ISSN 0102-0536 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA The Brazilian Association for Horticultural Science IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28, 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/President Paulo César Tavares de Melo USP-ESALQ - Piracicaba Vice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes UFRPE - Recife 1º Secretário / 1st Secretary Valéria Aparecida Modolo IAC - Campinas 2º Secretário / 2nd Secretary Eunice Oliveira Calvete UPF-FAMV - Passo Fundo 1º Tesoureiro / 1st Treasurer Sebastião Wilson Tivelli IAC - Campinas 2º Tesoureiro / 2nd Treasurer João Bosco Carvalho da Silva Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190, 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9049 / 3385 9000 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores Associados / Associated Editors Alice Maria Quezado Duval Embrapa Hortaliças Antônio T. Amaral Júnior UENF - Campo dos Goytacazes Arminda Moreira de Carvalho Embrapa Cerrados Gilmar Paulo Henz Embrapa Hortaliças Marie Yamamoto Reghin UEPG - Ponta Grossa Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Paulo E. Trani IAC - Campinas Sebastião Wilson Tivelli IAC - APTA - São Roque Editores Científicos / Scientific editors Ana Cristina PP de Carvalho Embrapa Agroindústria Tropical Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Ana Maria Montragio Pires de Camargo IEA - São Paulo André Luiz Lourenção IAC - Campinas Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR - Curitiba Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Daniel J.Cantliffe University of Florida Derly José Henriques da Silva UFV - Viçosa Francisco Antônio Passos IAC - Campinas Francisco Bezerra Neto UFERSA - Mossoró Francisco Murilo Zerbini Junior UFV - Viçosa José Fernando Durigan UNESP - Jaboticabal José Magno Q. Luz UFU - Uberlândia José Orestes M. Carvalho Embrapa Rondônia Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Maria de Fátima A. Blank UFS - Itabaiana Maria do Carmo Vieira UFGD - Dourados Mônica Sartori de Camargo IAC - APTA - Piracicaba Paulo César T. de Melo USP-ESALQ Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge USP-ESALQ Roberval D. Vieira UNESP - Jaboticabal Rogério L. Vieites UNESP - Botucatu Ronessa B. de Souza Embrapa Hortaliças Rosana Fernandes Otto UEPG - Ponta Grossa Rovilson José de Souza UFLA - Lavras Vagner Augusto Benedito Samuel Roberts Noble Foundation - USA Valter Rodrigues Oliveira Embrapa Hortaliças Waldemar Pires de Camargo Filho IEA - São Paulo A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo AGRIS/FAO, AGROBASE, CAB, JOURNAL CITATION REPORTS, SciSearch® e TROPAG Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hb www.abhorticultura.com.br Programa de apoio a publicações científicas Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 Trimestral Títulos anteriores: V. V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. 1-3, 1961-1963, Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Editoração e arte/Composition Luciano Mancuso da Cunha Revisão de inglês/English revision Patrick Kevin Redmond Revisão de espanhol/Spanish revision Marcio de Lima e Moura Tiragem/printing copies 1.000 exemplares 418 Periodicidade até 1981: Anual. de 1982 a 1998: Semestral de 1999 a 2001: Quadrimestral a partir de 2002: Trimestral ISSN 0102-0536 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira de Horticultura. CDD 635.05 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 ISSN 0102-0536 SUMÁRIO/CONTENT * Artigos em inglês com resumo em português Articles in English with an abstract in Portuguese CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER 5; 137; 305; 426 ARTIGO CONVIDADO / INVITED ARTICLE *Produção e marketing de hortaliças para os mercados étnicos nos Estados Unidos *Production and marketing of vegetables for the ethnic markets in the United States FX Mangan; RU Mendonça; M Moreira; SV Nunes; FL Finger; ZJ Barros; H Galvão; GC Almeida; RAN Silva; MD Anderson Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica The Portuguese contribution to the production and consumption of vegetables in Brazil: an historical review NR Madeira; FJB Reifschneider; LB Giordano 6 428 CARTA AO EDITOR / LETTER TO EDITOR IHC 2010: Lisboa vai ter um grande congresso de horticultura A Monteiro; VG Saúco 306 PESQUISA / RESEARCH Adubação orgânica, manejo de irrigação e fertilização na produção de melão amarelo Organic fertilization, irrigation management and chemical fertilization on yellow melon production JO Souza; JF Medeiros; MCC Silva; AHB Almeida 15 Germinação e vigor de sementes de urucu Annatto seeds germination at different maturation stadia JC Lopes; RV Lima; CMP Macedo 19 Produção e composição química da macela em função da época de colheita Production and chemical composition of macela as a result of the harvesting dates AME Bezerra; S Medeiros Filho; LDM Oliveira; ER Silveira 26 *Biologia reprodutiva de cultivares monóicas e ginóicas de pepino em função do uso de AIB *Reproductive biology in monoecious and gynoecious cucumber cultivars as a result of IBA application V Diola; AI Orth; MP Guerra 30 *Índice de heterogeneidade da produção de abobrinha italiana em ambiente protegido e planejamento experimental *Heterogeneity index of zucchini yield on a protected environment and experimental planning S Feijó; L Storck; ADC Lúcio; SJ Lopes; DC Garcia; RH Carpes 35 Desenvolvimento da espinheira-santa sob diferentes intensidades luminosas e níveis de poda Development of holy-thorn under different light intensities and pruning levels JRP Souza; JN Rocha; H Morais; PH Caramori; LAPS Johansson; LV Miranda 40 Micropropagação do abacaxizeiro ornamental Protocol for in vitro micropropagation of ornamental pineapple M Pasqual; FC Santos; MA Figueiredo; KP Junqueira; JC Rezende; EA Ferreira 45 Crescimento e acúmulo de macronutrientes em chicória coberta e não coberta com polipropileno Growth and accumulation of macronutrients on chicory, covered or not with polypropylene AL Feltrim; AB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa 50 Processamento mínimo do melão Cantaloupe com uso de doses de cloreto de cálcio e quelato aminocálcico Fresh-cut of Cantaloupe melon using doses of calcium chloride and calcium amino acid chelate FLC Machado; RE Alves; EO Silva 56 Solução nutritiva para produção de menta em hidroponia Nutrient solution for mint production in hydroponic solution D Paulus; SLP Medeiros; OS Santos; E Paulus 61 Macronutrientes em cultivares de gérbera sob dois níveis de fertirrigação Macronutrients in gerbera cultivars under two fertigation levels F Ludwig; DM Fernandes; PRD Mota; RL Villas Bôas 68 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas Leaf area and aboveground biomass estimates in peach palm using allometric relationships A Ramos; MLA Bovi; MV Folegatti; AV Diotto Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado Physiological potential of Brassica seeds with emphasis to the accelerated aging test CJ Costa; MB Trzeciak; FA Villela Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção Performance of organically grown taro in relation to poultry litter doses FL Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; EE Silva; VV Silva; JAA Espindola *Fenologia e rendimento do inhame em função do período de repouso fisiológico dos rizomas-semente *Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes AP Oliveira; MF Moura; EU Alves; AU Alves; ANP Oliveira; FAP Leonardo; IS Cruz Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas Interaction between lettuce and tomato plants, in intercropping cultivation, established at different times, under protected cultivation AB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa; AL Feltrim; GS Silva; LC Grangeiro Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo Hydropriming seed treatment and plant field performance J Marcos Filho; ALP Kikuti Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes Postharvest conservation of bell pepper fruits under different storage conditions and films CMA Morgado; JF Durigan; J Sanches; VC Galati; FO Ogassavara Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro Effect of foliar KNO3 fertilization in the acclimatization of bromeliads grown in vitro AR Tavares; P Giampaoli; S Kanashiro; FFA Aguiar; EP Chu Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-praga Influence of the training systems of tomato plants on the incidence of diseases and insect-pests AF Wamser; WF Becker; JP Santos; S Mueller Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante Quality of lettuce seedlings depending on substrates with and without biofertilizer addition DC Medeiros; KCS Freitas; FS Veras; RSB Anjos; RD Borges; JG Cavalcante Neto; GHS Nunes; HA Ferreira Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em ambiente protegido Nitrogen and potassium fertilization of Aster ericoides cultivated in greenhouse MS Camargo; SC Mello; QAC Carmello *Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas *Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth D Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva Desempenho de cultivares de melão rendilhado em função do sistema de cultivo Performance of net melon cultivars depending on the cultivation system PF Vargas; R Castoldi; HCO Charlo; LT Braz Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos Copper availability determination in substrates AL Padua Junior; CA Abreu; PR Furlani; MF Abreu Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta Yield and quality of muskmelon fruits varying fruit and leaf numbers per plant RCF Queiroga; M Puiatti; PCR Fontes; PR Cecon Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico Evaluation of mulches on organically grown lettuce FF Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; JAA Espindola; MSF Ricci; MB Ceddia *Resistência de genótipos de batata (Solanum spp.) a Bemisia tabaci biótipo B *Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B MS Silva; AL Lourenção; JAC Souza-Dias; HS Miranda Filho; VJ Ramos; EA Schammass *Produção e acúmulo de nitrato em alface em função do fornecimento de nitrogênio e da adubação orgânica *Nitrate production and accumulation in lettuce as affected by mineral nitrogen supply and organic fertilization ML Pôrto; JC Alves; AP Souza; RC Araújo; JA Arruda 138 144 149 154 158 165 170 175 180 186 190 194 197 202 209 216 221 227 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 ISSN 0102-0536 Identificação dos citoplasmas “S”, “T” e “N” via PCR em populações de cebola no Vale do São Francisco Identification of “S”, “T” and “N” cytoplasm via PCR in onion populations in the Sao Francisco river Valley, Brazil CAF Santos; DL Leite; ND Costa; VR Oliveira; ICN Santos; MA Rodrigues 308 Produtividade da biomassa de melissa em função de intervalo de cortes e doses de nitrogênio Biomass production of Lemon balm as a function of cutting interval and nitrogen levels A May; OA Bovi; LV Sacconi; AG Samra; MQ Pinheiro 312 Viabilidade produtiva e econômica do consórcio entre chicória e rúcula em função da época de plantio Yield and economic feasibility of the endive and rocket intercropping, in function of the planting time AB Cecílio Filho; CC Costa; BLA Rezende; R van Leeuwen 316 *Resíduos de deltametrina, aplicada em diferentes formulações em pepino tutorado e ação do inseticida no controle da broca-das-cucurbitáceas *Deltamethrin residues applied at different formulations in staked cucumber and the actions of insecticides on pickleworm control GC Baptista; LRP Trevizan; AA Franco; RA Silva 321 Seleção para caracteres componentes de aparência e rendimento de tubérculo em plântulas de batata Selection for components of tuber appearance and yield in potato seedlings GO Silva; AS Pereira; VQ Souza; FIF Carvalho; R Fritsche Neto 325 Produtividade e pseudoperfilhamento do alho influenciados pelo nitrogênio, potássio e cobertura morta Yield and lateral shoot growing of garlic influenced by nitrogen, potassium and mulching PE Trani; MS Camargo; DE Foltran; R Hiroce; FB Arruda; HE Sawazaki 330 Variância e média da massa de frutos de abobrinha-italiana em múltiplas colheitas Variance and means of zucchini fruit mass in multiple harvest A Dal’Col Lúcio; RH Carpes; L Storck; SJ Lopes; LH Lorentz; AL Paludo 335 Crescimento de frutos do meloeiro sob diferentes relações fonte:dreno Fruit growth of melon plants submitted to different source:sink ratios TS Duarte; RMN Peil; EM Montezano 342 Efeito da carga de frutos e concentrações salinas no crescimento do meloeiro cultivado em substrato Effect of fruit load and saline concentrations on the growth of melon cultivated under protected environment TS Duarte; RMN Peil; S Bacchis; AS Strassburguer 348 Variabilidade genética para características agronômicas em progênies de alface tolerantes ao calor Genetic variability for agronomic characteristics in lettuce progenies with heat tolerance MCM Souza; LV Resende; DMenezes; V Loges; TA Souto; VF Santos 354 Produção de mudas de alface em substrato alternativo com adubação Production of lettuce seedlings using alternative substrates and fertilizer LAA Gomes; AC Rodrigues; LS Collier; SS Feitosa 359 Divergência genética em tomate estimada por marcadores RAPD em comparação com descritores multicategóricos Genetic divergence among tomato accessions using RAPD markers and its comparison with multicategoric descriptors LSA Gonçalves; R Rodrigues; CP Sudré; CS Bento; MM Moulin; ML Araújo; RF Daher; TNS Pereira; MG Pereira 364 *Análise sensorial e caracterização química de frutos de morango *Sensory analysis and chemical characterization of strawberry fruits JTV Resende; LKP Camargo; EJS Argandoña; A Marchese; CK Camargo 371 Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças Energetic balance and sustainability analysis in the organic production of vegetable crops JL Souza; VWD Casali; RHS Santos; PR Cecon 433 Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte Profile of minimally processed vegetable consumers in Belo Horizonte, Brazil R Perez; AM Ramos; ML Binoti; PHM Sousa; GM Machado; IB Cruz 441 *Desempenho do melão rendilhado em função da profundidade de gotejo e utilização de mulching *Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulching ROC Monteiro; RD Coelho; PCT Melo; P Ferraz; SWP Chaves; FH Shirahige; E Beltrame Neto; SMS Piedade 447 Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina Growth and N, P and K accumulation by melon irrigated with saline water JF Medeiros; SR Duarte; PD Fernandes; NS Dias; H Raj Gheyi 452 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processado Effect of chemical treatments on respiratory process and physical parameters of melon minimally processed ACA Miguel; GF Begiato; JRP Stein Dias; S Albertini; MHF Spoto 458 Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada Postharvest conservation of charentais melons treated with 1-MCP and stored under refrigeration and modified atmosphere PA Souza; FL Finger; RE Alves; M Puiatti; PR Cecon; JB Menezes 464 Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico Non-destructive quantification of chlorophylls in leaves by means of a colorimetric method CVT Amarante; DA Bisognin; CA Steffens; OZ Zanardi; EO Alves 471 Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São Francisco Evaluation of onion cultivars under organic cultivation in two soil types in the São Francisco Valley, Brazil ND Costa; JF Araújo; CAF Santos; GM Resende; MAC Lima 476 Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente Genotypic and phenotypic parameters for economically important traits of carrot GO Silva; JV Vieira 481 Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra Characterization of strains of Xanthomonas campestris pv campestris from organic farming systems and reaction of brassicas to black rot LA Santos; DA Bandeira; JP Silva; EB da Silveira; AMA Gomes; RLR Mariano 486 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMMUNICATION Interferência do excesso de água no solo e componentes de produção em beterraba Effect of excess of water on sugarbeet yield components RNT Costa; JP Vasconcelos; LA Silva; RLL Ness Qualidade fisiológica de sementes de cebola em função do estádio de maturação das umbelas Onion physiological seed quality in response to umbel maturation WM Nascimento; RA Freitas Estimativa da área da folha da batateira utilizando medidas lineares Evaluation of the potato plant leaf area using linear measures MCC Silva; PCR Fontes; RG Viana Adaptabilidade e estabilidade fenotípica de cultivares de cenoura Adaptability and phenotypic stability of carrot cultivars CD Oliveira; LT Braz; DA Banzatto Composição da matriz de encapsulamento na formação e conversão de sementes sintéticas de pimenta-longa Composition of the encapsulation matrix on the formation and conversion of synthetic seeds of long pepper JES Pereira; RS Guedes; FHS Costa; GCB Schmitz Avaliação de genótipos de cebola no Semi-Árido Nordestino Yield of onion genotypes in the semi arid region of Northeastern Brazil JO Souza; LC Grangeiro; GM Santos; ND Costa; CAF Santos; GHS Nunes Nutrição mineral do mangarito num Latossolo Vermelho Amarelo Mineral nutrition of Xanthosoma mafaffa under cerrado soil CA Costa; SJ Ramos; DS Alves; LA Fernandes; RA Sampaio; ER Martins Interferência de plantas daninhas no cultivo da melancia Weeds interference periods in watermelon crop CDG Maciel; JP Poletine; ED Velini; DRS Belisário; FM Martins; LS Alves *Effect of extrusion-cooking in total carotenoids content in cream and orange flesh sweet potato cultivars *Effect of extrusion-cooking in total carotenoids content in cream and orange flesh sweet potato cultivars MJO Fonseca; AG Soares; M Freire Junior; DL Almeida; JLR Ascheri Produção de mini-tubérculos de batata-semente em função de doses de nitrogênio aplicados ao substrato Minituber potato seeds yield as a result of nitrogen rates applied in the substrate PCR Fontes; JD Sampaio Júnior; MA Moreira; MA Guimarães; M Puiatti; ERG Lani Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita Tomato quality in different postharvest phases MD Ferreira; ATO Franco; ACO Ferraz; GGT Carmargo; M Tavares 74 78 83 88 93 97 102 107 112 116 231 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Volume 26 número 3 julho-setembro 2008 ISSN 0102-0536 Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio Fruit yield and quality of Piel de Sapo melon in two planting densities GHS Nunes; EWL Pereira; R Sales Júnior; F Bezerra Neto; KC Oliveira; LX Mesquita Indução de resistência à mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado Silicate compost used as resistance inductor against the leafminer on chrysanthemum RA Polanczyk; D Pratissoli; HS Paye; VA Pereira; FLS Barros; RGS Oliveira; RR Passos; S Martins Filho Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia Use of medicinal plants by the population of Ariquemes, in Rondônia State, Brazil MRA Santos; MR Lima; MGR Ferreira *Produção do feijão-fava e retorno econômico em função da adubação organomineral *Lima beans production and economic revenue as function of organic and mineral fertilization AU Alves; AP Oliveira; AU Alves; CSM Dornelas; EU Alves; EA Cardoso; ANP Oliveira; IS Cruz *Estabelecimento de segmentos nodais de alecrim-pimenta in vitro *In vitro establishment of pepper-rosmarin nodal segments AF Blank; AS Costa; MF Arrigoni-Blank; AB Mendonça; AS Ledo *Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas *Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth D Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico-sistema NFT Effects of the concentration of nutrient solution on lettuce growth in hydroponics-NFT system NN Cometti; GCS Matias; E Zonta; W Mary; MS Fernandes Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidas Rust control in the garlic culture with a new mixture of fungicides MDalla Pria; J Zagonel, EC Fernandes Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão Soil cationic ratios and its correlation with melon fruit quality NO Miranda; JF Medeiros; SLA Levien 236 240 244 251 255 259 262 268 271 Análise de crescimento de fáfia em função do tipo de propagação Growth analysis of fafia in relation to the propagation method used A May; OA Bovi; NB Maia; ARA Moraes; MQ Pinheiro 375 Influência do intervalo entre cortes sobre a produção de biomassa de duas espécies de capim limão Influence of the interval between cuts on biomass yield of two lemon grass species A May; OA Bovi; NB Maia; ARA Moraes; MQ Pinheiro; M Mario 379 Características fotossintéticas de batata cv. Baronesa e seu genótipo transformado geneticamente para resistência ao PVY Photosynthetic characteristics of potato plants, cv. Baronesa and its genetically transformed genotype for PVY resistance MA Bacarin; DD Schmitz; AR Falqueto; D Cassol; AC Torres; JA Peters; EJB Braga 383 Produtividade e qualidade pós-colheita de cebola adubada com doses crescentes de nitrogênio e potássio Yield and post-harvest quality of onion fertilized with increasing levels of nitrogen and potassium GM Resende; ND Costa; JM Pinto 388 Sazonalidade na produção de raízes e teor de β-ecdisona em acessos de fáfia Seasonal variation in root production and β-ecdisone content in pfaffia accessions C Corrêa Júnior; LC Ming; DAG Cortez 393 Reação de cultivares de alface a Thielaviopsis basicola Lettuce reaction to black root rot caused by Thielaviospsis basicola FC Sala; CP Costa; LD Teixeira; EG Fabri; SF Blat 398 *Reação de genótipos de melão a Rhizoctonia solani *Reaction of melon genotypes to Rhizoctonia solani SJ Michereff; DEGT Andrade; R Sales Júnior 401 Jussara palm seed germination under different shade levels Germinação de sementes de palmiteiro jussara sob diferentes níveis de sombreamento AR Tavares; DP Ramos; FFA Aguiar; S Kanashiro 492 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Volume 26 número 3 julho-setembro 2008 Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cereja Inheritance of fruit shape in cherry tomato group GM Maciel; EC Silva Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e pó de rocha Tomato seedlings production using substrates with coconut fiber and rock waste RA Sampaio; SJ Ramos; DO Guilherme; CA Costa; LA Fernandes Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças Mini Irrigas® sensor in determining the curve of water retention in substrates for vegetables RS Liz; AG Calbo; OA Carrijo; CAS Oliveira Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana Influence of planting times and zinc doses on crisphead lettuce GM Resende; JE Yuri; RJ Souza Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido Nutrients exportation and quality of rose cultivars in field and in a protected environment RL Villas Bôas; LJG Godoy; C Backes; CP Lima; DM Fernandes *Atividade respiratória e metabolismo dos pigmentos de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico *Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acid RA Kluge; MCD Vitti; FF Sasaki; AP Jacomino; CL Moretti 495 499 504 510 515 520 PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE Caracterização do modelo de cultivo protegido em Manaus com ênfase na produção de pimentão Characterization of the protected cultivation model in Manaus with emphasis on sweet pepper production AS Gama; HN Lima; MTG Lopes; WG Teixeira Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica Planting density of carrot cultivars for industrialization under organic and chemical fertilization JMQ Luz; IP Calábria; JV Vieira; B Melo; DG Santana; MAD Silva Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido Identification and quantification of tomato yield loss components in unheated greenhouse RA Loos; DJH Silva; PCR Fontes; MC Picanço *Produção e renda bruta de mandioquinha-salsa em cultivo solteiro e consorciado com cebolinha e salsa *Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping with the Japanese bunching onion and parsley NAH Zárate; MC Vieira; J Rech; A Quast; BCA Pontim; RP Gassi Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omisão de nutrientes Effect of macronutrient omission on growth and nutritional status on table beet AU Alves; RM Prado; ARO Gondim; IM Fonseca; AB Cecílio Filho Comportamento agronômico e qualidade culinária de feijão-caupi no Vale do São Francisco Agronomic and cooking quality of cowpea evaluated in the São Francisco valley, Brazil CAF Santos; GAA Barros; ICCN Santos; MGS Ferraz Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus Performance of lettuce cultivars in Manaus region IN Rodrigues; MTG Lopes; R Lopes; AS Gama; CP Milagres Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade de roseiras cultivadas em vaso Planting density and number of drains influencing the productivity of rose plants cultivated in pots TVA Viana; AM Alves; VF Sousa; BM Azevedo; RA Furlan Rendimento do maxixeiro adubado com doses de nitrogênio Yield of the gherkin plant fertilized with nitrogen doses AP Oliveira; ANP Oliveira; AU Alves; EU Alves; DF Silva; RR Santos; FAP Leonardo Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RN Yield and morphology of cowpea accessions in Mossoró, Rio Grande do Norte State, Brazil SB Torres; FN Oliveira; RC Oliveira; JB Fernandes Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto” Efficiency of Cucurbita maxima accessions as pollinators in the commercial production of pumpkin (‘Tetsukabuto’ type) WM Nascimento; KG Coimbra; RA Freitas; LS Boiteux 121 276 281 287 292 404 524 528 533 537 540 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 ISSN 0102-0536 NOVA CULTIVAR / NEW CULTIVAR ‘GLORIOSA’: Cultivar de alface americana tropicalizada ‘GLORIOSA’: Crisphead tropicalized cultivar Fernando C. Sala; Cyro P. da Costa 409 ÍNDICE ANALITICO / ANALYTICAL INDEX 543 AGRADECIMENTOS AOS REVISORES / THANKS TO REVIEWERS 546 INDICE DOS AUTORES / INDEX OF AUTHORS 548 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS 126; 296; 411; 551 ESPECIAL / SPECIAL Não mais faltarão hortaliças, e uma boa prosa, aos anjos do céu! PE Melo Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 131 carta do editor Prezados, Com esse número, encerramos mais um volume de Horticultura Brasileira, homenageando desta vez a contribuição lusitana à nossa mesa. Gostaria de rapidamente rememorar alguns avanços importantes que tivemos em 2008: 1. Ampliamos e renovamos a Comissão Editorial, já pensando em nos habilitar para a submissão eletrônica de artigos a partir de 2009. Aqui cabe o nosso agradecimento aos editores que nos deixaram, pelo trabalho realizado, e aos editores que permanecem e que recém-chegaram, por sua vontade de colaborar; 2. Conseguimos a nossa indexação internacional plena, que, além de ser um grande reconhecimento da excelência da revista, permitirá elevar a classificação da Horticultura Brasileira no sistema Qualis. Esta é uma conquista de todos, desde os autores, que nos tem brindado com seus melhores artigos, ao incansável trabalho dos assessores ad hoc e editores, de hoje e de outrora, que com sua dedicação ao longo de 26 anos, permitiram que a revista alcançasse essa posição de destaque. A indexação internacional coroa de êxito a opção inequívoca de Horticultura Brasileira pela qualidade e rigor científico. Infelizmente, para atingir esse objetivo, algum desconforto é sempre gerado, seja pela rejeição de alguns artigos, seja pelo tempo adicional às vezes necessário para completar a revisão de outros; 3. Aumentamos o número de trabalhos publicados em inglês. Aqui cabe o nosso agradecimento aos autores que permitiram à Horticultura Brasileira avançar neste quesito. Porém, precisamos aumentar ainda mais esse número, em especial se almejamos um fator de impacto condizente com a qualidade dos trabalhos que publicamos. E, de novo, alertamos a todos os autores: mesmo que seu trabalho tenha tramitado em outro idioma, é possível publicá-lo em inglês. Consulte o subitem “Idioma de Publicação”, ao final das Normas para Preparação e Submissão de Trabalhos. Nossos desafios para 2009 são, além de publicar os quatro números de Horticultura Brasileira (em si, já um grande desafio!), inaugurar o sistema de submissão eletrônica e reduzir o tempo médio de tramitação dos trabalhos. Contamos com a ajuda de todos para atingir tais metas! Até o próximo número, até 2009, Comissão Editorial 426 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Editor's Letter Dearest, This issue closes another volume of Horticultura Brasileira. This turn, we took the opportunity to recognize the Lusitanian contribution to our daily meals. I would like to briefly recall some important steps ahead we made in 2008: 1. We broadened and renewed the Editorial Board, with an eye at becoming able to trigger the electronic submission system. Here, we thank the editors who left, for the competent work they have done, and also who remains or is just arriving, for their will to contribute; 2. We achieved full international indexing, which in addition to be an important recognition of Horticultura Brasileira excellence, will allow us to ascend in the Qualis system. This is a collective triumph, from authors who have been sending us their best papers; to the tireless work of today and yesterday ad hoc reviewers and editors, whose dedication along 26 years made it possible to Horticultura Brasileira to reach this outstanding position. International indexing crowns with merit our unequivocal option for quality and scientific rigor. Unluckily, to reach this target we unavoidably cause some distress in the way, either when rejecting a paper or when additional time is here and there needed to complete the reviewing process; 3. We raised the number of papers published in English. Here we thank the authors who allowed us to advance in this respect. Nevertheless, we need to go much further if we long for an impact factor consonant with the quality of the papers we publish. We would like to remind authors, once again, that even when a paper is submitted and reviewed in another idiom, it is possible to have it published in English. For further information on that, please refer to “The Publishing Idiom”, in the end of the Guidelines for Preparation and Submission of Papers. Our challenges for 2009 are, in addition to publish the four issues of Horticultura Brasileira (quite a challenge in itself!), to launch the electronic submission system and to shorten the average time of the reviewing process. We count on everybody to reach these goals! See you in the next issue, see you in 2009 The Editorial Board Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 427 artigo convidado / Invited Article MADEIRA NR; REIFSCHNEIDER FJB; GIORDANO LB. 2008. Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica. Horticultura Brasileira 26: 428-432. Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica “Este Brasil é já outro Portugal, e não falando no clima que é muito mais temperado e sadio, sem calmas grandes, nem frios, e donde os homens vivem muito em poucas doenças, como de cólica, fígado, cabeça, peitos, sarna, nem outras enfermidades de Portugal; nem falando do mar que tem muito pescado, e sadio; nem das cousas da terra que Deus cá deu a esta nação...” Fernão Cardim, 1625. Nuno R Madeira1; Francisco JB Reifschneider1; Leonardo de B Giordano² 1 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; ² Pesquisador aposentado, Embrapa Hortaliças; [email protected] RESUMO ABSTRACT Após a descoberta do Brasil em 1500 e o início da colonização sistemática em 1530, os portugueses foram paulatinamente se estabelecendo ao longo do litoral brasileiro. Ocorreu então, promovido pelos colonos, navegadores e jesuítas portugueses um amplo processo de troca de plantas, dentre elas as hortaliças, entre Portugal, Brasil e as outras possessões portuguesas na África e na Ásia. Além de diversificar a alimentação, estas introduções serviram de material básico para o melhoramento genético, muitas vezes realizado de forma empírica, na adaptação destas espécies às condições edafoclimáticas brasileiras. A partir do século XVIII, intensificouse a imigração portuguesa para o Brasil em função da descoberta de ouro nas Minas Gerais, verificando-se também um forte surto urbano. Também, em meados do século XVIII, ocorreu a imigração sistematizada de açorianos para o Sul do Brasil. Com eles, muitas variedades de hortaliças, especialmente de cebola e cenoura. Em cebola, a maioria das variedades brasileiras são originárias deste material. A partir de seleção dentro da cultivar portuguesa Garrafal, originou-se a cultivar de cebola Baia-Periforme, cultivar mais plantada no Sudeste até o advento dos híbridos. Também as cebolas do tipo Crioula, até hoje as mais plantadas no Sul do Brasil, são originárias de material vindo dos Açores. Em cenoura, o chamado germoplasma tropical, também seleção de materiais trazidos pelos açorianos, foi base para o melhoramento genético de cenoura tropical, culminando com o lançamento da cultivar Brasília em 1981 até hoje o material mais plantado no verão. Os portugueses deixaram profundas heranças para a cultura brasileira, determinando alguns de nossos hábitos, entre eles os alimentares. No ano em que se completam 200 anos da vinda da família real portuguesa ao Brasil, aproveitamos a oportunidade para falar sobre as contribuições lusas na introdução, na produção e no consumo de hortaliças no Brasil. The Portuguese contribution to the production and consumption of vegetables in Brazil: an historical review Palavras-chave: Imigração, introdução de variedades, intercâmbio de germoplasma. Keywords: Immigration, introduction of varieties, germplasm exchange. After the discovery of Brazil in 1500 and the beginning of its systematic colonization in 1530, the Portuguese have gradually settled along the Brazilian coast. An extensive exchange of plants, including vegetables, took place among Portugal, Brazil and other possessions in Africa and Asia by the Portuguese colonizers, sailors and Jesuits. In addition to diversifying the food, these introductions served as basic materials for breeding, often carried out empirically, searching the adaptation of these species to Brazilian soils and climate. After the eighteenth century, with the discovery of gold in Minas Gerais, Portuguese immigration to Brazil was intensified, with a strong urban development. Also, in the middle of the eighteenth century, there was a strong and systematized immigration from Açores to the South of Brazil. With it, many varieties of vegetables, specially onion and carrot, were brought to Brazil. Most of the Brazilian varieties originated from this material. Cultivar Baia-Periforme, the predominant onion variety in the Brazilian Southeast until the advent of hybrids, originated from selection within the portuguese cultivar Garrafal. The Creole onions, still today the most planted in Southern Brazil, were originated from germplasm brought by the Azoreans. In carrots, the so-called tropical germplasm, formed by selection of materials brought by the Azoreans, was the basis for the genetic improvement of tropical carrot, culminating with the release of cultivar Brasilia, in 1981, the most planted cultivar in summer. The Portuguese have left a profound legacy for Brazilian culture, present in some of our habits, including food habits. In the year we are completing 200 years of the arrival of the Portuguese royal family to Brazil, it is our opportunity to mention the Portuguese contributions to the production and consumption of vegetables in Brazil. (Recebido para publicação em 15 de agosto de 2008; aceito em 31 de outubro de 2008) (Received in August 15, 2008; accepted in October 31, 2008) O Brasil foi achado, segundo termo empregado pelo jornalista e historiador Bueno (2000), pelos portugueses a 22 de abril de 1500, referindo-se ao descobrimento do Brasil como uma mera formalização da posse de territórios já anteriormente visitados por outros navegadores que, entretanto, não estavam autorizados a reivindicar a posse destes territórios em nome de suas respectivas coroas. E todos os bons e maus hábitos portugueses, como ressalta Antonil1 foram transportados da matriz para sua nova colônia (André João Antonil, 1711). A partir de 1500, os co- 1 “Se os senhores de engenhos, e os lavradores do assucar e do tabaco, são os que mais promovem hum lucro tão estimável, parece que merecem mais que os outros ser preferidos no favor, e achar, em todos os tribunaes, aquella prompta expedição que atalha as dilações dos requerimentos, e o enfado, e os gastos de prolongadas demandas” 428 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica lonos passaram a se estabelecer na nova possessão. De início, aqui foram deixados degredados, isto é, pessoas indesejáveis em Portugal como ladrões e traidores que tinham como pena o degredo no Brasil. Os primeiros colonos foram abandonados à própria sorte e acabaram sendo respeitados, temidos e acolhidos ou eliminados e até mesmo comidos pelos grupos indígenas que viviam no litoral. Nas primeiras décadas do século XVI, a imigração portuguesa para o Brasil foi pouco significativa, pois a Coroa Portuguesa adotou por estratégia investir na expansão comercial nos continentes asiático e africano, deixando suas possessões nas Américas para um momento posterior. Era gigantesco o desafio para a pequena população portuguesa pela enormidade do território sob seu controle, praticamente todo o litoral africano e grandes porções na Ásia, em especial na Índia e nas Molucas (parte da atual Indonésia). Entretanto, alguns anos após o descobrimento, piratas franceses e de outras nacionalidades começaram a rondar o território brasileiro, traficando principalmente paubrasil em terras sob domínio luso, o que obrigou a Coroa Portuguesa a começar efetivamente a colonização do Brasil. A coroa então dividiu a colônia em capitanias hereditárias em 1530 e repassou sesmarias a colonos que tinham um prazo para desenvolvê-las. Assim, segundo Bueno (2006), a verdadeira colonização do Brasil mediante a imigração sistemática, teve seu início em 1530 após a famosa expedição de Martin Affonso de Souza e a fundação da primeira vila brasileira, São Vicente, na Baixada Santista. Mais que uma simples Feitoria, a Vila de São Vicente desenvolveu-se, tornando-se sede de próspera capitania. A partir de então, numerosos portugueses foram paulatinamente se estabelecendo ao longo do litoral brasileiro, desde a foz do Amazonas até o estuário do Rio da Prata. Eram atraídos pela exuberância de sua natureza e prodigiosidade de seu solo adequado ao cultivo agrícola e ao pastoreio e, posteriormente, pelos tesouros em seu subsolo. A isso se aliava a relativa facilidade de obtenção do braço indígena trabalhador, pois os brasilíndios litorâneos eram pouco hostis aos primeiros desbravadores. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Vieram nesse período portugueses de todos os tipos: ricos fazendeiros, aventureiros, mulheres órfãs, degredados, empresários falidos e membros do clero. O foco da imigração foi o Nordeste brasileiro onde as plantações de cana-de-açúcar estavam em pleno desenvolvimento. Esta imigração ficou marcada pela masculinidade da população, em função da imagem do Brasil como uma terra selvagem e perigosa, difícil para as mulheres portuguesas, havendo inclusive o envio pela Coroa de mulheres órfãs para suprir a falta de mulheres portuguesas. Ainda assim, as mulheres indígenas e africanas, oriundas do florescente e terrível tráfico de escravos, acabaram por substituir a falta de portuguesas, acarretando ampla miscigenação (GNU FDL, 2008). Isso influenciou nossa cultura e, consequentemente, nossos hábitos alimentares, caracterizados pela mescla de sabores entre a grande diversidade de espécies exóticas introduzidas pelos colonizadores e de espécies nativas, efetivamente já utilizadas pela população indígena que habitava o Brasil. Em 1711, o famoso livro-marco da história do desenvolvimento brasileiro, o Cultura e Opulência do Brazil por suas Drogas e Minas escrito por Antonil, registrava com detalhes a produção de cana-de-açúcar e fumo e ressaltava a vastidão da pecuária em todo o território. Dava uma idéia detalhada dos processos sociais da agricultura e particularmente das relações entre o senhor do engenho e todos os outros que com ele interagiam e destacava a preponderância da agricultura sobre as minas. É interessantemente mudo com relação às hortaliças, já amplamente cultivadas no país. Possivelmente, a decisão estratégica de Portugal de reservar ao Brasil a posição de grande produtor de açúcar e fumo e concentrar as especiarias (entre elas olerícolas como o gengibre) no Oriente, apesar de ter inicialmente feito as introduções destas no Brasil, em Angola e em São Tomé já no início do século XVI. E Dom Manuel mandou-as destruir e proibiu o seu cultivo. É sabido, todavia, que a força das ordens reais perdia-se sempre na distância... Após a restauração, nome dado à reconquista da independência de Portugal em 1640, isto é, o regresso à sua independência plena em relação à Castela, em que por questões de herança as co- roas de Portugal e Castela couberam simultaneamente a Felipe II, III e IV de Castela em um regime de monarquia dualista que durou 60 anos, dá-se o reconhecimento de que Portugal perdera o comércio das especiarias orientais, levando o Rei de Portugal, D. Pedro II, a tentar estabelecer um novo pólo de especiarias no Brasil. Desde 1677, pelo menos, foram enviadas várias remessas de plantas vivas e sementes pelos barcos que aportavam no Brasil a caminho de Lisboa para as deixarem em vários locais do próprio Brasil e nas colônias da África (Ferrão, 1993). A introdução de hortaliças A colonização do Brasil pelos portugueses provocou, sem dúvida, um dos mais amplos processos de troca de plantas entre a Europa, as novas terras descobertas e as outras possessões na África e na Ásia. Do reino e das ilhas, os colonos e os navegadores portugueses trouxeram, além da cana-de-açúcar e da videira, outras fruteiras (limoeiros, laranjeiras, cidreiras, figueiras, romãzeiras) e as hortaliças (alfaces, couves, repolhos, nabos, cenouras, pepinos, espinafres, cebolas, alhos, mostardas, tomates, gengibres, inhames). Os Padres da Companhia de Jesus, que chegaram ao Brasil a partir de 1549, possivelmente foram ativos também na introdução de hortaliças no Brasil. As contribuições dos Jesuítas na introdução de algumas espécies, como a canela, é bem conhecida e documentada (Ferrão, 1993). Aos 21 de julho de 1773, o Papa Clemente XIV assinou o Breve “Dominus ad Redemptor” que suprimiu a Companhia de Jesus. É incalculável a contribuição dos jesuítas com relação à difusão do cultivo e do consumo de hortaliças durante os mais de duzentos anos de sua permanência no Brasil. Os legumes europeus foram introduzidos desde os primeiros anos de colonização. O padre jesuíta Fernão Cardim, que chegou ao Brasil em 1583, relata: “Melões não faltam em muitas capitanias, e são bons e finos; muitas abóboras que fazem conserva, muitas alfaces, de que também a fazem couves, pepinos, rabões, nabos, mostarda, hortelã, coentros, endros, funchos, ervilhas, gergelim, cebolas, alhos, borragens, e outros legumes que do Reino se trouxeram, que se dão bem na terra.” (Fernão Cardim; Ana Maria de Azevedo [ed lit], 429 NR Madeira et al. 1997). Os textos do padre Fernão Cardim foram escritos entre 1583 e 1601 e mantiveram-se inéditos durante séculos, só vindo a ser parcialmente divulgados em língua portuguesa em 1847. Na relação das hortaliças apresentadas pelo padre Cardim nota-se a ausência do tomateiro que, entretanto, encontrase presente na relação das hortaliças cultivadas no Brasil em trabalho publicado em 1730 e citado por Ferrão (2005). Portanto, pode-se depreender que, possivelmente, a introdução do tomateiro como cultura hortícola no Brasil ocorreu após 1601, época em que já havia sido introduzido na Espanha, Itália e Inglaterra. A introdução de várias espécies e variedades de hortaliças, além de diversificar a alimentação dos primeiros colonizadores, serviu de material básico para o melhoramento genético, na busca por uma melhor adaptação destas espécies às diferentes condições edafoclimáticas encontradas no Brasil. Outras introduções tornaram-se indispensáveis à culinária regional em algumas regiões brasileiras. Neste particular, destaca-se a tradicional “couve mineira”, herança de um dos produtos mais representativos da culinária portuguesa, que criou raízes profundas no solo mineiro devido à forte presença lusa na província das Minas Gerais durante o ciclo do ouro. Entretanto, deve-se ressaltar que em terras lusas as variedades de couve mais usadas são do tipo tronchuda, enquanto que no Brasil as couves do tipo manteiga “pé alto” adaptaram-se melhor. Outra contribuição, esta indireta e bem menos honrosa para os portugueses, mas que ocorreu de fato e que hoje resultou no enriquecimento ainda maior do miscigenado povo brasileiro, foi, em decorrência do tráfico de escravos promovido pelos portugueses, o fluxo de materiais africanos, como os inhames, o quiabo, o jiló e o maxixe, entre outros. A introdução dos “inhames” africanos e asiáticos no Brasil deve ter sido realizada nos primeiros anos da colonização portuguesa, pois serviam, nos navios, de alimento da tripulação e dos es- 430 cravos durante as longas viagens marítimas dos portugueses (Ferrão, 2005). Os “inhames” eram alimentos estratégicos para a armada portuguesa, à semelhança dos repolhos para a armada Holandesa, pois reduziam o aparecimento de escorbuto durante o período das grandes navegações. O inhame da espécie Dioscorea alata foi introduzido da Ásia e as espécies D. bulbifera, D. cayanensis, D. dumentorum e D. rotundata são originárias da África Ocidental (Ferrão, 1992), todas cultivadas nas regiões Norte/Nordeste do Brasil (Pedralli et al., 2002). O taro (Calocasia esculenta), comumente chamado de inhame no Sudeste e Sul do Brasil, cuja origem é o Sudeste Asiático e Oceania, foi outra cultura introduzida pelos portugueses na nossa dieta. Incentivo ao consumo e à produção de hortaliças A partir do século XVIII, intensifica-se a imigração portuguesa para o Brasil em função da descoberta de ouro nas Minas Gerais e do aprimoramento dos meios de transporte. No início do século XVIII, a cultura da cana-de-açúcar e as minas de ouro tornaram-se os principais motores da economia da colônia e o desenvolvimento e riqueza trazidos pelo ouro atraiu um grande contingente de colonos portugueses. O surto urbano que se deu na colônia graças à mineração fez crescer as ofertas de emprego para os portugueses, antes quase que exclusivamente rurais e, agora, profissionais do comércio. A maior parte desses imigrantes vieram do Minho, província ao Norte de Portugal, fixando-se principalmente na região CentroOeste e no estado de Minas Gerais. Pela vinda em larga escala de colonos, a língua portuguesa tornou-se dominante no Brasil em meados do século XVIII, em substituição ao tupi-guarani ou língua geral (GNU FDL, 2008). Particularmente, momento crucial e que este ano completa dois séculos, foi a vinda da família real e sua comitiva em 1808 (mais de oito mil pessoas), a elite da sociedade portuguesa. Por uns é vista como uma fuga covarde e por outros como uma estratégia de guerra. Fato é que esta medida poupou Portugal do inevitável massacre frente às tropas napoleônicas. E o gosto dos portugueses pelas terras d’além mar foi tanto que o Rei D.João VI ficou por aqui por 13 anos, regressando à Portugal somente em virtude de percalços políticos que o obrigavam a isso. Chegando ao Rio de Janeiro, em 08 de março de 1808, e instalando-se abusivamente nas casas dos senhores mais abastados, ao assumir a rotina diária, os portugueses sentiram falta de seus alimentos e passaram a promover sua produção e consumo em maior escala. Consigo traziam novas cultivares de couve, cenoura, cebola, batata, alface, entre outras hortaliças. Esta demanda e a resultante abundância de hortaliças no Brasil imperial de 1853 é detalhadamente descrita por Custódio de Oliveira Lima no “A Guia do Jardineiro – Horticultor e Lavrador Brazileiro ou Tratado Resumido e Claro Ácerca da Cultura das Flores, Hortaliças, Legumes, Fructos e Cereaes; da Criação e Tratamento das Abelhas, Bicho da seda, Animaes e Aves Domésticas”. Seu terceiro capítulo (Das hortas, e das Searas), aborda diversos aspectos, citando que a horticultura ou arte do hortelão demanda mais cuidados que a agricultura propriamente dita, exigindo do horticultor dedicação diária, e que a horticultura não se pode aplicar a grandes terrenos. Já fala de algumas sugestões de rotação de culturas como o plantio de cebola após couves. São discutidas mais de 50 hortaliças, incluindo: abóbora, acelga, aipo, chicória, almeirão, alface (250 variedades, com três raças principais: repolhuda, crespa, romana ou orelha de mula), alcachofra, alho, anil, azedinha, batata (brancas, amarelas, cinzentas, violáceas, compridas, redondas), batata doce, berinjela, beterraba, borragem, cardos, cebola, cenouras (branca longa, branca redonda, amarela longa, amarela redonda, roxa de Hespanha, curva de Holanda e vermelha da Alemanha), chalotas, chicórias, coentro, couves, repolho, couve flor e brocos, chus-chus ou caiota da Ilha da Madeira, espargos, espinafres, favas, grão de bico, hervilha, inhame ou girassol batateiro, lentilha, melancia, melão, morangueiro, mostarda, nabo, nabo da SuéHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica cia, ortelãa, ouregões, pastel, pepino, pimentão, pimpinella, rabãos, rabanetes, ruiva, salsa, tomates e túbara da terra. A contribuição específica dos Açorianos O fluxo de imigrantes açorianos contribuiu marcadamente para o desenvolvimento da agricultura brasileira. A imigração dos Açores para o Brasil foi esporádica até 1617, quando se estabeleceu um contrato para o transporte de 1000 açorianos, sendo os mesmos instalados no Maranhão. Entretanto, foi durante o reinado de D. João V que se efetivou a vinda de maiores levas de açorianos, quer seja para o Norte/Nordeste (Pará, Maranhão) e principalmente para a Região Sul (Silva, 1994). No Sul, a colonização açoriana instalou-se principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul por decisão regulamentada pelo Conselho Ultramarino, de modo a ocupar uma região que vinha sendo ameaçada pela expansão espanhola proveniente do Prata. O primeiro transporte de açorianos chegou ao Sul do Brasil em 1748, após três meses de viagem em pequenos navios mercantes (Wiederspahn, 1979). Nos Açores, o excesso demográfico atingia níveis intoleráveis e a miséria grassava, resultado da baixa produção agrícola. Assim, o recrutamento de colonos ilhéus foi a solução para os açorianos e para o governo português que precisava povoar efetivamente o Sul do Brasil. A Coroa oferecia vantagens aos colonos: passagem gratuita, um pequeno lote de terra, ferramentas agrícolas, sementes, duas vacas, uma égua e farinha suficiente para um ano. Único foco de colonização de povoamento no Brasil colônia, buscavam uma vida melhor e não somente enriquecimento. Santa Catarina recebeu 4.612 colonos em 1748, 1.666 em 1749, 860 em 1750 e 679 em 1753, duplicando a escassa população da capitania. Outros tantos rumaram para o Rio Grande do Sul, fixando-se ao longo do litoral. No final do século XVIII, quase todo o Sul estava incorporado ao domínio português, predominando no litoral as pequenas propriedades agrícolas e no interior as grandes estâncias. Os açorianos reforçaram a presença lusa de Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Santa Catarina ao Prata e o predomínio da língua portuguesa, enquanto núcleos de resistência à expansão espanhola (GNU FDL, 2008). Introduziram seus costumes e hábitos, inclusive alimentares, trazendo consigo variedades hortícolas que, após seleção empírica pelos agricultores, formou o que hoje chamamos de germoplasma nacional, base do melhoramento genético em algumas hortaliças para as condições edafoclimáticas brasileiras. Particularmente no caso da cebola, as cultivares introduzidas sofreram um processo de seleção pelos produtores, dando origem a diversas populações mais adaptadas às novas condições de cultivo, mais resistentes a doenças e com melhor conservação pós-colheita (Melo et al., 1998). A cultivar Garrafal, oriunda de Portugal, após vários ciclos de seleção, muitas vezes empírica, deu origem à cultivar Baia-Periforme (Lisbão, 1993). Até o advento dos híbridos importados na década de 1990, a cultivar Baia-Periforme foi a cultivar de cebola mais plantada no Sudeste. Também as cultivares do tipo Crioula são originárias de material trazido pelos açorianos (Bendjouya, 1980), provavelmente de origem egípcia, sendo até hoje plantadas no Sul do Brasil. Em cenoura, o germoplasma nacional ou tropical foi coletado por pesquisadores da Embrapa Hortaliças (então UEPAE de Brasília) em 1976 no Município de Rio Grande, sul do Rio Grande do Sul (Vieira et al., 1983), aonde vinha sendo cultivado por descendentes de imigrantes açorianos, constituindo-se em base genética para o melhoramento de cenoura visando adaptação às condições climáticas tropicais. Este esforço de pesquisa culminou com o lançamento da cultivar Brasília, em 1981, e que até os dias atuais é o material mais plantado durante o verão. Tendo a cultivar Brasília como material básico, foram selecionadas novas populações de plantas pelas empresas privadas de sementes, gerando algo como uma dezena de novas cultivares para verão. Foi este material genético que permitiu a produção de cenoura em praticamente todo território nacional, assim como a produção ao longo do ano em muitas regiões. Os portugueses deixaram profundas heranças para a cultura brasileira e também para a etnicidade do povo brasileiro. Hoje, a maioria dos brasileiros têm alguma ancestralidade portuguesa. Certamente, a influência da colonização portuguesa em terras d’além mar foi fundamental em muitos fatores do nosso dia-a-dia, determinando muitos dos hábitos que temos hoje, entre eles os alimentares. Portanto, neste ano em que se completam 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil, momento histórico marcante para o desenvolvimento do nosso país, como integrantes da Associação Brasileira de Horticultura, agradecemos o convite e a oportunidade de falar um pouco sobre as contribuições lusas (ou como dizemos carinhosamente “da terrinha”) na introdução, na produção e no consumo de hortaliças no Brasil. Finalmente, a título de reflexão, é importante lembrarmos do passado como forma de entender o presente e muito do que somos hoje e como base para planejar nosso futuro enquanto indivíduos, sociedade e nação. REFERÊNCIAS AMARAL L. 1958. História Geral da Agricultura Brasileira no tríplice aspecto político-socialeconômico. Volume II. 2a. ed., São Paulo: Companhia Editora Nacional. 385 p. ANTONIL AJ. 1923. Cultura e Opulência do Brazil por suas Drogas e Minas, com um estudo bio-bibliographico por Affonso de E. Taunay. São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo. 280 p. BENDJOUYA B. 1980. Aspectos gerais da cultura da cebola no Rio Grande do Sul. Ipagro Informa, 22: 7-13. BUENO E. 2000. A viagem do descobrimento - A expedição de Cabral e o achamento do Brasil. Cascais: Editora Pergaminho. 131p. BUENO E. 2006. Náufragos, traficantes e degredados. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. 160 p. CARDIM F; AZEVEDO AM. [ed lit]. 1997. Tratados da Terra e Gente do Brasil. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 337 p. FERRÃO JEM. 1993. Especiarias. Lisboa: IICT. 413 p. FERRÃO JEM. 2005. A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses. Lisboa: FCT. 287 p. 431 NR Madeira et al. LISBÃO RS. 1993. Cebola. In: FURLANI AMC; VIÉGAS GP. (Eds). O Melhoramento de Plantas no Instituto Agronônico. Campinas: IAC. p.254-269. MELO PCT; RIBEIRO A; CHURATA-MASCA MGC. 1988. Sistemas de produção, cultivares de cebola e o seu desenvolvimento para as condições brasileiras. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE CEBOLA, 3. Anais... Piedade: ABH. p. 27-61. 432 OLIVEIRA LIMA C. 1853. A Guia do Jardineiro – Horticultor e Lavrador Brazileiro ou Tratado Resumido e Claro Ácerca da Cultura das Flores, Hortaliças, Legumes, Fructos e Cereaes; da Criação e Tratamento das Abelhas, Bicho da seda, Animaes e Aves Domésticas. Rio de Janeiro: Eduardo & Henrique Laemmert. 470 p. PEDRALLI G; CARMO CAS; CEREDA M; PUIATTI M. 2002. Uso de nomes populares para as espécies de Araceae e Dioscoreaceae no Brasil. Horticultura Brasileira 20: 530-532. SILVA MBN. (Coord.). 1994. Dicionário da História da Colonização Portuguesa no Brasil. Lisboa/São Paulo: Editorial Verbo. 839 p. VIEIRA JV; DELLA VECCHIA PT; IKUTA H. 1983. Cenoura ‘Brasília’. Horticultura Brasileira 1: p. 42. WIEDERSPAHN OH. 1979. A colonização Açoriana no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes / Instituto Cultural Português. 140 p. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 pesquisa / research SOUZA JL; CASALI VWD; SANTOS RHS; CECON PR. 2008. Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças. Horticultura Brasileira 26: 433-440. Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças Jacimar Luiz de Souza1; Vicente Wagner D Casali2; Ricardo HS Santos2; Paulo R Cecon2 1 INCAPER–Centro Regional Centro-Serrano, 29375-000 Venda Nova do Imigrante-ES; 2UFV, 36570-000 Viçosa-MG; [email protected] RESUMO ABSTRACT Os insumos e serviços utilizados na produção vegetal representam custo energético. Dependendo desses fatores e das produtividades obtidas, a conversão da produção em energia determinará a eficiência energética do sistema. A agricultura orgânica somente atingirá a missão de preservação ambiental se tiver comprovada sustentabilidade energética. Neste trabalho, objetivou-se caracterizar os balanços energéticos dos cultivos orgânicos e analisar sua sustentabilidade, em comparação aos sistemas convencionais. Monitoraram-se campos de produção de dez culturas, de 1991 a 2000 em Domingos Martins-ES. Os dados do sistema convencional foram obtidos pelas médias dos coeficientes técnicos da região. Quantificaram-se os coeficientes técnicos, convertendo suas grandezas físicas em equivalentes energéticos, expressos em kcal. O sistema orgânico gastou 4.571.159 kcal ha-1 e apresentou 12.696.712 kcal ha-1 de energia inserida na colheita, mostrando balanço médio de 2,78. Esse valor foi similar ao obtido no sistema convencional (1,93). As participações dos componentes nos gastos do sistema orgânico foram embalagem (35,8%), composto orgânico (17,2%), irrigação (12,6%), sementes/mudas (12,4%) e mão-de-obra (11,0%), serviços mecânicos (5,0%) e frete (4,5%). Se os custos com embalagens fossem eliminados, os gastos do sistema orgânico seriam reduzidos para 2.930.113 kcal ha-1, aumentando sua eficiência. A maioria dos cultivos orgânicos pode ser considerada sustentável em transformação de energia, com balanços superiores a 1,00 e produção média diária de 80.421 kcal ha-1 por dia, superior à necessidade mínima de 58.064 kcal ha-1. Energetic balance and sustainability analysis in the organic production of vegetable crops Palavras-chave: Agricultura orgânica; produtividade; sistemas de cultivo; balanço energético. The inputs used in crop production represent an energetic cost. Depending on the inputs and on the achieved yields, the conversion of the harvest into energy will determine the energetic efficiency of the system. Organic agriculture will fully meet the goal of environmental conservation only if its energetic sustainability is accomplished. The objectives of this study were to characterize the energetic balance of organic vegetable production and to analyze its energetic sustainability, compared to conventional vegetable crop production systems. Field data were collected from ten vegetable crop fields, from 1991 to 2000 in Domingos Martins, Espírito Santo State, Brazil. Data from the conventional system were obtained in the region. The technical coefficients of the systems were quantified and converted to an energy equivalent (kcal). The general average of the organic system was an input of 4,571,159 kcal ha-1 and an output of 12,696,712 kcal ha-1 at harvest, presenting an energetic balance of 2.78. This balance was similar to the conventional system (1,93). The components of the energetic inputs in the organic system were packaging (35,8%), organic compost (17,2%), irrigation (12,6%), seeds/seedlings (12,4%) and labor (11,0%), machinery (5,0%) and transport (4,5%). If package costs were removed, the energetic inputs on the organic system would be reduced to 2,930,113 kcal ha-1, greatly improving its energetic efficiency. Most of the crops could be considered sustainable regarding energy conversion, presenting balances higher than 1.00. The daily average energy yield in the organic system was 80,421 kcal ha-1 day-1 and was considered sustainable, higher than the minimum estimated calories need (58.064 kcal ha-1). Keywords: Organic agriculture; yield; crop systems; energetic balance. (Recebido para publicação em 5 de novembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008) (Received in November 5, 2007; accepted in October 17, 2008) V isando garantir alimentação, proteção, transporte, saúde, diversão e outras funções e bens de consumo do ser humano, muita energia é gasta, independente da forma e da fonte energética. Nos agroecossistemas, a energia está na forma de radiação solar que alimenta a fotossíntese, gerando biomassa; na forma de trabalho humano, animal ou mecânico; ou ainda contida em combustíveis, adubos, ferramentas, sementes e demais insumos da agricultura (Mello, 1989). Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Nas últimas décadas, a agricultura tem priorizado a alocação de quantidades cada vez maiores de energia nos sistemas produtivos, visando aumentar os rendimentos físicos. No modelo de produção mais usual atualmente, a quantidade de energia investida na produção de alimentos, muitas vezes tem sido maior do que o retorno conseguido em valor energético dos produtos, proporcionando baixa eficiência e balanço negativo (Pimentel et al., 1990; Gliessman, 2000). Segundo MAFF (2000), citado por Ozkan (2004), sistemas orgânicos de produção, que priorizam o uso de insumos de menores custos energéticos que aqueles industrializados, tendem ao gasto energético menor e eficiência maior que sistemas convencionais. O Brasil gasta 2,6 kcal ao produzir 1,0 kcal de alimentos (balanço energético = 0,38). Os países desenvolvidos já estão gastando mais de 5,0 kcal; 433 JL Souza et al. os EUA gastam 9,0 kcal e o Japão 12,0 kcal. É interessante notar que nos diversos países, à medida que a demanda energética aumenta na agricultura, também aumentam as necessidades de fosfato e do emprego de agrotóxicos, e vice-versa (Almeida, 2005). Os sistemas de monocultura do modelo convencional de produção, baseado na agroquímica, causam redução na eficiência energética, devido à pequena cobertura do solo (que induz perdas por evaporação e por erosão), associado à grande dependência de insumos externos (adubos minerais e agrotóxicos, ambos de alto custo energético). Nesse sentido, o emprego de práticas que reduzam os problemas delineados pode ser a alternativa para o aumento da eficiência dos sistemas produtivos, especialmente pelo emprego de rotações de cultura e manejo de espécies próprias para adubação verde, para cobertura do solo e fixação de carbono e nitrogênio (Uri et al., 1998; Santos et al., 2000; Li et al., 2002). Ferraro Júnior (1999) argumenta que a transição para a sustentabilidade, pressupõe a identificação de sistemas eficientes em longo prazo, e que avaliações meramente financeiras de sistemas têm horizonte demasiadamente curto pois estão sujeitas a distorções impostas pelas flutuações do mercado, o que não é o caso das avaliações em torno dos fluxos de energia. Por isto, as análises energéticas têm proporcionado maior segurança nos estudos de longo prazo, assim como na comparação entre culturas, sistemas e atividades agropecuárias, desenvolvidas em diversos locais, que possuem características próprias de cada região e país. A definição de sustentabilidade é muito variável, englobando conceitos que abordam simples ajustes no atual padrão produtivo, até aqueles que abordam conceitos de longo prazo. Porém, análises de sustentabilidade devem tomar por base a eficiência energética dos sistemas. Portanto, sistemas orgânicos de produção, que sejam tecnicamente eficazes, ecologicamente corretos, economicamente viáveis e socialmente justos, tornam-se insustentáveis se não forem energeticamente eficientes. Por este motivo, o presente trabalho teve por 434 objetivos caracterizar os balanços energéticos e analisar a sustentabilidade energética dessa produção, ao longo de dez anos, comparadas ao sistema convencional, na região serrana do estado do Espírito Santo. MATERIAL E MÉTODOS A área experimental de agricultura orgânica do Centro Regional de Desenvolvimento Rural do INCAPER, abrange 3 ha e localiza-se na região serrana do Espírito Santo, na altitude de 950 m, no município de Domingos Martins. Nesta região, a temperatura média das máximas nos meses mais quentes está entre 26,7 e 27,8°C e a média das mínimas nos meses mais frios entre 8,5 e 9,4°C. Os 16 talhões dessa área foram caracterizados individualmente desde o início do projeto e os plantios das culturas em rotação nestes talhões foram utilizados como repetições temporais para medir o desempenho produtivo das diversas espécies olerícolas no sistema orgânico. Os métodos de produção, além de seguirem os princípios da Agroecologia (Souza & Resende, 2003), foram aplicados conforme as determinações da legislação brasileira (Lei nº 10.831, do Ministério da Agricultura, de 23/12/03). Entre os métodos empregados, destacam-se: compostagem orgânica; adubação verde; manejo de ervas espontâneas; cobertura viva e morta; rotação e sucessão de culturas, controle alternativo de pragas e doenças. A mensuração energética deste trabalho consistiu na transformação de todos os coeficientes técnicos (materiais, insumos e serviços) em unidades de energia ou unidades calóricas equivalentes. Por não encontrar padronização definida na bibliografia nacional e internacional consultada, a unidade de medida de energia foi a Quilocaloria (1 kcal = 1.000 cal), por ser unidade básica de fácil compreensão. O limite de contabilidade energética de cada cultura compreendeu as fases desde o preparo do solo até a entrega do produto no mercado, englobando os gastos com embalagem e frete. Os coeficientes técnicos (indicadores físicos) foram propostos por Souza (2005), no acompanhamento e monitoramento do sistema orgânico de produção de 10 culturas olerícolas, na área experimental de agricultura orgânica do INCAPER. As produções orgânicas, extrapoladas para 1 ha de cada hortaliça, foram obtidas de 1991 a 2000. Foram comparadas as quantidades de energia embutidas apenas nos produtos comerciais (produtividade comercial, após a seleção e classificação), relacionando-se com o total de energia investida na produção (embutida nos insumos, serviços, equipamentos e frete), obtendo-se assim o balanço energético de cada plantio de cada cultura. Os números de plantios, que originaram as médias apresentadas neste trabalho foram: abóbora (12), alho (14), batata (8), batata-baroa (9), batata-doce (13), cenoura (17), couve-flor (12), repolho (15), taro (6) e tomate (9). Os valores obtidos para o balanço energético podem ser menores que 1,0 (indicando balanço negativo, pois a energia gerada na forma de produtos foi menor do que aquela consumida no processo produtivo; iguais a 1,0 (indicando balanço nulo, pois a energia gerada na forma de produtos foi igual àquela consumida no processo produtivo; ou maiores que 1,0 (indicando balanço positivo, pois a energia gerada na forma de produtos foi maior do que aquela consumida no processo produtivo. Como referenciais comparativos foram utilizados os coeficientes técnicos médios dos sistemas convencionais de produção das mesmas espécies de hortaliças e a produtividade média usualmente alcançada na região (Souza, 2005). Estes componentes foram transformados em valores calóricos, de forma análoga à metodologia aplicada no sistema orgânico de produção. Estes dados energéticos do sistema convencional constituíram a referência populacional, com a qual foram analisados comparativamente os desempenhos dos cultivos orgânicos. Os valores calóricos adotados para insumos, materiais, produtos e serviços estão detalhados em Souza (2006) e apresentados resumidamente a seguir: Insumos orgânicos - adotou-se o valor de 15 kcal kg-1 para resíduos vegetais e esterco de gado e o valor de 30 kcal kg-1 para outras fontes de esterco. Para o Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças composto orgânico e o biofertilizante enriquecido, realizaram-se cálculos do processo de produção local. O composto totalizou 25.700 kcal kg-1 a 50% de umidade final (forma utilizada nas adubações das culturas). O biofertilizante líquido somou 13 kcal L-1; Sementes e mudas - Para sementes botânicas e propágulos vegetativos multiplicadas no próprio sistema orgânico, foram feitos cálculos dos gastos envolvidos nos processos, inserindo gastos com mão-deobra na seleção, armazenamento e preparo das sementes e propágulos. Baseou-se nos valores de 2400 kcal dia-1 para a mão-de-obra, 0 kcal kg-1 para restos culturais, sugerido por Ferraro Júnior (1999) e nos conteúdos calóricos dos produtos sugeridos por Franco (1999). Quanto às sementes adquiridas no mercado (abóbora, cenoura, couve-flor e repolho), optou-se pelo método que avalia os custos energéticos pelos custos financeiros da matriz energética brasileira, segundo Mello (1989). A obtenção do valor energético da moeda se deu pela razão entre o consumo de energia primária (kcal) e o PIB (Produto Interno Bruto, em Reais), no ano de 2004, ou seja, 1.008,4 kcal Real-1; Adubos minerais e corretivos - nitrogênio (14.930 kcal kg-1 (Felipe Júnior et al., 1984, citados por Ferraro Júnior, 1999)); fósforo e potássio (3.000 kcal e 1.600 kcal kg-1 de P2O5 e de K2O, respectivamente (Lockeretz1980)); micronutrientes (1.291 kcal kg-1, estimado pela matriz energética brasileira de1.008,4 kcal R$-1); calcário dolomítico (132.822 kcal t-1 (Macedônio & Picchioni, 1985)); cal virgem (2.408 kcal kg-1 (Mello, 1989)); sulfato de cobre (400 kcal kg-1, valor similar ao sulfato de potássio e magnésio, relatados por Ferraro Júnior, 1999); Calda bordalesa - 18,6 kcal L-1 (cálculo baseado nos componentes e serviços); Óleo diesel - 8.484 kcal L-1 (MME, 2005); Agrotóxicos - herbicidas (83.572 kcal L-1); inseticidas (60.393 kcal L-1); fungicidas (50.083 kcal kg-1); outros pesticidas: acaricidas, espalhantes (64.683 kcal por kg ou L (Pimentel, 1980)); Energia elétrica 860 kcal kwh-1, publicado no Boletim Energético Nacional de 2004, pelo Ministério das Minas e Energia (MME, 2005); Serviços mecânicos - aração (136.010 kcal ha-1), gradagem (47.976 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 kcal ha-1) e destorroamento com rotativa de micro-trator (10.035 kcal ha -1 (Ferraro Júnior, 1999)); Serviços manuais - os gastos calóricos das diversas atividades executadas foram obtidos por estimativa, proporcionalmente ao esforço necessário na realização de cada atividade, balizados no valor médio de 2.400 kcal dia -1 (300 kcal hora -1 (Gliessman, 2000; Ferraro Júnior, 1999)); Irrigação - os valores calóricos foram estimados para cada cultura, baseando-se nos dados médios do consumo de água na irrigação e nos valores médios de 0,131 kwh por m3 de água e 860 kcal por kwh (Lima et al., 2005); Embalagens plásticas - baseou-se no peso das embalagens e no valor energético dos plásticos (inclusive isopor/poliestireno), 9.000 kcal kg-1, segundo Sakurai (2004) e IPT (2005); Caixas e engradados de madeira valor calculado em 75 kcal por unidade, para cada utilização (considerou-se a re-utilização em 30 vezes). Baseou-se nos gastos para cada unidade, na base de 3 kg de madeira processada (597 kcal kg-1), 0,25 hora de serviço (500 kcal hora-1) e 30 gramas de pregos (11.090 kcal kg-1); Frete - 880 kcal por t km-1, obtido pela razão entre o custo energético total do setor, relatados no BEN 2005 (MME, 2005) e o volume de carga transportada (ANTT, 2005); Valor calórico dos produtos - utilizaramse os valores médios descritos por Franco (1999), tendo por base a massa fresca das hortaliças. A análise de sustentabilidade energética foi baseada no atendimento dos índices mínimos em dois aspectos: 1) No sistema de produção deve haver saldo de energia, isto é, o conteúdo de energia nos produtos colhidos (saídas) deve ser igual ou superior aos seus próprios gastos (entradas), com balanço energético igual ou superior a 1,00. 2) A produção de energia por unidade de área deve ser igual ou superior a 58.064 kcal ha-1 por dia. Este índice baseia-se na necessidade per capita de 3.000 kcal dia-1, na demanda mínima de energia para atender à subsistência de 6 bilhões de pessoas (18 x 1012 kcal dia-1) e na área cultivada no mundo (0,31 x 109 ha), conforme Ferraro Júnior (1999). As variáveis analisadas foram: produtividade, saída de energia, entrada de energia, balanço energético e participação dos componentes nos gastos totais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Produtividades e Saídas de energia - As produtividades e os respectivos conteúdos de energia de cada hortaliça nos sistemas orgânico e convencional foram semelhantes. Não houve diferença estatística na maioria das espécies, exceto para o repolho que produziu mais biomassa e energia no cultivo orgânico e para o tomate, que produziu mais biomassa e energia no cultivo convencional. Verificou-se média de 12.696.712 kcal ha-1 exportada (saída) do sistema orgânico, estatisticamente igual à exportação do sistema convencional, que foi de 13.025.950 kcal ha-1 (Tabela 1). Entradas de energia - Os gastos de energia (entradas) foram significativamente menores no cultivo orgânico de abóbora, alho, batata, couve-flor, repolho e tomate, enquanto os cultivos orgânicos de batata-baroa, batata-doce, cenoura e taro apresentaram gastos similares ao convencional (Tabela 1). Na comparação média entre os sistemas, o gasto de energia foi considerado estatisticamente igual (orgânico = 4.571.159 kcal ha-1 e convencional = 6.766.464 kcal ha-1). O menor gasto energético foi verificado para o cultivo orgânico da abóbora (1.598.512 kcal ha-1) e o maior foi verificado no cultivo convencional de tomate (16.641.459 kcal ha-1) nos plantios a campo. O total dos gastos energéticos para cultivo convencional de tomate em ambiente protegido, relatado por Ozkan et al. (2004), foi de 30.431.381 kcal ha-1, comprovando que o uso de insumos industriais eleva o dispêndio energético para a produção de alimentos. Verificou-se que o maior aporte de energia, não necessariamente se relaciona com balanço energético menos favorável. Contrariamente, dentro dos limites avaliados, verificou-se que maiores entradas de energia na produção de todas as culturas relacionaram-se diretamente com maiores balanços energéticos. Isto se deve ao fato do aumento na produtividade das hortaliças promover aumento nas entradas de ener435 JL Souza et al. gia, pelo aumento no gasto de mão-deobra na colheita e maiores gastos com embalagens e com frete. Porém, o aumento demandado nas entradas é menor que o aumento observado nas saídas de energia, favorecendo então o balanço energético. Balanço energético - Na Tabela 1 estão os balanços energéticos de cada espécie, na comparação entre os dois sistemas de produção. Foi comprovada maior eficiência energética em favor do cultivo orgânico para abóbora, alho, repolho e tomate. Apenas o cultivo convencional de cenoura apresentou-se mais eficiente que o cultivo orgânico. Nas demais culturas, os sistemas se equivaleram em eficiência. O balanço energético médio do sistema orgânico foi 2,78, contra 1,93 do sistema convencional, não diferenciando-se estatísticamente pelo teste ‘t’, ao nível de 5 % de probabilidade. Isto possivelmente foi devido ao pequeno número de amostras e à alta variabilidade nos dados e está coerente com os resultados relatados por MAFF (2000), citado por Ozkan et al. (2004), que relatou índice de balanço energético de 5,31 para cultivos orgânicos de hortaliças. Este índice se assemelha aos observados neste trabalho para o cultivo orgânico de repolho (4,07), de batata-baroa (4,38) e de batata-doce (6,58). Ressalta-se que as embalagens plásticas, por representarem alto dispêndio energético (exceto para a cultura da abóbora), foram as principais responsáveis pela limitação da eficiência nos cultivos orgânicos, e que a redução ou eliminação destes custos favoreceriam grandemente o balanço energético (Figura 1). Pimentel & Burgess (1980) também comprovaram que o aporte de insumos industrializados e mecanização, aumentaram sobremaneira o aporte de energia na cultura do milho, reduzindo o balanço energético. Estes resultados são similares àqueles relatados por Mello (1989), quando avaliou a eficiência energética de quatro sistemas de produção de milho em Santa Catarina. Foi verificado que a produção de milho com adubo orgânico e colheita manual teve balanço energético de 6,61 calorias por unidade. No sistema com adubo mine436 Tabela 1. Médias do desempenho produtivo e energético de dez culturas olerícolas em sistemas de produção orgânico e convencional de 1991 a 2000 (productive and energy acting averages comparison of ten vegetable crops cultivated under organic and conventional production systems, from 1991 to 2000). Domingos Martins, INCAPER, 20061. 1 Médias marcadas com a mesma letra, nas colunas dentro de cada cultura e dentro da média, não diferem entre si pelo teste ‘t’, ao nível de 5% de probabilidade (means followed by the same letter, in the columns for each crop and means, did not differ from each other, ‘t’ test, 5%). ral e colheita mecânica, os gastos de energia foram maiores, fazendo com que o balanço energético fosse reduzido para 4,55 calorias por unidade. Participação dos componentes - As participações detalhadas dos componentes nos custos calóricos de cada cultura no sistema orgânico e no sistema convencional estão apresentadas nas Tabelas 2 e 3, respectivamente. As médias de participações nos sistemas orgânico e convencional estão ilustradas na Figura 1. A embalagem foi o componente de maior custo energético no sistema orgânico, com média de 35,8%. No sistema convencional, as embalagens representaram apenas 4,0% e os adubos minerais foram os mais onerosos, somando 45,8% do total, concordando com Gândara (1998) quando verificaram que os adubos minerais foram os componentes que mais oneraram energeticamente o cultivo convencional de alface e beterraba. A participação da adubação orgânica com composto variou de 9,2% no tomate até 24,1% na abóbora, encerrando uma média de 17,2% no sistema orgânico, com o desvio padrão de 5,58. Gândara (1998), estudando balanços energéticos no sistema orgânico de produção de alface e beterraba, no Distrito Federal, verificou que o composto orgânico representou 78% e 76% dos custos energéticos da produção de 1 ha dessas culturas, respectivamente. Estes índices são extremamente altos quando comparados aos obtidos neste estudo, o que é plenamente justificável, pois no trabalho de Gândara (1998) observouse diferença metodológica em três aspectos: 1) a contabilização energética foi realizada apenas na fase de campo, não se considerando a fase de colheita, embalagem e frete, como no presente caso; 2) a dosagem de composto contabilizada na alface e na beterraba foi 134,0 t ha-1, Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças Figura 1. Média da participação relativa dos componentes nos custos calóricos da produção de hortaliças, em dois sistemas de cultivo (relative average participation of the components in the caloric costs of the vegetables production in two cultivation systems): (A) orgânico com embalagem e frete (organic with packaging and freight); (B) orgânico sem embalagem e frete (organic without packaging and freight); (C) convencional com embalagem e frete (conventional with packaging and freight); (D) convencional sem embalagem e frete (conventional without packaging and freight). Domingos Martins, INCAPER, 2006. Tabela 2. Participação porcentual dos componentes nos custos energéticos totais de dez culturas olerícolas em sistema orgânico (percentual participation of the components in the total energy costs of ten vegetable crops in organic production system). Domingos Martins, INCAPER, 2006.1 1 Os valores, para cada cultura, são médias de vários cultivos no período de 1991 a 2000 (values, for each vegetable crop are averages of the fields, from 1991 to 2000). Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 437 JL Souza et al. Tabela 3. Participação porcentual dos componentes nos custos energéticos totais de dez culturas olerícolas em sistema convencional (percentual participation of the components in the total energy costs of ten vegetable crops in conventional production system). Domingos Martins, INCAPER, 2006.1 1 Os valores, para cada cultura, são médias do sistema convencional da região, no ano 2000 (values, for each vegetable crops are averages of the conventional system of the region, in 2000). ao passo que nas espécies aqui avaliadas, empregou-se 15 a 30 t ha-1; 3) o valor calórico por t do composto foi 52.940 kcal, contra um valor de 25.700 kcal adotado neste trabalho. Os componentes destinados à fertilização participaram de forma bastante diferenciada nos custos energéticos dos dois sistemas. No sistema orgânico somaram 17,2%, com emprego apenas de composto orgânico (Figura 1A), ao passo que no sistema convencional somaram 49,3%, com uso de esterco de galinha (3,5%) e adubos minerais (45,8%) (Figura 1C). As participações dos componentes, considerando apenas a fase de campo (sem contabilizar embalagem e frete), estão apresentadas nas Figuras 1B (sistema orgânico) e 1D (sistema convencional). Verifica-se que o total de custos no sistema orgânico é reduzido de 4.571.159 kcal ha-1 a 2.724.411 kcal ha-1, ou seja, diminuição de 40,4%. No sistema convencional, pelo fato de já possuir gasto calórico pequeno com embalagens, esta redução seria menos intensa, em torno de 7,2% (de 6.766.464 kcal ha-1 para 6.279.278 kcal ha-1). No sistema orgânico, a grande redução dos gastos, principalmente ocasionado pela ausência das embalagens, elevaria a eficiência energética, aumentando o balanço de 2,78 até 4,66 kcal kcal-1. A participação dos principais componen438 tes ficaria assim: composto orgânico (28,8%), irrigação (21,1%), sementes e mudas (20,7%) e serviços manuais (18,5%). Destaca-se que, na avaliação em que se inseriu o custo energético de embalagem e frete, a mão-de-obra situou-se na 5ª posição em termos de dispêndio de energia, e na avaliação sem inserir embalagem e frete, situou-se na 4ª posição, portanto não sendo considerado componente limitante energeticamente em cultivo orgânico de hortaliças. Os elevados custos energéticos das embalagens nos cultivos orgânicos induzem a três reflexões importantes: 1) a cadeia de alimentos orgânicos demonstra que a produção tem caráter agroecológico e orgânico, mas o mercado mantém toda estrutura convencional, não priorizando redução de custos energéticos; 2) reforça a importância de priorizar vias de comercialização de maior aproximação do produtor com o consumidor, sem emprego de embalagens plásticas, através de feiras livres e entregas por cestas; 3) confirma a necessidade de desenvolvimento de alternativas de embalagens ecológicas, para redução da poluição ambiental e minimização de custos energéticos na produção orgânica. Análise de sustentabilidade - No aspecto referente ao saldo de energia gerado pelo balanço energético, observaram-se dados bastante variáveis, tanto entre as culturas como entre os sistemas (Tabela 4). No sistema orgânico, verificaram-se valores de 0,97 da cultura do tomate até 6,58 da cultura da batata-doce. No sistema convencional, verificaram-se valores de 0,83 da cultura do tomate até 6,45 da cultura da batata-doce. A maioria dos cultivos foi sustentável em transformação de energia, à exceção dos cultivos de abóbora no sistema convencional e de tomate em ambos os sistemas. No sistema orgânico, constatou-se que as produtividades necessárias para que os balanços energéticos sejam iguais a 1,00 foram relativamente baixas, tais como 12.722 kg ha-1 para a cenoura e 13.592 kg ha-1 para o repolho. No sistema convencional necessitam-se rendimentos maiores para se alcançar esta sustentabilidade, devido aos níveis elevados de aportes de energia, pelo emprego de insumos industrializados. Quanto ao aspecto referente à quantidade de energia produzida por unidade de área (Tabela 5), a média do sistema orgânico foi 80.421 kcal ha-1 por dia, considerada sustentável em nível de subsistência. As produções calóricas individuais de todas as culturas também Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças Tabela 4. Produtividades, balanços energéticos e produtividades mínimas para balanços iguais a 1,00 (yield, energy balance and minimum yield for balance similar to 1,00). Domingos Martins, INCAPER, 2006. AGRADECIMENTOS Ao INCAPER e à UFV, instituições promotoras deste trabalho. Ao CNPq, pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS Tabela 5. Produção total e diária de energia no cultivo orgânico de dez culturas olerícolas (total and daily energy production in organic production system of ten vegetable crops). Domingos Martins, INCAPER, 20061. 1 Ciclo médio de cada cultura no sistema orgânico, no período de 1991 a 2000 (Medium cycle of each crop in the organic system, from 1991 to 2000) (SOUZA, 2005). podem ser consideradas sustentáveis, pois foram similares ou superiores a 58.064 kcal por ha dia-1, exceto a cultura da abóbora, que produziu apenas 26.639 kcal. A cultura mais eficiente foi Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 a da batata, com produção de 157.414 kcal ha-1 por dia. Os cultivos orgânicos de batata-doce, repolho e cenoura também se destacaram com bom nível de produção de energia por área. ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres. 2005, 8 de dezembro. Transportes terrestres, números do setor. Disponível em: < h t t p : / / w w w. a n t t . g o v. b r / d e s t a q u e s / ANTTemNumeros2005>. ALMEIDA AF. Educação ambiental e qualidade de vida. 2005. Disponível em: <http:// www.cbssi.com.br/revista01.htm>. Acesso em 15 de setembro de 2005. FERRARO JÚNIOR LA. 1999. 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Tecnol. de Alimentos, 36570-000 Viçosa-MG; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT O consumidor vem apresentando cada vez maior consciência na escolha de sua alimentação, porém com menor tempo disponível para preparar refeições saudáveis. Diante disso, o mercado de hortaliças minimamente processadas tem aumentado rapidamente, proporcionando o surgimento de produtos convenientes, ou seja, produtos frescos que podem ser preparados e consumidos em pouco tempo. Assim, neste trabalho estudou-se o comportamento de compra e o perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas em supermercados de Belo Horizonte. Foram aplicados questionários aos consumidores de cinco estabelecimentos que vendiam hortaliças minimamente processadas (HMP) e os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente no momento das compras, durante o mês de novembro de 2004. Foram entrevistadas 246 pessoas, das quais apenas 23% consumiam HMP. Os principais motivos para consumir foram comodidade e praticidade (46%), pouco tempo para o preparo (21%) das refeições e higiene (11%) dos produtos, e para não consumir foram preço elevado (31,9%), gosta de preparar e/ou escolher (23%) e desconfiança (17,8%) dos produtos ofertados. Os maiores consumidores são as pessoas com maior escolaridade e nível de renda mais elevado. A sobrevalorização dos HMP em relação aos produtos comuns variou de 2,4 vezes (batata) até 39,5 vezes (cenoura), sendo a média de sobrevalorização encontrada no mercado para as onze HMP de 10 vezes. Profile of minimally processed vegetable consumers in Belo Horizonte, Brazil Palavras-chave: processamento mínimo, consumidor, pesquisa de mercado. Keywords: minimally processing, consumer, market research. Consumer’s food consciousness has increased, however, time for preparing healthy food has decreased. Therefore, the market of minimally processed vegetable has increased rapidly, giving rise to the appearance of fresh products that can be prepared and consumed faster than conventional foods. Thus, the objective of this work was to establish the behavior and profile of minimally processed vegetable consumers in supermarkets of Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil. Based on the answers to a survey, the consumers profile was traced, highlighting preferences, habits, complaints and demands. The survey was conducted with consumers of five supermarkets which sell minimally processed vegetables (MPV). Consumers were chosen randomly when they were buying in November 2004. Of two hundred and forty six interviewed persons, 23% were consumers of MPV. The main reasons for consumption were: easiness and feasibility (46%); short preparation time (21%) of meals and hygiene (11%) of the products; and the main reasons against consumption were: the high price of the precuts (31,9%); easy to prepare and/or to choose (23%) and distrusting (17,8%) the offered products. The major consumers were those with a better education. Comparing the overrating of MPV with other vegetables, a variation of 2,4 (potato) to 39,5 times (carrots) was found. On average the overrating found in markets for eleven MPV was of 10 times. (Recebido para publicação em 22 de novembro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2008) (Received in November 22, 2007; accepted in October 30, 2008) A s hortaliças minimamente processadas (HMP) surgiram como uma interessante alternativa para o consumidor que não possui tempo de preparar sua refeição ou mesmo não gosta de fazê-la. Em vários países verifica-se que esses produtos estão sendo oferecidos nos formatos mais variados, sempre visando a agregação de valor e comodidade do consumidor (Candel, 2001; Moretti, 2004). Alguns estudos têm mostrado que a necessidade dos consumidores por conveniência é correlacionada com a escolha dos alimentos (Verbeke, 2001; Verlegh & Candel, 1999). Normalmente na seção de frutas, legumes e verduras (FLV) dos Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 supermercados, esses produtos podem estar embalados em bandejas cobertas com filme plástico ou em pacotes. A atmosfera interna das embalagens pode ser modificada para aumentar o tempo de validade dos produtos. De acordo com o “International Fresh-Cut Produce Association” (IFPA, 2001), produtos minimamente processados são frutas ou hortaliças que são modificadas fisicamente, mas que mantêm o seu estado fresco. Assim, é um produto fresco, tornado conveniente, com qualidade e segurança. As etapas através das quais as hortaliças são minimamente transformadas são basicamente: pré-seleção, classifi- cação, lavagem, corte, sanitização, enxágüe, centrifugação, embalagem e armazenamento refrigerado (Silva & Fernandes, 2003). São diversas as vantagens que as hortaliças minimamente processadas trazem para o produtor e também para o consumidor. A atividade normalmente mal remunerada de produção e venda de produtos hortícolas ao natural ganha especial incremento com a agregação de valor que o processamento mínimo proporciona ao produto. O consumidor ganha comodidade e praticidade devido a embalagens convenientes e um produto pronto para o preparo ou até mesmo para o consumo. 441 R Perez et al. Figura 1. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas com relação à faixa etária dos entrevistados (). Viçosa, UFV, 2004. Figura 2. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação ao estado civil. Viçosa, UFV, 2004. O conhecimento do perfil dos consumidores é fundamental para que o produtor e sua associação ou cooperativa possam adequar sua oferta às necessidades específicas do público a ser atendido, quer por faixa de renda ou etária, por região geográfica ou por número de pessoas na família (FrutiFatos, 2003a). Diante do exposto, neste trabalho objetivou-se estabelecer o perfil de consumo de hortaliças minimamente processadas em Belo Horizonte (MG), bem como avaliar a qualidade e segurança através da análise da forma de armazenamento desses produtos. MATERIAL E MÉTODOS A população pesquisada consistiu de consumidores que compravam hortaliças minimamente processadas em cinco estabelecimentos comerciais (supermercados), situados em diferentes áreas da cidade de Belo Horizonte, durante o mês de novembro de 2004. Esses estabelecimentos foram selecionados por venderem hortaliças minimamente processadas nas mais diferentes formas. Os consumidores foram selecionados aleatoriamente no momento das compras, durante os 442 dias da semana e finais de semana, nos períodos da manhã, tarde e noite. A pesquisa foi realizada seguindo metodologia específica da modalidade exploratória, que inclui aplicação de questionários e entrevistas aos agentes interessados. Andreuccetti et al. (2005) e Wilkins et al. (2002) utilizaram questionários e entrevistas como meio de coletar informações junto aos consumidores, justificando que esta é uma metodologia fácil e rápida para obtenção de dados. Os questionários foram elaborados para caracterizar o consumidor; suas preferências, e o consumo em relação ao produto estudado. Também foram aplicados questionários aos responsáveis pela seção de FLV dos supermercados pesquisados para analisar o percentual de venda dos HMP e quais eram as hortaliças mais vendidas. O número de consumidores entrevistados foi calculado considerando-se o tamanho da população, a homogeneidade do público alvo e a quantidade de erro amostral admitida. Foi considerado um erro amostral de ±5% e um público alvo homogêneo em relação ao padrão de consumo. Como a cidade de Belo Horizonte tem 2.350.564 habitantes (IBGE, 2004) foi necessário aplicar 246 questionários aos consumidores nos estabelecimentos selecionados (SEBRAE/ EMBRAPA, 2003). A forma de armazenamento das hortaliças minimamente processadas foi avaliada considerando-se o local e temperatura de armazenamento, forma de exposição, rotulagem e selo de qualidade. O armazenamento é relevante dada sua maior importância em relação à qualidade e segurança dos alimentos minimamente processados (Jacxsens et al., 2002a, 2002b; Piga et al., 2000). Os dados obtidos nas entrevistas foram analisados utilizando o programa estatístico SPSS® para Windows, pela análise de agrupamentos e realizada análise gráfica dos dados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em Minas Gerais, um total de 83 e 80% das pessoas pesquisadas consome legumes e verduras, respectivamente, Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte Figura 3. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação à escolaridade dos entrevistados. Viçosa, UFV, 2004. Figura 4 Consumo (A) e freqüência do consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação ao número de moradores. Viçosa, UFV, 2004. todos os dias da semana. Já no Rio de Janeiro, quase metade da população, 57% em média, tem o hábito de consumir os hortifrútis diariamente, e 10% o fazem três ou quatro vezes por semana (FrutiFatos, 2003b). Os legumes são consumidos diariamente por cerca de 60% da população e as verduras por 57%. Comparado aos mineiros, a pesquisa indicou que os cariocas dão menos importância ao consumo de frutas e hortaliças e apenas 46% os julgam alimentos saudáveis contra 60% dos mineiros (FrutiFatos, 2003b). No presente trabalho todos os entrevistados (246) disseram que consomem hortaliças, sendo que 218 (89%) consomem diariamente, 20 (8%) consomem de 3 a 5 vezes por semana e 8 (3%) consomem de 1 a 2 vezes por semana. Quanto às hortaliças minimamente processadas, dos entrevistados, 190 (77%) não as consomem, e 56 (23%) consomem estes produtos. A maior parte dos entrevistados (74%) era do sexo feminino, indicando que a mulher é responsável pelas compras da casa, número inferior ao observado em Brasília, onde Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 67,8% dos clientes avaliados eram mulheres, representando 56,4% dos consumidores de HMP (Junqueira et al., 2003). A totalidade das pessoas abordadas dizia consumir hortaliças diariamente, porém o consumo de HMP é de apenas 23%. Disso pode-se concluir que o consumo de hortaliças não processadas é bastante alto, o que caracteriza um mercado promissor para as hortaliças processadas, desde que sejam feitos ajustes para aumentar sua fatia de mercado, como redução nos preços e orientação quanto às suas vantagens em relação ao produto não processado. Com relação ao consumo de hortaliças minimamente processadas, há uma pequena diferença entre as mulheres e os homens entrevistados. Entre os homens, o consumo de HMP é 25% um pouco maior que entre as mulheres (22%). Entre os que consomem HMP, a maioria dos homens e mulheres consome raramente. Dos 246 entrevistados, apenas 56 consomem HMP, sendo este total representado por 71% de mulheres e 29% de homens. O consumo diário ocorre em 7%; algumas vezes por semana (1 a 5 vezes) em 27%; uma vez a cada 15 dias em 23% e 1 vez ao mês em 43%. Com relação a este consumo, entre os homens (44%) o consumo diário ou algumas vezes por semana é maior que entre mulheres (30%), o que pode ser devido ao fato de que homens tradicionalmente cozinham menos que mulheres Os entrevistados apresentavam-se na faixa etária de 16 a mais de 70 anos. Desses, 70% possuem entre 36 e 70 anos, sendo que a maioria dos entrevistados (40%) apresentava entre 36 e 50 anos (Figura 1A). Podemos observar que o consumo é maior no grupo de idosos com mais de 70 anos em que 44% consomem HMP. Do total dos entrevistados que consomem HMP, 7% são idosos com mais de 70 anos, e no grupo que não consome apenas 3%. Apesar das pessoas com mais de 70 anos apresentarem um consumo de HMP significativo, esse consumo é esporádico. O consumo entre as pessoas mais novas é mais constante no tempo (Figura 1B). Junqueira et al. (2003) observaram no Distrito Federal um grupo constituído 443 R Perez et al. Figura 5. Consumo (A) e freqüência do consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação entre renda familiar. Viçosa, UFV, 2004. por pessoas na faixa etária de 21 a 30 anos (32,0%), seguido pelos que estão na faixa de 41 a 50 anos (28,1%). A maior parte dos entrevistados (66,6%) é casada. O padrão de consumo de HMP entre solteiros, viúvos e casados está em torno dos 20%, enquanto que entre os divorciados (4,1% dos entrevistados) essa porcentagem é ainda menor (10%) (Figura 2A). Esperava-se que solteiros consumissem HMP com mais intensidade, devido à praticidade e economia de tempo que esses produtos proporcionam. No entanto, praticamente não houve diferença de consumo entre esse grupo e os outros. As pessoas viúvas consomem hortaliças processadas com menor freqüência que os outros grupos discutidos. Os casados e os solteiros consomem mais vezes, porém o consumo esporádico (1 vez por mês) entre os casados (44%) é maior que entre os solteiros (30%). Dentro do grupo de pessoas casadas a maior freqüência de consumo de HMP é 1 vez ao mês, o que não acontece entre os solteiros, em que as freqüências são bem distribuídas, em torno de 30% (Figura 2B). Com relação à escolaridade, 42% dos entrevistados têm curso superior. O consumo de HMP entre as pessoas com diferentes graus de escolaridade não difere muito, estando em torno de 25%. Entre as pessoas que possuem apenas o 1º grau, menos de 5% consomem HMP, porém este fato também pode estar mais relacionado à renda familiar, uma vez que 57% dessas pessoas ganham até 3 salários mínimos (Figura 3A). Este fato mostra que os maiores consumidores de hortaliças minimamente processadas possuem níveis de escolaridade e renda 444 mais altos, estando de acordo com dados observados por Ragaert et al. (2004) e Leather (1995), onde grupos de mais alta renda consomem hortaliças mais caras e mais convenientes e que, quanto maior a escolaridade, maior a freqüência de consumo de HMP. Apesar da expectativa inicial de que as pessoas que moram sozinhas consumissem mais HMP que as famílias maiores, o que pôde ser observado é que o número de pessoas por domicílio foi indiferente quanto ao consumo do produto pesquisado (Figura 4A). Essa observação pode ser devida ao fato que as pessoas que moram sozinhas e não têm tempo para cozinhar, preferencialmente comem em estabelecimentos comercias. Porém, entre as pessoas que consomem HMP e moram sozinhas, o consumo frequente é maior que nos outros grupos, alcançando aproximadamente 70% (Figura 4B). Como as hortaliças minimamente processadas são vendidas a preços relativos elevados, a renda do consumidor faz diferença em relação à aquisição desses produtos. A maioria das pessoas abordadas (64%) ganha mais de 10 salários mínimos, sendo que 39% do total de entrevistados possue renda familiar acima de 20 salários. Esses supermercados atendem a uma fatia de mercado que exige produtos diferenciados e com qualidade; portanto, sua clientela possui maior poder aquisitivo. Ainda,, esse consumo é mais amiúde nessa clientela, chegando a 14% o número de entrevistados que consomem diariamente (Figuras 5A e 5B). Entre as pessoas com renda familiar maior que 20 salários mínimos existe a preocupação com o preço, pois essas pessoas muitas vezes podem ter cozinheiras para prepará-los, não precisando adquirir os produtos prontos. O hábito e o gosto de escolher e preparar verduras aparece como a segunda principal causa de repúdio a HMP, mesmo que essas pessoas possam pagar pela comodidade que esses produtos trazem. Conforme esperado, o preço elevado das hortaliças minimamente processadas é o principal motivo que leva a maior parte das pessoas (31,9%) a não consumir o produto. Esse mesmo problema foi visto por Junqueira et al. (2003) e Ramos et al. (2005), que observaram que consumidores levam em consideração, no momento da compra, o preço e a qualidade das hortaliças minimamente processadas. Outro fator que afeta o consumo é o tamanho inadequado do produto, fato também observado por Junqueira et al. (2003). A falta de confiança é um motivo de peso e merece atenção (Tabela 1). Entre os entrevistados na pesquisa, 59% (145 pessoas) são sempre responsáveis pelas compras da casa, 15% freqüentemente, 20% às vezes e 6% raramente responsáveis. Das 145 pessoas sempre responsáveis pelas compras, 112 (77%) não consomem HMP. Para este grupo de entrevistados que consomem HMP, a maioria (52%) tem seu consumo mensal. Já entre as pessoas que não são responsáveis pelas compras (às vezes e raramente), o consumo semanal ocorre apenas em 12% dos casos. Este fato pode estar ligado à facilidade de se comprar hortaliças embaladas e prontas, uma vez que as pessoas que não têm o hábito de fazer as compras do lar também não têm o hábito de escolher verduras. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte A maior parte dos entrevistados (75%) considera importante que haja informações nos rótulos das hortaliças processadas. Destes, 52% acham que as informações fornecidas atualmente são insuficientes, sendo que apenas 23% consideram estas informações suficientes. Este grupo ressaltou que as informações nutricionais e tempo de consumo depois de aberto devem ser sempre fornecidas pelo produtor: Os principais motivos que levaram os consumidores a adquirir HMP foram comodidade e praticidade, pouco tempo para o preparo das refeições e higiene dos produtos. Juntos, esses motivos perfazem 78% das respostas entre os consumidores de HMP (Tabela 1), estando de acordo com o observado por Ragaert et al. (2004). Nesse sentido é preciso que haja mais propaganda e informação sobre hortaliças minimamente processadas para esclarecer as pessoas sobre a segurança e a qualidade desses produtos que são novos no mercado. Alguns dos fatores que levam as pessoas a não consumir os produtos são a não confiança (17,9%), o desconhecimento (7,8%) (Tabela 1). Em todos os estabelecimentos pesquisados, os fornecedores estão cientes das reclamações. Nos casos em que há medidas corretivas, essas passam pela negociação com os fornecedores e exigências acerca de novos cortes e embalagens. Em alguns casos não existem medidas corretivas. Os questionários aplicados aos responsáveis pela seção de FLV dos supermercados pesquisados demonstraram que a venda de hortaliças minimamente processadas ainda é pequena, perfazendo apenas 1% do total de vendas do estabelecimento na maioria dos casos, enquanto a venda de hortaliças em geral está entre 4 e 24%. As HMP mais vendidas são “mix” de salada (20%), cenoura (16%), brócolis (15%), alface (14%) e couve (12%), com 77% das vendas. Outros produtos são couve-flor (9%), rúcula (5%), mandioca (4%), abobora (2%) e espinafre (2%). A exemplo do que verificaram Ramos et al. (2005), não há uma preferência absoluta por um determinado grupo de hortaliças. O perfil de embalagem selecionado Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Tabela 1. Motivos que levam ao consumo de hortaliças minimamente processadas entre os entrevistadores na cidade de Belo Horizonte (MG). Viçosa, UFV, 2004. Tabela 2. Preços médios de produtos comuns e minimamente processados na cidade de Belo Horizonte. Viçosa, UFV, 2004. pelos consumidores é pacote ou bandeja, contendo apenas um tipo de hortaliça (53,3%) e mais de uma porção por embalagem (59,6%). Porém, isso não quer dizer que as outras opções não são aceitas pelos consumidores. Provavelmente o tamanho da porção está diretamente ligado ao número de pessoas que residem no domicílio, sendo que pessoas que moram sozinhas preferem embalagens com porção individual. Nota-se que as saladas minimamente processadas são também bem aceitas pelos consumidores, pois a diferença entre esta opção e a outra (apenas um tipo de hortaliça) é pequena (6,6%). Enquanto no Brasil ainda é tímida a existência de saladas mistas, nos Estados Unidos atualmente é oferecida grande variedade de saladas folhosas com “kits” combinados com tomate cereja, torradas (“croutons”) e molhos variados (Moretti, 2004). Verificou-se ainda que o relacionamento entre os estabelecimentos e os fornecedores de hortaliças minimamen- te processadas é bom ou ótimo. O fornecedor é escolhido considerando-se os critérios de qualidade, pontualidade na entrega, preço e prazo de pagamento. Não há fidelidade de marcas, pois o produto é relativamente novo no mercado. Apenas sete empresas abastecem a grande maioria do mercado com esse tipo de produto em Belo Horizonte. Uma dessas empresas é uma cooperativa de agricultores orgânicos do interior de São Paulo. A maioria das outras são localizadas em Minas Gerais e são de menor porte. Todos os produtos são expostos em balcão refrigerado com temperatura inferior a 10ºC. Não havia diferenciação aparente entre os produtos nas gôndolas, uma vez que um produto muitas vezes era encontrado em mais de uma prateleira em todos os estabelecimentos. As principais informações encontradas nas embalagens dos produtos minimamente processados eram: validade, data de fabricação, inscrições: “pronto para con- 445 R Perez et al. sumo”, “lavado e higienizado”, peso, recomendação para estoque refrigerado e ingredientes. Alguns fabricantes apresentavam informações nutricionais e selo de qualidade do Instituto Biodinâmico (IBD) para produtos orgânicos. O preço relativo das HMP é muito elevado, chegando em alguns casos a quase 40 vezes em relação ao produto ao natural, como as cenouras (Tabela 2). Segundo cotação realizada durante uma pesquisa em supermercados de Minas Gerais, os preços destes produtos são, em média, cerca de 180% superiores aos das hortaliças vendidas a granel, chegando a alcançar valores de até 400%, o que pode ser considerado um fator limitante no aumento do consumo dos pré-processados (FrutiFatos, 1999). Pelo baixo consumo de hortaliças minimamente processadas, pode-se perceber que o mercado ainda não está consolidado em Belo Horizonte. As vantagens que este tipo de produto oferece ainda não são suficientes para incrementar as compras, e o principal motivo é o seu preço elevado. REFERÊNCIAS ANDREUCCETTI C; FERREIRA MD; TAVARES M. 2005. 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Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; [email protected] ABSTRACT RESUMO The modern techniques of water supply through irrigation can substantially reduce water waste, which contributes to attend the enlarging water demand. The objective of this work was to study the influence of subsurface drip irrigation and mulching over melon yield and quality characteristics, in a sandy soil (Typic Hapludox). The experimental design was blocks at random, with four replications. Treatments were displayed in a 2 x 3 factorial (with and without mulching x surface and 0.20 and 0.40 depth subsurface drip irrigation). Mulching using double-sided silver/black film increased fruit average mass, plant production, yield, daily growth rate for plant height and crown diameter, fruit distal diameter, and pulp thickness. The subsurface drip irrigation at 0.20 m depth resulted in larger fruit average mass, plant production, and yield than surface and 0.40 m depth drip irrigation. Desempenho do melão rendilhado em função da profundidade de gotejo e utilização de mulching Keywords: Cucumis melo, drip irrigation system, production, postharvest. Palavras-chave: Cucumis melo, irrigação localizada, produção, póscolheita. As atuais técnicas de aplicação de água pelos sistemas de irrigação podem reduzir substancialmente os desperdícios de água, o que contribui para atender a crescente demanda por esse recurso natural. O objetivo deste trabalho foi estudar aspectos produtivos e de qualidade de frutos de melão rendilhado em sistema de gotejo subterrâneo e cobertura plástica (mulching), em solo arenoso (Latossolo Vermelho-Amarelo). O delineamento adotado foi em blocos casualizados, com quatro blocos, com o arranjo dos tratamentos em fatorial 2 x 3 (com e sem mulching x gotejo superficial e subsuperficial, a 0,20 e 0,40 m de profundidade). O mulching utilizando filme dupla-face prateado/preto incrementou a massa média de fruto, a produção por planta, a produtividade, a taxa de crescimento diário da altura de planta e do diâmetro do colo da planta, o diâmetro longitudinal do fruto e a espessura de polpa. A profundidade de gotejo a 0,20 m resultou em maior massa média de fruto, produção por planta e produtividade quando comparado ao gotejo superficial ou em subsuperfície, a 0,40 m. (Recebido para publicação em 10 de setembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008) (Received in September 10, 2007; accepted in October 17, 2008) T he mounting demand for water in different activities, mainly in association with the incorporation of new irrigated areas into production, both in Brazil and elsewhere in the world, places into the spot the need for an increasingly rational water management (Bucks, 1995). Due to shortage, either in quantity or in quality, water is no longer a free good, but it turned out to have an economic value. According to ONU/OMS information, as presented by Garcia (2004), there are countries already importing potable water, draining it from glaciers or even trading water by petrol. In this framework, the efficiency in water use became an everyday requirement to all users. Among the irrigation methods, surface drip irrigation was the one that experienced the fastest development in the last decades due to the rational and Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 economically efficient water use it provides. Several studies show that drip irrigation is effective in applying both water and fertilizers, especially in melon, that does not cope well with humidity in its aboveground part (Sousa et al., 1999; Pinto et al., 1999). An interesting alternative in this context is the subsurface drip irrigation. In addition to the regular advantages of the drip irrigation, supplying water in subsurface reduces losses due to evaporation, reaches directly to the rooting zone, avoids mechanical damages to the pipes due to cultivating procedures and rodents, contributes to a larger root development, reduces humidity in the soil surface, and mitigates disease incidence (Camp, 1998; Silva et al., 1999). Vásquez (2003), when studying surface and subsurface drip fertirrigation in net melon, hybrid Bônus nº II, under protected cultivation at Piracicaba, SP, observed commercial and total yield respectively 45 and 63% higher for subsurface (0,20 m depth) in relation to surface drip irrigation. The position of the pipe emitters influenced both K+ concentration and distribution in the melon rooting zone. The use of plastic films to cover soils, called mulching, is gaining importance in hampering water losses due to evaporation. Mulching may save 5 to 30% in the amount of water required by plants (Allen et al., 1998). The use of plastic to cover the soil avoids fruit direct contact with ground, positively influencing quality and appearance, and therefore contributing to raise fruit marketable yield and net income. In addition, mulching decreases evaporation at soil surface and play a 447 ROC Monteiro et al. significant role in reducing crop evapotranspiration (Silva, 2002), especially in the initial stages of plant development. Thus, mulching consists in an important option for scaling-down water use in agriculture. The use of such practices, namely subsurface drip irrigation and mulching, concurs to improve crop quality, especially in melon, which responds well to irrigation. Considering that, the objective in this work was studying yield and quality aspects of melon produced using drip irrigation and mulching, in a sandy soil. MATERIAL AND METHODS The work was carried out at the Rural Engineering Department of the Agriculture College Luiz de Queiroz (ESALQ), São Paulo State University (USP), in Piracicaba, São Paulo State. The experiment was installed in a 20 x 14 m greenhouse, with 2.5 m height. Ground from a Typic Hapludox was used to fill in 1.07 long x 0.97 m width x 0.65 m height boxes. The soil had, in average, 75% sand, 4% silt, and 21% clay (loam sandy textural class), for the layer from 0 to a 0.40 m deep, and the following physic-chemical characteristics for the layers from 0 to 0.20 m and from 0.20 to 0.40 m, respectively: P = 7.0 and 5.0 mg dm-3; S = 57.0 and 44.0 mg dm-3; pH = 5.4 and 5.0; Organic matter = 14 and 13 g dm-3; K = 1.0 and 0.9 mmolc dm-3; Ca = 21.0 and 19.0 mmolc dm-3; Mg = 10.0 and 9.0 mmolc dm-3; H+Al = 13.0 and 18.0 mmolc dm-3; SB = 32.0 and 28.9 mmolc dm-3; CTC = 45.0 and 46.9 mg dm-3; soil global density = 1.58 and 1.43 g cm-3; humidity at field capacity = 21.6 and 27.7%, and humidity at the permanent wilting point = 12.1 and 18.8%. Treatments were sorted in a 2 x 3 factorial, in complete blocks at random, with four replications and 2-plant plots. Treatments corresponded to presence or absence of plastic film (PP and AP) over the soil and dripping depth (0, 0.20, and 0.40 m), being named as follows: T1 = AP and 0.0 cm depth; T2 = AP and 0.20 m depth; T3 = AP and 0.40 m depth; T4 = PP and 0.0 cm depth; T5 = PP and 0.20 depth; and T6 = PP and 0.20 m depth. 448 The crop used was the net melon (Cucumis melo, L.), hybrid Bônus nº II. Sowing took place in 128-cell Styrofoam trays. Plantlets were transplanted to boxes placed in the greenhouse 21 days later, in November 04, 2005, when presenting two permanent leaves. Each box contained a sole plant, irrigated using an emitter that, according to the specific treatment, could be at the soil level or subsurface (Figure 1). Double-sided mulching (black/silver) 25 micra thick and with light reflection higher than 25% was used. Six boxes were picked to install tensiometers in radial distances from the emitter (0.10, 0.20, 0.30, and 0.40 m, for the later only in boxes with plastic film), 0.15, 0.30, and 0.50 m deep (Figure 1). Therefore, nine tensiometers were placed in the boxes with uncovered soil and 12 in boxes with mulching. The results of the soil chemical analyses were interpreted as indicated by Raij et al. (1997) and Ribeiro et al. (1999), aiming at recommending liming and fertilization for protected cultivation. Fertilization was supplied weekly through the irrigation water, as suggested by Medeiros & Maia (2001), according to the crop uptaking rate and soil chemical analysis. Fertilization was calculated to reach yields of 30 to 40 Mg ha-1, in an 88-day cycle. N sources were ammonium sulphate (20% N) and urea (45% N) ,while P and K sources were respectively phosphoric acid (55 % P2O5) and potassium chloride (60 % K). Phosphoric acid was supplied alone due to the incompatibility with the other fertilizers, which might have caused precipitation and led to a further blocking of the emitters. Fertilizers were applied using direct suction from a 500L container with constant stirring, where the mixtures were prepared. Frequent hand-weeding was carried out, keeping the boxes free of competing plants. Agrochemicals, according to the technical recommendation for both products and dosage, were used in preventive control of pests and diseases, against the white-fly, leaf-miner, mildew, and the pickleworm. To guarantee the pollination, as soon as blossoming started and for the following two weeks, a beehive was kept in the center of the structure. Two harvests were carried out: the first in January 23, 2006 and, the second, three days later, summing up a total cycle of 84 days after transplanting. All harvested fruits were considered for yield assessments, while the aspects related to fruit quality were evaluated over samples. The yield characteristics were: fruit average mass (FM), in g fruit-1, obtained dividing the total fruit mass by the number of fruits in each experimental plot; plant production (PP), in g plant -1 , obtained by the division of the total fruit mass by the number of plants in the plot (two plants); yield itself (Y), in Mg ha-1, obtained by the multiplication of PP by the estimate of the number of plants in a hectare; fruit distal (DD) and transversal diameter (TD), obtained by measuring fruit diameter in both directions using a conventional flexible tape-measure; fruit shape (FS) (non-dimensional), corresponding to the ratio between fruit distal and transversal diameters; and fruit skin (ST) and pulp thickness (PT) (mm), assessed using a digital paquimeter. The characteristics related to fruit quality were content of soluble solids (SS, oBrix), determined using drops from the pulp, after homogenizing in a home blender, and assessed in an Auto Abbe rephratometer, model 10500/ 10501 Leica (A.O.A.C., 1992); fruit pH (non dimensional), measured in liquid samples using a potenciometer Tecnal, according to methodology suggested by A.O.A.C. (1992); fruit titratable acidity (TA), assessed in an 10-g pulp ground aliquot, mixed with 50 mL of distilled water, titrated with standardized NaOH 0,01 M, using phenol-phthalein 1% as indicator, and expressed in g of citric acid in 100 g of pulp (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1986); and pulp texture (PT), assessed with the aid of a texturemeter Texture Test System, model TP-1, coupled to an automatic register of strength variation, which was controlled from a standard shear compression cell CS-1, with 10 1/8" thick blades in a 90° angle. Samples were weighted and placed in the shear compression standard cell, in such a way Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulching Table 1. Yield characteristics and fruit quality attributes for net melon grown with and without mulching (características de rendimento e atributos de qualidade de frutos de melão rendilhado cultivado com e sem mulching). Piracicaba, USP-ESALQ, 2006. Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test, p<0.05* or p<0.01** (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05* ou p<0,01**); 1FM = Fruit mass (massa do fruto); PP = plant production (produção por planta); Y = yield (produtividade); PH = daily growth rate for plant height (taxa de crescimento diário da altura das plantas); CD = daily growth rate for plant crown diameter (taxa de crescimento diário do diâmetro do colo das plantas); DD and TD = fruit distal and transversal diameter (diâmetros longitudinal e transversal do fruto); FS = fruit shape (formato do fruto); RT and PT = fruit rind and pulp thickness (espessuras da casca e da polpa do fruto); CSS = content of soluble solids (teor de sólidos solúveis); TA = titrable acidity (acidez titulável); FT = fruit texture (textura do fruto); 2LSD = Least significant difference (diferença mínima significativa; 3 CV = coefficient of variation (coeficiente de variação). that blades would act in parallel to the samples. The results given in pounds in the device were converted to Newton (N), 1 N = 4.45 Pd. The morphological evaluation was carried out in all plants, in five dates during the first phase of the plant cycle, namely 6, 23, 29, 38 and 43 days after transplanting (DAT). The following characteristics were assessed: (1) daily growth rate for plant height (PH) (cm day-1), obtained by dividing plant height at the evaluation date by the number of growing days. Plant height was assessed from the crown to the main stem apex, using a tape-measure; (2) daily growth rate for crown diameter (CD) (mm day-1), obtained dividing the crown diameter at the evaluation date by the number of growing days. The crown diameter was measured using a digital paquimeter, 1 cm over soil level. The statistical analysis of data was performed using the analysis of variance and the F test, applied in agreement with the experimental design. Considering that this experiment dealt with qualitative factors (dripping depth and soil plastic mulching), the Tukey test, at 5% probability, was used to compare treatment means. RESULTS AND DISCUSSION There was no significant interaction between the studied factors for none of the characteristics evaluated. Therefore, results for each factor are presented and discussed individually. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Mulching significantly influenced fruit average mass (FM), plant production (PP), yield (Y), daily growth rate for plant height (PH) 23, 29, and 38 days after transplanting (DAT), daily growth rate for crown diameter (CD) in all evaluation dates, fruit distal diameter, and pulp thickness (Table 1). According to some researchers (Sganzerla, 1997; Hochmuth et al., 2001; Sanders, 2001), carrot, cucumber, eggplant, garlic and onion, lettuce, melon and watermelon, pepper and sweet pepper, okra, squash and pumpkin, strawberry, tomato, and water-cress are vegetables that benefit from the use of plastic films as soil mulching. Mulching increased FM in 150 g in average (Table 1) when compared to results obtained in uncovered soil. The increment is considerable, once it represents an estimate of additional 3 Mg ha-1 in crop yield, when the useful area for each plant and the adopted crop system are taken into account. Similar values were found by Costa (2003), using a silver polyethylene plastic cover in a soil with loam clayey texture. Andrade (2001), Miranda et al. (2003), Araújo et al. (2000), and Ferreira et al. (2001a), who worked with black polyethylene plastic, also found significant differences in FM between mulching and uncovered soils. The average values for PP and Y (Table 1) indicate that mulching induced an increment of approximately 10% over the results observed for the uncovered soil. Negreiros et al. (2003), when comparing uncovered and covered soil, using black, silver, yellow, and brown plastic films as mulching, for Cantaloupe melon grown in Mossoró, Rio Grande do Norte State, noticed that the highest yields for both total and marketable fruits came from the treatments where mulching was employed. The daily growth rate for plant height (PH) was determined upon the variation of average plant height in time during the first half of the plant cycle (vegetative phase). At the evaluation performed 16 DAT, there was no significant influence of mulching over PH, probably because plants were still too small to any effect to be noticed. The average values show that mulching raised PH in at least 77% when compared to uncovered soil. Mulching effects are likely to be related to the higher soil temperature and to silver plastic capacity to reflect solar radiation, which might have allowed bottom and inner leaves to benefit from the reflected radiation. Consequently, the photosynthetic active area in the plant was enlarged and more photosynthesis products were available for plant development, as postulated by Tsekleev et al. (1993). Andrade (2001) also found significantly higher PH values associated to the use of mulching in comparison to uncovered soil. The average values of CD (Table 1) show that the smallest difference between plants grown with and without mulching, in average 7%, for both soil 449 ROC Monteiro et al. Table 2. Yield characteristics and fruit quality attributes for net melon grown in surface and 0.20 and 0.40 subsurface drip irrigation (característica de rendimento e atributos de qualidade de frutos de melão rendilhado cultivado com gotejamento superficial e subsuperficial, a 0,20 e 0,40 m). Piracicaba, USP-ESALQ, 2006. Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test, p<0.05* or p<0.01** (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05* ou p<0,01**); 1FM = Fruit mass (massa do fruto); PP = plant production (produção por planta); Y = yield (produtividade); PH = daily growth rate for plant height (taxa de crescimento diário da altura das plantas); CD = daily growth rate for plant crown diameter (taxa de crescimento diário do diâmetro do colo das plantas); DD and TD = fruit distal and transversal diameter (diâmetros longitudinal e transversal do fruto); FS = fruit shape (formato do fruto); RT and PT = fruit rind and pulp thickness (espessuras da casca e da polpa do fruto); CSS = content of soluble solids (teor de sólidos solúveis); TA = titrable acidity (acidez titulável); FT = fruit texture (textura do fruto); 2LSD = Least significant difference (diferença mínima significativa; 3 CV = coefficient of variation (coeficiente de variação). Figure 1. Layout of the superficial and subsuperficial (0.20 and 0.40 m) placing of the drip emitters and tensiometers in the boxes (posicionamento superficial e subsuperficial (0,20 e 0,40 m) do gotejador e disposição dos tensiômetros nas caixas). Piracicaba, USPESALQ, 2006. categories, was found 16 DAT. Just as mentioned above for PH, it is likely that this evaluation was too early to observe the mulching influence in comparison to uncovered soil. In the remaining evaluation dates (23, 29, 38, and 43 DAT), an average difference of 17.4% was observed in favor of plants grown with mulching in comparison to those grow in uncovered soil. Mulching resulted in a 4% increase in fruit distal diameter (DD). Andrade (2001) did not find significant effects of covering the soil over DD and fruit transversal diameter (TD). In the present work, values for fruit shape (FS) ranged, in average, from 1.04 to 1.06, which 450 corresponds to a spherical shape. There was no mulching influence over FS. Mulching significantly influenced pulp thickness (PT), producing an increase of 2.5 mm. Andrade (2001) however did not find significant effects of mulching over PT. Costa (2003) observed that, although fruits produced out of treatments with mulching using black, silver, and brow polyethylene had statistically similar PT when compared to each other, they all exceeded the results observed for fruits produced without mulching. Gondim et al. (2003) reported that PT was larger in fruits produced using mulching than in fruits grown on bare soil. When considered individually, mulching and dripping depth did not significantly influence any of the fruit quality characteristics studied herein. Araújo et al. (2000) and Ferreira et al. (2001a,b) did not find significant differences among treatments for fruit quality traits (total soluble solids and pulp firmness) in yellow melon, cultivar Gold Mine, when the soil was left uncovered or covered with either black or silver polyethylene film or ground wax-palm straw. On the other hand, Brandenberg & Wiedenfeld (1997) observed an increment of 0.6% in the content of soluble solids for treatments with film in comparison to uncovered Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulching soil. Maiero et al. (1987), upon studying several Cantaloupe melon genotypes grown with soil mulching in Maryland (USA), found that, regarding soluble solids, the influence of transparent and black plastic films did not significantly differ from each other, yielding an average content of 9.2 and 9.0ºBrix, respectively, although both treatments exceeded in 10% the content of soluble solids in fruits grown in uncovered soil. Dripping depth significantly influenced fruit average mass (FM), plant production (PP), and yield (Y) (Table 2). The largest FM was achieved when water was dripped at 0.20 m depth. Vásquez (2003) found similar results with pipe emitters placed at the subsurface (0.20 m), which induced larger FM values than surface dripping. PP and Y increased approximately 13% when water was applied through dripping at 0.20 m depth in relation to surface dripping. Vásquez (2003) also found higher PP and Y values (45 %) for pipe emitters placed in subsurface (0,20 m) than for surface dripping. The use of double-sided silver/black plastic film as soil mulching increased fruit average mass, plant production and yield, daily growth rate for plant height and crown diameter, fruit distal diameter, and pulp thickness. Dripping water at 0.20 m depth raised fruit average mass, plant production, and yield, when compared to surface dripping and 0.40 m depth. ACKNOWLEGMENTS To the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), for funding this work. REFERENCES ALLEN RG; PEREIRA LS; RAES D; SMITH M. 1998. Crop evapotranspiration: guidelines for computing crop water requirements. Roma: FAO. 328p. (Irrigation and Drainage Paper, 56). Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 ANDRADE JWS. 2001. Cultivo de híbridos de melão, com e sem cobertura do solo, em estufas cobertas com filmes de polietileno com diferentes características ópticas. Ilha Solteira: UNESP. 75p. (Tese mestrado). AOAC. 1992. Official methods of analysis of the Association of Analytical Chemists International. Washington: A.O.A.C. 1141p. ARAÚJO AP; NEGREIROS MZ; NETO FB; PEDROSA JF; FERREIRA R LF. 2000. Cobertura do solo e métodos de plantio na produção de melão. Horticultura Brasileira 18, suplemento: 517-518. BRANDENBERGER L; WIENDENFELD B. 1997. 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Postal 10.078, 58109-970 Campina Grande-PB; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT O uso de água salina na irrigação é muito comum em cultivos de melão em regiões semi-áridas, o que pode resultar na salinização do solo e redução de rendimento se o manejo da irrigação não for adequado. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento e o acúmulo de N, P e K em plantas de melão (Cucumis melo, L.) irrigadas com água salina. Os tratamentos estudados resultaram da combinação de dois fatores: salinidade da água de irrigação (1,1; 2,5 e 4,5 dS m-1) e materiais de melão (híbrido Trusty e cultivar Orange Flesh). O delineamento estatístico adotado foi de blocos inteiramente casualizados com quatro repetições, com tratamentos arranjados em esquema fatorial 3 x 2. A época de coleta de plantas foi analisado como outro fator e os resultados interpretados por análise multivariada. As plantas amostradas foram fracionadas em folhas + ramos e frutos, determinaram-se as produções de matérias secas e os conteúdos de N, P e K nestes materiais. Os acúmulos dos nutrientes nos frutos e de fitomassa seca na planta diminuíram com o incremento da salinidade da água de irrigação. Os frutos exportaram, em média, 57,1%, 67,1% e 70,0% dos totais de N, P, K, absorvidos pela planta e alocados na parte aérea, mostrando, portanto, que foram o principal dreno para estes nutrientes na planta. Growth and N, P and K accumulation by melon irrigated with saline water Palavras-chave: matéria seca, absorção de N, P e K, Cucumis melo L. The use of saline water for irrigation is very common in cultivation of melon in semiarid zones, which can result in the soil salinization if irrigation management is not appropriate. The growth and accumulation of N, P and K by melon (Cucumis melo, L.) irrigated with saline water was evaluated. Treatments resulted from the combination of the factors irrigation water salinity levels (1.1; 2.5 and 4.5 dS m-1) and melon materials (hybrid Trusty and cultivar Orange Flesh). Treatments were arranged following a completely randomized block design with four replications, arranged in 3 x 2 factorial. Another factor analyzed was time of sampling and results were interpreted by multivariate analysis. Plants were divided into two portions after sampling (leaves plus stems and fruit), and dry matter, N, P and K contents were determined. Nutrient accumulation in fruits and plant growth decreased with increasing water salinity. On average, 57.1%, 67.1% and 70.0% of N, P and K absorbed by plant were allocated in fruits, showing that fruits are the main drain for these nutrients in melon. Keywords: dry matter, N, P and K uptake, Cucumis melo L. (Recebido para publicação em 26 de junho de 2007; aceito em 19 de setembro de 2008) (Received in June 26, 2007; accepted in September 9, 2008) N o semi-árido nordestino são grandes as potencialidades para a fruticultura irrigada, pelas peculiaridades como elevadas temperatura e luminosidade durante praticamente o ano inteiro. Dentre os cultivos destacase o de melão (Cucumis melo, L.), que adquiriu importância comercial a partir da década de 80, com a introdução no país da cultivar Valenciano Amarelo CAC (Pedrosa & Almeida, 1991). Atualmente, o melão é considerado o segundo produto hortícola de expressão nacional, sendo superado apenas pelo suco de laranja. Apesar do crescente interesse pela cultura do meloeiro no semi-árido nordestino, são poucos as investigações enfocando aspectos de sua nutrição mineral. É imprescindível o conhecimento das exigências nutricionais da cultura, durante os seus estádios de desenvolvimento do seu ciclo, como referên452 cia para estabelecimento de programas de fertirrigação, possibilitando o fornecimento dos nutrientes em épocas e doses adequadas ao bom desenvolvimento vegetal (Prata, 1999). Juntamente com o conhecimento da absorção de nutrientes, faz-se necessário investigar os efeitos da salinidade sobre a nutrição das plantas, considerando-se a predominância de água com alto valor de condutividade elétrica nas áreas produtoras de melão no semi-árido. A exigência por água de boa qualidade, principalmente para consumo humano, está forçando à utilização das fontes com teores mais altos de sais para a agricultura irrigada (Santos & Hernandez, 1997), requerendo por sua vez, o desenvolvimento de práticas de manejo que viabilizem o uso dessa água na produção agrícola, tendo em vista alcançar e garantir a qualidade de vida, o desenvolvimento socioeconômico e ambiental. Várias práticas de manejo têm sido utilizadas para se produzir economicamente, quando se dispõem de água, com alto risco de salinização, dentre as quais se destaca o uso de plantas tolerantes à salinidade e a sodicidade, sendo importantes os estudos que visem avaliar a sensibilidade das espécies ao estresse salino. Evidentemente, que a definição da espécie a ser cultivada depende do mercado. Entretanto, para se tornar viável o uso de água salina na agricultura, dever-se-á, preferencialmente, escolher as culturas tolerantes e de ciclo curto; assim os efeitos prejudiciais da salinidade à produção seriam menores. A cultura do melão, além de ser classificada como moderadamente tolerante à salinidade (Ayers & Westcot, 1999), tem-se constituído em ótimo negócio para o Nordeste brasileiro, destacandose no cenário internacional (Costa & Pinto, 1977), sendo considerada como Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina cultura de ciclo relativamente curto, entre 60 a 65 dias após a semeadura. Diante da carência de resultados de pesquisa com esse fim, objetivou-se com este trabalho avaliar os efeitos da utilização de água com níveis crescentes de salinidade sobre o crescimento e as absorções de N, P e K em melão irrigado por gotejamento. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na Fazenda São João, em Mossoró-RN, em solo Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico latossólico, segundo classificação da EMBRAPA (1999) e apresenta textura franco-argilo-arenosa e relevo plano. Foram estudados os efeitos combinados de três níveis de salinidade da água (S1=1,1; S2=2,5 e S3=4,5 dS m-1), aplicados em uma cultivar (Orange Flesh (OF), do grupo Honey Dew) e em um híbrido (Trusty (T), do grupo Cantaloupe ), arranjados em fatorial 3 x 2, dispostos em blocos casualizados, com quatro repetições. A época de coleta de plantas foi analisada como outro fator e os resultados interpretados por análise multivariada de dados repetidos no tempo. Cada parcela experimental foi constituída por três fileiras de plantas de 6,0 m de comprimento, espaçadas de 2,0 m com 0,30 m entre plantas, totalizando 20 plantas por fileira e 60 plantas na parcela. A água de menor salinidade (S1) foi obtida com a mistura de 70% da água proveniente de um poço artesiano profundo (CE - 0,6 dS m-1) e 30% de um poço aberto no aqüífero calcário (CE 2,5 dS m-1); a água de salinidade intermediária (S2) foi proveniente da água do aqüífero calcário, enquanto que a água de maior salinidade (S3) foi obtida acrescentando-se, na água S2, 1 kg de NaCl por m-3. Realizou-se o plantio em 15/09/00, utilizando a semeadura direta, correspondendo a uma população de 16.667 plantas ha-1. As adubações foram realizadas diariamente desde o sétimo dia após o plantio (DAP) até o enchimento dos frutos, seguindo o cronograma da Fazenda São João e de acordo com a marcha de absorção da cultura adaptada a partir de Bar-Yosef Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 (1991). Os totais de fertilizantes aplicados durante o ciclo foram: N = 173 kg ha-1 nas formas de nitrato de amônio, ácido nítrico e uréia; P2O5 = 214 kg ha-1 na forma de ácido fosfórico; K2O = 387 kg ha-1 nas formas de sulfato e nitrato de potássio. A cultura foi irrigada por gotejamento, com emissores do tipo autocompensante e vazão nominal de 3,75 L h-1, previamente avaliados no campo, sob condições normais de operação, apresentando um coeficiente de variação de vazão de 6,33% e vazão média de 4,12 L h-1. A lâmina de irrigação aplicada diariamente foi estimada para condições não salinas adotando-se o cálculo da evapotranspiração da cultura proposta pela FAO (Allen et al., 1998), usando o coeficiente de cultura dual e a evapotranspiração de referência (ETo) estimada pelo método de Penman-Monteith, acrescida de 10%. Ao longo do ciclo da cultura, para todos os tratamentos estudados foram feitos ajustes nas lâminas de irrigação aplicadas com base no monitoramento da umidade do solo com o uso de tensiômetros instalados nas profundidades de 0,15; 0,30 e 0,45 m num raio de 0,15 m da planta e do gotejador, na região central de cada parcela experimental em dois blocos, diminuindo ou aumentando por aproximação a lâmina previamente estimada caso as leituras médias daquele tratamento tendessem a diminuir ou subir respectivamente em relação ao dia anterior. Para as análises de crescimento e de absorção de nutrientes, as plantas foram coletadas aos 22; 29; 36; 47 e 61 dias após o plantio (DAP), tomando-se, após sorteio, duas plantas por parcela nas duas fileiras externas. Nas 4a e 5a coletas, os pesos das matérias secas de folhas, caules e frutos, foram estimados por meio de amostras tomadas dos respectivos materiais frescos, as quais foram secas em estufa de circulação forçada de ar à temperatura de 65ºC (±5ºC) até peso constante. Foram analisadas as produções de fitomassa seca dos órgãos vegetativos (caule + folha, denominado FSFC), frutos (denominado FSF) e também da parte aérea completa (caule + folhas + fruto, denominado FST). Nos materiais secos foram determinados os teores de N, P e K, conforme metodologias citadas por Tedesco et al. (1995). Foi realizada análise multivariada para dados repetidos no tempo, ou seja, para 5 épocas de coleta, utilizando o programa SAS (Statistical Analysis System). Nos casos em que os fatores em estudo (salinidade e cultivar) mostraram-se interativos com o tempo, realizou-se análise univariada para cada época de amostragem. Procedeu-se à análise de regressão para os dados de natureza quantitativa; enquanto que as médias dos dados qualitativos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise multivariada dos dados de fitomassa seca de folhas e caule (FSFC), repetidos no tempo, identificou interação tempo x salinidade, significativa a 5% de probabilidade. Para a fitomassa seca da parte aérea (FSPA) houve efeito significativo apenas para época de coleta. Pode-se verificar que, as curvas de acumulação de FSFC (Figura 1A) não foram paralelas entre os vários níveis de salinidade, sendo que o nível de salinidade S3 foi o mais limitante para o crescimento durante todo o ciclo; enquanto que a salinidade S2 apresentou maior acúmulo de fitomassa na fase inicial de crescimento, sendo superada pela salinidade S1 após os 47 DAP. O acúmulo máximo de fitomassa seca total da parte aérea (g planta-1) ocorreu aos 61 DAP para o melão do grupo Cantaloupe, híbrido T e o grupo Honey Dew, Cultivar OF (Figura 1B) e para as salinidades S1, S2, e S3 (Figura 1C). Para FST média houve efeito significativo a 5% de probabilidade tanto para cultivar como para salinidade, sendo que a interação cultivar x salinidade não foi significativa. Os valores de produções de fitomassa seca total (FST), de fitomassa seca dos órgões vegetativos (FSFC) e de fitomassa seca dos frutos (FSF) para as cultivares e a salinidade da água são apresentados na Tabela 1. Observou-se que, enquanto a porcentagem de FSFC aumentou, a porcentagem de FSF decresceu proporcionalmente com o aumento dos níveis de salinidade 453 JF Medeiros et al. Figura 1. Produção de fitomassa seca ao longo do ciclo: de folhas e caule para os níveis de salinidade da água de irrigação – FSFC (A); total da parte aérea do híbrido T e a cultivar OF (B) e para os níveis de salinidade da água de irrigação – FST (C). (production of dry matter during the crop cycle: leaves and stem as function of salinity of irrigation water – A; aerial part of hybrid Trusty and cultivar Orange Flesh – B and as function of salinity levels of irrigation water - C). Mossoró, UFERSA, 2001. Tabela 1. Produções de fitomassa seca total da parte aérea (FST), de folha + caule (FSFC), dos frutos (FSF) e respectivas composições percentuais em relação ao total da parte aérea, em cada nível de salinidade e cultivar OF e o híbrido T, aos 61 DAP. (production of dry matter of aerial parts - FSPA, leaf + stem – FSFC and fruits – FSF and respective percentages in relation to total aerial part, at each level of salinity and cultivar Orange Flash and hybrid Trusty, 61 days after planting). Mossoró, UFERSA, 2001. 454 da água de irrigação. Esta constatação comprova que a tolerância relativa das plantas varia em função do estádio de desenvolvimento da cultura e, no caso das plantas de meloeiro, os efeitos da salinidade foram mais severos na frutificação do que durante a fase vegetativa. Os valores de FST foram superiores aos obtidos por Prata (1999) trabalhando com os híbridos Shipper, Durango e Mahmi, os quais produziram, respectivamente, 217,1; 184,6 e 143,0 g planta-1 e próximos aos reportados por Belfort et al. (1986) com a cv. Valenciano Amarelo (271,8 g planta-1 aos 75 dias após o plantio). Ainda em relação à Tabela 1, as folhas e caules perfizeram 32,9% da matéria seca produzida pela parte aérea do híbrido T, enquanto que na cultivar OF foi de 45,6% e para as salinidades S1, S2 e S3 com 33,93; 41,28 e 42,58%, respectivamente aos 61 DAP. Os frutos contribuíram com 67,14 e 54,45% para o híbrido T e a cultivar OF e com 66,07; 58,72 e 57,42% para os níveis de salinidades S1, S2 e S3, respectivamente. Prata (1999), estudando os híbridos Mahmi, Gold Pride, Gália, Durango e Shipper, verificou que os mesmos apresentaram a distribuição de fitomassa seca de 41 a 55% na parte aérea e de 27 a 50% para os frutos. Lima (2001), trabalhando com oito híbridos de melão mostrou que as plantas alocaram 25 a 40% de fitomassa seca na parte aérea e de 60 a 70% nos frutos. Com base nesses valores, os dados obtidos para FSFC e FSF do hibrido T, estariam dentro desta faixa, enquanto que para a FSF da cultivar OF estariam abaixo destes valores. O comportamento da fitomassa seca total da parte aérea (FST) para as cultivares, mostrado na Figura 1B, indica que a produção de FST do híbrido T tende a ser superior à cultivar OF durante todo o ciclo. Na Tabela 1, observa-se que a FSF do híbrido T foi 60% maior que da cultivar OF. O comportamento do acúmulo de fitomassa seca total da parte aérea (FST) para os diferentes níveis de salinidades da água de irrigação (Figura 1C), tem o mesmo comportamento do acúmulo de fitomassa seca da parte aérea da planta, sem considerar os frutos (Figura 1A), ou seja, as plantas irrigadas com água de salinidade S2 tiveram um maior cresHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina cimento até os 47 DAP sendo superado pelas plantas irrigadas com salinidade S 1 apenas a partir dos 47 DAP. A salinidade S 3 proporcionou menores valores de fitomassa seca total durante todo o ciclo. Nas Figuras 1A, 1B e 1C verifica-se que o maior acúmulo de fitomassa ocorreu após 37 DAP com incrementos crescentes até os 61 DAP, comportamento semelhante ao verificado por Lima (2001) para as cultivares do tipo Cantaloupe e Orange Flesh. A análise multivariada de dados repetidos no tempo mostra que as curvas de absorção de N são diferentes (não paralelas) entre as cultivares e entre os níveis salinos são paralelas e não coincidentes. Para o P, apenas houve diferença entre as cultivares, que foram paralelas, embora não coincidentes. O conteúdo máximo de N acumulado na fitomassa seca total aos 61 DAP para as salinidades (S1, S2 e S3) e cultivar OF e o híbrido T, foram respectivamente: 11,41, 8,91 e 6,84 e 9,71 e 6,84 g planta-1 (Tabela 2), ficando na faixa de absorção obtida por Lima (2001), que trabalhando com oito híbridos, chegou a um intervalo de 82,69 a 126,2 kg ha-1 de N com 10.000 planta ha-1. A cultivar T e a salinidade S1 foram superiores aos resultados obtidos por Lima (2001). Tanto para as cultivares como para salinidades, os resultados foram superiores aos obtidos por Prata (1999), que trabalhando com os híbridos Durango, Shipper, Mah-Mi e Gália chegou às quantidades de N de: 69,32; 53,30; 37,34 e 29,73 kg ha -1, para 12.500 planta.ha-1, respectivamente. O N foi inferior aos resultados obtidos para um rendimento de 67 e 55 t ha-1, por Anstett et al. (1965) e Rincón et al. (1998), onde obtiveram para essa produtividade, respectivamente 283 e 205 kg ha-1 de N. O híbrido T apresentou acúmulo de N nos frutos quase três vezes superior ao acumulado em folhas e caule, enquanto que a cultivar OF acumulou duas vezes mais N nos frutos, em relação ao acumulado em folhas e caules. Para as salinidades S1 e S3, os frutos contribuíram com quase 60% da absorção total da planta, enquanto que os frutos das plantas submetidas à salinidade da água S2 contribuíram com 45% da absorção total (Tabela 2). Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Figura 2. Acúmulo total de N na parte aérea para o híbrido T e da cultivar OF (A) e o acúmulo total de N (B) and P (C) nas plantas para os níveis de salinidade da água de irrigação durante o ciclo de cultivo. (accumulation of N in aerial part to hybrid Trusty and cultivar Orange Flesh – A and accumulation of N – B e P – C in plants to the level of irrigation water salinity during the crop cycle). Mossoró, UFERSA, 2001. Tabela 2. Conteúdos de N, P e K total na parte aérea e nos frutos ao final do ciclo da cultura para o híbrido T e cultivar OF em diferentes níveis salinos da água de irrigação. (contents of N, P and K in aerial parts and fruits at the end of crop cycle for hybrid Trusty and cultivar Orange Flash and in different salinity levels of irrigation water). Mossoró, UFERSA, 2001. 455 JF Medeiros et al. Figura 3. Acúmulo total de K durante o ciclo de cultivo: para híbrido T e da cultivar OF (A) e para níveis de salinidade da água de irrigação (B). (accumulation of K during the crop cycle: for hybrid Trusty and cultivar Orange Flesh - A and as a function of levels of irrigation water salinity – B). Mossoró, UFERSA, 2001. O híbrido T foi superior à cultivar OF, na absorção de nitrogênio, durante todo ciclo de cultivo, porém a partir dos 47 DAP a absorção tornou-se mais pronunciada (Figura 2A). Observa-se na Figura 2 que as plantas irrigadas com água S2 absorveram mais nitrogênio nos primeiros dias de cultivo, sendo superada pela salinidade S1 a partir de 47 DAP; as plantas irrigadas com água S3 absorveram menos nitrogênio em todo o ciclo de cultivo. A cultivar OF e o híbrido T apresentaram acúmulo de P nos frutos quase duas vezes superior ao acumulado em folhas e caule. Para as salinidades, os frutos contribuíram com quase 70% da absorção total da planta (Tabela 2). Verifica-se ainda que em plantas irrigadas com salinidade S2, a absorção de P foi superior até os 47 DAP, sendo superada pelas plantas cultivada sob irrigação com água de salinidade S1 até o final do ciclo de cultivo (Figura 2C). As plantas 456 irrigadas com água S3 apresentaram um comportamento inferior às demais salinidade desde o início até o final do ciclo da cultura. O conteúdo máximo de P acumulado na fitomassa seca total, aos 61 DAP para as salinidades (S1, S2 e S3) foram, respectivamente 2,93, 1,77 e 1,47 g planta-1 e para a cultivar OF e o híbrido T foram 2,30 e 1,82 g planta-1, respectivamente (Tabela 2). Estes resultados corroboram com os de Lima (2001), exceto para a salinidade S3 que foi inferior aos híbridos Hy Mark e Gold Mine que absorveram, respectivamente: 27,50 e 25,49 kg ha-1. Prata (1999), trabalhando com os híbridos Shipper, Durango, MAH-MI, Gold Pride e Gália, observou um acúmulo de: 10,1, 9,6, 5,7, 4,5 e 4,0 kg ha-1 de P para 12.500 planta ha-1, sendo inferiores aos observado neste trabalho. Em estudos conduzidos por Anstett et al. (1965), a produtividade da cultura do melão obtida foi de 67 t ha-1, com acúmulo total 59,83 kg ha-1 de P, valores inferiores aos obtido neste trabalho. Já no estudo de Rincón et al. (1998), o meloeiro produziu 55 t ha-1 de melão, com acúmulo total de 34,93 kg ha-1 de P, valores inferiores aos obtidos com o híbrido T, média dos níveis de salinidade (38,3 kg ha-1) e para a salinidade S1, média das cultivares (48,9 kg ha-1). Estes maiores valores podem está associados à absorção de luxo, como também ocorreu com o N, devido ao fato das altas doses desses nutrientes aplicadas. O conteúdo máximo de K acumulado na fitomassa seca total, aos 61 DAP para as salinidades (S1, S2 e S3) foram, respectivamente 16,42, 9,81 e 9,36; para a cultivar OF e hibrido T foram 13,70 e 10,03 g planta-1, respectivamente (Tabela 2), tais valores superiores aos obtidos por Lima (2001), que estudou 8 híbridos de melão e obteve valores de absorção de K de 12,3; 11,1; 8,9; 7,8; 7,5; 6,5; 5,7 e 4,7 g planta-1. Tyler & Lorenz (1964) observaram alto conteúdo de K na fitomassa seca total na cv. Persians, cerca de 177,09 kg ha-1 aos 64 DAP, sendo esse valor inferior às das plantas irrigadas com salinidade S1 e a média da cultivar T e superior as demais salinidades e a cultivar OF, obtido neste trabalho. Já Prata (1999), trabalhando com 5 cultivares obteve 75,93 e 101,42 kg ha-1 de K para as cultivares MAH-MI e Durango, respectivamente, ficando muito inferior aos obtidos pelas salinidades e cultivares deste trabalho. Anstett et al. (1965) e Rincón et al. (1998), para produzirem 67 e 55 t ha-1 de melão, respectivamente, encontraram uma absorção total de 419,17 e 416,67 kg ha-1 de K, sendo superiores às obtidas pelas salinidades e cultivares deste trabalho. Cerca de 70% do total de K absorvido foram alocados nos frutos do híbrido T e da cultivar OF. Para as salinidades, a contribuição da absorção do fruto em relação à absorção total da planta ficou em torno de 60 a 70%. Observa-se na Figura 3A que não houve diferença no acúmulo de K absorvido entre a cultivar OF e o híbrido T até aos 29 DAP e, após esse período o híbrido T foi superior, aumentando a diferença até o final do cultivo. Esse comportaHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina mento é semelhante ao obtido com o acúmulo de nitrogênio e de matéria seca total, com o acúmulo maior no fruto proporcionando essa diferença. Analisando-se a Figura 3B, verifica-se que as plantas irrigadas com a salinidade S2 absorveram maior quantidade de K até os 47 DAP, sendo superada em seguida pela salinidade S1 até o final do ciclo de cultivo. Para salinidade S3, o acúmulo de K tendeu a ser inferior até o final do ciclo em relação aos outros níveis de salinidades. Comportamento semelhante foi verificado para o acúmulo de matéria seca total e absorção de N e P. Os acúmulos dos nutrientes nos frutos e de fitomassa seca na planta diminuíram com o incremento da salinidade da água de irrigação. Os frutos exportaram, em média, 57,1; 67,1 e 70,0% dos totais de N, P, K, absorvidos pela planta e alocados na parte aérea, mostrando, portanto, que foram o principal dreno para estes nutrientes na planta. AGRADECIMENTOS Agradecemos auxílio financeiro do presente projeto de pesquisa, financiado com recursos do Programa Avança Brasil Convênio EMBRAPA/ESAM. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 REFERÊNCIAS ALLEN RG; PEREIRA LS; RAES D; SMITH M. 1998. Crop evapotranspiration: Guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO, 300p. (Irrigation and Drainage Paper, 56). ANSTETT A; LEMAIRE F; BATS J. 1965. Les exportations des especès legumiéres em marichage du pleine terre. Bull. Tech. d´Inform 20: 459-467. AYERS RS; WESTCOT DW. 1999. Qualidade de água na agricultura. Campina Grande: UFPB. 218p. (FAO. Estudos de Irrigação e Drenagem, 29). BAR-YOSEF B. 1991. Fertilization under drip irrigation. In: PALGRAVE DA (ed.) Fluid fertilizer: science and tecnology. New York: Marcel Dekker. cap.14, p.285-329. BELFORT CC; HAAG HP; MATSUMOTO T. 1986. Acumulação de matéria seca e recrutamento de macronutrientes pelo melão (Cucumis melo L. cv. Valenciano Amarelo CAC) cultivado em Latossolo Vermelho Amarelo em Presidente Venceslau, SP. Anais... Piracicaba: FEALQ, p.159-218. COSTA CP; PINTO CABP. 1977. Melhoramento de hortaliças. 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Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; 2Bolsista CNPq; [email protected] RESUMO ABSTRACT Neste trabalho avaliou-se o efeito da aplicação de tratamentos químicos na atividade respiratória e no impacto sobre os parâmetros físicos de melões ‘Amarelo’ minimamente processados. Frutos selecionados, lavados e sanificados foram minimamente processados em forma de cubos, divididos em quatro lotes que constaram de testemunha, cubos tratados com soluções de cloreto de cálcio (1%), ácido ascórbico (1%) e revestidos com alginato de sódio (1%); os quais foram acondicionados em bandejas com tampa, de tereftalato de polietileno (PET) e armazenados a 5±1°C e 73±5% UR, por 12 dias. Os produtos foram avaliados quanto à taxa respiratória, produção de etileno, perda de massa fresca, coloração, textura e teor de umidade. Verificou-se que, durante o período de armazenamento, independente do tratamento, houve redução da respiração e não se detectou produção de etileno pelos frutos. A perda de massa, a textura e o teor de umidade não foram influenciados pelos tratamentos químicos, porém o uso de película à base de alginato de sódio resultou em melões de coloração mais escura da polpa, em decorrência da cor da solução filmogênica. Effect of chemical treatments on respiratory process and physical parameters of melon minimally processed Palavras-chave: Cucumis melo L., processamento mínimo, respiração, parâmetros físicos. Keywords: Cucumis melo L., minimally processed, respiration, physical parameters. The effect of the application of chemical treatments was evaluated on the respiratory activity and the impact on the physical parameters of fresh cut melons. Selected fruits were washed and sanitized and minimally processed in cubes, divided in four lots which consisted of: control, treated with calcium chloride (1%), with ascorbic acid (1%) and coated with sodium alginate (1%). The cubes were packed in trays with cover of polyethylene terephtalate (PET) and stored at 5±1°C and 73±5% HR, during 12 days. The cubes were evaluated on their respiratory rate, ethylene production, loss of fresh mass, coloration, texture and humidity content. During the period of storage, independent of the treatment, a reduction of the respiratory rate occurred; ethylene production was not detected in fruits. Chemical treatments had no influence on loss of fresh mass, texture and humidity content; however the film of sodium alginate resulted in darker coloration of melon pulp due to the film solution color. (Recebido para publicação em 19 de outubro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008) (Received in October 19, 2007; accepted in October 31, 2008) O consumo de produtos minimamente processados tem aumentado em todo o mundo. Nos Estados Unidos, a comercialização deste tipo de produto é responsável pelo preparo de cerca de 10% do volume comercializado de frutas e hortaliças frescas e deverá aumentar para cerca de 20% nos próximos 10 anos. No Brasil, o consumo deste tipo de produto ainda é pequeno, porém temse observado um rápido crescimento do setor nos grandes e médios centros urbanos, com tendência de expansão (Durigan, 2004). Apesar do aumento da demanda mundial por vegetais frescos minimamente processados, uma maior expansão neste segmento, tanto para o mercado interno quanto para o externo, tem sido dificultada dada à curta vida útil dos mesmos (Gomes et al., 2005). A redução da vida útil deste tipo de produto se deve, principalmente, às mudanças fisiológicas indesejáveis, ocasionadas pelas operações envolvidas no 458 processamento, que induzem a perda da integridade celular da superfície cortada, a ocorrência de reações de escurecimento e a formação de metabólitos secundários indesejáveis, além de promover a descoloração, perda da textura e de causar prejuízos ao sabor e ao aroma (Lima, 2000). Dentre todas as possíveis modificações indesejáveis que este conjunto de processos pode acarretar, o escurecimento oxidativo e a perda acentuada de água é um dos fatores limitantes na conservação de produtos minimamente processados, constituindo uma das principais causas de perda da qualidade visual. Logo, tem-se buscado a utilização de métodos que controlem ou inibam o desencadeamento desses processos para a obtenção de um produto semelhante ao fresco, com vida útil prolongada e de boa qualidade (Lima, 2005). Procurando controlar estes problemas, tem-se testado o emprego de aditivos químicos como ácido ascórbico, ácido cítrico, cloreto de cálcio (Carvalho, 2000), películas comestíveis (Pilon, 2007), a adição de antimicrobianos (Sapers et al., 2001) e o uso do 1-MCP (Yamashita et al., 2006). O ácido ascórbico é um agente antioxidante natural que reduz o escurecimento dos tecidos causado pela enzima polifenoloxidase, formando uma barreira que impede a difusão do oxigênio para o interior do produto, reduzindo as quinonas geradas, antes que sejam formados pigmentos escuros. Entretanto, o ácido é consumido no processo, conferindo uma proteção de caráter temporário contra a descoloração e o escurecimento. Além disso, evita perdas de aroma e sabor, bem como as mudanças na textura e a redução da qualidade nutricional (Chitarra, 2000). A eficiência do cloreto de cálcio tem sido comprovada por diversos estudos, realizados com produtos minimamente Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processado processados, relacionados à manutenção da estrutura da parede celular. Groppo (2007) verificou em laranjas ‘Pêra’ minimamente processadas, tratadas com cloreto de cálcio 1%, uma vida útil de 12 dias, comprovando os efeitos desejáveis da aplicação deste sal no retardamento da maturação, senescência e na manutenção da firmeza. Além disso, o uso de películas de baixa permeabilidade a gases, como as de polissacarídeos, a exemplo das de alginato de sódio, reduzem as taxas de escurecimento enzimático (Chitarra & Chitarra, 2005). De fato, alguns autores obtiveram redução nas taxas de escurecimento enzimático em frutas, como resultado da adição de coberturas à base de polissacarídeos (Zhang & Quantick, 1997; Jiang & Li, 2001). Além da redução das taxas de escurecimento enzimático, outros efeitos importantes são obtidos na aparência de frutas processadas. O brilho e melhor integridade estrutural, conferidos pelas películas comestíveis, tornam os produtos mais atraentes para o consumidor (Oliveira et al., 2007). Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência do uso de cloreto de cálcio (1%), ácido ascórbico (1%) e de película à base de alginato de sódio, na atividade respiratória e no impacto sobre os parâmetros físicos de melões ‘Amarelo’ minimamente processados. MATERIAL E MÉTODOS Melões ‘Amarelo’ obtidos junto aos produtores da região de Mossoró (RN), foram colhidos de acordo com o padrão de maturação utilizado pelos produtores, acondicionados em caixa de papelão e transportados para a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) em caminhão com carroceria coberta com lona. Da CEAGESP os frutos foram encaminhados à Planta de Processamento de Frutas e Hortaliças, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da USP-ESALQ, onde foram selecionados quanto ao grau de maturação e ausência de danos mecânicos ou podridões, lavados com detergente e em água corrente, para a retirada da sujeira grosseira. Em seguida, os melões sofreram uma Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 desinfecção inicial com imersão em solução contendo 200 ppm de cloro ativo. Após a etapa de desinfecção, os melões foram mantidos sob refrigeração a 10±1°C, por 12 horas, até o processamento. O processamento foi realizado em ambiente a 15°C, utilizando-se roupas apropriadas (luvas, máscaras, toucas e aventais descartáveis) como parte das condições mínimas de assepsia. A primeira etapa do processamento consistiu em corte ao meio, utilizando-se faca de aço inoxidável afiada; remoção das sementes (com auxílio de colher). Em seguida, cada metade foi cortada em 4 fatias e a casca eliminada. As fatias foram divididas em pedaços menores com aproximadamente 3 cm de aresta e estes foram imersos em solução de dicloroisocianurato de sódio dihidratado a 100 ppm por 3 segundos, com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação. Os pedaços de melões foram drenados por aproximadamente 3 minutos em escorredor doméstico, devidamente higienizado e divididos em quatro lotes: L1= testemunha; L2= imersos em solução de cloreto de cálcio a 1% por 3 minutos e drenados por 3 minutos; L3= imersos em solução de ácido ascórbico a 1% por 3 minutos e drenados por 3 minutos; L4= revestidos com película à base de alginato de sódio. Este tratamento constou primeiramente na imersão dos cubos em solução de cloreto de cálcio a 0,6%, por um minuto para promover a geleificação do alginato de sódio a 1%, o qual foi aplicado na seqüência por imersão durante 2 minutos. A solubilização do alginato de sódio em água mineral foi conseguida pelo aquecimento da suspensão até 70°C e posterior resfriamento até 15°C. Os melões assim tratados foram deixados por 10 minutos em ambiente refrigerado a 15°C para a secagem da película. Os cubos foram pesados (250 g) e acondicionados em bandeja Galvanniâ G-92 de tereftalato de polietileno (PET) munida de tampa, com 700 mL de capacidade. As embalagens foram armazenadas a 5±1°C e 73±5% UR. O período de armazenamento foi de 12 dias, sendo que as avaliações fisiológicas foram realizadas em dias alternados e as avaliações físicas foram realizadas no 1°, 3°, 5°, 8°, 10° e 12° dia de armazenamento. Foram avaliados: Taxa respiratória 250 g de cubos de melão foram colocados em frascos de vidro herméticos com capacidade de 600 mL. Os frascos foram fechados hermeticamente (1h a 5°C), com tampas metálicas contendo um septo de silicone, por onde foram coletadas alíquotas de 1 mL, com auxílio de seringa de vidro. As amostras coletadas foram injetadas em cromatógrafo a gás (Thermoffinigan Trace 2000/GC), dotado de detector de ionização de chama, de coluna Porapack N, de 2 m de comprimento. As temperaturas mantidas no aparelho foram 100°C na coluna, 100°C no injetor, 250°C no detector e 350°C no metanador, para medição de CO2; os resultados foram expressos em µLCO2 kg -1 h -1; Produção de etileno foi utilizado o mesmo procedimento da análise da taxa respiratória, modificando-se a temperatura do detector para 100°C. Os frascos permaneceram fechados durante 2 horas. Os resultados foram expressos em mLC2H4 kg-1 h-1; Perda de massa - através da pesagem direta; Cor - determinada em colorímetro Minolta CR 400/410, onde foram determinados os valores de luminosidade (L), a* e b*. Esses resultados permitiram calcular o ângulo Hue (cor) e a saturação (Chroma) desta cor, conforme recomendado por Minolta (1994); Textura - determinada com o auxílio de texturômetro “Texture Test System”, modelo TP-1 acoplado a um registrador automático de variação de força, operando em célula padrão de compressão de cisalhamento CS-1, com 10 lâminas de 1/8 polegadas de espessura e ângulo de 90°. As amostras foram previamente pesadas e colocadas na célula teste de cisalhamento e compressão, de tal forma que as lâminas das células tivessem ação paralela às amostras. Foi utilizado sensor em 300 lbf (libras-força) e velocidade de descida do pistão de 20 cm min-1. Foram feitas medições em dois pedaços de cada embalagem, sendo os resultados expressos em Newton (N); Umidade - determinada em balança determinadora de umidade Tecnal modelo B-Top-Ray, por radiação infravermelha, a qual permitiu expressar os resultados em porcentagem (%). 459 ACA Miguel et al. Figura 1. Taxa respiratória de melão ‘Amarelo’ minimamente processado armazenado a 5°C, em função dos tratamentos aplicados (CaCl2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico; AS = alginato de sódio) (CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate). (respiratory tax of fresh-cut melon storage at 5°C, in function of treatments). Piracicaba, USP, 2007. Figura 2. Produção de etileno de melão ‘Amarelo’ minimamente processado armazenado a 5°C, em função dos tratamentos aplicados (CaCl2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico; AS = alginato de sódio) (CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate). (ethylene production of fresh-cut melon at 5°C, in function of treatments). Piracicaba, USP, 2007. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com esquema fatorial 4x6 (4 tratamentos e 6 épocas de amostragem) para as análises físicas, 4x7 (4 tratamentos e 7 épocas de amostragem), para as análises fisiológicas e 3 repetições, tendo como unidade experimental uma embalagem do produto. Os resultados das análises fisiológicas foram submetidos à análise do erro padrão; enquanto que os das análises físicas foram submetidos à análise de variância pelo Teste F e a comparação das médias pelo Teste de Tukey (5%), de acordo com o proposto por Gomes (2002). 460 RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se, independente do tratamento, produção elevada de CO2 imediatamente após o corte (0 dia) e decréscimo em sua evolução durante o período de armazenamento (Figura 1), concordando com o relatado por Arruda (2002), que também detectou maior atividade respiratória, em melões rendilhados, logo após o processamento. O aumento da atividade respiratória, observado após o processamento, pode ser atribuído ao estresse ocasionado pelas operações de descascamento e cor- te. Esse estresse provoca descompartimentação celular e, com isto, os substratos do metabolismo respiratório entram em contato com os complexos enzimáticos, resultado num aumento da atividade respiratória (Purvis, 1997). O tratamento com ácido ascórbico apresentou a maior taxa respiratória até o 2° dia de armazenamento, assumindo em seguida valores semelhantes àqueles verificados nos demais tratamentos, indicando que o ácido foi sendo consumido ao longo do tempo, por ser utilizado como substrato para a respiração do vegetal. A aplicação de solução de cloreto de cálcio e de película à base de alginato de sódio não colaborou para a redução da atividade respiratória, pois os melões que receberam tais tratamentos apresentaram valores semelhantes à testemunha nos primeiros dois dias de armazenamento e não diferiram entre si até o final do período experimental. Andrade (2006) e Fontes (2005) observaram que o uso do cloreto de cálcio (1%) em mamões minimamente processados e de alginato de sódio em maçãs minimamente processadas, respectivamente, mostrou-se eficaz na redução da atividade respiratória, diferindo dos resultados encontrados neste trabalho. Em todos os tratamentos e durante o período de armazenamento foi detectada produção de etileno (Figura 2), porém em níveis muito baixos, inferiores a 0,1 mL C2H4.kg-1 h-1, sem interesse do ponto de vista de fisiologia e tecnologia pós-colheita, uma vez que este regulador de amadurecimento começa a ser fisiologicamente ativo a partir do nível citado (Reid, 1992). Os dados verificados neste trabalho, estão de acordo com os relatados por Almeida et al. (2001) que também não detectaram produção de etileno em melão ‘Amarelo’. Segundo Saltveit (2000), apesar da biossíntese do etileno ser ativada pela ocorrência de danos físicos, nem todos os tecidos vegetais, como o observado em melão ‘Amarelo’, respondem a este estresse com aumentos significativos na produção deste hormônio, ou esta é tão baixa que não é capaz de ser detectada. Ocorreu uma gradativa perda de massa ao longo do período de armazenamento (Tabela 1). Este aumenHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processado to pode ser atribuído à perda de umidade e de material de reserva pela transpiração e respiração, respectivamente. Entretanto, ao longo dos 12 dias de armazenamento esta perda foi pequena, podendo ser devido à proteção oferecida ao produto pela embalagem, como proposto por Sarantópoulos (1997) e Durigan (2000). Estes resultados são importantes, haja vista que a perda de massa do melão pode representar sério prejuízo econômico, pois normalmente o fruto é vendido por unidade de massa (Peroni, 2002). Em relação ao efeito dos tratamentos (Tabela 1), os cubos tratados com cloreto de cálcio (1%) apresentaram a maior perda de massa, indicando que a aplicação do sal clorado foi pouco eficaz na redução da perda de peso. Peroni (2002), estudando o efeito de diferentes concentrações de CaCl 2 em melão ‘Amarelo’ minimamente processado, verificou uma perda média de 0,11%, valor inferior ao encontrado neste trabalho. Os melões testemunha, os tratados com ácido ascórbico e os revestidos com película não apresentaram diferenças quanto à perda de massa. Estes resultados vão ao encontro do observado por Lima (2005) em melões ‘Orange Flesh’ minimamente processados, tratados com ácido ascórbico, que constatou comportamento semelhante entre a testemunha e os frutos imersos em ácido. A película de alginato de sódio não apresentou efeito significativo na redução da perda de massa. Em relação aos tratamentos, os resultados encontrados ficaram abaixo dos valores críticos de perda de massa indicados por Finger & Vieira (1997), que afirmam que a perda de massa máxima, sem aparecimento de murchamento ou enrugamento da superfície oscila entre 5 e 10% e que a perda de massa aceitável para os produtos hortícolas varia de em função da espécie e do nível de exigência dos consumidores. A coloração do produto é um dos principais parâmetros para a caracterização da qualidade, pois os consumidores mantêm uma relação positiva entre esses dois fatores (Chitarra & Alves, 2001). Os valores de luminosidade (L), obtidos nesse trabalho, de maneira geral, decresceram durante o armazenamento, indicando que houve Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Tabela 1. Perda de massa fresca, Luminosidade (L), cromaticidade (C) e umidade em melões ‘Amarelo’ minimamente processados, em função dos tratamentos e do tempo de armazenamento (fresh mass lose, luminosity (L), cromaticity (C) and humidity in fresh-cut melons, in function of treatments and storage). Piracicaba, USP, 2007. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade) (Average values followed from the same letter in the column did not differ through the Tukey test, 5% probability); T = testemunha; CaCl2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico; AS = alginato de sódio (T = control; CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate). Tabela 2. Valores médios de ângulo de cor (h°) e de textura de melões ‘Amarelo’ minimamente processados, em função dos tratamentos e do tempo de armazenamento (average values of color angle and texture of fresh-cut melons, depending on treatments and storage). Piracicaba, USP, 2007. Médias seguidas da mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (means followed by the same small letter in the columns and capital letter in the rows did not differ from each other through the Tukey test, 5%). T = testemunha; CaCl2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico; AS = alginato de sódio (T = control; CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate). escurecimento da polpa do melão com o avanço dos dias (Tabela 1). Arruda (2002) e Pinto (2002) também observaram diminuição nos valores de luminosidade em melões rendilhados e em melões ‘Orange Flesh’ minimamente processados, respectivamente. Os melões tratados com alginato de sódio apresentaram o menor valor médio de luminosidade, o que pode ser atribuído à coloração da solução de alginato de sódio, que é levemente marrom, fato também constatado por Fontes (2005) em maçãs minimamente processadas 461 ACA Miguel et al. revestidas com este tipo de película. Os melões testemunha e os tratados com cloreto de cálcio (1%) mostraram-se mais claros e com valores de L semelhantes, indicando que o uso deste sal não influenciou significativamente na taxa de escurecimento dos frutos. Peroni (2002), estudando o efeito do CaCl2 em melões, constatou diminuição no valor de L ao longo do período de armazenamento e no último dia (10° dia) verificou translucidez no produto, sinalizando senescência. Em relação à cromaticidade, os tratamentos químicos e o período de armazenamento não influenciaram na pigmentação amarelada da polpa dos melões minimamente processados (Tabela 1). Houve interação significativa entre os tratamentos e o período de armazenamento com relação ao ângulo de cor (Tabela 2). O ângulo hue ou de cor se manteve praticamente inalterado ao longo do período de armazenamento em todos os tratamentos, exceto em relação à testemunha, a qual tendeu a se tornar mais amarelada, passando de 105,19° para 103,85°, indicando que estes melões estavam em estádio mais avançado de maturação. Em relação aos tratamentos, os melões apenas diferiram entre si quanto ao ângulo de cor no 8° dia de armazenamento, sendo que os frutos tratados com alginato de sódio apresentaram o menor valor médio para o ângulo de cor, denotando coloração mais amarelada. Os resultados são concordantes com os obtidos por Fontes (2005), que também constatou menores valores do ângulo de cor em maçãs minimamente processadas revestidas com película comestível. Com base nos resultados acima citados, pode se afirmar que os tratamentos químicos não modificaram a coloração natural dos melões minimamente processados, ou seja, colaboraram para a preservação da coloração. Este é um dado importante, uma vez que os parâmetros que definem a coloração também podem ser indicativos da perda de qualidade, pois quando o produto muda suas características originais, escurecendo e/ou adquirindo outra tonalidade, entende-se que sua aparência característica é perdida e sua aceitação é menor (Chitarra, 1994). 462 Os teores de umidade dos melões minimamente processados não variaram significativamente entre os tratamentos, não influenciando na umidade das amostras (Tabela 1). Os melões minimamente processados não apresentaram perdas significativas de umidade com o decorrer do tempo. Estes resultados refletem o efeito conjugado da pequena perda de massa (transpiração) e da atividade metabólica reduzida observada ao longo do período de armazenamento. A textura foi significativamente afetada pelos tratamentos e pelo período de armazenamento (Tabela 2). Embora tenha havido oscilações ao longo dos dias de avaliação, no 12° dia, em todos os tratamentos os melões apresentaram valores de textura semelhantes aos do primeiro dia, não havendo amaciamento da polpa, evento comumente observado em frutas e hortaliças e que tem sido atribuído à modificação na composição da parede celular pela ação de enzimas (Chitarra, 2000). Para os tratamentos, houve diferenças significativas somente no 3°, 8° e 10° dias, tendo a testemunha apresentado os menores valores, os tratados com ácido ascórbico textura mais macia e os tratados com cloreto de cálcio textura mais rígida. Contudo, pode-se dizer que os tratamentos químicos não contribuíram para maior efeito na textura dos melões, o que pode ser resultado das perdas de massa terem sido mínimas. Pode-se concluir que todos os tratamentos químicos testados demonstraram tendência de decréscimo na atividade respiratória durante o armazenamento refrigerado, indicando que esta não contribui para a redução da vida útil dos melões ‘Amarelo’ minimamente processados e que os mesmos, não influenciaram na perda de massa, textura e umidade, porém o uso de película à base de alginato de sódio resultou em melões de coloração mais escura da polpa, em decorrência da cor da solução filmogênica. AGRADECIMENTOS Ao Cnpq pela bolsa de mestrado concedida à primeira autora. REFERÊNCIAS ALMEIDA AS; FILGUEIRAS HAC; MENEZES JB; ALVES RE; PEREIRA MEC; ALMEIDA AV. 2001. Atividade Respiratória e produção de etileno em diferentes híbridos de melão cultivados no pólo agrícola Mossoró-Açú. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 41. Resumos... Brasília: SOB (CD-ROM). ANDRADE SRR. 2006. 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Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada Pahlevi A de Souza1; Fernando Luiz Finger2; Ricardo Elesbão Alves3; Mário Puiatti2; Paulo R Cecon2; Josivan B Menezes1 1 UFERSA-Depto. Ciências Ambientais, 59625-900 Mossoró-RN; 2UFV, 36570-000 Viçosa-MG; 3Embrapa Agroindústria Tropical, R. Dra. Sara Mesquita, 2270, Planalto Pici, 60511-110 Fortaleza-CE; [email protected] RESUMO ABSTRACT Objetivando avaliar a vida útil pós-colheita de melão tipo Charentais (Cucumis melo L.) sob refrigeração, tratados com 1-MCP e associado ou não a atmosfera modificada (AM), foram conduzidos dois experimentos em laboratório da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza-CE. Os frutos foram provenientes da Agroindústria Nolem Comercial Importadora e Exportadora Ltda, localizada no Agropólo Mossoró Açu-RN. Os frutos foram tratados com 300 e 600 ppb de 1-MCP, em seguida, metade desses frutos foram embalados em filmes plásticos, mantendo-se frutos embalados sem aplicação de 1-MCP nas mesmas condições de armazenamento dos demais. Os melões foram armazenados por 21 dias sendo 14 dias (9±1ºC e 87±5% UR) + 7 dias (22±2ºC e 70±5% UR). Em função da aparência externa, a vida útil pós-colheita dos frutos armazenados sob atmosfera modificada, com ou sem tratamento inicial de 1-MCP foi de 21 dias, enquanto que dos frutos tratados inicialmente apenas com 1-MCP foi de 19 dias. A aplicação do 1-MCP proporcionou redução na atividade respiratória e na produção de etileno, e maior retenção da firmeza da polpa, menor perda de massa e melhor aparência externa quando associado a atmosfera modificada. A atmosfera modificada, isoladamente, foi eficiente em reduzir a perda de massa e manter melhor aparência externa. Postharvest conservation of charentais melons treated with 1-MCP and stored under refrigeration and modified atmosphere Palavras-chave: Cucumis melo L., armazenamento, etileno, filme plástico. Aiming to evaluate the postharvest shelf life of Charentais melon (Cucumis melo L.) stored under refrigeration, the fruits were treated with 1-MCP, associated or not with modified atmosphere (MAP). Two experiments were carried out at the laboratory of Embrapa Agroindústria Tropical in Fortaleza, Brazil, analyzing the chemical and physic quality characteristics. The fruits were obtained at the Agroindústria Nolem Comercial Importadora e Exportadora Ltda, located in Mossoró Açu, Brazil. The fruits were treated with 300 and 600 nL L-1 of 1-MCP, half of those were wrapped in plastic films, which were wrapped without the use of 1-MCP in the same conditions of storage. The melons were stored during 21 days, being 14 days (9±1ºC and 87±5% UR) + 7 days (22±2ºC and 70±5% UR). Based on external appearance, postharvest shelf life of the fruits stored under modified atmosphere, with or without initial treatment of 1-MCP was 21 days, while in fruits treated initially only with 1MCP, it was 19 days. The application of the 1-MCP provided reduction in the respiratory activity and ethylene production, and higher flesh firmness retention, smaller weight loss and better external appearance, when associated the modified atmosphere. The modified atmosphere, separately, was efficient to reduce the weight loss and to maintain better external appearance. Keywords: Cucumis melo L., storage, ethylene, plastic film. (Recebido para publicação em 12 de novembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008) (Received in November 12, 2007; accepted in October 17, 2008) A região Nordeste, em função da adoção de tecnologias de irrigação eficientes, utilização de híbridos adaptados à região e das condições climáticas favoráveis existentes passou a ser a maior produtora de melão do Brasil, com cerca de 93,6% do total, seguida pela região Sul responsável por 4,8% (Agrianual, 2004). O estado do Rio Grande do Norte, com a maior parte de sua produção localizada no Agropólo Mossoró Açu, é o maior produtor da região Nordeste, com 55% (IBGE, 2006), destacando-se também os estados do Ceará, Pernambuco e Bahia. Com isso, o Brasil passou de importador para exportador de melão, produzindo em 2004 cerca de 264.000 frutos de melão ao ano 464 em uma área de 14.000 ha. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (SEDEC/MIX), as exportações nacionais de melão tiveram acréscimo de 116% nos últimos sete anos, passando de 47,5 mil toneladas em 1997 para 98,74 mil toneladas em 2004, com valor de US$ 37,8 milhões. Boa parte desta produção é destinada ao mercado externo, com cerca de 90% à União Européia, onde o Reino Unido é o principal importador, seguido da Holanda, Finlândia, Bélgica, Alemanha e Espanha (Moretti & Araújo, 2003). No pólo Rio Grande do Norte/Ceará, 70% da produção de melão é embala- da e o restante vendida a granel, sendo que metade do que é embalado é destinado à exportação: 90% para União Européia, e os 10% restantes para os EUA e Mercosul. Da outra metade embalada, cerca de 97% é destinada aos mercados localizados no centro sul do país, e os 3% restantes são consumidos em nichos de mercados das regiões Norte e Nordeste (Araújo & Vilela, 2003). As cultivares do grupo Inodorus, representadas pelo tipo Amarelo, Pele de Sapo e Orange Flesh, são os preferidos pelos produtores do pólo Rio Grande do Norte/Ceará, totalizando mais de 50% da área plantada, preferência essa justificada pelos 30 a 35 dias de vida útil pós-colheita em condições ambienHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada te. Apesar disto, observa-se tendência de crescimento da área cultivada com melões Cantaloupensis como os Cantaloupes, Galias e Charentais, que são mais saborosos, mais adocicados e possuem maior valor nutritivo. Entre os melões Cantaloupensis, o tipo Charentais vem ganhando destaque devido a sua aceitação por parte dos consumidores da principal região importadora, a União Européia. Os melões Charentais são bastante aromáticos, de origem francesa, que podem apresentar tanto casca lisa como reticulada, apresentando suturas ou costelas, com coloração variando de verde-escuro a cinza e formato variando de redondo a achatado. Apesar de se tratar de um produto com excelente qualidade, a vida útil desses melões, sob temperatura ambiente, é bastante limitada. Segundo Rodov et al. (2002), o tipo Charentais tem um pronunciado comportamento climatérico, sendo que em poucos dias após a colheita o fruto torna-se rapidamente maduro com amolecimento excessivo da polpa, presença de coloração amarelo-alaranjado da casca, deterioração do “flavor”, declínio do conteúdo de açúcares e aumento na suscetibilidade a patógenos. O controle de qualidade pré e póscolheita do melão produzido no Nordeste se faz necessário devido à distância dos principais mercados, pois para ser transportado via terrestre, sem refrigeração até São Paulo, o melão leva em torno de 5 dias e para ser transportado até o porto de Roterdam na Holanda, por transporte marítimo sob refrigeração, gasta-se de 11 a 12 dias, e de 10 a 14 dias o tempo necessário de transporte marítimo até o porto da Filadélfia no leste dos EUA. O armazenamento sob baixas temperaturas constitui o meio mais efetivo na extensão da vida útil pós-colheita de frutos e hortaliças e como complemento da refrigeração, a modificação ou controle da atmosfera vem sendo utilizado com sucesso. A atmosfera modificada (AM) pode ser definida como o armazenamento realizado sob condições de composição da atmosfera diferente daquela presente na atmosfera do ar normal (Lana & Finger, 2000). Níveis baixos de O 2 (<8%) e altos de CO 2 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 (>1%) na atmosfera em torno do produto reduzem a taxa respiratória e conseqüentemente a perda de água, síntese e ação de etileno, mudanças nos ácidos e nos açúcares, mudanças na cor e textura, incidência de injúria pelo frio e desordens fisiológicas, incidências de microorganismos, decorrentes do retardamento do amadurecimento e senescência, prolongando a vida útil pós-colheita do produto (Hulbert & Bhowmik, 1987; Nakhasi et al., 1991). Novas técnicas têm sido utilizadas para aumentar a vida-útil pós-colheita de frutos e hortaliças. Uma delas é a utilização de inibidores da ação do etileno, como o 1-metilciclopropeno (1-MCP). O 1-MCP é um composto gasoso que bloqueia a ação do etileno, através de competição pelos sítios de ligação com os receptores nas membranas celulares, reduzindo os efeitos do etileno procedente de fontes internas e externas (Blankenship & Dole, 2003). Watkins (2006), em sua revisão sobre o uso do 1MCP em frutos e hortaliças, encontrou efeitos desse composto sobre a atividade respiratória, produção de etileno, pigmentos e metabolismo da parede celular, entre outros. Segundo Blankenship & Dole (2003), o 1-MCP possui diferentes efeitos sobre o amadurecimento e qualidade de frutos e hortaliças de comportamento climatérico ou não, vários fatores como a concentração do gás 1MCP necessário para saturar os receptores e competir com o etileno, tempo de aplicação, temperatura ideal para que o tratamento seja efetivo e grau de maturação do produto, pois o 1-MCP não é efetivo em maturação avançada, podem influenciar os tratamentos (Chitarra & Chitarra, 2005). Dessa forma, o tratamento do melão Charentais com 1-MCP pode favorecer a exploração de mercados mais distantes e permitir maior elasticidade para oferta do produto. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1metilciclopropeno (1-MCP) e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada. MATERIAL E MÉTODOS Melões Charentais ‘Aura Prince’ provenientes de plantio comercial da Empresa Nolem Com. Imp. E Exportação Ltda., localizado em Mossoró-RN, foram colhidos com coloração verdeacinzentada e com a região em torno do pedúnculo sem sinais de abertura (préclimatérico). Após a colheita os frutos foram tratados pelo pincelamento ao redor do pedúnculo com solução contendo o fungicida Imazalil na concentração de 2 mL L-1, e transportados para o laboratório da Embrapa Agroindústria Tropical. Após a seleção dos frutos, procedeuse os tratamentos com1-MCP (SmartFresh® , 3,3% i.a.), nas concentrações 300 e 600 ppb, em câmaras herméticas com capacidade para 0,186 m3, utilizando-se 40 frutos para cada concentração. Os frutos foram expostos ao 1-MCP por 12 horas a temperatura de aproximadamente 25ºC. Após esse período, 20 frutos tratados com cada concentração de 1-MCP foram embalados em sacos plásticos de polietileno microperfurados Xtend Ò da empresa Stepac L. A., Ltd., Israel, colocando-se 4 frutos por saco. Segundo Rodov et al. (2002), o material apresenta espessura nominal de 20 mm com passagem de vapor de água de 25,0 x 10-10 mol m-2 s-1 Pa e permeabilidade a O2 de 23,5 x 10-14 mol m-2 s-1 Pa a 23ºC e 50% de UR. O restante dos frutos tratados com 1-MCP foi deixado sem a embalagem plástica. Para efeito de comparação foram mantidos frutos embalados com X-tend sem aplicação de 1-MCP nas mesmas condições de armazenamento dos demais. Após a aplicação dos tratamentos os frutos foram armazenados por 21 dias sendo 14 dias (9±1ºC e 87±5% UR), simulando-se o transporte marítimo para a Europa, + 7 dias (22±2ºC e 70±5% UR), simulando-se o período de comercialização, e avaliados nos seguintes tempos: 0; 7; 14; 14+3; 14+5 e 14+7 dias. Após a saída da câmara fria (14 dias) todos os filmes plásticos foram abertos. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5 x 6, onde o primeiro fator constou dos tratamentos (atmosfera modificada (AM) isolada, 300 ppb de 1MCP+AM, 600 ppb+AM, 300 ppb e 600 ppb isolados) e o segundo dos tempos de armazenamento (0; 7; 14; 17; 19 e 465 PA Souza et a. 21 dias), com 4 repetições constituída de um fruto cada uma. Para a avaliação da atividade respiratória (mg CO2 kg-1 h-1) e a produção de etileno (µL C2H4 kg-1 h-1), os frutos sob atmosfera modificada foram retirados dos sacos 2 horas antes das análises cromatográficas. Quatro frutos inteiros foram pesados e colocados em recipientes plásticos herméticos por 30 min, sendo cada fruto considerado como uma repetição. Uma amostra de 5 mL de ar do interior dos recipientes foi retirada com uma seringa através do septo e injetada em cromatógrafo a gás CG modelo DANI 86.10 equipado com detector de condutividade térmica de 150ºC (CO 2 ) e 200ºC (C 2H 4 ), em coluna PORAPAK-N (4 m x 3 mm). Avaliouse a firmeza da polpa (N) (resistência da polpa à penetração, utilizando-se penetrômetro manual modelo FT 327, com sonda de 8 mm de diâmetro sendo realizadas 4 leituras por fruto no centro da polpa na região equatorial do fruto); perda de massa (%) (considerou-se a diferença entre a massa inicial do fruto e aquela obtida em cada intervalo da amostragem, com balança semi-analítica; aparência externa (nota de 5-1 onde 5= ausência de depressões, murcha ou ataque de microrganismos; 4= traços de depressões e/ou murcha; 3= leve depressões e/ou murcha; 2= depressões e/ou murcha com média intensidade e leve ataque de microrganismos e 1= depressões e murcha com intensidade severa e ataque fúngico)); aparência interna (nota de 5-1 onde 5= ausência de colapso na polpa, nem sementes soltas e/ou líquido na cavidade; 4= traços de colapso na polpa, de sementes soltas e/ou líquido na cavidade; 3= leve colapso na polpa, de sementes soltas e/ou líquido na cavidade; 2= colapso na polpa, sementes soltas e/ou líquido na cavidade, em intensidade média e 1= colapso na polpa, sementes soltas e/ou líquido na cavidade, em intensidade severa). Os sólidos solúveis totais (SST, ºBrix) foram determinados em refratômetro digital ATAGO PR 101, escala de 0 a 45º, com compensação automática de temperatura; açúcares solúveis totais (AST, %): extraídos em água e determinados com reagente Antrona, conforme Yemm & Willis 466 (1954); vitamina C (mg·100g-1): por titulação com solução de Tillman (2,6 diclorofenol indofenol, DFI), conforme Strohecker & Henning (1967); coloração da casca: por reflectometria, utilizando-se de um colorímetro Minolta Croma Meter CR-200b, calibrado em superfície de porcelana branca sob condições de iluminação ambiente e expressa no módulo L a* b*, posteriormente calculando-se o Ângulo hue (arco tangente (b*/a*), realizando-se duas leituras (região equatorial e próximo ao pedúnculo); etanol: segundo metodologia proposta por Kato Noguchi & Watada (1997), em cromatógrafo a gás (CG/DANI 86.10) equipado com coluna Porapak-N (4 m x 3 mm) e atividade da enzima poligalacturonase, segundo metodologia proposta por VilasBoas et al. (2000), com modificações. A atividade respiratória e a produção de etileno não apresentaram homocedasticidade das variáveis, conforme teste de Bartlett, não sendo, portanto, submetidas a analise de variância, optando-se, em ambos os casos, por apresentar as médias das concentrações dos tratamentos em cada tempo. Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão utilizandose o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas da UFV (SAEG, UFV). Utilizou-se o teste de Tukey adotando o nível de 5% de probabilidade para a avaliação das médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO De maneira geral, o armazenamento refrigerado reduziu a atividade respiratória até o 15º dia (Figura 1A), ou seja, até um dia após a retirada da câmara fria, sendo esta mais intensa nos frutos tratados com 600 ppb de 1-MCP tanto na presença como na ausência da atmosfera modificada (AM). A partir de então, verificou-se aumento da atividade respiratória até o 19º dia de armazenamento, com picos respiratórios isolados para os tratamentos 300 nL L -1 de 1-MCP e 300 nL L -1 de 1MCP+AM aos 16 e aos 19 dias, respectivamente. Foi observado, também, que o uso isolado da atmosfera modificada levou a redução da taxa respiratória podendo ser explicado pelo aumento da concentração de CO2 e redução do O2 no interior desta. A produção de etileno foi baixa durante o armazenamento refrigerado para todos os tratamentos estudados (Figura 1B). Após a retirada dos frutos da câmara fria observou-se alta produção de etileno com picos para todos os tratamentos ao 16º dia. A partir desse ponto houve menor produção de etileno para os frutos tratados com 1-MCP. Esses valores estão acima dos encontrados por Almeida et al. (2001 a) em melões cantaloupe, que obtiveram taxas inferiores a 50 µL kg-1 h-1. Os mesmos autores também verificaram menor produção de etileno durante o armazenamento refrigerado. Estudando a supressão do amadurecimento e do amolecimento em melões Gália verdosos ou maduros tratados com 1-MCP e armazenados a 20ºC, Ergun et al., (2005) verificaram que o tratamento utilizando 1,5 µL L-1 de 1-MCP por 24 h antes do armazenamento atrasou o pico de produção de etileno dos frutos verdosos por 6 dias, porém observaram que o tratamento adotado suprimiu o desenvolvimento de cor na casca desses melões. Houve aumento da perda de massa ao longo do armazenamento (Figura 1C), com menor perda para os tratamentos associados à atmosfera modificada (Tabela 1), não tendo efeito do 1-MCP, concordando com Lima et al. (2004), trabalhando com melão Galia. Aos 21 dias após a colheita o valor médio registrado foi de 3,32% o que representa 33,2 kg t-1 de massa total perdida, verificando-se leve sinal de murcha para os tratamentos sem filme plástico. A perda de massa é uma das principais causas da deterioração no armazenamento, resultando, não apenas na perda quantitativa, o que ocasiona sérios prejuízos econômicos, pois normalmente os frutos são vendidos por unidade de massa, mas também perda qualitativa pelo enrugamento e amolecimento, dentre outros. No interior das embalagens Xtend® ocorre maior acúmulo de vapor d‘água, porém não ocorre condensação de água na superfície das mesmas, representando uma inovação tecnológica em relação a outras embalagens convencionais (Cocozza, 2003). Almeida (2002), avaliando a conservação de Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada Figura 1. Atividade respiratória (A), produção de etileno (B), estimativa da perda de massa (C) e da firmeza da polpa (D) em melões Charentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura refrigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5% U.R.) (respiratory rate (A), ethylene production (B), weight loss (C) and flesh firmness (D) estimation of Charentais melons, ‘Aura Prince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) + 7 days (22+2 oC and 70+5% U.R.) Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006. melão Cantaloupe ‘Hy-Mark’ tratados com 1-MCP (300 ppb) e armazenados a 5ºC, observou, aos 30 dias de armazenamento, perda de massa de 5,4% para os frutos armazenados sob atmosfera modificada com filmes plásticos X-tendâ e de 8,4% para os frutos tratados apenas com 1-MCP. A firmeza da polpa sofreu efeito da interação entre os fatores estudados, observando-se redução para todos os tratamentos durante o armazenamento (Figura 1D). Os frutos mantidos sob atmosfera modificada isolada ficaram mais firmes até o 19º dia de armazenamento, sendo então superados pelos frutos tratados com 1-MCP. Para os frutos tratados com 1-MCP, observou-se, ao longo do armazenamento, que os frutos tratados com a maior concentração (600 nL L-1), na presença ou ausência da atmosfera modificada, estavam mais firmes. O efeito do 1-MCP Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 relacionado ao retardo da evolução do amaciamento foi também verificado em melões Galia (Lima et al., 2004; Ergun et al., 2005). Em melões Charentais, Ayub et al. (1996) citam que o amaciamento está intimamente ligado à presença do etileno. Os maiores valores de firmeza da polpa para os tratamentos com atmosfera modificada podem ser devido, possivelmente, à maior concentração de CO2 no interior das embalagens (dados não mostrados) e também à menor perda de umidade durante o armazenamento, visto que a água ajuda a estabilidade estrutural da parede celular. Watkins (2006) cita que os efeitos do 1-MCP relacionados ao metabolismo da parede celular em frutos e hortaliças estão associados à redução da atividade das enzimas poligalacturonase, pectinametilesterase e endo-β-1,4-glucanase. Houve efeito isolado dos fatores estudados para a aparência externa (Figu- ra 2A), havendo redução dessa característica ao longo do armazenamento, sendo que os frutos mantidos sob atmosfera modificada apresentaram melhor aparência final (Quadro 1). Os frutos mantidos sob atmosfera ambiente tiveram ganho de cor amarela mais cedo e apresentaram, ao final do armazenamento, leve presença de fungo na inserção do pedúnculo e aspecto de murcha com depressões escuras na casca e nas nervuras, concordando com os resultados obtidos para a perda de massa, apresentando, índices médios inferiores a 3,0, o que representou vida útil de apenas 19 dias. A aparência interna teve leve perda da qualidade ao longo do armazenamento (Figura 2B). Os frutos tratados com 300 nL L-1 de 1-MCP, associado ou não à atmosfera modificada, apresentaram maior incidência de sementes soltas que, segundo Lima et al 467 PA Souza et a. Figura 2. Estimativa da aparência externa (A), aparência interna (B), sólidos solúveis totais (C) e açúcares solúveis totais (D) em melões Charentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura refrigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5% U.R.) (estimation of the external appearance (A), internal appearance (B), total soluble solids (C) and total soluble sugars (D) of Charentais melons, ‘Aura Prince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) + 7 days (22+2oC and 70+5% U.R.). Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006. (2004) é decorrente do acúmulo de água livre em volta das sementes. A redução nos índices de aparência interna foi verificada, principalmente, após a transferência dos frutos para a temperatura ambiente (após o 14º dia de armazenamento). Em pesquisas realizadas com 1-MCP não se verificou efeito sobre a aparência interna de melões. Houve ligeiro decréscimo dos teores de sólidos solúveis totais (SST) ao longo do armazenamento (Figura 2C), também verificado por outros autores em melões do grupo Cantaloupensis (Almeida, 2002; Rodov et al., 2002 e Lima et al., 2004). O teor médio inicial e aos 21 dias foi de 11,3 e 9,4ºBrix, respectivamente. Essa pequena redução nos teores de sólidos solúveis totais durante o armazenamento pode ser devida ao consumo de açúcares pelo processo respiratório dos frutos. Tendo em vista que o melão não armazena amido, fazse necessário colher os frutos com teor 468 de sólidos solúveis adequado a fim de se obter um produto aceitável para a comercialização. O teor médio inicial dos açúcares solúveis totais (AST) foi de 8,4%, com decréscimo ao longo do armazenamento (Figura 2D), mostrando efeito apenas do fator tempo, concordando com o resultado encontrado para os sólidos solúveis totais. O resultado encontrado no presente trabalho também foi verificado por Lima et al. (2004) em melão Galia. Os mesmos autores não encontraram efeito do 1-MCP sobre os SST e os AST. Em melão, a qualidade é principalmente determinada pela quantidade de açúcares que representam os principais componentes da fração solúvel, compreendendo mais de 97%. Os principais açúcares presentes em melão são a glicose e a frutose, que contribuem com quase 100% do teor de açúcares solúveis totais na fase inicial de desenvolvimento do fruto, e a sacarose que pode chegar até 50% dos açúcares solúveis na fase final de maturação, com proporção aproximada de 25% para glicose e 25% para frutose (Kultur et al., 2001). Houve efeito apenas do fator tempo para o conteúdo de vitamina C total (Figura 3A), com redução acentuada até o 14º dia de armazenamento. O teor médio inicial de vitamina C foi de 18,52 mg 100 g-1MF, chegando a 2,83 mg 100 g-1MF aos 21 dias de armazenamento, o que representou redução de 84,7%. Em goiabas tratadas com 900 nL L-1 de 1MCP também não foi verificado efeito sobre a concentração de ácido ascórbico (Bassetto et al., 2005). Houve efeito isolado do fator tempo de armazenamento para o ângulo Hue (Figura 3B). Durante o armazenamento refrigerado, e logo em seguida sob condições ambiente, observou-se diminuição do ângulo Hue de 104,63 a 90,66° da região verde da casca, indicando que o amadurecimento ocorreu, em função Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada da coloração da casca ter evoluído do verde acinzentado para o predominante amarelo com poucas tonalidades verdes. O tratamento com o filme X-tend®, atmosfera modificada, reduziu a evolução da coloração da casca principalmente quando aplicado de forma isolada (Tabela 1). O uso da atmosfera modificada durante a refrigeração, além de ter propiciado menor perda de massa, atrasou o ganho de coloração alaranjada. Porém, essa diferença foi perceptível apenas no colorímetro, pois a casca dos melões, ao final do experimento, apresentava-se predominantemente amarela para todos os tratamentos estudados, sendo esta uma característica bastante desejável durante a comercialização. Não se verificou efeito dos tratamentos no acúmulo de etanol, encontrandose valor médio de 39,3 µL 100g-1 MF de polpa. Em melão, a formação desse composto não é tão elevada e ocorre durante a maturação e principalmente após, em estádios mais avançados de amadurecimento (Tamura et al., 1973). Avaliando a formação de substâncias alcoólicas em melão Cantaloupe, Motomura (1994) observou que os frutos que apresentavam concentrações de substâncias alcoólicas superiores a 100 µL 100 mL -1 de suco estavam com “flavor” desagradável e eram de baixa qualidade. Observou-se efeito do fator tempo para a atividade da enzima poligalacturonase na matéria fresca da polpa (Figura 3C), não verificando-se efeito da atividade da enzima pectinametilesterase. Durante os primeiros sete dias de armazenamento verificou-se redução na atividade da poligalacturonase, com maior atividade após a retirada dos frutos da câmara fria, coincidindo com maior perda de firneza da polpa, seguindo-se novamente de redução da atividade ao final do armazenamento. Em melão, substanciais despolimerização e solubilização de pectina ocorrem durante o amadurecimento (Rose et al., 1998). Porém, devido à ausência de aumento de atividade das principais enzimas relacionadas à degradação e solubilização de polímeros pécticos, poligalacturonase e pectinametilesterase, em alguns tipos de melões (McCollum et al., 1989), achaHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Tabela 1. Valores médios da perda de massa (%), aparência externa (escala de 5 -1) e ângulo Hue da casca de melões “tipo Charentais” cv. Aura Prince, sob atmosfera modificada (AM) e submetidos a aplicação de 1-MCP.(mean values of weight loss (%), external appearance (scale 1-5) and Hue angle of Charentais melons skin, ‘Aura Prince’, under modified atmosphere (AM) and submitted to 1-MCP application). Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006. Médias seguidas da mesma letras nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (means followed by the same letters in the line did not differ from each other, Tukey test, 5%). Figura 3. Estimativa da vitamina C (A), ângulo Hue da casca (B) e atividade da enzima poligalacturonase (C) em melões Charentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura refrigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5% U.R.)(estimation of vitamin C (A), Hue angle of skin (B) and activity of poligalacturonase enzyme (C) of Charentais melons ‘Aura Prince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) + 7 days (22+2oC and 70+5% U.R.). Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006. 469 PA Souza et a. va-se que, possivelmente, a modificação de polímeros pécticos e componentes hemicelulósicos era causada pela presença de outras enzimas, como as βgalactosidases (Ranwala et al., 1992). Todavia, Hadfield et al. (1998), estudando a expressão gênica da poligalacturonase durante o amadurecimento de melões Charentais ‘F1 Alpha’ verificaram aumento na atividade de enzimas que degradam a pectina e o aparecimento de três mRNAs da poligalacturonase em estádios mais avançados de amadurecimento. De maneira geral, esses resultados sugerem que a degradação da pectina mediada pela poligalacturonase ocorre após os estádios iniciais de amolecimento do fruto e provavelmente contribui significativamente para os estádios de amadurecimento excessivo incluindo amolecimento e deterioração (Hadfield & Bennett, 1998). A aplicação do 1-MCP na concentração de 600 nL L-1 reduziu a atividade respiratória e a produção de etileno, principalmente quando os frutos foram armazenados sob refrigeração. A associação do 1-MCP com a atmosfera modificada (X-tend®), produziu melhores resultados para a firmeza da polpa, perda de massa, aparência externa. A atmosfera modificada, isoladamente, foi eficiente em reduzir a perda de massa, manter melhor aparência externa e maior ângulo Hue da casca, porém não foi suficiente para retardar o amarelecimento dos frutos. Com base na aparência externa, a vida útil póscolheita dos frutos armazenados sob atmosfera modificada isolada e dos frutos tratados com 1-MCP e armazenados sob atmosfera modificada foi de 21 dias (14 dias sob refrigeração e 7 dias ambiente), enquanto que dos frutos tratados apenas com 1-MCP foi de 19 dias (14 dias sob refrigeração e 5 dias ambiente). AGRADECIMENTOS A CAPES pelo auxílio financeiro. REFERÊNCIAS AGRIANUAL. 2004. Anuário da Agricultura Brasileira, São Paulo: FNP Consultoria e Agroinformativos, 496p. 470 ALMEIDA AS; FILGUEIRAS, HAC; MENEZES JB; ALVES RE; PEREIRA MEC; ALMEIDA AV. 2001 (a). Atividade respiratória e produção de etileno em diferentes híbridos de melão cultivados no pólo agrícola Mossoró-Açú. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 41. Resumos... 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Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico Cassandro VT do Amarante1,3; Dilson Antônio Bisognin2,3; Cristiano André Steffens1; Odimar Z Zanardi1,3; Erlani de O Alves1,4 1 3 UDESC-CAV, C. Postal 281, 88520-000 Lages-SC; 2UFSM-Depto. Fitotecnia, Av. Roraima s/nº, Camobi, 97105-900 Santa Maria-RS; Bolsista CNPq; 4Bolsista CAPES; [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se a viabilidade de utilização de um colorímetro, como alternativa à utilização de medidor de clorofila, para a quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas. Folhas de couve ‘Manteiga’ e batata ‘Ágata’, com tonalidades variando de verde amarelado (clorótica) a verde escuro, foram avaliadas individualmente com um medidor de clorofila (Minolta SPAD-502) e um colorímetro (Minolta CR-400, no espaço de cores L, C e ho), seguido de quantificações destrutivas de clorofilas a, b e totais. Os valores de leitura do medidor de clorofila e da relação ho/(LxC) do colorímetro aumentaram com o incremento nos teores de clorofilas nas folhas em couve e batata. Os modelos ajustados entre teores de clorofilas e as leituras do medidor de clorofila e da relação ho/(LxC) do colorímetro apresentaram valores similares de R2, em ambas as espécies. Os resultados obtidos demonstram que o colorímetro é uma alternativa viável na avaliação não destrutiva do teor de clorofilas (µg cm-2 de folha), especialmente de clorofilas a e totais. Para tanto, os valores da relação ho/(LxC) do colorímetro devem ser calibrados com a extração de clorofilas nas folhas da espécie e genótipo de interesse. Non-destructive quantification of chlorophylls in leaves by means of a colorimetric method Palavras-chave: Brassica oleracea var. acephala, Solanum tuberosum L., cor da folha, propriedades óticas da folha, absorbância, refletância. This work was carried out to evaluate the viability of the use of a chroma meter as an alternative to the leaf chlorophyll meter for nondestructive quantification of chlorophylls in the leaves. Leaves of kale (‘Manteiga’) and potato (‘Ágata’) plants, with colors ranging from yellow-green (chlorotic) to dark green, were individually assessed with the chlorophyll meter (SPAD-502) and the chroma meter (Minolta CR-400, at the L, C, and ho color space), and, thereafter, destructively assessed for total chlorophyll and chlorophylls a and b. The chlorophyll meter reading and the ho/(LxC) ratio for the chroma meter increased with the increment of chlorophylls content in the leaves of kale and potato. The adjusted models between chlorophylls content versus chlorophyll meter readings and the ho/(LxC) ratio for the chroma meter had similar R2 in both species. The chroma meter is a viable alternative for non-destructive assessment of chlorophylls (µg cm-2) in leaves, especially of chlorophyll a and total chlorophyll. Nevertheless, this requires the calibration between the ho/(LxC) ratio of the chroma meter and the chlorophylls extracted from leaves of concerned specie and genotype. Keywords: Brassica oleracea var. acephala, Solanum tuberosum L., leaf color, leaf optical properties, absorbance, reflectance. (Recebido para publicação em 3 de dezembro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008) (Received in December 3, 2007; accepted in October 31, 2008) O conteúdo de clorofilas nas folhas é influenciado por diversos fatores bióticos e abióticos, estando diretamente relacionado com o potencial de atividade fotossintética das plantas (Taiz & Zeiger, 2002). Portanto, a sua quantificação é relevante no estudo de práticas culturais e de manejo visando aumentar o potencial fotossintético e de rendimento em espécies vegetais. O método padrão de determinação de clorofilas em laboratório (Arnon, 1949), ainda que fácil, apresenta desvantagens, já que resulta na coleta destrutiva do material vegetal, e é relativamente demorado (requer tempo necessário para a extração, via maceração com acetona ou outro solvente, e posterior leitura em espectrofotômetro). Com o advento de medidores portáteis, que utilizam prinHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 cípios óticos não destrutivos, baseados na absorbância e/ou refletância da luz pelas folhas, a determinação de clorofilas tornou-se fácil e rápida, podendo ser realizada diretamente a campo (Richardson et al., 2002). O equipamento Minolta SPAD-502 tem sido utilizado na quantificação de clorofilas, caracterizando-se pela rapidez, simplicidade e, principalmente, por possibilitar uma avaliação não destrutiva do tecido foliar. Para a quantificação de clorofilas, a folha é presa entre uma haste flexível e outra rígida (pressionando-se a haste flexível) no momento da medição. A haste flexível emite luz, que atravessa o tecido foliar e atinge um receptor (fotodiodo de silicone) na haste rígida, que converte a luz transmitida em sinais elétricos analógicos. Por meio do conversor A/ D, esses sinais são amplificados e convertidos em sinais digitais, sendo usados por um microprocessador para calcular a leitura SPAD (“Soil Plant Analytical Division Value”). A intensidade de cor verde na folha é detectada no aparelho através da quantidade de luz absorvida pela folha, nos comprimento de onda (λ) de 650 nm (vermelho) e 940 nm (vermelho distante próximo). A luz absorvida no λ de 650 nm (pelas clorofilas, sem a interferência ocasionada pelos carotenóides) indica a quantidade de clorofilas, enquanto a quantidade absorvida próximo do λ de 940 nm serve como referência interna na compensação da espessura e conteúdo de água da folha (Swiader & Moore, 2002). A pequena área do sensor do equipamen471 CVT Amarante et al. to (2 x 3 mm) permite a sua utilização para a quantificação de clorofilas até mesmo em folhas de pequeno tamanho. Este equipamento tem sido utilizado com sucesso para diagnosticar o estado nutricional de diversas espécies hortícolas, como batata (Gil et al., 2002; Gianquinto et al., 2003; Uddling et al., 2007), tomate (Guimarães et al., 1999), pimentão (Godoy et al., 2003; Madeira et al., 2003), abóbora (Swiader & Moore, 2002), melão (Azia & Stewart, 2001), entre outras. Todavia, como o equipamento fornece uma leitura em unidades arbitrárias (leitura SPAD de conteúdo de clorofila, na faixa de 0 a 99,9), recomenda-se que o mesmo seja calibrado com as extrações de clorofilas da cultura de interesse (Markwell et al., 1995; Azia & Stewart, 2001). O colorímetro Minolta CR (séries 100, 200 300 e 400) também pode ser utilizado para a avaliação não destrutiva da coloração de tecidos vegetais, como ocorre em frutos (Amarante et al., 2007). Este equipamento tem sensibilidade similar a do olho humano, com a vantagem de produzir a mesma leitura, independente da condição de iluminação do ambiente, já que utiliza uma fonte interna de luz e um sistema de compensação de leitura, constituído de dois sensores internos, um que mede a luz refletida da superfície do tecido vegetal e outro sensor que mede a luz da fonte de iluminação. A fonte de luz do equipamento gera radiação difusa (com diferentes ângulos de incidência), e o sensor interno recebe a luz refletida verticalmente pela superfície do tecido no espaço de cores L, C e ho (McGuire, 1992). Este sistema usa o mesmo diagrama do espaço de cores L, a e b, porém com coordenadas cilíndricas ao invés de coordenadas retangulares. Os termos L, C e h o indicam brilho (‘lightness’), cromaticidade e ângulo hue, respectivamente. Os valores de ho apresentam as seguintes correspondências quanto às cores da superfície do tecido vegetal: 0°/vermelho, 90°/amarelo, 180°/verde e 270°/azul. Portanto, o valor de ho do equipamento permite quantificar o teor de clorofilas em folhas (folha verde intensa, com elevado teor de clorofila, apresentando ho próximo de 180º, e folha clorótica, com bai- 472 xo teor de clorofila, apresentando ho próximos de 90º). Em adição ao ho, os valores de L permitem detectar tonalidades de verde (valores baixos correspondem a coloração verde escura e valores altos a coloração verde clara), enquanto os valores de C identificam a pureza da cor (valores altos indicam maior desvio a partir do ponto correspondente ao cinza, de menor C). Todavia, este equipamento nunca foi avaliado quanto à viabilidade de utilização na quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas, através da medição dos atributos de cor L, C e ho. Este trabalho foi conduzido visando avaliar a viabilidade de utilização de um colorímetro, como alternativa à utilização do medidor de clorofila, para a quantificação não destrutiva dos teores de clorofilas em folhas de couve e batata. MATERIAL E MÉTODOS Foram coletadas 20 folhas de couve ‘Manteiga’ (Brassica oleracea L. var. acephala) e 16 folhas de batata ‘Ágata’ (Solanum tuberosum L.), cujas tonalidades variavam de verde amarelado (folha clorótica) a verde escuro. Em ambas espécies, as folhas foram coletadas cerca de 70 dias após o plantio (em 09/04/ 07 e 10/05/07 para couve e batata, respectivamente), em horta comercial localizada no município de Lages-SC. Foram utilizadas folhas totalmente expandidas, removidas do terço médio das plantas, no período entre 8-10 h da manhã (com temperatura de 15-18oC e umidade relativa de 75-85%), transportando-as para o laboratório com o pecíolo imerso em água destilada para evitar a desidratação. Em seis pontos de cada folha, em ambas as espécies, foram feitas leituras utilizando o medidor portátil de clorofila SPAD-502 e o colorímetro CR-400 (ambos da Konica Minolta, Japão), procedendo-se o cálculo da média das leituras por folha. O colorímetro CR-400 foi utilizado com ponteira de vidro côncava CR-A33f (abertura de 8 mm) para a quantificação da cor no espaço de cores L, C e ho (McGuire, 1992), sendo as folhas colocadas sobre superfície branca (folha de papel branco) para evitar qualquer interferência da cor desta superfície nas leituras de refletância da folha. Em cada folha, nos mesmos pontos onde foram feitas as leituras de cor com o SPAD-502 e o colorímetro CR-400, com o auxílio de um furador de rolha, foram removidos discos (∅=1,6 cm), nos quais foram determinados a massa fresca (com uma balança analítica, com precisão de 0,0001 g) e a área total (com um integrador de área foliar LI-COR modelo LI-3050A). Os discos de cada folha (seis) foram imediatamente macerado em acetona a 80%, na presença de CaCO3, em ambiente com fonte de iluminação artificial verde de baixa intensidade. Os extratos obtidos foram filtrados através de papel-filtro rápido e coletados em balões volumétricos de 25 mL, completando-se o volume ao final da filtragem. A densidade ótica dos filtrados foi lida em espectrofotômetro (Carl Zeiss, UV-Vis Spekol, Alemanha) nos λ de 645 e 663 nm, utilizando cubetas de quartzo. A partir dessas leituras, determinou-se a concentração (mg cm-3) de clorofilas a, b e totais nas soluções de leitura, por meio de fórmulas propostas por Arnon (1949): Clorofila a = 12,7 * A663nm – 2,69 * A645nm Clorofila b = 22,9 * A645nm – 4,68 * A663nm Clorofilas totais = 20,2 * A645nm + 8,02 * A663nm Estes valores foram transformados para teores de clorofilas a, b e totais nas folhas, expressos em unidades de área (µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), segundo sugestão de Richardson et al. (2002). Foram feitas análises de regressão linear e não-linear entre as leituras obtidas com o auxílio dos dois equipamentos e os teores de clorofilas a, b e totais quantificados nas folhas, através da utilização do programa SAS. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de leitura do medidor de clorofila SPAD-502 apresentaram aumento linear em couve (Figura 1) e quadrático em batata (Figura 2), com o incremento nos teores de clorofilas a, b e totais nas folhas. Houve uma forte relação entre valores de ho, L e C quantificados com o Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico Figura 1. Relação entre valores de leitura do medidor de clorofila SPAD-502 (A e B) e ho/(L*C) do colorímetro CR-400 (C e D) versus teores de clorofilas a, b e totais, em unidades de área (µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), em folhas de couve ‘manteiga’ (relationship between the chlorophyll meter readings of SPAD-502 (A and B) and the ho/(LxC) ratio of the chroma meter CR-400 (C and D) versus contents of chlorophylls a and b and total chlorophyll, expressed in units of area (µg cm-2) and flesh matter (µg g-1), in kale leaves, cv. Manteiga). CAV/UDESC, Lages, SC, 2007. colorímetro CR-400 e os teores de clorofilas a, b e totais, expressos em unidades de área (µg cm-2 de folha) e de massa fresca (µg g-1), em folhas de couve ‘manteiga’ e batata ‘Ágata’ (dados não apresentados). Houve aumento do ho com o incremento nos teores de clorofilas a, b e totais nas folhas de couve e batata, segundo um modelo exponencial, indicando uma mudança de coloração de amarelo (folha clorótica) para verde intenso. Os valores de L e C reduziram com o aumento nos teores de clorofilas a, b e totais nas folhas de couve e batata, indicando uma redução no brilho e na cromaticidade. Com o incremento na coloração verde houve redução exponencial de L e redução linear de C. A utilização da relação ho/(LxC) resultou em melhor ajuste de modelos com os teores de clorofilas a, b e totais nas folhas em couve (Figura 1) e batata (Figura 2), do que a utilização individual destes atributos de cor (dados não apresentados). Com o incremento nos teores de clorofilas a, b e totais nas folhas Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 em couve (Figura 1) e batata (Figura 2), houve um aumento assintótico da relação ho/(LxC). Apenas em folhas de couve, para os teores de clorofilas a e b expressos em unidades de área, os modelos lineares ajustados para os valores da leitura do medidor de clorofila SPAD-502 apresentaram maior R2 do que os modelos assintóticos ajustados para a relação ho/ (LxC) do colorímetro CR-400 (Figura 1). Nos demais casos, para os teores de clorofilas a, b e totais em unidades de área e de massa fresca foliar, os modelos ajustados para a leitura do medidor de clorofila SPAD-502 apresentaram menores valores de R2 comparativamente aos modelos ajustados para a relação ho/(LxC) do colorímetro CR-400, em folhas de couve (Figura 1) e batata (Figura 2). Os modelos ajustados para teores de clorofilas em unidades de área apresentaram maiores valores de R 2 do que aqueles ajustados para teores de clorofilas em unidades de massa fresca, referente às clorofilas a, b e totais, para a leitura do SPAD-502 e a relação ho/ (LxC) do colorímetro CR-400, tanto em couve (Figura 1) como em batata (Figura 2). Portanto, variação que ocorre na área foliar específica (cm2 g-1 de massa fresca), influenciada por diferenças entre folhas na espessura do mesófilo e conteúdo de água, resulta em maior variabilidade nos valores expressos em unidades de massa fresca foliar (µg g-1). Portanto, a expressão dos teores de clorofilas em unidades de área (µg cm-2) deve ser preferida, quando estimada através da utilização do medidor de clorofila SPAD-502 e do colorímetro CR400, já que resulta em menor erro. Os modelos ajustados de leitura do medidor de clorofila SPAD-502 e da relação ho/(LxC) do colorímetro CR-400 apresentaram maior R2 para a estimativa dos teores de clorofilas a e totais do que para a clorofila b, tanto em couve (Figura 1) como em batata (Figura 2). Resultados similares foram reportados por Richardson et al. (2002), trabalhando com o SPAD-502 e índices de refletância espectral em folhas de bétula 473 CVT Amarante et al. Figura 2. Relação entre valores de leitura do medidor de clorofila SPAD-502 (A e B) e ho/(L*C) do colorímetro CR-400 (C e D) versus teores de clorofilas a, b e totais, em unidades de área (µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), em folhas de batata ‘Ágata’ (relationship between the chlorophyll meter readings of SPAD-502 (A and B) and the ho/(LxC) ratio of the chroma meter CR-400 (C and D) versus contents of chlorophylls a and b and total chlorophyll, expressed in units of area (µg cm-2) and flesh matter (µg g-1), in potato leaves, cv. Ágata). CAV/UDESC, Lages, SC, 2007. (Betula papyrifera Marsh.), demonstrando que a utilização de métodos não destrutivos óticos são melhores para a estimativa dos teores de clorofilas a e totais do que de clorofila b. Neves et al. (2005), trabalhando com o SPAD-502 em algodoeiro, também observaram maior correlação das leituras do equipamento com os teores de clorofila a comparativamente a clorofila b. Segundo estes autores, isto ocorre tendo em vista que o pico de absorção na faixa vermelha do espectro pela clorofila a (663 nm), além de ser maior que o da clorofila b, está muito próximo do comprimento de onda emitido pelo SPAD-502 (650 nm). Com isso, a maior parte da luz vermelha, emitida pelo aparelho, é absorvida pela clorofila a. Portanto, em estudos que visam à calibração desse aparelho, para se obter medidas indiretas de clorofila, devem-se evitar leituras em folhas sombreadas, pois, nelas, o teor de clorofila b é proporcionalmente maior do que o de clorofila a, quando comparadas com as folhas em pleno sol (Taiz & Zeiger, 2002). 474 Tanto para a leitura do medidor de clorofila SPAD-502 como para a relação ho/(LxC) do colorímetro CR-400, houve aumento na dispersão dos dados, em relação aos modelos ajustados, com o incremento nos valores de teores de clorofilas a, b e totais, em couve e batata (Figuras 1 e 2). Esta dispersão foi maior para os valores de teores expressos em unidades de massa fresca foliar, especialmente de clorofilas a e totais. Portanto, a expressão quantitativa de clorofilas em unidades de massa fresca não só apresenta maior erro em relação a unidades de área, mas esse erro aumenta com o incremento nos teores de clorofilas nas folhas em couve e batata. Como a função das clorofilas é absorver quantas de luz incidente, poderse-ia supor que a medição da quantidade de radiação absorvida pela folha com o SPAD-502 resultaria em uma melhor estimativa de clorofilas do que a medição da luz refletida pela superfície da folha, obtida com o colorímetro CR-400. Todavia, os resultados obtidos mostram que o colorímetro CR-400 é tão ou mais eficiente do que o medidor de clorofila SPAD-502, para a quantificação de clorofilas em folhas de couve e batata. O SPAD-502, mesmo com sistema de compensação (luz absorvida no λ de 940 nm) para alterações na espessura e conteúdo de água da folha, apresenta grandes variações de leitura entre espécies de plantas (Richardson et al., 2002) e entre genótipos de uma mesma espécie (Bullock & Anderson, 1998) cultivados em uma mesma condição de ambiente, devido a diferenças na estrutura e anatomia foliar. Mesmo um genótipo pode apresentar grandes variações no índice SPAD, ocasionadas por diferenças nas condições edafoclimáticas (Paliwal & Karunaichamy, 1995), no conteúdo de água (Martínez & Guiamet, 2004), estádio fenológico (Paliwal & Karunaichamy, 1995) e posição/idade da folha na planta (Hoel & Solhaug, 1998; Gil et al., 2002). Até mesmo o nível de radiação no momento da medição interfere na leitura do SPAD-502. Os Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico cloroplastos mudam sua orientação nas células em resposta ao nível de radiação incidente. Em baixa radiação os cloroplastos orientam-se ao longo das paredes celulares superiores e inferiores, perpendicular ao sentido de incidência da luz, enquanto em alta radiação eles estão orientados principalmente ao longo das paredes verticais das células, paralelamente ao sentido de incidência da luz (Taiz & Zeiger, 2002). Como conseqüência disso, as leituras do SPAD502 são maiores quando medidas em condições de baixa luminosidade, como por exemplo no início da manhã ou ao fim da tarde, ou em folhas sombreadas da planta (Hoel & Solhaug, 1998; Martínez & Guiamet, 2004). Os resultados obtidos demonstram que o colorímetro CR-400 apresenta viabilidade técnica na avaliação quantitativa não destrutiva dos teores de clorofilas a, b e totais em folhas de couve e batata, em substituição ao SPAD-502, através do cálculo da relação ho/(LxC). Todavia, deve-se ressaltar que, à semelhança do que ocorre com o SPAD-502, devem ser tomados cuidados quanto à idade/posição da folha, estádio fenológico e condições no ambiente de desenvolvimento da planta a ser utilizada, procedendo-se a calibração do colorímetro com as extrações de clorofilas da espécie e genótipo de interesse. Destaca-se ainda que o colorímetro apresenta maior confiabilidade quando utilizado para a quantificação do teor de clorofilas em unidades de área (µg cm-2), especialmente de clorofilas a e totais. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq, à FINEP e à CAPES pelo apoio financeiro a este projeto. 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Postal 23, 56302-970 Petrolina-PE; 2UNEB/DTCS; [email protected] RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar a produtividade de cultivares de cebola em cultivo orgânico no Vale do São Francisco, conduziram-se dois experimentos, de maio a outubro de 2005, nos Campos Experimentais de Bebedouro, Petrolina-PE, e Mandacaru, Juazeiro-BA, em ARGISSOLO e VERTISSOLO respectivamente. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, utilizando-se dezoito e quatorze cultivares de cebola, respectivamente e quatro repetições. Em ARGISSOLO a produtividade total de bulbos variou de 13,52 a 39,52 t/ha. A produtividade comercial oscilou de 7,45 a 38,32 t/ha, sobressaindo-se como mais produtivas as cultivares Brisa IPA-12 (38,32 t/ha) e São Paulo (35,86 t/ha) que não evidenciaram diferenças significativas entre si, assim como as cultivares Botucatu-150 (26,41 t/ha) e Pira Ouro (26,37 t/ha), e menos produtivas as cultivares Conquista (7,45 t/ha) e Crioula Alto Vale (7,81 t/ha). Em VERTISSOLO a produtividade total de bulbos variou de 6,87 a 24,68 t/ha. Sobressairam-se com produtividade comercial as cultivares Texas Grano PRR (21,56 t/ha) e IPA-10 (17,50 t/ha), que não diferiram entre si. As cultivares Crioula Alto Vale, CNPH-6348, CNPH6436 e CNPH-6206 não tiveram produção comercial de bulbos. Evaluation of onion cultivars under organic cultivation in two soil types in the São Francisco Valley, Brazil Palavras-chave: Allium cepa, adaptação, competição, sistema de cultivo, rendimento. Keywords: Allium cepa, adaptation, competition, planting system, yield. In this research were evaluated the yield of onion cultivars under organic growth in the São Francisco Valley. Two field trials were evaluated, one at the Experimental Farm Station of Embrapa Tropical Semi-Arid, in Petrolina, in an ultisol type and the other at the Experimental Farm Station of Mandacaru, in Juazeiro, in a vertisol type, from February to October of 2005. The experimental design was of randomized complete blocks, with 18 and 14 cultivars, respectively, and four replications. In the ultisol, the total yield of bulbs ranged from 13.52 to 39.52 t/ha. The commercial yield ranged from 7.45 to 38.32 t/ha where the cultivars Brisa (38.32 t/ha) and São Paulo (35.86 t/ha) showed the highest yield without statistical difference; Cultivars Botucatu-150 (26.41 t/ha) and Pira Ouro (26.37 t/ha) also stood out with high yield without statistical difference. The cultivars Conquista (7.45 t/ha) and Crioula Alto Vale (7.81 t/ha) presented the worst performance. In the vertisol the total yield of bulbs ranged from 6.87 to 24.68 t/ha. The cultivars Texas Grano PRR (21.56 t/ha) and IPA-10 (17.50 t/ha) presented the highest yield, without statistical differences. The cultivars Crioula Alto Vale, CNPH-6348, CNPH-6436 and CNPH6206 presented no commercial yield. (Recebido para publicação em 5 de dezembro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008) (Received in December 5, 2007; accepted in October 1, 2008) N o Brasil, a cebola ocupa o terceiro lugar em importância econômica (Souza & Resende, 2002). Em 2006, a produtividade média nacional, de acordo com o IBGE (2006), foi de 20,4 t ha-1, sendo que nos estados de Pernambuco e Bahia, maiores produtores do Nordeste, a produtividade média foi de 18,9 e 24,8 t ha-1, respectivamente. A agricultura orgânica é definida como um sistema de produção que evita ou exclui amplamente o uso de fertilizantes minerais, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos para a produção vegetal e alimentação animal e compostos sintéticos (Ehers, 1996). Recentemente a preocupação com o ambiente e a qualidade de vida tem difundido amplamente as correntes de agricultura alternativa, dentre elas, a 476 agricultura orgânica. Esse sistema de produção tem crescido continuamente, em função de uma demanda cada vez maior por produtos ecologicamente corretos. O Brasil ocupa a 13ª posição mundial quanto à área destinada à agricultura orgânica certificada, com mais de 275 mil hectares. Dentre os alimentos produzidos, destacam-se as oleráceas destinadas ao mercado interno (Trivellato & Freitas, 2003). O sistema orgânico para o cultivo de cebola ainda não é uma realidade (Vidigal et al., 2002), mas pode ser factível desde que se disponha de material orgânico suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários para o crescimento das plantas, e sobretudo cultivares que melhor se adaptem a este sistema de cultivo. A viabilidade de produção das cultivares Beta Cristal e Diamante em sistema orgânico, para produção de bulbinhos adequados ao processamento na forma de conservas, é relatado por Zabaleta et al. (2007). Assim como Paula et al. (2003) salientam que a produção de cebola orgânica mostra-se viável na Baixada Fluminense, sobretudo usando cultivares de verão como IAC Solaris, Roxa Franciscana IPA-10, Alfa Tropical e Vale Ouro IPA-11. O sistema convencional de produção de cebola proporcionou menor média geral e maior instabilidade da produtividade, ou seja, propiciou condições mais instáveis para as cultivares. A média das melhores cultivares no sistema convencional (50,99 t/ha) foi maior que a média das melhores cultivares no sisHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São Francisco tema orgânico (44,23 t/ha). No entanto, para todas as características a média das melhores cultivares do sistema convencional foi maior do que as melhores cultivares no sistema orgânico (Rodrigues et al., 2006). Dentre os principais problemas de degradação ambiental, comprovados por diversos profissionais da área agronômica, têm-se verificado que no meio rural o declínio da produtividade está associado à degradação do solo, erosão e perda de matéria orgânica, degradação do ambiente pela poluição de águas e do ar por agrotóxicos altamente nocivos à saúde, contaminação de alimentos e queda da qualidade nutricional dos mesmos (Souza, 1998). No Vale do São Francisco, por ser uma região semi-árida, a deficiência de matéria orgânica é uma característica inerente a seus solos, que limita a produtividade das culturas. Com a exploração intensiva pelos cultivos contínuos e uso da irrigação, a utilização de fertilizantes orgânicos tornase uma prática indispensável para evitar a degradação dos solos a médio e longo prazo, o que promoverá maior sustentabilidade ambiental da produção e, sobretudo, alimentos saudáveis com qualidade e ecologicamente corretos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento produtivo de cultivares de cebola em dois tipos de solos em sistema orgânico de cultivo. MATERIAL E MÉTODOS Foram conduzidos dois experimentos distintos, de maio a outubro de 2005. O experimento realizado no Campo Experimental de Bebedouro, PetrolinaPE foi instalado no solo classificado (Embrapa, 1999) como: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico Plantíco A moderado textura Arenosa fase Caatinga Híperxerófila relevo plano, com horizonte A: 830 g/kg de areia, 100 g/kg de silte, 70 g/kg de argila, apresentando os resultados da sua análise química: pH (H2O) = 6,2; Ca = 2,2 cmolc dm-3; Mg = 0,9 cmolc dm-3; Na = 0,18 cmolc dm-3; K = 0,55 cmolc dm-3; Al = 0,05 cmolc dm-3; P(Mehlich) = 9,0 mg dm-3 e M.O. = 8,68 g kg-1. O outro experimento foi realizado no Campo ExpeHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 rimental de Mandacaru, Juazeiro-BA, em VERTISSOLO HÁPLICO Órtico típico com horizonte A: 373 g/kg de areia, 149 g/kg de silte, 478 g/kg de argila, apresentando os resultados da sua análise química: pH (H2O) = 7,6; Ca = 18,8 cmolc dm-3; Mg = 3,1 cmolc dm-3; Na = 0,10 cmolc dm-3; K = 0,60 cmolc dm-3; Al = 0,00 cmolc dm-3; P(Mehlich) = 7,0 mg dm-3 e M.O. = 20,27 g kg-1. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com 18 cultivares de cebola em Petrolina e 14 em Juazeiro, respectivamente, com quatro repetições. Em Petrolina, as cultivares foram: IPA4, IPA-10, IPA-11, Brisa, Alfa São Francisco, Alfa Tropical, Crioula Alto Vale, São Paulo, Conquista, Régia, Pira Ouro, Serrana, Botucatu-150, Superprecoce (EPAGRI-363), CNPH-6436, CNPH6348, CNPH-6206 e Texas Grano-502 PRR; em Juazeiro foram: IPA-10, IPA11, Brisa, Alfa Tropical, Crioula Alto Vale, Conquista, Régia, Pira Ouro, Botucatu-150, EPAGRI-363, CNPH6436, CNPH-6348, CNPH-6206 e Texas Grano-502 PRR. O trabalho teve inicio em 23/02/05, com a produção de 200 L de biofertilizante foliar “supermagro adaptado” com a composição: esterco caprino fresco (100 kg), fosfato bicálcico (500 g), molibdato de sódio (100 g), enxofre ventilado (300g), sulfato de zinco (2,0 kg), sulfato de magnésio (1,0 kg), sulfato de cobalto (50 g), sulfato de ferro (300 g), sulfato de manganês (300 g), sulfato de cobre (300 g), cloreto de cálcio (2,0 kg), acido bórico (1,0 kg), fosfato natural (2,4 kg), cinza (1,2 kg), leite de vaca (26 L), açúcar mascavo (13 kg) e água não clorada (200 L), o qual foi deixado por um período de 60 dias para fermentação antes de iniciar sua aplicação. A semeadura das cultivares foi realizada em 23/05/ 05, em canteiros, utilizando 10 g de sementes de cada genótipo por m², espaçadas em linhas transversais de 0,10 m, sendo a adubação composta por 60 g/ m2 de torta de mamona, incorporado ao solo antes da semeadura, e em cobertura aos 15 dias após, além de 60 g/m2 de torta de mamona. No ARGISSOLO o preparo do solo (virgem) teve inicio em 28/03/05, com o plantio de um coquetel de leguminosas (mucuna preta, guandu e Crotalaria Juncea), sendo as mesmas ceifadas no início da floração em 27/05/05, e em 27/ 06/05, procedeu-se uma aração a 30 cm de profundidade para incorporação das leguminosas ao solo, seguida de gradagem. A produção de massa verde incorporada foi estimada em 4,8 kg/m2, sendo que em massa seca obteve-se 1,55 kg/m2. No VERTISSOLO o preparo do solo com quatro anos em pousio, teve inicio em maio de 2005, com uma aração a 30 cm de profundidade, seguida de gradagem. No ARGISSOLO, a adubação de plantio constou de 45 kg/ha de N, usando como fonte a torta de mamona + esterco de curral curtido, 90 kg/ha de P2O5, empregando como fonte o fosfato natural, e 45 kg/ha de K2O usando como fonte o Sul-Po-Mag. No VERTISSOLO, a adubação de plantio constou de 45 kg/ ha de N, tendo como fonte a torta de mamona, 45 kg/ha de P2O5 tendo como fonte o fosfato natural, 45 kg/ha de K2O, tendo como fonte o Sul-Po-Mag. Em coberturas foram aplicados 90 kg/ha de N tendo como fonte a torta de mamona, sendo o biofertilizante foliar aplicado na dose de 25 ml/L semanalmente até 30 dias antes da colheita. O transplantio das mudas foi realizado em 06/07/05 aos 42 dias após a semeadura (23/05/2005), sendo que o preparo do solo constou de uma gradagem, seguida de levantamento dos canteiros a 0,10 m de altura. Utilizouse o espaçamento de 0,20 entre fileiras e 0,15 m entre plantas com parcelas de 4,8 m2 (4,0 x 1,2 m), com 6 fileiras por canteiro. As irrigações foram feitas através de microaspersão e os tratos fitossanitários realizados com produtos orgânicos foram aplicados semanalmente até vinte dias antes da colheita com Vetor 1.000 (aminoácidos de peixe) (1 ml/L); calda bordaleza (3 ml/L), calda sulfocálcica (10 ml/L) alternadas, EM4 no solo (25 ml/L) por ocasião do transplantio, sendo as doses de acordo com a recomendação dos fabricantes e urina de vaca (10 ml/L) (PESAGRO, 2001), e volume de calda por hectare em torno de 300 L/ha. A colheita foi realizada aos 97 dias após o transplantio e os bulbos permaneceram no campo por um período de cura de quatro dias ao sol. Após a cura procedeu-se a avaliação da produtivida477 ND Costa et al. Tabela 1. Produtividade total, comercial e refugo de cultivares de cebola em sistema orgânico de produção, em ARGISSOLO. Campo Experimental de Bebedouro (total, commercial yield and refuse of onion cvs. cultivated in an organic system, in a ultisol). Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 2005. de total, comercial e refugo (bulbos com diâmetro inferior a 35 mm) de bulbos. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO *Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de probabilidade; Refugo: bulbos com diâmetro inferior a 35 mm (means followed by the same letter did not differ from each other in the Tukey test, 5%; Refuse: bulbs with a diameter minor than 35 mm). Tabela 2. Produtividade total, comercial e refugo de cultivares de cebola em sistema orgânico em VERTISSOLO (total, commercial yield and refuse of onion cvs. cultivated in an organic system, in a vertisol). Juazeiro, Embrapa Semi-Árido, 2005. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de probabilidade; Refugo: bulbos com diâmetro inferior a 35 mm (means followed by the same letter did not differ from each other in the Tukey test, 5%; Refuse: bulbs with a diameter minor than 35 mm). 478 Nas condições de ARGISSOLO a produtividade total de bulbos (Tabela 1) variou de 13,52 a 39,52 t/ha destacandose as cultivares São Paulo (39,52 t/ha) e Brisa IPA-12 (39,43 t/ha), que não mostraram diferenças entre si. O pior desempenho foi observado para as cultivares Conquista (13,52 t/ha), Crioula Alto Vale (13,84 t/ha), CNPH-6206 (1876 t/ha), EPAGRI-363 (17,01 t/ha), IPA-4 (2126 t/ha) e CNPH-6436 (21,84 t/ha). Em VERTISSOLO a produtividade total de bulbos variou de 6,87 a 24,68 t/ ha destacando-se as cultivares Texas Grano PRR (24,68 t/ha) e Régia (20,33), que não mostraram diferenças entre si. O pior desempenho foi para as cultivares Crioula Alto Vale (6,87 t/ha), CNPH6348 (7,18 t/ha), CNPH-6436 (7,50 t/ ha), CNPH-6206 (8,12 t/ha), EPAGRI363 (9,97 t/ha) e Conquista (9,58 t/ha) (Tabela 2). Pereira et al. (2002) avaliando a cultivar CNPH-6400, observaram produtividade total de 22,1 t/ha, utilizando 20 t/ha de esterco de curral em trabalho conduzido em InconfidentesMG, de junho a outubro de 2001. Já Rodrigues et al. (2006), em Viçosa- MG, com plantio no período de abril a dezembro de 2003, obtiveram produtividades oscilando 6,03 a 50,52 t/ha em cultivo orgânico. A produtividade comercial (Tabela 1) oscilou entre 7,45 e 38,32 t/ha, sobressaindo-se as cultivares Brisa IPA-12 (38,32 t/ha) e São Paulo (35,86 t/ha), que não mostraram diferenças significativas entre si, essa última não diferindo das cultivares Botucatu-150 (26,41 t/ha) e Pira Ouro (26,37 t/ha). As cultivares Conquista (7,45 t/ha) e Crioula Alto Vale (7,81 t/ha) apresentaram-se como as menos produtivas. Paula et al. (2003) obtiveram produtividades comerciais em cultivo orgânico variando de 0,0 a 65,5 t/ha, de acordo com a época de plantio e cultivar, enquanto Gonçalves et al. (2004), avaliando substâncias alHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São Francisco ternativas no manejo de tripes (Thrips tabaci Lind.), em cebola, Cv. Crioula, no sistema orgânico obtiveram produtividades variando de 7,1 a 22,4 t/ha. A produtividade comercial no VERTISSOLO (Tabela 2) oscilou de 0,00 a 21,56 t/ha, sobressaindo-se as cultivares Texas Grano PRR (21,56 t/ ha) e IPA-10 (17,50 t/ha) que não evidenciaram diferenças significativas entre si, essa última não diferindo das cultivares Régia (16,66 t/ha), Botucatu-150 (15,41 t/ha) e Brisa (14,16 t/ha). As cultivares Crioula Alto Vale, CNPH-6348, CNPH-6436, e CNPH-6206 não apresentaram produtividade comercial. Inferiu-se destes resultados que a ausência e/ou o pequeno índice de bulbos comerciais obtidos por essas cultivares devem-se provavelmente à menor adaptação dessas às condições edafoclimáticas regionais. Segundo Melo et al. (1988) e Mascarenhas (1980), quando as condições climáticas não satisfazem as exigências da cultivar, especialmente o comprimento do dia (fotoperíodo) poderá ocorrer a não formação de bulbos, proporcionando um elevado índice de plantas improdutivas (charutos); emissão de pendão floral e formação de bulbos pequenos (Galmarini, 1997), o que se observa pela maior produtividade de refugo apresentado por essas cultivares. Outro fato relevante é que a cebola se desenvolve melhor em solos de textura média, com boa produção também em solos arenosos, leves (ARGISSOLO) que favoreçam o desenvolvimento do bulbo. Solos argilosos, pesados (VERTISSOLO), são desvantajosos (Filgueira, 2008), dificultam a formação de bulbos, além de deformá-los, aumentando o número de “charutos” (Fontes, 1980). Estes resultados de forma geral são até surpreendentes em termos de boa produtividade obtida, mesmo sob condições experimentais, sobretudo para o ARGISSOLO, levando-se em consideração que a produtividade média da cebola nordestina cultivada convencionalmente nos Estados de Pernambuco e Bahia situam-se em 18,9 e 24,8 t/ha, respectivamente (IBGE, 2006). Com relação à produção de refugo as cultivares IPA-10 (8,21 t/ha), CNPH6206 (7,85 t/ha), CNPH-6436 (6,96 t/ Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 ha), Alfa Tropical (6,49 t/ha), Conquista (6,07 t/ha) e Crioula Alto Vale (6,07 t/ha) apresentaram as maiores produtividades de bulbos refugados no ARGISSOLO (Tabela 1). Já em VERTISSOLO as cultivares Alfa Tropical (6,56 t/ha), Crioula Alto Vale (6,87 t/ha), CNPH-6348 (7,18 t/ha), CNPH6436 (7,50 t/ha) e CNPH-6206 (8,12 t/ ha) apresentaram as maiores produtividades de bulbos refugados. Apesar de se obter boas produtividades, cabe salientar a elevada ocorrência de tripes ou piolho (Thrips tabaci Lind.) verificada nos ensaios, como o principal problema a ser enfrentado para a produção orgânica da cultura no Vale do São Francisco. Esta importância é explicitada em trabalho de Loges et al. (2004a) que relatam a surpreendente produtividade apresentada pelas progênies da cultivar ValeOuro IPA-11, pois não se esperava que na região do Submédio São Francisco, devido à elevada população de tripes, fosse possível cultivar cebola sem a aplicação de defensivos. As progênies de ValeOuro IPA-11 que apresentaram produção acima da média, apesar das altas infestações de tripes, indicaram que nível de tolerância pode estar ocorrendo, porém sem descartar outros mecanismos como não-preferência observada em outras cultivares de cebola informada por Loges et al. (2004b). Nesse sentido pode-se inferir pela ocorrência generalizada de tripes durante a condução dos ensaios que algumas cultivares devam apresentar algum tipo de tolerância a esta praga, uma vez que os produtos culturais e fitossanitários utilizados visavam obter um equilíbrio nutricional e controle de doenças, com nenhuma ação conhecida sobre a praga. Outro detalhe é com relação à época de plantio (maio, período seco) quando o aumento gradativo da temperatura deve ter proporcionado à praga condições ideais de disseminação e reprodução, tendo em vista serem favoráveis ao rápido desenvolvimento da praga (Lorini & Dezordi, 1990) e que, segundo Leite et al. (2004), observaram aumento populacional de tripes em todas as cultivares a partir de julho, possivelmente em função das relações entre umidade relativa (UR) e da temperatura (T) do ar observadas nos meses de cultivo. As cultivares Brisa IPA-12, São Paulo, Botucatu-150 e Pira Ouro, com produtividade comercial acima de 26,0 t/ ha em ARGISSOLO e as cultivares Texas Grano PRR e IPA-10 em VERTISSOLO, com produtividade acima de 17 t/ha, mostraram-se potencialmente promissoras para cultivo orgânico nas condições do Vale do São Francisco. REFERÊNCIAS EHERS E. 1996. Agricultura sustentável: origem e perspectivas de um novo paradigma. São Paulo: Ed. São Paulo, Livros da Terra, 178p. EMBRAPA. 1999. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa. 412p. FILGUEIRA FAR. 2008. Novo manual de olericultura. 3. ed., Viçosa: Editora UFV. 421p. FONTES RR. 1980. Solos, calagem e adubação química para a cultura da cebola. Informe Agropecuário 6: 2l-26. 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Foram avaliadas nove populações híbridas de cenoura, utilizando-se delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições de cada tratamento de 2 m2. Aos 90 dias após o plantio, 15 plantas competitivas por parcela foram colhidas e avaliadas individualmente para os caracteres rendimento de raiz, comprimento de raiz, comprimento do ombro verde, tipo de ponta, tipo de ombro, diâmetro da raiz, diâmetro do xilema da raiz, relação diâmetro do xilema/diâmetro da raiz, e cor a* (cor de cor determinado por colorimetria, variando de verde a vermelho) para o xilema e floema. Os dados foram submetidos à análise de variância e foram estimadas a herdabilidade no sentido amplo na média das parcelas pelo quadrado médio e a correlação entre os caracteres. De acordo com as estimativas de herdabilidade, para os caracteres diâmetro de xilema (0,92 e 0,87), cor a* do xilema (0,96 e 0,95) e relação entre diâmetro de xilema e diâmetro de raiz (0,87 e 0,91), pode-se aplicar forte pressão de seleção nos dois locais de avaliação. O maior rendimento de raiz foi associado a maiores diâmetros de raiz e de xilema, bem como por maiores valores da relação entre diâmetro de xilema e de raiz. Raízes mais grossas são associadas a menor a* (quantidade de β-caroteno), principalmente em relação à parte da raiz que é constituída pelo xilema. Pelos valores de correlação, há indicação de que a seleção para maior teor de carotenóides não pode ser efetuada sem considerar os caracteres de diâmetro de raiz, que são importantes componentes do rendimento. Genotypic and phenotypic parameters for economically important traits of carrot Palavras-chave: Daucus carota L., herdabilidade, β-caroteno. The objective of this work was to estimate the genotypic and phenotypic parameters for traits of carrot populations among characters in carrot populations, in order to guide the choice of selection strategies. The experiments were performed at two locations (Lapão, Bahia State and Brasília, Brazil) in the summer of 2004. Nine carrot hybrid populations were evaluated in randomized complete block design with 4 replications and 2 m2 treatments. 90 days after sowing, 15 competitive plants per plot were harvested and evaluated individually for the characters yield, root length, green shoulder length, tip type, shoulder type, root diameter, xylem root diameter, relationship among xylem diameter/root diameter, and both xylem and phloem a* color (color parameter determined by colorimetry, varying from green to red). The data were submitted to variance analyses and the heritability in the wide sense of plot average was estimated by medium square and the correlation among the characters. According to the heritability values, for the characters xylem diameter (0.92 and 0.87), color of a* xylem (0.96 and 0.95) and ratio among xylem diameter and root diameter (0.87 and 0.91), strong selection pressure can be applied in the two evaluation places. Larger root yield was associated with larger root diameter and larger xylem diameter, as well as by larger values of the ratio among xylem diameter and root diameter. Thicker roots are associated with smaller a* (content of β-carotene), mainly in relation to the part constituted by the xylem. Therefore, through the correlation values, there exist an indication that selection for larger carotene content cannot be carried out without considering the characters of root diameter, which are important yield components. Keywords: Daucus carota L., heritability, β-carotene. (Recebido para publicação em 12 de março de 2008; aceito em 1 de outubro de 2008) (Received in March 12, 2008; accepted in October 31, 2008) D entre as estratégias de melhoramento genético empregadas na cultura da cenoura visando ao desenvolvimento de novas cultivares, destacase o método de seleção recorrente baseado no desempenho de populações de meios-irmãos. Assim, um aumento na eficiência do processo de melhoramento genético depende sobremaneira da obtenção de estimativas confiáveis dos componentes genéticos relacionados aos caracteres de interesse. O emprego do método de melhoramento de seleção recorrente, com base no desempenho de famílias de meiosirmãos, tem propiciado avanços signifiHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 cativos na constituição de novas populações de cenoura, adaptadas às condições edafoclimáticas brasileiras. Entretanto, pouca informação tem sido registrada sobre os detalhes metodológicos aplicados durante o processo de desenvolvimento dessas cultivares. Neste aspecto, o conhecimento da magnitude das estimativas de herdabilidade e correlações entre os diversos caracteres sob seleção é essencial para permitir o estabelecimento de um conjunto de estratégias e métodos de melhoramento genético mais efetivos (Alves et al. 2004). A existência de correlação entre caracteres indica que a seleção praticada em determinado caráter, pode ocasionar alterações em outros, cujo sentido pode ou não ser de interesse para o melhoramento. A partir desse conhecimento pode-se construir uma estratégia de seleção visando determinado caráter de interesse, com base em outros caracteres altamente correlacionados ao primeiro, desde que apresentem maiores herdabilidades e sejam de mais fácil medição ou identificação (Cruz et al. 2004; Silva et al. 2006). A herdabilidade é uma medida do grau em que o fenótipo 481 GO Silva & JV Vieira Tabela 1. Análise de variância para caracteres de cenoura em nove populações, cultivadas em Lapão, BA. (variance analysis for carrot characters in nine populations, cultivated in Lapão). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007. *Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. LS: limite superior por intervalo de confiança; LI: limite inferior por intervalo de confiança. (*significant to 5% of error probability by F test. LS: Upper limit for confidence interval; LI: Lower limit for confidence interval); REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO: tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR: relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type, TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/ DR: relation among xylem diameter and root diameter). é influenciado geneticamente e, portanto, o grau em que ele pode ser modificado por seleção fenotípica (Carvalho et al., 2001). Assim, maiores coeficientes de herdabilidade proporcionam maiores progressos genéticos com a seleção (Eberhart, 1970). Vários são os caracteres avaliados nos programas de melhoramento de cenoura para o desenvolvimento de novas cultivares. Dentre estes aqueles relacionados com o rendimento e aparência das raízes são muito importantes. Além disso, grande atenção é dada ao teor de β-caroteno, devido à sua influência na saúde humana, por ser precursor da vitamina A. Michalik et al. (1985) mostraram a associação entre a pigmentação mais intensa das raízes, especialmente de sua parte interna, com maior conteúdo de caroteno. Da mesma forma, estudos recentes realizados por Pereira & Nascimento (2002) demonstraram que o uso de medidas de cor do sistema Hunter e do sistema CIELAB podem substituir os métodos laboratoriais espectrofotométricos e cromatográficos, que são utilizados para a determinação de carotenóides em cenoura. O objetivo deste trabalho foi estimar a herdabilidade e a correlação entre caracteres em populações de cenoura, de modo a orientar a escolha de estratégias de seleção. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos em dois locais Lapão (BA), com latitu482 de de 11° 23' 00'’, longitude de 41° 49' 55'’, altitude de 775 m; e Embrapa Hortaliças, Brasília (DF), com latitude de 15° 46' 47'’, longitude de 47° 55' 47'’, e altitude de 1171 m. Foram avaliadas nove populações híbridas de cenoura obtidas por seleção recorrente entre e dentro de famílias de meios-irmãos, em cultivos anteriores de populações de polinização aberta, selecionadas desde 1981, a partir da cultivar Brasília. As progênies foram cultivadas no verão de 2004, utilizando-se delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições (blocos), sendo cada parcela constituída por 2 m2, com 6 fileiras. Os tratos culturais foram os usuais para a cultura. Por ocasião da colheita, 15 plantas competitivas, por parcela, foram coletadas aleatoriamente e avaliadas individualmente para os caracteres rendimento de raiz (g), comprimento de raiz (mm), comprimento do ombro verde (mm), tipo de ponta (notas: 1= arredondada, 2= levemente afilada, 3= afilada), tipo de ombro (notas: 1= cônico, 2= arredondado, 3= plano, 4= côncavo), diâmetro da raiz (mm), diâmetro do xilema da raiz (mm), relação diâmetro do xilema/diâmetro da raiz; e variável cor a* para o xilema e floema, variáveis que em cenoura são utilizados na estimação da quantidade de β-caroteno presente nas raízes (Pereira, 2002). A variável a* (cor de cor que varia de verde a vermelho) foi determinada por colorimetria, utilizando-se colorímetro Minolta CR 200b com sistema CIE L* a* b*. Os dados foram submetidos à análise de homogeneidade de variância (teste de Bartllet, e de normalidade de Lilliefors). Os caracteres tipo de ombro e tipo de ponta foram transformados por para atender a pressuposição de normalidade. Posteriormente foi realizada análise de variância conjunta e devido à presença de interação populações e local, realizou-se análise de variância para cada local. Foram estimadas, ainda, a herdabilidade no sentido amplo com base na média de parcelas pelo quadrado médio (Cruz et al., 2004) e as correlações fenotípica, genética e ambiental entre os caracteres. Foram estimados os limites inferiores (LI) e superiores (LS) dos intervalos de confiança para a herdabilidade de acordo com Knapp et al. (1985). Com os graus de liberdade associados ao componente da variância genética estimado, dados por Satterthwaite (Barbin, 1993) a 5% de probabilidade. Todas as operações estatísticas foram realizadas utilizando-se o aplicativo computacional Genes (Cruz, 2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise conjunta de variância para os dois ambientes de cultivo indicou que todos os caracteres avaliados foram sig- Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente Tabela 2. Resumo da análise de variância para caracteres de cenoura em nove populações, cultivadas em Brasília. (variance analysis for carrot characters in nine populations, cultivated in Brasília). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007. *Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. LS: limite superior por intervalo de confiança; LI: limite superior por intervalo de confiança. (*significant to 5% of error probability by F test. LS: Upper limit for confidence interval; LI: Lower limit for confidence interval); REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO: tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR: relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type, TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/ DR: relation among xylem diameter and root diameter). nificativos em diferenciar as populações estudadas. A interação de populações e ambientes também foi significativa para todos os caracteres, indicando que os ambientes não influenciaram da mesma forma a expressão dos caracteres; por isso, as inferências foram efetuadas para cada local. A existência de interação genótipos e locais confirma a importância de realizar atividades de pesquisa juntamente às regiões produtoras e não apenas no local onde o programa de melhoramento está instalado. De acordo com a análise de variância para Lapão (Tabela 1), todos os caracteres apresentaram-se significativos em diferenciar as populações avaliadas. Os coeficientes de variação experimental (CVe), em geral, foram reduzidos, com exceção para comprimento do ombro verde (30,74%), indicando boa precisão experimental para os demais caracteres. As estimativas de herdabilidade revelaram valores elevados (acima de 80%) para os caracteres rendimento, comprimento do ombro verde, diâmetro de raiz, diâmetro do xilema, cor de cor a* do xilema e para a relação entre diâmetro do xilema e do floema; foram medianos para os caracteres comprimento de raiz e tipo de ponta e de ombro; e foi reduzido para o cor de cor a* do floema. Herdabilidade alta, no sentido amplo, para rendimento também foi verificada por Brar & Sukbija (1980) com valor de 0,88. Pela análise de variância para Brasília (Tabela 2), pode-se verificar que Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 os caracteres, rendimento, comprimento do ombro verde e diâmetro de raiz não foram significativos para possibilitar a diferenciação entre as famílias avaliadas. Comparativamente aos resultados obtidos para Lapão, BA, verificase que os coeficientes de variação experimental foram superiores; também as médias favorecendo os caracteres foram inferiores e as estimativas de herdabilidade foram mais reduzidas, o que indica que para Brasília, o ambiente teve maior efeito na redução das expressões de alguns caracteres e na precisão dessas estimativas. Um fato que parece claro é que o ambiente e a qualidade desse ambiente não permitiu boa discriminação dos genótipos, para boa parte dos caracteres, o que sugere que as condições do primeiro são mais propícias à seleção. Ainda assim, valor muito elevado do coeficiente de variação experimental foi verificado apenas para o caráter comprimento de ombro verde, que não teve seu quadrado médio de tratamento significativo provavelmente pelo elevado valor deste parâmetro. Dos sete caracteres que foram significativos em diferenciar as populações para Gama, DF, quatro revelaram estimativas de herdabilidade superiores aos obtidos para Lapão, quais sejam, comprimento de raiz, tipo de ombro, cor a* do floema e relação entre diâmetro do xilema e da raiz. Para os demais caracteres tipo de ponta, diâmetro do xilema e cor a* do xilema, as estimativas obtidas para Brasília foram menores do que aquelas obtidas para Lapão. No entanto, apenas três dos seis caracteres expressaram herdabilidade elevada (acima de 80%) para os dois locais, a saber: diâmetro do xilema, cor a* do xilema e relação diâmetro do xilema e da raiz, sendo mais um indicativo que a variação experimental foi maior no segundo local de cultivo. Para rendimento de raiz, que foi significativo na diferenciação das populações, apenas para Lapão as estimativas de herdabilidade foram de: 0,31 e 0,81 para Brasília e Lapão, respectivamente. Valores dentro do intervalo de confiança calculado, também foram verificados por Korla et al. (1980) e Alves et al. (2004), com estimativas na ordem de 0,64 e 0,57, respectivamente. Da mesma forma, Vieira (1988) observou valor de 0,48 para herdabilidade e grande influência do ambiente na expressão deste caráter. Para os caracteres comprimento de raiz, diâmetro de raiz e diâmetro de xilema, as estimativas de herdabilidade verificados por Alves et al. (2004) foram de 0,42, 0,29, e 0,57, respectivamente. Da mesma forma, McCollum (1971) considerou estes caracteres como tendo reduzidas estimativas de herdabilidade, indicando que maiores ganhos com a seleção para estes caracteres podem ser obtidos para os locais e população estudadas no presente 483 GO Silva & JV Vieira Tabela 3. Correlações fenotípicas entre caracteres de cenoura medidos em Lapão, BA (diagonal inferior)1, e Gama, DF (diagonal superior)2. (phenotipic correlations among measured carrot characters in Lapão (inferior diagonal)1, and Brasília (superior diagonal)2. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007. *Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste t de Student, para caracteres com QMT significativos pelo teste F da análise de variância. (*significant to 5% of error probability for the Student t test, for characters with significant QMT for the F test in the variance analysis). REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO: tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR: relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type, TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/ DR: relation among xylem diameter and root diameter). trabalho, em comparação com os autores citados. No presente trabalho, as estimativas de herdabilidade para cor a* do xilema, que é correlacionado ao teor de β-caroteno, foram elevadas (0,95 e 0,96), demonstrando que a seleção pode trazer bons ganhos genéticos. Já para cor a* do floema as estimativas foram mais reduzidas, com valores de 0,49 e 0,66; desta forma, menores ganhos seriam obtidos em â-caroteno por meio da seleção neste caráter para essa parte da raiz. A afirmação de que a coloração de raízes possui herdabilidade alta concorda com Laferriere & Gabelman (1968) e com Buishand & Gabelman (1979). No entanto, estimativas pouco mais reduzidas para teor de β-caroteno foram obtidas por Santos & Simon (2006), com índices de 0,28 e 0,42; e por Vieira (1988), para cor de raízes, que registrou valores de 0,21 e 0,35. Já TrakaMavrona (1996) verificou também, para cor de raízes, valores de herdabilidade um pouco superiores (0,49 e 0,86). Para os caracteres comprimento de raiz, tipo de ponta, tipo de ombro e cor a* de floema, as estimativas baixas de herdabilidade mostram que o ambiente teve grande influência na expressão dos caracteres, em comparação com a correspondente contribuição de ordem 484 genética. Dessa forma, a aplicação de forte pressão de seleção seria inviável. Já para diâmetro de xilema, cor a* do xilema e relação entre diâmetro de xilema e diâmetro de raiz, em ambos locais, as herdabilidades foram altas, podendo-se aplicar maior pressão de seleção. As correlações genotípicas e fenotípicas foram semelhantes e as ambientais mais reduzidas, principalmente para as associações mais fortes, o que indica que as correlações fenotípicas foram pouco influenciadas por efeito ambiental, e que, portanto, revelam efeitos de associação de ordem genética. Na diagonal inferior da Tabela 3 estão discriminadas as correlações fenotípicas para o local Lapão, e na diagonal superior as correlações fenotípicas para o local Brasilia. Correlações altas, iguais ou acima de 0,90, para Lapão, indicam que maior rendimento de raiz é associado com maiores diâmetros de raiz e de xilema, bem como por valores maiores da relação entre diâmetro de xilema e de raiz. A indicação de que maior diâmetro de raiz é associado com maior rendimento, concorda com Natarajam & Arumagan, (1980) e com McCollum (1971), que estimaram correlações de 0,87, bem como com Alves et al. (2004), que citaram valor de 0,54. Neste local, diâmetros do xilema e da raiz também correlacionaram entre si e, consequentemente, com a relação entre diâmetro de xilema e diâmetro da raiz. Isso indica que, quanto maior o diâmetro do xilema, maior é o diâmetro da raiz. Correlações entre rendimento com diâmetro de xilema (0,51) e entre diâmetro de xilema e floema (0,35), foram verificadas também por (Alves et al. 2004). Além disso, correlações de 0,54 obtidas por Alves et al. (2004), concordam com as estimativas de correlação do presente trabalho, entre comprimento de raiz e rendimento, com valores de 0,40 e 0,60. A cor a* do xilema teve correlação de -0,51 com o diâmetro do xilema para o local Brasília, e também significativa e com sinal negativo para o primeiro local (Lapão). Isso ocorreu também para a* do floema com diâmetro do xilema para os dois locais, porém com magnitude um pouco mais reduzida, o que indica que raízes mais grossas são associadas com menor quantidade de βcaroteno, principalmente em relação à parte da raiz que é constituída pelo xilema. Isto pode ter ocorrido devido aos carotenóides serem produzidos até certa fase de desenvolvimento das raízes, enquanto a matéria seca continua sendo acumulada, no período em que as folhas produzem fotossíntese, e a acumulação Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente de massa e volume total serem maiores nas raízes mais grossas, de forma que os carotenóides estariam diluídos por toda a raiz (Pereira, 2002). Estes resultados denotam que a seleção para maior teor de carotenóides não pode ser efetuada em separado dos caracteres de diâmetro de raiz, que são importantes componentes do rendimento. As estimativas de correlação ressaltam a importância desse tipo de análise nos programas de melhoramento, de forma a indicar estratégias de seleção para caracteres que são associados. O mesmo ocorre para as estimativas de herdabilidade, as quais indicam para cada caráter em uma condição específica de ambiente, a predominância de variação de ordem genética ou experimental, informando sobre a pressão de seleção que pode ser aplicada. Dessa forma, pôde-se verificar que de acordo com as estimativas de herdabilidade, para os caracteres diâmetro de xilema, a* do xilema e relação entre diâmetro de xilema e diâmetro de raiz, pode-se aplicar forte pressão de seleção para os dois locais de avaliação. Maior rendimento de raiz demonstrou ser associado a maiores diâmetros de raiz e de xilema, bem como por estimativas maiores da relação entre diâmetro de xilema e de raiz. Ademais, raízes mais grossas são associadas a menor intensidade da cor a* (quantidade de βcaroteno), principalmente em relação à parte da raiz que é constituída pelo xilema, de forma que a seleção para Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 maior teor de carotenóides não pode ser efetuada em separado dos caracteres de diâmetro de raiz, que são importantes componentes do rendimento. REFERÊNCIAS ALVES JCS; PEIXOTO JR; VIEIRA JV; BOITEUX LS. 2004. Estimativas de parâmetros genéticos para um conjunto de caracteres de raiz e folhagem em populações de cenoura derivadas da cultivar Brasília. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 44. Anais... Brasília: ABH. 475. BARBIN D. 1993. Variância de estimativas de componentes de variância. Componentes de variância. Piracicaba: ESALQ, 108p. BRAR JS; SUKHIJA BS. 1980. 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Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra Liliana Andréa dos Santos1; Diedja de A Bandeira1; Juliana P da Silva2; Elineide B da Silveira1; Andréa Maria A Gomes1; Rosa de LR Mariano2 1 UFRPE-Depto. Biologia/Microbiologia, 52171-030 Recife-PE; 2UFRPE-Depto. Agronomia/Fitossanidade; [email protected] RESUMO ABSTRACT Noventa isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris (Xcc) de brássicas oriundas de sistemas de produção orgânico das Zonas da Mata e Agreste de Pernambuco foram caracterizados com base na sensibilidade a antibióticos e sulfato de cobre e atividade de esterase. A maioria apresentou alta sensibilidade à tetraciclina (76,6%), eritromicina (63,3%) e estreptomicina (63,3%), resistência à amoxicilina (70%), gentamicina (40,0%) e norfloxacin (45,5%) e média sensibilidade (44,4%) ou resistência (44,4%) à neomicina. Cinqüenta e cinco isolados de Xcc foram resistentes ao sulfato de cobre na concentração de 50 mg/mL e todos foram sensíveis ao produto na concentração de 200 mg/mL. Atividade de esterase foi apresentada por 92,22% dos isolados. A análise Euclidiana por ligação simples evidenciou variabilidade entre os isolados separando-os em sete grupos de similaridade. Foi estudada também a reação de 14 cultivares de brássicas à podridão-negra, utilizando o isolado ‘B21’ de Xcc. As cultivares diferiram significativamente entre si em relação ao período de incubação, incidência e severidade final da doença. Os maiores valores de severidade final da doença foram verificados em brócolos ‘Ramoso’, couve-flor ‘Bola de Neve’ e ‘Piracicaba de Verão’, e repolho ‘Chato de Quintal’. Os híbridos de couve-chinesa ‘AF 70’, ‘AF 72’, ‘AF 69’ e ‘AF 66’ mostraram-se altamente resistentes à doença, enquanto que brócolos ‘Ramoso’ e ‘Precoce Piracicaba’, couve-flor ‘Piracicaba de Verão’ e ‘Híbrido Cindy’ e repolho ‘60 Dias’ foram medianamente resistentes. Characterization of strains of Xanthomonas campestris pv campestris from organic farming systems and reaction of brassicas to black rot Palavras-chave: Bactéria, variabilidade, resistência varietal, antibióticos, cobre. Ninety strains of Xanthomonas campestris pv. campestris (Xcc) from brassicas grown under organic farming systems in the ‘Mata’ and ‘Agreste’ regions of Pernambuco, Brazil, were characterized based upon sensitivity to antibiotics and copper sulfate, and esterase activity. Most of the strains showed high sensitivity to tetracycline (76.6%), erythromycin (63.3%) and streptomycin (63.3%), resistance to amoxicilin (70%), gentamicin (40.0%) and norfloxacin (45.5%) and medium sensitivity (44.4%) or resistance (44.4%) to neomycin. Fifty-five strains of Xcc were resistant to copper sulfate at 50 mg mL-1 and all of them to 200 mg mL-1; 92.22% of the strains showed esterase activity. Strains were grouped in seven similarity groups by the Euclidean analysis–single linkage. The reaction of 14 genotypes of brassicas to strain ‘B21’ of Xcc was also studied. The genotypes significantly differed among them in relation to incubation period, incidence and disease severity. The highest disease severity was recorded on broccoli ‘Ramoso’, cauliflower ‘Bola de Neve’ and ‘Piracicaba de Verão’, and cabbage ‘Chato de Quintal’, classified as highly susceptible to black rot. The Chinese cabbage hybrids ‘AF 70’, ‘AF 72’, ‘AF 69’ and ‘AF 66’ were highly resistant to black-rot, while broccolis ‘Ramoso’ and ‘Piracicaba Precoce’, cauliflower ‘Piracicaba de Verão’ and ‘Híbrido Cindy’ and cabbage ‘60 Dias’ showed intermediate resistance. Keywords: bacteria, variability, genetic resistance, antibiotics, copper. (Recebido para publicação em 12 de março de 2008; aceito em 17 de outubro de 2008) (Received in March 12, 2008; accepted in October 17, 2008) O sistema de produção orgânico temse destacado como uma das atividades que mais se desenvolve em todo o mundo, ocupando o Brasil a segunda posição na América Latina, com estimativa de 800.000 ha de área manejada organicamente (Willer & Yusefi, 2005). Em Pernambuco, na Zona da Mata, organizações não governamentais como SERTA (Serviço de Tecnologia Alternativa) e Centro Sabiá dão suporte ao desenvolvimento da agricultura familiar, incluindo a produção de hortaliças orgânicas. Dentre as doenças bacterianas que afetam as brássicas nesse sistema de produção destaca-se a podridão-negra, causada por Xanthomonas campestris pv. 486 campestris (Pammel) Dowson (Xcc). Os sintomas dessa doença podem ser observados em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Geralmente, as folhas apresentam lesões amarelas em forma de “V”, com o vértice voltado para o centro, que progridem para a nervura principal, tornando-se necrosadas (Rodrigues Neto & Malavolta Junior, 1995). Em 2001, levantamentos em plantios orgânicos de brócolos (Brassica oleracea var. italica L.), couve-chinesa (Brassica pekinnensis L.), couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis L.) e couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala DC.) no estado de Pernambuco, registraram elevadas prevalências da podridão- negra, sendo de até 88,9% em couve-flor. Isto indica a importância da podridãonegra para as culturas de brássicas em Pernambuco e destaca a adaptabilidade do patógeno aos ambientes e aos hospedeiros (Peruch et al., 2006). Apesar do cultivo orgânico de hortaliças estar em franca expansão no Brasil, existe pouco conhecimento sobre esse sistema, incluindo os aspectos relacionados às doenças de plantas (van Bruggen, 2001). A expansão da produção orgânica de brássicas não foi acompanhada de estudos sobre a população de fitopatógenos e da reação de cultivares com resistência a doenças e adaptados a esse sistema. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra A variabilidade de populações de patógenos pode estar relacionada à adaptação a diferentes genótipos do hospedeiro, resposta a fungicidas e antibióticos, habilidade para tolerar substâncias tóxicas, utilizar substâncias para o crescimento e mudar a virulência em relação às plantas hospedeiras (Casela & Guimarães, 1996). Alguns estudos têm constatado variabilidade de isolados de X. campestris em relação a antibióticos e produção de esterases (Adhikari & Basnyat, 1999; Costa et al., 2001; Quezado-Duval et al., 2003). A utilização de cultivares resistentes a doenças é uma das alternativas tecnológicas com maior sustentabilidade e possibilidade de adoção pelos agricultores orgânicos (Rodrigues et al., 2004). No Brasil, programas de melhoramento em brássicas visam a obtenção de híbridos e cultivares com maior resistência à podridãonegra, entre outras características (Henz et al., 1987). No entanto, as pesquisas estão voltadas principalmente para o sistema de produção convencional. Os objetivos deste trabalho foram caracterizar isolados de Xcc de brássicas em sistema de produção orgânico nas Zonas da Mata e Agreste de Pernambuco, com base na sensibilidade a antibióticos e cobre e atividade de esterase, e avaliar a reação de cultivares à podridão-negra. MATERIAL E MÉTODOS Obtenção de isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris - Os isolados de Xcc foram obtidos a partir de folhas de brássicas (brócolos, couve, couve-chinesa, couveflor e repolho) com sintomas de podridão-negra, coletadas em 15 áreas de plantio em sistema de produção orgânico nas Zonas da Mata (município de Glória de Goitá) e Agreste de Pernambuco (municípios de Gravatá, Chã Grande, Garanhuns). Das 15 áreas, 13 (86,7%) caracterizavam-se como áreas de cultivo familiar com pouca diversidade de hortaliças e produção destinada a cooperativas, e apenas duas tinham mais de 2 ha, com produção vinculada a grandes supermercados. A maior parte das propriedades (80%) siHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 tuava-se no Agreste de Pernambuco. Os cultivos orgânicos atendiam às exigências da Instrução Normativa nº 007, de 19/05/1999, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que dispõe sobre a produção de produtos orgânicos vegetais e animais. Para confirmar a identidade dos isolados foram realizados os seguintes testes diagnósticos: reação de hipersensibilidade em folhas de fumo, reação de Gram, crescimento anaeróbico, produção de pigmento fluorescente em meio King B (KMB), colônias amarelas e mucóides em meio extrato de levedura-dextrose-carbonato de cálcio (YDC), produção de urease, crescimento a 33ºC em YDC, hidrólise do amido, produção de ácido a partir de arabinose e teste de patogenicidade em plantas de repolho (Schaad et al., 2001). Sensibilidade de isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris a antibióticos - A sensibilidade de 90 isolados de Xcc a antibióticos foi determinada por antibiograma pelo método de difusão em ágar (Romeiro, 2001). Foram utilizados os antibióticos amoxicilina (AX) 10 µg; eritromicina (EI) 15 µg; estreptomicina (ET) 10 µg; gentamicina (GN) 10 µg; neomicina (NO) 30 µg; norfloxacin (NOR) 10 µg e tetraciclina (TT) 30 µg. As placas foram mantidas em incubadora tipo BOD a 28oC por 24h, e avaliadas pela medição do halo de inibição das colônias, quando presente, em dois sentidos diametralmente opostos. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo a unidade experimental constituída por um disco de antibiótico. Adicionalmente, os isolados foram classificados em três grupos, de acordo com as reações de resistência (halo≤14mm), média sensibilidade (14mm<halo<20mm) e alta sensibilidade (halo≥20mm), estabelecidas conforme valores médios dos halos de inibição referentes a cada antibiótico (Acar & Goldstein, 1986). Sensibilidade de isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris ao cobre – Alíquotas de 5 µl das suspensões (108 UFC mL-1) foram depositadas sobre o meio AN suplementado com sulfato de cobre (CuSO4.5H2O), nas concentrações de 200 µg/ml-1 e de 50 µg/ml-1, sendo o sal diluído em água destilada por agitação durante 20 minutos e adicionado ao meio antes de sua autoclavagem (Quezado-Duval et al., 2003). A viabilidade dos isolados foi concomitantemente avaliada em meio AN não-suplementado com o agente químico. Todas as placas foram incubadas em BOD por 96 h a 28ºC. Na avaliação, foram considerados como resistentes isolados que apresentaram crescimento confluente. O percentual das populações referente a isolados resistentes foi calculado para cada concentração. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 91 tratamentos e quatro repetições, sendo a unidade experimental constituída pelo ponto de crescimento da colônia. Atividade de esterase de isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris - Os isolados foram cultivados em meio 523 de Kado durante 36 h e repicados para quatro pontos eqüidistantes de uma placa de Petri contendo meio ágar-Tween 80 (Mariano et al., 2005). As placas foram mantidas em câmara de crescimento a 28ºC por 48 h, e avaliadas pela medição do halo de degradação do Tween 80, quando presente, em dois sentidos diametralmente opostos. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três repetições, sendo a unidade experimental constituída por uma placa com quatro colônias bacterianas. Reação de cultivares de brássicas à podridão-negra - Quatorze cultivares comerciais de brássicas (Tabela 1), sendo três de brócolos, um de couvemanteiga, quatro de couve-chinesa, quatro de couve-flor e dois de repolho, foram avaliados em relação ao isolado ‘B21’ de Xcc. Esse isolado foi obtido de planta de brócolos em sistema de produção orgânico, sendo selecionado com base na análise preliminar da variabilidade da população do patógeno (representante do grupo de similaridade com maior número de isolados) e maior severidade a plantas de repolho no teste de patogenicidade. Plantas de brássicas com 30 dias, cultivadas em copos de plástico de 500 mL con487 LA Santos et al. Figura 1. Reação de 90 isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris a antibióticos: AX= amoxicilina; EI= eritromicina; ET= estreptomicina; GN= gentamicina; NO= neomicina; NOR= norfloxacina, TT= tetraciclina (reaction of 90 isolates from Xanthomonas campestris pv. campestris to the antibiotics: AX= amoxicilin; EI= eritromicin; ET= estreptomicin; GN= gentamicin; NO= neomicin; NOR= norfloxacin and TT= tetraciclin). Recife, UFRPE, 2007. Tabela 1. Reação de cultivares de brássicas à podridão-negra, inoculados com o isolado ‘B21’ de Xanthomonas campestris pv. campestris em condições de casa de vegetação e avaliados 10 dias após a inoculação (reaction of brassica cvs. to the black rot, innoculated with the ‘B21" isolate of Xanthomonas campestris pv. Campestris under greenhouse conditions, evaluated 10 days after innoculation). Recife, UFRPE, 2007. As plantas foram avaliadas diariamente, até 10 dias após a inoculação, determinando-se os componentes epidemiológicos: período de incubação (PI) (número de dias entre a inoculação e o surgimento dos sintomas); incidência (INC) (porcentagem de plantas com sintomas da doença em relação ao total de plantas avaliadas); e severidade final (SEVF) (estimadas com o auxílio de escala diagramática com níveis de severidade de 1; 2; 4; 8; 16 e 32% de área foliar infectada (adaptado de Azevedo et al., 2000)). O valor da SEVF foi utilizado para agrupar as cultivares em quatro classes: 0,1-2,0%= altamente resistente (AR); 2,1-8,0%= medianamente resistente (MR); 8,1-16,0%= suscetível (SU); >16,1%= altamente suscetível (AS). Os dados de sensibilidade a antibióticos e ao cobre e da atividade de esterase foram submetidos à análise de correlação de Pearson (p=0,05) e os isolados de Xcc agrupados pela análise da distância Euclidiana por ligações simples. Os dados de PI, INC e SEVF também foram submetidos à análise de correlação de Pearson (p=0,05) e análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Duncan (p=0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Período de incubação= número de dias entre a inoculação e o surgimento dos sintomas da doença; 2incidência= porcentagem de plantas com sintomas da doença em relação ao total de plantas avaliadas; 3severidade final da doença= estimada com o auxílio de escala diagramática com níveis de severidade de 1, 2, 4, 8, 16 e 32% de área foliar infectada (adaptado de Azevedo et al., 2000); 4Reação das cultivares= baseada no valor da severidade (0,1-2,0%= altamente resistente (AR); 2,1-8,0%= medianamente resistente (MR); 8,1-16,0%= suscetível (SU); >16,1%= altamente suscetível (AS); 5Médias de seis repetições (médias transformadas log (x + 1)) (incubação) ou arcseno (x+1) (severidade); Médias seguidas pela mesma letra na vertical, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade; tendo mistura de solo/substrato (1:1 v/v), em condições de casa de vegetação, foram inoculadas por pulverização com suspensões de Xcc contendo 1x108 UFC mL-1. As plantas foram mantidas em câmara úmida 488 por 24 horas antes e após a inoculação. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis repetições, sendo a unidade experimental constituída por duas folhas da planta. Foram obtidos 90 isolados bacterianos, sendo 34 de couve (C), 26 de brócolos (B), 17 de repolho (R), 12 de couve-flor (CF) e 1 de couve-chinesa (CC), identificados como Xcc (Schaad et al., 2001). Constatou-se grande variabilidade na sensibilidade dos isolados aos antibióticos. Com base na classificação de Acar & Goldstein (1986), 20 isolados (B1, B2, B11, B18, B19, B26, B27, B32, C2, C8, C20, C26, C27, C35, C39, C40, C42, CF10, CF11 e R13) foram resistentes a todos os antibióticos, apenas dois isolados (C31 e CF1) apresentaram alta sensibilidade a todos os antibióticos, enquanto cinco isolados (CC1, CF2, CF4, CF6 e CF13) só não apresentaram alta sensibilidade à amoxicilina. Variabilidade na reação a esses antibióticos também foi verificada em relação a 25 isolados de Xcc de sistema convencional de brássicas no estado de Pernambuco, Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra onde apenas um isolado foi resistente a todos os antibióticos (Costa et al., 2001). A maioria dos isolados apresentou alta sensibilidade à tetraciclina (76,6%), eritromicina (63,3%) e estreptomicina (63,3%); resistência à amoxicilina (70%), gentamicina (40,0%) e norfloxacin (45,5%); e média sensibilidade (44,4%) ou resistência (44,4%) à neomicina (Figura 1). Em sistema convencional, estudando 25 isolados de Xcc Costa et al. (2001) verificaram que a maioria apresentou resistência à neomicina, resistência ou média sensibilidade à estreptomicina e alta sensibilidade à tetraciclina. Adhikari & Basnyat (1999), também em sistema de cultivo convencional, detectaram variabilidade dessa bactéria a antibióticos, onde a maioria apresentou sensibilidade à tetraciclina e resistência à gentamicina e eritromicina. A alta sensibilidade aos antibióticos tetraciclina, estreptomicina e eritromicina apresentada pela maioria dos isolados, deve-se provavelmente ao fato de nenhum desses antibióticos ser utilizado no sistema de produção orgânico. Isto foi devidamente demonstrado por Costa et al. (2001) com relação à estreptomicina em sistema convencional, no qual os isolados apresentaram resistência ou média suscetibilidade a esse antibiótico. No entanto, mesmo sem a utilização de antibióticos nesse sistema, alguns isolados apresentaram resistência, como no caso da amoxicilina, o que pode ser explicado pela ocorrência de resistência natural em bactérias (Romeiro, 2005). Cinqüenta e cinco isolados foram resistentes ao sulfato de cobre na concentração de 50 mg/mL, mas todos foram sensíveis ao produto na concentração de 200 mg/mL. Resistência a teores baixos de cobre, como a detectada no presente trabalho, foi verificada também em isolados de Xanthomonas spp. associadas à mancha-bacteriana do tomate (Quezado-Duval et al., 2003) e pimentão (Aguiar et al., 2000), em sistemas de produção convencional. A presença de isolados de Xcc com resistência ao sulfato de cobre foi inesperada, pois esse produto não é utilizado pelos agricultores no controle da podridão-negra em sistema de produção orgânico, sugerindo que esses isolados podem ter sua origem Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Figura 2. Agrupamento de 90 isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris de diferentes tipos de brássicas, baseado na análise Euclidiana por ligação simples, considerando sensibilidade a antibióticos e atividade de esterase (Grouping of 90 isolates of Xanthomonas campestris pv. campestris to brassica species, based on the Euclidian analysis, considering the sensibility to antibiotics and activity of the em brássicas produzidas no sistema de produção convencional. Na maioria das áreas estudadas, o sistema convencional precedeu o orgânico, que apresenta plantios sucessivos de brássicas, cujas mudas são produzidas em canteiros. Dos 90 isolados analisados, 92,22% apresentaram atividade de esterase, indicando, no entanto, baixa variabilidade. Resultado similar foi obtido por Costa et al. (2001) em relação a 20 isolados dessa bactéria oriundos de sistema de produção convencional, onde todos apresentaram atividade esterásica. A ausência de correlação significativa entre as variáveis analisadas no es- tudo de variabilidade pode indicar que as características são determinadas por diferentes grupos de genes e a população seja espontaneamente recombinada. Embora as informações sobre o patossistema Xcc-brássicas em sistema de manejo orgânico ainda sejam escassas, há existência de diversidade genética na população em estudo. Os dois tipos de diversidade genética que contribuem para a estrutura genética são as diversidades gênica e genotípica. A diversidade genotípica está relacionada com o número e a freqüência dos genótipos multilocus ou indivíduos geneticamente distintos em uma popula489 LA Santos et al. ção, enquanto que a diversidade gênica se refere ao número e freqüência de alelos em locos individuais numa população. Nos patógenos com reprodução assexual, como no caso em estudo, medidas de diversidade genotípicas são mais significantes do que medidas de diversidade gênica, porque a maioria da diversidade genética é distribuída entre linhagens clonais (McDonald & Linde, 2002). A análise Euclidiana por ligação simples, utilizando os dados de sensibilidade a antibióticos e cobre e atividade de esterase, permitiu a distinção de sete grupos de similaridade de Xcc considerando a distância de ligação 20 (Figura 2). Os isolados B19, C3, R10, B9 e R8 constituíram cinco grupos de similaridade distintos. Os isolados B1, B18, B8, C39, C42, C40, C11, C2, C26, B27, C6, C35, R13, B32, B26, C27, B2, CF10, C20 e B11 formaram outro grupo de similaridade e os demais isolados (59) formaram um únicogrupo, confirmando a existência de alta variabilidade entre os isolados oriundos de sistema de produção orgânico. Verificou-se dentro de um mesmo grupo de similaridade isolados de hospedeiros diferentes, indicando não ser o tipo de hospedeiro de origem o fator que influencia na variabilidade. A causa da variabilidade entre os isolados de Xcc pode estar associada à adaptação da bactéria às diferentes espécies de brássicas e/ou cultivares de uma mesma espécie que são plantadas numa mesma área pelos agricultores das Zonas da Mata e Agreste de Pernambuco. A procedência das sementes, que podem carrear a bactéria, utilizadas na região também pode ser um possível fator envolvido na variabilidade, tendo em vista que são utilizadas sementes produzidas por várias empresas. Outra hipótese a ser considerada é a ocorrência de eventos de recombinação genética entre populações filogeneticamente relacionadas. Na análise da reação das 14 cultivares de brássicas ao isolado ‘B21’ de Xcc foram detectadas correlações significativas (P=0,05) entre todas as variáveis analisadas. As correlações negativas entre o PI e INC e SEVF indicam que a quantidade de podridão-negra está inversamente relacionada ao tempo de 490 início dos sintomas, enquanto que as correlações positivas entre INC e SEVF indicam a dependência dessas variáveis no desenvolvimento da doença. As cultivares diferiram significativamente entre si em relação a todas as variáveis analisadas. Foram formados quatro, dois e cinco grupos distintos respectivamente para as variáveis PI, INC e SEVF (Tabela 1). Dentro de um mesmo grupo foram encontrados diferentes cultivares de brássicas. Os maiores valores de SEVF foram verificados em brócolos Ramoso, couve-flor Bola de Neve e Piracicaba de Verão e repolho Chato de Quintal, classificados como altamente suscetíveis à podridão-negra. Os híbridos de couvechinesa AF 70, AF 72, AF 69 e AF 66 mostraram-se altamente resistentes à doença, enquanto que brócolos Ramoso e Precoce Piracicaba, couve-flor Precoce de Piracicaba e Híbrido Cindy e repolho 60 Dias foram medianamente resistentes (Tabela 1). Em levantamento da intensidade da podridão-negra em cultivos de brássicas no sistema de produção orgânico realizado em 2001, a severidade da doença foi significativamente maior em couve-chinesa do que brócolos, couve-flor e couve-manteiga (Peruch et al., 2006). No catálogo de produtos da empresa de sementes, os híbridos de couve-chinesa mencionados acima não são citados como portadores de resistência/tolerância à podridão-negra (Sakata, 2007). Para o controle da podridão-negra são indicados comercialmente, visando o sistema de produção convencional, com algum nível de resistência ou tolerância à doença as cvs. de repolhos. Máster, Máster AG-325, Chumbinho, Louquinho e os híbridos ESALQ-84, Mogiano, Saikô, Caribe, HG 18, YRRampo, YR-Ranshu, Nozomi, Matsukase, Kenzan, Fuyutoyo, Blue Vantage, Dynamo, Red Ball, Green Valley e Itiro; as cvs. de couve-flor Verona AG-184, Verona AG-284, Flórida e Santa Elisa-2 e os híbridos Ikuta, Jaraguá, Miayai, Shiromaru I, II e III, Sharon, Sarah e Júlia; as cvs. de brócolos Condor, Precoce Piracicaba Verão, Ramoso Santana, Flórida e Baron; e o híbrido de couve-manteiga F1 Top Bunch (Maringoni, 1997; Sakata, 2007; Syngenta, 2007). No entanto, já foram relatadas diversas raças do patógeno (Vicente et al., 2001; Kamoun et al., 1992) indicando que a variabilidade patogênica existente na população de Xcc poderá ocasionar reações diferentes dessas cultivares à podridão-negra. A falta de cultivares adaptadas aos sistemas de produção orgânica tem sido destacada como uma das sérias limitações para o manejo de doenças em hortaliças e outras culturas (Bueren, 2002). Evidenciou-se nessa pesquisa que os agricultores dispõem no mercado de cultivares de couve-chinesa, brócolos, couve-flor e repolho com resistência ou moderada resistência à podridão-negra, cujo cultivo poderá reduzir as perdas de produção causadas pela doença. Não se deve esquecer a possibilidade de quebra da resistência, pela ocorrência de variabilidade patogênica na população de Xcc. AGRADECIMENTOS À Sakata pelo fornecimento de sementes. REFERÊNCIAS ACAR JF; GOLDSTEIN FW. 1986. Disk susceptibility test. In: RORIAN V. (ed). Antibiotics in laboratory medicine. London: Willians & Wilkins. p. 27-62. ADHIKARI TB; BASNYAT R. 1999. Phenotypic characteristics of Xanthomonas campestris pv. campestris from Nepal. European Journal of Plant Pathology 105: 303-305. AGUIAR L; KIMURA O; CASTILHO AMC; CASTILHO KSC; RIBEIRO RLD; ANIBA F; CARMO MGF. 2000. Resistência ao cobre em isolados nacionais de Xanthomonas campestris pv. vesicatoria de pimentão e tomateiro. Agronomia 34: 78-82. 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Considering that the jussara palm is an ombrophylous species, this experiment aimed to simulate forest conditions, with different shade levels, to analyze its influence on seed germination. After processing the seeds (depulping), 500 seeds were sown in containers (20 x 30 x 8 cm) filled with forest ground and grown in five shade levels (0, 20, 40,60, and 80%, simulated using black shadenet). The experimental design was blocks at random, with four 25-seed replications. We evaluated the percentage of seed germination and the Emergence Speed Index (ESI). Seed germination started 103 days after sowing. Although the percentage of germinated seeds in the different treatments varied between 53 (0% shade) and 72% (60% shade), there was no significant shade influence over percentage of seed germination and ESI. Germinação de sementes de palmiteiro jussara sob diferentes níveis de sombreamento Keywords: Euterpe edulis, Arecaceae, emergence speed index, germination percentage. O palmiteiro jussara (Euterpe edulis), planta nativa da Mata Atlântica, apresenta grande importância econômica. Atualmente, sua ocorrência é restrita a algumas áreas de difícil acesso. A forma mais eficaz de reintroduzi-lo no ambiente ou de adensar suas populações com fins de conservação e exploração comercial é através das sementes. Sendo o palmiteiro uma espécie esciófila, este experimento visou simular condições de mata com diferentes níveis de sombreamento e analisar sua influência na germinação das sementes. Após o beneficiamento (despolpamento), 500 sementes foram postas para germinar em terra vegetal contida em caixas (20 x 30 x 8 cm) e distribuídas em cinco níveis de sombreamento (0, 20, 40, 60 e 80% de sombra, simulado com sombrite preto). O delineamento experimental adotado foi blocos casualizados, com quatro repetições de 25 sementes. Avaliaramse a porcentagem de germinação e o Índice de Velocidade de Emergência (IVE). As sementes iniciaram sua germinação 103 dias após a semeadura. Apesar da porcentagem de sementes germinadas nos diferentes tratamentos ter variado entre 53 (0% de sombra) e 72% (60% de sombreamento), não houve efeito significativo do sombreamento sobre o percentual de germinação e tampouco sobre o índice de velocidade de emergência. Palavras-chave: Euterpe edulis, Arecaceae, índice de velocidade de emergência, porcentagem de germinação. (Recebido para publicação em 17 de março de 2008; aceito em 30 de outubro de 2008) (Received in January 9, 2007; accepted in September 30, 2008) T he jussara palm (Euterpe edulis Martius), also known as heart palm or simply jussara, is native from Brazil and belongs to the Arecaceae family. It has a characteristic straight, slender, and single stipe, without tillers, superficial adventitious roots, and pinnate and curved dark green or olive leaves (Henderson, 2000). The vegetative knob is formed by the leaf sheath, which can be green, nut-brown or reddish (Reitz, 1973). The plant reaches up to 15 m height, with 15-cm stem diameter (Aguiar, 1986). It is present almost exclusively at the Atlantic rainy forest, ranging from South Bahia to North Rio Grande do Sul. Abundant on the past, nowadays jussara palm populations are fragmented and concentrate in natural 492 reserves with difficult access, located in areas of irregular landscape, unsuitable for agriculture (Reis et al., 2000). Jussara palm raises large economic and ecological interests due respectively to the extraction of the palm heart and to its potential as a biological indicator, consequence of its ombrophylous behavior: once jussara palm demands shadow to grow, its absence might indicate the need to restore the original vegetal cover (Reis et al., 2000). Although the heart of palm is the focus of economic exploitation, Aguiar (1986) and Reitz (1973) mention the use of the stipe as laths and rafters in construction and corrals, manufacture of agglomerates, and even as fuel for brickkilns. Leaves are used as house roof, while leaflets are employed in braiding. Due to its nice appearance and elegance, jussara palm is used also in gardening as an ornamental plant (Aguiar et al., 2005). In addition, Reitz (1973) cites the jussara palm fruit juice as a rich nutrient source, comparable to chocolate, and the young stem juice, as useful for healing wounds. Jussara palm has immature fruits all year round, while ripen fruits are found from May to November. Fruits, when ripen, are spherical and nearly black or bright black-wine (Reitz, 1973). Considering that they are well appreciated by the native fauna, some animals play an active role in seed transportation and, therefore, on the species dispersal. This behavior confers Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Jussara palm seed germination under different shade levels to jussara palm a relevant ecological and economic potential to restore and enrich flora in secondary forests (Reis & Kageyama, 2000). Queiroz (2000) states that fruits and seeds are the only effective way to assure both reintroduction and increase on plant density, aiming at conservation and exploitation. However, seed germination is affected for several factors, which jeopardizes the success of reintroduction. Jussara palm seeds are sensitive to water losses (recalcitrants) and, therefore, germinate only in environments with a minimal humidity level, between 15 and 30% (Andrade & Pereira, 1997). Bovi (1978) affirms that 13% humidity is already low enough to hamper germination. It is likely that shade also has some influence over germination. Chazdon (1986, apud Paulilo, 2000) says that variations in the amount of photosynthetic active radiation that reaches the soil due to movements in the sun and canopy, and the fall of branches and trees, might have an relevant influence on plant photosynthesis, growth, and regeneration. Nevertheless, species of initial successive phases seem to be more resistant to these variations than species that appear only on later phases (Bazzaz, 1979, apud Paulilo, 2000). Considering that jussara palm (Euterpe edulis) is ombrophyla, we tried to find out in this experiment if the percentage of seed germination and plantlet emergence speed index are susceptible to different shade levels. MATERIAL AND METHODS The experiment was carried out at the Botanic Institute of São Paulo State, in São Paulo. The climate is temperate, with wet summers and dry winters. The average temperature is 19.1 oC; the average annual air humidity is 81.1%; and the average annual rainfall is 1,539.9 mm (climatologic normal from 1976 e 2000) (Marques & Funari, 2002). The experiment started at May 20 and seed germination lasted from September 09 to November 10, 2003. We collected 500 visually uniform ripen fruits in jussara palms grown at the Agriculture Secretary of São Paulo Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Table 1. Percentage of seed germination and plantlet emergency speed index of jussara palm under different shades levels (germinação e índice de velocidade de emergência de sementes de palmiteiro submetidas a diferentes níveis de sombreamento). São Paulo, Instituto de Botânica, 2003. Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other, Tukey´s test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05). State. Upon harvest, fruits were immersed in water for 96 hours, renewing water every day. After, fruits were depulped in running water, by scraping them against a steelnet sieve. Seeds were dried in the shadow for 24 hours and then (40% of water content) sown (2 cm deep) in containers (20 x 30 x 8 cm) with forest ground and sprinkling irrigation, for germination. Seeds were sown with 0, 20, 40, 60, and 80% shade, in a screenhouse under black shadenet. We assessed the percentage of germination according to the standard established by Borghetti & Ferreira (2004), who considered as germination the uprising of the first vigorous plantlet; and the plantlet emergence speed index (ESI), assessed according to Maguire (1962), who estimated the daily average number of emerged plantlets. The experimental design was blocks at random, with four 25-seed replications, adding up 100 seeds per treatment. We performed analysis of variance, using the F Test at p<0.05 and the Tukey test, also at p<0.05, to compare treatment means. RESULTS AND DISCUSSION Germination started 103 days after sowing. Lorenzi (1992) first postulated a 30 to 70-day period and, later (Lorenzi, 1996), from three to six months for jussara palm seeds to start germinating. Matthes & Castro (1987), also working with jussara palm, reported an interval between 14 and 88 days for seed germination. In greenhouse conditions, Aguiar (1990) observed germination of jussara palm seeds already 29 days after sowing. Although the percentage of seed germination ranged from 53% (no shade) to 72 (60% shade) in the different treatments, there was no significant effect of shade nor over percentage of germination, neither over the emergence speed index (ESI) (Table 1). The coefficients of variation of the present data are relatively high. Nevertheless, the values are similar to those observed by Martins et al. (2007) when working with the red palm heart (Euterpe espiritosantensis Fernandes) and, later (Martins et al., 2003), with king palm (Archontophoenix alexandrae Wendl. & Drude). It should be stressed that jussara palm is a native non-domesticated species and therefore possess a larger genetic variability than usually found in horticultural plants. The lowest germination level (53%) observed in this experiment, carried out under variable climatic conditions, was similar to and higher than what was reported by Aguiar (1990), respectively in a seed germinator, with 12-hour photoperiod and 25ºC, and in greenhouse (10% germination). Shade influence over seed germination is very characteristic to each species. Klein (1989) noticed that the germination of stored seeds of four out of five weeds of cotton fields were significantly affected by shade. Tasselflower (Emilia sonchifolia) and peppergrass (Lepidium virginicum) had 493 AR Tavares et al. significant variation both at the percentage of germinated seeds and in the emergence speed index (ESI), while small-flower galinsoga (Galinsoga parviflora) and the Mascarene Island leaf-flower (Phyllantus corcovadensis) showed variation only at the ESI. The remaining fifth species, hyssop-leaf sandmat (Euphorbia brasiliensis) did not experience significant variations in seed germination due to shade, similarly to the observations in jussara palm in the current work. Among palm trees, shade influence over germination is also variable. Aguiar et al. (2003), when studying lady palm seeds (Raphis excelsa) observed that the percentage of germination increased with shade level, reaching the highest values, 60.5%, with 80% shade, whilst the lowest percentage (2%), resulted from plain sun. Instead, Bulbovas (2000), in a report about pollution influence over the germination of jussara palm seeds in Cubatão County, noted 75% of seed germination in the control treatment in both glades and untouched forest areas, which matches with the results currently reported. In opposition to seed germination, survival of jussara palm plantlets is significantly influenced by luminosity. According to Paulilo (2000), jussara palm plantlets undergo morphological and physiological alterations in response to light intensity, tolerating from 20 to 70% of indirect insolation, but being extremely sensitive to direct sun beam. Tsukamoto Filho et al. (2001) presented data from an intercropping using jussara palm and Nicaraguan pine (Pinus caribaea Morelet var. hondurensis Barr. et Golf.), in which the low relative luminosity, associated to good humidity levels, favored jussara palm development. In coconut (Cocos nucifera), plantlets developed out of seeds germinated under 50% shade were taller and heavier (Faria, 2002), apparently reacting to light just like jussara palm plantlets. Nakazono et al. (2001) state that jussara palm plantlets exposed to either strong insolation or shade are less competitive, although intermediate insolation levels, equivalent to a 400 m2 glade in the canopy, have been advantageous to plant growth. 494 Results presently reported point to no significant interference of shade with percentage of seed germination and plantlet emergence speed index in jussara palm. REFERENCES AGUIAR FFA. 1986. Cultura racional do palmiteiro sob mata nativa. In: BONONI VL; MACEDO AC (eds). Aproveitamento racional de florestas nativas. São Paulo: Secretaria da Agricultura e Abastecimento. p. 51-57. AGUIAR FFA. 1990. Efeito de diferentes substratos e condições ambientais na germinação de Euterpe edulis e Geonoma schottiana Martius. Acta Botanica Brasilica 4: 1-8. 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Postal 23, 37130-000 Alfenas-MG, [email protected] RESUMO ABSTRACT O formato dos frutos do tomateiro é resultado da ação de diversos loci gênicos que podem atuar de diversas formas: isoladamente, com efeitos pleiotrópicos ou interagindo entre si ou com genes responsáveis pelo peso do fruto. Em função disto, o estudo da herança desta característica, importante para o melhoramento da espécie, torna-se complexa e de difícil execução. Este trabalho foi desenvolvido no Setor de Olericultura e Experimentação da Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS), de Julho/2003 a Março/2005 com o objetivo de determinar a herança da forma do fruto em tomateiro do grupo cereja. Foram utilizados dois genótipos selvagens e contrastantes quanto à forma do fruto: fruto comprido (FC) e fruto redondo (FR). Cruzamentos recíprocos e retrocruzamentos foram efetuados sendo a forma do fruto, avaliada nas gerações oriundas desses cruzamentos. Todas as plantas da geração F1 produziram frutos redondos. Em F2, 111 plantas produziram frutos redondos e 47 plantas produziram frutos compridos. No retrocruzamento (F1 x FC) 47 plantas produziram frutos redondos e 42 plantas produziram frutos compridos. Estes resultados, analisados pelo teste de x2 confirmaram segregação mendeliana 3:1 e 1:1 respectivamente. Concluiuse que o formato dos frutos estudados tem herança monogênica. O alelo que condiciona a forma redonda do fruto tem dominância completa sobre o alelo que confere a forma alongada com possível atuação do locus sun. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, melhoramento, genética. Inheritance of fruit shape in cherry tomato group The tomato fruit shape is a result of action of various gene loci that can act in several ways: alone, with pleiotropic effects or interacting with each other or with genes responsible for the fruit weight. According to this, the study of the inheritance of this characteristic, very important for the improvement of the species, is complex and difficult to implement. This work was carried out at the Horticultural and Experimentation Section of José do Rosário Vellano University, during the period of July 2003 through March, 2005 with the objective to determine the fruit shape of the cherry tomato plant. Two wild genotype contrasting tomato plants were utilised with the fruit shape: long fruit shape (LF) and round fruit shape (RF). Reciprocal crosses and backcross were realised and the fruit shape was evaluated in the generations origininated from these crosses. All plants of the F1 generation produced round shape fruit. In the F2 generation, 111 plants produced round fruit shape and 47 plants produced long fruit shape. On the backcross generation (F1 x LF) 47 plants produced round fruit shape and 42 plants produced long fruit shape. These results when analysed by chi square, confirmed Mendelian segregation 3:1 and 1:1 respectively. It was concluded that the studied fruit shape has monogenic inheritance. The allele that determines fruit round shape has complete dominance over the allele that determines elongated shape fruit with possible action of the sun locus. Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, breeding, genetics. (Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 30 de setembro de 2008) (Received in August 15, 2008; accepted in October 31, 2008) P ara efeito de identificação, o tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill) foi classificado em grupos, sendo atualmente considerados seis grupos: Santa Cruz, Industrial, Salada, Saladinha, Saladete e Cereja (Alvarenga, 2000). Segundo Azevedo Filho & Melo (2001), o tomateiro do tipo cereja foi introduzido no Brasil através das fezes de pássaros migratórios e pelos imigrantes italianos que chegaram ao país no final do século XIX. As plantas são de crescimento indeterminado com número de frutos/penca variando de 15 a 50, de forma redonda ou comprida, pesando entre 10 e 30 gramas, de coloração vermelho-brilhante (Diez Niclos, 1995; Filgueira, 2000; Postali et al, 2004). Este tipo de tomate tem mercado diferenciado e melhores preços e, ultimamente, Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 tem sido usado para ornamentação de pratos e “couvert” (Alvarenga, 2000). O tomateiro do grupo cereja, caracterizado pela produção de frutos pequenos, difere completamente dos objetivos da produção dos demais grupos onde se preconiza frutos graúdos como característica desejável (Silva et al., 1997). Tomateiros silvestres do tipo cereja apresentam crescimento espontâneo em qualquer tipo de solo e condições climáticas e têm as sementes disseminadas via fezes de pássaros (Azevedo Filho & Melo, 2001). Provavelmente, devido a esta espontaneidade e ao não uso de agrotóxicos, as plantas sofreram ao longo dos anos uma pressão de seleção natural para rusticidade e tolerância às principais pragas e doenças. Tais características têm sido aproveitadas por produtores orgânicos no plantio comercial desta espécie (Azevedo Filho & Melo, 2001). As plantas são vigorosas, de vegetação abundante, agressiva e apresentam frutos de coloração vermelha-intensa, com formas bem definidas e contrastantes, redondo ou comprido (Postali et al., 2004). O estudo da herança de características de importância agronômica em vegetais é uma atividade de grande importância, cujos resultados são amplamente utilizados pelos fitomelhoristas. O conhecimento do número de genes envolvidos em determinado caráter, a sua localização no cromossomo, bem como a sua maneira de interagir, permitem construir mapas cromossômicos, determinar o critério e a intensidade da seleção, método de condução de população segregante, assim como determinar ideótipos de plantas com características 495 GM Maciel & EC Silva desejáveis (Allard, 1971; Ramalho et al., 2000; Bueno et al., 2001). Embora poucas características de interesse econômico sigam a herança clássica ou mendeliana, o seu uso como ferramenta para a consecução de objetivos de melhoramento vegetal ainda é comum e pode ser significativamente mais eficiente quando associada às modernas técnicas de marcadores moleculares (Ferreira & Grattapaglia, 1995), principalmente quando o melhoramento é assistido por estes marcadores. Ramalho et al. (2000) relatam em livro, resultados de estudos da herança da forma do fruto em tomateiro onde foram obtidos resultados de herança monogênica com dominância completa da forma redonda sobre a forma alongada. Segundo Tanksley (2004), os frutos originários de espécies domesticadas muitas vezes têm o seu tamanho expressivamente aumentado em relação ao normalmente encontrado nas espécies selvagens progenitoras. O autor ainda cita como exemplo o possível ancestral selvagem do tomate cultivado, Lycopersicon esculentum cv Cerasiforme, com dois lóculos e pesando apenas algumas gramas, em contraste a um simples fruto de tomate das variedades modernas que pode conter muitos lóculos e pesar até 1000 g. Por outro lado a domesticação de espécies vegetais com conseqüente aumento no tamanho dos frutos, tem provocado expressiva variação na sua forma uma vez que, frutos de tomateiros selvagens e semi-selvagens são quase invariavelmente redondos enquanto que tomates cultivados vêm de uma ampla variedade de formas: redondo, oblongo, piriforme e em forma de torpedo (Tanksley, 2004). Os genomas de tomateiros cultivados contem menos de 5% da variação genética de seus congêneres selvagens (Miller & Tanksley, 1990). Em outras palavras, segundo Tanksley (2004), os tomateiros cultivados variam expressivamente em forma e tamanho dos frutos, mas têm pouca variação genética em qualquer outra parte de seu genoma sendo o contrário nas espécies selvagens. A explicação do aumento na variação da forma dos frutos do tomateiro é problemática e pode haver diver496 sas explicações. Uma das explicações diz que a seleção para aumento no tamanho do fruto, pode ter levado à mudanças no seu formato atribuído a fenômenos de pleiotropia (Tanksley, 2004). Existem robustas evidências que apóiam esta hipótese no que diz respeito às mutações as quais têm provocado aumento no tamanho dos frutos por meio do aumento do número de carpelos / lóculos (Lippman & Tanksley, 2001). Estes mesmos autores afirmam que, similarmente, mutações que afetam a forma do fruto podem ter grande efeito fenotípico em background de frutos pequenos versus frutos grandes. Correlação altamente significativa foi encontrada entre o tamanho do fruto e a forma do fruto sendo que, frutos maiores, mostraram formas mais extremas do que seus homólogos de frutos pequenos. Observa-se que o formato dos frutos do tomateiro é resultado da ação de diversos loci gênicos que podem atuar de diversas formas. Em função disto, o estudo da herança desta característica, importante para o melhoramento da espécie, torna-se complexa e de difícil execução. Por outro lado, estudos de herança da forma de frutos específicos para tomateiros silvestres do grupo cereja não foram encontrados na literatura. Assim, objetivo deste trabalho foi estudar a herança da forma redonda e comprida de frutos de tomateiro do grupo cereja em genótipos silvestres da espécie. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no município de Alfenas, sul de Minas Gerais, nas dependências da Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS, Setor de Olericultura e Experimentação (21o14’ S; 45o00’ W, 910 m de altitude) no período de janeiro de 2003 a fevereiro de 2005. Foram utilizadas duas linhagens silvestres de tomateiro do grupo cereja (Figura 1), cujas sementes foram coletadas nos municípios de Lavras (MG) e Alfenas (MG). Estes genótipos têm sido conservados pelo setor de Olericultura e Experimentação da UNIFENAS e apresentam características bem definidas e contrastantes quan- to ao comprimento e ao diâmetro dos frutos. A linhagem coletada em Lavras (MG) tem frutos compridos, de coloração vermelha-intensa e ombros verdes. As plantas são vigorosas e agressivas, com brotações axilares e florais. As sementes da linhagem coletada em Alfenas (MG) produzem plantas vigorosas, cujos frutos são redondos e de coloração vermelha-intensa, sem ombro verde e com tamanho menor que os frutos compridos. Também produzem com abundância brotações nas axilas das folhas e nos ramos florais. Ambas as cultivares são de crescimento indeterminado. A metodologia utilizada constou de cruzamentos biparentais recíprocos e retrocruzamentos da geração F1 para o genitor de fruto comprido e foi dividida em etapas distintas. Na primeira etapa foi avaliada a homozigose dos genitores e foram efetuados os cruzamentos biparentais. Sementes de ambos os genitores foram semeadas em casa-devegetação para a produção de mudas. Foram utilizadas bandejas de isopor de 128 células e substrato comercial misturado com palha de arroz carbonizada na proporção de 1:1 e 800 gramas de adubo formulado 4-14-8 para cada 40 litros da mistura (Frujuelle et al, 2003). Quando as mudas atingiram quatro folhas definitivas, foram transplantadas para a casa-de-vegetação. As plantas foram conduzidas com apenas uma haste e tutoradas verticalmente. Todos os tratos culturais e fitossanitários foram realizados de acordo com o preconizado para a cultura. Para esta primeira etapa foram conduzidas 50 plantas de cada genitor, dispostas em espaçamento 1,5 x 0,80 m. Quando as plantas começaram a emitir os ramos florais foram selecionadas as três plantas mais sadias e vigorosas de cada genitor. O estado da planta é um bom indicativo de seu estado nutricional, o que, segundo Howlet (1936), tem influência na produção de pólen. Nos ramos florais (cacho) das plantas selecionadas, foram escolhidas antes da antese as três primeiras flores para a emasculação (Barrons & Lucas, 1942). As flores não emasculadas foram todas eliminadas para evitar possível autofecundação e formação dos frutos. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cereja Esta operação foi realizada em ambos os genitores de maneira a permitir os cruzamentos recíprocos. Utilizando um vibrador manual, retirou-se pólen de flores completamente abertas em plantas de ambas as linhagens. Os grãos-de-pólen foram colocados em cápsulas de sílica-gel devidamente identificadas e utilizados para polinização de flores emasculadas no mesmo dia (Dempsey & Boynton, 1962). As flores emasculadas que sofreram hibridização foram marcadas com lã vermelha. As sementes foram colhidas nos frutos maduros das flores marcadas. A homozigose dos genitores quanto à forma dos frutos foi avaliada observandose o formato dos frutos nas 50 plantas respectivas a cada genótipo parental. Todas as avaliações de formato dos frutos foram feitas visualmente considerando o diâmetro transversal e longitudinal dos frutos (Figura 1). A segunda etapa consistiu na colheita e plantio das sementes F1 dos cruzamentos recíprocos. O plantio foi realizado, assim como na primeira etapa, também em casa-de-vegetação, juntamente com os genitores. Após obtenção de uma população com 100 plantas F1 (50 plantas de cada cruzamento) e 30 plantas de cada parental, o formato do fruto foi avaliado na população F1, ao mesmo tempo em que retrocruzamentos de F1 para o parental de fruto comprido foram realizados. Todos os cuidados de condução da cultura e cruzamentos observados na etapa anterior foram observados também nesta etapa. Sementes F2 oriundas de autofecundação de F1 e sementes dos retrocruzamentos foram colhidas, constituindo assim material para a terceira etapa do trabalho. Na terceira etapa, as sementes produzidas na etapa anterior foram utilizadas na produção de mudas, observando-se os mesmos procedimentos das etapas anteriores. Em duas casas-de-vegetação foram constituídas uma população de 158 plantas da geração F 2 (segregante) e 89 plantas oriundas de sementes do retrocruzamento. Nas populações F2 e de retrocruzamentos, as plantas foram contadas e separadas de acordo com o formato do fruto que produziram. Em seguida os dados foram submetidos ao teste de c2 de acordo com Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Tabela 1. Número de plantas de tomate-cereja que apresentaram frutos de formato comprido ou redondo (number of cherry-tomato plants that showed tomato-fruit-shaped long or round). Alfenas, UNIFENAS, 2005. a freqüência esperada e observada de frutos compridos e frutos redondos, tendo como hipótese uma segregação mendeliana 3:1, obtida para herança monogênica com dominância completa (Falconer, 1987; Ramalho et al, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os genitores utilizados no cruzamento foram fenotipicamente homozigotos para a característica formato do fruto, uma vez que não foi observada segregação após as autofecundações (Tabela 1). Todos os frutos produzidos pela linhagem coletada em Lavras foram compridos, enquanto todos os frutos produzidos pela linhagem coletada em Alfenas foram redondos. Observou-se também dominância completa do fenótipo fruto redondo sobre fruto comprido, já que na geração F1 todas as plantas produziram frutos redondos, independente da direção do cruzamento (Tabela 1). Na geração F2, os valores absolutos indicaram uma segregação cuja proporção se aproximou de 3:1, uma vez que ocorreram 118 plantas com frutos redondos e 47 plantas com frutos compridos (Tabela 1). De modo semelhante, no cruzamentoteste realizado entre plantas F 1 e o genitor de frutos compridos 42 plantas produziram frutos compridos e 47 plantas produziram frutos redondos, uma proporção próxima de 1:1. Quando aplicado o teste de x2, os desvios entres as freqüências observadas e esperadas não foram significativos (p < 0,05), considerando a hipótese de segregação 3:1 ou seja, três frutos redondos para cada fruto comprido na geração F2. Segundo Tanksley (2004) não existe uma completa separação entre loci que controlam o tamanho dos frutos e aqueles que controlam a forma dos mesmos. Entretanto, os loci fasciated (cromossomo 11) e locule-number (cromossomo 2), responsáveis pelo tamanho dos frutos, afetam também a forma, embora outros loci maiores (fw1.1, fw2.2, fw3.1 e fw4.1) com a mesma função, exercem largamente seus efeitos no desenvolvimento dos frutos resultando em pequena mudança no seu formato. Da mesma forma, existem três loci maiores que modulam a forma dos frutos: ovate (cromossomo 2), sun (cromossomo 7) e fs8 (cromossomo 8) (Tanksley, 2004). Segregação de um locus gênico condicionando forma de pêra nos frutos foi relatada por pesquisadores na década de 1900 (Hendrick & Boot, 1907; Price & Drinkard, 1908). Durante este mesmo período outros pesquisadores relataram locus gênico similar causando forma oval nos frutos e que mais tarde foi demonstrado que estes genes provavelmente eram alélicos sendo este locus referenciado como ovate (Lindstrom 1928,1929). Bem mais tarde Ku et al. (1999) demonstraram que apenas este locus (ovate) poderia condicionar tanto a forma de pêra quanto a forma alongada do fruto indexando comprimento e diâmetro. Análise de QTL de um cruzamento entre uma variedade de tomate Yellow Pear de frutos pequenos e de formato pêra e uma espécie selvagem, de frutos redondos (S. pimpinellifolium, LA 1589) revelou que frutos de formato pêra é largamente determinada por um outro QTL maior no cromossomo 2 (Ku et al, 1999). Tanksley & Fulton (2007) observaram que este QTL aparentemente corresponde ao locus gênico ovate. Na formação dos frutos foram também observados, efeitos de alongamento da for- 497 GM Maciel & EC Silva Tabela 2. Teste de x2 da hipótese para herança monogênica da característica formato de fruto em tomate-cereja (chi square test the hypothesis for monogenic inheritance of the characteristic shape of fruit in cherry tomato). Alfenas, UNIFENAS, 2005. 1 /FO = freqüência observada (frequency observed); 2/ FE = freqüência esperada (freuency expected) Figura 1. Frutos de linhagens silvestres de tomateiro do grupo cereja com formatos comprido e redondo (fruits round and elongated shape of wild strains of tomato plant of cherry tomato group). Alfenas, UNIFENAS, 2005. ma que não se relacionava com uma mutação de ovate. Estudos revelaram a presença de um segundo locus maior no cromossomo 7 envolvido com a forma de frutos de tomate que foi denominado sun (Van der knaap & Tanksley, 2001). Entretanto, estes dois loci diferem entre si em aspectos de importância genética, morfológica e de desenvolvimento. Uma destas diferenças é que sun causa o alongamento do fruto nas duas direções longitudinais mantendo uma simetria bilateral dos frutos enquanto que ovate resulta em um alongamento assimétrico do fruto onde o ápice do fruto é mais exagerado que a parte basal (Van der Knaap et al., 2002). Também, segundo estes mesmos autores, a forma de pêra dos frutos nunca foi relacionada com o gene sun. Segundo Liu et al (2002) a mutação associada com uma mudança da forma do fruto de redondo para alongado ou pêra criou uma parada prematura no códon do segundo exon. Essa possível perda de função é consistente com o comportamento recessivo do alelo que condiciona fruto de formato alongado ou de formato pêra. Portanto, é possível concluir que o formato dos frutos estudados tem herança monogênica. O alelo que condiciona a forma redonda do fruto tem dominância completa sobre o alelo que 498 confere a forma alongada com possível atuação do locus sun. REFERÊNCIAS ALLARD RW. 1971. Princípios do melhoramento genético de plantas. São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 381p. ALVARENGA MAR. 2000. Cultura do tomateiro. Textos Acadêmicos. Lavras, UFLA, 91p. AZEVEDO FILHO JA; MELO AMT. 2001. Avaliação de tomate silvestre do tipo cereja. 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Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 SAMPAIO RA; RAMOS SJ; GUILHERME DO; COSTA CA; FERNANDES LA. 2008. Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e pó de rocha. Horticultura Brasileira 26: 499-503. Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e pó de rocha Regynaldo A Sampaio; Sílvio J Ramos; Denílson O Guilherme; Cândido A da Costa; Luiz Arnaldo Fernandes UFMG-ICA, Av. Universitária, s/no, Bairro Universitário, C. Postal 135, 39404-006 Montes Claros-MG; [email protected] RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar proporções dos resíduos fibra de coco (FC) e pó de rocha de granito (RG) como substratos na produção de mudas de tomateiro, cultivar Kada Gigante, realizou-se um experimento em casa de vegetação na UFMG-ICA. Foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos por uma testemunha e seis proporções de fibra de coco (FC) e pó de rocha de granito (RG): T1 Substrato comercial Hortimix®; T2 - 0% FC + 100% RG; T3 - 20% FC + 80% RG; T4 - 40% FC + 60% RG; T5 - 60% FC + 40% RG; T6 - 80% FC + 20% RG; T7 - 100% FC + 0% RG. O cultivo foi feito em bandeja de poliestireno expandido com células de 3,5 x 3,5 x 5,0 cm. Foram avaliados o diâmetro do coleto, a altura da planta, o índice de velocidade de emergência, a percentagem de emergência e a massa fresca e seca da parte aérea e da raiz. Em praticamente todas as características avaliadas o substrato comercial foi superior aos substratos contendo fibra de coco e pó de rocha. Considerando-se apenas os substratos contendo fibra de coco e pó de rocha, as mudas com melhores características foram obtidas com a mistura de aproximadamente 70% em volume de fibra de coco. Tomato seedlings production using substrates with coconut fiber and rock waste Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, resíduo de marmoraria, reciclagem. A greenhouse experiment was carried out to evaluate the ratio of coconut fiber and rock waste, in the tomato seedling production (cultivar Kada Gigante), in Montes Claros, Brazil. The experimental design was of randomized complete blocks with four replicates. The treatments were composed of a control and six ratios of coconut fiber (FC) and rock waste (RG): T 1 - Commercial Substrate Hortimix®; T2 - 0% FC + 100% RG; T3 - 20% FC + 80% RG; T4 40% FC + 60% RG; T5 - 60% FC + 40% RG; T6 - 80% FC + 20% RG; T7 - 100% FC + 0% RG. The cultivation was done in polystyrene trays with cells of 3.5 x 3.5 x 5,0 cm. Stem diameter, seedling height, emergency speed index, emergency percentage, root and aerial part of fresh and dry matter were evaluated. In almost all the evaluated characteristics the commercial substrate was better than the substrates containing coconut fiber and rock waste. Among the substrates containing coconut fiber and rock waste, the seedlings with better characteristics were obtained with a mixture of approximately 70% of the volume of coconut fiber. Keywords: Lycopersicum esculentum, marble residues, recycling. (Recebido para publicação em 16 de abril de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008) (Received in April 16, 2008; accepted in October 31, 2008) N a tentativa de se encontrar soluções para minimizar o impacto ambiental causado pelo descarte de resíduos urbanos e industriais, como casca de arroz, bagaço de cana, casca de pinus, lixo e resíduo da produção de papel, vários segmentos da sociedade têm se empenhado no desenvolvimento de pesquisas que visam o aproveitamento econômico desses materiais, os quais muitas vezes apresentam potencial para o aproveitamento agrícola, principalmente como substratos na produção de mudas (Chong, 1999; Backes & Kämpf, 1991; Flynn et al., 1995; Souza, 2001; Sainju et al., 2001). A utilização de resíduos da agroindústria local como componentes para substratos pode propiciar a redução dos custos na produção de mudas, assim como auxiliar na minimização de impactos ambientais negativos (Fermino, 1996; Silveira et al., 2002). Porém, é importante Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 lembrar que os substratos devem apresentar boa capacidade de troca catiônica, estabilidade física e esterilidade biológica e adequados pH, condutividade elétrica, teor de nutrientes, relação C/N, relação água/ar, porosidade total, capacidade de retenção de água e drenagem (Lemaire, 1995; Sassaki, 1997; Borne, 1999; Konduru et al., 1999; Booman, 2000; Carrijo et al., 2004). Com a restrição da utilização do xaxim e da turfa, uma alternativa é a utilização de matérias primas regionais, como a fibra de coco e o pó de rocha de granito, que são de fácil obtenção (Theodoro, 2000; Rosa et al., 2001b; Arenas et al., 2002). Segundo Carrijo et al. (2002), as boas propriedades físicas da fibra de coco, a sua não reação com os nutrientes da adubação e longa durabilidade sem alteração de suas características físicas, assim como a abundância da matéria prima que é renovável e o baixo custo para o produtor, fazem da fibra de coco verde um substrato dificilmente superável por outro tipo de substrato, mineral ou orgânico no cultivo sem solo de hortaliças e flores. Também, Rosa et al. (2001a) destacam que o pó de coco verde é um meio de cultivo 100% natural e pode ser indicado para germinação de sementes, propagação de plantas em viveiros e no cultivo de flores e hortaliças. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a potencialidade da utilização hortícola do pó de rocha originado da serragem de granito, juntamente com a fibra de coco, na produção de mudas de tomate. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação na UFMG-ICA, em Montes Claros-MG, utilizando-se a cul499 RA Sampaio et sl. Tabela 1. Características químicas dos materiais utilizados na produção dos substratos para a produção de mudas de tomateiro (chemical characteristics of the materials used in the production of substrates for the production of tomato seedlings). Montes Claros, UFMG, 2005. 1 Método da perda por irrigação (Kiehl, 1985) (method for the loss irrigation (Kiehl, 1985)); Método Micro-Kjeldahl (Kiehl, 1985) (2Micro-Kjeldahl method (Kiehl, 1985)); 3Extrator Mehlich-1 (Defelipo & Ribeiro, 1981) (Mehlich-1 extractor (Defelipo & Ribeiro, 1981)); 4 Extrator KCL 1 mol/L (Defelipo & Ribeiro, 1981) (4KCl 1 mol/L extractor (Defelipo & Ribeiro, 1981)); 5Extrator HNO3/HClO4 (Tedesco et al., 1995) (HNO3/HClO4 extractor (Tedesco et al., 1995)); 6Extrato de saturação na relação 1:5 (Tedesco et al., 1995) (saturation extract in a relation 1:5 (Tedesco et al., 1995)). 2 tivar de tomate, Kada Gigante, de 15/ 01 a 14/02/05. Os tratamentos foram constituídos por uma testemunha e seis proporções, com base no volume, de fibra de coco verde (FC) e pó de rocha de granito (RG): T1 - Substrato comercial Hortimix®; T2 - 0% FC + 100% RG; T3 - 20% FC + 80% RG; T4 - 40% FC + 60% RG; T5 - 60% FC + 40% RG; T6 - 80% FC + 20% RG; T7 - 100% FC + 0% RG. As características químicas e físicas dos materiais usados na produção dos substratos encontram-se na Tabela 1. A fibra de coco verde foi seca ao ar durante uma semana e processada em desintegrador da marca Cremasco® linha DPCT.4 com peneira de 10 mm. A quantidade de fibra adicionada aos tratamentos foi calculada com base no volume. O semeio manual foi feito colocando-se uma semente no centro de cada uma das 128 células da bandeja de poliestireno expandido de 3,5 x 3,5 x 5,0 cm. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. A unidade experimental foi constituída por 16 plantas, sendo avaliados o diâmetro do coleto (D), a altura da planta (A), o índice de velocidade de emergência (IVE), a percentagem de emergência (E), a massa fresca da parte aérea (MFPA) e da raiz (MFSR), e, a massa seca da parte aérea (MSPA) e da raiz (MSSR). A emergência foi avaliada 20 dias após a semeadura, considerando-se emergidas as sementes que emitiram o caulículo. A altura da planta, medida do coleto até o ápice da muda, e o diâmetro do coleto, foram avaliados aos 28 dias após a semeadura. O índice de velocidade de emergência foi quantificado, utilizandose o método de Maguire (1962), de acordo com a fórmula IVE. = Σ (Pi/Di), em que: IVE = índice de velocidade de emergência; Pi = número de plântulas emergidas no i-ésimo dia de contagem; Di = número de dias que as plântulas levaram para emergir no i-ésimo dia de contagem. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias das proporções de fibra de coco e de pó de rocha de granito foram comparadas com Tabela 2. Valores médios obtidos de percentagem de emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE), diâmetro do coleto (D), altura da planta (A), massa fresca sistema radicular (MFSR), massa seca sistema radicular (MSSR), massa fresca parte aérea (MFPA) e massa seca parte aérea (MSPA), em plântulas de tomate, cultivar Kada Gigante, produzidas em diferentes substratos. (average values of percentage of emergency (E), emergency speed Index (IVE), collect diameter (D), height of the plant (A), fresh matter of roots (MFSR), dry matter of roots (MSSR), fresh shoots (MFPA) and shoot dry matter (MSPA) in seedlings of tomato, cultivar Kada Gigante, produced on different substrates). Montes Claros, UFMG, 2005. ns Não significativo (no significant; *Difere estatisticamente do substrato comercial pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade (statistically differs from commercial substrate by Dunnett test at 5% probability); FC = Fibra de coco (FC = coconut fiber); RG = Pó de rocha de granito (RG = Rock waste). 500 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e pó de rocha Figura 1. Índice de velocidade de emergência (A), percentagem de emergência (B), altura da planta (C), diâmetro do coleto (D), massa fresca (E) e seca (F) da raiz e massa fresca (G) e seca (H) da parte aérea de mudas de tomateiro em função da proporção de fibra de coco e pó de rocha no substrato. (index speed emergency (A), percentage of emergency (B), plant height (C), diameter of collect (D), weight (E) and dry (F) and the root weight (G) and dry (H) of shoot of tomato seedlings according to the proportion of coconut fiber and powder of rock from the substrate). Montes Claros, UFMG, 2005. *,**,***Significativos a 5; 1 e 0,1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t. significant at 5; 1 and 0.1% probability, respectively, by the t test). as do substrato comercial até 5% de probabilidade pelo teste de Dunnett. As médias referentes às proporções de fibra de coco e de pó de rocha de granito foram ajustadas a modelos de regressão até Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 10% de probabilidade pelo teste t. RESULTADOS E DISCUSSÃO O substrato comercial apresentou maiores valores de índice de velocidade de emergência, diâmetro do coleto, altura da planta, massa fresca e seca da raiz e massa fresca e seca da parte aérea, em relação aos substratos contendo fibra de coco e/ou pó de rocha de granito (Tabela 2). Tal fato pode ser atribuído à menor densidade e maiores teores de nitrogênio e fósforo do substrato comercial (Tabela 1), favorecendo a aeração e respiração das raízes, e maior nutrição, vigor e crescimento das plantas. Rodrigues (1994) afirma que mudas de tomateiro para processamento industrial têm melhor desempenho em substratos que apresentam boas condições de aeração e de armazenamento de água. Silveira et al. (2002), Oliveira et al. (2004) e Costa et al. (2007), estudando o desenvolvimento de tomate em substratos comerciais e alternativos, destacam melhor desempenho dos substratos comerciais em razão de suas melhores características de retenção de água, aeração e teores de nutrientes. Também, Arenas et al., (2002) constataram que mudas de tomate crescidas em substratos contendo mais de 50% de pó de coco não se desenvolveram tão vigorosamente quanto aquelas desenvolvidas em turfa, mesmo quando fertilizadas duas vezes semanalmente com 50 mg/L de nitrogênio. Os autores atribuem tal fato à imobilização do nitrogênio disponível pelos microrganismos, em razão da elevada relação C/N deste resíduo. Por outro lado, o substrato comercial apresentou a mesma percentagem de emergência dos substratos contendo 40% ou mais de fibra de coco (Tabela 2). Neste caso, o aumento na quantidade de fibra de coco em relação ao pó de rocha pode ter proporcionado maior aumento na retenção de umidade do substrato (Tabela 1), favorecendo diretamente a emergência das sementes. A necessidade de uma adequada retenção de umidade do substrato em relação à emergência de sementes e crescimento das plantas tem sido apontada por Lemaire (1995) e Fernández-Bravo et al. (2006), principalmente para volume de substrato inferior a 2 L. Arenas et al. (2002), estudando o uso de perlita em comparação a turfa, fibra de coco e vermiculita como substratos para a produção de mudas de tomateiro, verifica501 RA Sampaio et sl. ram que a perlita atrasou a germinação das sementes em razão da sua menor retenção de água. Não obstante, Silveira et al. (2002) observaram que a fibra de coco proporcionou maior percentagem de emergência de plântulas de tomateiro (90,63%) do que o substrato comercial (67,18%), porém, as mudas nele produzidas foram menos vigorosas do que no substrato comercial, sendo esse problema corrigido somente quando o pó de coco foi misturado ao húmus de minhoca. Houve influência das diferentes proporções de fibra de coco e de pó de rocha sobre as características das mudas. O índice de velocidade de emergência apresentou ajuste quadrático em relação à mistura de fibra de coco e pó de rocha, com destaque para o maior índice com 66,25% de fibra de coco na mistura (Figura 1A). A percentagem de emergência das sementes apresentou também comportamento quadrático. Constatou-se, com a relação de 69,32% de fibra de coco em relação ao pó de rocha de granito, um percentual máximo de emergência das sementes de 92,22% (Figura 1B). Valores maiores de pó de rocha em relação à fibra de coco na composição dos substratos proporcionaram baixos índices de velocidade de emergência, além de menor desenvolvimento das mudas. Tal fato pode estar relacionado à redução da aeração do substrato proporcionado pelo aumento da proporção do pó de rocha, conforme discutido por Lemaire (1995), o qual aponta que as partículas finas podem preencher os espaços vazios e alterar a geometria do espaço poroso, afetando a circulação de ar e de água no substrato. Também, Minami (1995) cita que o substrato é o componente mais sensível e complexo do sistema de produção de mudas, sendo que qualquer variação na sua composição altera o processo final de produção de mudas, desde a não germinação de sementes até o desenvolvimento irregular das plantas. A altura das mudas de tomateiro em relação à mistura da fibra de coco com pó de rocha foi quadrática (Figura 1C), obtendo-se altura máxima de 2,54 cm com 56,5% de fibra de coco na mistura. Essa foi a melhor relação entre fibra de coco e o pó de rocha de granito, possi502 velmente por ter proporcionado melhores condições de retenção de água e suprimento de nutrientes para as plantas. O efeito positivo do uso de substratos contendo fibra de coco na produção de mudas de tomate, possivelmente associado a uma maior capacidade de disponibilidade de nutrientes e água, também foi observado por Carrijo et al. (2004). O diâmetro do coleto apresentou um comportamento quadrático com o aumento da fibra de coco na mistura com pó de rocha, observando-se tendência de diâmetro mínimo de 0,76 mm na relação de 33,75% de fibra coco. Valores acima de 33,75% de fibra de coco promoveram aumento deste diâmetro (Figura 1D). Esta superioridade da fibra de coco em relação ao desenvolvimento das mudas pode ser explicada pela maior retenção de umidade e maiores teores de nitrogênio total e fósforo disponível neste material, conforme verificado na Tabela 1. Além disso, a elevada salinidade do pó de rocha, caracterizada pela sua condutividade elétrica, pode ter contribuído para baixar o potencial de água no substrato nas maiores doses, afetando a absorção de água pelas plantas. Também, o pH em torno de 7,5, pode ter reduzido a disponibilidade dos micronutrientes para as plantas (Lemaire, 1995). As massas fresca e seca do sistema radicular apresentaram ajuste quadrático em relação às diferentes proporções de fibra de coco e pó de rocha. Os maiores valores destas variáveis foram, respectivamente, 0,026 e 0,0022 g, obtidos com 40 e 100% de fibra de coco em relação ao pó de rocha (Figuras 1E e 1F). Ficou evidente, portanto, o aumento da massa seca da raiz com o incremento da proporção de fibra de coco em relação ao pó de rocha. Tal fato pode estar associado ao aumento da retenção de umidade do substrato, conforme já discutido. De acordo com Sturion (1981) o substrato exerce uma influência marcante sobre o sistema radicular, atribuído principalmente à quantidade e tamanho das partículas que definem a aeração e a retenção de água necessários ao crescimento das raízes. Com relação às massas fresca e seca da parte aérea, os resultados expressaram resposta quadrática. Verificou-se que os maiores valores obtidos para es- tas variáveis foram, respectivamente, 0,45 e 0,0053 g, nas proporções 70 e 75% de fibra de coco, respectivamente (Figuras 1G e 1H). Constatou-se um aumento do crescimento e, conseqüentemente, das massas fresca e seca da parte aérea, onde a proporção de fibra de coco foi maior que a do pó de rocha na constituição do substrato. Tal fato pode ser atribuído à maior capacidade de retenção de água deste resíduo, como verificada por Pragana (1998), proporcionando uma condição favorável para o crescimento de mudas de tomateiro. Neste estudo, verificou-se que o substrato comercial proporcionou condições adequadas ao crescimento das plântulas de tomateiro, haja vista a maior produção de massa fresca e seca da parte aérea e do sistema radicular das mesmas. Por outro lado, ficou evidente que o pó de rocha de granito ou a fibra de coco, quando usados puros, não são substratos ideais para a produção de mudas de tomateiro, já que as plântulas se desenvolveram melhor com a mistura dos dois em proporções contendo em torno de 70% de fibra de coco. Segundo Silveira et al. (2002) o pó de coco puro não revelou ser um bom substrato para a produção de mudas, uma vez que as plântulas não apresentaram bom desenvolvimento. Para ser eficiente como substrato esse material deverá ser empregado em mistura com outros materiais mais ricos em nutrientes. Diante do exposto, os resultados sugerem que a fibra de coco pode ser um componente fundamental na mistura de substratos recomendados para a produção de mudas de tomateiro. 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Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças. Horticultura Brasileira 26:504-509. Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças Ronaldo S de Liz1; Adonai G Calbo2; Osmar A Carrijo1; Carlos Alberto da S Oliveira3 1 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Instrumentação Agropecuária, C. Postal 741, 13560-970 São Carlos-SP; 3UnB, Campus Darci Ribeiro, Asa Norte, 79919-970 Brasília-DF; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; RESUMO ABSTRACT ® No Brasil, ainda não existe um método padrão, confiável, para a determinação da curva de retenção de água em todos os tipos de substratos existentes para o cultivo de hortaliças, principalmente para substratos à base de fibras longas e curtas, como é o caso do substrato de coco verde. Assim, neste trabalho, o objetivo foi obter a curva de retenção de água em substratos para o cultivo de hortaliças, utilizando-se um mini sensor Irrigas®. Foram utilizados os substratos de coco verde, sem compostagem, compostado durante 45; 90; 135 e 180 dias e o substrato Plantmax®, utilizado como controle. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso no esquema fatorial 6 x 11 (substrato x tensão) com três repetições. Para o substrato S0; S45; S90; S135 e S180 as médias obtidas foram porosidade total: 85%; espaço de aeração: 72%; água facilmente disponível: 4%; água disponível: 9%; água tamponante: 5% e, água remanescente: 4%. O espaço de aeração (72%), foi indicativo de que é conveniente melhorar a distribuição do tamanho de partículas desse substrato, de modo a reduzir o espaço de aeração e aumentar a capacidade de retenção de água. O aumento da tensão de água foi obtido de forma natural, pela evaporação da água das amostras. A utilização do sensor Irrigas® permitiu rapidez na obtenção dos resultados e possibilitou a medição da tensão da água, de maneira contínua e paralela, entre tensões de 0 e 11 kPa, simultaneamente, em três amostras de substrato. Estes resultados tornaram evidente a possibilidade de uso do mini sensor Irrigas® na determinação de curvas de retenção de água em substratos para hortaliças, gerando inclusive perspectivas para a realização de estudos futuros de comparação com outros métodos. Mini Irrigas sensor in determining the curve of water retention in substrates for vegetables In Brazil, no reliable standard method exists to determine the water retention curve in all available types of substrates for the cultivation of vegetables, mainly for substrates with long and short fibers, such as those of green coconut shell. In this work, the objective was to obtain the substrate water retention curve for the cultivation of vegetables, using a mini Irrigas® sensor. Green coconut substrate was used without composting and with composting during 45; 90; 135 and 180 days while the Plantmax® substrate was used as control in a complete block experimental design with 6 substrates, 11 water tension levels and three replications. For the substrates S0, S45, S90, S135 and S180 the obtained average were: total porosity; 85%; aeration space: 72%; easily available water: 4%; available water: 9%; buffering water: 5% and remaining water: 4%. The aeration space (72%) was indicative that it is convenient to improve the particle size distribution of this substrate, in order to reduce the aeration space to gain water retention capacity. Water tension in the samples was slowly increased by evaporation as the substrate air interface and mini Irrigas® sensors enabled the required water tension measurements, continuously, in three parallel substrate samples for water tensions ranging from zero to 11 kPa. These results make evident the possibility of using the mini Irrigas® sensor for the determination of water retention curves in substrates for growing vegetables, and also opens the possibility of future studies, aiming at comparative tests for other methods. Palavras-chave: cultivo sem solo, mudas, porosidade, teor de água, fibra de coco verde. Keywords: soilless cultivation, transplant, porosity, moisture content, green coconut fiber. (Recebido para publicação em 22 de outubro de 2007; aceito em 29 de setembro de 2008) (Received in October 22, 2007; accepted in September 29, 2008) S abe-se que, entre outras variáveis físicas e químicas, a divisão arbitrária, indicativa de quanta água, em cada faixa de tensão, é retida por um substrato utilizado na produção de hortaliças auxilia na adequação do mesmo. Baseando-se em conceitos empregados a partir de trabalhos de diversos autores, entre eles De Boodt & Verdonck (1972); Grolli (1991); Drzal et al. (1999); Gruszynsk (2002) e Fermino (2002), a determinação da curva de retenção de água é um método que fornece informações relacionadas a essa divisão arbitrária que, em alguns casos, vem sendo definida pelas variáveis porosidade total (PT), espaço 504 de aeração (EA), água facilmente disponível (AFD), água disponível (AD), água tamponante (AT) e água remanescente (AR). Ou seja, a curva de retenção de água pode fornecer informações indicativas sobre o teor volumétrico e/ou gravimétrico de água e sobre a força com que a água em diferentes tensões é retida pela matriz de um substrato utilizado no cultivo de hortaliças. Neste contexto deve-se considerar que, para componentes porosos, como é o caso de substratos utilizados no cultivo de hortaliças, a variável porosidade total (PT) não deve ser associada à cur- va de retenção de água e nem considerada como equivalente ao teor volumétrico e/ou gravimétrico de água na tensão de zero kPa porque, mesmo considerando-se que o substrato, nesta tensão, esteja “saturado”, sabe-se que considerável quantidade de ar permanece nos poros, juntamente com a água contida na amostra do substrato (Liz, 2006). Assim, em análise física de substratos, o quê, em alguns casos, vem sendo definido como “saturação” é apenas a hidratação do substrato. Por isso, a correta determinação da porosidade total deve ser feita com base na densidade de partículas do substrato Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças desgaseificado, isto é, sem ar entre as partículas. Na curva de retenção de água o teor obtido na tensão de zero kPa é, na realidade, menor que a porosidade total e, para que raízes de hortaliças tenham adequada provisão de oxigênio, nas tensões entre 0 e 1 kPa a quantidade de ar retido entre a água e as partículas do substrato deve garantir suficiente aeração sem diminuir a capacidade de o substrato reter água. No Brasil, a determinação da curva de retenção de água em substratos agrícolas ainda não é padronizada e os métodos mais utilizados demandam muito tempo, são tediosos e necessitam de equipamentos caros. Por estas razões é importante a busca por métodos alternativos confiáveis e atraentes para a utilização profissional na análise física em substratos para plantas. Assim, com este trabalho, o objetivo foi obter a curva de retenção de água em substratos para o cultivo de hortaliças, utilizando-se a técnica de remoção de água por evaporação e medição contínua da tensão da água, por tensiometria a gás, por meio de um mini sensor Irrigas®. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Embrapa Hortaliças, de janeiro de 2005 a setembro de 2006. Curvas de retenção de água em substrato de coco verde, preparado na Embrapa Hortaliças para a produção de mudas (Carrijo et al., 2002), sem compostagem e compostado durante 45; 90; 135 e 180 dias, respectivamente denominados S0, S45, S90, S135, S180 e em substrato Plantmax® foram determinadas utilizando-se um sensor Irrigas® (Calbo & Silva, 2005) com cápsula porosa mini (Figura 1A). Inicialmente, sem compactar a amostra e adaptando a metodologia descrita na Norma Européia EN 13040 (Associación, 1999), determinou-se a densidade do substrato seco ao ar (Dsa), a densidade do substrato seco em estufa (Dse) a 70oC e o teor de água (Ta) base massa da amostra de substrato seco em estufa a 70oC, durante aproximadamente 27 horas (Liz et al., 2006). A densidade do substrato desgaseificado (Dsd) foi obtida com a utilização de um picnômetro de 500 ml. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Para conter as amostras de substrato foram utilizados três cilindros volumétricos de PVC, de 58,9 cm3. No centro da parede de cada cilindro foi perfurado um orifício de 3 mm de diâmetro, para a passagem do tubo do sensor Irrigas® (Figura 1B). Para possibilitar a contenção e a hidratação (“saturação”) da amostra de substrato dentro do cilindro de PVC foram utilizados um anel de borracha e uma cerâmica porosa (Figura 1C). O enchimento dos cilindros de PVC com a amostra de substrato foi padronizado, utilizando-se a densidade do substrato seco ao ar (Dsa) e o volume do cilindro, 58,9 cm3. Depois de preenchidos com o substrato os cilindros de PVC, individualmente, foram cobertos com uma tampa (Figura 1 D) e colocados dentro de recipientes, para a hidratação da amostra com água destilada, adicionada no recipiente aos poucos, até atingir o nível da borda superior dos cilindros de PVC. Após a hidratação, quando a amostra estava com superfície brilhosa, a tampa do cilindro foi retirada para facilitar a evaporação da água da amostra (Figura 1D) e o tubo do mini sensor Irrigas® foi conectado a um compressor de ar e a um manômetro de mercúrio (Figura 2) utilizando-se mangueiras de 4 mm de diâmetro interno, restrições de fluxo de ar e distribuidores de gás de duas e três saídas (Figura 1E). O compressor de ar, de membrana, modelo A 240, que opera com pressão de saída de aproximadamente 25 kPa, a fluxo zero, normalmente é utilizado para oxigenar aquários e o manômetro de mercúrio de 80 cm de altura foi construído em forma de “U” com mangueiras transparentes de 4 mm de diâmetro interno (Figura 2). O distribuidor de gás de três saídas possibilitou a medição da tensão da água simultaneamente em três amostras de substrato (Figura 1 F). Nesse distribuidor de gás de três saídas foram conectadas as restrições de fluxo de ar, utilizadas para introduzir em cada sensor Irrigas® um fluxo de ar de aproximadamente 0,5 mL min-1. A restrição de fluxo de ar utilizada foi um segmento de fio de cobre flexível (multifilamento), de 1 mm de diâmetro externo e compri- mento de 14 cm, que proporcionou o fluxo de ar especificado (Figura 1E). Detalhes técnicos referentes às propriedades desta fonte de ar de fluxo quase constante e sobre a aferição necessária para obter restrições com fluxo de ar adequado estão descritos em Calbo & Silva (2005). Quando o movimento da coluna de mercúrio se estabilizou, a amostra de substrato, previamente hidratada, foi considerada “saturada”. A pressão assim estabelecida é a tensão crítica de umedecimento (Ts) do sensor Irrigas® (Calbo & Silva, 2006). Nesse momento, sem desconectar as mangueiras, foram determinadas, juntamente, a massa do conjunto (Mc) e a massa da amostra saturada (Mas), isto é: (Mc + Mas). Esse procedimento foi repetido ao se alcançar cada tensão desejada (1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10 e 11 kPa). A partir da tensão de 1 kPa, a massa da amostra passou a ser considerada massa do substrato úmido (Msu), obtida por meio da equação: Msu = (Mc + Msu) – (Mc). A tensão (T) da água na amostra foi calculada com a equação T = (Ts – P), na qual P representou a pressão lida no manômetro (Calbo & Silva, 2006). Os valores de T, multiplicados por 13,6, razão entre as densidades do mercúrio e da água, representaram, aproximadamente, a tensão em centímetros de coluna de água; e os valores de tensão em centímetros de coluna de água, divididos por dez, indicaram os valores de tensão em kPa. A porosidade total (PT) foi determinada por meio da equação: PT = 100 x ((Vc) – (Mse / Dsd)) / (Vc) na qual Vc foi o volume, em cm3, do cilindro utilizado para conter a amostra; Mse, a massa, em gramas, da amostra de substrato seco em estufa a 70oC e Dsd, a densidade, em g cm -3 , do substrato desgaseificado, determinada a partir de resultados obtidos com o uso do picnômetro. A equação utilizada para determinar a densidade do substrato desgaseificado foi: Dsd = Da x (Mps – Mp) / (Mps – Mp) – (Mpsa - Mpa) onde: Dsd, a densidade do substrato desgaseificado; Da, a densidade da água; Mps, a massa do picnômetro con505 RS Liz et al. entre 1 e 5 kPa, foi representado por: AFD = 100 x (Ma_1kPa – Ma_5kPa) / (Vc x Da). O percentual de água disponível (AD), equivalente ao teor volumétrico de água nas tensões entre 1 e 10 kPa, foi definido com base na equação: AD = 100 x (Ma_1kPa – Ma_10kPa) / (Vc x Da). O percentual de água tamponante (AT), equivalente ao teor volumétrico de água nas tensões entre 5 e 10 kPa, foi estabelecido por meio da equação: AT = 100 x (Ma_5kPa – Ma_10kPa) / (Vc x Da) Figura 1. A = mini sensor Irrigas®; B = cilindro de PVC e posição do mini sensor Irrigas; C = cilindro de PVC, anel de borracha e cerâmica porosa; D = cilindro com substrato e com tampa; E = compressor de ar e detalhe das conexões e das restrições e F = vista geral do sistema. (A = mini Irrigas® sensor; B = cylinder of PVC and the mini Irrigas® sensor position; C = PVC cylinder, rubber ring and the porous ceramic; D = cylinder with substrate and cover; E = air compressor and detail of the connections and the restrictions and F = general system view). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006. e o percentual de água remanescente (AR), equivalente ao teor volumétrico de água nas tensões de 10 kPa, pela equação: AR = 100 x (Ma_10kPa) / (Vc x Da). O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso com três repetições, dispostos no esquema fatorial 6 x 11, referente a seis composições de substrato: S0, S45, S90, S135, S180, Plantmax® e, a onze tensões: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10 e 11 kPa. Os dados da Tabela 1 foram submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os dados da Tabela 2 foram obtidos por meio das equações apresentadas acima. Os pontos obtidos (Figura 3) foram ajustados e plotados por meio do aplicativo Soil Water Retention Curve – SWRC (Dourado Neto et al., 1990), optando-se pelo modelo de van Genuchten, representado pela equação:Θ = Θr + (Θs – Θr) / [1 + (h . á) n ] m . RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 2. Esquema de montagem do sistema com mini sensor Irrigas® para a determinação de curvas de retenção de água em substratos para crescimento de hortaliças (project of assembly of the system with mini Irrigas® sensor for the determination of water retention curves in substrates for growing vegetables). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006. tendo o substrato; Mp, a massa do picnômetro vazio; Mpsa, a massa do picnômetro contendo substrato e água e Mpa, a massa do picnômetro contendo água. O percentual de espaço de aeração (EA), equivalente ao teor volumétrico de água nas tensões entre 0 e 1 kPa, foi determinado por meio da equação: 506 EA = 100 x [(Vc) – (Mse / Dsd) – (Ma_1kPa / Da)] / (Vc) na qual: Ma_1kPa foi a massa de água na tensão de 1 kPa e Da foi a densidade da água, considerada como sendo igual a 1 g cm-3. O percentual de teor de água facilmente disponível (AFD), equivalente ao teor volumétrico de água nas tensões Houve efeito significativo para as variáveis: substrato, tensão e interação substrato versus tensão. O coeficiente de variação de 5,41% refletiu boa precisão experimental (Ferreira, 1996). No entanto, entende-se que é desnecessária a discussão dos resultados da análise estatística, visto que as diferenças eram esperadas, pois foram utilizadas tensões e, consequentemente, teores de água diferentes. Vale lembrar que o objetivo não foi comparar estatisticamente os pontos das curvas de retenção de água nos substratos, mas, sim, conseguir determiná-los com o uso do Irrigas®. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças A metodologia com o mini sensor Irrigas® possibilitou a obtenção de pontos da curva de retenção de água em seis tratamentos, na faixa entre 0 e 11 kPa de tensão de água, em cerca de cinco dias. Durante as pesagens o sistema mini sensor Irrigas® não precisou ser desligado, possibilitando obter todos os pontos em uma mesma amostra de substrato. Na câmara de Richard, por exemplo, é necessário desligar o sistema de pressão para a pesagem de amostras. Segundo Vieira & Castro (1987), determinar o ponto de equilíbrio entre a pressão aplicada e a água retida é um dos maiores problemas na obtenção de curva de retenção de água. Assim, este fator, equilíbrio de tensão, foi outra característica positiva do método utilizando o mini sensor Irrigas® pois, quando o movimento da coluna de mercúrio se estabilizou no manômetro, isso foi um indicativo direto de equilíbrio de tensão de água entre a cápsula porosa e a amostra de substrato. Na comparação das curvas da Figura 3 percebe-se certa variação, a qual está associada ao efeito do condicionamento do substrato de coco verde (0; 45; 90; 135 e 180 dias de compostagem); à diferença no teor inicial de água nas amostras e, ainda, à diferença de teor de água retida em cada amostra no momento das determinações, em função do processo de hidratação da amostra. Aparentemente a mini cápsula porosa do sensor Irrigas® possibilitou um bom contato com os substratos. Ao final da análise foi necessário reumedecer a amostra de substrato de coco verde para desgrudá-la da mini cápsula porosa do sensor Irrigas®. Adicionalmente, com a utilização do sistema sensor Irrigas® foi possível dispensar o uso de estufa para a secagem do substrato ao final da análise, resultando em economia de energia elétrica e antecipação na obtenção de resultados. Outra justificativa para utilizar a massa de substrato seco ao ar nas determinações físicas em substratos, principalmente em substratos à base de coco verde, é a característica de expansão desse tipo de material que, quando seco em estufa a 70ºC pode sofrer significativa contração de partículas. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Figura 3. Curvas de retenção de água em substratos, determinadas com o uso de mini sensores Irrigas® (water retention curves in substrates, determinated using mini Irrigas® sensors). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006. Tabela 1. Médias de densidades e do teor de água nos substratos utilizados. (density and moisture content means of the assayed substrates). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006. Médias seguidas da mesma letra nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; 1Densidade de partículas, determinada pelo método do picnômetro; 2Valores de referência conforme Kämpf (2000); Fermino (2002) e Martínez (2002) (means followed by the same letter, in the column, did not differ by the Tukey test at 5% of probability; 1 Particle density determined by the pycnometric method; 2Reference values according to Kämpf (2000); Fermino (2002) and Martínez (2002) ). A densidade do substrato seco ao ar, S0; S45; S90; S135 e S180, determinada nas amostras com um teor médio em torno de 10% de água, ficou dentro da faixa de 0,10 a 0,30 g cm-3, considerada ideal para a densidade de substratos utilizados na produção de mudas de hortaliças (Kämpf, 2000; Fermino, 2002). A densidade de partículas desse mesmo substrato desgaseificado foi, em média, de 1,30 g cm-3 (Tabela 1), valor compa- rável ao de 1,22 g cm-3 obtido por Carrijo et al. (2003) em um substrato de coco verde com pré-lavagem das fibras e próximo ao de 1,47 g cm -3 obtido por Lacerda et al., (2006) em um substrato denominado pó de coco. Martínez (2002) relata que para substratos orgânicos a densidade de partículas deve ser por volta de 1,45 g cm-3. Além da diferença de teor de água nas amostras, a diferença de distribuição do tamanho de partículas 507 RS Liz et al. Tabela 2. Porosidade total (PT), espaço de aeração (EA), água facilmente disponível (AFD), água disponível (AD), água tamponante (AT) e água remanescente (AR) nos substratos utilizados. (total porosity (PT), aeration space (AE), easily available water (AFD), available water (AD), buffering water (AT) and remainder water (AR)). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006. 1 Valores conforme De Boodt & Verdonck (1972); De Boodt et al. (1974); Penningsfeld (1983); Carrijo et al. (2002); Fermino (2002); Fermino (2003) e Grassi Filho & Santos (2004). (1reference values according to De Boodt & Verdonck (1972); De Boodt et al. (1974); Penningsfeld (1983); Carrijo et al. (2002); Fermino (2002); Fermino (2003) and Grassi Filho & Santos (2004)). pode ter influenciado o valor de densidade determinado em cada tratamento, principalmente no S45 (Tabela 1). De acordo com as recomendações de De Boodt & Verdonck (1972), a porosidade total (PT) média de 85%, determinada nos tratamentos S0; S45; S90; S135 e S180 pode ser considerada ideal para substratos utilizados no cultivo de plantas (Tabela 2). A porosidade desses mesmos tratamentos, equivalente ao teor volumétrico de água na tensão de zero kPa (Figura 3), foi, em média, 13%, valor bem menor do que os recomendados por De Boodt & Verdonk (1972) e do que os de porosidade total (PT) determinada com base na densidade das partículas do substrato. Neste contexto, ainda é importante considerar que o teor volumétrico de água na tensão de zero kPa possui pouco valor prático, tendose em vista que o valor nesta condição transiente pode sofrer alterações em função de diferentes fatores, tais como: distribuição do tamanho de partículas; quantidade de substrato utilizado para o enchimento dos cilindros, calculada a partir da densidade do material ou, ainda, em função da diferença de teor inicial de água na massa de substrato seco ao ar ou seco em estufa a 70oC. A porosidade total (PT) do substrato Plantmax® ficou abaixo da recomendada por De Boodt & Verdonk (1972), 508 possivelmente em função da amostra ter sido seca ao ar antes das determinações promovendo maior acomodação de partículas e, consequentemente, aumento da densidade nesse tratamento (Tabela 2). Segundo Skrebsky et al. (2006) o substrato Plantmax ® apresenta uma porosidade total por volta dos 90%. Conforme Gruszynski (2002) o aumento de densidade em substratos agrícolas reduz a porosidade total e, consequentemente, o espaço de aeração. Por ser o substrato Plantmax® amplamente usado com sucesso na produção de mudas de hortaliças, sugere-se que a amostra a ser utilizada para determinação das densidades seja coletada com o teor de água em que se encontra dentro da embalagem original. As curvas de retenção de água (Figura 3) indicam que o substrato Plantmax®, nas condições deste experimento, reteve, aproximadamente, o dobro de água que o substrato de coco verde reteve. A média do espaço de aeração (EA) determinada nos tratamentos à base de coco verde (72%) ficou acima dos percentuais situados entre 10 e 40% sugeridos como referência por De Boodt & Verdonck (1972); Penningsfeld (1983); Carrijo et al. (2002) e Fermino (2003) (Tabela 2). Esse espaço de aeração pode ter favorecido a baixa retenção de água nestes tratamentos. Para os tratamentos S0; S45; S90; S135 e S180 (Tabela 2), o valor médio de 4% de água facilmente disponível (AFD) ficou abaixo dos 20 a 30% recomendados por Carrijo et al. (2002); Fermino (2003) e Grassi Filho & Santos (2004). Isso indicou que é necessária a realização de mais estudos relacionados à distribuição do tamanho de partículas e ao percentual de macroporos, visando tornar esse substrato de coco verde, adequado à produção de mudas. O percentual médio de água disponível (AD) nos tratamentos à base de coco verde (Tabela 2), foi de 9%, situandose abaixo dos 50% sugeridos por De Boodt et al. (1974). Isso pode ter sido decorrência da relação entre o volume do cilindro utilizado para conter a amostra de substrato e a massa de substrato utilizada para encher o cilindro. Para a variável água tamponante (AT) o valor médio determinado nesses mesmos tratamentos (Tabela 2), foi de 5%, ficando entre 4% e 10% sugeridos por Fermino (2003). O valor médio de água remanescente (AR) nos tratamentos à base de coco verde foi de 4% (Tabela 2). Esse valor, obtido na tensão de 10 kPa, pode ser um agravante para a produção de mudas de hortaliças, principalmente se ocorrerem erros no manejo da irrigação. A fibra de coco verde, após atingir um reduzido teor de água, pode necessitar de alto volume de água para iniciar o processo de reidratação. Na comparação e/ou apresentação de resultados de análises físicas de substratos agrícolas é importante definir que porosidade total (PT) não é equivalente ao teor volumétrico de água na tensão de zero kPa, como arbitrariamente, em alguns casos, vem sendo definida. A porosidade influencia significativamente nos cálculos das outras variáveis alicerçadas na curva de retenção de água, principalmente no cálculo do espaço de aeração. Para evidenciar diferenças e possibilitar uma comparação com os valores na Tabela 2, a seguir, são apresentados os valores das variáveis porosidade total (PT) considerada equivalente ao teor volumétrico de água na tensão de zero kPa e os valores de espaço de aeração (EA) considerados equivalente ao teor volumétrico de água nas tensões entre zero e 1 kPa, obtidos para os mesmos tratamentos avaliados: PT Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças (%) em S0 (13,94); S45 (11,70); S90 (11,50); S135 (15,60) e S180 (12,30) e EA (%) em S0 (0,24); S45 (0,54); S90 (0,36); S135 (0.50) e S180 (0,38). A metodologia utilizada neste trabalho, além de acelerar a obtenção de resultados pode proporcionar maior confiabilidade quando o objetivo for determinar a porosidade total (PT), o espaço de aeração (EA) e as variáveis alicerçadas na curva de retenção de água em substratos para plantas. Os resultados obtidos constituíramse em indicativos da possibilidade de uso do mini sensor Irrigas® na determinação de curvas de retenção de água em substratos destinados à produção de mudas e ao cultivo de hortaliças; alertaram para a necessidade de adequação do tamanho de partículas desse substrato de coco verde, visando redução do espaço de aeração e aumento do teor de água retida, principalmente nas tensões entre 1 e 5 kPa e, geraram perspectivas para a realização de outros estudos futuros, visando comparar resultados deste com os de outros métodos. O tempo necessário para obtenção de resultados; a possibilidade de rompimento da coluna de água quando se utiliza o método dos funis e a dificuldade de determinação de equilíbrio entre a pressão aplicada e a água retida na amostra de substrato, quando se utilizam equipamentos de alta pressão, como a câmara de Richards, são exemplos de características importantes para comparações futuras com o uso do mini sensor Irrigas®, quando o objetivo for determinar a curva de retenção de água em substratos para plantas. AGRADECIMENTO Aos laboratoristas Pedro Maria Basílio do Amaral e João Batista Gomes. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 REFERÊNCIAS CALBO AG; SILVA WLC. 2005. Sistema Irrigas para manejo de irrigação: fundamentos, aplicações e desenvolvimentos. Brasília: Embrapa Hortaliças, 174 p. CALBO AG; SILVA WLC. 2006. Gaseous irrigation control system: description and physical tests for performance assessment. Bragantia 65: 501-511. CARRIJO OA; LIZ RS; MAKISHIMA N. 2002. 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A maior massa fresca total, comercial e circunferência da cabeça foram observadas no plantio de inverno e o maior comprimento do caule pelo plantio de outono. Os maiores rendimentos de massa fresca total e comercial e máxima circunferência da cabeça foram obtidos com as doses 0,45; 0,49 e 0,44 kg/ha de zinco. O comprimento do caule não foi influenciado pelas doses de zinco. Influence of planting times and zinc doses on crisphead lettuce Palavras-chave: Lactuca sativa, massa fresca total e comercial, micronutrientes. Keywords: Lactuca sativa, fresh mass, total and commercial yield, micronutrient. An experiment was carried out in Três Pontas County, Minas Gerais State, Brazil to evaluate the influence of planting times and zinc doses on yield of crisphead lettuce (Lactuca sativa L.), cv. Raider. The trial was a split-plot arranged as randomized complete block design with four replications. The main plots (winter and autumn season) constituted the growing season and, the zinc doses (0.0; 0.18; 0.36; 0.54 and 0.72 kg/ha) were the subplot factors. The highest values of total and commercial fresh mass and, head circumference were obtained in the winter season and, of stem length in the autumn season. The highest yields of total and commercial fresh mass and, of maximum head circumference were verified using zinc doses of 0.45; 0.49 and 0.44 kg/ha. The zinc doses did not influence the stem length. (Aceito para publicação em 11 de abril de 2007; aceito em 8 de setembro de 2008) (Received in April 11, 2007; accepted in September 8, 2008) A alface americana vem adquirindo importância crescente no país. O plantio deste tipo de alface visa atender as redes fast food e, atualmente, tem-se constatado o aumento no consumo desta hortaliça também na forma de salada. É a hortaliça folhosa de maior valor comercial no Brasil (Santos et al. 2001). A época de plantio é um fator fundamental no cultivo da alface tipo americana, por se tratar de uma planta bastante influenciada por condições ambientais uma vez que se adapta melhor às regiões de clima ameno (Moreira et al., 2001). Por outro lado, o cultivo em ambiente protegido por cobertura plástica tem viabilizado a produção de alface durante todo o ano nas regiões tropicais e subtropicais. A cobertura protege as plantas contra danos provocados por chuvas, ventos fortes e incidência direta da radiação solar e geada, em regiões de inverno muito frio (Castellane & Araújo, 1995). A temperatura é o fator ambiental que mais influencia na formação da cabeça pois está relacionada com o florescimento (Whitaker & Ryder, 1974). De acordo com Sanders (1999), 510 a alface americana se adaptada às condições de temperatura amena, tendo como ótima a faixa entre 15,5 e 18,3ºC. Entre 21,1 e 26,6ºC, a planta floresce e produz sementes. No entanto, pode tolerar alguns dias com temperaturas de 26,6 a 29,4ºC, desde que as temperaturas noturnas sejam baixas. Outro fator que pode afetar o desenvolvimento da planta é o fotoperíodo, o qual, segundo Conti (1994), não é problema para o cultivo de verão no Brasil pois as cultivares européias importadas já estão adaptadas a dias mais longos do que os que ocorrem no país. A expansão da cultura está ocorrendo em áreas de latitudes menores, conseqüentemente, o fotoperíodo não é obstáculo. Entretanto, em regiões ou localidades de menores latitudes, normalmente há ocorrência de temperaturas mais altas. Nestas situações, há a necessidade de se escolher áreas de maiores altitudes, pois estas influenciam diretamente a temperatura local. Verifica-se que nas regiões serranas do Rio de Janeiro e no cinturão verde de São Paulo, em altitudes superiores a 800 m é possível cultivar a alface tipo americana ao longo do ano. Já em localidades com altitude inferior a 400 m (temperaturas altas), desde que se utilize cultivares adaptadas, pode-se cultivar a alface na maioria dos meses (Filgueira, 2000). Em plantio de inverno, Bueno (1998) obteve para a cultivar Lorca, massa fresca total e comercial de 801,2 e 461,2 g/planta, respectivamente; enquanto Mota (1999) obteve 1000,0 e 695,0 g/planta, respectivamente. Já Alvarenga (1999), usando a cultivar Raider, obteve massa fresca total e comercial de 1011,0 e 676,8 g/planta, respectivamente. Por outro lado, Yuri et al. (2002) obtiveram maiores produtividades de massa fresca total, comercial e circunferência da cabeça com o uso de várias cultivares em plantio de outono em comparação com o cultivo de verão. Também no outono, Yuri et al. (2005) encontraram resultados semelhantes. O processo produtivo brasileiro passa por uma fase em que a produtividade, a eficiência, a lucratividade e a sustentabilidade são aspectos que requerem maior atenção. Neste contexto, os micronutrientes, cuja importância é conhecida há várias décadas, apenas reHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana centemente passaram a ser utilizados de modo rotineiro nas adubações. Em especial tem-se o zinco, cuja importância é indiscutível em razão das freqüentes situações de deficiência em culturas em geral (Abreu et al., 2001). Os solos brasileiros, de maneira geral, são pobres em zinco devido ao material de origem, uma vez que este elemento nutriente tem como fonte primária os minerais ferro-magnesianos (Chesworth, 1991), que estão relacionados com rochas básicas, e a maioria dos solos do Brasil, são formados a partir de rochas ácidas e, ou, sedimentares. A produção em áreas de cerrado, normalmente pobres em micronutrientes, principalmente zinco e boro, torna a prática da adubação com esses nutrientes de grande importância para a cultura. Segundo Moreira et al. (2001), em alface, na ausência de Zn, as raízes permaneceram escuras, e as folhas apresentavam textura coriacéa com necrose nos bordos, menor área foliar, e menor número de folhas. Os sintomas de carência de zinco ocorrem, especialmente em baixadas esgotadas pelo cultivo intensivo, podendo ser corrigidos pela adubação foliar (Filgueira, 2000). O efeito positivo do fornecimento de zinco solução nutritiva em alface é relatado por Moreira et al. (2001) que observaram com relação à matéria seca da planta inteira, no nível baixo de P, não haver efeito da adição de Zn na solução nutritiva; sendo que no nível normal de P, a adição de Zn proporcionou maior produção de matéria seca, e no nível alto de P, as doses normal e alta de Zn proporcionaram maiores incrementos na produção de matéria seca. Fontes et al. (1982) em estudo conduzido por dois anos, observaram que na ausência do Zn ocorreram decréscimos médios 25,5; 31,1 e 17,4%, respectivamente, na produção total e comercial e na massa fresca da cabeça de alface. Por outro lado, Iorio et al. (1996), não encontraram efeitos do Zn e do P sobre área foliar e a produção de matéria seca da parte aérea e da raiz de alface, em meio hidropônico. As informações relativas à aplicação de zinco na produção de alface, ainda são restritas e não conclusivas. Por essa razão, os produtores realizam pulveriHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 zações foliares semanais com produtos contendo zinco, sem a garantia de que este procedimento seja adequado, gerando preocupação quanto à sua eficiência e aproveitamento pela cultura. Em razão do exposto, realizou-se um trabalho com o objetivo de avaliar diferentes épocas de plantio e doses de zinco via foliar no cultivo de alface tipo americana, nas condições do Sul de Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no município de Três Pontas, Sul de Minas Gerais, a uma altitude de 870 m, situada a 21º22’00’’ de longitude sul e 45º30’45'’ de longitude oeste (IBGE, 2004). O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico, textura argilosa (EMBRAPA, 1999), apresentando as características químicas: K: 99,2 mg dm-3; P: 44,0 mg dm-3; Ca: 4,3 cmolc dm-3; Mg: 0,8 cmolc dm-3; Al: 0,0 cmolc dm-3; H + Al: 2,0 cmolc dm-3; Zn: 1,1 mg dm-3; Fe: 29,9 mg dm-3; Mn: 12,2 mg dm-3; Cu: 1,0 mg dm-3; B: 0,6 mg dm-3; pH em H20 (1:2,5): 5,8 e matéria orgânica: 21 g kg-1. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições, em parcelas subdivididas, sendo as parcelas constituídas pelas épocas de plantio (outono, com semeadura em 04/02/02 e inverno com semeadura 08/04/02 ) e as subparcelas pelas cinco doses de zinco (0,00; 0,18; 0,36; 0,54 e 0,72 kg/ha), sendo utilizada a cultivar Raider. Como fonte de zinco utilizouse o sulfato de zinco (20% de Zn) sendo a aplicação realizada via pulverização foliar aos 21 dias após o transplantio. Utilizou-se um pulverizador manual com 4 L de capacidade, em máxima pressão, calibrado para gastar 300 L de calda por hectare, não sendo usado qualquer tipo de adesivo. As parcelas experimentais constituíram-se de canteiros com quatro linhas de 2,1 m de comprimento, com espaçamento entre linhas de 0,30 m e entre plantas de 0,35 m. As linhas centrais formaram a área útil, desprezando-se as duas plantas de cada extremidade. Os canteiros em número de dois foram cobertos por estruturas de pro- teção (túnel alto com 2,0 m de altura, constituído por tubos de ferro galvanizados, cobertos com filme plástico transparente de baixa densidade, aditivado com anti-UV, de 100 micrômetros de espessura) e revestidos com filme plástico preto “mulching”, de 4 m de largura e 35 micrômetros de espessura. Na adubação de plantio utilizou-se 68 kg/ha de N, 418 kg/ha de P2O5 e 136 kg/ha de K2O, incorporados ao solo com enxada rotativa na camada de 0,0-0,20 m. As adubações de cobertura foram realizadas por meio de fertirrigações diárias durante todo o ciclo da cultura, totalizando 40 kg/ha de N e 85 kg/ha de K2O, utilizando como fontes uréia e cloreto de potássio. O transplante das mudas, formadas em bandejas multicelulares de 288 células cada uma, preenchidas com substrato artificial (Plantmax), foi realizado após 30 dias da semeadura. As irrigações foram diárias e os demais tratos culturais foram os comuns à cultura. A colheita foi realizada aos 74 dias após a semeadura no outono e aos 92 dias no inverno, sendo avaliadas a massa fresca total e comercial (g/planta); circunferência da cabeça comercial (cm) e comprimento do caule (cm). Os dados foram submetidos à análise de variância, e quando necessário, as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5%, ou ajustados a equações de regressão polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeitos significativos independentes para a época de plantio e doses de zinco para todas as características avaliadas, à exceção do comprimento de caule, que não apresentou efeito para doses, não se observando efeitos da interação entre os fatores. O rendimento de massa fresca total no cultivo de inverno (942,2 g/planta) foi significativamente superior ao de outono (748,8 g/planta) (Tabela 1). Mota (1999) e Alvarenga (1999) em cultivo de inverno obtiveram massa fresca total por planta pouco superior com 1000 e 1011 g/planta (cvs. Lorca e Raider, respectivamente). Já Yuri et al. (2004a) 511 GM Resende et al. Tabela 1. Massa fresca total e comercial, circunferência da cabeça e comprimento do caule da alface tipo americana em função da época de plantio (total and commercial fresh mass, head circunference and stem lenght of crisphead lettuce, depending on the planting season). Três Pontas-MG, Embrapa Semi-Árido, 2002. 1 Médias seguidas pela mesma letra nas linhas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (means followed by the same letter in the line did not differ from each other, Tukey, 5%); **Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste de F (**significant at the level of 1% probability, F test); *Significativo ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de F ((*significant at the level of 5% probability, F test). Figura 1. Massa fresca total e comercial de alface tipo americana em função de doses de zinco (total and commercial fresh mass of crisphead lettuce as a result of zinc doses). Três Pontas-MG, Embrapa Semi-Árido, 2002. em condições de outono, obtiveram variações entre 594 a 1075 g/planta para diversas cultivares. Para massa fresca comercial os resultados do cultivo de inverno (564,9 g/ planta) foram significativamente superiores aos de outono (467,0 g/planta) (Tabela 1). Estes resultados são inferiores aos obtidos por Alvarenga (1999) que encontrou em plantio de inverno uma massa comercial de 677 g/planta. Por outro lado, Yuri et al. (2004 a), em cultivo de outono, encontraram variações entre 427 a 739 g/planta entre diferentes cultivares avaliadas. Os melhores resultados obtidos no inverno podem ser explicados pela origem mediterrânea da alface, que se adapta melhor a condições de clima mais frio, já que nesta região as temperaturas médias variam de 10 a 20ºC (Lindquivist, 1960; Cásseres, 1980). 512 Quanto à massa fresca total por planta em função das doses de Zn, ajustouse um modelo quadrático. A dose 0,45 kg/ha proporcionou maior massa (Figura 1). Resende et al. (2005a) obtiveram maior massa fresca total com a dose de 0,36 kg/ha de zinco no outono, enquanto Bebé et al. (2004) observaram um aumento linear com a aplicação de sulfato de zinco nas doses de 0,0 a 0,6%, utilizando a cultivar Grand Rapids, no verão. Assim como para a produção de massa fresca total, o melhor ajuste para os dados de produção de massa fresca comercial, em função das doses de zinco, foi obtido com modelo quadrático. A máxima produção (548,9 g/planta) foi obtida com a dose de 0,49 kg/ha de zinco (Figura 1). Pode-se considerar que este resultado está de acordo com o que foi apresentado por Yuri et al. (2003), que obtiveram maior massa fresca comercial com a dose de 0,41 kg/ha de zinco em condições de inverno, com a mesma cultivar. Fontes et al. (1982) observaram um decréscimo médio de 25,5 e 31,1%, na produção total e comercial, em dois anos de estudo, na ausência da adubação com zinco em diferentes cultivares. Já Moreira et al. (2001) relataram efeito positivo da adição de zinco associado ao fósforo, na área foliar e na produção de massa seca da alface cultivada em solução nutritiva em casa de vegetação. O efeito significativo da aplicação de zinco, com conseqüente incremento na produtividade, deve-se provavelmente, à sua principal função como ativador enzimático, estando diretamente envolvido no metabolismo do nitrogênio (Faquin, 1997), sendo ainda importante para o crescimento (Grewal et al., 1997) e para manutenção da integridade da membrana plasmática da raiz (Welch & Norvell, 1996). Para comprimento do caule (Tabela 1) o cultivo de inverno (3,7 cm) foi significativamente inferior ao de outono (5,7 cm), sendo este efeito observado apenas para épocas. Yuri et al. (2004a) observaram variações no comprimento do caule de diferentes cultivares no outono oscilando entre 2,9 e 4,9 cm. Salienta-se que a melhor performance observada do cultivo no período de temperaturas mais baixas (inverno), nos meses de maio a julho, evidenciando menor comprimento do caule, é plenamente justificado pela melhor adaptação da cultura, pois, segundo Whitaker & Ryder (1974), a temperatura é o fator ambiental que mais influencia na formação de cabeça, uma vez que está relacionada com o florescimento, que por sua vez acelera-se com maior temperatura. Resende et al. (2005a), salientam que há uma tendência da alface americana em condições de cultivo de verão (temperatura mais altas) apresentar maiores comprimentos de caule comparativamente ao cultivo de inverno onde esta se mostra perfeitamente adaptada. Neste contexto, mesmo em condições de temperaturas intermediárias (outono) este fato ficou evidenciado. Não se observou efeito significativo para doses de zinco no comprimento Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana do caule que variou de 4,5 a 4,8 cm. Resultados corroborados por aqueles obtidos por Resende et al. (2005b) que também não verificaram efeito da aplicação de zinco no comprimento do caule. Menores comprimentos de caule são desejáveis para este tipo de alface (americana), principalmente quando destinada à indústria de beneficiamento (onde as cabeças são fatiadas e embaladas), minimizando as perdas durante o processamento. Quando excessivamente comprido, acarreta menor compacidade da cabeça e dificulta o beneficiamento, afetando a qualidade final do produto (Yuri et al., 2002). Na prática, caules de até 6,0 cm seriam mais adequados, sendo aceitáveis até 9,0 cm; Acima deste valor não seria indicado para processamento industrial (Resende, 2004). Neste contexto, os valores de comprimento de caule, independente de épocas e doses de zinco ficaram abaixo de 6,0 cm, estando dentro da faixa considerada adequada, não afetando a qualidade do produto final. A circunferência da cabeça comercial foi influenciada significativamente tanto pela época de plantio (Tabela 1) quanto pelas doses de zinco (Figura 2). O plantio de inverno apresentou maior circunferência (44,1 cm) e menor valor foi observado para o cultivo de outono, quanto a circunferência da cabeça comercial atingiu 39,2 cm. Yuri et al. (2004a) obtiveram variações no plantio de outono entre 39,2 e 49,2 cm, enquanto em condições de inverno, verificaram-se oscilações entre 35,6 e 49,2 cm (Yuri et al., 2004b). O efeito do zinco sobre o crescimento da alface é relatado por Zinc (1966), que obteve maior número de folhas e massa fresca da cabeça comercial. Fontes et al. (1982) observaram decréscimo de 17,4% no tamanho médio da cabeça de alface em estudo conduzido por dois anos. Salientaram a grande importância do zinco no desenvolvimento e produção da alface. A circunferência da cabeça está diretamente relacionada com a massa fresca da parte comercial, importante para o produtor, pois a remuneração, neste caso, ocorre de acordo com a massa fresca da cabeça da alface. Quanto maior a cabeça, normalmente maior é a massa fresca da planta. Esta é, também, uma Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 característica importante para a indústria, pois afeta sobremaneira o rendimento no beneficiamento, no qual cabeças muito pequenas, diminuem o rendimento dos operadores. No que se refere às doses, a circunferência da cabeça, ajustou-se a um modelo quadrático (Y = 39,6360 + 7,3005X - 8,2396*X2 R2 = 0,93), sendo que a dose 0,44 kg/ha de zinco proporcionou maior circunferência. Yuri et al. (2003) obtiveram maior circunferência da cabeça comercial com a dose de 0,52 kg/ha de zinco em condições de inverno, assim como Fontes et al. (1982), concluíram ser o zinco de grande importância para o desenvolvimento e produção da alface. Maior circunferência da cabeça em função da aplicação de zinco está diretamente relacionada ao seu comportamento no metabolismo da planta, como já indicado anteriormente (Faquin, 1997; Grewal et al., 1997). Em função dos resultados obtidos no presente trabalho, pode-se concluir que o cultivo da alface tipo americana, cv. Raider, é viável nas duas épocas de cultivo testadas, sendo o plantio sob condições de clima mais ameno (inverno) o mais adequado para a cultura. Recomenda-se a dose de 0,49 kg/ha de zinco para maximizar a produtividade comercial. REFERÊNCIAS ABREU CA; FERREIRA ME; BORKERT CM. 2001. Disponibilidade e avaliação de elementos catiônicos: zinco e cobre. In: FERREIRA ME; CRUZ MCP; Van RAIJ B; ABREU CA (eds.) Micronutrientes tóxicos na agricultura. Jaboticabal: CNPq/ FAPESP/ POTAFOS, 600p. ALVARENGA MAR. 1999. 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Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido Roberto L Villas Bôas1; Leandro José G de Godoy2; Clarice Backes3; Claudinei Paulo de Lima3; Dirceu M Fernandes1 1 UNESP-FCA, Depto. Recursos Naturais, Ciência do Solo, C. Postal 237, 18610-907 Botucatu-SP (autor para correspondência); UNESP-Unidade Diferenciada de Registro, R. Tamekishi Takano, 195, 11900-000 Registro-SP; 3Doutorandos UNESP-FCA; [email protected] 2 RESUMO ABSTRACT Foram avaliadas a exportação de nutrientes por cultivares de rosas e as características que refletem qualidade em campo e ambiente protegido. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, sendo os tratamentos constituídos por 15 e 12 cvs. em ambiente protegido e em campo, respectivamente, com três repetições. Cada unidade experimental foi constituída por duas plantas, sendo coletada uma haste por planta. Foram determinados o diâmetro da haste e do botão floral, comprimento da haste, fitomassa seca e acúmulo de macro e micronutrientes pelas hastes colhidas. Plantas que apresentaram hastes com maior comprimento e diâmetro apresentaram também maiores quantidades de nutrientes extraídos. Os nutrientes extraídos em maiores quantidades foram o N e o K. Com base na quantidade de nutrientes extraídos é possível que se faça o agrupamento de cvs. para estabelecer uma recomendação de fertilizantes para as cvs. com exigência nutricional semelhante. Nutrients exportation and quality of rose cultivars in field and in a protected environment Palavras-chave: Rosa sp., nutrientes, extração, flores. Keywords: Rosa sp., nutrients, extraction, flowers. The nutrient exportation from rose cultivars and characteristics that reflect quality in the field and in a protected environment were evaluated in this research. A completely randomized design was adopted, and in the protected environment the treatment was constituted of 15 cvs. and in the field of 12, with three repetitions. Each experimental unit consisted of two plants, being collected one branch per plant. Branches and flower bud diameter, branch length, dry matter and the macro and micronutrients contents in the branches were determined. Plants with greater length and diameter of branches also showed larger quantity of extracted nutrients. The nutrients taken in larger quantities were N and K. Based on the amount of extracted nutrients, it is possible to establish groups of cvs. with similar nutritional requirement for the recommendation of fertilizers. (Recebido para publicação em 8 de agosto de 2007; aceito em 24 de setembro de 2008) (Received in January 3, 2007; accepted in July 9, 2008) D entre os produtos mais importantes da floricultura mundial, as rosas têm se destacado, movimentando valores da ordem de dez bilhões de dólares anualmente (Guterman, 2002). Embora existam flutuações no ranking mundial das flores de corte mais vendidas, a rosa sempre se posiciona entre as três mais procuradas (Daudt, 2002). A floricultura brasileira vem conquistando o mercado externo, com aumento de 30% no valor da exportação de seus produtos em 2003, tendo o estado de São Paulo contribuído com 75% do valor da exportação total de US$20 milhões (Santos & Kiyuna, 2004). O Brasil é um grande produtor de rosas de corte, atendendo tanto o mercado externo como o interno, com grande potencial para aumento na produção (Novaro, 2005). A rosa apresenta boa facilidade de cruzamentos, possibilitando gerar híbridos. O primeiro híbrido de rosa foi introduzido em 1867 e desde então mais Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 de 10.000 variedades têm sido obtidas. Atualmente no Centre for Variety Research, Holanda, cerca de 2.800 híbridos têm sido submetidos ao registro de proteção de cultivares e esse número tem aumentado, em média, 80 variedades por ano (Esselink et al. 2003). Os países que mais investem em pesquisas para obtenção de novas variedades são Holanda, Alemanha, Estados Unidos e Colômbia, patrocinadas geralmente por empresas privadas (Casarini et al., 2004). Segundo estes mesmos autores, atualmente, as variedades de rosas são distinguidas principalmente pela coloração das pétalas, forma do botão, tamanho das hastes, produtividade (hastes m-2) e resistência às doenças. O comprimento da haste é uma característica especial na comercialização de rosas de corte devido ao aumento do seu valor comercial de acordo com seu comprimento (Casarini, 2004). Os consumidores e principalmente o mercado estrangeiro exigem quanti- dade e qualidade das rosas produzidas. Desse modo é necessário conhecer os aspectos mais importantes da produção, sendo que no Brasil existem poucos dados científicos sobre técnicas de produção de flores (Folegatti et al., 2001). Dentre os tratos culturais envolvidos na produção de rosas, a nutrição das plantas assume um papel muito importante. O estudo de necessidade de nutrientes em rosas tem recebido atenção, pois é fundamental para conhecer as exigências em fertilizantes, que não provoquem aumento excessivo da condutividade elétrica do solo ou do substrato, promovendo equilíbrio adequado entre os nutrientes. Entretanto, para elaborar uma solução contendo nutrientes em quantidades ideais é necessário conhecer a absorção de cada elemento químico pela planta, relacionando-as com os fatores ambientais, substratos e características da espécie (Eymar et al., 1998). Vale ressaltar que pode ocorrer uma diferença dentro da própria espécie, sen515 RL Vilas Bôas et al. Tabela 1. Comprimento da haste, diâmetro do caule e botão e matéria seca das diferentes cultivares de roseiras em cultivo protegido e em campo (branch length, stem and bud diameter and dry matter of different rose cultivars in field and protected environment). Botucatu, UNESP-FCA, 2007. Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade (same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability). do que cada variedade apresenta uma necessidade nutricional diferenciada. Na prática, a adubação feita em rosa tanto no campo como em cultivo protegido, segue um padrão, não havendo adubação específica para as cultivares, exceto quando ocorrerem deficiências observadas visualmente na planta. No entanto, observa-se que cultivares de rosa, além de gerarem hastes de tamanho diferenciado, também variam quanto ao número de hastes por m2. O objetivo deste trabalho foi avaliar a exportação de nutrientes por cultiva516 res de rosas e características que refletem qualidade em campo e ambiente protegido. MATERIAL E MÉTODOS O estudo consistiu da instalação de dois experimentos, em campo e em condições de ambiente protegido realizados em Holambra II, distrito de Paranapanema-SP. No experimento em ambiente protegido utilizou-se uma estufa geminada do tipo Arco com cobertura de polietileno de baixa densidade (PEBD) transparente, com espessura de 0,15 mm, aditivada contra raios ultravioleta e difusor de luz. O delineamento experimental utilizado nos experimentos foi inteiramente casualizado, sendo os tratamentos constituídos por 15 cvs. de rosa em ambiente protegido e 12 em campo, com três repetições. Cada unidade experimental foi constituída por duas plantas, sendo coletada uma haste por planta. As cultivares utilizados em ambiente protegido foram Adventure, Água, Avalanche, Bugnat, Carola, El toro, Leônidas, Lipstique 1, Lipstique 2, Marlicie, Movistar, Osiana, Vegas, Virgínia e Wow. Em campo: Ambience, Carola, Dallas, Dolores, Lipstique, Miracle, Osiana, Racol, Texas, Tiresk, Vegas e Virgínia. O sistema de plantio, tanto em estufa como em campo, foi em canteiros de 0,15 m de altura, sendo as plantas espaçadas de 0,10 m e 1,0 m entre linhas. Essas cultivares foram fertilizados através da fertirrigação, não havendo diferença na quantidade de fertilizante aplicado em função de cada variedade. A fertirrigação constituiu de duas fórmulas de fertilizantes específicas para duas fases de cultivo, uma de formação e outra de produção. Na fase vegetativa as quantidades de nutrientes aplicadas em g planta-1 ano-1 foram: 10 g de N, 2,70 g de P, 10 g de K2O, 2,70 g de Ca, 0,90 g de Mg, 1,30 g de S, 0,05 g de Zn, 0,013 g de Cu, 0,2 g de Fe, 0,06 g de Mn e 0,04 g de B. Na fase reprodutiva aplicou-se 20; 5,50; 20 e 5,40 g planta-1 ano-1 de N, P, K2O e Ca, respectivamente, sendo que para os demais nutrientes utilizou-se a mesma quantidade da fase vegetativa. O manejo da irrigação foi realizado fixando a freqüência de irrigação em dois dias. No início do período de produção, os ramos basais foram podados para a brotação das hastes comerciais. No ponto de corte, momento em que as flores estão fechadas, não cerradas, mas apenas começando a abrir, realizou-se o corte de cada haste a partir do ponto de brotamento da mesma. O comprimento da haste foi medido entre o ponto de corte até a base do botão utilizando uma régua graduada em Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido centímetros; o diâmetro foi avaliado na parte média da haste e o botão na parte basal, ambos através de um paquímetro digital graduado em milímetros. Após realização dessas medidas, as hastes foram lavadas para a eliminação de resíduos de agrotóxicos e poeira, acondicionadas em sacos de papel e secas em estufa de circulação de ar forçada por 72 horas na temperatura de 65°C. Em seguida, o material foi pesado, determinada a fitomassa seca, moído e enviado para o laboratório da FCA para determinação da concentração de nutrientes, de acordo com a metodologia modificada de Malavolta et al. (1997). A quantidade de nutrientes extraídos por haste foi calculada pelo produto da fitomassa seca e da concentração dos mesmos. Os resultados foram submetidos à análise de variância em cada experimento separadamente (ambiente protegido e campo) e as médias comparadas utilizando-se teste de Scott-Knott a 5% utilizando o programa Sisvar versão 4.6 (Ferreira, 2003). As correlações foram feitas pelo método de Pearson. Tabela 2. Extração de macronutrientes pelos diferentes cultivares de roseiras em cultivo protegido e em campo (macronutrients extraction by different roses cultivars in a protected environment and in the field). Botucatu, UNESP-FCA, 2007. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença entre o comprimento da haste das cultivares avaliadas, sendo que esses valores variaram de 45,7 a 74,8 cm quando cultivadas em ambiente protegido e de 50,9 a 70,8 cm quando cultivadas em campo (Tabela 1). Em ambiente protegido, as cultivares que apresentaram maior comprimento da haste foram Vegas, Movistar, Leonidas, Osiana, Marlice, Carola e Vírginia e em cultivo a campo: Dallas, Dolores, Vegas, Ambiance, Miracle e Osiana. Verificamse em ambos os experimentos, que as cultivares com maior comprimento da haste apresentam tamanho ideal ou próximo ao ideal exigido pelo mercado (70 cm) (Sebrae, 2006). Casarini (2004) estudando a aplicação de N e K via fertirrigação em rosa, cultivar Versilha, observou que em todos os tratamentos os valores médios de comprimento de haste foram abaixo de 50 cm, o que diminui o valor comercial da produção. Para a floricultura são necessários produtividade e qualidade do produto ofertado, sendo características Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade (same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability). importantes no cultivo de rosas, o tamanho e cor do botão, a durabilidade, além do diâmetro e comprimento da haste (Aguirre, 2002). Observou-se que houve diferença entre as cvs. quanto ao diâmetro da haste nas duas situações de cultivo (Tabela 1). Em ambiente protegido os maiores valores foram encontrados em Leonidas, Adventure, Movistar, Osiana, Vegas, Virgínia, Bugnat e Lipistique 1. No cultivo em campo as cultivares Ambience e Dallas apresentaram maiores diâmetros da haste (9 mm). Para Aguirre (2002) a nutrição de roseira deve ser diferenciada para cada cultivar, pois cultivares com haste de maior diâmetro requerem maior quantidade de nutrientes. Este mesmo autor ressalta ainda a importância das hastes de maior diâmetro para aumento da durabilidade da flor após a colheita. Houve correlação entre o diâmetro da haste e a quantidade de macronutrientes extraídos pela planta, demonstrando que cultivares com maior diâmetro necessitam de maiores quantidades de nutrientes conforme observa517 RL Vilas Bôas et al. Tabela 3. Extração de micronutrientes pelos diferentes cultivares de roseiras em cultivo protegido e em campo (micronutrients extraction by different roses cultivars in a protected environment and in the field). Botucatu, UNESP-FCA, 2007. Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. (same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability). ções de Aguirre (2002). Todas as correlações foram significativas a 1%, sendo que os valores de R2 para o cultivo protegido foram de 0,77; 0,74; 0,77; 0,72; 0,72 e 0,66 para N, P, K, Ca, Mg e S, respectivamente. Para o cultivo em campo foram observados os valores de R2: N = 0,92; P = 0,87; K = 0,84; Ca = 0,88; Mg = 0,87 e S = 0,95. Para o cultivo em campo a cultivar Carola apresentou maior diâmetro de botão (37,6 mm), quando comparada às demais, sendo que para essa mesma cultivar em ambiente protegido o diâmetro do bo518 tão foi de 28,7 mm, resultado inferior aos valores obtidos para Avalanche, Bugnat e Lipstique 2 (Tabela 1). Casarini (2004) obteve valor médio de diâmetro de botão de 25,53 mm ao estudar a cultivar Versilha. Verifica-se que ocorreu diferença entre as cultivares para fitomassa seca nos dois experimentos (Tabela 1). As cultivares Leonidas, Movistar, Osiana, Vegas e Virgínia obtiveram maior fitomassa seca quando comparadas às demais. Para o cultivo em campo as cultivares Ambience e Dallas apresentaram maiores valores de matéria seca. Verifica-se que houve diferença entre as cultivares em relação às quantidades de macro e micronutrientes nas haste nos dois experimentos (Tabelas 2 e 3). Em ambiente protegido a cultivar Leonidas apresentou maior acúmulo de nitrogênio. Para os demais macronutrientes, outras cultivares igualaram-se estatisticamente. Cabrera (2002) avaliando a cultivar Bridal Wite sobre quatro porta-enxertos (R. manetti, R. x odorata, R. x Natal Briar e R. x Dr. Huey) verificou diferença entre as mesmas nos teores de P, K, Mg, Mn, Fe, B e Zn podendo dessa forma influenciar na quantidade de nutrientes extraídos pelas plantas, ressaltando a necessidade nutricional diferenciada, mesmo dentro da mesma espécie. No cultivo em campo, em geral, as cultivares Ambience e Dallas extraíram maiores quantidades dos nutrientes, correspondendo também às cultivares que produziram maior fitomassa seca. A extração média dos macronutrientes (mg haste-1) pelas cultivares em ambiente protegido e em campo foi: N (234) > K (177) > Ca (100) > P (26) > Mg (24) = S (24) e N (249) > K (205) > Ca (108) > P (27) > Mg (24) > S (22), respectivamente. Para os micronutrientes a média em µg haste-1 no cultivo protegido foi: Mn (2,50) > Fe (1,70) > Zn (1,54) > B (0,40) > Cu (0,19). Em campo: Zn (1,22) > Fe (1,11) > Mn (0,99) > Cu (0,71) > B (0,41). Os nutrientes mais exportados pelas plantas foram o N e K, que segundo Casarini et al. (2004) são os nutrientes exigidos em maiores quantidades pelas rosas, pois apresentam funções importantes e distintas no desenvolvimento da roseira. O nitrogênio é absorvido em maior quantidade na fase de crescimento vegetativo quando a planta desenvolve mais massa foliar e reservas de carboidratos que posteriormente serão usados na formação de ramos basais, formando assim o esqueleto da roseira; já o potássio é absorvido em maior quantidade na fase de desenvolvimento do botão floral conferindo tamanho e coloração às pétalas (qualidade da floração). A variação na quantidade de nutrientes absorvidos sugere que as cultivares Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido devam receber adubações específicas. Se for dividido o maior valor de extração pelo menor tem-se para cada nutriente a variação máxima obtida entre cultivares foi de: N 2,6, P 3,0, K 2,9, Ca 3,5, Mg 3,6 e S 2,9 vezes. Apesar dos valores de extração serem maiores para N e K, para Mg, nutriente em relação ao qual é muito comum de se observar deficiência em roseiras, as diferenças são maiores e uma complementação foliar com esse nutriente parece ser uma alternativa para as culturas. Segundo Padilha (1999) a extração de nutrientes depende do tamanho da planta (grande, médio e pequeno), onde as maiores extraem as seguintes quantidades de N, P e K: 19,2; 5,5 e 20,9 g planta -1 ano-1, respectivamente. Com uma produção de 54 hastes planta-1 ano-1, essas quantidades correspondem a 354 mg haste-1 de N, 102 mg haste-1 de K e 386 mg haste-1 de K. Verifica-se na Tabela 2 que a quantidade de N extraída pela cultivar Dallas em campo (343 mg haste-1) é semelhante à encontrado por Padilha (1999); entretanto as cultivares Leonidas em ambiente protegido e Ambience em campo apresentaram valores maiores de N exportados, 392 e 406 mg haste-1, respectivamente. Verifica-se também que as quantidades de P e K extraídas pelas hastes foram inferiores aos dados observados por Padilha (1999). Em relação aos demais nutrientes, os níveis requeridos pela planta por ano são 5,41; 1,71 e 1,30 0,04; 0,013; 0,194 e 0,06 g planta-1 para Ca, Mg, S, B, Cu, Fe e Mn, respectivamente. Considerando apenas a haste colhida e uma produção média de 100 hastes por m2 por ano, tem-se que a necessidade mínima de fertilizante a ser aplicada seria de 406 kg ha-1 de N, 105 kg ha-1 de P2O5, 413 kg ha-1 de K2O, 180 kg ha-1 de Ca, 44 kg ha-1 de Mg e 38 kg ha-1 de S. Tamimi & Matsuyama (1999) utilizan- Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 do a cultivar Odorata no Havaii verificaram uma remoção de 256,2 kg ha-1 de N, 30,0 kg ha-1 de P, 187,5 kg ha-1 de K, 116,3 kg ha-1 de Ca, 26,0 kg ha-1 de Mg e 21,1 kg ha-1 de S com uma densidade de 10 plantas por m2 gerando uma população de 61.775 plantas por hectare e produção média de 30 hastes por planta por ano. Como não é possível estabelecer uma recomendação de fertilizantes para cada cultivar, uma solução seria o agrupamento das cultivares em exigências diferenciadas. Com base na extração de nutrientes pelas diferentes cultivares, as mesmas poderiam ser agrupadas em quatro categorias de acordo com exigência nutricional: muito alta, alta, média e baixa. Em ambiente protegido: muito alta: Leonidas, Movistar e Vegas; alta: Carola e Virgínia; média: Adventure, Avalanche, Bugnat, Lipstique 1, Lipstique 2, Marlicie e Osiana; baixa: Água, El toro e Wow. Em campo: muito alto: Ambience e Dallas; alto: Lipstique, Osiana e Vegas; médio: Carola, Dolores, Texas Tirex; baixo: Miracle, Racol e Virgínia. REFERÊNCIAS AGUIRRE CEC. 2007. 02 de abril. Nutrición Vegetal in flor de corte en el sur del estado de México. Disponível em http://www.uaaan.mx/ academic/Horticultura/Memhort02/ Ponencia08.pdf. CABRERA RI. 2002. Rose yield, dry matter partitioning and nutrient status responses to rootstock selection. Scientia Horticulturae 95: 75-83. CASARINI E. 2004. Doses de N e K aplicados via fertirrigação na cultura da roseira (Rosa sp.) em ambiente protegido. Piracicaba: USPESALQ, 101p. (Tese doutorado). CASARINI E; FOLEGATTI MV; ARTIGIANE VH. 2004. Fertirrigação em rosas In: BOARETTO AE; VILLAS BÔAS RL; SOUZA WF; PARRA IRV. Fertirrigação teorias e práticas. CDROM, Piracicaba, p. 370-389. DAUDT RHS. 2002. Censo da Produção de Flores e Plantas Ornamentais no RS na Virada do Milênio. Rio Grande do Sul: UFRGSFaculdade de Agronomia, 107p. (Tese mestrado). 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Barcelona: Salvat, 512p. 519 KLUGE RA; VITTI MCD; SASAKI FF; JACOMINO AP; MORETTI CL. 2008. Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acid. Horticultura Brasileira 26: 520-523. Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acid Ricardo A Kluge1; Maria Carolina D Vitti1; Fabiana F Sasaki1; Angelo P Jacomino2; Celso L Moretti3 1 USP-ESALQ, Depto. Ciências Biológicas, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; 2USP-ESALQ, Depto. Produção Vegetal; 3 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] ABSTRACT RESUMO Beet roots cv. Early Wonder were graded for firmness, color and size, and were peeled inside a cold room (10°C). Roots were then shredded (2 mm thick), sanitized for 6 minutes (NaClO/200 mg L-1), rinsed and centrifuged. Fresh-cut beet roots were then treated for 5 minutes with citric acid in the following concentrations: 0 (control), 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1. The material was centrifuged again, placed in trays, wrapped with PVC plastic film, and stored at 5°C and 85-90% HR for 10 days. Every two days, treatments were analyzed for respiratory activity and betacyanin and betaxanthin contents. The application of citric acid caused the reduction of respiratory rate in the fresh-cut tissue. In the second day of storage, control showed the highest respiratory activity among treatments, reaching around 77 mL CO2 kg-1 h-1. Citric acid solution dips in a concentration higher than 500 mg L-1 contributed to a decrease in respiratory activity and no peak in CO2 evolution was observed. There were significant differences among all treatments during the storage period for the contents of betacyanin, which were around 40; 45; 48; 51 and 55 mg 100 g-1 for the fresh-cut material treated with 0; 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric acid, respectively. Also, levels of betaxanthin were around 25; 29; 33; 35 and 39 mg 100 g-1 for the material treated with 0; 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric acid, respectively. The application of citric acid after minimal processing apparently have the ability to reduce respiratory rate and the degradation of pigments, which contributes to extend the shelf life of the fresh-cut product. Atividade respiratória e metabolismo dos pigmentos de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico Keywords: Beta vulgaris L., respiration, betacyanin, betaxanthin, minimal processing. Beterrabas ‘Early Wonder’ foram selecionadas quanto à firmeza, cor e tamanho e descascadas em câmara fria (10ºC). As raízes foram cortadas (2 mm de espessura), sanitizadas, enxaguadas e centrifugadas. As beterrabas foram tratadas com ácido cítrico nas concentrações: 0 (controle), 500; 1000; 1500 e 2000 mg L-1. O produto foi novamente centrifugado, colocado em bandejas envoltas com filme de PVC e armazenado a 5ºC e 85-90% de umidade relativa durante 10 dias. A cada dois dias, foram avaliados a atividade respiratória e os teores de betacianina e betaxantina nos tratamentos. A aplicação de ácido cítrico nas diferentes concentrações reduziu a taxa respiratória nos tecidos minimamente processados. No segundo dia de armazenamento, o tratamento controle apresentou a maior atividade respiratória alcançando valores próximos a 77 mL CO2 kg-1 h-1. A aplicação de ácido cítrico igual ou maior a 500 mg L-1 contribuiu para o decréscimo da atividade respiratória e o pico na evolução de CO2 não foi observado. Foi verificada diferença significativa entre os tratamentos durante todo o armazenamento para os teores de betacianina, tendo sido observados valores ao redor de 40; 45; 48; 52 e 55 mg 100 g-1 para os produtos tratados com 0; 500; 1.000; 1.500 e 2.000 mg L -1, respectivamente. Os níveis de betaxantina para beterrabas minimamente processadas foram ao redor de 25; 29; 33; 35 e 39 mg 100 g-1 para os tratamentos de 0; 500; 1.000; 1.500 e 2.000 mg L-1, respectivamente. A aplicação de ácido cítrico é sugerida durante o processamento mínimo como forma de reduzir a taxa respiratória e a degradação de pigmentos, contribuindo assim para o aumento da vida de prateleira de produtos minimamente processados. Palavras-chave: Beta vulgaris L., betalaína, betacianina, betaxantina, processamento mínimo. (Recebido para publicação em 27 de março de 2008; aceito em 31 de outubro de 2008) (Received in March 27, 2008; accepted in October 31, 2008) D uring the past few years fresh-cut products have grown rapidly both in the foodservice sector and at the retail level. Focusing consumer convenience, they are prepared and handled aiming at offer a fresh and healthy product (Moretti & Sargent, 2002). The obtaining of freshcut products involves many steps such as cleaning, washing, trimming, coring, slicing, shredding, and other related operations (Cantwell, 2000). 520 Fresh-cut business is an activity showing exponential increase in many countries, especially in large metropolitan areas, such as São Paulo, one of the biggest cities in Brazil, where supermarkets sell around US$ 4 million of fresh-cut products monthly, considering both fruits (54%) and vegetables (46%) (Rojo & Saabor, 2002). In general, fresh-cut products have a short shelf life, which is mainly due to the mechanical stresses. In the cut surface, cells and membranes are damaged leading to alterations in the whole tissue metabolism. Many authors have observed increasing in carbon dioxide and ethylene evolution (Brecht, 1995; Moretti et al., 2000, 2002a), water loss (Moretti & Sargent, 2000), alterations in flavor and aroma (Moretti et al., 2002b), decline in levels of nutrients such as ascorbate (Gil et al., 2006), development of off-odors Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acid (Beaulieu, 2006), and increase in the activity of enzymes related to enzymatic browning, e.g., phenylalanine-ammonialyase (PAL), polyphenol oxidase (PPO) and peroxidase (POD) (Degl’Innocenti et al., 2005). Kato-Noguchi & Watada (1997) observed that respiratory activity of freshcut carrots was drastic reduced by the addition of citric acid, which is related to the inhibition of phosphofrutokinase, which catalyzes the phosphorilation of fructose 6phosphate into fructose 1,6-bisphosphate, in the glycolitic pathway of the respiratory metabolism. Among many fruit and vegetable crops that are being processed in Brazil, beet roots are increasing in importance. They are pink-reddish in color due to the presence of a group of pigments named betalain, which was misdesignated as anthocyanin due to the presence of nitrogen in their molecule. These pigments were soluble in water and are divided in two groups: betacyanin (related with the red color) and betaxanthin (related with the yellow color). These two groups of pigments are present in beet roots and are involved with the characteristic color of this vegetable crop (Fenema, 1995). One of the main technological problems found by processors dealing with fresh-cut beet roots is the significant discoloration and dehydration of the minimally processed material. Washing and rinsing operations carried out after slicing have favored the loss of betacyanin and betaxanthin, since these pigments are soluble in water (Nilson, 1970). The factors mentioned above, the economical importance of this vegetable crop, as well as the lack of information in the consulted literature regarding the study of fresh-cut beet roots focusing pigments degradation, the present work was carried out aiming to study the effects of citric acid in the respiratory activity and in the content of betalain in fresh-cut beet roots. MATERIAL AND METHODS Beet roots cv. Early Wonder were obtained from a local grower in Piracicaba, São Paulo State, Brazil, and taken to the postharvest laboratory. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Figure 1. Respiratory activity of fresh-cut beet roots treated with citric acid and stored at 5°C for 10 days. Vertical bars represent ±SD. (atividade respiratória de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico e armazenadas a 5°C por 10 dias. Barras verticais representam o desvio padrão da média). Piracicaba, ESALQ, 2007. Roots were graded for firmness, color and size. Roots were peeled inside a cold chamber (10±1°C) and immersed in cold water (5±0,5°C) for 2 minutes to reduce the abrasion stress. Roots were then shredded (2 mm thick), sanitized for 6 minutes (NaClO/200 mg L-1) in order to reduce the risks of microbiological contamination, and rinsed for 1 minute (3 mg L -1 free chlorine) to remove chlorine in excess. The fresh-cut material was centrifuged at 2,200 rpm for 1 minute to remove the water excess. Fresh-cut beet roots were then treated for 5 minutes with citric acid in the following concentrations: 0 (control, immersion in water), 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1. The material was centrifuged again in the same conditions mentioned above. Minimally processed beet roots were placed in trays and wrapped with PVC plastic film, 14 mm thick, and stored at 5°C and 85-90% RH for 10 days. Every two days, the treatments were analyzed for respiratory activity and betacyanin and betaxanthin contents. For the respiratory activity analysis, 180 g of fresh-cut beet roots were placed in a hermetic sealed jar (0,6 L), which was tightly closed and stored at 5C for 1 hour. Air samples were taken from the glass jars using a syringe and the respiratory activity was analyzed in a CO2 analyzer. Betacyanin and betaxanthin were determined according to Kluge et al. (2006). Two grams of the previous frozen samples were grinded with 5 mL of distilled water. The homogenate was placed in tublets and centrifuged (15,000 rpm) at 4°C for 40 minutes. One mL of the supernatant was added to 24 mL of distilled water in test tubes. The solution was then homogenized in a Vortex and absorbance was read at 476, 538 and 600 nm. Calculations were carried out according to the following equations: x = 1,095 (a-c); y = b-z-x/3.1; and z = ax, where: a = absorbance at 538 nm; b = absorbance at 476 nm; c = absorbance at 600 nm; x = absorbance of betacyanin; y = absorbance of betaxanthin; and z = absorbance of impurities. Analyses were performed using a completely randomized design, with 30 treatments arranged in a factorial scheme (five concentrations of citric acid and 6 sampling times), with 5 replications. Data were subjected to analysis of variance and the least significance difference (Fisher L.S.D.) procedure was carried out. Differences between any two treatments larger than the sum of two standard deviations were always significant (pd<0.05). RESULTS AND DISCUSSION The application of citric acid in different concentrations caused the reduction of CO2 evolution in the fresh521 RA Kluge et al. Figure 2. Betacyanin (A) and betaxanthin (B) content of fresh-cut beet roots treated with citric acid and stored at 5°C for 10 days. Vertical bars represent ±SD. (conteúdo de betacianina (A) e betaxantina (B) de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico e armazenadas a 5°C por 10 dias. Barras verticais representam o desvio padrão da média). Piracicaba, ESALQ, 2007. cut tissue (Figure 1). In the second day of storage, control showed the highest respiratory activity among treatments, reaching around 77 mL CO2 kg-1 h-1. After the fourth day of storage, carbon dioxide evolution of the untreated tissue stabilized around 30 mL CO2 kg-1 h-1, but remained continuously higher than beet root treated with 1,000 to 2,000 mg L-1 of citric acid (Figure 1). A citric acid application higher than 500 mg L-1 contributed to a decrease in respiratory activity and no peak in CO2 evolution was observed (Figure 1). After the second day of storage, carbon dioxide evolution stabilized at 25; 18; 10 and 3.5 mL CO2 kg-1 h-1 for 500, 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric acid treatment, respectively. Results are similar to the findings of Kato-Noguchi & Watada (1997) who observed that the respiratory activity of fresh-cut carrots was reduced when citric acid concentration was increased. The peak in CO2 evolution verified in 522 the untreated material was probably related to the stress occurred by the time of processing, which caused a disruption in cell tissues, allowing respiratory substrates reaction with their respective enzymes. This kind of result in minimally processed beet root no treated with citric acid was also observed by Vitti et al. (2003). In treated beet roots the stress was reduced as the concentration of citric acid increased. On the other hand, immersion in citric acid solutions caused probably a reduction in the activity of phosphofrutokinase, with subsequent reduction in the synthesis of pyruvic acid in the glycolysis pathway (Kato-Noguchi & Watada, 1997). The subsequent reduction in the respiratory activity observed in the untreated material after the fourth day was probably related to the self-regulation of the respiratory activity due to the high production of ATP (Purvis,1997). There were significant differences among treatments during the storage period for the contents of betacyanin, which were around 40; 45; 48; 51 and 55 mg 100 g-1 for the fresh-cut material treated with 0; 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric acid, respectively (Figure 2A). On the other hand, the levels of betaxanthin in fresh-cut beet roots were around 25; 29; 33; 35 and 39 mg 100 g-1 for the material treated with 0; 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric acid, respectively (Figure 2B). Nilson (1973) observed the content of betacyanin and betaxanthin is cultivar dependent, and the levels of these pigments are around 45 to 210 and 20 to 140 mg 100 g-1, respectively. Thus, due to the processes of sanitation and rinsing, there is a significant loss of color in the fresh-cut material. The immersion in citric acid solutions or other antioxidant appears to protect the tissue against pigment degradation. As the concentration of the citric acid solution increased, the pigment loss decreased (Figure 2). Salgado (1997) verified that treatments with an antioxidant, such as ascorbic acid, increased the stability of betalain in beet roots. The author suggested that 400 mg L-1 was the best concentration to prevent pigment degradation. The combination of citric and ascorbic acids had no synergistic effect in preventing pigment degradation when compared to the application of one antioxidant alone (Attoe & Elbe, 1985). According to our results, it is suggested that the application of citric acid after minimal processing have the ability of reducing carbon dioxide evolution and minimizing the degradation of pigments, which contributes to extend the shelf life of the fresh-cut product. ACKNOWLEDGEMENTS The authors thank to FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo) for providing financial resource for the execution this experiment (proc. no 01/00750-2). REFERENCES ATTOE EL; ELBE JHV. 1985. Oxygen involvement betanine degradation: effect of antioxidants. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acid Journal of Food Science 50: 106-109. BEAULIEU JC. 2006. Effect of cutting and storage on acetate and nonacetate esters in convenient, ready-to-eat fresh-cut melons and apples. HortScience 41: 65-73. BRECHT JK. 1995. Physiology of lightly processed fruits and vegetables. Hortscience 30: 18-22. 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Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus1 Isac N Rodrigues2; Maria Teresa G Lopes2; Ricardo Lopes3; Aildo da S Gama4; Christiano P Milagres2 2 UFAM-FCA, Mini Campus, Av. Gal Rodrigo Otávio, 3000, 69077-000, Manaus-AM; 3Embrapa Amazônia Ocidental, C. Postal 319, 69011-970 Manaus-AM 4Escola Agrotécnica Federal de Manaus, Av. Alameda Cosme Ferreira, 8045, 69083-000 Manaus-AM; [email protected] RESUMO ABSTRACT Na avaliação de cultivares de hortaliças, os rendimentos médios mais elevados nos ensaios de competição, associados a fatores de qualidade, são utilizados como critérios de recomendação para plantio. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as cultivares de alface Frisella, Deisy, Tender Green, Lollo Bionda, Itapuã 401, Marisa, Verônica, Banchu New Red Fire e Hortência nas condições climáticas da região de Manaus, sob cultivo protegido e a campo. Foram avaliadas as características: massa fresca total, massa fresca comercial, diâmetro da cabeça e altura. As cultivares de alface Marisa, Itapuã 401 e Hortência são opções mais adequadas para o cultivo protegido e a campo na região, incluindo-se para o cultivo a campo a cultivar Verônica, a qual apresentou a melhor produção na avaliação realizada neste ambiente. Performance of lettuce cultivars in Manaus region In the evaluation of vegetable cultivars, the high average yield in the competition assays associated to quality factors are utilized as criteria to recommend cultivars. In the present work we evaluated the lettuce cultivars Frisella, Deisy, Tender Green, Lollo Bionda, Itapuã 401, Marisa, Verônica, Banchu New Red Fire and Hortência under the climatic conditions of the region of Manaus, under protected and conventional cultivation. The evaluated characteristics were: total and commercial weight, plant diameter and height. The lettuce cultivars Marisa, Itapuã 401 and Hortência presented higher production in both environments adding Verônica with best production under conventional cultivation. Palavras-chave: Lactuca sativa, cultivo protegido, Amazônia. Keywords: Lactuca sativa L., protected-cultivation, Amazon. (Recebido para publicação em 3 de janeiro de 2007; aceito em 9 de julho de 2008) (Received in January 3, 2007; accepted in July 9, 2008) A alface (Lactuca sativa L.) desta ca-se por ser a principal hortaliça folhosa comercializada no Brasil, maior produtor da América do Sul, com uma área cultivada de aproximadamente 30 mil ha e uma produção de 311 mil toneladas. Estima-se que o agronegócio da alface atinja aproximadamente R$ 2,1 bilhões/ano (Sakate et al., 2002; Sala, 2004). Os estados de São Paulo e Minas Gerais são os responsáveis pela maior parte da produção (IBGE, 2004). A necessidade de se produzir hortaliças de alta qualidade, com planejamento da produção agrícola e redução dos custos por unidade de produção, tem levado a um aumento do uso do cultivo protegido para a produção de oleráceas. A decisão da implantação em cultivo convencional (sem cobertura plástica) ou protegido depende da análise das vantagens e desvantagens de cada sistema. 1 Na região amazônica as condições climáticas causam consideráveis perdas para os agricultores. As chuvas torrenciais em certos meses do ano danificam as plantas e a alta umidade relativa do ar e do solo proporcionam um ambiente favorável à proliferação de fungos e bactérias, o que provoca uma redução significativa na produção e na qualidade das hortaliças. O cultivo protegido é a alternativa tecnológica que vem diminuindo a lacuna na produção de hortaliças no estado do Amazonas. Este tipo de cultivo pode aumentar o período de colheita e a produtividade, garantir a produção em praticamente qualquer época e fornecer produtos com qualidade para atender à demanda do mercado local, promovendo o desenvolvimento agrícola e a geração de renda na região (Sganzerla, 1995). A alface é uma planta de clima subtropical e, em temperaturas entre 12 e 22ºC produz folhas de melhor qualidade. Temperaturas acima de 20ºC favorecem a emissão do pendão floral com a interrupção da fase vegetativa. O produto torna-se impróprio para consumo e comercialização, devido à ocorrência de sabor amargo das folhas, em função do acúmulo de látex (Filgueira, 2003). Temperaturas elevadas associadas a grande pluviosidade, favorecem a incidência de doenças (Radin et al., 2004; Jackson et al., 2005; Sanders, 2005). Existe escassez de cultivares melhoradas especificamente para ambientes com temperatura elevada dificultando a difusão dos plantios de alface (Silva et al. 1999). Para a maioria das cultivares, as temperaturas mínima e máxima toleráveis situam-se entre 6 e 300C (Mota et al., 2003; Radin et al., 2004). Em cultivo protegido, a alface apresenta alta produtividade e o produto possui qualidade e boa aceitação no Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Agronomia Tropical (FCA-UFAM), financiado pela FAPEAM. 524 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus mercado. Vários trabalhos apresentam resultados superiores de produção e qualidade em cultivo protegido comparado com a produção em cultivo sem proteção, ou seja, a campo (Nunes, 1986; Cardoso & Lourenço, 1990; Dantas & Escobedo, 1998; Radin et al., 2004). No município de Iranduba-AM, o pimentão é cultivado continuadamente na mesma área, ocasionando sérios problemas em relação ao ataque de pragas e doenças (Gama, 2004). A alface pode ser uma alternativa interessante para os produtores de pimentão na rotação de culturas em ambiente protegido, podendo diminuir a incidência de doenças e pragas. As cultivares de alface devem ser avaliadas nas condições específicas nas quais serão plantadas em larga escala. Uma boa cultivar deve apresentar, em diferentes condições de ambiente, alta produtividade e qualidade. Partindo desse pressuposto, o presente trabalho objetivou caracterizar, sob condições climáticas da região de Manaus, cultivares de alface desenvolvidas em outras regiões para identificar as que apresentam potencial para cultivo local. MATERIAL E MÉTODOS Cultivares de alface foram avaliadas a campo e em cultivo protegido tipo capela, com 6 m de largura por 30 m de comprimento, com altura do pé direito de 2,8 m, abertas nas laterais e coberta com polietileno transparente de 100 mm de espessura. O experimento sob cultivo protegido foi conduzido em área de produtor, na Fazenda Amazônia, município de Iranduba-AM, de novembro a dezembro de 2004. As temperaturas médias mínima e máxima próximas às plantas variaram de 24,5 a 32ºC. A amostra do solo apresentou o pH (H2O) de 5,05; 256,84 g kg-1 de matéria orgânica; 179 mg dm-3 de P; 497 mg dm-3 de K; 87 mg dm-3 de Na; 2,10 cmolc dm-3 Ca e 1,10 cmolc dm-3 Mg; 5,44 cmolc dm-3 acidez potencial; 9,91 cmolc dm-3 capacidade de troca de cátions; saturação por bases 45,1%. Com base na análise química de solo, efetuou-se a calagem, dois meses antes do plantio, para elevar a saturação por bases a 70%. Foram instaladas mangueiras de irrigação por aspersão Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 para acelerar a solubilização do calcário e, posteriormente, construídos canteiros de 1,20 m de largura, 0,30 m de altura. Na adubação de base foi usado 1,0 kg m-2 de esterco de galinha curtido. Foram realizadas adubações de cobertura, aos 10 e aos 20 dias após transplantio das mudas, com uréia 0,1% em adubação foliar na água de irrigação. O experimento a campo foi conduzido em área de produtor, no Sítio São Miguel Arcanjo, em Manaus-AM, de agosto a setembro de 2004. As temperaturas médias máxima e mínima próximas às plantas variaram de 24 a 31º C. A amostra do solo apresentou as seguintes características químicas: pH (H2O) de 4,9; 33,10 g kg-1 de matéria orgânica; 144 mg dm-3 de P; 60 mg dm-3 de K; 18 mg dm-3 de Na; 2,14 cmolc dm3 Ca e 0,15 cmolc dm-3 Mg; 6,04 cmolc dm-3 acidez potencial; capacidade de troca de cátions 8,48 cmolc dm-3; saturação por bases 28,7%. Com base na análise química de solo, efetuou-se a calagem, dois meses antes do plantio, para elevar a saturação por bases a 70%. Como adubação de base utilizou-se 23,80 g m-2 de cloreto de potássio, 63,50 g m -2 de superfosfato simples e 2,0 kg m-2 de esterco de galinha curtido. Os canteiros foram construídos com 1,20 m de largura, 0,30 m de altura. Para adubação de cobertura aplicou-se a mesma do cultivo protegido (uréia 0,1% em adubação foliar na água de irrigação). Foi empregado o delineamento estatístico de blocos casualizados com três repetições e parcelas compostas de três fileiras com 7 plantas cada em espaçamento de 30 x 30 cm, sendo as linhas externas consideradas como bordadura. As mensurações foram realizadas apenas na fileira central (parcela útil). Foram avaliadas nove cultivares de alface crespa: Frisella, Tender Green, Lollo Bionda, Itapuã 401, Marisa, Verônica, Banchu New Red Fire, Hortência e Deisy. A cultivar Deisy não foi avaliada no experimento a campo. As mudas foram produzidas em viveiro com tela antiafídeo utilizando bandejas de 128 células e substrato comercial Plantmax HT®. O transplantio de mudas foi realizado aos vinte dias após o semeio, quando as mudas apresentavam pelo menos quatro folhas definitivas. O controle fitosanitário nos dois sistemas de cultivo foi realizado por meio de pulverizações preventivas com oxicloreto de cobre (50 g 20 L-1 água), imidacloprid (6 g/20 L de água), thiacloprid (4 mL/20 L de água). Foi realizada uma aplicação de imidacloprid logo após o transplantio e uma com thiacloprid 15 dias após a aplicação de imidacloprid. Foram realizadas duas aplicações com oxicloreto de cobre aos 8 e 16 dias após o tansplantio. Na irrigação dos dois experimentos, utilizouse o sistema por gotejamento com fita gotejadora auto compensado com emissores espaçados de 0,30 m, vazão de 1,6 L h-1, com dois emissores por planta e água obtida de poço artesiano. O manejo da irrigação foi realizado diariamente a fim de elevar a umidade do solo à capacidade de campo, permitindo-se a variação da tensão dentro da faixa de umidade facilmente disponível, ou seja, aproximadamente 5 kPA. Quando atingia de 10 a 20 kPa reiniciava nova irrigação, conforme descrito por Trani & Carrijo (2004). A colheita foi realizada aos 49 e 58 dias após a semeadura em cultivo protegido e a campo, respectivamente, quando as plantas apresentaram o máximo de desenvolvimento vegetativo na formação da roseta, exceto para Lollo Bionda e Frisella que apresentaram avançada fase reprodutiva em ambos os experimentos. O período da colheita foi determinado visualmente a partir da experiência dos agricultores locais que consideram as exigências do mercado, plantas com máximo de crescimento vegetativo e que apresentam sabor agradável (não amargo). Foram avaliados a massa fresca média total; (massa fresca média da planta completa (caule, raiz e folhas), em g planta-1 (MT)); massa fresca comercial (massa fresca da planta após retirada da parte não comercializável (região do sistema radicular e das folhas externas contendo manchas e injúrias), em g planta-1 (MC)); diâmetro da planta (maior distância entre extremidades da planta, em cm planta-1 (DP)) e altura da planta (distância do solo até a parte mais alta da planta, em cm planta-1 (AP)). Foram realizadas análises de variância individual dos experimentos e 525 IN Rodrigues et al. Tabela 1. Massa fresca comercial (MC), Massa fresca total (MT), altura (AP) e diâmetro (DP) de nove cultivares de alface crespa cultivados em cultivo protegido (commercial weight (MC), total weight (MT), plant height (AP) and diameter (DP) of nine lettuce cultivars under protected cultivation). Manaus, UFAM, 2004. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05 (means followed by same letter in the column did not differ from each other by the Tukey test, p<0,05). Tabela 2. Massa fresca comercial (PC), Massa fresca total (PT), altura (AP) e diâmetro (DP) de oito cultivares de alface crespa cultivados a campo (commercial weight (MC), total weight (MT), height (AP) and diameter (DP) of eight lettuce cultivars, cultivated in the field). Manaus, UFAM, 2004. Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05 (means followed by same letter in the column did not differ from each other by the Tukey test, p<0,05); *Dados transformados para log x (data transformed in log x). as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na colheita, 100% das plantas das cultivares Lollo Bionda e Frisella, tanto no cultivo protegido como a campo, apresentaram avançado estágio da fase reprodutiva. No experimento em cultivo protegido (Iranduba-AM), aos 31 dias após o semeio, e no campo (Manaus-AM), aos 36 dias após o semeio, observou-se alongamento da haste e paralisação do desenvolvimento das folhas ponteiras (indícios de 526 pendoamento precoce). Portanto, estas cultivares podem ser considerados não adaptadas às condições de cultivo utilizadas. No cultivo protegido (IrandubaAM), todas as plantas das parcelas da cultivar Tender Green apresentaram queima nos bordos das folhas. Temperaturas muito elevadas podem provocar, em cultivares de alface mais sensíveis, uma desordem fisiológica conhecida como “tipburn”, sensibilidade que compromete a absorção de cálcio pela planta causando sintoma de queima nos bordos das folhas (Beninni et al., 2003). No cultivo protegido não se verificou plan- tas com a ocorrência de pragas ou doenças que comprometesse a qualidade comercial, em virtude dos pequenos danos se localizarem em folhas externas. Com exceção das cultivares Tender Green, Lollo Bionda e Frisella, todas as demais apresentaram ausência de pendoamento, queima nos bordos das folhas e de injúrias ocasionadas por ataque de insetos e doenças. Na colheita a campo (Manaus-AM), folhas de algumas plantas isoladas contendo lesões foram analisadas no laboratório de Fitopatologia da UFAM. Detectou-se a presença de cercosporiose (Cercospora longissima), doença que ocorre geralmente no final do ciclo da cultura. Porém, não houve considerável perda na qualidade e no rendimento das plantas que comprometesse a qualidade comercial. Com exceção das cultivares Lollo Bionda e Frisella, todas as demais apresentaram ausência de injúrias consideráveis ocasionadas por ataque de insetos e doenças e de pendoamento. No cultivo protegido o efeito das cultivares foi significativo para todas as características. As cultivares mais produtivas, considerando massa fresca total (MT) e massa fresca comercial (MC), foram Marisa (318,3 g e 278,9 g), Itapuã 401 (305,5 g e 269,7 g), Hortência (292,4 g e 259,0 g) e Tender Green (277,1 g e 256,1 g), com valores superiores a cultivar Verônica (232,8 g e 201,1g), a mais cultivada pelos produtores locais (Tabela 1). Contudo, no caso do MT, as diferenças entre as médias das cultivares mais produtivas e Verônica não foram estatisticamente significativas. A MC das cultivares Marisa e Verônica foram superiores aos relatados por Faria Junior et al. (2000), em cultivo protegido, no estado de São Paulo, 142,7 g e 130,2 g, respectivamente, indicando que algumas cultivares de alface desenvolvidas em outras regiões podem apresentar boa adaptação às condições da região de Manaus. A cultivar Marisa apresentou maior média (20,9 cm) para altura de planta (AP), porém estatisticamente diferente apenas da cultivar Banchu New Red Fire (14,85 cm), que apresentou a menor AP. O maior diâmetro de planta (DP) foi a cultivar Itapuã (39,4 cm), diferente estatisticaHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus mente apenas das cultivares Banchu New Red Fire (30,1 cm), Frisella (26,9 cm) e Lollo Bionda (19,8 cm). No experimento a campo o efeito das cultivares foi significativo apenas para a variável DP. Os coeficientes de variação variaram de 11,83% (DP) a 41,17% (MT) (Tabela 2). Devido à baixa precisão experimental verificada na avaliação a campo (alto CV), o teste de médias não foi eficiente nesse ambiente, sendo diferenciadas estatisticamente apenas as médias da característica DP (Tabela 2). Para essa variável a maior média foi da cultivar Itapuã 401 (27,73 cm), contudo, diferindo estatisticamente apenas das médias das cultivares Frisella (17,11 cm) e Lollo Bionda (13,60 cm). A cultivar Verônica apresentou MT (104,6 g), PC (96,7 g) e AP (17,1 cm) associados a alto DP (26,2 cm). Os resultados demonstram que devido ao pendoamento precoce, as cultivares Lollo Bionda e Frisella não se adaptam às condições climáticas predominantes na região de Manaus e as cultivares Marisa, Itapuã 401 e Hortência são boas opções para o cultivo na região, tanto para cultivo protegido no período seco como a campo no período chuvoso. Além de ser tradicionalmente plantado pelos horticultores locais, a cultivar Verônica revelou maior rusticidade e adaptação a períodos de intensa precipitação. Assim, ainda se apresenta como melhor opção para cultivo convencional, pois possui também grande aceitação no mercado local. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Em geral, as cultivares que se adaptam ao clima da região de Manaus, tornam-se impróprias para o consumo depois de 48 a 50 dias após a semeadura em cultivo protegido nos meses de agosto, setembro e outubro, e depois de 57 a 60 dias no cultivo a campo nos meses de novembro, dezembro e janeiro, enquanto as cultivares não adaptadas têm o período total correspondente à fase vegetativa muito curto, aproximadamente de 20 a 25 dias a menos. Comparativamente, na avaliação de desempenho das cultivares adaptadas, considera-se como superiores aquelas que atingem em menor tempo o maior peso comercial, mantendo sabor agradável. REFERÊNCIAS BENINNI ERY; TAKAHASHI HW; NEVES CSVJ. 2003. Manejo do cálcio em alface de cultivo hidropônico. Horticultura Brasileira 21: 605-610. CARDOSO MO; LOURENÇO JNP. 1990. Produtividade de alface (Lactuca sativa) sob cobertura plástica e a céu aberto, no período chuvoso em Manaus. Manaus: EMBRAPA CPAA. 3p. 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Postal 01, 64006-220 Teresina-PI; UFC-DENA; 2Mestrando UFC; 5bolsista CNPq; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT O cultivo de flores no estado do Ceará vem se ampliando nos últimos anos, principalmente nas regiões serranas que proporcionam clima favorável ao desenvolvimento de diversas culturas. Entretanto, poucos são os trabalhos desenvolvidos nessa área, fazendo com que os produtores se utilizem do empirismo no desenvolvimento dos cultivos. Por conseguinte, esse trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos do número de plantas (2, 3 e 4) e da quantidade de drenos (1 e 8) por vaso no número de hastes por vaso da roseira, em ambiente protegido. O experimento foi conduzido na Empresa Reijers, no município de São Benedito-CE, sendo o delineamento experimental em blocos casualizados em arranjo fatorial 3 x 2, com quatro repetições. Avaliou-se o número de hastes com 35, 40, 50 e 60 cm e, o número total de hastes por vasos de 12,0 L. As maiores quantidades de plantas por vaso proporcionaram um maior número de hastes por área, mas com predomínio de hastes de menor valor comercial. A utilização de um menor número de plantas por vaso resultou em um menor número de hastes por área, mas em maior número de hastes com maior valor comercial. A utilização de vasos com maior número de drenos reduziu o número total de hastes por vaso. Planting density and number of drains influencing the productivity of rose plants cultivated in pots Palavras-chave: Rosa sp., floricultura, ambiente protegido. Keywords: Rosa sp., floriculture, protected environment. The cultivation of flowers in Ceará State has expanded during the last years, especially in highland areas with a favorable climate for several crops. However, there exist only limited research in this area, so that producers work empirically with those crops. Consequently, this research aimed to evaluate the effects of the number of plants (2, 3 and 4) and the amount of drains (1 and 8) per pot on the number of stems per pot, in a protected environment. The experiment was carried out in São Benedito, Ceará State, Brazil, following a 3 x 2 factorial randomized block design with four repetitions. The number of stems with 35, 40, 50, 60 cm and, the total number of stems per pots of 12.0 L were evaluated. The highest number of plants per pot provided the greatest number of stems per pot, but with a predominance of lower commercial value. On the other hand, the least number of plants per pot resulted in few stems per area which were better evaluated commercially. The use of pots having more drains reduced the total number of stems per pot. (Recebido para publicação em 18 de outubro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2008) (Received in October 18, 2007; accepted in October 30, 2008) A roseira (Rosa sp) pertencente à família Rosácea é cultivada desde os tempos remotos. Seu hábito de crescimento pode ser ereto, trepador ou reptante; as folhas são dispostas de forma alternada e as flores podem ocorrer de forma solitária ou em cacho, sendo o fruto do tipo aquênio (Folegatti et al., 2001; Barbosa, 2003). A roseira sempre desempenhou papel de destaque entre as plantas ornamentais, sendo hoje uma das floríferas mais apreciadas no mundo (Folegatti et al, 2001; Seagri, 2002; Salagnac, 2003). O mercado mundial de flores e plantas ornamentais está em plena expansão e tem como principal exportador a Holanda, seguida pela Colômbia e pela Itália. O Brasil tem participação pouco expressiva no mercado mundial, mas esta participação vem se expandindo ao longo dos anos (Matsunaga, 1995; Rego et al., 2004). 528 No Ceará, a floricultura vem se destacando nos últimos anos, principalmente nas regiões serranas que proporcionam um clima favorável ao desenvolvimento de diversas culturas, dentre elas a roseira. O Estado começou a despertar para a produção comercial de rosas principalmente na região da serra da Ibiapaba, onde empresas de grande porte estão sendo instaladas, proporcionando um crescimento significativo desta atividade (Seagri, 2002). O número de plantas por recipiente influencia a disponibilidade de água e nutrientes para as plantas. Normalmente, nos recipientes com menor densidade de plantas observa-se melhor arquitetura do sistema radicular (Parviainen, 1981), maior volume de raízes, melhor absorção de nutrientes e obtenção de plantas vigorosas com melhor qualidade. Entretanto, menores densidades de planta implicam em maiores custos para os produtores e, normalmente, em menores produtividades por área (Bezerra, 2003). O maior número de plantas por vaso resulta em menor crescimento e vigor, por restringir o desenvolvimento do sistema radicular (Bezerra, 2003). Nesmith & Duval (1998) relatam que a restrição das raízes afeta o crescimento, a fotossíntese, o teor de clorofila nas folhas, a absorção de água e nutrientes, a respiração, o florescimento e até a produção. Além disso, a maior quantidade de raízes em recipiente com pequena capacidade volumétrica, contribui para a redução do espaço poroso. Segundo Costa et al. (2005), a drenagem consiste na retirada do excesso de água do solo a uma taxa que permita uma exploração econômica das cultuHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade de roseiras cultivadas em vaso ras e uma utilização por longo tempo da área. O teor de umidade disponível no solo, dentro de uma faixa ótima em que não há excesso ou déficit hídrico, constitui um dos parâmetros imprescindíveis para o desenvolvimento das culturas, facilitando o transporte de nutrientes através das raízes. Por outro lado, as condições de umidade excessiva na zona radicular são adversas para a maioria das culturas, devido à deficiência no teor de oxigênio no solo, comprometendo o transporte de nutrientes através do sistema radicular e tornando as plantas mais suscetíveis às doenças e à deficiência nutricional. Kanwar et al. (1988) ressaltam que a difusão do oxigênio através de poros cheios de ar é aproximadamente 10.000 vezes mais rápida que através de poros cheios de água; conseqüentemente, a taxa de difusão de oxigênio através da água é freqüentemente o fator limitante da respiração das raízes. Segundo Gervásio (2003), ao contrário dos cultivos em solo, o manejo da irrigação em recipientes pequenos como em vasos, apresenta algumas particularidades como maior freqüência de irrigação, em virtude do reduzido volume de substrato disponível para a planta. Essas particularidades implicam em maiores riscos de excesso hídrico, os quais devem ser prevenidos com um maior controle da irrigação. Além disso, a forma e o tamanho do recipiente influenciam a dinâmica da movimentação da água. De acordo com Fermino (2002), quanto menor a altura do recipiente, menos elevado será o fluxo de água em seu interior. Dessa forma, a reduzida altura de determinados recipientes costuma dificultar a drenagem, elevar a capacidade de retenção de água e, com isso, promover o encharcamento do substrato. O excesso hídrico ocasiona a diminuição da pressão de oxigênio (hipoxia) ou a falta total ou parcial do mesmo (anoxia), dificultando a respiração das plantas e conseqüentemente, diminuindo a produção de energia necessária para a síntese e translocação dos compostos orgânicos e a absorção ativa dos mesmos. A falta de oxigênio nas raízes também provoca a redução na fotossíntese e prejudica a conversão da matéria orgânica, pelos microorganismos, em forHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 mas solúveis que a planta pode reutilizar. Ocorrendo, portanto, menor crescimento das plantas (Rego et al., 2004). Basicamente, a falta de aeração constitui o principal agente de injúrias às plantas. Algumas evidências disponíveis indicam que efeitos deletérios são também produzidos pela atividade microbiológica em condições anaeróbicas. A extensão de danos causados às culturas, por tais condições adversas, varia com a espécie vegetal, a duração da inundação, o estádio de desenvolvimento, além da temperatura prevalecente à época da inundação (Costa et al., 1994). Esse estudo teve como objetivo, avaliar os efeitos do número de plantas e da quantidade de drenos por vaso no número de hastes da roseira por vaso, em ambiente protegido. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado de novembro de 2004 a fevereiro de 2005 na unidade de produção da agroempresa Reijers, localizada no sítio Lagoa, no município de São Benedito, CE (04° 03’S, 40° 53’W; 883m). O clima foi classificado, segundo a metodologia de Köppen, como Am, clima tropical chuvoso característico de áreas elevadas. O ambiente protegido utilizado no experimento apresentava 197 m de comprimento, 66 m de largura, totalizando 1,3 ha. A estrutura de sustentação era metálica em formato de arco, com pé-direito de 4,0 m, abertura para saída de ar tipo lanternim e coberta por polietileno de baixa densidade (PEBD). O experimento foi constituído por uma linha de vasos em fileira dupla, tendo cada uma 87 vasos, num total de 174. As plantas de roseiras utilizadas foram da cultivar akito; flor de coloração branca e botão pequeno, com ótima aceitação no mercado europeu. As mudas foram feitas em bandejas com fibras de mesocarpos de casca de coco queimado a partir de estacas com cerca de 5 cm de tamanho, que foram imersas por cinco segundos no hormônio AIB (ácido indolbutírico) a uma concentração de 2000 ppm, tendo sido transplantadas para os vasos aos 25 dias após o plantio. Durante o desenvolvimento da cultura foram realizados tratos culturais como a desponta, que consistiu na retirada das primeiras folhas da muda para quebrar a dominância apical. Com o desenvolvimento da cultura realizou-se o agóbio, que consistiu no rebaixamento lateral da planta sem a danificação do caule, para a formação de uma massa foliar capaz de gerar hastes de qualidade. Realizaram-se também limpezas dos vasos, onde todo material vegetal depositado sobre o substrato foi retirado para evitar a decomposição e a incidência de doenças. Realizaram-se ainda desbrotas, onde se retiravam os brotos secundários evitando a deformação da haste, assim como a fixação de apenas um botão. Durante o ciclo foram realizadas aplicações preventivas de defensivos químicos para o controle de pragas e doenças. As principais pragas e doenças identificadas que atuavam sobre a cultura na região foram o ácaro que é a praga mais comum sendo facilmente encontrada no interior das estufas, o tripes, pulgão, oídio, míldio e botrytis. Para o controle dessas pragas e doenças foram utilizados, principalmente, os defensivos malationa, oxicloreto de cobre, endosulfan, abamectin e dimethoate. As plantas foram irrigadas por gotejamento, constituído por gotejadores com vazão de 1,0 L h-1, com um emissor por vaso. A irrigação foi realizada diariamente e era dividida em pulsos, onde cada pulso compreendia quinze minutos, totalizando uma aplicação diária de 4,0 mm da solução aquosa. Os vasos (volume de 12 L) possuíam orifícios na parte inferior, com diâmetro de 1,0 cm para a drenagem do excesso de água, que era reaproveitada. A adubação foi realizada diariamente via fertirrigação. As quantidades aplicadas foram definidas por meio de análises químicas e de fertilidade do substrato e das folhas. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em arranjo fatorial 3 x 2, onde cada tratamento apresentava quatro parcelas constituídas de seis vasos, totalizando vinte e quatro. Foram avaliados três quantidade de plantas por vaso (2, 3 e 4) sob duas quantidades de dreno (1 e 8). As bordaduras entre as parcelas constituíram-se de quatro vasos, deixando-se ainda cinco vasos como bordaduras no final e no início da linha. 529 TVA Viana et al. Tabela 1. Números de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo sob as densidades de 2, 3 e 4 plantas/vaso (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle under densities of 2, 3, and 4 plants/pot). São Benedito, UFC, 2005. Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% (means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’s test, p≤0,05). Tabela 2. Número de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo sob 1 e 8 drenos por vaso (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle under 1 and 8 drains per pot). São Benedito, UFC, 2005. Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% (means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’s test, p≤0,05). Os tratamentos foram nomeados em conformidade com a quantidade de plantas e o número de drenos por vaso, ou seja, o tratamento 3P1D correspondia a três plantas e um dreno por vaso, o 3P8D correspondia a três plantas e oito drenos por vaso e, assim, sucessivamente. A colheita das rosas foi realizada dos 52 aos 59 dias após o transplantio (DAT), em conformidade com o padrão para exportação das hastes (quando as 4 primeiras pétalas desprendiam-se do botão floral). Foram avaliados os números de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e o número total de hastes por vaso. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e quando significativo pelo teste F usou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas por meio do programa estatístico SAEG. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os números de hastes de 35, 40, 50 e 60 530 cm e total/vaso/ciclo nas densidades 2, 3 e 4 plantas/vaso. O teste de Tukey (5%), mostra diferenças significativas entre os tratamentos para as variáveis analisadas, exceto para o número de hastes de 60 cm/vaso/ciclo. Com relação ao número de hastes de 35 cm por vaso, os maiores valores foram obtidos com a utilização de 3 e 4 plantas/vaso, que diferiram estatisticamente em relação ao tratamento em que se utilizou 2 plantas/vaso. Resultado semelhante ocorreu com a variável número de hastes de 40 cm por vaso. Entretanto, para o número de hastes de 50 cm por vaso, o melhor resultado obtido foi com a utilização de 2 plantas/vaso e os menores com 3 e 4 plantas/vaso. O maior número total de hastes por vaso ocorreu quando se utilizou 3 plantas/ vaso, valor este que não diferiu do obtido com a utilização de 4 plantas/vaso (Tabela 1). Apesar de muitos autores relatarem que a menor quantidade de plan- tas por vaso aumenta o desenvolvimento das mesmas (Parviainen, 1981; Nesmith & Duval, 1998), muitos ressaltam uma redução na produção por área (Nesmith & Duval, 1998; Bezerra, 2003), nesse caso no número de hastes por vaso. Por conseguinte, nos vasos com mais plantas, e conseqüentemente menos substrato por planta, a maior competição por nutrientes resultou em hastes menores mas, como o número de plantas era maior, a produtividade total também foi maior. A produção total foi menor nos vasos com menos plantas, mas a produção de hastes de maior valor de mercado (50 e 60 cm) foi maior (Tabela 1). Provavelmente, a maior quantidade de substrato disponível por planta permitiu o deslocamento de maior quantidade de nutrientes, possibilitando o desenvolvimento de hastes de maior comprimento. Relato semelhante fizeram Luz et al. (2000). Em síntese, com relação às densidades de plantas/vaso, pode-se afirmar que maiores densidades implicaram em maior número de hastes por área, mas com predomínio de hastes de menor valor comercial. Já a utilização de menos plantas por vaso resultou em menor número de hastes por área, mas em maior quantidade de hastes de maior valor comercial. Na Tabela 2 são apresentados os valores observados para o número de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ ciclo sob 1 e 8 drenos por vaso. Houve diferença significativa entre os tratamentos somente para o número de hastes de 40 cm por vaso e o número total de hastes por vaso. Com relação ao número de hastes de 40 cm por vaso, o melhor resultado foi encontrado no tratamento com um dreno. Resultado semelhante foi obtido também com a variável número total de hastes por vaso (Tabela 2). Esses resultados demonstram que provavelmente a utilização de um dreno mantém disponível por maior tempo uma maior quantidade de água e nutrientes para as plantas, em relação à utilização de oito drenos, possibilitando a melhor nutrição Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade de roseiras cultivadas em vaso das plantas. Isso provavelmente acontece porque o substrato não apresenta uma estruturação significativa visto que o mesmo é substituído no início dos cultivos. Essa explicação corrobora com os comentários feitos por Fermino (2002) e Gervásio (2003). Os resultados da análise de variância com relação à interação número de plantas versus número de drenos por vaso estão apresentados na Tabela 3. Todas as variáveis apresentaram diferenças significativas. A maior produção de hastes de 35 cm por vaso ocorreu com os tratamentos 4P8D (quatro plantas e oito drenos por vaso) e 3P1D. Já a produção de hastes de 40 cm foi mais evidenciada somente em 3P1D. Para as hastes de 50cm, o melhor desempenho ocorreu com o tratamento 2P1D, que não diferiu estatisticamente dos tratamentos 2P8D, 4P1D e 3P8D. Com relação às hastes de 60 cm de comprimento, as de maior valor de mercado, a menor produção foi observada com o tratamento 4P8D. Em complemento, o número total de haste por vaso apresentou o maior valor no tratamento 3P1D (Tabela 3). De modo geral, o tratamento 3P1D produziu o maior número de hastes por vaso, mas com supremacia nas hastes de menor tamanho. Caso ao produtor seja mais interessante a quantidade e não a qualidade, o mesmo deve optar por este tratamento. Caso ele deseje hastes maiores (50 e 60 cm), o produtor pode optar por 2 plantas/vaso. Resultado semelhante quanto à densidade de plantas foi obtido por Folegatti et al. (2001). Em síntese, a utilização de 3 plantas e 1 dreno por vaso permite a maior produção total por hastes. Nessa condição, há maior competição por nutrientes, em comparação com a condição 2 plantas/ vaso, implicando em hastes menores, mas em maior número, devido ao maior número de plantas por vaso. Redução no crescimento das plantas em função da redução da disponibilidade de nutrientes também foi relatada por Carneiro (1983), Backes & Kãmpf (1991), Mascarenhas (1993), Nesmith & Duval (1998) e Bezerra (2003). Por outro lado, a utilização de um só dreno em vasos deve aumentar Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Tabela 3. Número de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo nos diferentes tratamentos (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle in different treatments). São Benedito, UFC, 2005. Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5% (means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’s test, p£0,05). o período em que a solução fertirrigante fica disponível às raízes das plantas aumentando a absorção dos nutrientes e, conseqüentemente, dos diferentes processos fisiológicos dependentes dos macro e micronutrientes contidos na solução fertirrigante. Redução da intensidade de drenagem em função de um menor número de drenos, também foi relatada por Costa et al. (2005). Pode-se concluir que as maiores densidades de plantas por vaso proporcionaram maior número de hastes por área, mas com predomínio de hastes de menor valor comercial. A utilização de menores densidades de plantas por vaso resultou em menor número de hastes por área, mas em maior número de hastes com maior valor comercial. A utilização de vasos com maior número de drenos reduziu o número total de hastes por vaso. 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Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 OLIVEIRA AP; OLIVEIRA ANP; ALVES AU; ALVES EU; SILVA DF; SANTOS RR; LEONARDO FAP. 2008. Rendimento de maxixe adubado com doses de nitrogênio. Horticultura Brasileira 26: 533-536. Rendimento do maxixeiro adubado com doses de nitrogênio Ademar P de Oliveira1,4; Arnaldo Nonato P de Oliveira2,4,5; Anarlete U Alves3; Edna U Alves1; Damiana F da Silva2; Rodolfo R Santos2; Francisco de Assis P Leonardo2 1 UFPB-CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; 2Graduando em Agronomia, UFPB; 3Pós-graduando em Agronomia, UFPB; 4Bolsista CNPq; 5Bolsista PIBIC; [email protected] RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar o efeito de doses crescentes de nitrogênio sobre o rendimento do maxixeiro, cv. Nordestino, realizou um trabalho na UFPB, em Areia-PB, entre maio e setembro de 2006, em delineamento experimental de blocos casualizados, com seis tratamentos (0; 50; 100; 150, 200 e 250 kg ha-1 de N), e quatro repetições. Foram utilizadas parcelas de 20 plantas, espaçadas de 2 x 1 m. Foram avaliados a massa média de frutos, o número e a produção de frutos por planta e a produção de frutos. A massa média de frutos atingiu valor máximo de 21 g na dose de 155 kg ha-1 de N. O número máximo (21 frutos) e a produção máxima de frutos por planta de maxixe (469 g) foram alcançados com 153 e 187 kg ha-1 de N, respectivamente. A dose de 188 kg ha-1 de N foi responsável pela produção máxima de 12,7 t ha-1 de frutos. A dose de máxima eficiência econômica foi a de 183 kg ha-1de N, cuja aplicação proporcionou produção de 12,7 t ha-1 de frutos comerciais, significando incremento de 9,4 t ha-1 na produção de frutos, em relação à ausência do N. Yield of the gherkin plant fertilized with nitrogen doses Palavras-chave: Cucumis anguria L., adubação mineral, produção. The effect of increasing nitrogen doses was evaluated on the gherkin yield, cv. Nordestino. This study was carried out on the period from May to September 2006, at the Universidade Federal da Paraíba, in Areia, Paraiba State, Brazil, in an experimental design of randomized blocks with six treatments (0; 50; 100; 150, 200 and 250 kg ha-1 N) and four replications. Twenty plants per plot were used, on a spacing of 2 x 1 m. Fruit average mass, number and fruits production per plant, and yield of fruits were evaluated. Fruits average mass reached the maximum value of 21 g using the dose of 155 kg ha-1 of N. The maximum number (21 fruits) and the maximum fruits production per plant of gherkins (469 g) were reached with 153 and 187 kg ha-1 of N, respectively. The dose of 188 kg ha-1 of N was responsible for the maximum yield of 12.7 t ha-1 of fruits. For the highest maximum economic efficiency the dose of 183 kg ha-1 of N was responsible for the yield of 12.7 t ha-1 of commercial fruits, meaning a development of 9.4 t ha-1 in the fruits productivity, relative to N absence. Keywords: Cucumis anguria L., mineral fertilization, yield. (Recebido para publicação em 15 de outubro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008) (Received in October 15, 2007; accepted in October 31, 2008) O maxixe, pertencente à família das cucurbitáceas, tem seus frutos ricos em cálcio e outros minerais, como fósforo, ferro, sódio e magnésio, além de vitaminas A, C e do complexo B. Foi introduzido da África pelos escravos, disseminando-se pelas Américas e pelo mundo. No Brasil, é muito consumido nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, sendo comercializado diariamente nos mercados e feiras livres; enquanto que na região Sul e parte da região Sudeste, sua comercialização é intermitente e, em geral, regionalizada. Em centros consumidores, como São Paulo, onde a população nordestina é grande, encontra-se maxixe com mais facilidade do que nas cidades do interior. É utilizado na forma de fruto imaturo, podendo ser consumido in natura (salada), em conserva (picles) ou cozido (refogados, sopas, etc.). Na Região Nordeste, é empregado para o preparo de um prato denominado de maxixada. De modo geral, é uma hortaliça subutilizada Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 como alimento tanto no Brasil como no resto do mundo (Bates et al., 1999; Robinson & Decker-Walters, 1997). O maxixe adapta-se melhor a solos arenosos, leves e soltos. Quanto à sua fertilização, muitos produtores não realizam adubações, pois ele se beneficia de resíduos de nutrientes aplicados anteriormente. Não obstante, em solos pobres é recomendado o fornecimento de matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio (Pimentel, 1985; Filgueira, 2000). As exigências de nitrogênio pelas plantas variam dependendo do estádio de desenvolvimento e, em algumas culturas, o excesso desse nutriente pode causar desenvolvimento vegetativo em detrimento da produção. Em outras espécies, pode proporcionar folhas mais suculentas e suscetíveis a doenças ou reduzir a produção. Portanto, seu fornecimento em doses adequadas favorece o crescimento vegetativo, expande a área foliar e eleva o potencial produtivo das culturas (Raij, 1991). Em algumas hortaliças produtoras de frutos comercializáveis, o nitrogênio desempenha papel fundamental. No morangueiro, o fornecimento de N proporcionou a mais elevada produção de frutos por planta (Bonini et al., 2000). No pimentão, o N na forma amoniacal elevou a produção comercial de frutos (Silva et al., 2000). No tomateiro, aplicado via fertirrigação promoveu elevação na produção de frutos comerciais (Kano et al., 2000). Em feijão-vagem proporcionou incremento na produção de vagens (Oliveira et al., 2003a). No quiabeiro o aumento na produtividade de frutos pode ser obtido pelo uso de adubação nitrogenada em cobertura (Oliveira et al., 2003b). No maxixeiro, são poucas as informações sobre o emprego do nitrogênio na sua fertilização. Para solos pobres Pimentel (1985) recomenda aplicar apenas 30 g de uréia em cobertura e Filgueira (2000) recomenda o fornecimento 30 kg ha-1 de nitrogênio na se533 AP Oliveira et al. a derivada primeira da equação de regressão à relação entre preços do insumo (R$/kg de N e do produto (R$/kg de frutos) (Raij, 1991; Natale et al., 1996), sendo os vigentes em Areia-PB em dezembro de 2006, de R$ 2,5/kg de N e R$ 1,0/kg de frutos, ressaltando-se, porém, que o preço do quilograma de frutos correspondeu ao utilizado pelo produtor, podendo variar a cada ano, conforme a demanda e oferta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 1. Massa média de frutos de maxixeiro em função de doses crescentes de N. (average weight of the gherkin fruits depending on increasing N levels.). Areia, UFPB, 2006. meadura e 40 kg ha-1 em adubação de cobertura. Portanto, diante da escassez de informações para adubação nitrogenada nessa cultura, conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar a produção do maxixeiro em função de doses crescentes de nitrogênio. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido em área experimental da Universidade Federal da Paraíba, em Areia, entre maio e setembro de 2006 em solo Neossolo Regolítico Psamítico Típico (Embrapa, 1999), textura areia franca, com as características química e física: pH = 6,9; P = 11,24 mg dm-3; K = 54,12 mg dm-3; Al+3 = 0,00 cmolc dm-3; Ca2+ = 3,35 cmolc dm-3; Mg2 + = 0,65 cmolc dm-3; Na+ = 0,07 cmolc dm-3; H + Al = 2,56 cmolc dm-3; SB = 4,21 cmolc dm-3; CTC = 6,77 cmolc dm-3 e matéria orgânica = 14,93 g kg-1 (Embrapa, 1997); areia = 841,50 g kg-1; silte = 88,00 g kg-1; argila = 70,50 g kg-1; densidade global = 1,37 g cm-3; densidade de partículas = 2,61 g dm -3; e porosidade total = 0,47 m3 m-3. O preparo do solo constou de roçagem, capinas e abertura de covas de plantio. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com seis tratamentos (0, 50, 100, 150, 200 e 250 kg ha-1 de N), e quatro repetições. As parcelas continham 20 plantas espaçadas de 2,0 m entre fileiras e 1,0 m entre plantas. A instalação da cultura foi realizada por meio de semeadura direta, colocando-se quatro sementes por cova da cultivar Nordestino, produzida e comercializada 534 pela Hortivale, realizando-se desbaste quinze dias após, para duas plantas. A adubação seguiu as recomendações do Laboratório de Química e Fertilidade de Solo da UFPB e consistiu da aplicação de 10 t ha-1 de esterco bovino, 80 kg ha-1 de P2O5 e 20 kg ha-1 de K2O no plantio e do fornecimento das doses de N descritas no delineamento experimental associadas a 50 kg ha-1 de K2O, parceladas em quantidade iguais, aos 30 e 60 dias após a semeadura. Foram utilizadas como fontes de P 2O 5, N e K 2O, superfostato triplo, uréia e cloreto de potássio, respectivamente. Realizaram-se os tratos culturais normais para a cultura, incluindo irrigação por aspersão, com turno de rega de três vezes por semana, nos períodos de ausência de precipitação e capinas com auxílio de enxadas. As colheitas, em número de 12, foram efetuadas a cada três dias, entre 60 e 120 dias após a semeadura, quando os frutos se encontravam imaturos e com coloração verde intensa. Os frutos colhidos foram transportados para o galpão, para avaliação das características: massa média, número e produção de frutos por planta e produtividade de frutos. Os resultados obtidos foram submetidos a análises de variância e de regressão polinomial, utilizando o teste F para comparação dos quadrados médios. Na análise de regressão, foram testados os modelo linear, quadrático e cúbico, sendo selecionado aquele capaz de melhor expressar cada característica, empregando-se o SAEG (2000). A dose de máxima eficiência econômica de N foi calculada igualando-se As análises de variância e de regressão revelaram efeitos significativos das doses de N (p<0,05) sobre a massa média de frutos, número e produção de frutos por planta e produtividade de frutos, onde as médias se ajustaram a modelos quadráticos de regressão. A massa média de frutos atingiu valor máximo de 21 g na dose de 155 kg ha-1 de N (Figura 1), superior àquele verificado por Leal et al. (2000) de 19,6 g para a cv. Maxixe do Norte, no sistema convencional de produção, mas foi inferior ao obtido por Modolo & Costa (2000) que determinaram massa média de fruto de 37,4 g, também para um acesso de maxixe do tipo comum. O número máximo (21 frutos) e a produção máxima de frutos por planta de maxixe (469 g) foram alcançados com 153 e 187 kg ha-1 de N, respectivamente (Figuras 2 e 3). Esses valores foram menores do que aqueles verificados por Azevedo Filho & Melo (2003) que obtiveram médias de 41 frutos por planta e produção média de 1,47 kg de frutos por planta. A superioridade dos resultados obtidos por Modolo & Costa (2000), para a massa média de frutos e por Azevedo Filho & Melo (2003), para o número e produção de frutos por planta, possivelmente se deva à variabilidade genética entre maxixes do tipo comum, bem como às condições controladas dos experimentos desses autores, que envolveram fertirrigação por gotejamento. Foi calculada a dose de 188 kg ha-1 de N como aquela responsável pela produção máxima de 12,7 t ha-1 de frutos (Figura 4). A fórmula obtida para determinação da dose de máxima eficiência econômica de N foi: Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Rendimento de maxixe adubado com doses de nitrogênio Figura 2. Número de frutos por planta em maxixeiro adubado com doses crescentes de N. (number of fruits on gherkin plants fertilized with increasing N levels). Areia, UFPB, 2006. Figura 3. Produção de frutos por planta em maxixeiro adubado com doses crescentes de N. (yield of fruits on gherkin plants fertilized with increasing N doses). Areia, UFPB, 2006. 12,7 t ha-1 de frutos comerciais, o que representa incremento de 9,4 t ha-1 de frutos, em relação à ausência do insumo. A dose de máxima eficiência econômica de N foi próxima daquela responsável pela produção máxima de frutos. Sob o ponto de vista do rendimento, o resultado obtido em função da dose de N responsável pela produção máxima de frutos, superou a produtividade de 4,0 a 5,0 t ha-1 relatada por Filgueira (2000) como adequada para a espécie, e as produtividades médias do estado do Maranhão de 8,0 t ha-1 (Martins, 1986) e a do estado de São Paulo, de 12 t ha-1 (Melo & Trani, 1998), indicando os benefícios do seu emprego na produção de frutos no maxixeiro. O nitrogênio, fornecido em quantidade adequada, desde o início do desenvolvimento nas culturas, em geral, estimula o desenvolvimento da parte aérea e incrementa a sua produção (Filgueira, 2000). No melão (Faria et al., 2003) e na melancia (Garcia & Souza, 2002), obtiveram incrementos de mais de 40% na produtividade de frutos pelo uso de nitrogênio. Embora o nitrogênio seja exigido na maioria das hortaliças (Pereira & Fontes, 2005), alguns autores verificaram queda no rendimento em hortaliças frutos em função de doses elevadas de nitrogênio (Bonini et al. 2000; Oliveira et al., 2003b; Oliveira et al., 2003c). Para o maxixeiro, doses acima de 188 kg ha-1 de N, proporcionaram queda na produção de frutos, o que pode indicar que esta hortaliça é sensível a doses excessivas desse elemento. REFERÊNCIAS Figura 4. Produtividade de frutos do maxixeiro em função de doses crescentes de N (yield of fruits on gherkin plant depending on increasing N doses). Areia, UFPB, 2006 99,715 – Y, Dose de N = ————— 2. (0,2646) Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 onde Y é a relação entre os preços do insumo e do produto. Dessa forma a dose mais econômica de N foi de 183 kg ha-1, para Y = 2,5, com produção de AZEVEDO FILHO JA; MELO AMT. 2003. Caracterização agronômica de genótipos de maxixe. In: congresso brasileiro de olericultura, 43. Resumos...Recife: SOB (CDROM). BATES DM; ROBINSON RW; JEFREY C. 1999. Biology and utilization of the Cucurbitaceae. Ithaca: Cornel University Press, 485 p. BONINI JV; ANDRIOLO JL; BOEMO PM. 2000. Efeito de doses de nitrogênio sobre a produção de frutos de morangueiro cultivado com substrato. Horticultura Brasileira 18: 820-821. Suplemento. EMBRAPA. 1997. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação do Solo. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro: 212 p. 535 AP Oliveira et al. EMBRAPA. 1999. Centro Nacional de Pesquisa do Solo. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: 412 p. 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Horticultura Brasileira 26: 537-539. Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RN Salvador B Torres1; Fabrícia N de Oliveira2; Regina C de Oliveira3; João B Fernandes4 1 EMPARN/UFERSA-Depto Ciências Vegetais, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 3UFERSA-Depto Ciências Vegetais; 4EMPARN/ Embrapa, C. Postal 188, 59062-900 Natal-RN; 2Estudante; bolsista CNPq; [email protected] RESUMO ABSTRACT O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade e caracterizar a morfologia de dez acessos de caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp.], nas condições edafoclimáticas do município de Mossoró, RN. Dez acessos (Amapá, BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda, Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira, Pingo-de-ouro, Rabo-de-peba e Sempre-verde) foram avaliados em experimento de campo, de agosto/2006 a junho/2007, em Mossoró. Verificou-se que todos os genótipos de caupi apresentaram hábito de crescimento indeterminado e semi-enramador volúvel, exceto o ‘BRS Potiguar’ que revelou comportamento semi-enramador. O número de sementes variou de 12 a 16 por vagem. Para a região de Mossoró, pode ser indicado como melhor alternativa ao produtor, o acesso Amapá, por ser mais precoce, possuir maior número de vagens por planta e maior produtividade, seguido de BRS Potiguar e Casca-de-seda. Yield and morphology of cowpea accessions in Mossoró, Rio Grande do Norte State, Brazil Palavras-chave: Vigna unguiculata, morfologia vegetal, rendimento. Keywords: Vigna unguiculata, plant morphology, yield. The objective of this work was to evaluate the productivity and to describe the morphology of ten cowpea [Vigna unguiculata (L.) Walp.] accessions in the edaphoclimatic conditions of Mossoró, Brazil. The accessions Amapá, BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda, Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira, Pingo-de-ouro, Rabo-de-peba and Sempre-verde were evaluated in a field experiment from August 2006 to June 2007. The majority of accessions was of indeterminate and semi-branched voluble growth habit; only BRS Potiguar was semibranched. The number of seeds per pod varied from 12 to 16. For the Mossoró region, the accession Amapá is considered be the best alternative for small farmers. This accession is earlier maturing, presents a high number of pods per plant and high yield. Other promising genotypes are BRS Potiguar and Casca-de-seda. (Recebido para publicação em 17 de outubro de 2007; aceito em 1 de outubro de 2008) (Received in October 17, 2007; accepted in October 1, 2008) O caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp.], conhecido no Nordeste brasileiro por feijão-macassar ou feijão-decorda, é uma cultura de grande importância para o desenvolvimento agrícola da região Nordeste, tanto no aspecto econômico quanto no nutricional, pois é o alimento básico na dieta das populações mais carentes, exercendo função social no suprimento das necessidades nutricionais dessa camada da população. No Brasil, o caupi é cultivado predominantemente no sertão semi-árido da região Nordeste e em pequenas áreas na Amazônia (Maia, 1986). Ainda segundo este autor, é uma das leguminosas mais adaptadas, versáteis e nutritivas (23-25% de proteína) entre as espécies cultivadas. A cultura ocupa cerca de 11 milhões de hectares, distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais da África, Ásia e América (Singh et al., 2002). A caracterização morfológica fornece uma série de informações a respeito da variabilidade genética de cada material estudado. Esses dados auxiliam na caracterização de germoplasma, possibilitando avanços na descrição da diverHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 gência genética entre linhagens (Singh, 2001). Os trabalhos de melhoramento de caupi no Brasil ainda são escassos e as cultivares disponíveis estão sendo utilizadas sem se considerar as suas possíveis diferenças de comportamento nas diversas regiões de cultivo. Portanto, a caracterização morfológica de linhagens de caupi é importante porque possibilita o registro e identificação, facilitando o acesso a esse material em busca de plantas com boa resposta em termos de produtividade e comportamento em diferentes condições ambientais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade e caracterizar a morfologia de dez acessos de caupi nas condições edafoclimáticas do município de Mossoró, RN. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em campo da UFERSA, em Mossoró, cujas coordenadas geográficas são 5º11’ de latitude sul e 37º20’ de longitude oeste. O clima da região, segundo a classifi- cação de Koppen, é seco e muito quente, com duas estações climáticas: uma seca que vai geralmente de junho a janeiro e outra chuvosa, de fevereiro a maio, apresentando temperatura média anual de 27ºC, precipitação pluviométrica anual irregular com média de 673 mm, umidade relativa do ar de 68% e luminosidade de 241,7 h mês-1 (Amaro Filho, 1991). A análise de solo indicou: pH em água = 6,8; P disponível = 149,00 mg dm-3; K = 93,00 mg dm-3; Al trocável = 0,0 cmol dm-3; Ca+2 + Mg = 3,75 cmol dm-3 e matéria orgânica = 14,2 g dm-3. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com dez tratamentos e quatro repetições. As parcelas experimentais foram constituídas por 30 plantas (três fileiras de dez plantas), sendo as avaliações realizadas na fileira central. Os tratamentos compuseram-se dos acessos de caupi: Amapá, BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda, Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira, Pingo-de-ouro, Rabo-de-peba e Sempreverde, que foram obtidas junto a pequenos produtores e feiras livres de diver537 SB Torres et al. Tabela 1. Análise de variância e médias dos caracteres número de dias para emergência (NDE), hábito de crescimento (HC), período médio para início do florescimento (PMIF), porte da planta (PP), comprimento da vagem (CV), número de vagens por planta (NVP), número de sementes por vagem (NSV), peso 100 sementes (PCS) e produtividade (P) de dez acessos de feijão-vigna [Vigna unguiculata (L.) Walp.](variance analysis and average values of the characteristics number of days to emergence (NDE), growth habit (HC), average period to emit flowers (PMIF), plant stature (PP), pod length (CV), number of pods per plant (NVP), number of seeds per pod (NSV), weight of 100 seeds (PCS) and yield (P) of 10 cowpea accessions). Mossoró, UFERSA, 2007. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; *,**significativo aos níveis de 5% e 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente (means followed by the same letters in the column did not differ from each other, Tukey test, 5%; *,**significant at 5% and 1% probability through F test, respectively). sos municípios do estado do Rio Grande do Norte. Antes da semeadura, realizou-se o preparo do solo, seguido de gradagem e coveamento com enxadão. No momento da semeadura, aplicou-se por cova um litro de esterco bovino curtido e seco. O espaçamento adotado foi de 1,00 x 0,50 m, sendo semeadas em cada cova três sementes. Após a germinação, foi realizado o desbaste, deixando-se uma planta por cova. O controle de plantas invasoras foi realizado por meio de duas capinas manuais no período anterior ao florescimento. Durante a condução da cultura foram realizadas pulverizações à base de deltametrina 2,5E, para combater a cigarrinha do feijoeiro (Empoasca krameari). Foram realizadas irrigações por gotejamento, de forma a suplementar as necessidades da cultura, próximo ao final do período chuvoso. Durante o experimento foram anotados o período para emergência das plântulas, hábito de crescimento, período médio para início do florescimento, porte da planta, comprimento médio da vagem, número médio de vagens por planta, número médio de sementes por vagem, peso de 100 sementes e produtividade. Os dados de produção e de medições de vagens foram submetidos à análise de variância e a comparação 538 de médias foi feita pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificaram-se diferenças estatísticas significativas entre os genótipos para todas as características analisadas (Tabela 1). O período de emergência variou de quatro a seis dias, sendo os genótipos Casca-de-seda e Canapu o mais precoce e tardio, respectivamente, embora não tenham diferido significativamente dos demais genótipos. Todos os acessos expressaram hábito de crescimento indeterminado e porte da planta semi-enramador volúvel, exceto BRS Potiguar, que se revelou semienramador. Houve diferenças de até 36 dias entre acessos para que, pelo menos 50% das plantas estivessem em floração. Os acessos Amapá e BRS Potiguar detiveram 50% das plantas em floração aos 55 e 56 dias, respectivamente, após a semeadura, enquanto o acesso Pingo-deouro foi o mais tardio, atingindo este índice aos 91 dias. O comprimento médio da vagem variou de 14 a 25 cm, para Pingo-deouro e Costela-de-vaca, respectivamente. Nesse sentido, observa-se que os acessos Canapu, Rabo-de-peba e Pingo- de-ouro obtiveram tamanhos de vagens abaixo dos padrões comerciais, que, segundo Pereira et al. (1992), Silva & Oliveira (1993) e Miranda et al. (1996) é acima de 20 cm de comprimento. Comprimentos de vagens superiores a 20 cm foram verificados nos acessos Amapá, BRS Potiguar, Casca-de-seda, Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira e Sempre-verde. Com relação ao número de vagens por planta, destacou-se o acesso Amapá, com 11 vagens. Por outro lado, Canapu e Pingo-de-ouro contiveram os menores números de vagens por planta, seguidos por João-vieira e Rabo-de-peba. Coruja e Sempre-verde expressaram o maior número de sementes por vagem, 16 e 15, respectivamente; enquanto para os demais a variação foi de 12 a 13, não havendo diferença estatística significativa. Observa-se ainda que o peso médio de 100 sementes variou de 15,86 g (Pingo-de-ouro) a 23,47 g (Costela-devaca). O acesso mais produtivo foi Amapá, com 1,60 t ha-1, tendo produzido o maior número e vagens por planta; seguido por BRS Potiguar (1,51 t ha-1) e Casca-deseda (1,39 t ha-1). Por sua vez, os acessos menos produtivos, em ordem decrescente, foram Rabo-de-peba (0,49 t ha-1), Canapu (0,46 t ha-1) e Pingo-de-ouro Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RN (0,34 t ha-1), que produziram, também, o menor número de vagens por planta. Considerando que o caupi é uma significativa fonte de proteína e de renda para a população menos favorecida da região Nordeste, os resultados desta pesquisa fornecem subsídios para programas de melhoramento, visando a seleção de materiais adaptados às condições edafoclimáticas da região. Face aos resultados obtidos, para a região de Mossoró, pode ser indicado como alternativa de cultivo experimental ao produtor, o acesso Amapá, por ser mais precoce, possuir maior número de vagens por planta e maior produtividade. BRS Potiguar e Casca-de-seda poderão também atender a esse propósito Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 por apresentarem produtividade e comprimento de vagens superiores além de serem precoces. REFERÊNCIAS AMARO FILHO J. 1991. Contribuición al estúdio del clima del Rio Grande do Norte. Madrid: ETSIA/UPM. 311p. (Tese doutorado). MAIA AF; ASSUNÇÃO MV; ALVES JF. 1986. Influência do método de debulha e da unidade na produção de sementes de feijão de corda. Ciência Agronômica 17: 91-100. MIRANDA P; COSTA AF; OLIVEIRA LR; TAVARES JA; PIMENTEL ML; LINS GML. 1996. Comportamento de cultivares de Vigna unguiculata (L.) Walp., nos sistemas solteiro e consorciado. VI – Tipos ereto e semi-ereto. Pesquisa Agropecuária Pernambucana 9: 95105. PEREIRA JA; BELARMINO FILHO J; SANTOS JF; ARANJA VS. 1992. Caracteres agronômicos e suas correlações em linhagens de feijão-macassar. João Pessoa: EMEPA, 25p. (Boletim de Pesquisa, 6). SILVA PSL; OLIVEIRA CN. 1993. Rendimentos de feijão verde e maduro de cultivares de caupi. Horticultura Brasileira 11: 133-135. SINGH BB; EHLERS JD; SHARMA B; FREIRE FILHO FR. 2002. Recent progress in cowpea breeding. In: FATOKUN CA; TARAWALI SA; SING BB; KORMAWA PM; TAMO M. (eds.). Challengens and opportunities for enchancing sustainable cowpea production. Ibadan: IITA. p.22-40. SINGH SP. 2001. Broadening the genetic base of common bean cultivars: a review. Crop Science 41: 1659-1675 539 NASCIMENTO WM; COIMBRA KG; FREITAS RA; BOITEUX LS. 2008. Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto”. Horticultura Brasileira 26: 540-542. Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto” Warley Marcos Nascimento; Karuliny G Coimbra; Raquel A Freitas; Leonardo S Boiteux Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected] RESUMO ABSTRACT A abóbora tipo “Tetsukabuto” é um híbrido interespecífico, macho estéril, resultante do cruzamento entre Cucurbita maxima e C. moschata. Uma das estratégias utilizadas para produção comercial de frutos de “Tetsukabuto” tem sido o plantio adjacente e concomitante de acessos de C. maxima ou C. moschata como polinizadores. Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de diferentes acessos de C. maxima como fontes de pólen para produção comercial de abóbora tipo “Tetsukabuto”. A cultivar de moranga ‘Exposição’ e o acesso ‘Nirvana’ foram utilizados como polinizadores para produção de frutos de dois híbridos do tipo varietal “Tetsukabuto” (‘Jabras’ e ‘Kyoto’). Foram avaliados os tratamentos (cruzamentos) Jabras x Exposição, Jabras x Nirvana, Tetsukabuto x Exposição, Tetsukabuto x Nirvana, em quatro repetições. Foram determinados os parâmetros massa dos frutos, diâmetro dos frutos, espessura da polpa, número e massa de sementes. O acesso ‘Nirvana’ (cultivar em fase de validação) pode ser utilizado na produção comercial como polinizador de abóboras deste grupo varietal sem nenhum prejuízo quando comparado com a moranga ‘Exposição’. Efficiency of Cucurbita maxima accessions as pollinators in the commercial production of pumpkin (‘Tetsukabuto’ type) Palavras-chave: Curcubita maxima, Curcubita moschata, produção de híbridos, qualidade de sementes. Keywords: Curcubita maxima, Curcubita moschata, hybrid production, seed quality. ‘Tetsukabuto’ pumpkins are interspecific hybrids between Cucurbita maxima x C. moschata accessions. Such hybrids, however, are often male-sterile due to the impaired ability of the staminate flowers to produce functional pollen. The use of intervening rows of staminate (pollen-donor) plants is one strategy employed in order to have commercial fruit production. In the present work, two C. maxima accessions [‘Exposição’ (E) and ‘Nirvana’ (N)] were employed as pollen-donors (staminate parents) and their efficiency was compared considering fruit and seed yield parameters. Two pistillate Tetsukabuto hybrids [‘Jabras’ (J) and ‘Kyoto Tetsukabuto’ (KT)] were employed in four possible unidirectional crosses (J x E, J x N, KT x E and KT x N). Fruits were produced using standard manual pollination techniques done on a daily basis (during the morning). After harvesting, the following traits were evaluated: fruit weight, fruit diameter, fruit flesh depth, number of seeds per fruit and total seed weight. The results indicated that both staminate parents are equivalent for all traits. The accession ‘Nirvana’ (a cultivar in a pre-release stage) could be considered a commercial alternative to ‘Exposição’ (the traditional staminate parent under Brazilian conditions) due to its improved fruit quality attributes, which could provide an additional source of revenues for the ‘Tetsukabuto’ growers. (Recebido para publicação em 18 de junho de 2008; aceito em 15 de setembro de 2008) (Received in June 18, 2008; accepted in September 15, 2008) A abóbora híbrida “Tetsukabuto”, também denominada abóbora japonesa ou cabotiá, é resultante do cruzamento entre linhagens selecionadas de moranga (Cucurbita maxima Duch.) – empregadas como genitores femininos – e linhagens de abóbora (C. moschata Duch. et Poir.), empregadas como genitores masculinos (Amarante et al., 1994; Bisognin, 2002). Híbridos pertencentes a este grupo varietal, originário de programas de melhoramento genético implementados no Japão (Robinson & Decker-Walters, 1997), revelaram excelente adaptação ao cultivo no Brasil (Pereira, 1999). Atualmente, as abóboras do tipo “Tetsukatuto” ocupam o sétimo lugar dentre as hortaliças em cultivadas no Brasil (Pereira, 1999). 540 As formas híbridas “Tetsukabuto” possuem elevada importância sócio-econômica em diferentes regiões do país, com expressiva área plantada, devido a uma série de características positivas, tais como rusticidade, precocidade, uniformidade, elevado potencial produtivo, qualidade organoléptica (incluindo textura, sabor e reduzido tempo de cozimento) e prolongada conservação pós-colheita quando comparada com cultivares locais de polinização aberta (Tavares, 1999). Os híbridos interespecíficos do tipo “Tetsukabuto” possuem flores masculinas estéreis, necessitando, para sua frutificação adequada, de técnicas indutoras de partenocarpia via aplicação de reguladores de crescimento (Pereira, 1999; Pasqualetto et al., 2001) ou do plantio simultâneo de plantas polinizadoras (Pedrosa et al., 1982). Várias são as cultivares polinizadoras utilizadas na produção comercial de frutos de abóbora híbrida, as quais podem ocupar até 20% da área cultivada. Estudos realizados na região do Distrito Federal revelaram maior eficiência da cultivar de moranga ‘Exposição’ na formação e na produção dos frutos da abóbora híbrida “Tetsukabuto”. A maior eficiência da moranga ‘Exposição’ está diretamente relacionada com a sua grande produção de pólen, que aumenta as chances de fecundação dos frutos das plantas femininas pelos insetos polinizadores e resulta em maior freqüência no número de frutos comerciais Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto” em condições de campo (Pereira, 1999). A cultivar ‘Exposição’, entretanto, possui baixo valor de mercado dos seus frutos, sendo, em alguns casos, destinados à alimentação animal. Estudos comparativos de variedades polinizadoras de híbridos “Tetsukabuto” são escassos na literatura. Neste contexto, alguns novos genótipos estão sendo desenvolvidos pelo programa de melhoramento da Embrapa Hortaliças visando agregar valor à produção de frutos das cultivares polinizadoras de híbridos “Tetsukabuto”. Um acesso de C. maxima, denominado ‘Nirvana’, foi considerado promissor, em decorrência de suas características de coloração extremamente atrativas da casca e polpa dos frutos, contendo teores mais elevados de alfa e beta-caroteno e boas características organolépticas (textura e sabor). Este tipo de moranga poderia ser utilizado como uma polinizadora alternativa, agregando, desta forma, maior valor às plantações de “Tetsukabuto”. Este trabalho teve como objetivo comparar a eficiência de dois acessos de C. maxima como fontes de pólen para produção comercial de abóbora híbrida tipo “Tetsukabuto”. MATERIAL E MÉTODOS Foi implementado, na Embrapa Hortaliças, um ensaio em telado, de setembro a dezembro de 2005, visando avaliar a eficiência relativa de polinização na produção comercial de abóbora tipo ‘Tetsukabuto’ de dois acessos de moranga: ‘Nirvana’ (Embrapa Hortaliças) e ‘Exposição’ (Horticeres). O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Foram utilizados como genitores femininos dois híbridos “Tetsukabuto”: ‘Jabras’ (Embrapa Hortaliças) e ‘Tetsukabuto’ (Kyoto). A disposição no telado foi de 1:2, ou seja, uma linha de cada um dos polinizadores para duas linhas de ‘Jabras’ e duas linhas de ‘Tetsukabuto’ (Kyoto), sendo estas dispostas de maneira alternada. Desta forma, o ensaio foi composto pelos tratamentos (cruzamentos) ‘Jabras’ x ‘Exposição’; ‘Jabras’ x ‘Nirvana’; ‘Tetsukabuto Kyoto’ x ‘Exposição’, ‘Tetsukabuto Kyoto’ x ‘Nirvana’, em Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Tabela 1. Características dos frutos de dois híbridos de abóbora tipo “Tetsukabuto” (‘Jabras’ e ‘Tetsukabuto Kyoto - TK’) polinizados por dois acessos (‘Exposição’ e ‘Nirvana’) de moranga (Cucurbita maxima). (fruit characteristics of ‘Tetsukabuto’ type pumpkin hybrids (‘Jabras’ and ‘Tetsukabuto Kyoto-TK’) pollinated by two squash (Cucurbita maxima) accessions (‘Exposição’ and ‘Nirvana’). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005. Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. (means followed by the same letter within a column are not significantly different according to Tukey’s test at p<0.05). quatro repetições. A semeadura dos acessos polinizadores foi realizada 15 dias antes da semeadura dos híbridos, visando assegurar a sincronia com o período de florescimento destes materiais genéticos (Pessoa, 1998). Os tratos culturais realizados seguiram as mesmas exigências do cultivo da cultura da abóbora, sendo os ramos principais tutorados e os secundários desbrotados. O florescimento iniciou aproximadamente 35 dias após a semeadura. A polinização manual foi realizada diariamente no período da manhã. Foi utilizada a proporção de flores de 1:1, ou seja, uma flor do polinizador para cada flor a ser polinizada, fornecendo assim, condições de igualdade de polinização. Este processo teve duração de aproximadamente 60 dias, quando se procedeu a colheita dos frutos. Após a colheita, os frutos foram avaliados quanto à qualidade e à eficiência de polinização. Foram analisadas as características massa dos frutos (kg), diâmetro dos frutos (cm), espessura da polpa (cm), número de sementes por fruto e massa de sementes secas por fruto (g). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste Tukey em 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os tratamentos (duas cultivares de morangas utilizadas como polinizadores para produção comercial de abóboras tipo ‘Tetsukabuto’) não diferiram esta- tisticamente entre si em nenhuma das variáveis avaliadas (Tabela 1). A massa de frutos variou de 1,19 a 1,35 kg, com frutos variando de 14,27 a 16,06 cm de diâmetro. Estes valores se encontram dentro da média de 1 a 2 kg dos frutos comerciais de abóbora do tipo ‘Tetsukabuto’ (Silva et al., 1999). O diâmetro e a espessura da polpa dos frutos também não diferiram quanto aos polinizadores (Tabela 1). É interessante notar que, embora não significativo, o híbrido ‘Jabras’ produziu maior massa e quantidade de sementes do que o híbrido ‘Tetsukabuto Kyoto’, independente do polinizador utilizado. Os resultados sugerem que o acesso ‘Nirvana’ pode ser utilizado como polinizadora de abóboras do tipo ‘Tetsukabuto’. Este acesso não diferiu da moranga ‘Exposição’ para nenhuma das características avaliadas. A moranga ‘Exposição’ é a cultivar mais utilizada para esta finalidade no Brasil. Por sua vez, ‘Nirvana’ (uma cultivar em fase de validação) é promissora devido a suas características de coloração laranja intensa tanto da casca quanto da polpa dos frutos, contendo teores mais elevados dos pigmentos carotenóides com ação de próvitamina A (alfa e beta-caroteno). ‘Nirvana’ apresenta também um conjunto de boas características organolépticas (textura, sabor e coloração da polpa). O acesso ‘Nirvana’ apresenta-se, desta forma, como uma nova e promissora alternativa aos produtores comerciais de abóboras híbridas, que além de utilizarem essa cultivar como polinizadora, poderão também comercializar seus frutos com preços potencialmente mais elevados. 541 WM Nascimento et al. REFERÊNCIAS AMARANTE CVT; MACEDO AF; ARRUDA AE. 1994. Controle de frutificação em abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’. Agropecuária Catarinense 7: 49-51. BISOGNIN DA. 2002. Origin and evolution of cultivated cucurbits. Ciência Rural 32: 715723. PASQUALETTO A; SILVA NF; ORDONEZ GP; BARCELOS RW. 2001. Produção de frutos de abóbora híbrida pela aplicação de 2,4-D nas flores. Pesquisa Agropecuária Tropical 31: 23-27. 542 PEDROSA JF; ALVARENGA MAR; FERREIRA FA; CASALI VWD. 1982. Abóboras, morangas e abobrinhas: cultivares e métodos culturais. Informe Agropecuário 8: 24-26. PEREIRA W. 1999. Recomendações para a frutificação da abóbora híbrida tipo Tetsukabuto: Uso de polinizadores e reguladores de crescimento de plantas. Brasília: Embrapa Hortaliças. 7p. (Embrapa Hortaliças. Comunicado Técnico, 12). PESSOA HBSV. 1998. Produção de sementes híbridas de abóbora do tipo Tetsukabuto. Brasília: Embrapa-CNPH. 9p. (EmbrapaCNPH. Circular Técnica da Embrapa Hortaliças, 12). ROBINSON RW; DECKER-WALTERS DS. 1997. Cucurbits. CAB International (Crop Production Science in Horticulture n° 6), New York, 226p. SILVA NF; FONTES FCR; FERREIRA FA; CARDOSO A. 1999. Produção de abóbora híbrida em função de doses de fertilizante fórmula 4-14-8. Ciência e Agrotecnologia 23: 454-461. TAVARES CAM. 1999. Abóbora Tetsukabuto. Seed News 13: 24. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 indice analitico / analytical index Abóbora (Cucurbita moschata) (Cucurbita maxima) Produção e marketing .......................................................... 6 Cucurbita maxima como polinizador, Tetsukabuto, qualidade de semente ................................................................... 540 Abobrinha italiana (Cucurbita pepo) Heterogeneidade, precisão experimental, tamanho de parcela, frequencia de colheita ................................................... 35 Tamanho de parcela, ambiente protegido, massa de frutos .... 335 Alface (Lactuca sativa) Sistema de cultivo, consórcio, Lycopersicon esculentum ... 158 Mudas, fertilizante orgânico, substrato ........................... 186 Cobertura do solo, ervas espontâneas, ndívia, leguminosa, ndíviaio, manejo orgânico ............................................... 216 Esterco bovino, uréia, produtividade, acúmulo de nitrato, adubação orgânica .................................................................. 227 Condutividade elétrica, taxa de crescimento, força iônica, solução nutritiva ............................................................... 262 Pendoamento precoce, herdabilidade, tolerante ao calor 354 Condutividade, casca de arroz carbonizada, ndív de minhoca, mudas .......................................................................... 359 Chalara elegans, Thielaviopsis basicola, podridão-negra de raíz ............................................................................... 398 Thielaviopsis basicola, Chalara elegans, resistência genética ................................................................................ 409 Herança, formato de fruto, grupo cereja ......................... 495 Mudas, substratos, fibra de coco, pó de rocha, reciclagem .... 499 Época de plantio, dose de zinco, alface tipo americana, massa fresca ............................................................................ 510 Cultivo protegido, Amazonia, cultivares ......................... 524 Alho (Allium sativum) Puccinia porri, tebuconazole, trifloxistrobin, ferrugem . 268 Pseudoperfilhamento, nutrição, ndíviaio, potássio, cobertura morta ................................................................................. 330 Batata (Solanum tuberosum) Área foliar, medida linear, modelo estatístico .................. 83 Ambiente protegido, mini-tubérculo, adubação nitrogenada . 116 Insecta, Aleyrodidae, mosca-branca, resistência, Bemisia tabaci ................................................................................ 221 Ganho por seleção, herdabilidade, aparência, rendimento ..... 325 Fluorescência de clorofila, transformação genética, resistência a PVY ......................................................................... 383 Batata doce (Ipomoea batatas) Cultivo orgânico, carotenóide, b-caroteno, extrusão ...... 112 Beterraba (Beta vulgaris) Estresse por excesso de água ............................................. 74 Deficiência nutricional, crescimento ............................... 292 Atividade respiratória, metabolismo,processamento mínimo, ácido cítrico, betalaína, betacianina, betaxantina ........... 520 Cebola (Allium cepa) Germinação, vigor, plântula, fisiologia de sementes, maturação de umbela ......................................................... 78 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Rendimento de bulbo, adaptação, genótipos, semi-árido ..... 97 Macho-esterilidade, PCR, híbrido, citoplasma “S”, “T” e “N” ................................................................................ 308 Cultivo orgânico, tipo de solo, adaptação, competição, rendimento, sistema de cultivo ................................................ 476 Cebolinha (Allium fistulosum) Petroselinum crispum, Arracacia xanthorriza Bancroft, razão de área equivalente, consórcio .................................. 287 Cenoura (Daucus carota) Interação genótipo x ambiente, estabilidade fenotípica, densidade de plantio ................................................................ 88 População de planta, minicenoura, rendimento, adubação química e orgânica ........................................................... 276 Componente fenotípico, caracteres agronômicos, seleção recorrente, herdabiliade, â-caroteno ................................... 481 Chicória (Cichorium endivia) Análise de crescimento, agrotêxtil, macronutrientes ........ 50 Eruca sativa, consórcio, rentabilidade, época de plantio 316 Couve-chinesa (Brassica rapa var. chinensis) Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgânica, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibiótico, cobre ....................................................................... 486 Couve de folhas (Brassica oleracea var. acephala) Vigor, solução salina, potencial fisiológico de sementes, envelhecimento de sementes ............................................... 144 Quantificação não destrutiva de clorofila, método colorimétrico, Solanum tuberosum, absorbância, reflectância .................. 471 Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgânica, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibiótico, cobre ....................................................................... 486 Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) Hidrocondicionamento, germinação, vigor, produção ... 165 Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgânica, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibiótico, cobre ....................................................................... 486 Feijão-caupi (Vigna unguiculata) Genótipo x ambiente, qualidade culinária ...................... 404 Produtividade, morfologia vegetal, caupi, rendimento ......... 537 Feijão-fava (Phaseolus lunatus) Adubação orgânica e mineral, produtividade, retorno economico ........................................................................ 251 Hortaliças Produção e marketing .......................................................... 6 Plutella xylostella, controle biológico, parasitóide de ovos, razão sexual ...................................................................... 194 Extrator, micronutriente, fibra de coco, casca de pinus, turfa, disponibilidade de cobre .................................................. 202 Plutella xylostella, controle biológico, parasitismo, ovos, razão sexual, agressividade, traça-das-crucíferas .............. 259 Imigração, introdução de variedades, intercâmbio de germoplasma .................................................................... 428 543 Mini sensor Irrigas, curva de retenção de água, substrato, cultivo sem solo, mudas, porosidade, fibra de coco ............ 504 Sustentabilidade energética, produção orgânica, produtividade, sistema de cultivo ....................................................... 433 Perfil do consumidor, processamento mínimo, pesquisa de mercado ............................................................................ 441 Inhame (Dioscorea cayennensis) Pós-colheita, dormência, emergência, altura de plantas, rizoma-semente ................................................................ 154 Jiló (Solanum gilo) Produção e marketing .......................................................... 6 Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) ..... Allium fistulosum, Petroselinum crispum, razão de área equivalente, consórcio ............................................................ 287 Mangarito (Xanthosoma mafaffa) Nutrição mineral, latossolo vermelho amarelo ............... 102 Maxixe (Cucumis anguria) Produção e marketing .......................................................... 6 Dose de nitrogênio, produtividade, adubação mineral ......... 533 Melancia (Citrullus lanatus) Maytenus ilicifoli,, análise de crescimento, microclima, manejo, poda, intensidade luminosa, Espinheira santa ......... 40 Plantas daninhas, interferência, produtividade ............... 107 Melão (Cucumis melo) Adubação orgânica, irrigação, fertilização, qualidade ..... 15 Processamento mínimo, cloreto de cálcio, quelato aminocálcico, vida útil ....................................................... 56 Cultivo protegido, fibra da casca de coco, produção ...... 197 Manejo da planta, poda, raleio, produtividade, qualidade de fruto, número de frutos, número de folhas ...................... 209 Competição, híbrido, manejo, densidade de plantio, melão pele de sapo ...................................................................... 236 Firmeza de polpa, sólidos solúveis, cátions trocáveis, qualidade de fruto ..................................................................... 271 Matéria seca, cultivo sem solo, densidade de plantio, carga de frutos, relação fonte:dreno .......................................... 342 Condutividade elétrica, matéria fresca, carga de frutos, concentração salina ................................................................ 348 Rizoctoniose, resistência genética ................................... 401 Crescimento, acúmulo de N, P e K, água salina, matéria seca ................................................................................... 452 Processamento mínimo, tratamento químico, respiração, parâmetro físico ............................................................... 458 Conservação pós-colheita, melão Charentais, 1-MCP, refrigeração, atmosfera modificada, etileno, filme plástico ............... 464 Melão rendilhado, profundidade de gotejo, cobertura morta, produtividade, conservação pós-colheita ........................ 447 Morango (Fragaria x ananassa) Sólidos solúveis, acidez titulável, sabor, caracterização química .................................................................................. 371 PALMITO Jussara (Euterpes edulis) Porcentagem de germinação,sombreamento, índice de velocidade de emergência ....................................................... 492 544 Pupunha (Bactris gasipaes) Altura, fitomassa, relação fitométrica, área foliar .......... 138 Pepino (Cucumis sativus) Monóico, ginóico, biologia reprodutiva, florescimento, viabilidade de pólen, fecundação, hormonio ......................... 30 Diaphania nitidalis, resíduo de agrotóxico, deltametrina, broca-das-cucurbitáceas ........................................................ 321 Pimenta longa (Piper hispidinervum) Micropropagação, semente artificial, unidade encapsulável, alginato de sódio, carvão ativado ...................................... 93 Pimentão (Capsicum annuum) Manejo, ambiente protegido, modelo de cultivo em Manaus 121 Cera, filme de PVC, refrigeração, pós-colheita .............. 170 Plantas medicinais Egletes viscosa, macela, óleo essencial, extrato etanólico, extrato clorofórmico, época de colheita ............................ 26 Mentha arvensis, menta, nutrientes, hidroponia, solução nutritiva .................................................................................. 61 Etnobotânica, fitoterapia, Amazônia ............................... 244 Lippia sidoides, alecrim-pimenta, micropropagação, regulador de crescimento, propagação in vitro, segmento nodal ........ 255 Melissa officinalis, melissa, manejo, adubação nitrogenada, biomassa, altura de corte ................................................. 312 Pfaffia glomerata, fáfia, ginseng brasileiro, propagação, crescimento ............................................................................. 375 Cymbopogon citratus, capim-limão, Cymbopogon flexuosus, manejo, intervalo de corte, capim limão ......................... 379 Pfaffia glomerata, fáfia, biomassa, b-ecdisona, sazonalidade de produção ...................................................................... 393 Plantas ornamentais Ananas comosus var. erectifolius, abacaxi ornamental, cultura de tecidos, enraizamento, multiplicação ....................... 45 Aechmea blanchetiana, bromélia, adubação foliar, nitrato de potássio, aclimatização, cultivo in vitro .......................... 175 Aster ericoides, aster, latossolo, nutrição mineral, estufa, adubação nitrogenada e potássica ......................................... 190 Dendrathema grandiflorum, crisântemo, Liriomyza spp, manejo de inseto, composto silicatado ................................. 240 Rosa sp., rosa, exportação de nutrientes, ambiente protegido CC1763 Rosa sp., rosa, densidade de plantio, número de drenos em vaso, produtividade, ambiente protegido ........................ 528 Repolho (Brassica oleracea var. capitata) Vigor, solução salina, potencial fisiológico de sementes, envelhecimento de sementes ............................................... 144 Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgânica, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibiótico, cobre ....................................................................... 486 Rúcula (Eruca sativa) Chicorium ndívia, consórcio, rentabilidade, época de plantio .. 316 Salsa (Petroselinum crispum) Allium fistulosum, Arracacia xanthorriza Bancroft, razão de área equivalente, consórcio ............................................. 287 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Urucu (Bixa orellana) Germinação, vigor de sementes, dormência, envelhecimento acelerado, maturação de sementes .................................... 19 Taioba (Xanthosoma sagittifolium) Produção e marketing .......................................................... 6 Taro (Colocasia esculenta) Avena strigosa, plantio direto, cama de aviário, produção orgânica ............................................................................... 149 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Tomate (Lycopersicon esculentum) Sistema de cultivo, consórcio, Lactuca sativa ................ 158 Tutoramento, severidade de doença, danos por insetos, sistema de condução ................................................................ 180 Caixa K, dano pós-colheita, dano físico, tomate de mesa231 Tabela de vida da cultura, podridão apical, manejo de pragas, ambiente protegido .......................................................... 281 Marcador RAPD, descritor morfológico, descritor multicatogórico ................................................................ 364 545 agradecimentos aos revisores / thanks to reviewers Ademar Pereira de Oliveira ................................... UFPB-PB Adriana Ramos ...................................................... Ilheus-BA Adriano Bandelli .............................................. VORTEX-RS Adriano do Nascimento Simões ............................. UFV-MG Agostinho Dirceu Didonet ....... Embrapa Arroz e Feijão-GO Alessandra Mayumi Tokura .................................. UNIDERP Alice Maria Quezado Duval ........... Embrapa Hortaliças-DF Alice Nagata .................................... Embrapa Hortaliças-DF Alineaurea Florentino Silva ................ Embrapa Semi-Árido Álvaro Vilela de Resende ................. Embrapa Cerrados-DF Amauri Alves de Alvarenga ................................. UFLA-MG Amauri Bogo ....................................................... UDESC-SC Ana Christina Brasileiro Vidal .............................. UFPE-PE Ana Maria Resende Junqueira ................................. UnB-DF Ancélio Ricardo de Oliveira Gondim ................. UNESP-SP Anderson Fernando Wamser ............................. EPAGRI-SC Angela Maria Ladeira .................... Instituto de Botânica-SP Angela Maria Soares ............................................ UFLA-MG Antonia dos Reis Figueira ................................... UFLA-MG Antonio Carlos Maringoni ................................... UNESP-SP Antônio Ismael Inácio Cardoso ........................... UNESP-SP Antonio Nolla ........................................................ Toledo-PR Arie Fitzgerald Blank ............................................... UFS-SE Arione da Silva Pereira ....... Embrapa Clima Temperado-RS Armando Reis Tavares ................... Instituto de Botânica-SP Atelene Normann Kämpf Consultoria Normann Kämpf-RS Auri Brackmann .................................................... UFSM-RS Candido Athayde Sobrinho ............. Embrapa Meio Norte-PI Carlos Alberto Aragão ......................................... UNEB-BA Carlos Alberto Simões do Carmo ................... INCAPER-ES Carlos Eduardo Ferreira de Castro ........................... IAC-SP Carlos R F Grosso ................................................ UNESP-SP Carlos Roberto Bueno ........................................... INPA-AM Caroline Jacome Costa ..................... Embrapa Cerrados-DF Cesar Augusto Brasil Pereira Pinto ..................... UFLA-MG Cesar Bauer Gomes ............ Embrapa Clima Temperado-RS Charles Martins de Oliveira .............. Embrapa Cerrados-DF Cláudia Pombo Sudré ............................................ UENF-RJ Claudio Sanzonowicz ....................... Embrapa Cerrados-DF Cristiaini Kano .......................................................... IAC-SP Cristina Duda de Oliveira .................................... UNESP-SP Cynthia Torres de Toledo Machado . Embrapa Cerrados-DF Daniela Lopes Leite ............ Embrapa Clima Temperado-RS Derly J. H. da Silva ................................................. UFV-MG Diego Resende de Queirós Pôrto ........................ UNESP-SP Dilermando Perecin ............................................. UNESP-SP Dirceu Pratissoli ..................................................... UFES-ES Eder Pereira Gomes ................................................ UEM-PR 546 Edison Ryoiti Sujii ........................... Embrapa Cenargen-DF Edmilson José Ambrosano ....................................... IAC-SP Edson Hiydu Mizobutsi ......................................................... Eduardo Dal´Ava Mariano ............................. UNICAMP-SP Egídio Bezerra Neto ............................................ UFRPE-PE Eliana Paula Fernandes Brasil ................................ UFG-GO Elizanilda Ramalho de Rego ................................. UFPB-PB Eloisa Aparecida Belleza Ferreira ......... Embrapa Cerrados-DF Ernani Clarete da Silva ........................................ UFLA-MG Evander Alves Ferreira ....................................... UEMC-MG Fernando Campos Mendonça ..... Embrapa Pecuária Sudeste-SP Fernando Luiz Finger ............................................. UFV-MG Flávia Cristina dos Santos ................ Embrapa Cerrados-DF Flavia França Teixeira ............ Embrapa Milho e Sorgo-MG Francisco C. Maia Chaves ... Embrapa Amazonia Ocidental-AM Francisco L. A. Câmara ....................................... UNESP-SP Francisco Vilela Resende ................ Embrapa Hortaliças-DF Gabriel Belfort Rodrigues ................................... UFLA-MG Georgea Rita Burck Duarte ................................. Pelotas-RS Geovani Bernardo Amaro ............... Embrapa Hortaliças-DF Geraldo Milanez de Resende .............. Embrapa Semi-Árido Germani Concenço ................................................. UFV-MG Germano Leão Demolin Leite ............................ UFMG-MG Gil Rodrigues dos Santos ........................................ UFT-TO Giovani Olegário Silva ................... Embrapa Hortaliças-DF Gisele Rodrigues Moreira ...................................... Vitória-es Glauber Henrique de Souza Nunes ................. UFERSA-RN Haydée Siqueira Santos ....................................... UNESP-SP Hélcio Costa .................................................... INCAPER-ES Helio Grassi Filho ................................................UNESP-SP Helvécio De-Polli ....................... Embrapa Agrobiologia-RJ Ignácio Aspiazú ....................................................... UFV-MG Ítalo Ludke ...................................... Embrapa Hortaliças-DF Itamar Rosa Teixeira ............................................... UEG-GO Izabel Cristina do Santos ................................ EPAMIG-MG Jacimar Luis de Souza .................................... INCAPER-ES Jackson Kawakami ............................................... UEPG-PR Jadir Borges Pinheiro ...................... Embrapa Hortaliças-DF Jeandson Silva Viana ............................................. UFPB-PB Jesus G. Töfoli .................................... Instituto Biológico-SP Joao Batista Duarte ................................................. UFG-GO Joao Batista Vida ..................................................... UEM-PR João Ito Bergonci ................................................ UFRGS-RS Joaquim Gonçalves de Pádua ......................... EPAMIG-MG Jonny Everson Scherwinski ............. Embrapa Cenargen-DF Jony Eishi Yuri ............................................. UNINCOR-MG José Alberto Caram de Souza Dias .......................... IAC-SP José Carlos Lopes .................................................. UFES-ES Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 José de Barros de França Neto ................. Embrapa Soja-PR José Guilherme Marinho Guerra ...... Embrapa Agrobiologia-RJ José Hortêncio Mota ............................................ UFGD-MS José Lindorico Mendonça ............... Embrapa Hortaliças-DF José Maria Pinto ............................ Embrapa Semi-Árido-PE José Ricardo Peixoto ................................................ UnB-DF Juan Saavedra del Aguila .................................... ESALQ-SP Juliano Tadeu Vilela de Resende ............. UNICENTRO-PR Jurandi Gonçalves de Oliveira .............................. UENF-RJ Juscelino Antonio Azevedo .............. Embrapa Cerrados-DF Juvenil Cares ............................................................ UnB-DF Leandro Borges Lemos ........................................UNESP-SP Leilson Costa Grangeiro .................................. UFERSA-RN Leonora Mansur Mattos .................. Embrapa Hortaliças-DF Lindamir Hernandez Pastorini .................................. URI-RS Luciana M. de Carvalho . Embrapa Tabuleiros Costeiros-SE Luciane Vilela Resende ....................................... UFLA-MG Luciano Esteves Peluzio ......................................... UFV-MG Luiz Alexandre Peternelli ....................................... UFV-MG Luiz Antonio Augusto Gomes ............................. UFLA-MG Luiz Antonio Biasi ................................................. UFPR-PR Luiz Carlos Prezotti ........................................ INCAPER-ES Luiz Carlos S. Caetano ........................................ Pesagro-RJ Luiz Vitor Egas Villela Junior ................................ FAEF-SP Marcelo Tavares ..................................................... UFU-MG Marcia de Nazare O Ribeiro ................................ UFLA-MG Marciel João Stadnik ............................................. UFSC-SC Marcos Aurelio Carolino de Sá ........ Embrapa Cerrados-DF Marcos David Ferreira ................................... UNICAMP-SP Maria Aico Watanabe .............. Embrapa Meio Ambiente-SP Maria Aparecida Nogueira Sediyama .................... UFV-MG Maria Cristina Rocha Cordeiro ........ Embrapa Cerrados-DF Maria de Fátima Guimarães .................................... UEL-PR Maria Esmeralda Soares Payão Demattê ............ UNESP-SP Maria José Granate ................................................. UFV-MG Maria Nilda Lofego Otoboni ............................... UNESP-SP Maria Zuleide de Negreiros ............................. UFERSA-RN Marina Castelo Branco ................... Embrapa Hortaliças-DF Marinalva Woods Pedrosa .................................. Viçosa-MG Marinice Oliveira Cardoso .. Embrapa Amazonia Ocidental-AM Mario Puiatti ........................................................... UFV-MG Marisa Toniolo Pozzobon ................ Embrapa Cenargen-DF Marta Simone Mendonça Freitas .......................... UENF-RJ Maryzélia Furtado de Farias ............................ São Luis-MA Mauricio Jose Fornazier ................................. INCAPER-ES Maurício Ursi Ventura ............................................. UEL-PR Max José de A. Faria Júnior ................................ UNESP-SP Miguel Michereff Filho ................... Embrapa Cenargen-DF Milza Moreira Lana ........................ Embrapa Hortaliças-DF Mírian Josefina Baptista ................. Embrapa Hortaliças-DF Mirtes Freitas Lima ......................... Embrapa Hortaliças-DF Monalisa Alves Diniz da Silva .................... Uberlandia-MG Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Monica Ferreira de Abreu ......................................... IAC-SP Mônica Sartori de Camargo ...................................... IAC-SP Nand Kumar Fageria ................ Embrapa Arroz e Feijão-GO Natan Fontoura da Silva ......................................... UFG-GO Nei Peixoto .............................................................. UEG-GO Nestor Antonio Heredia Zarate............................ UFMS-MS Nilson Borlina Maia ................................................. IAC-SP Nilton Rocha Leal .................................................. UENF-RJ Norberto da Silva ................................................. UNESP-SP Nuno Rodrigo Madeira ................... Embrapa Hortaliças-DF Obertal da S. Almeida ........................................... UESB-BA Olinda Maria Martins ...................... Embrapa Cenargen-DF Onkar Dev Dhingra ................................................. UFV-MG Oscar José Smiderle ........................... Embrapa Roraima-RR Osmar Rodrigues Brito ............................................ UEL-PR Pablo Forlan Vargas ............................................ UFMG-MG Paulo Antônio de Souza Gonçalves .................. EPAGRI-SC Paulo Roberto R. Chagas .... Centro de Pesq.Mokiti Okada-SP Paulo Sérgio Lima e Silva ............................... UFERSA-RN Pedro Dantas Fernandes ....................................... UFCG-PB Raquel R. B. Negrelle ............................................ UFPR-PR Regina Maria Monteiro de Castilho .................... UNESP-SP Renata da Silva Brant ............................ UNIMONTES-MG Renato Amabile ................................. Embrapa Cerrados-DF Ricardo Antonio Ayub .......................................... UEPG-PR Ricardo Monteiro Corrêa ..................................... UFLA-MG Rita de Cássia Mirella Resende ........................... UFLA-MG Roberta Marins Nogueira Peil ............................. UFPEL-RS Ronaldo Setti de Liz ....................... Embrapa Hortaliças-DF Rosana Fernandes Otto ......................................... UEPG-PR Rubens Duarte Coelho .............................................. USP-SP Rui Sales Júnior ............................................... UFERSA-RN Sally Ferreira Blat ..................................................... IAC-SP Sami J. Michereff ................................................. UFRPE-PE Sebastião Elviro de Araújo Neto ....... Univ.Fed.do Acre-AC Sebastião Wilson Tivelli ........................................... IAC-SP Semíramis Rabelo R. Ramos .... Embrapa Clima Temperado-RS Shizuo Seno .......................................................... UNESP-SP Siegfried Mueller ............................................... EPAGRI-SC Silvaldo Felipe da Silveira ..................................... UENF-RJ Silvio Tavares ............................................................ IAC-SP Simone Costa Mello ........................................... ESALQ-SP Sissi Kawai Marcos .................................................. FEB-SP Tânia Beatriz G.A. Morselli ................................. UFPEL-RS Tatiana da Silva Duarte ......................................... UFSM-RS Thales Vinicius de Araujo ........................................ UFC-CE Thiago Leandro Factor ............................................. IAC-SP Valéria Aparecida Modolo ........................................ IAC-SP Wagner Bettiol ........................ Embrapa Meio Ambiente-SP Waldir Marouelli ............................. Embrapa Hortaliças-DF Waldo Alejandro Ruben Lara Cabezas ..................... IAC-SP 547 indice dos autores / index of authors Abreu CA ....................................... 202 Abreu MF ....................................... 202 Aguiar FFA ........................... 175; 492 Albertini S ...................................... 458 Almeida AHB ................................... 15 Almeida DL ................... 112; 149; 216 Almeida GC ....................................... 6 Alves AM ....................................... 528 Alves AU ............... 154; 251; 292; 533 Alves DS ........................................ 102 Alves EO ........................................ 471 Alves EU ....................... 154; 251; 533 Alves JC ......................................... 227 Alves LS ......................................... 107 Alves RE ................................. 56; 464 Amarante CVT ............................... 471 Anderson MD ..................................... 6 Andrade DEGT .............................. 401 Anjos RSB ...................................... 186 Araújo JF ........................................ 476 Araújo ML ...................................... 364 Araújo RC ...................................... 227 Argandoña EJS ............................... 371 Arrigoni-Blank MF ........................ 255 Arruda FB ...................................... 330 Arruda JA ....................................... 227 Ascheri JLR .................................... 112 Azevedo BM .................................. 528 Bacarin MA .................................... 383 Bacchis S ........................................ 348 Backes C ......................................... 515 Bandeira DA .................................. 486 Banzatto DA ..................................... 88 Baptista GC .................................... 321 Barbosa JC .............................. 50; 158 Barros FLS ..................................... 240 Barros GAA ................................... 404 Barros ZJ ............................................ 6 Becker WF ..................................... 180 Begiato GF ..................................... 458 Belisário DRS ................................ 107 Beltrame Neto E ............................. 447 Bento CS ........................................ 364 Bezerra AME ................................... 26 Bezerra Neto F ............................... 236 Binoti ML ....................................... 441 548 Bisognin DA .................................. 471 Blank AF ........................................ 255 Blat SF ............................................ 398 Boiteux LS ..................................... 540 Borges RD ...................................... 186 Bovi MLA ...................................... 138 Bovi OA ........................ 312; 375; 379 Braga EJB....................................... 383 Braz LT .................................... 88; 197 Calábria IP ...................................... 276 Calbo AG ........................................ 504 Camargo CK .................................. 371 Camargo GGT ................................ 231 Camargo LKP ................................ 371 Camargo MS ......................... 190; 330 Caramori PH .................................... 40 Cardoso EA .................................... 251 Carmello QAC ............................... 190 Carpes RH ............................... 35; 335 Carrijo OA ...................................... 504 Carvalho FIF .................................. 325 Casali VWD ................................... 433 Cassol D ......................................... 383 Castoldi R ....................................... 197 Cavalcante Neto JG ....................... 186 Cecilio Filho AB ..... 50; 158; 292; 316 Cecon PR ....................... 216; 433; 464 Ceddia MB ..................................... 216 Charlo HCO ................................... 197 Chaves SWP ................................... 447 Chu EP ........................................... 175 Coelho RD ...................................... 447 Coimbra KG ................................... 540 Collier LS ....................................... 359 Cometti NN .................................... 262 Corrêa Júnior C .............................. 393 Cortez DAG ................................... 393 Costa AS ......................................... 255 Costa CA ............................... 102; 499 Costa CC ........................................ 316 Costa CJ ......................................... 144 Costa CP ................................ 398; 409 Costa FHS ........................................ 93 Costa ND ................. 97; 308; 388; 476 Costa RNT ........................................ 74 Cruz IB ........................................... 441 Cruz IS .................................. 154; 251 Daher RF ........................................ 364 Dalvi LP ......................................... 194 Dias JRPS ....................................... 458 Dias NS .......................................... 452 Diola V ............................................. 30 Diotto AV ....................................... 138 Dornelas CSM ................................ 251 Duarte SR ....................................... 452 Duarte TS .............................. 342; 348 Duda CD ........................................... 88 Durigan JF ...................................... 170 Espindola JAA ...................... 149; 216 Fabri EG ......................................... 398 Falqueto AR ................................... 383 Feijó S .............................................. 35 Feitosa SS ....................................... 359 Feltrim AL ............................... 50; 158 Fernandes DM ......................... 68; 515 Fernandes EC ................................. 268 Fernandes JB .................................. 537 Fernandes LA ........................ 102; 499 Fernandes MS ................................ 262 Fernandes PD ................................. 452 Ferraz ACO .................................... 231 Ferraz MGS .................................... 404 Ferraz P .......................................... 447 Ferreira EA ....................................... 45 Ferreira HA .................................... 186 Ferreira MD ................................... 231 Ferreira MGR ................................. 244 Figueiredo MA ................................. 45 Finger FL ................................... 6; 464 Folegatti MV .................................. 138 Foltran DE ...................................... 330 Fonseca IM ..................................... 292 Fonseca MJO ................................. 112 Fontes PCR ............. 83; 116; 209; 281 Franco AA ...................................... 321 Franco ATO .................................... 231 Freire Junior M .............................. 112 Freitas KCS .................................... 186 Freitas RA ............................... 78; 540 Fritsche Neto R .............................. 325 Furlan RA ....................................... 528 Furlani PR ...................................... 202 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Galati VG ....................................... 170 Galvão H ............................................ 6 Gama AS ............................... 121; 524 Garcia DC ........................................ 35 Gassi RP ......................................... 287 Gheyi HR ....................................... 452 Giampaoli P ................................... 175 Giordano LB .................................. 428 Godim ARO ................................... 292 Godoy LJG ..................................... 515 Gomes AMA .................................. 486 Gomes LAA ................................... 359 Gonçalves LSA .............................. 364 Grangeiro LC .......................... 97; 158 Guedes RS ........................................ 93 Guerra JGM ........................... 149; 216 Guerra MP ........................................ 30 Guilherme DO ................................ 499 Guimarães MA ............................... 116 Heredia Zárate NA ......................... 287 Hiroce R ......................................... 330 Holtz AM ........................................ 194 Jacomino AP .................................. 520 Johansson LAPS .............................. 40 Junqueira KP .................................... 45 Kanashiro S ........................... 175; 492 Kikuti ALP ..................................... 165 Kluge RA ....................................... 520 Lani ERG ....................................... 116 Ledo AS .......................................... 255 Leeuwen R ..................................... 316 Leite DL ......................................... 308 Leonardo FAP ....................... 154; 533 Levien SLA .................................... 271 Lima CP ......................................... 515 Lima HN ......................................... 121 Lima MAC ..................................... 476 Lima MR ........................................ 244 Lima RV ........................................... 19 Liz RS ............................................. 504 Loges V .......................................... 354 Loos RA ......................................... 281 Lopes JC ........................................... 19 Lopes MTG ........................... 121; 524 Lopes R .......................................... 524 Lopes SJ .................................. 35; 335 Lorentz LH ..................................... 335 Lourenção AL ................................ 221 Lucio AC .......................................... 35 Lúcio AD ........................................ 335 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Ludwig F .......................................... 68 Luz JMQ ......................................... 276 Macedo CMP ................................... 19 Machado FLCM ............................... 56 Machado GM ................................. 441 Maciel CDG ................................... 107 Maciel GM ..................................... 495 Madeira NR .................................... 428 Maia NB ................................ 375; 379 Mangan FX ........................................ 6 Marchese A .................................... 371 Marcos Filho J ................................ 165 Mariano RLR ................................. 486 Mario M ......................................... 379 Martins ER ..................................... 102 Martins Filho S .............................. 240 Martins FM .................................... 107 Mary W .......................................... 262 Matias GCS .................................... 262 May A ............................ 312; 375; 186 Medeiros DC .................................. 186 Medeiros Filho S .............................. 26 Medeiros JF ..................... 15; 271; 452 Medeiros SLP ................................... 61 Mello SC ........................................ 190 Melo B ............................................ 276 Melo PCT ....................................... 447 Mendonça AB ................................ 255 Mendonça RU .................................... 6 Menezes JB .................................... 464 Mesquita LX .................................. 236 Michereff S .................................... 401 Miguel ACA ................................... 458 Milagres CP.................................... 524 Ming LC ......................................... 393 Miranda Filho HS .......................... 221 Miranda LV ...................................... 40 Miranda NO ................................... 271 Monteiro ROC ............................... 447 Montezano EM ............................... 342 Moraes ARA ......................... 375; 379 Morais H........................................... 40 Moreira M .......................................... 6 Moreira MA ................................... 116 Moretti CL ...................................... 520 Morgado CMA ............................... 170 Mota PRD ........................................ 68 Moulin MM .................................... 364 Moura MF ...................................... 154 Mueller S ........................................ 180 Nascimento WM ..................... 78; 540 Ness RLL ......................................... 74 Nunes GHS .................... 97; 186; 236; Nunes SV ........................................... 6 Ogassavara FO ............................... 170 Oliveira ANP ................. 154; 251; 533 Oliveira AP .................... 154; 251; 533 Oliveira CAS .................................. 504 Oliveira FF ..................................... 216 Oliveira FL ..................................... 149 Oliveira FN .................................... 537 Oliveira KC .................................... 236 Oliveira LDM ................................... 26 Oliveira RC .................................... 537 Oliveira RGS .................................. 240 Oliveira VR .................................... 308 Orth AI ............................................. 30 Padua Junior AL ............................. 202 Paludo AL ...................................... 335 Pasqual M ......................................... 45 Passos RR ....................................... 240 Paulus D ........................................... 61 Paulus E ............................................ 61 Paye HS .......................................... 240 Peil RMN .............................. 342; 348 Pereira AS ...................................... 325 Pereira EWL ................................... 236 Pereira JES ....................................... 93 Pereira MG ..................................... 364 Pereira TNS .................................... 364 Pereira VA ...................................... 240 Perez R ........................................... 441 Peters JA ........................................ 383 Picanço MC .................................... 281 Piedade SMS .................................. 447 Pinheiro MQ .................. 312; 375; 379 Pinto JM ......................................... 388 Polanczyk RA ....................... 194; 240 Poletine JP ...................................... 107 Pontim BCÁ ................................... 287 Pôrto ML ........................................ 227 Prado RM ....................................... 292 Pratissoli D ............................ 194; 240 Pria MD .......................................... 268 Puiatti M ........................ 116; 209; 464 Quast A ........................................... 287 Queiroga RCF ................................ 209 Ramos A ......................................... 138 Ramos AM ..................................... 441 Ramos DP ...................................... 492 549 Ramos SJ ............................... 102; 499 Ramos VJ ....................................... 221 Rech J ............................................. 287 Reifschneider FJB .......................... 428 Resende GM .................. 388; 510; 476 Resende JTV .................................. 371 Resende LV .................................... 354 Rezende BLA .................. 50; 158; 316 Rezende JC ....................................... 45 Ribeiro RLD .......................... 149; 216 Ricci MSF ...................................... 216 Rocha JN .......................................... 40 Rodrigues AC ................................. 359 Rodrigues IN .................................. 524 Rodrigues MA ................................ 308 Rodrigues R .................................... 364 Sacconi LV ..................................... 312 Sala FC .................................. 398; 409 Sales Júnior R ....................... 236; 401 Sampaio Júnior JD ......................... 116 Sampaio RA .......................... 102; 499 Samra AG ....................................... 312 Sanches J ........................................ 170 Santana DG .................................... 276 Santos CAF ............. 97; 308; 404; 476 Santos FC ......................................... 45 Santos GM ........................................ 97 Santos ICCN .................................. 404 Santos ICN ..................................... 308 Santos JP ........................................ 180 Santos LA ....................................... 486 Santos MRA ................................... 244 Santos RHS .................................... 433 Santos RR ....................................... 533 550 Santos VF ....................................... 354 Sasaki FF ........................................ 520 Sawasaki HE .................................. 330 Schammass EA .............................. 221 Schmitz DD .................................... 383 Schmitz GCB ................................... 93 Shirahige FH .................................. 447 Silva AF .......................................... 194 Silva DF ......................................... 533 Silva DJH ....................................... 281 Silva EC ......................................... 495 Silva EE .......................................... 149 Silva EO ........................................... 56 Silva GO ................................ 325; 481 Silva GS ......................................... 158 Silva JP ........................................... 486 Silva LA ........................................... 74 Silva LN ......................................... 194 Silva MAD ..................................... 276 Silva MCC ................................. 15; 83 Silva MS ......................................... 221 Silva RA ......................................... 321 Silva RAN .......................................... 6 Silva VV ......................................... 149 Silveira EB ..................................... 486 Silveira ER ....................................... 26 Soares AG ...................................... 112 Sousa PHM .................................... 441 Sousa VF ........................................ 528 Souto TA ........................................ 354 Souza AP ........................................ 227 Souza JL ......................................... 433 Souza JO .................................... 15; 97 Souza JRP ........................................ 40 Souza MCM ................................... 354 Souza PA ........................................ 464 Souza RJ ......................................... 510 Souza VQ ....................................... 325 Souza-Dias JAC ............................. 221 Spoto MHF ..................................... 458 Steffens CA .................................... 471 Storck L ................................... 35; 335 Strassburger AS .............................. 348 Sudré CP ......................................... 364 Tavares AR ............................ 175; 492 Tavares M ....................................... 231 Teixeira LD .................................... 398 Teixeira WG ................................... 121 Torres AC ....................................... 383 Torres SB ........................................ 537 Trani PE .......................................... 330 Trevizan LRP ................................. 321 Trzeciak MB ................................... 144 Vargas PF ....................................... 197 Vasconcelos JP ................................. 74 Velini ED ........................................ 107 Veras FS ......................................... 186 Viana RG .......................................... 83 Viana TVA ...................................... 528 Vieira JV................................ 276; 481 Vieira MC ....................................... 287 Villala FA ....................................... 144 Villas Bôas RL ......................... 68; 515 Vitti MCD ...................................... 520 Wamser AF ..................................... 180 Yuri JE ............................................ 510 Zagonel J ........................................ 268 Zanardi OZ ..................................... 471 Zonta E ........................................... 262 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 normas para publicação / instructions to authors NORMAS PARA PREPARAÇÃO E SUBMISSÃO DE TRABALHOS GUIDELINES FOR PREPARATION AND SUBMISSION OF PAPERS O periódico Horticultura Brasileira é a revista oficial da Associação Brasileira de Horticultura. Horticultura Brasileira destina-se à publicação de artigos técnico-científicos que envolvam hortaliças, plantas medicinais, condimentares e ornamentais e que contribuam significativamente para o desenvolvimento desses setores. O periódico Horticultura Brasileira é publicado a cada três meses. Os artigos podem ser enviados e/ou publicados em português, inglês ou espanhol. Para publicar em Horticultura Brasileira é necessário que o primeiro autor do trabalho seja membro da Associação Brasileira de Horticultura (ABH) ou das Associações Nacionais com que a ABH mantenha Acordo de Reciprocidade, e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Trabalhos em que o primeiro autor não cumpra os requisitos acima também poderão ser submetidos. Neste caso, é necessário que seja recolhida a taxa de tramitação ampliada, tão logo o trabalho seja aceito para revisão. Os trabalhos enviados para Horticultura Brasileira devem ser originais, ainda não relatados ou submetidos à publicação em outro periódico ou veículo de divulgação. Está também implícito que os aspectos éticos e o atendimento à legislação vigente do copyright tenham sido observados durante o desenvolvimento do trabalho. Após a submissão à Horticultura Brasileira e até o final de sua tramitação, é vedada a submissão do trabalho, em todo ou em parte, a qualquer outro periódico ou veículo de divulgação. Caso o trabalho seja aceito para publicação, Horticultura Brasileira adquire o direito exclusivo de copyright para todas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos publicados sem autorização por escrito da Comissão Editorial. O periódico Horticultura Brasileira é composto das seguintes seções: 1. Artigo convidado: tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial; 2. Carta ao Editor: assunto de interesse geral. Será publicada a critério da Comissão Editorial que poderá, ainda, submetê-la ao processo de revisão; 3. Pesquisa: artigo relatando informações provenientes de resultados originais de pesquisa obtidos por meio de aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; 4. Comunicação Científica: comunicação ou nota científica relatando informações originais resultantes de observações de campo ou provenientes de experimentos menos complexos, realizados com aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; 5. Página do Horticultor: trabalho original referente a resultados de utilização imediata pelo setor produtivo como, por exemplo, ensaios originais com agrotóxicos, fertilizantes ou competição de cultivares, realizados com aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; Horticultura Brasileira is the official journal of the Brazilian Association for Horticultural Science. Horticultura Brasileira publishes papers on vegetable crops, medicinal and condimental herbs, and ornamental plants. Papers that give a significant contribution to the scientific and technological development of horticultural crops are highly appreciated. Horticultura Brasileira is published quarterly and accepts and/ or publishes papers in English, Portuguese, and Spanish. For the paper to be eligible for publication, first author must be member of the Brazilian Association for Horticultural Science (ABH) or of a National Horticultural Association with which ABH possesses a Reciprocity Agreement, in both cases with the annual fee paid. In case first author does not fall into the previous categories, papers may be still submitted, regarding that the broad processing fee is paid as soon as the manuscript is considered accepted for reviewing. Horticultura Brasileira publishes original papers, which have not been submitted to publication elsewhere. It is implicit that ethical aspects and fully compliance with the copyright laws were observed during the development of the work. From submission up to the end of the reviewing process, partial or total submission elsewhere is forbidden. With the acceptance for publication, publishers acquire full and exclusive copyright for all languages and countries. Unless the publishers grant special permission, no photographic reproductions, microform, and other reproduction of a similar nature may be made of the journal, of individual contributions contained therein or of extracts therefrom. Horticultura Brasileira has the following sections: 1. Invited paper: papers dealing with topics that arouse interest, invited by the Editorial Board; 2. Letter to the Editor: deals with a subject of general interest. The Editorial Board makes a preliminary evaluation and can accept or reject it, as well as submit it to the reviewing process; 3. Research: paper describing an original study, carried out under strict scientific methods. The reproducibility of studies should be clearly demonstrated; 4. Scientific Communication: communication or scientific note, reporting field observations or results of less complex original studies, carried out under strict scientific methods. The reproducibility of studies should be clearly demonstrated; 5. Grower’s page: original communication or short note describing information readily usable by farmers, as for example, results from studies regarding the evaluation of pesticides or fertilizers, or cultivar comparative performance. Such studies must have been carried out under strict scientific methods and their reproducibility should be clearly demonstrated; Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 551 6. Nova Cultivar: relato de novas cultivares e germoplasma, contendo origem, descrição e disponibilidade, com dados comparativos. Submissão dos trabalhos O texto deve ser composto em programa Word 6.0 ou versão superior, em espaço 1,5, fonte Times New Roman, tamanho doze. Páginas e linhas devem ser numeradas. Adicione ao final do texto todos os demais componentes do trabalho (figuras, tabelas e gráficos). Formate o arquivo para página A4 e toda as margens para 3 cm, imprima e envie uma cópia. Inclua também um CD contendo o arquivo do trabalho. Imagens de baixa resolução não serão aceitas. Os trabalhos deverão ter no máximo 16 laudas (36.000 caracteres, excluindo os espaços). Se forem necessárias orientações quaisquer que não estejam relacionadas aqui, entre em contato com a Comissão Editorial ou consulte os últimos números de Horticultura Brasileira. Os trabalhos submetidos entrarão em tramitação somente se: 1. estiverem acompanhados da anuência de todos os autores, que devem assinar a carta de encaminhamento ou a primeira página do trabalho. Caso um ou mais autores não possa(m) assinar, a razão deve ser mencionada na carta de encaminhamento. Neste caso, o autor correspondente deverá se responsabilizar pela(s) anuência(s) faltante(s). Mensagens eletrônicas da anuência ou cópias gráficas destas serão aceitas, desde que indubitavelmente enviadas da conta eletrônica de quem as concedeu; 2. estiverem em total acordo com estas normas; 3. forem considerados aptos para tramitação pelo Editor Associado. Quando aceito para tramitação, o autor correspondente receberá uma mensagem eletrônica e será solicitado o recolhimento da taxa de tramitação, no valor de R$ 55,00, quando o primeiro autor for associado à ABH e estiver com a anuidade em dia; ou da taxa de tramitação ampliada, no valor de R$ 295,00, quando o primeiro autor não é associado da ABH. Trabalhos rejeitados não serão devolvidos. A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Título: limitado a 15 palavras ou 90 caracteres, excluindo os espaços. Utilize nomes científicos somente quando as espécies em questão não possuírem nomes comuns no idioma utilizado no trabalho; 2. Nome dos autores: nome(s) próprio(s) completo(s) do(s) autor(es). Abrevie somente o(s) sobrenome(s) intermediário(s). Por exemplo, José Maria Fontana Cardoso, deve aparecer como José Maria F Cardoso. Utilize números super-escritos para relacionar autor(es) e endereço(s). Observe o padrão nos números mais recentes de Horticultura Brasileira; 3. Endereço dos autores: nome da instituição e departamento, instituto, faculdade ou similar, quando for o caso, com endereço completo para correspondência, de todos os autores. Inclua o endereço de correio eletrônico de todos os autores. Utilize números super-escritos para relacionar autor(es) e endereço(s). Observe o padrão nos números mais recentes de Horticultura Brasileira; 4. Resumo e palavras-chave: limitado a 1.700 caracteres, excluídos os espaços. Selecione até seis palavras-chave ou termos para indexação, iniciando sempre pelo nome(s) científico (s) da(s) espécie(s) em questão. Não repita palavras que já estejam no título; 552 6. New Cultivar: communications or scientific notes reporting recent cultivar and germplasm release. It must include information on origin, description, seed availability, and comparative data. Manuscript submission Prepare your text in Word® 6.0 or superior, in 1,5 space, font Times New Roman 12 points, with pages and lines numbered. Add images, figures, tables, and charts to the end of your text and compile all files (text, figures, tables, and charts) in a single document. Format the document for A4 page, 3-cm margins. Print and submit. Send along a CD-ROM containing a copy of the file. Low-resolution images are not adequate for publication. The file must not exceed 16 pages (36,000 characters, excluding spaces). If further information is needed, please contact the Editorial Board or refer to recently released issues. A paper will be eligible for the reviewing process if: 1. accompanied by a signed agreement-on-publishing from all authors. A signature on the first page of the original paper or on the submission letter is accepted. In case one or more authors can not sign it, the reason(s) must be stated in the submission letter. In this case, the corresponding author takes the responsibility. Electronic messages or their hardcopies with the agreement-onpublishing are accepted when sent from an electronic account unequivocally managed by the agreeing author; 2. in full compliance to these guidelines; 3. the Associate Editor considered it adequate for peer reviewing. When accepted for reviewing, the corresponding author will receive an e-mail alert with instructions for paying the processing fee (US $ 30.00; E $ 20.00, when first author is affiliated to ABH and has no debts with it) or the broad processing fee (US $ 150.00; E $ 100.00) when first author is not affiliated. Rejected papers will not be returned to the author(s). Papers published in Horticultura Brasileira have the following format: 1. Title: limited to 15 words or 90 characters, excluding spaces. Use scientific names for the species the paper is dealing with only when there is no common name in the idiom used in the paper; 2. Name of authors: Author(s) name(s) in full. Abbreviate only middle family names. Do not abbreviate Christian names. For example, Anne Marie Sullivan Radford should appear as Anne Marie S Radford. Use superscript numbers to relate authors to addresses. Please refer the most recent issues of Horticultura Brasileira for formatting; 3. Addresses: Name of the Institution and Department, if applicable, with full corresponding post address for all authors. Include authors´ e-mail addresses. Use superscript numbers to relate addresses to authors. Please refer the most recent issues of Horticultura Brasileira for formatting; 4. Abstract and keywords: abstract limited to 1,700 characters (excluding spaces). Select up to six keywords or indexing terms, starting with the scientific name(s) of the organism(s) the study deals with. Do not repeat words that are already in the title; Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 5. Title, abstract, and keywords: o título em inglês, o abstract e as keywords devem ser versões adequadas de seus similares em inglês. Não utilize tradutores eletrônicos de texto; 6. Introdução 7. Material e Métodos 8. Resultados e Discussão 9. Agradecimentos, quando for o caso; 10. Referências: não exceda o limite de 30 referências bibliográficas. Assegure-se de que no mínimo a metade das referências foi publicada recentemente (no máximo, há dez anos). Casos excepcionais serão considerados. Para tanto, solicita-se que os autores apresentem suas razões na carta de submissão. Evite citar resumos e trabalhos apresentados e publicados em congressos e similares; 11. Figuras, quadros e tabelas: o limite para figuras, quadros e tabelas é três para cada categoria, com limite total de cinco. Casos excepcionais serão considerados. Para tanto, solicita-se que os autores apresentem suas razões na carta de submissão. Assegure-se de que figuras, quadros e tabelas não são redundantes. Enunciados e notas de rodapé devem ser bilíngües. Os enunciados devem terminar sempre indicando, nesta ordem, o local, instituição responsável e o ano de realização do trabalho. Este roteiro deverá ser utilizado para trabalhos destinados às seções Pesquisa e Comunicação Científica. Para as demais seções veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos números de Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento consulte os números mais recentes de Horticultura Brasileira, disponíveis também nos sítios eletrônicos www.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista. Prefira a citação bibliográfica no texto entre parênteses, como segue: (Resende & Costa, 2005). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli abreviada, em itálico, como segue: (Melo Filho et al., 2005). Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, diferencieos por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, como segue: 2005a, 2005b, no texto e nas referências. Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), em anos diferentes, separe os anos por vírgula, como segue: (InoueNagata et al., 2003, 2004). Quando vários trabalhos forem citados em série, utilize a ordem cronológica de publicação. Na seção Referências, organize os trabalhos em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor. Quando houver mais de um trabalho citado cujos autores sejam exatamente os mesmos, utilize a ordem cronológica de publicação. Utilize o padrão internacional na seção Referências, conforme os exemplos: a) Periódico MADEIRA NR; TEIXEIRA JB; ARIMURA CT; JUNQUEIRA CS. 2005. Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinhasalsa. Horticultura Brasileira 23: 982-985. b) Livro FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura. Viçosa: UFV. 402p. Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 5. Abstract, title, and keywords in Portuguese or Spanish: abstract, title, and keywords in Portuguese or Spanish must be adequate versions of their similar in English. Horticultura Brasileira will provide Portuguese versions for non-Portuguese speaking authors; 6. Introduction; 7. Material and Methods; 8. Results and Discussion; 9. Acknowledgements, when applicable; 10. References: authors are asked to not exceed 30 bibliographic references. Make sure that at least half of the references were published recently (up to 10 years). Exceptional cases will be considered, regarding that authors state their reasons at the submission letter. Avoid citing conference abstracts; 11. Figures and tables: the limit for tables, figures, and charts is three for each, with a total limit of five. Exceptional cases will be considered, regarding that authors state their reasons at the submission letter. Please, make sure that tables, figures, and charts are not redundant. Titles and footnotes must be bilingual. Titles should always be finished by presenting, in this sequence, place, responsible institution, and year(s) of data gathering. This structure will be used for manuscripts of the sections Research and Scientific Communication. For other sections, please refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira, available also at www.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista. Bibliographic references within the text should be cited as (Resende & Costa, 2005). When there are more than two authors, abbreviate the Latin expression et alli, in italics, as follows: (Melo Filho et al., 2005). References to studies done by the same authors in the same year should be distinguished in the text and in the list of References by the letters a, b, etc., as for example: 1997a, 1997b. In citations involving more than one paper from the same author(s) published in different years, separate years with commas: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004). When citing papers in tandem in the text, sort them chronologically. In the section References, order citations alphabetically, according to first author’s family name, without numbering. When there is more than one paper from exactly the same authors, list them chronologically. References should appear accordingly to the international format, as follows: a) Journal GARCIA-GARRIDO JM; OCAMPO JA. 2002. Regulation of the plant defense response in arbuscular mycorrhizal symbiosis. Journal of Experimental Botany 53: 13771386. b) Book BREWSTER JL. 1994. Onions and other vegetable alliums. Wallingford: CAB International. 236p. 553 c) Capítulo de livro FONTES EG; MELO PE de. 1999. Avaliação de riscos na introdução no ambiente de plantas transgênicas. In: TORRES AC; CALDAS LS; BUSO JA (eds). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica/Embrapa Hortaliças. p. 815-843. d) Tese SILVA C. 1992. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: USP – ESALQ. 72p (Tese mestrado). e) Trabalhos completos apresentados em congressos (quando não incluídos em periódicos. Mantenha a citação de trabalhos apresentados em congresso ao mínimo possível). Anais HIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC; FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR. 1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4. Anais... Salvador: SBF. p. 357-364. CD-ROM AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF. 2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e qualidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CD-ROM). f) Trabalhos apresentados em meio eletrônico: Periódico KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just online journalism. APS News Online. Disponível em http:/ /www.hps.org/hpsnews/19065.html. Acessado em 25 de novembro de 1998. Trabalhos completos apresentados em congresso (mantenha a citação de trabalhos apresentados em congressos ao mínimo possível) SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais eletrônicos... Recife: UFPe. Disponível em: http:// www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Acessado em 21 de janeiro de 1997. Sítios eletrônicos USDA - United States Department of Agriculture. 2004, 15 de novembro. World asparagus situation & outlook. Disponível em http://www.fas.usda.gov/ Em caso de dúvidas, entre em contato com a Comissão Editorial ou consulte os números mais recentes de Horticultura Brasileira. Processo de tramitação Os artigos serão submetidos à Comissão Editorial, que fará uma avaliação preliminar (escopo do trabalho, atendimento às normas de publicação, qualidade técnica e qualidade do texto). A decisão da Comissão Editorial (adequado para tramitação, ou não adequado) será comunicada ao autor de 554 c) Book chapter ATKINSON D. 2000. Root characteristics: why and what to measure? In: SMIT AL; BENGOUGH AG; ENGELS C; van NORDWIJK M; PELLERIN S; van de GEIJN SC (eds). Root methods: a handbook. Berlin: Springer-Verlag. p. 1-32. d) Thesis DORLAND E. 2004. Ecological restoration of heaths and matgrass swards: bottlenecks and solutions. Utrecht: Utrecht University. 86p (Ph.D. thesis). e) Full papers presented in conferences (when not included in referred journals. Avoid as much as possible citing papers presented in conferences) Proceedings VANJOST M; CLARCK CK; BENSON W. 2007. Lettuce growth in high soil nitrate levels. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON NITROGEN USE IN HORTICULTURE, 4. Annals... Utrecht: ISHS p. 122-123. CD-ROM LÉMANGE PA; DEBRET L. 2004. Rhizoctonia resistance in green asparagus lines In: EUROPEAN SYMPOSIUM OF VEGETABLE BREEDING, 17. Proceedings... Lyon: Eucarpia (CD-ROM). f) Papers published in electronic media Journal KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just online journalism. APS News Online. Available in http:// www.hps.org/hpsnews/19065.html. Accessed in November 25, 1998. Full papers presented in conferences (Avoid as much as possible citing papers presented in conferences) DONOVAN WR; JONHSON L. 2007. Limits to the progress of natural resources exploration. In: International congress of plant genetic resources, 12. Annals... Adelaide: ASGR. Available in http://www.asgr.au/annals/conference/ aus012.htm. Accessed in January 21, 2008. Electronic Sites USDA - United States Department of Agriculture. 2004, November 15. World asparagus situation & outlook. Available in http://www.fas.usda.gov/ For further orientation, please contact the Editorial Board or refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira. The reviewing process Manuscripts are submitted to the Editorial Board for a preliminary evaluation (scope, adherence to the publication guidelines, technical quality, and command of language). The Editorial Board decision (adequate for reviewing, not adequate) will be e-mailed to the correspondence author. If modifications are needed, the author may submit a new version. If the manuscript is adequate for reviewing, the Editorial Board forwards it to at least two ad hoc reviewers Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 correspondência por via eletrônica. Caso sejam necessárias modificações, os autores poderão submeter uma nova versão para avaliação. Caso a tramitação seja aprovada, a Comissão Editorial encaminhará o trabalho a pelo menos dois assessores ad hoc, especialistas na área em questão. Tão logo haja dois pareceres, o trabalho é enviado a um dos Editores Científicos da área, que emitirá seu parecer: (1) recomendado para publicação, (2) necessidade de alterações ou (3) não recomendado para publicação. Nas situações 1 e 3, o trabalho é encaminhado ao Editor Associado. Na situação 2, o trabalho é encaminhado aos autores, que devem elaborar uma nova versão. Esta é enviada à Comissão Editorial, que a remeterá ao Editor Científico para avaliação. O Editor Científico poderá recomendar ou não a nova versão. Em ambos os casos, o trabalho é remetido para o Editor Associado, que emitirá o parecer final. A Comissão Editorial encaminhará o parecer para os autores. Nenhuma alteração é incorporada ao trabalho sem a aprovação dos autores. Após o aceite em definitivo do trabalho, o autor de correspondência receberá uma cópia eletrônica da prova tipográfica, que deverá ser devolvida à Comissão Editorial em 48 horas. Nesta fase não serão aceitas modificações de conteúdo ou estilo. Alterações, adições, deleções e edições implicarão em novo exame do trabalho pela Comissão Editorial. Erros e omissões presentes no texto da prova tipográfica corrigida e devolvida à Comissão Editorial são de inteira responsabilidade dos autores. Horticultura Brasileira não adota a política de distribuição de separatas. Idioma de publicação Em qualquer ponto do processo de tramitação, os autores podem manifestar seu desejo de publicar o trabalho em um idioma distinto daquele em que foi escrito, desde que o idioma escolhido seja um dos três aceitos em Horticultura Brasileira, a saber, Espanhol, Inglês e Português. Neste caso, os autores tanto podem providenciar a tradução versão final aprovada para o idioma desejado, quanto autorizar a Comissão Editorial a providenciá-la. Quando a versão traduzida fornecida pelos autores não atingir o padrão idiomático requerido para publicação, a Comissão Editorial encaminhará o texto para revisão por um especialista. Todos os custos decorrentes de tradução e revisão idiomática serão cobertos pelos autores. Cobrança por página publicada Não é cobrada nenhuma taxa por página até a quinta página publicada. A partir da sexta página, inclusive, cobra-se uma taxa por página no valor de R$ 150,00. Os originais devem ser enviados para: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385-9088/9049 Fax: (0xx61) 3556-5744 Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 of the specific research area. As soon as they evaluate the manuscript, it is sent to a related Scientific Editor. The Scientific Editor analyzes the manuscript and forwards it back to the Editorial Board, (1) recommending for publication, (2) suggesting modifications or (3) do not recommending for publication. In situations 1 and 3, the manuscript is reviewed by the Associate Editor, who holds the responsibility for the final decision. In situation 2, the manuscript is returned to the author(s), who, based on the suggestions, produces a new version, which is forwarded to the Editorial Board. Following, the Scientific Editor checks the new version and recommend or not for publication. In both cases, it is sent to the Associate Editor, for the final decision. The Editorial Board informs authors about the final decision. No modifications are incorporated to the manuscript without the approval of the author(s). Once the paper is accepted, an electronic copy of the galley proof is sent to the correspondence author who should make any necessary corrections and send it back within 48 hours. Extensive text corrections, whose format and content have already been approved for publication, will not be accepted. Alterations, additions, deletions, and editing imply that a new examination of the manuscript will be made by the Editorial Board. Authors are held responsible for any errors and omissions present in the text of the corrected galley proof that has been returned to the Editorial Board. No offprint is supplied. The publishing idiom In any point of the reviewing process, authors can indicate their will on publishing in a language other than the one originally used to write the paper, considering that the choice falls into one of the three accepted idioms, namely English, Portuguese, and Spanish. In this case, authors can either produce a translated version of the approved paper, or authorize the Editorial Board to forward it to translating. If the translated version provided by authors is below the idiomatic standard required for publication, the Editorial board will redirect the text for a specialized reviewing. All costs related to translating and idiomatic reviewing are charged to authors. Page charge Authors are not charged by page up to the 5th printed page. From the 6th page ahead, page charge is US $ 75.00, E $ 50.00 per page. Manuscripts should be addressed to: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 Brasília – DF Brazil Tel.: 00 55 (61) 3385-9049/9088 Fax: 00 55 (61) 3556-5744 555 E-mail: [email protected] Assuntos relacionados a mudanças de endereço, filiação à Associação Brasileira de Horticultura (ABH), pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à Diretoria da ABH, no seguinte endereço: Associação Brasileira de Horticultura IAC - Centro de Horticultura Caixa Postal 28 13.012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] 556 E-mail: [email protected] Change in address, membership in the Brazilian Association for Horticultural Science (ABH), and payment of fees related to the ABH should be addressed to: Associação Brasileira de Horticultura IAC - Centro de Horticultura Caixa Postal 28 13.012-970 Campinas – SP Brazil Tel./Fax: 00 55 (19) 3241-5188 extension 374 E-mail: [email protected] Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008 Arte da capa de Cecília Reifchneider; www.tipovivo.com Comemoração dos 200 anos da vinda da Família Real ao Rio de Janeiro É chegado a Portugal O tempo de padecer, Se te oprime a cruel França Sorte melhor hás de ter (versos populares compostos na nova sede do Reino, o Rio de Janeiro, após a saída precipitada da Corte de Lisboa para o Brasil) Neste ano em curso, todos os quatro números da nossa Horticultura Brasileira contêm em suas capas ilustrações alusivas a eventos comemorativos. Assim, na capa da revista 26(1) está representado o ano internacional da batata. Na revista 26(2), em comemoração aos 100 anos da imigração japonesa, a capa apresenta diversos personagens, japoneses ou descendentes destes, que, de forma direta ou indireta, tiveram importante contribuição no desenvolvimento da olericultura do Brasil. O número 26(3) tem em sua capa hortaliças exóticas cultivadas no Brasil, introduzidas por imigrantes de diversas etnias, representando nossa cultura multirracial, com forte influência em nossos hábitos alimentares. Finalizando, o último número de 2008, a revista 26(4), é dedicada à contribuição portuguesa à olericultura do Brasil e à comemoração dos 200 anos da vinda da Família Real portuguesa a Salvador, em 22 de janeiro de 1808 e, Rio de Janeiro, em 7 de março de 1808. Em 29 de novembro de 1807, o Príncipe Regente de Portugal, que ainda não usava o título Dom João VI, acompanhado por toda sua família, inclusive o futuro herdeiro do trono, Pedro, com apenas oito anos de idade, embarca rumo ao Brasil. O motivo desta fuga baseia-se no avanço de Napoleão Bonaparte e suas tropas sobre terras pertencentes a diversos países europeus, alterando consideravelmente as fronteiras da Europa. Se, por um lado, Portugal tornouse “órfão”, o Rio de Janeiro ganhava proporções de capital um reinado europeu. A emigração da Família Real de Portugal trouxe consigo profundas alterações comerciais e culturais, importantes para o futuro do Brasil. Destacam-se aqui a fundação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro e a criação do Banco do Brasil, ambos existentes até hoje. A colonização do Brasil pelos portugueses trouxe repercussão profunda na nossa agricultura, pelo intercâmbio de material vegetal entre o Brasil, Portugal e as colônias portuguesas. Quero dar destaque aqui às hortaliças. Para maiores detalhes convido os leitores a se deleitarem com o artigo convidado, publicado neste número. Finalmente, a capa desta revista, traz azulejos portugueses estilizados, representando as hortaliças hoje populares no Brasil, resultado do intercâmbio entre Portugal, suas colônias e o nosso país. (Sieglinde Brune, coordenadora executiva e editorial da Horticultura Brasileira; [email protected])