano de rotulação rigoroso para a importação de carne, laticínios e outros produtos derivados dos descendentes de animais clonados, dizem os oficiais da UE. A União Européia, na verdade, não importa um grande volume de carne, mas a batalha faz parte de um conflito maior que envolve o futuro da agricultura global e reflete outras disputas envolvendo organismos geneticamente modificados, ou transgênicos, a presença de hormônios na carne e de cloro na produção de frango. Enquanto isso, a Argentina está emergindo como o porta-estandarte da carne clonada. Cinco operações pioneiras no país encheram seus currais de clones bem-sucedidos, recebendo o apoio - e pouca interferência - do governo, das empresas privadas e universidades. "Não há razão científica para se regular a clonagem", diz o chefe de gabinete do Ministério da Agricultura argentino. "Em cinco ou seis anos, a Argentina será a maior exportadora de produtos transgênicos e clonados do mundo, mas temos que contornar a resistência da União Europeia." Como os produtores de culturas transgênicas descobriram, combater a aversão às vezes obsessiva da Europa aos alimentos modificados geneticamente é uma tarefa árdua. A maioria dos países da UE, com exceção da Dinamarca, permite a importação de carne derivada de clones, mas com 58% dos europeus contrários a essa noção, de acordo com uma pesquisa da Comissão Européia, os reguladores de Bruxelas estão debatendo uma proibição antes que a prática se torne comum. Atualmente, há menos de mil bovinos, porcos, cabras, mulas e cavalos clonados no mundo, afirma a Organização da Indústria de Biotecnologia, sediada em Washington. Mas esse número está crescendo e os custos estão caindo. Um relatório de 2009 da Parma, uma agência de segurança alimentar da Europa com sede na Itália, concluiu que os alimentos clonados não eram prejudiciais à saúde mas, por outro lado, a clonagem - em particular, o procedimento cirúrgico para a inseminação e a alta taxa de mortalidade no processo - é uma forma de crueldade contra os animais. "Muitos desses animais ficam doentes", diz Kartika Liotard, membro do Parlamento Europeu da Holanda que coordena o debate. Defensores da prática dizem que a clonagem de animais de qualidade superior pode potencialmente melhorar a genética e a produtividade, diminuindo custos. De acordo com David Edwards, diretor de biotecnologia animal da Organização da Indústria da Biotecnologia, a clonagem "é uma tecnologia de reprodução que ajuda os produtores a criarem animais mais saudáveis e contribuir para uma produção mais consistente de alimentos". Com preços que chegam a US$ 25.000 cada, os clones não seriam usados diretamente para o fornecimento de carne. A maior parte do seu valor vem da reprodução, diz Edwards. Kartika Liotard e outros membros do Parlamento Europeu buscam regras tão rígidas quanto possível, incluindo uma moratória não só à importação de animais clonados, como à carne da sua prole. Eles querem, no mínimo, uma rotulação rigorosa que reduza efetivamente desestimule a importação desse tipo de carne devido aos custos adicionais. Isso levou o Conselho Europeu, composto pelos chefes de Estado, a alertar sobre uma guerra comercial. Em março, as negociações entre os governos da UE, a CE e o Parlamento Europeu para regulamentar a importação de carne e laticínios derivados de animais clonados na Europa acabaram sem resolução. O Parlamento Europeu "quer uma solução enganosa e impraticável que requereria traçar uma árvore familiar para cada fatia de queijo, ou pedaço de salame", disse na época o ministro da Fazenda da Hungria, Sandor Fazakas. Ele e seu governo apoiam a autorização da clonagem na UE. "É um assunto muito delicado, e ainda estamos refletindo", disse Frederic Vincent, porta-voz de John Dalli, comissário da política de saúde e do consumidor. Segundo ele, a comissão deve propor uma legislação em 2012, ainda sem data marcada. Se a comissão adiar sua proposta, o Parlamento deverá impor sua própria lei, diz Kartika Liotard. Caso a UE vá adiante com este plano, certamente vai irritar grandes exportadores, como o Brasil, a Austrália, a Argentina e os Estados Unidos, que continuam fazendo experimentos com a clonagem e se uniram para incentivar outros governos a apoiar a prática. A Argentina está fazendo pressão para avançar de todas as formas. No laboratório de biotecnologia da Cabaña Milenium em Buenos Aires, os cientistas clonaram 11 animais, incluindo cabras, ovelhas, porcos e a estrela do show, Pascual, clone de um dos melhores touros Bradford do país. O proprietário, Miguel Mellano, exibe uma foto sua junto com a presidente Cristina Kirchner ao lado de uma cabra chamada Libertad, filha de matrizes clonadas. A empresa também oferece serviços de clonagem que serão incorporados à reprodução convencional, disse. "O desenvolvimento tecnológico é uma das minhas obsessões, porque é onde vamos tornar nossas vantagens agrícolas competitivas", disse Cristina Kirchner durante uma visita à Milenium, no ano passado. Para clonar animais, os cientistas retiram amostras da pele de matrizes altamente valorizadas, extraindo seu DNA e substituindo o DNA de um embrião em desenvolvimento pelo do progenitor desejado. O embrião é inserido numa fêmea que dá à luz uma cópia genética exata do animal em questão. Apesar da conclusão dos EUA de que a carne e o leite de descendentes de clones não oferecem nenhum risco adicional, a indústria precisa informar ao público sobre o processo de clonagem para superar a oposição, diz Larisa Rudenko, conselheira de biotecnologia para a FDA, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA. O Departamento de Agricultura dos EUA solicitou aos produtores de carne que mantenham os clones (mas não sua prole) voluntariamente fora de mercados que se opõem à prática. Governo de Minas encaminha à Assembleia projeto que visa melhorias no Ipsemg - AGÊNCIAMINAS BELO HORIZONTE (01/12/11) - Para aperfeiçoar e aprimorar o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), o Governo de Minas encaminhou à Assembleia Legislativa proposta que promove alterações na instituição. As mudanças foram negociadas e aprovadas por sindicatos que representam os servidores do Estado. Participaram das discussões e aprovaram as propostas o Sindicato Único dos Trabalhadores na Saúde (Sind-Saúde), Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Minas Gerais (Sindpúblicos), Sindicato dos Servidores do Ipsemg (Sisipsemg), Sindicato dos Técnicos de Tributação, Fiscalização e Arrecadação (Sinffaz), Sindicato dos Médicos (Sinmed), Sindicato dos Especialistas em Educação (Sindesp G), Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais (Asthemg) e Associação dos Servidores do Instituto Mineiro de Agropecuária (Assima). Os principais objetivos das mudanças são melhorar o atendimento aos usuários e equilibrar as finanças do instituto. Entre os benefícios para os servidores está a manutenção da gratuidade do plano para os filhos dependentes com idade até 21 anos. Além disso, está sendo ampliado o limite de idade dos filhos dependentes, independentemente se estudante ou solteiro. Os filhos com idade entre 21 e 35 anos poderão ser beneficiários, pagando, como contribuição, o valor do piso de R$ 30. Outra proposta do projeto vai beneficiar especialmente os professores e demais servidores que têm mais de um cargo no Estado. No modelo anterior, eles eram obrigados a contribuir mais de uma vez. O novo projeto prevê que será cobrada apenas uma contribuição, prevalecendo o valor do vínculo de maior remuneração. O novo modelo proposto pelo Governo de Minas se aproxima muito do adotado em outros estados. Na Bahia, por exemplo, o valor mínimo de contribuição por usuário é de R$ 26, contra os R$ 30 que estão sendo sugeridos em Minas. Já o valor máximo de contribuição em Minas será de R$ 250, contra R$ 290 na Bahia. No caso da contribuição máxima, Minas terá um dos valores mais baixos do país (R$ 250), na comparação com outros Estados. No Pará, por exemplo, a contribuição máxima é de R$ 500, no Mato Grosso de R$ 323, em Santa Catarina R$ 320 e em Goiás, R$ 295. “Com a proposta, será possível manter o plano de saúde dos servidores e seus dependentes inscritos e oferecer serviços com mais qualidade e segurança”, afirma a presidente do instituto, Jomara Alves. Novo modelo Entre os pontos propostos na mensagem enviada à Assembleia, está a instituição de um piso de contribuição no valor de R$ 30. Já o teto de contribuição passa dos atuais R$ 232 para R$ 250. Hoje, 359 mil beneficiários do Ipsemg não contribuem e 161 mil contribuem com valores entre R$ 1 e R$ 30. A proposta prevê ainda que os dependentes que não são filhos, como cônjuge, companheiro, pensionista e outros, contribuirão com o valor de 3,2% da remuneração do titular. Para este caso, também será aplicado o piso de R$ 30. O somatório das contribuições do segurado e dos dependentes nesta situação não poderá exceder o teto de R$ 250. O plano de saúde é um benefício facultativo e, no caso de Minas Gerais, a opção foi por manter o serviço e buscar o seu aprimoramento. Outros estados como Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins decidiram não oferecer o plano de saúde aos servidores. O Ipsemg deve fechar o ano de 2011 com mais de 11 milhões de procedimentos, entre consultas, exames, internações e cirurgias. Em 2010, foram 9,1 milhões e, em 2005, 6,3 milhões. As mudanças no Ipsemg foram enviadas à Assembleia Legislativa em uma emenda ao Projeto de Lei Complementar 22, que já está em tramitação. A previsão é que as alterações entrem em vigor a partir de janeiro de 2012. Produzir e preservar é possível – O Globo Carlo Lovatelli e Marcelo Duarte Os olhos do mundo se voltam para o Brasil quando o debate é sobre a necessidade de duplicar a produção de alimentos, pois a população do planeta somará 9 bilhões em 2050, segundo a ONU. Por que o Brasil? Certamente porque se leva em consideração o peso atual do nosso país: terceiro maior produtor de alimentos do mundo, primeiro produtor e exportador de açúcar, café, suco de laranja e álcool, e segundo principal produtor do complexo soja e de carne bovina. Mas o mundo olha também para o Brasil quando se debate o aumento de produção agrícola versus sustentabilidade, como se houvesse uma dicotomia entre ambas. É possível produzir e preservar. O mundo precisa se informar melhor sobre a realidade do agronegócio brasileiro e suas ações em matéria de sustentabilidade. Temos a legislação rural ambiental mais exigente do mundo, áreas de preservação permanente e de reserva legal inexistentes em nossos concorrentes — Europa e Estados Unidos. O estado de Mato Grosso, principal produtor brasileiro de soja, tem 62% de áreas de vegetação nativa, 28,5% de pastagens, 7,8% destinados à agricultura. A área preservada em Mato Grosso corresponde aos territórios da França e da Bélgica juntos. O Brasil é dos poucos países que desenvolvem o cultivo direto na palha e o controle biológico de pragas, práticas conservacionistas. Produzimos mais alimentos com menos recursos naturais: três safras na mesma área e no mesmo ano. Somos exemplo mundial em logística reversa: 98% das embalagens de defensivos são devolvidas para reciclagem. Aos poucos, o mundo toma conhecimento de que em cinturões da soja, como Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde, o nível de qualidade de vida das comunidades é mais elevado do que em outras regiões do país. O Brasil é uma potência agrícola graças à tecnologia e à saga das famílias que se deslocaram do Sul para as terras do Centro-Oeste, desenvolvendo a área do cerrado, semeando a principal cultura agrícola, a soja. Além do conhecido óleo de soja, utilizado na alimentação, um outro derivado desta oleaginosa, o farelo, é base para a ração de aves, suínos, peixes e gado, no mundo todo. O Brasil conquistou a posição de celeiro da humanidade por uma outra razão importante: muitos dos seus produtos agrícolas têm modelos de negócio competitivos, como a soja e a cana-de-açúcar, graças a pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Agora, Mato Grosso, estado onde ocorreu uma colonização produtiva, está dando um passo à frente no sentido de melhorar a eficiência na gestão da propriedade rural. O Programa Soja Plus, de gestão das fazendas de Mato Grosso, instituído em 2010, tem por objetivo mostrar aos produtores como fazer uma boa gestão das suas propriedades do ponto de vista trabalhista, produtividade, qualidade e responsabilidade social. Em 2011, cerca de 1.500 produtores de soja de Mato Grosso foram atendidos pelo Soja Plus com o fornecimento de materiais didáticos, realização de oficinas de campo e diversos cursos. O primeiro módulo do programa tratou de normas trabalhistas, saúde e segurança ocupacional. Em 2012, a ênfase será dada às melhores práticas de produção, planejamento de construções rurais e continuidade das ações de qualidade de vida no trabalho. A aprovação do novo marco regulatório ambiental — o Código Florestal — permitirá desenvolver atividades para adequar a propriedade rural à nova legislação, o que proverá a almejada segurança jurídica. O Soja Plus é um programa de melhoria contínua, não é uma certificação, e não tem custo para o produtor. Tem o intuito de se tornar o maior projeto em matéria de gestão da propriedade rural do país em um horizonte de dez anos. O avanço do agronegócio com o Soja Plus vai sedimentar o modelo de competitividade, preparando o produtor para atender às demandas por produtos mais sustentáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental. MARCELO DUARTE é diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso.