do arquivo - Associação Brasileira de Horticultura

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ISSN 0102-0536
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Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
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A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo AGRIS/FAO,
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Programa de apoio a publicações científicas
Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983
Trimestral
Títulos
anteriores:
V.
V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.
1-3,
1961-1963,
Olericultura.
Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.
Editoração e arte/Composition
Luciano Mancuso da Cunha
Revisão de inglês/English revision
Patrick Kevin Redmond
Revisão de espanhol/Spanish revision
Marcio de Lima e Moura
Tiragem/printing copies
1.000 exemplares
418
Periodicidade até 1981: Anual.
de 1982 a 1998: Semestral
de 1999 a 2001: Quadrimestral
a partir de 2002: Trimestral
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1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira de
Horticultura.
CDD 635.05
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
ISSN 0102-0536
SUMÁRIO/CONTENT
* Artigos em inglês com resumo em português
Articles in English with an abstract in Portuguese
CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER
5; 137; 305; 426
ARTIGO CONVIDADO / INVITED ARTICLE
*Produção e marketing de hortaliças para os mercados étnicos nos Estados Unidos
*Production and marketing of vegetables for the ethnic markets in the United States
FX Mangan; RU Mendonça; M Moreira; SV Nunes; FL Finger; ZJ Barros; H Galvão; GC Almeida; RAN Silva; MD Anderson
Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica
The Portuguese contribution to the production and consumption of vegetables in Brazil: an historical review
NR Madeira; FJB Reifschneider; LB Giordano
6
428
CARTA AO EDITOR / LETTER TO EDITOR
IHC 2010: Lisboa vai ter um grande congresso de horticultura
A Monteiro; VG Saúco
306
PESQUISA / RESEARCH
Adubação orgânica, manejo de irrigação e fertilização na produção de melão amarelo
Organic fertilization, irrigation management and chemical fertilization on yellow melon production
JO Souza; JF Medeiros; MCC Silva; AHB Almeida
15
Germinação e vigor de sementes de urucu
Annatto seeds germination at different maturation stadia
JC Lopes; RV Lima; CMP Macedo
19
Produção e composição química da macela em função da época de colheita
Production and chemical composition of macela as a result of the harvesting dates
AME Bezerra; S Medeiros Filho; LDM Oliveira; ER Silveira
26
*Biologia reprodutiva de cultivares monóicas e ginóicas de pepino em função do uso de AIB
*Reproductive biology in monoecious and gynoecious cucumber cultivars as a result of IBA application
V Diola; AI Orth; MP Guerra
30
*Índice de heterogeneidade da produção de abobrinha italiana em ambiente protegido e planejamento experimental
*Heterogeneity index of zucchini yield on a protected environment and experimental planning
S Feijó; L Storck; ADC Lúcio; SJ Lopes; DC Garcia; RH Carpes
35
Desenvolvimento da espinheira-santa sob diferentes intensidades luminosas e níveis de poda
Development of holy-thorn under different light intensities and pruning levels
JRP Souza; JN Rocha; H Morais; PH Caramori; LAPS Johansson; LV Miranda
40
Micropropagação do abacaxizeiro ornamental
Protocol for in vitro micropropagation of ornamental pineapple
M Pasqual; FC Santos; MA Figueiredo; KP Junqueira; JC Rezende; EA Ferreira
45
Crescimento e acúmulo de macronutrientes em chicória coberta e não coberta com polipropileno
Growth and accumulation of macronutrients on chicory, covered or not with polypropylene
AL Feltrim; AB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa
50
Processamento mínimo do melão Cantaloupe com uso de doses de cloreto de cálcio e quelato aminocálcico
Fresh-cut of Cantaloupe melon using doses of calcium chloride and calcium amino acid chelate
FLC Machado; RE Alves; EO Silva
56
Solução nutritiva para produção de menta em hidroponia
Nutrient solution for mint production in hydroponic solution
D Paulus; SLP Medeiros; OS Santos; E Paulus
61
Macronutrientes em cultivares de gérbera sob dois níveis de fertirrigação
Macronutrients in gerbera cultivars under two fertigation levels
F Ludwig; DM Fernandes; PRD Mota; RL Villas Bôas
68
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas
Leaf area and aboveground biomass estimates in peach palm using allometric relationships
A Ramos; MLA Bovi; MV Folegatti; AV Diotto
Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado
Physiological potential of Brassica seeds with emphasis to the accelerated aging test
CJ Costa; MB Trzeciak; FA Villela
Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção
Performance of organically grown taro in relation to poultry litter doses
FL Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; EE Silva; VV Silva; JAA Espindola
*Fenologia e rendimento do inhame em função do período de repouso fisiológico dos rizomas-semente
*Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes
AP Oliveira; MF Moura; EU Alves; AU Alves; ANP Oliveira; FAP Leonardo; IS Cruz
Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas
Interaction between lettuce and tomato plants, in intercropping cultivation, established at different times, under protected cultivation
AB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa; AL Feltrim; GS Silva; LC Grangeiro
Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo
Hydropriming seed treatment and plant field performance
J Marcos Filho; ALP Kikuti
Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes
Postharvest conservation of bell pepper fruits under different storage conditions and films
CMA Morgado; JF Durigan; J Sanches; VC Galati; FO Ogassavara
Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro
Effect of foliar KNO3 fertilization in the acclimatization of bromeliads grown in vitro
AR Tavares; P Giampaoli; S Kanashiro; FFA Aguiar; EP Chu
Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-praga
Influence of the training systems of tomato plants on the incidence of diseases and insect-pests
AF Wamser; WF Becker; JP Santos; S Mueller
Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante
Quality of lettuce seedlings depending on substrates with and without biofertilizer addition
DC Medeiros; KCS Freitas; FS Veras; RSB Anjos; RD Borges; JG Cavalcante Neto; GHS Nunes; HA Ferreira
Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em ambiente protegido
Nitrogen and potassium fertilization of Aster ericoides cultivated in greenhouse
MS Camargo; SC Mello; QAC Carmello
*Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas
*Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth
D Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva
Desempenho de cultivares de melão rendilhado em função do sistema de cultivo
Performance of net melon cultivars depending on the cultivation system
PF Vargas; R Castoldi; HCO Charlo; LT Braz
Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos
Copper availability determination in substrates
AL Padua Junior; CA Abreu; PR Furlani; MF Abreu
Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta
Yield and quality of muskmelon fruits varying fruit and leaf numbers per plant
RCF Queiroga; M Puiatti; PCR Fontes; PR Cecon
Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico
Evaluation of mulches on organically grown lettuce
FF Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; JAA Espindola; MSF Ricci; MB Ceddia
*Resistência de genótipos de batata (Solanum spp.) a Bemisia tabaci biótipo B
*Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B
MS Silva; AL Lourenção; JAC Souza-Dias; HS Miranda Filho; VJ Ramos; EA Schammass
*Produção e acúmulo de nitrato em alface em função do fornecimento de nitrogênio e da adubação orgânica
*Nitrate production and accumulation in lettuce as affected by mineral nitrogen supply and organic fertilization
ML Pôrto; JC Alves; AP Souza; RC Araújo; JA Arruda
138
144
149
154
158
165
170
175
180
186
190
194
197
202
209
216
221
227
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
ISSN 0102-0536
Identificação dos citoplasmas “S”, “T” e “N” via PCR em populações de cebola no Vale do São Francisco
Identification of “S”, “T” and “N” cytoplasm via PCR in onion populations in the Sao Francisco river Valley, Brazil
CAF Santos; DL Leite; ND Costa; VR Oliveira; ICN Santos; MA Rodrigues
308
Produtividade da biomassa de melissa em função de intervalo de cortes e doses de nitrogênio
Biomass production of Lemon balm as a function of cutting interval and nitrogen levels
A May; OA Bovi; LV Sacconi; AG Samra; MQ Pinheiro
312
Viabilidade produtiva e econômica do consórcio entre chicória e rúcula em função da época de plantio
Yield and economic feasibility of the endive and rocket intercropping, in function of the planting time
AB Cecílio Filho; CC Costa; BLA Rezende; R van Leeuwen
316
*Resíduos de deltametrina, aplicada em diferentes formulações em pepino tutorado e ação do inseticida no controle da broca-das-cucurbitáceas
*Deltamethrin residues applied at different formulations in staked cucumber and the actions of insecticides on pickleworm control
GC Baptista; LRP Trevizan; AA Franco; RA Silva
321
Seleção para caracteres componentes de aparência e rendimento de tubérculo em plântulas de batata
Selection for components of tuber appearance and yield in potato seedlings
GO Silva; AS Pereira; VQ Souza; FIF Carvalho; R Fritsche Neto
325
Produtividade e pseudoperfilhamento do alho influenciados pelo nitrogênio, potássio e cobertura morta
Yield and lateral shoot growing of garlic influenced by nitrogen, potassium and mulching
PE Trani; MS Camargo; DE Foltran; R Hiroce; FB Arruda; HE Sawazaki
330
Variância e média da massa de frutos de abobrinha-italiana em múltiplas colheitas
Variance and means of zucchini fruit mass in multiple harvest
A Dal’Col Lúcio; RH Carpes; L Storck; SJ Lopes; LH Lorentz; AL Paludo
335
Crescimento de frutos do meloeiro sob diferentes relações fonte:dreno
Fruit growth of melon plants submitted to different source:sink ratios
TS Duarte; RMN Peil; EM Montezano
342
Efeito da carga de frutos e concentrações salinas no crescimento do meloeiro cultivado em substrato
Effect of fruit load and saline concentrations on the growth of melon cultivated under protected environment
TS Duarte; RMN Peil; S Bacchis; AS Strassburguer
348
Variabilidade genética para características agronômicas em progênies de alface tolerantes ao calor
Genetic variability for agronomic characteristics in lettuce progenies with heat tolerance
MCM Souza; LV Resende; DMenezes; V Loges; TA Souto; VF Santos
354
Produção de mudas de alface em substrato alternativo com adubação
Production of lettuce seedlings using alternative substrates and fertilizer
LAA Gomes; AC Rodrigues; LS Collier; SS Feitosa
359
Divergência genética em tomate estimada por marcadores RAPD em comparação com descritores multicategóricos
Genetic divergence among tomato accessions using RAPD markers and its comparison with multicategoric descriptors
LSA Gonçalves; R Rodrigues; CP Sudré; CS Bento; MM Moulin; ML Araújo; RF Daher; TNS Pereira; MG Pereira
364
*Análise sensorial e caracterização química de frutos de morango
*Sensory analysis and chemical characterization of strawberry fruits
JTV Resende; LKP Camargo; EJS Argandoña; A Marchese; CK Camargo
371
Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças
Energetic balance and sustainability analysis in the organic production of vegetable crops
JL Souza; VWD Casali; RHS Santos; PR Cecon
433
Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte
Profile of minimally processed vegetable consumers in Belo Horizonte, Brazil
R Perez; AM Ramos; ML Binoti; PHM Sousa; GM Machado; IB Cruz
441
*Desempenho do melão rendilhado em função da profundidade de gotejo e utilização de mulching
*Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulching
ROC Monteiro; RD Coelho; PCT Melo; P Ferraz; SWP Chaves; FH Shirahige; E Beltrame Neto; SMS Piedade
447
Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina
Growth and N, P and K accumulation by melon irrigated with saline water
JF Medeiros; SR Duarte; PD Fernandes; NS Dias; H Raj Gheyi
452
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processado
Effect of chemical treatments on respiratory process and physical parameters of melon minimally processed
ACA Miguel; GF Begiato; JRP Stein Dias; S Albertini; MHF Spoto
458
Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada
Postharvest conservation of charentais melons treated with 1-MCP and stored under refrigeration and modified atmosphere
PA Souza; FL Finger; RE Alves; M Puiatti; PR Cecon; JB Menezes
464
Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico
Non-destructive quantification of chlorophylls in leaves by means of a colorimetric method
CVT Amarante; DA Bisognin; CA Steffens; OZ Zanardi; EO Alves
471
Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São Francisco
Evaluation of onion cultivars under organic cultivation in two soil types in the São Francisco Valley, Brazil
ND Costa; JF Araújo; CAF Santos; GM Resende; MAC Lima
476
Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente
Genotypic and phenotypic parameters for economically important traits of carrot
GO Silva; JV Vieira
481
Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra
Characterization of strains of Xanthomonas campestris pv campestris from organic farming systems and reaction of brassicas to black rot
LA Santos; DA Bandeira; JP Silva; EB da Silveira; AMA Gomes; RLR Mariano
486
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMMUNICATION
Interferência do excesso de água no solo e componentes de produção em beterraba
Effect of excess of water on sugarbeet yield components
RNT Costa; JP Vasconcelos; LA Silva; RLL Ness
Qualidade fisiológica de sementes de cebola em função do estádio de maturação das umbelas
Onion physiological seed quality in response to umbel maturation
WM Nascimento; RA Freitas
Estimativa da área da folha da batateira utilizando medidas lineares
Evaluation of the potato plant leaf area using linear measures
MCC Silva; PCR Fontes; RG Viana
Adaptabilidade e estabilidade fenotípica de cultivares de cenoura
Adaptability and phenotypic stability of carrot cultivars
CD Oliveira; LT Braz; DA Banzatto
Composição da matriz de encapsulamento na formação e conversão de sementes sintéticas de pimenta-longa
Composition of the encapsulation matrix on the formation and conversion of synthetic seeds of long pepper
JES Pereira; RS Guedes; FHS Costa; GCB Schmitz
Avaliação de genótipos de cebola no Semi-Árido Nordestino
Yield of onion genotypes in the semi arid region of Northeastern Brazil
JO Souza; LC Grangeiro; GM Santos; ND Costa; CAF Santos; GHS Nunes
Nutrição mineral do mangarito num Latossolo Vermelho Amarelo
Mineral nutrition of Xanthosoma mafaffa under cerrado soil
CA Costa; SJ Ramos; DS Alves; LA Fernandes; RA Sampaio; ER Martins
Interferência de plantas daninhas no cultivo da melancia
Weeds interference periods in watermelon crop
CDG Maciel; JP Poletine; ED Velini; DRS Belisário; FM Martins; LS Alves
*Effect of extrusion-cooking in total carotenoids content in cream and orange flesh sweet potato cultivars
*Effect of extrusion-cooking in total carotenoids content in cream and orange flesh sweet potato cultivars
MJO Fonseca; AG Soares; M Freire Junior; DL Almeida; JLR Ascheri
Produção de mini-tubérculos de batata-semente em função de doses de nitrogênio aplicados ao substrato
Minituber potato seeds yield as a result of nitrogen rates applied in the substrate
PCR Fontes; JD Sampaio Júnior; MA Moreira; MA Guimarães; M Puiatti; ERG Lani
Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita
Tomato quality in different postharvest phases
MD Ferreira; ATO Franco; ACO Ferraz; GGT Carmargo; M Tavares
74
78
83
88
93
97
102
107
112
116
231
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Volume 26 número 3
julho-setembro 2008
ISSN 0102-0536
Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio
Fruit yield and quality of Piel de Sapo melon in two planting densities
GHS Nunes; EWL Pereira; R Sales Júnior; F Bezerra Neto; KC Oliveira; LX Mesquita
Indução de resistência à mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado
Silicate compost used as resistance inductor against the leafminer on chrysanthemum
RA Polanczyk; D Pratissoli; HS Paye; VA Pereira; FLS Barros; RGS Oliveira; RR Passos; S Martins Filho
Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia
Use of medicinal plants by the population of Ariquemes, in Rondônia State, Brazil
MRA Santos; MR Lima; MGR Ferreira
*Produção do feijão-fava e retorno econômico em função da adubação organomineral
*Lima beans production and economic revenue as function of organic and mineral fertilization
AU Alves; AP Oliveira; AU Alves; CSM Dornelas; EU Alves; EA Cardoso; ANP Oliveira; IS Cruz
*Estabelecimento de segmentos nodais de alecrim-pimenta in vitro
*In vitro establishment of pepper-rosmarin nodal segments
AF Blank; AS Costa; MF Arrigoni-Blank; AB Mendonça; AS Ledo
*Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas
*Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth
D Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva
Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico-sistema NFT
Effects of the concentration of nutrient solution on lettuce growth in hydroponics-NFT system
NN Cometti; GCS Matias; E Zonta; W Mary; MS Fernandes
Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidas
Rust control in the garlic culture with a new mixture of fungicides
MDalla Pria; J Zagonel, EC Fernandes
Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão
Soil cationic ratios and its correlation with melon fruit quality
NO Miranda; JF Medeiros; SLA Levien
236
240
244
251
255
259
262
268
271
Análise de crescimento de fáfia em função do tipo de propagação
Growth analysis of fafia in relation to the propagation method used
A May; OA Bovi; NB Maia; ARA Moraes; MQ Pinheiro
375
Influência do intervalo entre cortes sobre a produção de biomassa de duas espécies de capim limão
Influence of the interval between cuts on biomass yield of two lemon grass species
A May; OA Bovi; NB Maia; ARA Moraes; MQ Pinheiro; M Mario
379
Características fotossintéticas de batata cv. Baronesa e seu genótipo transformado geneticamente para resistência ao PVY
Photosynthetic characteristics of potato plants, cv. Baronesa and its genetically transformed genotype for PVY resistance
MA Bacarin; DD Schmitz; AR Falqueto; D Cassol; AC Torres; JA Peters; EJB Braga
383
Produtividade e qualidade pós-colheita de cebola adubada com doses crescentes de nitrogênio e potássio
Yield and post-harvest quality of onion fertilized with increasing levels of nitrogen and potassium
GM Resende; ND Costa; JM Pinto
388
Sazonalidade na produção de raízes e teor de β-ecdisona em acessos de fáfia
Seasonal variation in root production and β-ecdisone content in pfaffia accessions
C Corrêa Júnior; LC Ming; DAG Cortez
393
Reação de cultivares de alface a Thielaviopsis basicola
Lettuce reaction to black root rot caused by Thielaviospsis basicola
FC Sala; CP Costa; LD Teixeira; EG Fabri; SF Blat
398
*Reação de genótipos de melão a Rhizoctonia solani
*Reaction of melon genotypes to Rhizoctonia solani
SJ Michereff; DEGT Andrade; R Sales Júnior
401
Jussara palm seed germination under different shade levels
Germinação de sementes de palmiteiro jussara sob diferentes níveis de sombreamento
AR Tavares; DP Ramos; FFA Aguiar; S Kanashiro
492
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Volume 26 número 3
julho-setembro 2008
Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cereja
Inheritance of fruit shape in cherry tomato group
GM Maciel; EC Silva
Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e pó de rocha
Tomato seedlings production using substrates with coconut fiber and rock waste
RA Sampaio; SJ Ramos; DO Guilherme; CA Costa; LA Fernandes
Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças
Mini Irrigas® sensor in determining the curve of water retention in substrates for vegetables
RS Liz; AG Calbo; OA Carrijo; CAS Oliveira
Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana
Influence of planting times and zinc doses on crisphead lettuce
GM Resende; JE Yuri; RJ Souza
Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido
Nutrients exportation and quality of rose cultivars in field and in a protected environment
RL Villas Bôas; LJG Godoy; C Backes; CP Lima; DM Fernandes
*Atividade respiratória e metabolismo dos pigmentos de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico
*Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acid
RA Kluge; MCD Vitti; FF Sasaki; AP Jacomino; CL Moretti
495
499
504
510
515
520
PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE
Caracterização do modelo de cultivo protegido em Manaus com ênfase na produção de pimentão
Characterization of the protected cultivation model in Manaus with emphasis on sweet pepper production
AS Gama; HN Lima; MTG Lopes; WG Teixeira
Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica
Planting density of carrot cultivars for industrialization under organic and chemical fertilization
JMQ Luz; IP Calábria; JV Vieira; B Melo; DG Santana; MAD Silva
Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido
Identification and quantification of tomato yield loss components in unheated greenhouse
RA Loos; DJH Silva; PCR Fontes; MC Picanço
*Produção e renda bruta de mandioquinha-salsa em cultivo solteiro e consorciado com cebolinha e salsa
*Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping with the Japanese bunching onion and parsley
NAH Zárate; MC Vieira; J Rech; A Quast; BCA Pontim; RP Gassi
Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omisão de nutrientes
Effect of macronutrient omission on growth and nutritional status on table beet
AU Alves; RM Prado; ARO Gondim; IM Fonseca; AB Cecílio Filho
Comportamento agronômico e qualidade culinária de feijão-caupi no Vale do São Francisco
Agronomic and cooking quality of cowpea evaluated in the São Francisco valley, Brazil
CAF Santos; GAA Barros; ICCN Santos; MGS Ferraz
Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus
Performance of lettuce cultivars in Manaus region
IN Rodrigues; MTG Lopes; R Lopes; AS Gama; CP Milagres
Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade de roseiras cultivadas em vaso
Planting density and number of drains influencing the productivity of rose plants cultivated in pots
TVA Viana; AM Alves; VF Sousa; BM Azevedo; RA Furlan
Rendimento do maxixeiro adubado com doses de nitrogênio
Yield of the gherkin plant fertilized with nitrogen doses
AP Oliveira; ANP Oliveira; AU Alves; EU Alves; DF Silva; RR Santos; FAP Leonardo
Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RN
Yield and morphology of cowpea accessions in Mossoró, Rio Grande do Norte State, Brazil
SB Torres; FN Oliveira; RC Oliveira; JB Fernandes
Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto”
Efficiency of Cucurbita maxima accessions as pollinators in the commercial production of pumpkin (‘Tetsukabuto’ type)
WM Nascimento; KG Coimbra; RA Freitas; LS Boiteux
121
276
281
287
292
404
524
528
533
537
540
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
ISSN 0102-0536
NOVA CULTIVAR / NEW CULTIVAR
‘GLORIOSA’: Cultivar de alface americana tropicalizada
‘GLORIOSA’: Crisphead tropicalized cultivar
Fernando C. Sala; Cyro P. da Costa
409
ÍNDICE ANALITICO / ANALYTICAL INDEX
543
AGRADECIMENTOS AOS REVISORES / THANKS TO REVIEWERS
546
INDICE DOS AUTORES / INDEX OF AUTHORS
548
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS
126; 296; 411; 551
ESPECIAL / SPECIAL
Não mais faltarão hortaliças, e uma boa prosa, aos anjos do céu!
PE Melo
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
131
carta do editor
Prezados,
Com esse número, encerramos mais um volume de Horticultura Brasileira, homenageando desta vez a contribuição lusitana à nossa mesa.
Gostaria de rapidamente rememorar alguns avanços importantes que tivemos em 2008:
1. Ampliamos e renovamos a Comissão Editorial, já pensando em nos habilitar para a submissão eletrônica de artigos a
partir de 2009. Aqui cabe o nosso agradecimento aos editores que nos deixaram, pelo trabalho realizado, e aos editores que
permanecem e que recém-chegaram, por sua vontade de colaborar;
2. Conseguimos a nossa indexação internacional plena, que, além de ser um grande reconhecimento da excelência da
revista, permitirá elevar a classificação da Horticultura Brasileira no sistema Qualis. Esta é uma conquista de todos, desde os
autores, que nos tem brindado com seus melhores artigos, ao incansável trabalho dos assessores ad hoc e editores, de hoje e de
outrora, que com sua dedicação ao longo de 26 anos, permitiram que a revista alcançasse essa posição de destaque. A indexação
internacional coroa de êxito a opção inequívoca de Horticultura Brasileira pela qualidade e rigor científico. Infelizmente, para
atingir esse objetivo, algum desconforto é sempre gerado, seja pela rejeição de alguns artigos, seja pelo tempo adicional às
vezes necessário para completar a revisão de outros;
3. Aumentamos o número de trabalhos publicados em inglês. Aqui cabe o nosso agradecimento aos autores que permitiram
à Horticultura Brasileira avançar neste quesito. Porém, precisamos aumentar ainda mais esse número, em especial se almejamos um fator de impacto condizente com a qualidade dos trabalhos que publicamos. E, de novo, alertamos a todos os autores:
mesmo que seu trabalho tenha tramitado em outro idioma, é possível publicá-lo em inglês. Consulte o subitem “Idioma de
Publicação”, ao final das Normas para Preparação e Submissão de Trabalhos.
Nossos desafios para 2009 são, além de publicar os quatro números de Horticultura Brasileira (em si, já um grande
desafio!), inaugurar o sistema de submissão eletrônica e reduzir o tempo médio de tramitação dos trabalhos. Contamos com a
ajuda de todos para atingir tais metas!
Até o próximo número, até 2009,
Comissão Editorial
426
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Editor's Letter
Dearest,
This issue closes another volume of Horticultura Brasileira. This turn, we took the opportunity to recognize the Lusitanian
contribution to our daily meals.
I would like to briefly recall some important steps ahead we made in 2008:
1. We broadened and renewed the Editorial Board, with an eye at becoming able to trigger the electronic submission
system. Here, we thank the editors who left, for the competent work they have done, and also who remains or is just arriving,
for their will to contribute;
2. We achieved full international indexing, which in addition to be an important recognition of Horticultura Brasileira
excellence, will allow us to ascend in the Qualis system. This is a collective triumph, from authors who have been sending us
their best papers; to the tireless work of today and yesterday ad hoc reviewers and editors, whose dedication along 26 years
made it possible to Horticultura Brasileira to reach this outstanding position. International indexing crowns with merit our
unequivocal option for quality and scientific rigor. Unluckily, to reach this target we unavoidably cause some distress in the
way, either when rejecting a paper or when additional time is here and there needed to complete the reviewing process;
3. We raised the number of papers published in English. Here we thank the authors who allowed us to advance in this
respect. Nevertheless, we need to go much further if we long for an impact factor consonant with the quality of the papers we
publish. We would like to remind authors, once again, that even when a paper is submitted and reviewed in another idiom, it
is possible to have it published in English. For further information on that, please refer to “The Publishing Idiom”, in the end
of the Guidelines for Preparation and Submission of Papers.
Our challenges for 2009 are, in addition to publish the four issues of Horticultura Brasileira (quite a challenge in itself!),
to launch the electronic submission system and to shorten the average time of the reviewing process. We count on everybody
to reach these goals!
See you in the next issue, see you in 2009
The Editorial Board
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
427
artigo convidado / Invited Article
MADEIRA NR; REIFSCHNEIDER FJB; GIORDANO LB. 2008. Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão
histórica. Horticultura Brasileira 26: 428-432.
Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica
“Este Brasil é já outro Portugal, e não falando no clima que é muito mais temperado e sadio, sem calmas grandes, nem frios, e donde os homens vivem muito
em poucas doenças, como de cólica, fígado, cabeça, peitos, sarna, nem outras enfermidades de Portugal; nem falando do mar que tem muito pescado, e sadio;
nem das cousas da terra que Deus cá deu a esta nação...” Fernão Cardim, 1625.
Nuno R Madeira1; Francisco JB Reifschneider1; Leonardo de B Giordano²
1
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; ² Pesquisador aposentado, Embrapa Hortaliças; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Após a descoberta do Brasil em 1500 e o início da colonização
sistemática em 1530, os portugueses foram paulatinamente se estabelecendo ao longo do litoral brasileiro. Ocorreu então, promovido
pelos colonos, navegadores e jesuítas portugueses um amplo processo de troca de plantas, dentre elas as hortaliças, entre Portugal,
Brasil e as outras possessões portuguesas na África e na Ásia. Além
de diversificar a alimentação, estas introduções serviram de material básico para o melhoramento genético, muitas vezes realizado de
forma empírica, na adaptação destas espécies às condições
edafoclimáticas brasileiras. A partir do século XVIII, intensificouse a imigração portuguesa para o Brasil em função da descoberta de
ouro nas Minas Gerais, verificando-se também um forte surto urbano. Também, em meados do século XVIII, ocorreu a imigração sistematizada de açorianos para o Sul do Brasil. Com eles, muitas variedades de hortaliças, especialmente de cebola e cenoura. Em cebola, a maioria das variedades brasileiras são originárias deste material. A partir de seleção dentro da cultivar portuguesa Garrafal, originou-se a cultivar de cebola Baia-Periforme, cultivar mais plantada
no Sudeste até o advento dos híbridos. Também as cebolas do tipo
Crioula, até hoje as mais plantadas no Sul do Brasil, são originárias
de material vindo dos Açores. Em cenoura, o chamado germoplasma
tropical, também seleção de materiais trazidos pelos açorianos, foi
base para o melhoramento genético de cenoura tropical, culminando com o lançamento da cultivar Brasília em 1981 até hoje o material mais plantado no verão. Os portugueses deixaram profundas
heranças para a cultura brasileira, determinando alguns de nossos
hábitos, entre eles os alimentares. No ano em que se completam 200
anos da vinda da família real portuguesa ao Brasil, aproveitamos a
oportunidade para falar sobre as contribuições lusas na introdução,
na produção e no consumo de hortaliças no Brasil.
The Portuguese contribution to the production and
consumption of vegetables in Brazil: an historical review
Palavras-chave: Imigração, introdução de variedades, intercâmbio
de germoplasma.
Keywords: Immigration, introduction of varieties, germplasm
exchange.
After the discovery of Brazil in 1500 and the beginning of its
systematic colonization in 1530, the Portuguese have gradually settled
along the Brazilian coast. An extensive exchange of plants, including
vegetables, took place among Portugal, Brazil and other possessions
in Africa and Asia by the Portuguese colonizers, sailors and Jesuits.
In addition to diversifying the food, these introductions served as
basic materials for breeding, often carried out empirically, searching
the adaptation of these species to Brazilian soils and climate. After
the eighteenth century, with the discovery of gold in Minas Gerais,
Portuguese immigration to Brazil was intensified, with a strong urban
development. Also, in the middle of the eighteenth century, there
was a strong and systematized immigration from Açores to the South
of Brazil. With it, many varieties of vegetables, specially onion and
carrot, were brought to Brazil. Most of the Brazilian varieties
originated from this material. Cultivar Baia-Periforme, the
predominant onion variety in the Brazilian Southeast until the advent
of hybrids, originated from selection within the portuguese cultivar
Garrafal. The Creole onions, still today the most planted in Southern
Brazil, were originated from germplasm brought by the Azoreans.
In carrots, the so-called tropical germplasm, formed by selection of
materials brought by the Azoreans, was the basis for the genetic
improvement of tropical carrot, culminating with the release of
cultivar Brasilia, in 1981, the most planted cultivar in summer. The
Portuguese have left a profound legacy for Brazilian culture, present
in some of our habits, including food habits. In the year we are
completing 200 years of the arrival of the Portuguese royal family
to Brazil, it is our opportunity to mention the Portuguese contributions
to the production and consumption of vegetables in Brazil.
(Recebido para publicação em 15 de agosto de 2008; aceito em 31 de outubro de 2008)
(Received in August 15, 2008; accepted in October 31, 2008)
O
Brasil foi achado, segundo termo
empregado pelo jornalista e historiador Bueno (2000), pelos portugueses
a 22 de abril de 1500, referindo-se ao
descobrimento do Brasil como uma
mera formalização da posse de territórios já anteriormente visitados por outros navegadores que, entretanto, não
estavam autorizados a reivindicar a posse destes territórios em nome de suas
respectivas coroas. E todos os bons e
maus hábitos portugueses, como ressalta
Antonil1 foram transportados da matriz
para sua nova colônia (André João
Antonil, 1711). A partir de 1500, os co-
1
“Se os senhores de engenhos, e os lavradores do assucar e do tabaco, são os que mais promovem hum lucro tão estimável, parece que merecem mais que os outros ser
preferidos no favor, e achar, em todos os tribunaes, aquella prompta expedição que atalha as dilações dos requerimentos, e o enfado, e os gastos de prolongadas demandas”
428
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica
lonos passaram a se estabelecer na nova
possessão. De início, aqui foram deixados degredados, isto é, pessoas indesejáveis em Portugal como ladrões e traidores que tinham como pena o degredo
no Brasil. Os primeiros colonos foram
abandonados à própria sorte e acabaram
sendo respeitados, temidos e acolhidos
ou eliminados e até mesmo comidos
pelos grupos indígenas que viviam no
litoral.
Nas primeiras décadas do século
XVI, a imigração portuguesa para o
Brasil foi pouco significativa, pois a
Coroa Portuguesa adotou por estratégia
investir na expansão comercial nos continentes asiático e africano, deixando
suas possessões nas Américas para um
momento posterior. Era gigantesco o
desafio para a pequena população portuguesa pela enormidade do território
sob seu controle, praticamente todo o
litoral africano e grandes porções na
Ásia, em especial na Índia e nas Molucas
(parte da atual Indonésia). Entretanto,
alguns anos após o descobrimento, piratas franceses e de outras nacionalidades começaram a rondar o território brasileiro, traficando principalmente paubrasil em terras sob domínio luso, o que
obrigou a Coroa Portuguesa a começar
efetivamente a colonização do Brasil. A
coroa então dividiu a colônia em capitanias hereditárias em 1530 e repassou
sesmarias a colonos que tinham um prazo para desenvolvê-las.
Assim, segundo Bueno (2006), a
verdadeira colonização do Brasil mediante a imigração sistemática, teve seu
início em 1530 após a famosa expedição de Martin Affonso de Souza e a fundação da primeira vila brasileira, São
Vicente, na Baixada Santista. Mais que
uma simples Feitoria, a Vila de São
Vicente desenvolveu-se, tornando-se
sede de próspera capitania. A partir de
então, numerosos portugueses foram
paulatinamente se estabelecendo ao longo do litoral brasileiro, desde a foz do
Amazonas até o estuário do Rio da Prata. Eram atraídos pela exuberância de
sua natureza e prodigiosidade de seu
solo adequado ao cultivo agrícola e ao
pastoreio e, posteriormente, pelos tesouros em seu subsolo. A isso se aliava a
relativa facilidade de obtenção do braço indígena trabalhador, pois os
brasilíndios litorâneos eram pouco hostis aos primeiros desbravadores.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Vieram nesse período portugueses
de todos os tipos: ricos fazendeiros,
aventureiros, mulheres órfãs, degredados, empresários falidos e membros do
clero. O foco da imigração foi o Nordeste brasileiro onde as plantações de
cana-de-açúcar estavam em pleno desenvolvimento. Esta imigração ficou
marcada pela masculinidade da população, em função da imagem do Brasil
como uma terra selvagem e perigosa,
difícil para as mulheres portuguesas,
havendo inclusive o envio pela Coroa
de mulheres órfãs para suprir a falta de
mulheres portuguesas. Ainda assim, as
mulheres indígenas e africanas, oriundas do florescente e terrível tráfico de
escravos, acabaram por substituir a falta de portuguesas, acarretando ampla
miscigenação (GNU FDL, 2008). Isso
influenciou nossa cultura e,
consequentemente, nossos hábitos alimentares, caracterizados pela mescla de
sabores entre a grande diversidade de
espécies exóticas introduzidas pelos
colonizadores e de espécies nativas, efetivamente já utilizadas pela população
indígena que habitava o Brasil.
Em 1711, o famoso livro-marco da
história do desenvolvimento brasileiro,
o Cultura e Opulência do Brazil por
suas Drogas e Minas escrito por Antonil,
registrava com detalhes a produção de
cana-de-açúcar e fumo e ressaltava a
vastidão da pecuária em todo o território. Dava uma idéia detalhada dos processos sociais da agricultura e particularmente das relações entre o senhor do
engenho e todos os outros que com ele
interagiam e destacava a preponderância da agricultura sobre as minas. É
interessantemente mudo com relação às
hortaliças, já amplamente cultivadas no
país. Possivelmente, a decisão estratégica de Portugal de reservar ao Brasil a
posição de grande produtor de açúcar e
fumo e concentrar as especiarias (entre
elas olerícolas como o gengibre) no Oriente, apesar de ter inicialmente feito as
introduções destas no Brasil, em Angola e em São Tomé já no início do século
XVI. E Dom Manuel mandou-as destruir e proibiu o seu cultivo. É sabido,
todavia, que a força das ordens reais
perdia-se sempre na distância...
Após a restauração, nome dado à
reconquista da independência de Portugal em 1640, isto é, o regresso à sua independência plena em relação à Castela,
em que por questões de herança as co-
roas de Portugal e Castela couberam simultaneamente a Felipe II, III e IV de
Castela em um regime de monarquia
dualista que durou 60 anos, dá-se o reconhecimento de que Portugal perdera
o comércio das especiarias orientais,
levando o Rei de Portugal, D. Pedro II,
a tentar estabelecer um novo pólo de
especiarias no Brasil. Desde 1677, pelo
menos, foram enviadas várias remessas
de plantas vivas e sementes pelos barcos que aportavam no Brasil a caminho
de Lisboa para as deixarem em vários
locais do próprio Brasil e nas colônias
da África (Ferrão, 1993).
A introdução de hortaliças
A colonização do Brasil pelos portugueses provocou, sem dúvida, um dos
mais amplos processos de troca de plantas entre a Europa, as novas terras descobertas e as outras possessões na África e na Ásia. Do reino e das ilhas, os
colonos e os navegadores portugueses
trouxeram, além da cana-de-açúcar e da
videira, outras fruteiras (limoeiros, laranjeiras, cidreiras, figueiras, romãzeiras) e as hortaliças (alfaces, couves, repolhos, nabos, cenouras, pepinos, espinafres, cebolas, alhos, mostardas, tomates, gengibres, inhames). Os Padres da
Companhia de Jesus, que chegaram ao
Brasil a partir de 1549, possivelmente
foram ativos também na introdução de
hortaliças no Brasil. As contribuições
dos Jesuítas na introdução de algumas
espécies, como a canela, é bem conhecida e documentada (Ferrão, 1993). Aos
21 de julho de 1773, o Papa Clemente
XIV assinou o Breve “Dominus ad
Redemptor” que suprimiu a Companhia
de Jesus. É incalculável a contribuição
dos jesuítas com relação à difusão do
cultivo e do consumo de hortaliças durante os mais de duzentos anos de sua
permanência no Brasil.
Os legumes europeus foram introduzidos desde os primeiros anos de colonização. O padre jesuíta Fernão
Cardim, que chegou ao Brasil em 1583,
relata: “Melões não faltam em muitas
capitanias, e são bons e finos; muitas
abóboras que fazem conserva, muitas
alfaces, de que também a fazem couves,
pepinos, rabões, nabos, mostarda, hortelã, coentros, endros, funchos, ervilhas,
gergelim, cebolas, alhos, borragens, e
outros legumes que do Reino se trouxeram, que se dão bem na terra.” (Fernão
Cardim; Ana Maria de Azevedo [ed lit],
429
NR Madeira et al.
1997). Os textos do padre Fernão
Cardim foram escritos entre 1583 e 1601
e mantiveram-se inéditos durante séculos, só vindo a ser parcialmente divulgados em língua portuguesa em 1847.
Na relação das hortaliças apresentadas
pelo padre Cardim nota-se a ausência
do tomateiro que, entretanto, encontrase presente na relação das hortaliças
cultivadas no Brasil em trabalho publicado em 1730 e citado por Ferrão
(2005). Portanto, pode-se depreender
que, possivelmente, a introdução do tomateiro como cultura hortícola no Brasil ocorreu após 1601, época em que já
havia sido introduzido na Espanha, Itália e Inglaterra.
A introdução de várias espécies e
variedades de hortaliças, além de diversificar a alimentação dos primeiros colonizadores, serviu de material básico
para o melhoramento genético, na busca por uma melhor adaptação destas espécies às diferentes condições
edafoclimáticas encontradas no Brasil.
Outras introduções tornaram-se indispensáveis à culinária regional em algumas regiões brasileiras. Neste particular, destaca-se a tradicional “couve mineira”, herança de um dos produtos mais
representativos da culinária portuguesa,
que criou raízes profundas no solo mineiro devido à forte presença lusa na
província das Minas Gerais durante o
ciclo do ouro. Entretanto, deve-se ressaltar que em terras lusas as variedades
de couve mais usadas são do tipo
tronchuda, enquanto que no Brasil as
couves do tipo manteiga “pé alto” adaptaram-se melhor.
Outra contribuição, esta indireta e
bem menos honrosa para os portugueses,
mas que ocorreu de fato e que hoje resultou no enriquecimento ainda maior do
miscigenado povo brasileiro, foi, em decorrência do tráfico de escravos promovido pelos portugueses, o fluxo de materiais africanos, como os inhames, o quiabo, o jiló e o maxixe, entre outros.
A introdução dos “inhames” africanos e asiáticos no Brasil deve ter sido
realizada nos primeiros anos da colonização portuguesa, pois serviam, nos navios, de alimento da tripulação e dos es-
430
cravos durante as longas viagens marítimas dos portugueses (Ferrão, 2005).
Os “inhames” eram alimentos estratégicos para a armada portuguesa, à semelhança dos repolhos para a armada
Holandesa, pois reduziam o aparecimento de escorbuto durante o período
das grandes navegações. O inhame da
espécie Dioscorea alata foi introduzido da Ásia e as espécies D. bulbifera,
D. cayanensis, D. dumentorum e D.
rotundata são originárias da África Ocidental (Ferrão, 1992), todas cultivadas
nas regiões Norte/Nordeste do Brasil
(Pedralli et al., 2002). O taro (Calocasia
esculenta), comumente chamado de
inhame no Sudeste e Sul do Brasil, cuja
origem é o Sudeste Asiático e Oceania,
foi outra cultura introduzida pelos portugueses na nossa dieta.
Incentivo ao consumo e à produção de hortaliças
A partir do século XVIII, intensifica-se a imigração portuguesa para o
Brasil em função da descoberta de ouro
nas Minas Gerais e do aprimoramento
dos meios de transporte. No início do
século XVIII, a cultura da cana-de-açúcar e as minas de ouro tornaram-se os
principais motores da economia da colônia e o desenvolvimento e riqueza trazidos pelo ouro atraiu um grande contingente de colonos portugueses. O surto urbano que se deu na colônia graças
à mineração fez crescer as ofertas de
emprego para os portugueses, antes quase que exclusivamente rurais e, agora,
profissionais do comércio. A maior parte desses imigrantes vieram do Minho,
província ao Norte de Portugal, fixando-se principalmente na região CentroOeste e no estado de Minas Gerais. Pela
vinda em larga escala de colonos, a língua portuguesa tornou-se dominante no
Brasil em meados do século XVIII, em
substituição ao tupi-guarani ou língua
geral (GNU FDL, 2008).
Particularmente, momento crucial e
que este ano completa dois séculos, foi
a vinda da família real e sua comitiva
em 1808 (mais de oito mil pessoas), a
elite da sociedade portuguesa. Por uns
é vista como uma fuga covarde e por
outros como uma estratégia de guerra.
Fato é que esta medida poupou Portugal do inevitável massacre frente às tropas napoleônicas. E o gosto dos portugueses pelas terras d’além mar foi tanto
que o Rei D.João VI ficou por aqui por
13 anos, regressando à Portugal somente em virtude de percalços políticos que
o obrigavam a isso. Chegando ao Rio
de Janeiro, em 08 de março de 1808, e
instalando-se abusivamente nas casas
dos senhores mais abastados, ao assumir a rotina diária, os portugueses sentiram falta de seus alimentos e passaram a promover sua produção e consumo em maior escala. Consigo traziam
novas cultivares de couve, cenoura, cebola, batata, alface, entre outras hortaliças. Esta demanda e a resultante abundância de hortaliças no Brasil imperial
de 1853 é detalhadamente descrita por
Custódio de Oliveira Lima no “A Guia
do Jardineiro – Horticultor e Lavrador
Brazileiro ou Tratado Resumido e Claro Ácerca da Cultura das Flores, Hortaliças, Legumes, Fructos e Cereaes; da
Criação e Tratamento das Abelhas, Bicho da seda, Animaes e Aves Domésticas”. Seu terceiro capítulo (Das hortas, e
das Searas), aborda diversos aspectos, citando que a horticultura ou arte do hortelão demanda mais cuidados que a agricultura propriamente dita, exigindo do
horticultor dedicação diária, e que a
horticultura não se pode aplicar a grandes
terrenos. Já fala de algumas sugestões de
rotação de culturas como o plantio de cebola após couves. São discutidas mais de
50 hortaliças, incluindo: abóbora, acelga,
aipo, chicória, almeirão, alface (250 variedades, com três raças principais:
repolhuda, crespa, romana ou orelha de
mula), alcachofra, alho, anil, azedinha,
batata (brancas, amarelas, cinzentas,
violáceas, compridas, redondas), batata
doce, berinjela, beterraba, borragem, cardos, cebola, cenouras (branca longa, branca redonda, amarela longa, amarela redonda, roxa de Hespanha, curva de Holanda
e vermelha da Alemanha), chalotas, chicórias, coentro, couves, repolho, couve flor
e brocos, chus-chus ou caiota da Ilha da
Madeira, espargos, espinafres, favas, grão
de bico, hervilha, inhame ou girassol
batateiro, lentilha, melancia, melão, morangueiro, mostarda, nabo, nabo da SuéHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Contribuição portuguesa à produção e ao consumo de hortaliças no Brasil: uma revisão histórica
cia, ortelãa, ouregões, pastel, pepino, pimentão, pimpinella, rabãos, rabanetes,
ruiva, salsa, tomates e túbara da terra.
A contribuição específica dos Açorianos
O fluxo de imigrantes açorianos contribuiu marcadamente para o desenvolvimento da agricultura brasileira. A imigração dos Açores para o Brasil foi esporádica até 1617, quando se estabeleceu um contrato para o transporte de
1000 açorianos, sendo os mesmos instalados no Maranhão. Entretanto, foi
durante o reinado de D. João V que se
efetivou a vinda de maiores levas de
açorianos, quer seja para o Norte/Nordeste (Pará, Maranhão) e principalmente
para a Região Sul (Silva, 1994). No Sul,
a colonização açoriana instalou-se principalmente em Santa Catarina e Rio
Grande do Sul por decisão regulamentada pelo Conselho Ultramarino, de
modo a ocupar uma região que vinha
sendo ameaçada pela expansão espanhola proveniente do Prata. O primeiro
transporte de açorianos chegou ao Sul
do Brasil em 1748, após três meses de
viagem em pequenos navios mercantes
(Wiederspahn, 1979). Nos Açores, o
excesso demográfico atingia níveis intoleráveis e a miséria grassava, resultado da baixa produção agrícola. Assim,
o recrutamento de colonos ilhéus foi a
solução para os açorianos e para o governo português que precisava povoar
efetivamente o Sul do Brasil. A Coroa
oferecia vantagens aos colonos: passagem gratuita, um pequeno lote de terra,
ferramentas agrícolas, sementes, duas
vacas, uma égua e farinha suficiente
para um ano. Único foco de colonização de povoamento no Brasil colônia,
buscavam uma vida melhor e não somente enriquecimento. Santa Catarina
recebeu 4.612 colonos em 1748, 1.666
em 1749, 860 em 1750 e 679 em 1753,
duplicando a escassa população da capitania. Outros tantos rumaram para o
Rio Grande do Sul, fixando-se ao longo
do litoral. No final do século XVIII,
quase todo o Sul estava incorporado ao
domínio português, predominando no
litoral as pequenas propriedades agrícolas e no interior as grandes estâncias. Os
açorianos reforçaram a presença lusa de
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Santa Catarina ao Prata e o predomínio
da língua portuguesa, enquanto núcleos
de resistência à expansão espanhola
(GNU FDL, 2008). Introduziram seus
costumes e hábitos, inclusive alimentares, trazendo consigo variedades
hortícolas que, após seleção empírica
pelos agricultores, formou o que hoje
chamamos de germoplasma nacional,
base do melhoramento genético em algumas hortaliças para as condições
edafoclimáticas brasileiras.
Particularmente no caso da cebola,
as cultivares introduzidas sofreram um
processo de seleção pelos produtores,
dando origem a diversas populações
mais adaptadas às novas condições de
cultivo, mais resistentes a doenças e com
melhor conservação pós-colheita (Melo
et al., 1998). A cultivar Garrafal, oriunda de Portugal, após vários ciclos de
seleção, muitas vezes empírica, deu origem à cultivar Baia-Periforme (Lisbão,
1993). Até o advento dos híbridos importados na década de 1990, a cultivar
Baia-Periforme foi a cultivar de cebola
mais plantada no Sudeste. Também as
cultivares do tipo Crioula são originárias de material trazido pelos açorianos
(Bendjouya, 1980), provavelmente de
origem egípcia, sendo até hoje plantadas no Sul do Brasil.
Em cenoura, o germoplasma nacional ou tropical foi coletado por pesquisadores da Embrapa Hortaliças (então
UEPAE de Brasília) em 1976 no Município de Rio Grande, sul do Rio Grande
do Sul (Vieira et al., 1983), aonde vinha
sendo cultivado por descendentes de imigrantes açorianos, constituindo-se em
base genética para o melhoramento de
cenoura visando adaptação às condições
climáticas tropicais. Este esforço de pesquisa culminou com o lançamento da
cultivar Brasília, em 1981, e que até os
dias atuais é o material mais plantado
durante o verão. Tendo a cultivar Brasília
como material básico, foram
selecionadas novas populações de plantas pelas empresas privadas de sementes, gerando algo como uma dezena de
novas cultivares para verão. Foi este
material genético que permitiu a produção de cenoura em praticamente todo território nacional, assim como a produção
ao longo do ano em muitas regiões.
Os portugueses deixaram profundas
heranças para a cultura brasileira e também para a etnicidade do povo brasileiro. Hoje, a maioria dos brasileiros têm
alguma ancestralidade portuguesa. Certamente, a influência da colonização
portuguesa em terras d’além mar foi
fundamental em muitos fatores do nosso dia-a-dia, determinando muitos dos
hábitos que temos hoje, entre eles os
alimentares.
Portanto, neste ano em que se completam 200 anos da chegada da família
real portuguesa ao Brasil, momento histórico marcante para o desenvolvimento
do nosso país, como integrantes da Associação Brasileira de Horticultura, agradecemos o convite e a oportunidade de falar
um pouco sobre as contribuições lusas (ou
como dizemos carinhosamente “da
terrinha”) na introdução, na produção e
no consumo de hortaliças no Brasil.
Finalmente, a título de reflexão, é
importante lembrarmos do passado
como forma de entender o presente e
muito do que somos hoje e como base
para planejar nosso futuro enquanto indivíduos, sociedade e nação.
REFERÊNCIAS
AMARAL L. 1958. História Geral da Agricultura
Brasileira no tríplice aspecto político-socialeconômico. Volume II. 2a. ed., São Paulo:
Companhia Editora Nacional. 385 p.
ANTONIL AJ. 1923. Cultura e Opulência do
Brazil por suas Drogas e Minas, com um
estudo bio-bibliographico por Affonso de E.
Taunay.
São
Paulo:
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Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica
de hortaliças
Jacimar Luiz de Souza1; Vicente Wagner D Casali2; Ricardo HS Santos2; Paulo R Cecon2
1
INCAPER–Centro Regional Centro-Serrano, 29375-000 Venda Nova do Imigrante-ES; 2UFV, 36570-000 Viçosa-MG;
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Os insumos e serviços utilizados na produção vegetal representam custo energético. Dependendo desses fatores e das produtividades obtidas, a conversão da produção em energia determinará a eficiência energética do sistema. A agricultura orgânica somente atingirá a missão de preservação ambiental se tiver comprovada
sustentabilidade energética. Neste trabalho, objetivou-se caracterizar os balanços energéticos dos cultivos orgânicos e analisar sua
sustentabilidade, em comparação aos sistemas convencionais.
Monitoraram-se campos de produção de dez culturas, de 1991 a 2000
em Domingos Martins-ES. Os dados do sistema convencional foram obtidos pelas médias dos coeficientes técnicos da região.
Quantificaram-se os coeficientes técnicos, convertendo suas grandezas físicas em equivalentes energéticos, expressos em kcal. O sistema orgânico gastou 4.571.159 kcal ha-1 e apresentou 12.696.712
kcal ha-1 de energia inserida na colheita, mostrando balanço médio
de 2,78. Esse valor foi similar ao obtido no sistema convencional
(1,93). As participações dos componentes nos gastos do sistema orgânico foram embalagem (35,8%), composto orgânico (17,2%), irrigação (12,6%), sementes/mudas (12,4%) e mão-de-obra (11,0%),
serviços mecânicos (5,0%) e frete (4,5%). Se os custos com embalagens fossem eliminados, os gastos do sistema orgânico seriam reduzidos para 2.930.113 kcal ha-1, aumentando sua eficiência. A maioria dos cultivos orgânicos pode ser considerada sustentável em transformação de energia, com balanços superiores a 1,00 e produção
média diária de 80.421 kcal ha-1 por dia, superior à necessidade mínima de 58.064 kcal ha-1.
Energetic balance and sustainability analysis in the organic
production of vegetable crops
Palavras-chave: Agricultura orgânica; produtividade; sistemas de
cultivo; balanço energético.
The inputs used in crop production represent an energetic cost.
Depending on the inputs and on the achieved yields, the conversion of
the harvest into energy will determine the energetic efficiency of the
system. Organic agriculture will fully meet the goal of environmental
conservation only if its energetic sustainability is accomplished. The
objectives of this study were to characterize the energetic balance of
organic vegetable production and to analyze its energetic sustainability,
compared to conventional vegetable crop production systems. Field
data were collected from ten vegetable crop fields, from 1991 to 2000
in Domingos Martins, Espírito Santo State, Brazil. Data from the
conventional system were obtained in the region. The technical
coefficients of the systems were quantified and converted to an energy
equivalent (kcal). The general average of the organic system was an
input of 4,571,159 kcal ha-1 and an output of 12,696,712 kcal ha-1 at
harvest, presenting an energetic balance of 2.78. This balance was
similar to the conventional system (1,93). The components of the
energetic inputs in the organic system were packaging (35,8%), organic
compost (17,2%), irrigation (12,6%), seeds/seedlings (12,4%) and
labor (11,0%), machinery (5,0%) and transport (4,5%). If package
costs were removed, the energetic inputs on the organic system would
be reduced to 2,930,113 kcal ha-1, greatly improving its energetic
efficiency. Most of the crops could be considered sustainable regarding
energy conversion, presenting balances higher than 1.00. The daily
average energy yield in the organic system was 80,421 kcal ha-1 day-1
and was considered sustainable, higher than the minimum estimated
calories need (58.064 kcal ha-1).
Keywords: Organic agriculture; yield; crop systems; energetic balance.
(Recebido para publicação em 5 de novembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008)
(Received in November 5, 2007; accepted in October 17, 2008)
V
isando garantir alimentação, proteção, transporte, saúde, diversão e
outras funções e bens de consumo do ser
humano, muita energia é gasta, independente da forma e da fonte energética. Nos
agroecossistemas, a energia está na forma de radiação solar que alimenta a
fotossíntese, gerando biomassa; na forma
de trabalho humano, animal ou mecânico; ou ainda contida em combustíveis,
adubos, ferramentas, sementes e demais
insumos da agricultura (Mello, 1989).
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Nas últimas décadas, a agricultura
tem priorizado a alocação de quantidades cada vez maiores de energia nos sistemas produtivos, visando aumentar os
rendimentos físicos. No modelo de produção mais usual atualmente, a quantidade de energia investida na produção
de alimentos, muitas vezes tem sido
maior do que o retorno conseguido em
valor energético dos produtos, proporcionando baixa eficiência e balanço negativo (Pimentel et al., 1990;
Gliessman, 2000). Segundo MAFF
(2000), citado por Ozkan (2004), sistemas orgânicos de produção, que
priorizam o uso de insumos de menores
custos energéticos que aqueles industrializados, tendem ao gasto energético
menor e eficiência maior que sistemas
convencionais.
O Brasil gasta 2,6 kcal ao produzir
1,0 kcal de alimentos (balanço
energético = 0,38). Os países desenvolvidos já estão gastando mais de 5,0 kcal;
433
JL Souza et al.
os EUA gastam 9,0 kcal e o Japão 12,0
kcal. É interessante notar que nos diversos países, à medida que a demanda
energética aumenta na agricultura, também aumentam as necessidades de
fosfato e do emprego de agrotóxicos, e
vice-versa (Almeida, 2005).
Os sistemas de monocultura do modelo convencional de produção, baseado na agroquímica, causam redução na
eficiência energética, devido à pequena
cobertura do solo (que induz perdas por
evaporação e por erosão), associado à
grande dependência de insumos externos (adubos minerais e agrotóxicos,
ambos de alto custo energético). Nesse
sentido, o emprego de práticas que reduzam os problemas delineados pode ser
a alternativa para o aumento da eficiência dos sistemas produtivos, especialmente pelo emprego de rotações de cultura e manejo de espécies próprias para
adubação verde, para cobertura do solo
e fixação de carbono e nitrogênio (Uri
et al., 1998; Santos et al., 2000; Li et
al., 2002).
Ferraro Júnior (1999) argumenta que
a transição para a sustentabilidade, pressupõe a identificação de sistemas eficientes em longo prazo, e que avaliações meramente financeiras de sistemas
têm horizonte demasiadamente curto
pois estão sujeitas a distorções impostas pelas flutuações do mercado, o que
não é o caso das avaliações em torno
dos fluxos de energia. Por isto, as análises energéticas têm proporcionado
maior segurança nos estudos de longo
prazo, assim como na comparação entre culturas, sistemas e atividades
agropecuárias, desenvolvidas em diversos locais, que possuem características
próprias de cada região e país.
A definição de sustentabilidade é
muito variável, englobando conceitos
que abordam simples ajustes no atual
padrão produtivo, até aqueles que abordam conceitos de longo prazo. Porém,
análises de sustentabilidade devem tomar por base a eficiência energética dos
sistemas. Portanto, sistemas orgânicos
de produção, que sejam tecnicamente
eficazes, ecologicamente corretos, economicamente viáveis e socialmente justos, tornam-se insustentáveis se não forem energeticamente eficientes. Por este
motivo, o presente trabalho teve por
434
objetivos caracterizar os balanços
energéticos e analisar a sustentabilidade
energética dessa produção, ao longo de
dez anos, comparadas ao sistema convencional, na região serrana do estado
do Espírito Santo.
MATERIAL E MÉTODOS
A área experimental de agricultura
orgânica do Centro Regional de Desenvolvimento Rural do INCAPER, abrange 3 ha e localiza-se na região serrana
do Espírito Santo, na altitude de 950 m,
no município de Domingos Martins.
Nesta região, a temperatura média das
máximas nos meses mais quentes está
entre 26,7 e 27,8°C e a média das mínimas nos meses mais frios entre 8,5 e
9,4°C. Os 16 talhões dessa área foram
caracterizados individualmente desde o
início do projeto e os plantios das culturas em rotação nestes talhões foram
utilizados como repetições temporais
para medir o desempenho produtivo das
diversas espécies olerícolas no sistema
orgânico.
Os métodos de produção, além de
seguirem os princípios da Agroecologia
(Souza & Resende, 2003), foram aplicados conforme as determinações da
legislação brasileira (Lei nº 10.831, do
Ministério da Agricultura, de 23/12/03).
Entre os métodos empregados, destacam-se: compostagem orgânica; adubação verde; manejo de ervas espontâneas;
cobertura viva e morta; rotação e sucessão de culturas, controle alternativo de
pragas e doenças.
A mensuração energética deste trabalho consistiu na transformação de todos os coeficientes técnicos (materiais,
insumos e serviços) em unidades de
energia ou unidades calóricas equivalentes. Por não encontrar padronização definida na bibliografia nacional e internacional consultada, a unidade de medida de energia foi a Quilocaloria (1 kcal
= 1.000 cal), por ser unidade básica de
fácil compreensão. O limite de contabilidade energética de cada cultura compreendeu as fases desde o preparo do
solo até a entrega do produto no mercado, englobando os gastos com embalagem e frete. Os coeficientes técnicos (indicadores físicos) foram propostos por
Souza (2005), no acompanhamento e
monitoramento do sistema orgânico de
produção de 10 culturas olerícolas, na
área experimental de agricultura orgânica do INCAPER. As produções orgânicas, extrapoladas para 1 ha de cada
hortaliça, foram obtidas de 1991 a 2000.
Foram comparadas as quantidades
de energia embutidas apenas nos produtos comerciais (produtividade comercial, após a seleção e classificação), relacionando-se com o total de energia
investida na produção (embutida nos
insumos, serviços, equipamentos e frete), obtendo-se assim o balanço
energético de cada plantio de cada cultura. Os números de plantios, que originaram as médias apresentadas neste trabalho foram: abóbora (12), alho (14),
batata (8), batata-baroa (9), batata-doce
(13), cenoura (17), couve-flor (12), repolho (15), taro (6) e tomate (9). Os valores obtidos para o balanço energético
podem ser menores que 1,0 (indicando
balanço negativo, pois a energia gerada
na forma de produtos foi menor do que
aquela consumida no processo produtivo; iguais a 1,0 (indicando balanço nulo,
pois a energia gerada na forma de produtos foi igual àquela consumida no processo produtivo; ou maiores que 1,0 (indicando balanço positivo, pois a energia gerada na forma de produtos foi
maior do que aquela consumida no processo produtivo.
Como referenciais comparativos foram utilizados os coeficientes técnicos
médios dos sistemas convencionais de
produção das mesmas espécies de hortaliças e a produtividade média usualmente alcançada na região (Souza,
2005). Estes componentes foram transformados em valores calóricos, de forma análoga à metodologia aplicada no
sistema orgânico de produção. Estes
dados energéticos do sistema convencional constituíram a referência
populacional, com a qual foram analisados comparativamente os desempenhos dos cultivos orgânicos.
Os valores calóricos adotados para
insumos, materiais, produtos e serviços
estão detalhados em Souza (2006) e
apresentados resumidamente a seguir:
Insumos orgânicos - adotou-se o valor
de 15 kcal kg-1 para resíduos vegetais e
esterco de gado e o valor de 30 kcal kg-1
para outras fontes de esterco. Para o
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças
composto orgânico e o biofertilizante
enriquecido, realizaram-se cálculos do
processo de produção local. O composto totalizou 25.700 kcal kg-1 a 50% de
umidade final (forma utilizada nas adubações das culturas). O biofertilizante
líquido somou 13 kcal L-1; Sementes e
mudas - Para sementes botânicas e
propágulos vegetativos multiplicadas no
próprio sistema orgânico, foram feitos
cálculos dos gastos envolvidos nos processos, inserindo gastos com mão-deobra na seleção, armazenamento e preparo das sementes e propágulos. Baseou-se nos valores de 2400 kcal dia-1
para a mão-de-obra, 0 kcal kg-1 para restos culturais, sugerido por Ferraro Júnior
(1999) e nos conteúdos calóricos dos
produtos sugeridos por Franco (1999).
Quanto às sementes adquiridas no mercado (abóbora, cenoura, couve-flor e
repolho), optou-se pelo método que avalia os custos energéticos pelos custos
financeiros da matriz energética brasileira, segundo Mello (1989). A obtenção do valor energético da moeda se deu
pela razão entre o consumo de energia
primária (kcal) e o PIB (Produto Interno Bruto, em Reais), no ano de 2004,
ou seja, 1.008,4 kcal Real-1; Adubos
minerais e corretivos - nitrogênio
(14.930 kcal kg-1 (Felipe Júnior et al.,
1984, citados por Ferraro Júnior, 1999));
fósforo e potássio (3.000 kcal e 1.600
kcal kg-1 de P2O5 e de K2O, respectivamente (Lockeretz1980)); micronutrientes (1.291 kcal kg-1, estimado pela matriz energética brasileira de1.008,4 kcal
R$-1); calcário dolomítico (132.822 kcal
t-1 (Macedônio & Picchioni, 1985)); cal
virgem (2.408 kcal kg-1 (Mello, 1989));
sulfato de cobre (400 kcal kg-1, valor
similar ao sulfato de potássio e
magnésio, relatados por Ferraro Júnior,
1999); Calda bordalesa - 18,6 kcal L-1
(cálculo baseado nos componentes e
serviços); Óleo diesel - 8.484 kcal L-1
(MME, 2005); Agrotóxicos - herbicidas
(83.572 kcal L-1); inseticidas (60.393
kcal L-1); fungicidas (50.083 kcal kg-1);
outros
pesticidas:
acaricidas,
espalhantes (64.683 kcal por kg ou L
(Pimentel, 1980)); Energia elétrica 860 kcal kwh-1, publicado no Boletim
Energético Nacional de 2004, pelo Ministério das Minas e Energia (MME,
2005); Serviços mecânicos - aração
(136.010 kcal ha-1), gradagem (47.976
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
kcal ha-1) e destorroamento com rotativa
de micro-trator (10.035 kcal ha -1
(Ferraro Júnior, 1999)); Serviços manuais - os gastos calóricos das diversas
atividades executadas foram obtidos por
estimativa, proporcionalmente ao esforço necessário na realização de cada atividade, balizados no valor médio de
2.400 kcal dia -1 (300 kcal hora -1
(Gliessman, 2000; Ferraro Júnior,
1999)); Irrigação - os valores calóricos
foram estimados para cada cultura, baseando-se nos dados médios do consumo de água na irrigação e nos valores
médios de 0,131 kwh por m3 de água e
860 kcal por kwh (Lima et al., 2005);
Embalagens plásticas - baseou-se no
peso das embalagens e no valor
energético dos plásticos (inclusive
isopor/poliestireno), 9.000 kcal kg-1, segundo Sakurai (2004) e IPT (2005);
Caixas e engradados de madeira valor calculado em 75 kcal por unidade, para cada utilização (considerou-se
a re-utilização em 30 vezes). Baseou-se
nos gastos para cada unidade, na base
de 3 kg de madeira processada (597 kcal
kg-1), 0,25 hora de serviço (500 kcal
hora-1) e 30 gramas de pregos (11.090
kcal kg-1); Frete - 880 kcal por t km-1,
obtido pela razão entre o custo
energético total do setor, relatados no
BEN 2005 (MME, 2005) e o volume de
carga transportada (ANTT, 2005); Valor calórico dos produtos - utilizaramse os valores médios descritos por Franco (1999), tendo por base a massa fresca das hortaliças.
A análise de sustentabilidade
energética foi baseada no atendimento
dos índices mínimos em dois aspectos:
1) No sistema de produção deve haver
saldo de energia, isto é, o conteúdo de
energia nos produtos colhidos (saídas)
deve ser igual ou superior aos seus próprios gastos (entradas), com balanço
energético igual ou superior a 1,00. 2)
A produção de energia por unidade de
área deve ser igual ou superior a 58.064
kcal ha-1 por dia. Este índice baseia-se
na necessidade per capita de 3.000 kcal
dia-1, na demanda mínima de energia
para atender à subsistência de 6 bilhões
de pessoas (18 x 1012 kcal dia-1) e na área
cultivada no mundo (0,31 x 109 ha), conforme Ferraro Júnior (1999).
As variáveis analisadas foram: produtividade, saída de energia, entrada de
energia, balanço energético e participação dos componentes nos gastos totais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Produtividades e Saídas de energia - As produtividades e os respectivos
conteúdos de energia de cada hortaliça
nos sistemas orgânico e convencional
foram semelhantes. Não houve diferença estatística na maioria das espécies,
exceto para o repolho que produziu mais
biomassa e energia no cultivo orgânico
e para o tomate, que produziu mais biomassa e energia no cultivo convencional. Verificou-se média de 12.696.712
kcal ha-1 exportada (saída) do sistema
orgânico, estatisticamente igual à exportação do sistema convencional, que foi
de 13.025.950 kcal ha-1 (Tabela 1).
Entradas de energia - Os gastos de
energia (entradas) foram significativamente menores no cultivo orgânico de
abóbora, alho, batata, couve-flor, repolho e tomate, enquanto os cultivos orgânicos de batata-baroa, batata-doce,
cenoura e taro apresentaram gastos similares ao convencional (Tabela 1). Na
comparação média entre os sistemas, o
gasto de energia foi considerado estatisticamente igual (orgânico = 4.571.159
kcal ha-1 e convencional = 6.766.464
kcal ha-1).
O menor gasto energético foi verificado para o cultivo orgânico da abóbora (1.598.512 kcal ha-1) e o maior foi
verificado no cultivo convencional de
tomate (16.641.459 kcal ha-1) nos plantios a campo. O total dos gastos
energéticos para cultivo convencional de
tomate em ambiente protegido, relatado por Ozkan et al. (2004), foi de
30.431.381 kcal ha-1, comprovando que
o uso de insumos industriais eleva o dispêndio energético para a produção de
alimentos.
Verificou-se que o maior aporte de
energia, não necessariamente se relaciona com balanço energético menos favorável. Contrariamente, dentro dos limites avaliados, verificou-se que maiores entradas de energia na produção de
todas as culturas relacionaram-se diretamente com maiores balanços
energéticos. Isto se deve ao fato do aumento na produtividade das hortaliças
promover aumento nas entradas de ener435
JL Souza et al.
gia, pelo aumento no gasto de mão-deobra na colheita e maiores gastos com
embalagens e com frete. Porém, o aumento demandado nas entradas é menor que o aumento observado nas saídas de energia, favorecendo então o balanço energético.
Balanço energético - Na Tabela 1
estão os balanços energéticos de cada
espécie, na comparação entre os dois
sistemas de produção. Foi comprovada
maior eficiência energética em favor do
cultivo orgânico para abóbora, alho, repolho e tomate. Apenas o cultivo convencional de cenoura apresentou-se
mais eficiente que o cultivo orgânico.
Nas demais culturas, os sistemas se
equivaleram em eficiência.
O balanço energético médio do sistema orgânico foi 2,78, contra 1,93 do
sistema convencional, não diferenciando-se estatísticamente pelo teste ‘t’, ao
nível de 5 % de probabilidade. Isto possivelmente foi devido ao pequeno número de amostras e à alta variabilidade
nos dados e está coerente com os resultados relatados por MAFF (2000), citado por Ozkan et al. (2004), que relatou
índice de balanço energético de 5,31
para cultivos orgânicos de hortaliças.
Este índice se assemelha aos observados neste trabalho para o cultivo orgânico de repolho (4,07), de batata-baroa
(4,38) e de batata-doce (6,58).
Ressalta-se que as embalagens plásticas, por representarem alto dispêndio
energético (exceto para a cultura da abóbora), foram as principais responsáveis
pela limitação da eficiência nos cultivos orgânicos, e que a redução ou eliminação destes custos favoreceriam
grandemente o balanço energético (Figura 1).
Pimentel & Burgess (1980) também
comprovaram que o aporte de insumos
industrializados e mecanização, aumentaram sobremaneira o aporte de energia
na cultura do milho, reduzindo o balanço energético. Estes resultados são similares àqueles relatados por Mello
(1989), quando avaliou a eficiência
energética de quatro sistemas de produção de milho em Santa Catarina. Foi
verificado que a produção de milho com
adubo orgânico e colheita manual teve
balanço energético de 6,61 calorias por
unidade. No sistema com adubo mine436
Tabela 1. Médias do desempenho produtivo e energético de dez culturas olerícolas em sistemas de produção orgânico e convencional de 1991 a 2000 (productive and energy acting
averages comparison of ten vegetable crops cultivated under organic and conventional
production systems, from 1991 to 2000). Domingos Martins, INCAPER, 20061.
1
Médias marcadas com a mesma letra, nas colunas dentro de cada cultura e dentro da média, não
diferem entre si pelo teste ‘t’, ao nível de 5% de probabilidade (means followed by the same
letter, in the columns for each crop and means, did not differ from each other, ‘t’ test, 5%).
ral e colheita mecânica, os gastos de
energia foram maiores, fazendo com que
o balanço energético fosse reduzido para
4,55 calorias por unidade.
Participação dos componentes - As
participações detalhadas dos componentes nos custos calóricos de cada cultura
no sistema orgânico e no sistema convencional estão apresentadas nas Tabelas 2 e 3, respectivamente. As médias de
participações nos sistemas orgânico e
convencional estão ilustradas na Figura
1. A embalagem foi o componente de
maior custo energético no sistema orgânico, com média de 35,8%. No sistema
convencional, as embalagens representaram apenas 4,0% e os adubos minerais
foram os mais onerosos, somando 45,8%
do total, concordando com Gândara
(1998) quando verificaram que os adubos minerais foram os componentes que
mais oneraram energeticamente o cultivo convencional de alface e beterraba.
A participação da adubação orgânica com composto variou de 9,2% no
tomate até 24,1% na abóbora, encerrando uma média de 17,2% no sistema orgânico, com o desvio padrão de 5,58.
Gândara (1998), estudando balanços
energéticos no sistema orgânico de produção de alface e beterraba, no Distrito
Federal, verificou que o composto orgânico representou 78% e 76% dos custos energéticos da produção de 1 ha dessas culturas, respectivamente. Estes índices são extremamente altos quando
comparados aos obtidos neste estudo, o
que é plenamente justificável, pois no
trabalho de Gândara (1998) observouse diferença metodológica em três aspectos: 1) a contabilização energética foi
realizada apenas na fase de campo, não
se considerando a fase de colheita, embalagem e frete, como no presente caso;
2) a dosagem de composto contabilizada
na alface e na beterraba foi 134,0 t ha-1,
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças
Figura 1. Média da participação relativa dos componentes nos custos calóricos da produção de hortaliças, em dois sistemas de cultivo
(relative average participation of the components in the caloric costs of the vegetables production in two cultivation systems): (A) orgânico
com embalagem e frete (organic with packaging and freight); (B) orgânico sem embalagem e frete (organic without packaging and freight);
(C) convencional com embalagem e frete (conventional with packaging and freight); (D) convencional sem embalagem e frete (conventional
without packaging and freight). Domingos Martins, INCAPER, 2006.
Tabela 2. Participação porcentual dos componentes nos custos energéticos totais de dez culturas olerícolas em sistema orgânico (percentual participation
of the components in the total energy costs of ten vegetable crops in organic production system). Domingos Martins, INCAPER, 2006.1
1
Os valores, para cada cultura, são médias de vários cultivos no período de 1991 a 2000 (values, for each vegetable crop are averages of the
fields, from 1991 to 2000).
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
437
JL Souza et al.
Tabela 3. Participação porcentual dos componentes nos custos energéticos totais de dez culturas olerícolas em sistema convencional (percentual
participation of the components in the total energy costs of ten vegetable crops in conventional production system). Domingos Martins,
INCAPER, 2006.1
1
Os valores, para cada cultura, são médias do sistema convencional da região, no ano 2000 (values, for each vegetable crops are averages of
the conventional system of the region, in 2000).
ao passo que nas espécies aqui avaliadas, empregou-se 15 a 30 t ha-1; 3) o
valor calórico por t do composto foi
52.940 kcal, contra um valor de 25.700
kcal adotado neste trabalho.
Os componentes destinados à fertilização participaram de forma bastante diferenciada nos custos energéticos dos dois
sistemas. No sistema orgânico somaram
17,2%, com emprego apenas de composto orgânico (Figura 1A), ao passo que no
sistema convencional somaram 49,3%,
com uso de esterco de galinha (3,5%) e
adubos minerais (45,8%) (Figura 1C).
As participações dos componentes,
considerando apenas a fase de campo
(sem contabilizar embalagem e frete),
estão apresentadas nas Figuras 1B (sistema orgânico) e 1D (sistema convencional). Verifica-se que o total de custos no sistema orgânico é reduzido de
4.571.159 kcal ha-1 a 2.724.411 kcal ha-1,
ou seja, diminuição de 40,4%. No sistema convencional, pelo fato de já possuir gasto calórico pequeno com embalagens, esta redução seria menos intensa, em torno de 7,2% (de 6.766.464 kcal
ha-1 para 6.279.278 kcal ha-1).
No sistema orgânico, a grande redução dos gastos, principalmente ocasionado pela ausência das embalagens,
elevaria a eficiência energética, aumentando o balanço de 2,78 até 4,66 kcal kcal-1. A
participação dos principais componen438
tes ficaria assim: composto orgânico
(28,8%), irrigação (21,1%), sementes e
mudas (20,7%) e serviços manuais
(18,5%).
Destaca-se que, na avaliação em que
se inseriu o custo energético de embalagem e frete, a mão-de-obra situou-se
na 5ª posição em termos de dispêndio
de energia, e na avaliação sem inserir
embalagem e frete, situou-se na 4ª posição, portanto não sendo considerado
componente limitante energeticamente
em cultivo orgânico de hortaliças.
Os elevados custos energéticos das
embalagens nos cultivos orgânicos induzem a três reflexões importantes: 1)
a cadeia de alimentos orgânicos demonstra que a produção tem caráter
agroecológico e orgânico, mas o mercado mantém toda estrutura convencional, não priorizando redução de custos
energéticos; 2) reforça a importância de
priorizar vias de comercialização de
maior aproximação do produtor com o
consumidor, sem emprego de embalagens plásticas, através de feiras livres e
entregas por cestas; 3) confirma a necessidade de desenvolvimento de alternativas de embalagens ecológicas, para
redução da poluição ambiental e
minimização de custos energéticos na
produção orgânica.
Análise de sustentabilidade - No
aspecto referente ao saldo de energia
gerado pelo balanço energético, observaram-se dados bastante variáveis, tanto entre as culturas como entre os sistemas (Tabela 4). No sistema orgânico,
verificaram-se valores de 0,97 da cultura do tomate até 6,58 da cultura da
batata-doce. No sistema convencional,
verificaram-se valores de 0,83 da cultura do tomate até 6,45 da cultura da
batata-doce. A maioria dos cultivos foi
sustentável em transformação de energia, à exceção dos cultivos de abóbora
no sistema convencional e de tomate em
ambos os sistemas.
No sistema orgânico, constatou-se
que as produtividades necessárias para
que os balanços energéticos sejam
iguais a 1,00 foram relativamente baixas, tais como 12.722 kg ha-1 para a
cenoura e 13.592 kg ha-1 para o repolho. No sistema convencional necessitam-se rendimentos maiores para se
alcançar esta sustentabilidade, devido
aos níveis elevados de aportes de energia, pelo emprego de insumos industrializados.
Quanto ao aspecto referente à quantidade de energia produzida por unidade de área (Tabela 5), a média do sistema orgânico foi 80.421 kcal ha-1 por dia,
considerada sustentável em nível de subsistência. As produções calóricas individuais de todas as culturas também
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Balanço e análise da sustentabilidade energética na produção orgânica de hortaliças
Tabela 4. Produtividades, balanços energéticos e produtividades mínimas para balanços
iguais a 1,00 (yield, energy balance and minimum yield for balance similar to 1,00). Domingos Martins, INCAPER, 2006.
AGRADECIMENTOS
Ao INCAPER e à UFV, instituições
promotoras deste trabalho. Ao CNPq,
pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS
Tabela 5. Produção total e diária de energia no cultivo orgânico de dez culturas olerícolas
(total and daily energy production in organic production system of ten vegetable crops).
Domingos Martins, INCAPER, 20061.
1
Ciclo médio de cada cultura no sistema orgânico, no período de 1991 a 2000 (Medium
cycle of each crop in the organic system, from 1991 to 2000) (SOUZA, 2005).
podem ser consideradas sustentáveis,
pois foram similares ou superiores a
58.064 kcal por ha dia-1, exceto a cultura da abóbora, que produziu apenas
26.639 kcal. A cultura mais eficiente foi
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
a da batata, com produção de 157.414
kcal ha-1 por dia. Os cultivos orgânicos
de batata-doce, repolho e cenoura também se destacaram com bom nível de
produção de energia por área.
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de Belo Horizonte. Horticultura Brasileira 26: 441-446.
Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo
Horizonte
Ronaldo Perez; Afonso Mota Ramos; Mirella Lima Binoti; Paulo Henrique Machado de Sousa; Gisela de
Magalhães Machado; Iara Borges Cruz
UFV-Depto. Tecnol. de Alimentos, 36570-000 Viçosa-MG; [email protected]; [email protected]; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O consumidor vem apresentando cada vez maior consciência na
escolha de sua alimentação, porém com menor tempo disponível
para preparar refeições saudáveis. Diante disso, o mercado de hortaliças minimamente processadas tem aumentado rapidamente, proporcionando o surgimento de produtos convenientes, ou seja, produtos frescos que podem ser preparados e consumidos em pouco
tempo. Assim, neste trabalho estudou-se o comportamento de compra e o perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas em supermercados de Belo Horizonte. Foram aplicados questionários aos consumidores de cinco estabelecimentos que vendiam
hortaliças minimamente processadas (HMP) e os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente no momento das compras, durante o
mês de novembro de 2004. Foram entrevistadas 246 pessoas, das
quais apenas 23% consumiam HMP. Os principais motivos para consumir foram comodidade e praticidade (46%), pouco tempo para o
preparo (21%) das refeições e higiene (11%) dos produtos, e para
não consumir foram preço elevado (31,9%), gosta de preparar e/ou
escolher (23%) e desconfiança (17,8%) dos produtos ofertados. Os
maiores consumidores são as pessoas com maior escolaridade e nível de renda mais elevado. A sobrevalorização dos HMP em relação
aos produtos comuns variou de 2,4 vezes (batata) até 39,5 vezes
(cenoura), sendo a média de sobrevalorização encontrada no mercado para as onze HMP de 10 vezes.
Profile of minimally processed vegetable consumers in Belo
Horizonte, Brazil
Palavras-chave: processamento mínimo, consumidor, pesquisa de
mercado.
Keywords: minimally processing, consumer, market research.
Consumer’s food consciousness has increased, however, time
for preparing healthy food has decreased. Therefore, the market of
minimally processed vegetable has increased rapidly, giving rise to
the appearance of fresh products that can be prepared and consumed
faster than conventional foods. Thus, the objective of this work was
to establish the behavior and profile of minimally processed vegetable
consumers in supermarkets of Belo Horizonte, Minas Gerais State,
Brazil. Based on the answers to a survey, the consumers profile was
traced, highlighting preferences, habits, complaints and demands.
The survey was conducted with consumers of five supermarkets
which sell minimally processed vegetables (MPV). Consumers were
chosen randomly when they were buying in November 2004. Of
two hundred and forty six interviewed persons, 23% were consumers
of MPV. The main reasons for consumption were: easiness and
feasibility (46%); short preparation time (21%) of meals and hygiene
(11%) of the products; and the main reasons against consumption
were: the high price of the precuts (31,9%); easy to prepare and/or
to choose (23%) and distrusting (17,8%) the offered products. The
major consumers were those with a better education. Comparing the
overrating of MPV with other vegetables, a variation of 2,4 (potato)
to 39,5 times (carrots) was found. On average the overrating found
in markets for eleven MPV was of 10 times.
(Recebido para publicação em 22 de novembro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2008)
(Received in November 22, 2007; accepted in October 30, 2008)
A
s hortaliças minimamente processadas (HMP) surgiram como uma
interessante alternativa para o consumidor que não possui tempo de preparar
sua refeição ou mesmo não gosta de
fazê-la. Em vários países verifica-se que
esses produtos estão sendo oferecidos
nos formatos mais variados, sempre visando a agregação de valor e comodidade do consumidor (Candel, 2001;
Moretti, 2004). Alguns estudos têm
mostrado que a necessidade dos consumidores por conveniência é
correlacionada com a escolha dos alimentos (Verbeke, 2001; Verlegh &
Candel, 1999). Normalmente na seção
de frutas, legumes e verduras (FLV) dos
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
supermercados, esses produtos podem
estar embalados em bandejas cobertas
com filme plástico ou em pacotes. A atmosfera interna das embalagens pode
ser modificada para aumentar o tempo
de validade dos produtos.
De acordo com o “International
Fresh-Cut Produce Association” (IFPA,
2001), produtos minimamente processados são frutas ou hortaliças que são
modificadas fisicamente, mas que mantêm o seu estado fresco. Assim, é um
produto fresco, tornado conveniente,
com qualidade e segurança.
As etapas através das quais as hortaliças são minimamente transformadas
são basicamente: pré-seleção, classifi-
cação, lavagem, corte, sanitização, enxágüe, centrifugação, embalagem e
armazenamento refrigerado (Silva &
Fernandes, 2003).
São diversas as vantagens que as
hortaliças minimamente processadas
trazem para o produtor e também para
o consumidor. A atividade normalmente mal remunerada de produção e venda
de produtos hortícolas ao natural ganha
especial incremento com a agregação de
valor que o processamento mínimo proporciona ao produto. O consumidor ganha comodidade e praticidade devido a
embalagens convenientes e um produto
pronto para o preparo ou até mesmo para
o consumo.
441
R Perez et al.
Figura 1. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas com relação à faixa etária dos entrevistados
(). Viçosa, UFV, 2004.
Figura 2. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação ao estado civil. Viçosa, UFV, 2004.
O conhecimento do perfil dos consumidores é fundamental para que o produtor e sua associação ou cooperativa
possam adequar sua oferta às necessidades específicas do público a ser atendido, quer por faixa de renda ou etária,
por região geográfica ou por número de
pessoas na família (FrutiFatos, 2003a).
Diante do exposto, neste trabalho
objetivou-se estabelecer o perfil de consumo de hortaliças minimamente processadas em Belo Horizonte (MG), bem
como avaliar a qualidade e segurança
através da análise da forma de
armazenamento desses produtos.
MATERIAL E MÉTODOS
A população pesquisada consistiu de
consumidores que compravam hortaliças
minimamente processadas em cinco estabelecimentos comerciais (supermercados), situados em diferentes áreas da cidade de Belo Horizonte, durante o mês
de novembro de 2004. Esses estabelecimentos foram selecionados por venderem hortaliças minimamente processadas
nas mais diferentes formas. Os consumidores foram selecionados aleatoriamente no momento das compras, durante os
442
dias da semana e finais de semana, nos
períodos da manhã, tarde e noite.
A pesquisa foi realizada seguindo
metodologia específica da modalidade
exploratória, que inclui aplicação de
questionários e entrevistas aos agentes
interessados. Andreuccetti et al. (2005)
e Wilkins et al. (2002) utilizaram questionários e entrevistas como meio de
coletar informações junto aos consumidores, justificando que esta é uma
metodologia fácil e rápida para obtenção de dados.
Os questionários foram elaborados
para caracterizar o consumidor; suas
preferências, e o consumo em relação
ao produto estudado. Também foram
aplicados questionários aos responsáveis pela seção de FLV dos supermercados pesquisados para analisar o
percentual de venda dos HMP e quais
eram as hortaliças mais vendidas. O
número de consumidores entrevistados
foi calculado considerando-se o tamanho da população, a homogeneidade do
público alvo e a quantidade de erro
amostral admitida. Foi considerado um
erro amostral de ±5% e um público alvo
homogêneo em relação ao padrão de
consumo. Como a cidade de Belo Horizonte tem 2.350.564 habitantes (IBGE,
2004) foi necessário aplicar 246 questionários aos consumidores nos estabelecimentos selecionados (SEBRAE/
EMBRAPA, 2003).
A forma de armazenamento das hortaliças minimamente processadas foi
avaliada considerando-se o local e temperatura de armazenamento, forma de
exposição, rotulagem e selo de qualidade. O armazenamento é relevante dada
sua maior importância em relação à qualidade e segurança dos alimentos minimamente processados (Jacxsens et al.,
2002a, 2002b; Piga et al., 2000).
Os dados obtidos nas entrevistas foram analisados utilizando o programa
estatístico SPSS® para Windows, pela
análise de agrupamentos e realizada
análise gráfica dos dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Minas Gerais, um total de 83 e
80% das pessoas pesquisadas consome
legumes e verduras, respectivamente,
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte
Figura 3. Consumo (A) e freqüência de consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação à escolaridade dos entrevistados.
Viçosa, UFV, 2004.
Figura 4 Consumo (A) e freqüência do consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação ao número de moradores. Viçosa, UFV, 2004.
todos os dias da semana. Já no Rio de
Janeiro, quase metade da população,
57% em média, tem o hábito de consumir os hortifrútis diariamente, e 10% o
fazem três ou quatro vezes por semana
(FrutiFatos, 2003b). Os legumes são
consumidos diariamente por cerca de
60% da população e as verduras por
57%. Comparado aos mineiros, a pesquisa indicou que os cariocas dão menos importância ao consumo de frutas e
hortaliças e apenas 46% os julgam alimentos saudáveis contra 60% dos mineiros (FrutiFatos, 2003b).
No presente trabalho todos os entrevistados (246) disseram que consomem
hortaliças, sendo que 218 (89%) consomem diariamente, 20 (8%) consomem
de 3 a 5 vezes por semana e 8 (3%) consomem de 1 a 2 vezes por semana.
Quanto às hortaliças minimamente processadas, dos entrevistados, 190 (77%)
não as consomem, e 56 (23%) consomem estes produtos. A maior parte dos
entrevistados (74%) era do sexo feminino, indicando que a mulher é responsável pelas compras da casa, número
inferior ao observado em Brasília, onde
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
67,8% dos clientes avaliados eram mulheres, representando 56,4% dos consumidores de HMP (Junqueira et al.,
2003).
A totalidade das pessoas abordadas
dizia consumir hortaliças diariamente,
porém o consumo de HMP é de apenas
23%. Disso pode-se concluir que o consumo de hortaliças não processadas é
bastante alto, o que caracteriza um mercado promissor para as hortaliças processadas, desde que sejam feitos ajustes para aumentar sua fatia de mercado,
como redução nos preços e orientação
quanto às suas vantagens em relação ao
produto não processado.
Com relação ao consumo de hortaliças minimamente processadas, há uma
pequena diferença entre as mulheres e os
homens entrevistados. Entre os homens,
o consumo de HMP é 25% um pouco
maior que entre as mulheres (22%). Entre os que consomem HMP, a maioria dos
homens e mulheres consome raramente.
Dos 246 entrevistados, apenas 56 consomem HMP, sendo este total representado por 71% de mulheres e 29% de homens. O consumo diário ocorre em 7%;
algumas vezes por semana (1 a 5 vezes)
em 27%; uma vez a cada 15 dias em 23%
e 1 vez ao mês em 43%. Com relação a
este consumo, entre os homens (44%) o
consumo diário ou algumas vezes por
semana é maior que entre mulheres
(30%), o que pode ser devido ao fato de
que homens tradicionalmente cozinham
menos que mulheres
Os entrevistados apresentavam-se na
faixa etária de 16 a mais de 70 anos.
Desses, 70% possuem entre 36 e 70
anos, sendo que a maioria dos entrevistados (40%) apresentava entre 36 e 50
anos (Figura 1A). Podemos observar
que o consumo é maior no grupo de idosos com mais de 70 anos em que 44%
consomem HMP. Do total dos entrevistados que consomem HMP, 7% são idosos com mais de 70 anos, e no grupo
que não consome apenas 3%. Apesar das
pessoas com mais de 70 anos apresentarem um consumo de HMP significativo, esse consumo é esporádico. O consumo entre as pessoas mais novas é mais
constante no tempo (Figura 1B).
Junqueira et al. (2003) observaram no
Distrito Federal um grupo constituído
443
R Perez et al.
Figura 5. Consumo (A) e freqüência do consumo (B) de hortaliças minimamente processadas em relação entre renda familiar. Viçosa, UFV, 2004.
por pessoas na faixa etária de 21 a 30
anos (32,0%), seguido pelos que estão
na faixa de 41 a 50 anos (28,1%).
A maior parte dos entrevistados
(66,6%) é casada. O padrão de consumo de HMP entre solteiros, viúvos e
casados está em torno dos 20%, enquanto que entre os divorciados (4,1% dos
entrevistados) essa porcentagem é ainda menor (10%) (Figura 2A). Esperava-se que solteiros consumissem HMP
com mais intensidade, devido à
praticidade e economia de tempo que
esses produtos proporcionam. No entanto, praticamente não houve diferença de
consumo entre esse grupo e os outros.
As pessoas viúvas consomem hortaliças processadas com menor freqüência
que os outros grupos discutidos. Os casados e os solteiros consomem mais vezes, porém o consumo esporádico (1 vez
por mês) entre os casados (44%) é maior
que entre os solteiros (30%). Dentro do
grupo de pessoas casadas a maior freqüência de consumo de HMP é 1 vez ao
mês, o que não acontece entre os solteiros, em que as freqüências são bem distribuídas, em torno de 30% (Figura 2B).
Com relação à escolaridade, 42%
dos entrevistados têm curso superior. O
consumo de HMP entre as pessoas com
diferentes graus de escolaridade não difere muito, estando em torno de 25%.
Entre as pessoas que possuem apenas o
1º grau, menos de 5% consomem HMP,
porém este fato também pode estar mais
relacionado à renda familiar, uma vez
que 57% dessas pessoas ganham até 3
salários mínimos (Figura 3A). Este fato
mostra que os maiores consumidores de
hortaliças minimamente processadas
possuem níveis de escolaridade e renda
444
mais altos, estando de acordo com dados observados por Ragaert et al. (2004)
e Leather (1995), onde grupos de mais
alta renda consomem hortaliças mais
caras e mais convenientes e que, quanto maior a escolaridade, maior a freqüência de consumo de HMP.
Apesar da expectativa inicial de que
as pessoas que moram sozinhas consumissem mais HMP que as famílias maiores, o que pôde ser observado é que o
número de pessoas por domicílio foi
indiferente quanto ao consumo do produto pesquisado (Figura 4A). Essa observação pode ser devida ao fato que as
pessoas que moram sozinhas e não têm
tempo para cozinhar, preferencialmente comem em estabelecimentos comercias. Porém, entre as pessoas que consomem HMP e moram sozinhas, o consumo frequente é maior que nos outros
grupos, alcançando aproximadamente
70% (Figura 4B).
Como as hortaliças minimamente
processadas são vendidas a preços relativos elevados, a renda do consumidor
faz diferença em relação à aquisição
desses produtos. A maioria das pessoas
abordadas (64%) ganha mais de 10 salários mínimos, sendo que 39% do total
de entrevistados possue renda familiar
acima de 20 salários. Esses supermercados atendem a uma fatia de mercado
que exige produtos diferenciados e com
qualidade; portanto, sua clientela possui maior poder aquisitivo. Ainda,, esse
consumo é mais amiúde nessa clientela, chegando a 14% o número de entrevistados que consomem diariamente
(Figuras 5A e 5B). Entre as pessoas com
renda familiar maior que 20 salários
mínimos existe a preocupação com o
preço, pois essas pessoas muitas vezes
podem ter cozinheiras para prepará-los,
não precisando adquirir os produtos
prontos. O hábito e o gosto de escolher
e preparar verduras aparece como a segunda principal causa de repúdio a
HMP, mesmo que essas pessoas possam
pagar pela comodidade que esses produtos trazem. Conforme esperado, o
preço elevado das hortaliças minimamente processadas é o principal motivo
que leva a maior parte das pessoas
(31,9%) a não consumir o produto. Esse
mesmo problema foi visto por Junqueira
et al. (2003) e Ramos et al. (2005), que
observaram que consumidores levam
em consideração, no momento da compra, o preço e a qualidade das hortaliças
minimamente processadas. Outro fator
que afeta o consumo é o tamanho inadequado do produto, fato também observado por Junqueira et al. (2003). A
falta de confiança é um motivo de peso
e merece atenção (Tabela 1).
Entre os entrevistados na pesquisa,
59% (145 pessoas) são sempre responsáveis pelas compras da casa, 15%
freqüentemente, 20% às vezes e 6% raramente responsáveis. Das 145 pessoas
sempre responsáveis pelas compras, 112
(77%) não consomem HMP. Para este
grupo de entrevistados que consomem
HMP, a maioria (52%) tem seu consumo
mensal. Já entre as pessoas que não são
responsáveis pelas compras (às vezes e
raramente), o consumo semanal ocorre
apenas em 12% dos casos. Este fato pode
estar ligado à facilidade de se comprar
hortaliças embaladas e prontas, uma vez
que as pessoas que não têm o hábito de
fazer as compras do lar também não têm
o hábito de escolher verduras.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte
A maior parte dos entrevistados
(75%) considera importante que haja
informações nos rótulos das hortaliças
processadas. Destes, 52% acham que as
informações fornecidas atualmente são
insuficientes, sendo que apenas 23%
consideram estas informações suficientes. Este grupo ressaltou que as informações nutricionais e tempo de consumo depois de aberto devem ser sempre
fornecidas pelo produtor:
Os principais motivos que levaram
os consumidores a adquirir HMP foram
comodidade e praticidade, pouco tempo para o preparo das refeições e higiene dos produtos. Juntos, esses motivos
perfazem 78% das respostas entre os
consumidores de HMP (Tabela 1), estando de acordo com o observado por
Ragaert et al. (2004).
Nesse sentido é preciso que haja
mais propaganda e informação sobre
hortaliças minimamente processadas
para esclarecer as pessoas sobre a segurança e a qualidade desses produtos que
são novos no mercado. Alguns dos fatores que levam as pessoas a não consumir os produtos são a não confiança
(17,9%), o desconhecimento (7,8%)
(Tabela 1).
Em todos os estabelecimentos
pesquisados, os fornecedores estão cientes das reclamações. Nos casos em que
há medidas corretivas, essas passam
pela negociação com os fornecedores e
exigências acerca de novos cortes e
embalagens. Em alguns casos não existem medidas corretivas.
Os questionários aplicados aos responsáveis pela seção de FLV dos supermercados pesquisados demonstraram
que a venda de hortaliças minimamente
processadas ainda é pequena, perfazendo apenas 1% do total de vendas do estabelecimento na maioria dos casos,
enquanto a venda de hortaliças em geral está entre 4 e 24%. As HMP mais
vendidas são “mix” de salada (20%),
cenoura (16%), brócolis (15%), alface
(14%) e couve (12%), com 77% das vendas. Outros produtos são couve-flor
(9%), rúcula (5%), mandioca (4%),
abobora (2%) e espinafre (2%). A exemplo do que verificaram Ramos et al.
(2005), não há uma preferência absoluta
por um determinado grupo de hortaliças.
O perfil de embalagem selecionado
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Tabela 1. Motivos que levam ao consumo de hortaliças minimamente processadas entre os
entrevistadores na cidade de Belo Horizonte (MG). Viçosa, UFV, 2004.
Tabela 2. Preços médios de produtos comuns e minimamente processados na cidade de
Belo Horizonte. Viçosa, UFV, 2004.
pelos consumidores é pacote ou bandeja, contendo apenas um tipo de hortaliça
(53,3%) e mais de uma porção por embalagem (59,6%). Porém, isso não quer
dizer que as outras opções não são aceitas pelos consumidores. Provavelmente o tamanho da porção está diretamente ligado ao número de pessoas que residem no domicílio, sendo que pessoas
que moram sozinhas preferem embalagens com porção individual. Nota-se que
as saladas minimamente processadas
são também bem aceitas pelos consumidores, pois a diferença entre esta opção e a outra (apenas um tipo de
hortaliça) é pequena (6,6%). Enquanto
no Brasil ainda é tímida a existência de
saladas mistas, nos Estados Unidos
atualmente é oferecida grande variedade de saladas folhosas com “kits” combinados com tomate cereja, torradas
(“croutons”) e molhos variados
(Moretti, 2004).
Verificou-se ainda que o relacionamento entre os estabelecimentos e os
fornecedores de hortaliças minimamen-
te processadas é bom ou ótimo. O fornecedor é escolhido considerando-se os
critérios de qualidade, pontualidade na
entrega, preço e prazo de pagamento.
Não há fidelidade de marcas, pois o produto é relativamente novo no mercado.
Apenas sete empresas abastecem a grande maioria do mercado com esse tipo
de produto em Belo Horizonte. Uma
dessas empresas é uma cooperativa de
agricultores orgânicos do interior de São
Paulo. A maioria das outras são localizadas em Minas Gerais e são de menor
porte.
Todos os produtos são expostos em
balcão refrigerado com temperatura inferior a 10ºC. Não havia diferenciação
aparente entre os produtos nas gôndolas,
uma vez que um produto muitas vezes
era encontrado em mais de uma prateleira em todos os estabelecimentos. As
principais informações encontradas nas
embalagens dos produtos minimamente processados eram: validade, data de
fabricação, inscrições: “pronto para con-
445
R Perez et al.
sumo”, “lavado e higienizado”, peso,
recomendação para estoque refrigerado
e ingredientes. Alguns fabricantes apresentavam informações nutricionais e
selo de qualidade do Instituto
Biodinâmico (IBD) para produtos orgânicos.
O preço relativo das HMP é muito
elevado, chegando em alguns casos a
quase 40 vezes em relação ao produto
ao natural, como as cenouras (Tabela 2).
Segundo cotação realizada durante uma
pesquisa em supermercados de Minas
Gerais, os preços destes produtos são,
em média, cerca de 180% superiores aos
das hortaliças vendidas a granel, chegando a alcançar valores de até 400%,
o que pode ser considerado um fator
limitante no aumento do consumo dos
pré-processados (FrutiFatos, 1999).
Pelo baixo consumo de hortaliças
minimamente processadas, pode-se perceber que o mercado ainda não está consolidado em Belo Horizonte. As vantagens que este tipo de produto oferece
ainda não são suficientes para
incrementar as compras, e o principal
motivo é o seu preço elevado.
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Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and
mulching
Rodrigo OC Monteiro1; Rubens D Coelho1; Paulo CT de Melo2; Priscylla Ferraz1; Sérgio WP Chaves1;
Fernando H Shirahige2; Eugênio Beltrame Neto1; Sônia Maria de S Piedade1
USP–ESALQ, 1Depto. Engenharia Agrícola; 2Depto. Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; [email protected]
ABSTRACT
RESUMO
The modern techniques of water supply through irrigation can
substantially reduce water waste, which contributes to attend the
enlarging water demand. The objective of this work was to study the
influence of subsurface drip irrigation and mulching over melon yield
and quality characteristics, in a sandy soil (Typic Hapludox). The
experimental design was blocks at random, with four replications.
Treatments were displayed in a 2 x 3 factorial (with and without
mulching x surface and 0.20 and 0.40 depth subsurface drip
irrigation). Mulching using double-sided silver/black film increased
fruit average mass, plant production, yield, daily growth rate for
plant height and crown diameter, fruit distal diameter, and pulp
thickness. The subsurface drip irrigation at 0.20 m depth resulted in
larger fruit average mass, plant production, and yield than surface
and 0.40 m depth drip irrigation.
Desempenho do melão rendilhado em função da
profundidade de gotejo e utilização de mulching
Keywords: Cucumis melo, drip irrigation system, production,
postharvest.
Palavras-chave: Cucumis melo, irrigação localizada, produção, póscolheita.
As atuais técnicas de aplicação de água pelos sistemas de irrigação podem reduzir substancialmente os desperdícios de água, o que
contribui para atender a crescente demanda por esse recurso natural.
O objetivo deste trabalho foi estudar aspectos produtivos e de qualidade de frutos de melão rendilhado em sistema de gotejo subterrâneo e cobertura plástica (mulching), em solo arenoso (Latossolo
Vermelho-Amarelo). O delineamento adotado foi em blocos
casualizados, com quatro blocos, com o arranjo dos tratamentos em
fatorial 2 x 3 (com e sem mulching x gotejo superficial e
subsuperficial, a 0,20 e 0,40 m de profundidade). O mulching utilizando filme dupla-face prateado/preto incrementou a massa média
de fruto, a produção por planta, a produtividade, a taxa de crescimento diário da altura de planta e do diâmetro do colo da planta, o
diâmetro longitudinal do fruto e a espessura de polpa. A profundidade de gotejo a 0,20 m resultou em maior massa média de fruto, produção por planta e produtividade quando comparado ao gotejo superficial ou em subsuperfície, a 0,40 m.
(Recebido para publicação em 10 de setembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008)
(Received in September 10, 2007; accepted in October 17, 2008)
T
he mounting demand for water in
different activities, mainly in
association with the incorporation of
new irrigated areas into production, both
in Brazil and elsewhere in the world,
places into the spot the need for an
increasingly rational water management
(Bucks, 1995). Due to shortage, either
in quantity or in quality, water is no
longer a free good, but it turned out to
have an economic value. According to
ONU/OMS information, as presented by
Garcia (2004), there are countries
already importing potable water,
draining it from glaciers or even trading
water by petrol. In this framework, the
efficiency in water use became an
everyday requirement to all users.
Among the irrigation methods,
surface drip irrigation was the one that
experienced the fastest development in
the last decades due to the rational and
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
economically efficient water use it
provides. Several studies show that drip
irrigation is effective in applying both
water and fertilizers, especially in
melon, that does not cope well with
humidity in its aboveground part (Sousa
et al., 1999; Pinto et al., 1999). An
interesting alternative in this context is
the subsurface drip irrigation. In
addition to the regular advantages of the
drip irrigation, supplying water in
subsurface reduces losses due to
evaporation, reaches directly to the
rooting zone, avoids mechanical
damages to the pipes due to cultivating
procedures and rodents, contributes to
a larger root development, reduces
humidity in the soil surface, and
mitigates disease incidence (Camp,
1998; Silva et al., 1999). Vásquez
(2003), when studying surface and
subsurface drip fertirrigation in net
melon, hybrid Bônus nº II, under
protected cultivation at Piracicaba, SP,
observed commercial and total yield
respectively 45 and 63% higher for
subsurface (0,20 m depth) in relation to
surface drip irrigation. The position of
the pipe emitters influenced both K+
concentration and distribution in the
melon rooting zone.
The use of plastic films to cover
soils, called mulching, is gaining
importance in hampering water losses
due to evaporation. Mulching may save
5 to 30% in the amount of water required
by plants (Allen et al., 1998). The use
of plastic to cover the soil avoids fruit
direct contact with ground, positively
influencing quality and appearance, and
therefore contributing to raise fruit
marketable yield and net income. In
addition,
mulching
decreases
evaporation at soil surface and play a
447
ROC Monteiro et al.
significant role in reducing crop
evapotranspiration (Silva, 2002),
especially in the initial stages of plant
development. Thus, mulching consists
in an important option for scaling-down
water use in agriculture.
The use of such practices, namely
subsurface drip irrigation and mulching,
concurs to improve crop quality,
especially in melon, which responds
well to irrigation. Considering that, the
objective in this work was studying yield
and quality aspects of melon produced
using drip irrigation and mulching, in a
sandy soil.
MATERIAL AND METHODS
The work was carried out at the
Rural Engineering Department of the
Agriculture College Luiz de Queiroz
(ESALQ), São Paulo State University
(USP), in Piracicaba, São Paulo State.
The experiment was installed in a 20 x
14 m greenhouse, with 2.5 m height.
Ground from a Typic Hapludox was
used to fill in 1.07 long x 0.97 m width
x 0.65 m height boxes. The soil had, in
average, 75% sand, 4% silt, and 21%
clay (loam sandy textural class), for the
layer from 0 to a 0.40 m deep, and the
following
physic-chemical
characteristics for the layers from 0 to
0.20 m and from 0.20 to 0.40 m,
respectively: P = 7.0 and 5.0 mg dm-3; S
= 57.0 and 44.0 mg dm-3; pH = 5.4 and
5.0; Organic matter = 14 and 13 g dm-3;
K = 1.0 and 0.9 mmolc dm-3; Ca = 21.0
and 19.0 mmolc dm-3; Mg = 10.0 and
9.0 mmolc dm-3; H+Al = 13.0 and 18.0
mmolc dm-3; SB = 32.0 and 28.9 mmolc
dm-3; CTC = 45.0 and 46.9 mg dm-3; soil
global density = 1.58 and 1.43 g cm-3;
humidity at field capacity = 21.6 and
27.7%, and humidity at the permanent
wilting point = 12.1 and 18.8%.
Treatments were sorted in a 2 x 3
factorial, in complete blocks at random,
with four replications and 2-plant plots.
Treatments corresponded to presence or
absence of plastic film (PP and AP) over
the soil and dripping depth (0, 0.20, and
0.40 m), being named as follows: T1 =
AP and 0.0 cm depth; T2 = AP and 0.20
m depth; T3 = AP and 0.40 m depth; T4
= PP and 0.0 cm depth; T5 = PP and 0.20
depth; and T6 = PP and 0.20 m depth.
448
The crop used was the net melon
(Cucumis melo, L.), hybrid Bônus nº II.
Sowing took place in 128-cell
Styrofoam trays. Plantlets were
transplanted to boxes placed in the
greenhouse 21 days later, in November
04, 2005, when presenting two
permanent leaves. Each box contained
a sole plant, irrigated using an emitter
that, according to the specific treatment,
could be at the soil level or subsurface
(Figure 1). Double-sided mulching
(black/silver) 25 micra thick and with
light reflection higher than 25% was
used.
Six boxes were picked to install
tensiometers in radial distances from the
emitter (0.10, 0.20, 0.30, and 0.40 m,
for the later only in boxes with plastic
film), 0.15, 0.30, and 0.50 m deep
(Figure 1). Therefore, nine tensiometers
were placed in the boxes with uncovered
soil and 12 in boxes with mulching.
The results of the soil chemical
analyses were interpreted as indicated
by Raij et al. (1997) and Ribeiro et al.
(1999), aiming at recommending liming
and fertilization for protected
cultivation. Fertilization was supplied
weekly through the irrigation water, as
suggested by Medeiros & Maia (2001),
according to the crop uptaking rate and
soil chemical analysis. Fertilization was
calculated to reach yields of 30 to 40
Mg ha-1, in an 88-day cycle. N sources
were ammonium sulphate (20% N) and
urea (45% N) ,while P and K sources
were respectively phosphoric acid (55
% P2O5) and potassium chloride (60 %
K). Phosphoric acid was supplied alone
due to the incompatibility with the other
fertilizers, which might have caused
precipitation and led to a further
blocking of the emitters. Fertilizers were
applied using direct suction from a 500L container with constant stirring, where
the mixtures were prepared.
Frequent hand-weeding was carried
out, keeping the boxes free of competing
plants. Agrochemicals, according to the
technical recommendation for both
products and dosage, were used in
preventive control of pests and diseases,
against the white-fly, leaf-miner,
mildew, and the pickleworm. To
guarantee the pollination, as soon as
blossoming started and for the following
two weeks, a beehive was kept in the
center of the structure.
Two harvests were carried out: the
first in January 23, 2006 and, the second,
three days later, summing up a total
cycle of 84 days after transplanting. All
harvested fruits were considered for
yield assessments, while the aspects
related to fruit quality were evaluated
over samples. The yield characteristics
were: fruit average mass (FM), in g fruit-1,
obtained dividing the total fruit mass by
the number of fruits in each
experimental plot; plant production
(PP), in g plant -1 , obtained by the
division of the total fruit mass by the
number of plants in the plot (two plants);
yield itself (Y), in Mg ha-1, obtained by
the multiplication of PP by the estimate
of the number of plants in a hectare; fruit
distal (DD) and transversal diameter
(TD), obtained by measuring fruit
diameter in both directions using a
conventional flexible tape-measure;
fruit shape (FS) (non-dimensional),
corresponding to the ratio between fruit
distal and transversal diameters; and
fruit skin (ST) and pulp thickness (PT)
(mm), assessed using a digital
paquimeter.
The characteristics related to fruit
quality were content of soluble solids
(SS, oBrix), determined using drops
from the pulp, after homogenizing in a
home blender, and assessed in an Auto
Abbe rephratometer, model 10500/
10501 Leica (A.O.A.C., 1992); fruit pH
(non dimensional), measured in liquid
samples using a potenciometer Tecnal,
according to methodology suggested by
A.O.A.C. (1992); fruit titratable acidity
(TA), assessed in an 10-g pulp ground
aliquot, mixed with 50 mL of distilled
water, titrated with standardized NaOH
0,01 M, using phenol-phthalein 1% as
indicator, and expressed in g of citric
acid in 100 g of pulp (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 1986); and pulp
texture (PT), assessed with the aid of a
texturemeter Texture Test System,
model TP-1, coupled to an automatic
register of strength variation, which was
controlled from a standard shear
compression cell CS-1, with 10 1/8"
thick blades in a 90° angle. Samples
were weighted and placed in the shear
compression standard cell, in such a way
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulching
Table 1. Yield characteristics and fruit quality attributes for net melon grown with and without mulching (características de rendimento e
atributos de qualidade de frutos de melão rendilhado cultivado com e sem mulching). Piracicaba, USP-ESALQ, 2006.
Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test, p<0.05* or p<0.01** (médias seguidas de mesma
letra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05* ou p<0,01**); 1FM = Fruit mass (massa do fruto); PP =
plant production (produção por planta); Y = yield (produtividade); PH = daily growth rate for plant height (taxa de crescimento diário da
altura das plantas); CD = daily growth rate for plant crown diameter (taxa de crescimento diário do diâmetro do colo das plantas); DD and
TD = fruit distal and transversal diameter (diâmetros longitudinal e transversal do fruto); FS = fruit shape (formato do fruto); RT and PT =
fruit rind and pulp thickness (espessuras da casca e da polpa do fruto); CSS = content of soluble solids (teor de sólidos solúveis); TA =
titrable acidity (acidez titulável); FT = fruit texture (textura do fruto); 2LSD = Least significant difference (diferença mínima significativa;
3
CV = coefficient of variation (coeficiente de variação).
that blades would act in parallel to the
samples. The results given in pounds in
the device were converted to Newton
(N), 1 N = 4.45 Pd.
The morphological evaluation was
carried out in all plants, in five dates
during the first phase of the plant cycle,
namely 6, 23, 29, 38 and 43 days after
transplanting (DAT). The following
characteristics were assessed: (1) daily
growth rate for plant height (PH) (cm
day-1), obtained by dividing plant height
at the evaluation date by the number of
growing days. Plant height was assessed
from the crown to the main stem apex,
using a tape-measure; (2) daily growth
rate for crown diameter (CD) (mm day-1),
obtained dividing the crown diameter at
the evaluation date by the number of
growing days. The crown diameter was
measured using a digital paquimeter, 1
cm over soil level.
The statistical analysis of data was
performed using the analysis of variance
and the F test, applied in agreement with
the experimental design. Considering
that this experiment dealt with
qualitative factors (dripping depth and
soil plastic mulching), the Tukey test,
at 5% probability, was used to compare
treatment means.
RESULTS AND DISCUSSION
There was no significant interaction
between the studied factors for none of
the characteristics evaluated. Therefore,
results for each factor are presented and
discussed individually.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Mulching significantly influenced
fruit average mass (FM), plant
production (PP), yield (Y), daily growth
rate for plant height (PH) 23, 29, and 38
days after transplanting (DAT), daily
growth rate for crown diameter (CD) in
all evaluation dates, fruit distal diameter,
and pulp thickness (Table 1). According
to some researchers (Sganzerla, 1997;
Hochmuth et al., 2001; Sanders, 2001),
carrot, cucumber, eggplant, garlic and
onion, lettuce, melon and watermelon,
pepper and sweet pepper, okra, squash
and pumpkin, strawberry, tomato, and
water-cress are vegetables that benefit
from the use of plastic films as soil
mulching.
Mulching increased FM in 150 g in
average (Table 1) when compared to
results obtained in uncovered soil. The
increment is considerable, once it
represents an estimate of additional 3
Mg ha-1 in crop yield, when the useful
area for each plant and the adopted crop
system are taken into account. Similar
values were found by Costa (2003),
using a silver polyethylene plastic cover
in a soil with loam clayey texture.
Andrade (2001), Miranda et al. (2003),
Araújo et al. (2000), and Ferreira et al.
(2001a), who worked with black
polyethylene plastic, also found
significant differences in FM between
mulching and uncovered soils.
The average values for PP and Y
(Table 1) indicate that mulching induced
an increment of approximately 10%
over the results observed for the
uncovered soil. Negreiros et al. (2003),
when comparing uncovered and covered
soil, using black, silver, yellow, and
brown plastic films as mulching, for
Cantaloupe melon grown in Mossoró,
Rio Grande do Norte State, noticed that
the highest yields for both total and
marketable fruits came from the
treatments where mulching was
employed.
The daily growth rate for plant
height (PH) was determined upon the
variation of average plant height in time
during the first half of the plant cycle
(vegetative phase). At the evaluation
performed 16 DAT, there was no
significant influence of mulching over
PH, probably because plants were still
too small to any effect to be noticed. The
average values show that mulching
raised PH in at least 77% when
compared to uncovered soil. Mulching
effects are likely to be related to the
higher soil temperature and to silver
plastic capacity to reflect solar radiation,
which might have allowed bottom and
inner leaves to benefit from the reflected
radiation.
Consequently,
the
photosynthetic active area in the plant
was enlarged and more photosynthesis
products were available for plant
development, as postulated by Tsekleev
et al. (1993). Andrade (2001) also found
significantly higher PH values
associated to the use of mulching in
comparison to uncovered soil.
The average values of CD (Table 1)
show that the smallest difference
between plants grown with and without
mulching, in average 7%, for both soil
449
ROC Monteiro et al.
Table 2. Yield characteristics and fruit quality attributes for net melon grown in surface and 0.20 and 0.40 subsurface drip irrigation
(característica de rendimento e atributos de qualidade de frutos de melão rendilhado cultivado com gotejamento superficial e subsuperficial,
a 0,20 e 0,40 m). Piracicaba, USP-ESALQ, 2006.
Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test, p<0.05* or p<0.01** (médias seguidas de mesma
letra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05* ou p<0,01**); 1FM = Fruit mass (massa do fruto); PP =
plant production (produção por planta); Y = yield (produtividade); PH = daily growth rate for plant height (taxa de crescimento diário da
altura das plantas); CD = daily growth rate for plant crown diameter (taxa de crescimento diário do diâmetro do colo das plantas); DD and
TD = fruit distal and transversal diameter (diâmetros longitudinal e transversal do fruto); FS = fruit shape (formato do fruto); RT and PT =
fruit rind and pulp thickness (espessuras da casca e da polpa do fruto); CSS = content of soluble solids (teor de sólidos solúveis); TA =
titrable acidity (acidez titulável); FT = fruit texture (textura do fruto); 2LSD = Least significant difference (diferença mínima significativa;
3
CV = coefficient of variation (coeficiente de variação).
Figure 1. Layout of the superficial and subsuperficial (0.20 and 0.40 m) placing of the drip emitters and tensiometers in the boxes
(posicionamento superficial e subsuperficial (0,20 e 0,40 m) do gotejador e disposição dos tensiômetros nas caixas). Piracicaba, USPESALQ, 2006.
categories, was found 16 DAT. Just as
mentioned above for PH, it is likely that
this evaluation was too early to observe
the mulching influence in comparison
to uncovered soil. In the remaining
evaluation dates (23, 29, 38, and 43
DAT), an average difference of 17.4%
was observed in favor of plants grown
with mulching in comparison to those
grow in uncovered soil.
Mulching resulted in a 4% increase
in fruit distal diameter (DD). Andrade
(2001) did not find significant effects
of covering the soil over DD and fruit
transversal diameter (TD). In the present
work, values for fruit shape (FS) ranged,
in average, from 1.04 to 1.06, which
450
corresponds to a spherical shape. There
was no mulching influence over FS.
Mulching significantly influenced
pulp thickness (PT), producing an
increase of 2.5 mm. Andrade (2001)
however did not find significant effects
of mulching over PT. Costa (2003)
observed that, although fruits produced
out of treatments with mulching using
black, silver, and brow polyethylene had
statistically similar PT when compared
to each other, they all exceeded the
results observed for fruits produced
without mulching. Gondim et al. (2003)
reported that PT was larger in fruits
produced using mulching than in fruits
grown on bare soil.
When considered individually,
mulching and dripping depth did not
significantly influence any of the fruit
quality characteristics studied herein.
Araújo et al. (2000) and Ferreira et al.
(2001a,b) did not find significant
differences among treatments for fruit
quality traits (total soluble solids and
pulp firmness) in yellow melon, cultivar
Gold Mine, when the soil was left
uncovered or covered with either black
or silver polyethylene film or ground
wax-palm straw. On the other hand,
Brandenberg & Wiedenfeld (1997)
observed an increment of 0.6% in the
content of soluble solids for treatments
with film in comparison to uncovered
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Net melon performance as affected by the drip irrigation depth and mulching
soil. Maiero et al. (1987), upon studying
several Cantaloupe melon genotypes
grown with soil mulching in Maryland
(USA), found that, regarding soluble
solids, the influence of transparent and
black plastic films did not significantly
differ from each other, yielding an
average content of 9.2 and 9.0ºBrix,
respectively, although both treatments
exceeded in 10% the content of soluble
solids in fruits grown in uncovered soil.
Dripping depth significantly
influenced fruit average mass (FM),
plant production (PP), and yield (Y)
(Table 2). The largest FM was achieved
when water was dripped at 0.20 m depth.
Vásquez (2003) found similar results
with pipe emitters placed at the
subsurface (0.20 m), which induced
larger FM values than surface dripping.
PP and Y increased approximately 13%
when water was applied through
dripping at 0.20 m depth in relation to
surface dripping. Vásquez (2003) also
found higher PP and Y values (45 %)
for pipe emitters placed in subsurface
(0,20 m) than for surface dripping.
The use of double-sided silver/black
plastic film as soil mulching increased
fruit average mass, plant production and
yield, daily growth rate for plant height
and crown diameter, fruit distal
diameter, and pulp thickness. Dripping
water at 0.20 m depth raised fruit
average mass, plant production, and
yield, when compared to surface
dripping and 0.40 m depth.
ACKNOWLEGMENTS
To the National Council for
Scientific
and
Technological
Development (CNPq), for funding this
work.
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Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina
José Francismar de Medeiros1; Severino R Duarte1; Pedro Dantas Fernandes2; Nildo da Silva Dias1; Hans
Raj Gheyi2
1
UFERSA, C. Postal 136, 59625-900 Mossosó-RN; 2UFCG, C. Postal 10.078, 58109-970 Campina Grande-PB; [email protected];
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O uso de água salina na irrigação é muito comum em cultivos de
melão em regiões semi-áridas, o que pode resultar na salinização do
solo e redução de rendimento se o manejo da irrigação não for adequado. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento e o acúmulo de N, P e K em plantas de melão (Cucumis melo, L.)
irrigadas com água salina. Os tratamentos estudados resultaram da
combinação de dois fatores: salinidade da água de irrigação (1,1;
2,5 e 4,5 dS m-1) e materiais de melão (híbrido Trusty e cultivar
Orange Flesh). O delineamento estatístico adotado foi de blocos inteiramente casualizados com quatro repetições, com tratamentos
arranjados em esquema fatorial 3 x 2. A época de coleta de plantas
foi analisado como outro fator e os resultados interpretados por análise multivariada. As plantas amostradas foram fracionadas em folhas + ramos e frutos, determinaram-se as produções de matérias
secas e os conteúdos de N, P e K nestes materiais. Os acúmulos dos
nutrientes nos frutos e de fitomassa seca na planta diminuíram com
o incremento da salinidade da água de irrigação. Os frutos exportaram, em média, 57,1%, 67,1% e 70,0% dos totais de N, P, K, absorvidos pela planta e alocados na parte aérea, mostrando, portanto,
que foram o principal dreno para estes nutrientes na planta.
Growth and N, P and K accumulation by melon irrigated
with saline water
Palavras-chave: matéria seca, absorção de N, P e K, Cucumis melo L.
The use of saline water for irrigation is very common in
cultivation of melon in semiarid zones, which can result in the soil
salinization if irrigation management is not appropriate. The growth
and accumulation of N, P and K by melon (Cucumis melo, L.)
irrigated with saline water was evaluated. Treatments resulted from
the combination of the factors irrigation water salinity levels (1.1;
2.5 and 4.5 dS m-1) and melon materials (hybrid Trusty and cultivar
Orange Flesh). Treatments were arranged following a completely
randomized block design with four replications, arranged in 3 x 2
factorial. Another factor analyzed was time of sampling and results
were interpreted by multivariate analysis. Plants were divided into
two portions after sampling (leaves plus stems and fruit), and dry
matter, N, P and K contents were determined. Nutrient accumulation
in fruits and plant growth decreased with increasing water salinity.
On average, 57.1%, 67.1% and 70.0% of N, P and K absorbed by
plant were allocated in fruits, showing that fruits are the main drain
for these nutrients in melon.
Keywords: dry matter, N, P and K uptake, Cucumis melo L.
(Recebido para publicação em 26 de junho de 2007; aceito em 19 de setembro de 2008)
(Received in June 26, 2007; accepted in September 9, 2008)
N
o semi-árido nordestino são grandes as potencialidades para a fruticultura irrigada, pelas peculiaridades
como elevadas temperatura e
luminosidade durante praticamente o
ano inteiro. Dentre os cultivos destacase o de melão (Cucumis melo, L.), que
adquiriu importância comercial a partir
da década de 80, com a introdução no
país da cultivar Valenciano Amarelo
CAC (Pedrosa & Almeida, 1991). Atualmente, o melão é considerado o segundo produto hortícola de expressão nacional, sendo superado apenas pelo suco
de laranja.
Apesar do crescente interesse pela
cultura do meloeiro no semi-árido nordestino, são poucos as investigações
enfocando aspectos de sua nutrição mineral. É imprescindível o conhecimento das exigências nutricionais da cultura, durante os seus estádios de desenvolvimento do seu ciclo, como referên452
cia para estabelecimento de programas
de fertirrigação, possibilitando o fornecimento dos nutrientes em épocas e doses adequadas ao bom desenvolvimento vegetal (Prata, 1999). Juntamente
com o conhecimento da absorção de
nutrientes, faz-se necessário investigar
os efeitos da salinidade sobre a nutrição
das plantas, considerando-se a predominância de água com alto valor de
condutividade elétrica nas áreas produtoras de melão no semi-árido.
A exigência por água de boa qualidade, principalmente para consumo humano, está forçando à utilização das fontes
com teores mais altos de sais para a agricultura irrigada (Santos & Hernandez,
1997), requerendo por sua vez, o desenvolvimento de práticas de manejo que
viabilizem o uso dessa água na produção
agrícola, tendo em vista alcançar e garantir a qualidade de vida, o desenvolvimento socioeconômico e ambiental.
Várias práticas de manejo têm sido
utilizadas para se produzir economicamente, quando se dispõem de água, com
alto risco de salinização, dentre as quais
se destaca o uso de plantas tolerantes à
salinidade e a sodicidade, sendo importantes os estudos que visem avaliar a
sensibilidade das espécies ao estresse
salino. Evidentemente, que a definição
da espécie a ser cultivada depende do
mercado. Entretanto, para se tornar viável o uso de água salina na agricultura,
dever-se-á, preferencialmente, escolher
as culturas tolerantes e de ciclo curto;
assim os efeitos prejudiciais da
salinidade à produção seriam menores.
A cultura do melão, além de ser classificada como moderadamente tolerante
à salinidade (Ayers & Westcot, 1999),
tem-se constituído em ótimo negócio
para o Nordeste brasileiro, destacandose no cenário internacional (Costa &
Pinto, 1977), sendo considerada como
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina
cultura de ciclo relativamente curto,
entre 60 a 65 dias após a semeadura.
Diante da carência de resultados de
pesquisa com esse fim, objetivou-se
com este trabalho avaliar os efeitos da
utilização de água com níveis crescentes de salinidade sobre o crescimento e
as absorções de N, P e K em melão irrigado por gotejamento.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na Fazenda São João, em Mossoró-RN, em solo
Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico
latossólico, segundo classificação da
EMBRAPA (1999) e apresenta textura
franco-argilo-arenosa e relevo plano.
Foram estudados os efeitos combinados de três níveis de salinidade da
água (S1=1,1; S2=2,5 e S3=4,5 dS m-1),
aplicados em uma cultivar (Orange
Flesh (OF), do grupo Honey Dew) e em
um híbrido (Trusty (T), do grupo
Cantaloupe ), arranjados em fatorial 3 x
2, dispostos em blocos casualizados,
com quatro repetições. A época de coleta de plantas foi analisada como outro
fator e os resultados interpretados por
análise multivariada de dados repetidos
no tempo. Cada parcela experimental foi
constituída por três fileiras de plantas
de 6,0 m de comprimento, espaçadas de
2,0 m com 0,30 m entre plantas,
totalizando 20 plantas por fileira e 60
plantas na parcela.
A água de menor salinidade (S1) foi
obtida com a mistura de 70% da água
proveniente de um poço artesiano profundo (CE - 0,6 dS m-1) e 30% de um
poço aberto no aqüífero calcário (CE 2,5 dS m-1); a água de salinidade intermediária (S2) foi proveniente da água do
aqüífero calcário, enquanto que a água
de maior salinidade (S3) foi obtida acrescentando-se, na água S2, 1 kg de NaCl
por m-3.
Realizou-se o plantio em 15/09/00,
utilizando a semeadura direta,
correspondendo a uma população de
16.667 plantas ha-1. As adubações foram
realizadas diariamente desde o sétimo
dia após o plantio (DAP) até o enchimento dos frutos, seguindo o
cronograma da Fazenda São João e de
acordo com a marcha de absorção da
cultura adaptada a partir de Bar-Yosef
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
(1991). Os totais de fertilizantes aplicados durante o ciclo foram: N = 173 kg
ha-1 nas formas de nitrato de amônio,
ácido nítrico e uréia; P2O5 = 214 kg ha-1
na forma de ácido fosfórico; K2O = 387
kg ha-1 nas formas de sulfato e nitrato
de potássio.
A cultura foi irrigada por
gotejamento, com emissores do tipo
autocompensante e vazão nominal de
3,75 L h-1, previamente avaliados no
campo, sob condições normais de operação, apresentando um coeficiente de
variação de vazão de 6,33% e vazão
média de 4,12 L h-1. A lâmina de irrigação aplicada diariamente foi estimada
para condições não salinas adotando-se
o cálculo da evapotranspiração da cultura proposta pela FAO (Allen et al.,
1998), usando o coeficiente de cultura
dual e a evapotranspiração de referência (ETo) estimada pelo método de
Penman-Monteith, acrescida de 10%.
Ao longo do ciclo da cultura, para todos os tratamentos estudados foram feitos ajustes nas lâminas de irrigação aplicadas com base no monitoramento da
umidade do solo com o uso de
tensiômetros instalados nas profundidades de 0,15; 0,30 e 0,45 m num raio de
0,15 m da planta e do gotejador, na região central de cada parcela experimental em dois blocos, diminuindo ou aumentando por aproximação a lâmina
previamente estimada caso as leituras
médias daquele tratamento tendessem a
diminuir ou subir respectivamente em
relação ao dia anterior.
Para as análises de crescimento e de
absorção de nutrientes, as plantas foram
coletadas aos 22; 29; 36; 47 e 61 dias
após o plantio (DAP), tomando-se, após
sorteio, duas plantas por parcela nas
duas fileiras externas. Nas 4a e 5a coletas, os pesos das matérias secas de folhas, caules e frutos, foram estimados
por meio de amostras tomadas dos respectivos materiais frescos, as quais foram secas em estufa de circulação forçada de ar à temperatura de 65ºC (±5ºC)
até peso constante. Foram analisadas as
produções de fitomassa seca dos órgãos
vegetativos (caule + folha, denominado
FSFC), frutos (denominado FSF) e também da parte aérea completa (caule +
folhas + fruto, denominado FST). Nos
materiais secos foram determinados os
teores de N, P e K, conforme
metodologias citadas por Tedesco et al.
(1995).
Foi realizada análise multivariada
para dados repetidos no tempo, ou seja,
para 5 épocas de coleta, utilizando o
programa SAS (Statistical Analysis
System). Nos casos em que os fatores
em estudo (salinidade e cultivar) mostraram-se interativos com o tempo, realizou-se análise univariada para cada
época de amostragem. Procedeu-se à
análise de regressão para os dados de
natureza quantitativa; enquanto que as
médias dos dados qualitativos foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5%
de significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise multivariada dos dados de
fitomassa seca de folhas e caule (FSFC),
repetidos no tempo, identificou
interação tempo x salinidade, significativa a 5% de probabilidade. Para a
fitomassa seca da parte aérea (FSPA)
houve efeito significativo apenas para
época de coleta.
Pode-se verificar que, as curvas de
acumulação de FSFC (Figura 1A) não
foram paralelas entre os vários níveis de
salinidade, sendo que o nível de
salinidade S3 foi o mais limitante para o
crescimento durante todo o ciclo; enquanto que a salinidade S2 apresentou
maior acúmulo de fitomassa na fase inicial de crescimento, sendo superada pela
salinidade S1 após os 47 DAP.
O acúmulo máximo de fitomassa
seca total da parte aérea (g planta-1) ocorreu aos 61 DAP para o melão do grupo
Cantaloupe, híbrido T e o grupo Honey
Dew, Cultivar OF (Figura 1B) e para as
salinidades S1, S2, e S3 (Figura 1C).
Para FST média houve efeito significativo a 5% de probabilidade tanto
para cultivar como para salinidade, sendo que a interação cultivar x salinidade
não foi significativa. Os valores de produções de fitomassa seca total (FST),
de fitomassa seca dos órgões vegetativos
(FSFC) e de fitomassa seca dos frutos
(FSF) para as cultivares e a salinidade
da água são apresentados na Tabela 1.
Observou-se que, enquanto a porcentagem de FSFC aumentou, a porcentagem
de FSF decresceu proporcionalmente
com o aumento dos níveis de salinidade
453
JF Medeiros et al.
Figura 1. Produção de fitomassa seca ao longo do ciclo: de folhas e caule para os níveis de
salinidade da água de irrigação – FSFC (A); total da parte aérea do híbrido T e a cultivar OF
(B) e para os níveis de salinidade da água de irrigação – FST (C). (production of dry matter
during the crop cycle: leaves and stem as function of salinity of irrigation water – A; aerial
part of hybrid Trusty and cultivar Orange Flesh – B and as function of salinity levels of
irrigation water - C). Mossoró, UFERSA, 2001.
Tabela 1. Produções de fitomassa seca total da parte aérea (FST), de folha + caule (FSFC),
dos frutos (FSF) e respectivas composições percentuais em relação ao total da parte aérea,
em cada nível de salinidade e cultivar OF e o híbrido T, aos 61 DAP. (production of dry
matter of aerial parts - FSPA, leaf + stem – FSFC and fruits – FSF and respective percentages
in relation to total aerial part, at each level of salinity and cultivar Orange Flash and hybrid
Trusty, 61 days after planting). Mossoró, UFERSA, 2001.
454
da água de irrigação. Esta constatação comprova que a tolerância relativa das plantas
varia em função do estádio de desenvolvimento da cultura e, no caso das plantas de
meloeiro, os efeitos da salinidade foram
mais severos na frutificação do que durante a fase vegetativa. Os valores de FST foram superiores aos obtidos por Prata (1999)
trabalhando com os híbridos Shipper,
Durango e Mahmi, os quais produziram,
respectivamente, 217,1; 184,6 e 143,0 g
planta-1 e próximos aos reportados por
Belfort et al. (1986) com a cv. Valenciano
Amarelo (271,8 g planta-1 aos 75 dias após
o plantio).
Ainda em relação à Tabela 1, as folhas e caules perfizeram 32,9% da matéria seca produzida pela parte aérea do
híbrido T, enquanto que na cultivar OF
foi de 45,6% e para as salinidades S1, S2
e S3 com 33,93; 41,28 e 42,58%, respectivamente aos 61 DAP. Os frutos
contribuíram com 67,14 e 54,45% para
o híbrido T e a cultivar OF e com 66,07;
58,72 e 57,42% para os níveis de
salinidades S1, S2 e S3, respectivamente. Prata (1999), estudando os híbridos
Mahmi, Gold Pride, Gália, Durango e
Shipper, verificou que os mesmos apresentaram a distribuição de fitomassa
seca de 41 a 55% na parte aérea e de 27
a 50% para os frutos. Lima (2001), trabalhando com oito híbridos de melão
mostrou que as plantas alocaram 25 a
40% de fitomassa seca na parte aérea e
de 60 a 70% nos frutos. Com base nesses valores, os dados obtidos para FSFC
e FSF do hibrido T, estariam dentro desta
faixa, enquanto que para a FSF da cultivar OF estariam abaixo destes valores.
O comportamento da fitomassa seca
total da parte aérea (FST) para as cultivares, mostrado na Figura 1B, indica que
a produção de FST do híbrido T tende a
ser superior à cultivar OF durante todo
o ciclo. Na Tabela 1, observa-se que a
FSF do híbrido T foi 60% maior que da
cultivar OF.
O comportamento do acúmulo de
fitomassa seca total da parte aérea (FST)
para os diferentes níveis de salinidades
da água de irrigação (Figura 1C), tem o
mesmo comportamento do acúmulo de
fitomassa seca da parte aérea da planta,
sem considerar os frutos (Figura 1A),
ou seja, as plantas irrigadas com água
de salinidade S2 tiveram um maior cresHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina
cimento até os 47 DAP sendo superado
pelas plantas irrigadas com salinidade
S 1 apenas a partir dos 47 DAP. A
salinidade S 3 proporcionou menores
valores de fitomassa seca total durante
todo o ciclo. Nas Figuras 1A, 1B e 1C
verifica-se que o maior acúmulo de
fitomassa ocorreu após 37 DAP com
incrementos crescentes até os 61 DAP,
comportamento semelhante ao verificado por Lima (2001) para as cultivares
do tipo Cantaloupe e Orange Flesh.
A análise multivariada de dados repetidos no tempo mostra que as curvas
de absorção de N são diferentes (não
paralelas) entre as cultivares e entre os
níveis salinos são paralelas e não coincidentes. Para o P, apenas houve diferença entre as cultivares, que foram paralelas, embora não coincidentes.
O conteúdo máximo de N acumulado na fitomassa seca total aos 61 DAP
para as salinidades (S1, S2 e S3) e cultivar OF e o híbrido T, foram respectivamente: 11,41, 8,91 e 6,84 e 9,71 e 6,84
g planta-1 (Tabela 2), ficando na faixa
de absorção obtida por Lima (2001), que
trabalhando com oito híbridos, chegou
a um intervalo de 82,69 a 126,2 kg ha-1
de N com 10.000 planta ha-1. A cultivar
T e a salinidade S1 foram superiores aos
resultados obtidos por Lima (2001).
Tanto para as cultivares como para
salinidades, os resultados foram superiores aos obtidos por Prata (1999), que
trabalhando com os híbridos Durango,
Shipper, Mah-Mi e Gália chegou às
quantidades de N de: 69,32; 53,30;
37,34 e 29,73 kg ha -1, para 12.500
planta.ha-1, respectivamente. O N foi
inferior aos resultados obtidos para um
rendimento de 67 e 55 t ha-1, por Anstett
et al. (1965) e Rincón et al. (1998), onde
obtiveram para essa produtividade, respectivamente 283 e 205 kg ha-1 de N.
O híbrido T apresentou acúmulo de
N nos frutos quase três vezes superior
ao acumulado em folhas e caule, enquanto que a cultivar OF acumulou duas
vezes mais N nos frutos, em relação ao
acumulado em folhas e caules. Para as
salinidades S1 e S3, os frutos contribuíram com quase 60% da absorção total
da planta, enquanto que os frutos das
plantas submetidas à salinidade da água
S2 contribuíram com 45% da absorção
total (Tabela 2).
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Figura 2. Acúmulo total de N na parte aérea para o híbrido T e da cultivar OF (A) e o
acúmulo total de N (B) and P (C) nas plantas para os níveis de salinidade da água de irrigação durante o ciclo de cultivo. (accumulation of N in aerial part to hybrid Trusty and cultivar
Orange Flesh – A and accumulation of N – B e P – C in plants to the level of irrigation water
salinity during the crop cycle). Mossoró, UFERSA, 2001.
Tabela 2. Conteúdos de N, P e K total na parte aérea e nos frutos ao final do ciclo da cultura
para o híbrido T e cultivar OF em diferentes níveis salinos da água de irrigação. (contents of
N, P and K in aerial parts and fruits at the end of crop cycle for hybrid Trusty and cultivar
Orange Flash and in different salinity levels of irrigation water). Mossoró, UFERSA, 2001.
455
JF Medeiros et al.
Figura 3. Acúmulo total de K durante o ciclo de cultivo: para híbrido T e da cultivar OF (A)
e para níveis de salinidade da água de irrigação (B). (accumulation of K during the crop
cycle: for hybrid Trusty and cultivar Orange Flesh - A and as a function of levels of irrigation
water salinity – B). Mossoró, UFERSA, 2001.
O híbrido T foi superior à cultivar
OF, na absorção de nitrogênio, durante
todo ciclo de cultivo, porém a partir dos
47 DAP a absorção tornou-se mais pronunciada (Figura 2A). Observa-se na
Figura 2 que as plantas irrigadas com
água S2 absorveram mais nitrogênio nos
primeiros dias de cultivo, sendo superada pela salinidade S1 a partir de 47
DAP; as plantas irrigadas com água S3
absorveram menos nitrogênio em todo
o ciclo de cultivo.
A cultivar OF e o híbrido T apresentaram acúmulo de P nos frutos quase
duas vezes superior ao acumulado em
folhas e caule. Para as salinidades, os
frutos contribuíram com quase 70% da
absorção total da planta (Tabela 2). Verifica-se ainda que em plantas irrigadas
com salinidade S2, a absorção de P foi
superior até os 47 DAP, sendo superada
pelas plantas cultivada sob irrigação
com água de salinidade S1 até o final do
ciclo de cultivo (Figura 2C). As plantas
456
irrigadas com água S3 apresentaram um
comportamento inferior às demais
salinidade desde o início até o final do
ciclo da cultura.
O conteúdo máximo de P acumulado na fitomassa seca total, aos 61 DAP
para as salinidades (S1, S2 e S3) foram,
respectivamente 2,93, 1,77 e 1,47 g
planta-1 e para a cultivar OF e o híbrido
T foram 2,30 e 1,82 g planta-1, respectivamente (Tabela 2). Estes resultados
corroboram com os de Lima (2001),
exceto para a salinidade S3 que foi inferior aos híbridos Hy Mark e Gold Mine
que absorveram, respectivamente: 27,50
e 25,49 kg ha-1. Prata (1999), trabalhando com os híbridos Shipper, Durango,
MAH-MI, Gold Pride e Gália, observou
um acúmulo de: 10,1, 9,6, 5,7, 4,5 e 4,0
kg ha-1 de P para 12.500 planta ha-1, sendo inferiores aos observado neste trabalho.
Em estudos conduzidos por Anstett
et al. (1965), a produtividade da cultura
do melão obtida foi de 67 t ha-1, com
acúmulo total 59,83 kg ha-1 de P, valores inferiores aos obtido neste trabalho.
Já no estudo de Rincón et al. (1998), o
meloeiro produziu 55 t ha-1 de melão,
com acúmulo total de 34,93 kg ha-1 de
P, valores inferiores aos obtidos com o
híbrido T, média dos níveis de salinidade
(38,3 kg ha-1) e para a salinidade S1,
média das cultivares (48,9 kg ha-1). Estes maiores valores podem está associados à absorção de luxo, como também
ocorreu com o N, devido ao fato das altas doses desses nutrientes aplicadas.
O conteúdo máximo de K acumulado na fitomassa seca total, aos 61 DAP
para as salinidades (S1, S2 e S3) foram,
respectivamente 16,42, 9,81 e 9,36; para
a cultivar OF e hibrido T foram 13,70 e
10,03 g planta-1, respectivamente (Tabela 2), tais valores superiores aos obtidos por Lima (2001), que estudou 8 híbridos de melão e obteve valores de absorção de K de 12,3; 11,1; 8,9; 7,8; 7,5;
6,5; 5,7 e 4,7 g planta-1. Tyler & Lorenz
(1964) observaram alto conteúdo de K
na fitomassa seca total na cv. Persians,
cerca de 177,09 kg ha-1 aos 64 DAP, sendo esse valor inferior às das plantas
irrigadas com salinidade S1 e a média
da cultivar T e superior as demais
salinidades e a cultivar OF, obtido neste trabalho. Já Prata (1999), trabalhando com 5 cultivares obteve 75,93 e
101,42 kg ha-1 de K para as cultivares
MAH-MI e Durango, respectivamente,
ficando muito inferior aos obtidos pelas salinidades e cultivares deste trabalho. Anstett et al. (1965) e Rincón et al.
(1998), para produzirem 67 e 55 t ha-1
de melão, respectivamente, encontraram
uma absorção total de 419,17 e 416,67
kg ha-1 de K, sendo superiores às obtidas pelas salinidades e cultivares deste
trabalho.
Cerca de 70% do total de K absorvido foram alocados nos frutos do híbrido T e da cultivar OF. Para as
salinidades, a contribuição da absorção
do fruto em relação à absorção total da
planta ficou em torno de 60 a 70%. Observa-se na Figura 3A que não houve
diferença no acúmulo de K absorvido
entre a cultivar OF e o híbrido T até aos
29 DAP e, após esse período o híbrido
T foi superior, aumentando a diferença
até o final do cultivo. Esse comportaHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Crescimento e acúmulo de N, P e K pelo meloeiro irrigado com água salina
mento é semelhante ao obtido com o
acúmulo de nitrogênio e de matéria seca
total, com o acúmulo maior no fruto proporcionando essa diferença.
Analisando-se a Figura 3B, verifica-se que as plantas irrigadas com a
salinidade S2 absorveram maior quantidade de K até os 47 DAP, sendo superada em seguida pela salinidade S1 até o
final do ciclo de cultivo. Para salinidade
S3, o acúmulo de K tendeu a ser inferior
até o final do ciclo em relação aos outros níveis de salinidades. Comportamento semelhante foi verificado para o
acúmulo de matéria seca total e absorção de N e P.
Os acúmulos dos nutrientes nos frutos e de fitomassa seca na planta diminuíram com o incremento da salinidade
da água de irrigação. Os frutos exportaram, em média, 57,1; 67,1 e 70,0% dos
totais de N, P, K, absorvidos pela planta
e alocados na parte aérea, mostrando,
portanto, que foram o principal dreno
para estes nutrientes na planta.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos auxílio financeiro do
presente projeto de pesquisa, financiado com recursos do Programa Avança
Brasil Convênio EMBRAPA/ESAM.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
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457
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melão ‘Amarelo’ minimamente processado. Horticultura Brasileira 26:458-463.
Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de
melão ‘Amarelo’ minimamente processado
Ana Carolina A Miguel2; Gabriela F Begiato1; João Ricardo P Stein Dias1; Silvana Albertini1; Marta Helena F Spoto1
1
USP-ESALQ, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; 2Bolsista CNPq; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Neste trabalho avaliou-se o efeito da aplicação de tratamentos
químicos na atividade respiratória e no impacto sobre os parâmetros
físicos de melões ‘Amarelo’ minimamente processados. Frutos selecionados, lavados e sanificados foram minimamente processados
em forma de cubos, divididos em quatro lotes que constaram de
testemunha, cubos tratados com soluções de cloreto de cálcio (1%),
ácido ascórbico (1%) e revestidos com alginato de sódio (1%); os
quais foram acondicionados em bandejas com tampa, de tereftalato
de polietileno (PET) e armazenados a 5±1°C e 73±5% UR, por 12
dias. Os produtos foram avaliados quanto à taxa respiratória, produção de etileno, perda de massa fresca, coloração, textura e teor de
umidade. Verificou-se que, durante o período de armazenamento,
independente do tratamento, houve redução da respiração e não se
detectou produção de etileno pelos frutos. A perda de massa, a textura e o teor de umidade não foram influenciados pelos tratamentos
químicos, porém o uso de película à base de alginato de sódio resultou em melões de coloração mais escura da polpa, em decorrência
da cor da solução filmogênica.
Effect of chemical treatments on respiratory process and
physical parameters of melon minimally processed
Palavras-chave: Cucumis melo L., processamento mínimo, respiração, parâmetros físicos.
Keywords: Cucumis melo L., minimally processed, respiration,
physical parameters.
The effect of the application of chemical treatments was
evaluated on the respiratory activity and the impact on the physical
parameters of fresh cut melons. Selected fruits were washed and
sanitized and minimally processed in cubes, divided in four lots which
consisted of: control, treated with calcium chloride (1%), with
ascorbic acid (1%) and coated with sodium alginate (1%). The cubes
were packed in trays with cover of polyethylene terephtalate (PET)
and stored at 5±1°C and 73±5% HR, during 12 days. The cubes were
evaluated on their respiratory rate, ethylene production, loss of fresh
mass, coloration, texture and humidity content. During the period of
storage, independent of the treatment, a reduction of the respiratory
rate occurred; ethylene production was not detected in fruits. Chemical
treatments had no influence on loss of fresh mass, texture and humidity
content; however the film of sodium alginate resulted in darker
coloration of melon pulp due to the film solution color.
(Recebido para publicação em 19 de outubro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)
(Received in October 19, 2007; accepted in October 31, 2008)
O
consumo de produtos minimamente processados tem aumentado em
todo o mundo. Nos Estados Unidos, a
comercialização deste tipo de produto é
responsável pelo preparo de cerca de
10% do volume comercializado de frutas e hortaliças frescas e deverá aumentar para cerca de 20% nos próximos 10
anos. No Brasil, o consumo deste tipo
de produto ainda é pequeno, porém temse observado um rápido crescimento do
setor nos grandes e médios centros urbanos, com tendência de expansão
(Durigan, 2004).
Apesar do aumento da demanda
mundial por vegetais frescos minimamente processados, uma maior expansão neste segmento, tanto para o mercado interno quanto para o externo, tem
sido dificultada dada à curta vida útil
dos mesmos (Gomes et al., 2005).
A redução da vida útil deste tipo de
produto se deve, principalmente, às
mudanças fisiológicas indesejáveis, ocasionadas pelas operações envolvidas no
458
processamento, que induzem a perda da
integridade celular da superfície cortada, a ocorrência de reações de
escurecimento e a formação de
metabólitos secundários indesejáveis,
além de promover a descoloração, perda da textura e de causar prejuízos ao
sabor e ao aroma (Lima, 2000).
Dentre todas as possíveis modificações indesejáveis que este conjunto de
processos
pode
acarretar,
o
escurecimento oxidativo e a perda acentuada de água é um dos fatores limitantes
na conservação de produtos minimamente processados, constituindo uma das
principais causas de perda da qualidade
visual. Logo, tem-se buscado a utilização de métodos que controlem ou inibam
o desencadeamento desses processos
para a obtenção de um produto semelhante ao fresco, com vida útil prolongada e
de boa qualidade (Lima, 2005).
Procurando controlar estes problemas, tem-se testado o emprego de
aditivos químicos como ácido ascórbico,
ácido cítrico, cloreto de cálcio (Carvalho, 2000), películas comestíveis (Pilon,
2007), a adição de antimicrobianos
(Sapers et al., 2001) e o uso do 1-MCP
(Yamashita et al., 2006).
O ácido ascórbico é um agente
antioxidante natural que reduz o
escurecimento dos tecidos causado pela
enzima polifenoloxidase, formando uma
barreira que impede a difusão do oxigênio para o interior do produto, reduzindo as quinonas geradas, antes que sejam formados pigmentos escuros. Entretanto, o ácido é consumido no processo, conferindo uma proteção de caráter temporário contra a descoloração
e o escurecimento. Além disso, evita
perdas de aroma e sabor, bem como as
mudanças na textura e a redução da qualidade nutricional (Chitarra, 2000).
A eficiência do cloreto de cálcio tem
sido comprovada por diversos estudos,
realizados com produtos minimamente
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processado
processados, relacionados à manutenção
da estrutura da parede celular. Groppo
(2007) verificou em laranjas ‘Pêra’ minimamente processadas, tratadas com
cloreto de cálcio 1%, uma vida útil de
12 dias, comprovando os efeitos desejáveis da aplicação deste sal no retardamento da maturação, senescência e na
manutenção da firmeza.
Além disso, o uso de películas de
baixa permeabilidade a gases, como as
de polissacarídeos, a exemplo das de
alginato de sódio, reduzem as taxas de
escurecimento enzimático (Chitarra &
Chitarra, 2005). De fato, alguns autores
obtiveram redução nas taxas de
escurecimento enzimático em frutas,
como resultado da adição de coberturas
à base de polissacarídeos (Zhang &
Quantick, 1997; Jiang & Li, 2001).
Além da redução das taxas de
escurecimento enzimático, outros efeitos importantes são obtidos na aparência de frutas processadas. O brilho e
melhor integridade estrutural, conferidos pelas películas comestíveis, tornam
os produtos mais atraentes para o consumidor (Oliveira et al., 2007).
Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência do uso de cloreto de
cálcio (1%), ácido ascórbico (1%) e de
película à base de alginato de sódio, na
atividade respiratória e no impacto sobre os parâmetros físicos de melões
‘Amarelo’ minimamente processados.
MATERIAL E MÉTODOS
Melões ‘Amarelo’ obtidos junto aos
produtores da região de Mossoró (RN),
foram colhidos de acordo com o padrão
de maturação utilizado pelos produtores, acondicionados em caixa de papelão e transportados para a Companhia
de Entrepostos e Armazéns Gerais de
São Paulo (CEAGESP) em caminhão
com carroceria coberta com lona. Da
CEAGESP os frutos foram encaminhados à Planta de Processamento de Frutas e Hortaliças, do Departamento de
Agroindústria, Alimentos e Nutrição da
USP-ESALQ, onde foram selecionados
quanto ao grau de maturação e ausência
de danos mecânicos ou podridões, lavados com detergente e em água corrente, para a retirada da sujeira grosseira. Em seguida, os melões sofreram uma
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
desinfecção inicial com imersão em solução contendo 200 ppm de cloro ativo.
Após a etapa de desinfecção, os melões
foram mantidos sob refrigeração a
10±1°C, por 12 horas, até o
processamento.
O processamento foi realizado em
ambiente a 15°C, utilizando-se roupas
apropriadas (luvas, máscaras, toucas e
aventais descartáveis) como parte das
condições mínimas de assepsia. A primeira etapa do processamento consistiu em corte ao meio, utilizando-se faca
de aço inoxidável afiada; remoção das
sementes (com auxílio de colher). Em
seguida, cada metade foi cortada em 4
fatias e a casca eliminada. As fatias foram divididas em pedaços menores com
aproximadamente 3 cm de aresta e estes foram imersos em solução de
dicloroisocianurato de sódio dihidratado
a 100 ppm por 3 segundos, com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação. Os pedaços de melões foram drenados por aproximadamente 3 minutos
em escorredor doméstico, devidamente
higienizado e divididos em quatro lotes: L1= testemunha; L2= imersos em
solução de cloreto de cálcio a 1% por 3
minutos e drenados por 3 minutos; L3=
imersos em solução de ácido ascórbico
a 1% por 3 minutos e drenados por 3
minutos; L4= revestidos com película à
base de alginato de sódio. Este tratamento constou primeiramente na imersão
dos cubos em solução de cloreto de cálcio a 0,6%, por um minuto para promover a geleificação do alginato de sódio
a 1%, o qual foi aplicado na seqüência
por imersão durante 2 minutos. A
solubilização do alginato de sódio em
água mineral foi conseguida pelo aquecimento da suspensão até 70°C e posterior resfriamento até 15°C. Os melões
assim tratados foram deixados por 10
minutos em ambiente refrigerado a 15°C
para a secagem da película. Os cubos
foram pesados (250 g) e acondicionados em bandeja Galvanniâ G-92 de
tereftalato de polietileno (PET) munida
de tampa, com 700 mL de capacidade.
As embalagens foram armazenadas
a 5±1°C e 73±5% UR. O período de
armazenamento foi de 12 dias, sendo
que as avaliações fisiológicas foram realizadas em dias alternados e as avaliações físicas foram realizadas no 1°, 3°,
5°, 8°, 10° e 12° dia de armazenamento.
Foram avaliados: Taxa respiratória 250 g de cubos de melão foram colocados em frascos de vidro herméticos com
capacidade de 600 mL. Os frascos foram fechados hermeticamente (1h a
5°C), com tampas metálicas contendo
um septo de silicone, por onde foram
coletadas alíquotas de 1 mL, com auxílio de seringa de vidro. As amostras
coletadas foram injetadas em
cromatógrafo a gás (Thermoffinigan
Trace 2000/GC), dotado de detector de
ionização de chama, de coluna Porapack
N, de 2 m de comprimento. As temperaturas mantidas no aparelho foram
100°C na coluna, 100°C no injetor,
250°C no detector e 350°C no
metanador, para medição de CO2; os
resultados foram expressos em
µLCO2 kg -1 h -1; Produção de etileno foi utilizado o mesmo procedimento da
análise da taxa respiratória, modificando-se a temperatura do detector para
100°C. Os frascos permaneceram fechados durante 2 horas. Os resultados foram expressos em mLC2H4 kg-1 h-1; Perda de massa - através da pesagem direta; Cor - determinada em colorímetro
Minolta CR 400/410, onde foram determinados os valores de luminosidade (L),
a* e b*. Esses resultados permitiram
calcular o ângulo Hue (cor) e a saturação (Chroma) desta cor, conforme recomendado por Minolta (1994); Textura - determinada com o auxílio de
texturômetro “Texture Test System”,
modelo TP-1 acoplado a um registrador
automático de variação de força, operando em célula padrão de compressão
de cisalhamento CS-1, com 10 lâminas
de 1/8 polegadas de espessura e ângulo
de 90°. As amostras foram previamente
pesadas e colocadas na célula teste de
cisalhamento e compressão, de tal forma que as lâminas das células tivessem
ação paralela às amostras. Foi utilizado
sensor em 300 lbf (libras-força) e velocidade de descida do pistão de 20 cm
min-1. Foram feitas medições em dois
pedaços de cada embalagem, sendo os
resultados expressos em Newton (N);
Umidade - determinada em balança
determinadora de umidade Tecnal modelo B-Top-Ray, por radiação
infravermelha, a qual permitiu expressar os resultados em porcentagem (%).
459
ACA Miguel et al.
Figura 1. Taxa respiratória de melão ‘Amarelo’ minimamente processado armazenado a
5°C, em função dos tratamentos aplicados (CaCl2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico;
AS = alginato de sódio) (CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate).
(respiratory tax of fresh-cut melon storage at 5°C, in function of treatments). Piracicaba,
USP, 2007.
Figura 2. Produção de etileno de melão ‘Amarelo’ minimamente processado armazenado a 5°C,
em função dos tratamentos aplicados (CaCl2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico; AS =
alginato de sódio) (CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate). (ethylene
production of fresh-cut melon at 5°C, in function of treatments). Piracicaba, USP, 2007.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com
esquema fatorial 4x6 (4 tratamentos e 6
épocas de amostragem) para as análises
físicas, 4x7 (4 tratamentos e 7 épocas
de amostragem), para as análises fisiológicas e 3 repetições, tendo como unidade experimental uma embalagem do
produto.
Os resultados das análises fisiológicas
foram submetidos à análise do erro padrão; enquanto que os das análises físicas
foram submetidos à análise de variância
pelo Teste F e a comparação das médias
pelo Teste de Tukey (5%), de acordo com
o proposto por Gomes (2002).
460
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se, independente do tratamento, produção elevada de CO2 imediatamente após o corte (0 dia) e decréscimo em sua evolução durante o período de armazenamento (Figura 1), concordando com o relatado por Arruda
(2002), que também detectou maior atividade respiratória, em melões
rendilhados, logo após o processamento.
O aumento da atividade respiratória,
observado após o processamento, pode
ser atribuído ao estresse ocasionado pelas operações de descascamento e cor-
te.
Esse
estresse
provoca
descompartimentação celular e, com
isto, os substratos do metabolismo respiratório entram em contato com os
complexos enzimáticos, resultado num
aumento da atividade respiratória
(Purvis, 1997).
O tratamento com ácido ascórbico
apresentou a maior taxa respiratória até
o 2° dia de armazenamento, assumindo
em seguida valores semelhantes àqueles verificados nos demais tratamentos,
indicando que o ácido foi sendo consumido ao longo do tempo, por ser utilizado como substrato para a respiração
do vegetal. A aplicação de solução de
cloreto de cálcio e de película à base de
alginato de sódio não colaborou para a
redução da atividade respiratória, pois
os melões que receberam tais tratamentos apresentaram valores semelhantes à
testemunha nos primeiros dois dias de
armazenamento e não diferiram entre si
até o final do período experimental.
Andrade (2006) e Fontes (2005) observaram que o uso do cloreto de cálcio
(1%) em mamões minimamente processados e de alginato de sódio em maçãs
minimamente processadas, respectivamente, mostrou-se eficaz na redução da
atividade respiratória, diferindo dos resultados encontrados neste trabalho.
Em todos os tratamentos e durante
o período de armazenamento foi detectada produção de etileno (Figura 2),
porém em níveis muito baixos, inferiores a 0,1 mL C2H4.kg-1 h-1, sem interesse
do ponto de vista de fisiologia e
tecnologia pós-colheita, uma vez que
este regulador de amadurecimento começa a ser fisiologicamente ativo a partir do nível citado (Reid, 1992). Os dados verificados neste trabalho, estão de
acordo com os relatados por Almeida et
al. (2001) que também não detectaram
produção de etileno em melão ‘Amarelo’. Segundo Saltveit (2000), apesar da
biossíntese do etileno ser ativada pela
ocorrência de danos físicos, nem todos
os tecidos vegetais, como o observado
em melão ‘Amarelo’, respondem a este
estresse com aumentos significativos na
produção deste hormônio, ou esta é tão
baixa que não é capaz de ser detectada.
Ocorreu uma gradativa perda de
massa ao longo do período de
armazenamento (Tabela 1). Este aumenHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Efeito de tratamentos químicos na respiração e parâmetros físicos de melão ‘Amarelo’ minimamente processado
to pode ser atribuído à perda de umidade e de material de reserva pela
transpiração e respiração, respectivamente. Entretanto, ao longo dos 12 dias
de armazenamento esta perda foi pequena, podendo ser devido à proteção oferecida ao produto pela embalagem,
como proposto por Sarantópoulos
(1997) e Durigan (2000). Estes resultados são importantes, haja vista que a
perda de massa do melão pode representar sério prejuízo econômico, pois
normalmente o fruto é vendido por unidade de massa (Peroni, 2002).
Em relação ao efeito dos tratamentos (Tabela 1), os cubos tratados com
cloreto de cálcio (1%) apresentaram a
maior perda de massa, indicando que a
aplicação do sal clorado foi pouco eficaz na redução da perda de peso. Peroni
(2002), estudando o efeito de diferentes
concentrações de CaCl 2 em melão
‘Amarelo’ minimamente processado,
verificou uma perda média de 0,11%,
valor inferior ao encontrado neste trabalho. Os melões testemunha, os tratados com ácido ascórbico e os revestidos com película não apresentaram diferenças quanto à perda de massa. Estes resultados vão ao encontro do observado por Lima (2005) em melões
‘Orange Flesh’ minimamente processados,
tratados com ácido ascórbico, que constatou comportamento semelhante entre a testemunha e os frutos imersos em ácido. A
película de alginato de sódio não apresentou efeito significativo na redução da perda de massa. Em relação aos tratamentos,
os resultados encontrados ficaram abaixo
dos valores críticos de perda de massa indicados por Finger & Vieira (1997), que
afirmam que a perda de massa máxima,
sem aparecimento de murchamento ou
enrugamento da superfície oscila entre 5 e
10% e que a perda de massa aceitável para
os produtos hortícolas varia de em função
da espécie e do nível de exigência dos consumidores.
A coloração do produto é um dos
principais parâmetros para a caracterização da qualidade, pois os consumidores mantêm uma relação positiva entre
esses dois fatores (Chitarra & Alves,
2001). Os valores de luminosidade (L),
obtidos nesse trabalho, de maneira geral,
decresceram
durante
o
armazenamento, indicando que houve
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Tabela 1. Perda de massa fresca, Luminosidade (L), cromaticidade (C) e umidade em melões ‘Amarelo’ minimamente processados, em função dos tratamentos e do tempo de
armazenamento (fresh mass lose, luminosity (L), cromaticity (C) and humidity in fresh-cut
melons, in function of treatments and storage). Piracicaba, USP, 2007.
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%
de probabilidade) (Average values followed from the same letter in the column did not differ
through the Tukey test, 5% probability); T = testemunha; CaCl2 = cloreto de cálcio; AA =
ácido ascórbico; AS = alginato de sódio (T = control; CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic
acid; AS = sodium alginate).
Tabela 2. Valores médios de ângulo de cor (h°) e de textura de melões ‘Amarelo’ minimamente processados, em função dos tratamentos e do tempo de armazenamento (average
values of color angle and texture of fresh-cut melons, depending on treatments and storage).
Piracicaba, USP, 2007.
Médias seguidas da mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem
entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (means followed by the same small letter in
the columns and capital letter in the rows did not differ from each other through the Tukey test,
5%). T = testemunha; CaCl2 = cloreto de cálcio; AA = ácido ascórbico; AS = alginato de sódio
(T = control; CaCl2 = calcium chloride; AA = ascorbic acid; AS = sodium alginate).
escurecimento da polpa do melão com
o avanço dos dias (Tabela 1). Arruda
(2002) e Pinto (2002) também observaram diminuição nos valores de
luminosidade em melões rendilhados e
em melões ‘Orange Flesh’ minimamente
processados, respectivamente.
Os melões tratados com alginato de
sódio apresentaram o menor valor médio de luminosidade, o que pode ser atribuído à coloração da solução de alginato
de sódio, que é levemente marrom, fato
também constatado por Fontes (2005)
em maçãs minimamente processadas
461
ACA Miguel et al.
revestidas com este tipo de película. Os
melões testemunha e os tratados com
cloreto de cálcio (1%) mostraram-se
mais claros e com valores de L semelhantes, indicando que o uso deste sal
não influenciou significativamente na
taxa de escurecimento dos frutos. Peroni
(2002), estudando o efeito do CaCl2 em
melões, constatou diminuição no valor
de L ao longo do período de
armazenamento e no último dia (10° dia)
verificou translucidez no produto, sinalizando senescência.
Em relação à cromaticidade, os tratamentos químicos e o período de
armazenamento não influenciaram na pigmentação amarelada da polpa dos melões
minimamente processados (Tabela 1).
Houve interação significativa entre
os tratamentos e o período de
armazenamento com relação ao ângulo
de cor (Tabela 2). O ângulo hue ou de
cor se manteve praticamente inalterado
ao longo do período de armazenamento
em todos os tratamentos, exceto em relação à testemunha, a qual tendeu a se
tornar mais amarelada, passando de
105,19° para 103,85°, indicando que
estes melões estavam em estádio mais
avançado de maturação. Em relação aos
tratamentos, os melões apenas diferiram
entre si quanto ao ângulo de cor no 8°
dia de armazenamento, sendo que os
frutos tratados com alginato de sódio
apresentaram o menor valor médio para
o ângulo de cor, denotando coloração
mais amarelada. Os resultados são concordantes com os obtidos por Fontes
(2005), que também constatou menores
valores do ângulo de cor em maçãs minimamente processadas revestidas com
película comestível.
Com base nos resultados acima citados, pode se afirmar que os tratamentos químicos não modificaram a coloração natural dos melões minimamente
processados, ou seja, colaboraram para
a preservação da coloração. Este é um
dado importante, uma vez que os
parâmetros que definem a coloração
também podem ser indicativos da perda de qualidade, pois quando o produto
muda suas características originais, escurecendo e/ou adquirindo outra tonalidade, entende-se que sua aparência
característica é perdida e sua aceitação
é menor (Chitarra, 1994).
462
Os teores de umidade dos melões
minimamente processados não variaram
significativamente entre os tratamentos,
não influenciando na umidade das amostras (Tabela 1). Os melões minimamente processados não apresentaram perdas
significativas de umidade com o decorrer do tempo. Estes resultados refletem
o efeito conjugado da pequena perda de
massa (transpiração) e da atividade metabólica reduzida observada ao longo do
período de armazenamento.
A textura foi significativamente afetada pelos tratamentos e pelo período de
armazenamento (Tabela 2). Embora tenha havido oscilações ao longo dos dias
de avaliação, no 12° dia, em todos os
tratamentos os melões apresentaram
valores de textura semelhantes aos do
primeiro dia, não havendo amaciamento
da polpa, evento comumente observado em frutas e hortaliças e que tem sido
atribuído à modificação na composição
da parede celular pela ação de enzimas
(Chitarra, 2000).
Para os tratamentos, houve diferenças significativas somente no 3°, 8° e
10° dias, tendo a testemunha apresentado os menores valores, os tratados com
ácido ascórbico textura mais macia e os
tratados com cloreto de cálcio textura
mais rígida. Contudo, pode-se dizer que
os tratamentos químicos não contribuíram para maior efeito na textura dos
melões, o que pode ser resultado das
perdas de massa terem sido mínimas.
Pode-se concluir que todos os tratamentos químicos testados demonstraram tendência de decréscimo na atividade
respiratória
durante
o
armazenamento refrigerado, indicando
que esta não contribui para a redução
da vida útil dos melões ‘Amarelo’ minimamente processados e que os mesmos, não influenciaram na perda de
massa, textura e umidade, porém o uso
de película à base de alginato de sódio
resultou em melões de coloração mais
escura da polpa, em decorrência da cor
da solução filmogênica.
AGRADECIMENTOS
Ao Cnpq pela bolsa de mestrado
concedida à primeira autora.
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e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada. Horticultura Brasileira 26: 464-470.
Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e
armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada
Pahlevi A de Souza1; Fernando Luiz Finger2; Ricardo Elesbão Alves3; Mário Puiatti2; Paulo R Cecon2;
Josivan B Menezes1
1
UFERSA-Depto. Ciências Ambientais, 59625-900 Mossoró-RN; 2UFV, 36570-000 Viçosa-MG; 3Embrapa Agroindústria Tropical, R.
Dra. Sara Mesquita, 2270, Planalto Pici, 60511-110 Fortaleza-CE; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Objetivando avaliar a vida útil pós-colheita de melão tipo
Charentais (Cucumis melo L.) sob refrigeração, tratados com 1-MCP
e associado ou não a atmosfera modificada (AM), foram conduzidos dois experimentos em laboratório da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza-CE. Os frutos foram provenientes da Agroindústria
Nolem Comercial Importadora e Exportadora Ltda, localizada no
Agropólo Mossoró Açu-RN. Os frutos foram tratados com 300 e
600 ppb de 1-MCP, em seguida, metade desses frutos foram embalados em filmes plásticos, mantendo-se frutos embalados sem aplicação de 1-MCP nas mesmas condições de armazenamento dos demais. Os melões foram armazenados por 21 dias sendo 14 dias (9±1ºC
e 87±5% UR) + 7 dias (22±2ºC e 70±5% UR). Em função da aparência externa, a vida útil pós-colheita dos frutos armazenados sob
atmosfera modificada, com ou sem tratamento inicial de 1-MCP foi
de 21 dias, enquanto que dos frutos tratados inicialmente apenas
com 1-MCP foi de 19 dias. A aplicação do 1-MCP proporcionou
redução na atividade respiratória e na produção de etileno, e maior
retenção da firmeza da polpa, menor perda de massa e melhor aparência externa quando associado a atmosfera modificada. A atmosfera modificada, isoladamente, foi eficiente em reduzir a perda de
massa e manter melhor aparência externa.
Postharvest conservation of charentais melons treated with
1-MCP and stored under refrigeration and modified atmosphere
Palavras-chave: Cucumis melo L., armazenamento, etileno, filme
plástico.
Aiming to evaluate the postharvest shelf life of Charentais melon
(Cucumis melo L.) stored under refrigeration, the fruits were treated
with 1-MCP, associated or not with modified atmosphere (MAP).
Two experiments were carried out at the laboratory of Embrapa
Agroindústria Tropical in Fortaleza, Brazil, analyzing the chemical
and physic quality characteristics. The fruits were obtained at the
Agroindústria Nolem Comercial Importadora e Exportadora Ltda,
located in Mossoró Açu, Brazil. The fruits were treated with 300
and 600 nL L-1 of 1-MCP, half of those were wrapped in plastic
films, which were wrapped without the use of 1-MCP in the same
conditions of storage. The melons were stored during 21 days, being
14 days (9±1ºC and 87±5% UR) + 7 days (22±2ºC and 70±5% UR).
Based on external appearance, postharvest shelf life of the fruits
stored under modified atmosphere, with or without initial treatment
of 1-MCP was 21 days, while in fruits treated initially only with 1MCP, it was 19 days. The application of the 1-MCP provided
reduction in the respiratory activity and ethylene production, and
higher flesh firmness retention, smaller weight loss and better external
appearance, when associated the modified atmosphere. The modified
atmosphere, separately, was efficient to reduce the weight loss and
to maintain better external appearance.
Keywords: Cucumis melo L., storage, ethylene, plastic film.
(Recebido para publicação em 12 de novembro de 2007; aceito em 17 de outubro de 2008)
(Received in November 12, 2007; accepted in October 17, 2008)
A
região Nordeste, em função da
adoção de tecnologias de irrigação
eficientes, utilização de híbridos adaptados à região e das condições climáticas favoráveis existentes passou a ser a
maior produtora de melão do Brasil,
com cerca de 93,6% do total, seguida
pela região Sul responsável por 4,8%
(Agrianual, 2004). O estado do Rio
Grande do Norte, com a maior parte de
sua produção localizada no Agropólo
Mossoró Açu, é o maior produtor da região Nordeste, com 55% (IBGE, 2006),
destacando-se também os estados do
Ceará, Pernambuco e Bahia. Com isso,
o Brasil passou de importador para exportador de melão, produzindo em 2004
cerca de 264.000 frutos de melão ao ano
464
em uma área de 14.000 ha. Segundo a
Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (SEDEC/MIX), as
exportações nacionais de melão tiveram
acréscimo de 116% nos últimos sete anos,
passando de 47,5 mil toneladas em 1997
para 98,74 mil toneladas em 2004, com
valor de US$ 37,8 milhões. Boa parte
desta produção é destinada ao mercado
externo, com cerca de 90% à União Européia, onde o Reino Unido é o principal
importador, seguido da Holanda, Finlândia, Bélgica, Alemanha e Espanha
(Moretti & Araújo, 2003).
No pólo Rio Grande do Norte/Ceará, 70% da produção de melão é embala-
da e o restante vendida a granel, sendo
que metade do que é embalado é destinado à exportação: 90% para União
Européia, e os 10% restantes para os
EUA e Mercosul. Da outra metade embalada, cerca de 97% é destinada aos
mercados localizados no centro sul do
país, e os 3% restantes são consumidos
em nichos de mercados das regiões Norte e Nordeste (Araújo & Vilela, 2003).
As cultivares do grupo Inodorus, representadas pelo tipo Amarelo, Pele de
Sapo e Orange Flesh, são os preferidos
pelos produtores do pólo Rio Grande do
Norte/Ceará, totalizando mais de 50%
da área plantada, preferência essa
justificada pelos 30 a 35 dias de vida
útil pós-colheita em condições ambienHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada
te. Apesar disto, observa-se tendência de
crescimento da área cultivada com melões Cantaloupensis como os
Cantaloupes, Galias e Charentais, que
são mais saborosos, mais adocicados e
possuem maior valor nutritivo.
Entre os melões Cantaloupensis, o
tipo Charentais vem ganhando destaque
devido a sua aceitação por parte dos
consumidores da principal região importadora, a União Européia. Os melões
Charentais são bastante aromáticos, de
origem francesa, que podem apresentar
tanto casca lisa como reticulada, apresentando suturas ou costelas, com coloração variando de verde-escuro a cinza
e formato variando de redondo a achatado. Apesar de se tratar de um produto
com excelente qualidade, a vida útil desses melões, sob temperatura ambiente,
é bastante limitada. Segundo Rodov et
al. (2002), o tipo Charentais tem um
pronunciado
comportamento
climatérico, sendo que em poucos dias
após a colheita o fruto torna-se rapidamente maduro com amolecimento excessivo da polpa, presença de coloração
amarelo-alaranjado da casca, deterioração do “flavor”, declínio do conteúdo
de açúcares e aumento na
suscetibilidade a patógenos.
O controle de qualidade pré e póscolheita do melão produzido no Nordeste se faz necessário devido à distância
dos principais mercados, pois para ser
transportado via terrestre, sem refrigeração até São Paulo, o melão leva em
torno de 5 dias e para ser transportado
até o porto de Roterdam na Holanda, por
transporte marítimo sob refrigeração,
gasta-se de 11 a 12 dias, e de 10 a 14
dias o tempo necessário de transporte
marítimo até o porto da Filadélfia no leste dos EUA.
O armazenamento sob baixas temperaturas constitui o meio mais efetivo
na extensão da vida útil pós-colheita de
frutos e hortaliças e como complemento da refrigeração, a modificação ou
controle da atmosfera vem sendo utilizado com sucesso. A atmosfera modificada (AM) pode ser definida como o
armazenamento realizado sob condições
de composição da atmosfera diferente
daquela presente na atmosfera do ar
normal (Lana & Finger, 2000). Níveis
baixos de O 2 (<8%) e altos de CO 2
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
(>1%) na atmosfera em torno do produto reduzem a taxa respiratória e conseqüentemente a perda de água, síntese e
ação de etileno, mudanças nos ácidos e
nos açúcares, mudanças na cor e textura, incidência de injúria pelo frio e desordens fisiológicas, incidências de
microorganismos, decorrentes do retardamento do amadurecimento e
senescência, prolongando a vida útil
pós-colheita do produto (Hulbert &
Bhowmik, 1987; Nakhasi et al., 1991).
Novas técnicas têm sido utilizadas
para aumentar a vida-útil pós-colheita de
frutos e hortaliças. Uma delas é a utilização de inibidores da ação do etileno,
como o 1-metilciclopropeno (1-MCP). O
1-MCP é um composto gasoso que bloqueia a ação do etileno, através de competição pelos sítios de ligação com os
receptores nas membranas celulares, reduzindo os efeitos do etileno procedente
de fontes internas e externas
(Blankenship & Dole, 2003). Watkins
(2006), em sua revisão sobre o uso do 1MCP em frutos e hortaliças, encontrou
efeitos desse composto sobre a atividade
respiratória, produção de etileno, pigmentos e metabolismo da parede celular, entre outros. Segundo Blankenship
& Dole (2003), o 1-MCP possui diferentes efeitos sobre o amadurecimento e
qualidade de frutos e hortaliças de comportamento climatérico ou não, vários
fatores como a concentração do gás 1MCP necessário para saturar os receptores e competir com o etileno, tempo de
aplicação, temperatura ideal para que o
tratamento seja efetivo e grau de
maturação do produto, pois o 1-MCP não
é efetivo em maturação avançada, podem
influenciar os tratamentos (Chitarra &
Chitarra, 2005). Dessa forma, o tratamento do melão Charentais com 1-MCP pode
favorecer a exploração de mercados mais
distantes e permitir maior elasticidade
para oferta do produto.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a conservação pós-colheita de melão
Charentais
tratado
com
1metilciclopropeno (1-MCP) e armazenado
sob refrigeração e atmosfera modificada.
MATERIAL E MÉTODOS
Melões Charentais ‘Aura Prince’
provenientes de plantio comercial da
Empresa Nolem Com. Imp. E Exportação Ltda., localizado em Mossoró-RN,
foram colhidos com coloração verdeacinzentada e com a região em torno do
pedúnculo sem sinais de abertura (préclimatérico). Após a colheita os frutos
foram tratados pelo pincelamento ao
redor do pedúnculo com solução contendo o fungicida Imazalil na concentração de 2 mL L-1, e transportados para
o laboratório da Embrapa Agroindústria
Tropical.
Após a seleção dos frutos, procedeuse os tratamentos com1-MCP
(SmartFresh® , 3,3% i.a.), nas concentrações 300 e 600 ppb, em câmaras herméticas com capacidade para 0,186 m3,
utilizando-se 40 frutos para cada concentração. Os frutos foram expostos ao
1-MCP por 12 horas a temperatura de
aproximadamente 25ºC. Após esse período, 20 frutos tratados com cada concentração de 1-MCP foram embalados
em sacos plásticos de polietileno
microperfurados Xtend Ò da empresa
Stepac L. A., Ltd., Israel, colocando-se
4 frutos por saco. Segundo Rodov et al.
(2002), o material apresenta espessura
nominal de 20 mm com passagem de
vapor de água de 25,0 x 10-10 mol m-2 s-1
Pa e permeabilidade a O2 de 23,5 x 10-14
mol m-2 s-1 Pa a 23ºC e 50% de UR. O
restante dos frutos tratados com 1-MCP
foi deixado sem a embalagem plástica.
Para efeito de comparação foram mantidos frutos embalados com X-tend
sem aplicação de 1-MCP nas mesmas
condições de armazenamento dos demais. Após a aplicação dos tratamentos
os frutos foram armazenados por 21 dias
sendo 14 dias (9±1ºC e 87±5% UR), simulando-se o transporte marítimo para
a Europa, + 7 dias (22±2ºC e 70±5%
UR), simulando-se o período de
comercialização, e avaliados nos seguintes tempos: 0; 7; 14; 14+3; 14+5 e
14+7 dias. Após a saída da câmara fria
(14 dias) todos os filmes plásticos foram abertos.
O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 5 x 6, onde o primeiro fator constou dos tratamentos (atmosfera modificada (AM) isolada, 300 ppb de 1MCP+AM, 600 ppb+AM, 300 ppb e 600
ppb isolados) e o segundo dos tempos
de armazenamento (0; 7; 14; 17; 19 e
465
PA Souza et a.
21 dias), com 4 repetições constituída
de um fruto cada uma.
Para a avaliação da atividade respiratória (mg CO2 kg-1 h-1) e a produção
de etileno (µL C2H4 kg-1 h-1), os frutos
sob atmosfera modificada foram retirados dos sacos 2 horas antes das análises
cromatográficas. Quatro frutos inteiros
foram pesados e colocados em recipientes plásticos herméticos por 30 min, sendo cada fruto considerado como uma
repetição. Uma amostra de 5 mL de ar
do interior dos recipientes foi retirada
com uma seringa através do septo e injetada em cromatógrafo a gás CG modelo DANI 86.10 equipado com detector
de condutividade térmica de 150ºC
(CO 2 ) e 200ºC (C 2H 4 ), em coluna
PORAPAK-N (4 m x 3 mm). Avaliouse a firmeza da polpa (N) (resistência
da polpa à penetração, utilizando-se
penetrômetro manual modelo FT 327,
com sonda de 8 mm de diâmetro sendo
realizadas 4 leituras por fruto no centro
da polpa na região equatorial do fruto);
perda de massa (%) (considerou-se a
diferença entre a massa inicial do fruto
e aquela obtida em cada intervalo da
amostragem, com balança semi-analítica; aparência externa (nota de 5-1 onde
5= ausência de depressões, murcha ou
ataque de microrganismos; 4= traços de
depressões e/ou murcha; 3= leve depressões e/ou murcha; 2= depressões e/ou
murcha com média intensidade e leve
ataque de microrganismos e 1= depressões e murcha com intensidade severa e
ataque fúngico)); aparência interna (nota
de 5-1 onde 5= ausência de colapso na
polpa, nem sementes soltas e/ou líquido na cavidade; 4= traços de colapso na
polpa, de sementes soltas e/ou líquido
na cavidade; 3= leve colapso na polpa,
de sementes soltas e/ou líquido na cavidade; 2= colapso na polpa, sementes
soltas e/ou líquido na cavidade, em intensidade média e 1= colapso na polpa,
sementes soltas e/ou líquido na cavidade, em intensidade severa).
Os sólidos solúveis totais (SST,
ºBrix) foram determinados em
refratômetro digital ATAGO PR 101,
escala de 0 a 45º, com compensação
automática de temperatura; açúcares
solúveis totais (AST, %): extraídos em
água e determinados com reagente
Antrona, conforme Yemm & Willis
466
(1954); vitamina C (mg·100g-1): por
titulação com solução de Tillman (2,6
diclorofenol indofenol, DFI), conforme
Strohecker & Henning (1967); coloração da casca: por reflectometria, utilizando-se de um colorímetro Minolta
Croma Meter CR-200b, calibrado em
superfície de porcelana branca sob condições de iluminação ambiente e expressa no módulo L a* b*, posteriormente
calculando-se o Ângulo hue (arco tangente (b*/a*), realizando-se duas leituras (região equatorial e próximo ao
pedúnculo);
etanol:
segundo
metodologia proposta por Kato Noguchi
& Watada (1997), em cromatógrafo a
gás (CG/DANI 86.10) equipado com
coluna Porapak-N (4 m x 3 mm) e atividade da enzima poligalacturonase, segundo metodologia proposta por VilasBoas et al. (2000), com modificações.
A atividade respiratória e a produção de etileno não apresentaram
homocedasticidade das variáveis, conforme teste de Bartlett, não sendo, portanto, submetidas a analise de variância,
optando-se, em ambos os casos, por
apresentar as médias das concentrações
dos tratamentos em cada tempo.
Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão utilizandose o Sistema de Análises Estatísticas e
Genéticas da UFV (SAEG, UFV). Utilizou-se o teste de Tukey adotando o
nível de 5% de probabilidade para a
avaliação das médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De maneira geral, o armazenamento
refrigerado reduziu a atividade respiratória até o 15º dia (Figura 1A), ou seja,
até um dia após a retirada da câmara fria,
sendo esta mais intensa nos frutos tratados com 600 ppb de 1-MCP tanto na
presença como na ausência da atmosfera modificada (AM). A partir de então,
verificou-se aumento da atividade respiratória até o 19º dia de
armazenamento, com picos respiratórios isolados para os tratamentos 300 nL
L -1 de 1-MCP e 300 nL L -1 de 1MCP+AM aos 16 e aos 19 dias, respectivamente. Foi observado, também, que
o uso isolado da atmosfera modificada
levou a redução da taxa respiratória podendo ser explicado pelo aumento da
concentração de CO2 e redução do O2
no interior desta.
A produção de etileno foi baixa durante o armazenamento refrigerado para
todos os tratamentos estudados (Figura
1B). Após a retirada dos frutos da câmara fria observou-se alta produção de
etileno com picos para todos os tratamentos ao 16º dia. A partir desse ponto
houve menor produção de etileno para
os frutos tratados com 1-MCP. Esses
valores estão acima dos encontrados por
Almeida et al. (2001 a) em melões
cantaloupe, que obtiveram taxas inferiores a 50 µL kg-1 h-1. Os mesmos autores
também verificaram menor produção de
etileno durante o armazenamento refrigerado. Estudando a supressão do amadurecimento e do amolecimento em
melões Gália verdosos ou maduros tratados com 1-MCP e armazenados a
20ºC, Ergun et al., (2005) verificaram
que o tratamento utilizando 1,5 µL L-1
de 1-MCP por 24 h antes do
armazenamento atrasou o pico de produção de etileno dos frutos verdosos por
6 dias, porém observaram que o tratamento adotado suprimiu o desenvolvimento de cor na casca desses melões.
Houve aumento da perda de massa
ao longo do armazenamento (Figura
1C), com menor perda para os tratamentos associados à atmosfera modificada
(Tabela 1), não tendo efeito do 1-MCP,
concordando com Lima et al. (2004),
trabalhando com melão Galia. Aos 21
dias após a colheita o valor médio registrado foi de 3,32% o que representa
33,2 kg t-1 de massa total perdida, verificando-se leve sinal de murcha para os
tratamentos sem filme plástico. A perda
de massa é uma das principais causas
da deterioração no armazenamento, resultando, não apenas na perda quantitativa, o que ocasiona sérios prejuízos econômicos, pois normalmente os frutos
são vendidos por unidade de massa, mas
também perda qualitativa pelo
enrugamento e amolecimento, dentre
outros. No interior das embalagens Xtend® ocorre maior acúmulo de vapor
d‘água, porém não ocorre condensação
de água na superfície das mesmas, representando uma inovação tecnológica
em relação a outras embalagens convencionais (Cocozza, 2003). Almeida
(2002), avaliando a conservação de
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada
Figura 1. Atividade respiratória (A), produção de etileno (B), estimativa da perda de massa (C) e da firmeza da polpa (D) em melões
Charentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura refrigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5%
U.R.) (respiratory rate (A), ethylene production (B), weight loss (C) and flesh firmness (D) estimation of Charentais melons, ‘Aura
Prince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) + 7 days (22+2 oC and 70+5% U.R.) Fortaleza, Embrapa
Agroindústria Tropical, 2006.
melão Cantaloupe ‘Hy-Mark’ tratados
com 1-MCP (300 ppb) e armazenados a
5ºC, observou, aos 30 dias de
armazenamento, perda de massa de
5,4% para os frutos armazenados sob
atmosfera modificada com filmes plásticos X-tendâ e de 8,4% para os frutos
tratados apenas com 1-MCP.
A firmeza da polpa sofreu efeito da
interação entre os fatores estudados,
observando-se redução para todos os
tratamentos durante o armazenamento
(Figura 1D). Os frutos mantidos sob atmosfera modificada isolada ficaram
mais firmes até o 19º dia de
armazenamento, sendo então superados
pelos frutos tratados com 1-MCP. Para
os frutos tratados com 1-MCP, observou-se, ao longo do armazenamento,
que os frutos tratados com a maior concentração (600 nL L-1), na presença ou
ausência da atmosfera modificada, estavam mais firmes. O efeito do 1-MCP
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
relacionado ao retardo da evolução do
amaciamento foi também verificado em
melões Galia (Lima et al., 2004; Ergun
et al., 2005). Em melões Charentais, Ayub
et al. (1996) citam que o amaciamento
está intimamente ligado à presença do
etileno. Os maiores valores de firmeza
da polpa para os tratamentos com atmosfera modificada podem ser devido, possivelmente, à maior concentração de CO2
no interior das embalagens (dados não
mostrados) e também à menor perda de
umidade durante o armazenamento, visto que a água ajuda a estabilidade estrutural da parede celular. Watkins (2006)
cita que os efeitos do 1-MCP relacionados ao metabolismo da parede celular em
frutos e hortaliças estão associados à redução da atividade das enzimas
poligalacturonase, pectinametilesterase e
endo-β-1,4-glucanase.
Houve efeito isolado dos fatores estudados para a aparência externa (Figu-
ra 2A), havendo redução dessa característica ao longo do armazenamento, sendo que os frutos mantidos sob atmosfera modificada apresentaram melhor aparência final (Quadro 1). Os frutos mantidos sob atmosfera ambiente tiveram
ganho de cor amarela mais cedo e apresentaram, ao final do armazenamento,
leve presença de fungo na inserção do
pedúnculo e aspecto de murcha com
depressões escuras na casca e nas
nervuras, concordando com os resultados obtidos para a perda de massa, apresentando, índices médios inferiores a
3,0, o que representou vida útil de apenas 19 dias.
A aparência interna teve leve perda
da qualidade ao longo do
armazenamento (Figura 2B). Os frutos
tratados com 300 nL L-1 de 1-MCP, associado ou não à atmosfera modificada,
apresentaram maior incidência de sementes soltas que, segundo Lima et al
467
PA Souza et a.
Figura 2. Estimativa da aparência externa (A), aparência interna (B), sólidos solúveis totais (C) e açúcares solúveis totais (D) em melões
Charentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura refrigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5%
U.R.) (estimation of the external appearance (A), internal appearance (B), total soluble solids (C) and total soluble sugars (D) of Charentais
melons, ‘Aura Prince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) + 7 days (22+2oC and 70+5% U.R.).
Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006.
(2004) é decorrente do acúmulo de água
livre em volta das sementes. A redução
nos índices de aparência interna foi
verificada, principalmente, após a transferência dos frutos para a temperatura
ambiente (após o 14º dia de
armazenamento). Em pesquisas realizadas com 1-MCP não se verificou efeito
sobre a aparência interna de melões.
Houve ligeiro decréscimo dos teores de sólidos solúveis totais (SST) ao
longo do armazenamento (Figura 2C),
também verificado por outros autores
em melões do grupo Cantaloupensis
(Almeida, 2002; Rodov et al., 2002 e
Lima et al., 2004). O teor médio inicial
e aos 21 dias foi de 11,3 e 9,4ºBrix, respectivamente. Essa pequena redução
nos teores de sólidos solúveis totais durante o armazenamento pode ser devida
ao consumo de açúcares pelo processo
respiratório dos frutos. Tendo em vista
que o melão não armazena amido, fazse necessário colher os frutos com teor
468
de sólidos solúveis adequado a fim de
se obter um produto aceitável para a
comercialização.
O teor médio inicial dos açúcares
solúveis totais (AST) foi de 8,4%, com
decréscimo ao longo do armazenamento
(Figura 2D), mostrando efeito apenas do
fator tempo, concordando com o resultado encontrado para os sólidos solúveis
totais. O resultado encontrado no presente trabalho também foi verificado por
Lima et al. (2004) em melão Galia. Os
mesmos autores não encontraram efeito do 1-MCP sobre os SST e os AST.
Em melão, a qualidade é principalmente determinada pela quantidade de açúcares que representam os principais
componentes da fração solúvel, compreendendo mais de 97%. Os principais
açúcares presentes em melão são a
glicose e a frutose, que contribuem com
quase 100% do teor de açúcares solúveis totais na fase inicial de desenvolvimento do fruto, e a sacarose que pode
chegar até 50% dos açúcares solúveis
na fase final de maturação, com proporção aproximada de 25% para glicose e
25% para frutose (Kultur et al., 2001).
Houve efeito apenas do fator tempo
para o conteúdo de vitamina C total (Figura 3A), com redução acentuada até o
14º dia de armazenamento. O teor médio inicial de vitamina C foi de 18,52
mg 100 g-1MF, chegando a 2,83 mg 100
g-1MF aos 21 dias de armazenamento, o
que representou redução de 84,7%. Em
goiabas tratadas com 900 nL L-1 de 1MCP também não foi verificado efeito
sobre a concentração de ácido ascórbico
(Bassetto et al., 2005).
Houve efeito isolado do fator tempo
de armazenamento para o ângulo Hue
(Figura 3B). Durante o armazenamento
refrigerado, e logo em seguida sob condições ambiente, observou-se diminuição do ângulo Hue de 104,63 a 90,66°
da região verde da casca, indicando que
o amadurecimento ocorreu, em função
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Conservação pós-colheita de melão Charentais tratado com 1-MCP e armazenado sob refrigeração e atmosfera modificada
da coloração da casca ter evoluído do
verde acinzentado para o predominante
amarelo com poucas tonalidades verdes.
O tratamento com o filme X-tend®, atmosfera modificada, reduziu a evolução
da coloração da casca principalmente
quando aplicado de forma isolada (Tabela 1). O uso da atmosfera modificada
durante a refrigeração, além de ter propiciado menor perda de massa, atrasou
o ganho de coloração alaranjada. Porém,
essa diferença foi perceptível apenas no
colorímetro, pois a casca dos melões, ao
final do experimento, apresentava-se
predominantemente amarela para todos
os tratamentos estudados, sendo esta
uma característica bastante desejável
durante a comercialização.
Não se verificou efeito dos tratamentos no acúmulo de etanol, encontrandose valor médio de 39,3 µL 100g-1 MF
de polpa. Em melão, a formação desse
composto não é tão elevada e ocorre
durante a maturação e principalmente
após, em estádios mais avançados de
amadurecimento (Tamura et al., 1973).
Avaliando a formação de substâncias
alcoólicas em melão Cantaloupe,
Motomura (1994) observou que os frutos que apresentavam concentrações de
substâncias alcoólicas superiores a 100
µL 100 mL -1 de suco estavam com
“flavor” desagradável e eram de baixa
qualidade.
Observou-se efeito do fator tempo
para a atividade da enzima
poligalacturonase na matéria fresca da
polpa (Figura 3C), não verificando-se
efeito da atividade da enzima
pectinametilesterase. Durante os primeiros sete dias de armazenamento verificou-se redução na atividade da
poligalacturonase, com maior atividade
após a retirada dos frutos da câmara fria,
coincidindo com maior perda de firneza
da polpa, seguindo-se novamente de redução da atividade ao final do
armazenamento. Em melão, substanciais despolimerização e solubilização
de pectina ocorrem durante o amadurecimento (Rose et al., 1998). Porém, devido à ausência de aumento de atividade das principais enzimas relacionadas
à degradação e solubilização de
polímeros pécticos, poligalacturonase e
pectinametilesterase, em alguns tipos de
melões (McCollum et al., 1989), achaHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Tabela 1. Valores médios da perda de massa (%), aparência externa (escala de 5 -1) e ângulo
Hue da casca de melões “tipo Charentais” cv. Aura Prince, sob atmosfera modificada (AM) e
submetidos a aplicação de 1-MCP.(mean values of weight loss (%), external appearance (scale
1-5) and Hue angle of Charentais melons skin, ‘Aura Prince’, under modified atmosphere
(AM) and submitted to 1-MCP application). Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006.
Médias seguidas da mesma letras nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade (means followed by the same letters in the line did not
differ from each other, Tukey test, 5%).
Figura 3. Estimativa da vitamina C (A), ângulo Hue da casca (B) e atividade da enzima
poligalacturonase (C) em melões Charentais, híbrido Aura Prince, armazenados a temperatura refrigerada por 14 dias (9 ± 1 ºC e 87 ± 5% U.R.) + 7 dias (22 ± 2 ºC e 70 ± 5% U.R.)(estimation of
vitamin C (A), Hue angle of skin (B) and activity of poligalacturonase enzyme (C) of Charentais
melons ‘Aura Prince’, stored under cold temperature during 14 days (9+1oC and 87+5% U.R.) +
7 days (22+2oC and 70+5% U.R.). Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2006.
469
PA Souza et a.
va-se que, possivelmente, a modificação de polímeros pécticos e componentes hemicelulósicos era causada pela
presença de outras enzimas, como as βgalactosidases (Ranwala et al., 1992).
Todavia, Hadfield et al. (1998), estudando a expressão gênica da
poligalacturonase durante o amadurecimento de melões Charentais ‘F1 Alpha’
verificaram aumento na atividade de
enzimas que degradam a pectina e o
aparecimento de três mRNAs da
poligalacturonase em estádios mais
avançados de amadurecimento. De maneira geral, esses resultados sugerem
que a degradação da pectina mediada
pela poligalacturonase ocorre após os
estádios iniciais de amolecimento do
fruto e provavelmente contribui significativamente para os estádios de amadurecimento excessivo incluindo amolecimento e deterioração (Hadfield &
Bennett, 1998).
A aplicação do 1-MCP na concentração de 600 nL L-1 reduziu a atividade
respiratória e a produção de etileno,
principalmente quando os frutos foram
armazenados sob refrigeração. A associação do 1-MCP com a atmosfera modificada (X-tend®), produziu melhores
resultados para a firmeza da polpa, perda de massa, aparência externa. A atmosfera modificada, isoladamente, foi eficiente em reduzir a perda de massa,
manter melhor aparência externa e
maior ângulo Hue da casca, porém não
foi suficiente para retardar o
amarelecimento dos frutos. Com base
na aparência externa, a vida útil póscolheita dos frutos armazenados sob atmosfera modificada isolada e dos frutos tratados com 1-MCP e armazenados
sob atmosfera modificada foi de 21 dias
(14 dias sob refrigeração e 7 dias ambiente), enquanto que dos frutos tratados apenas com 1-MCP foi de 19 dias
(14 dias sob refrigeração e 5 dias ambiente).
AGRADECIMENTOS
A CAPES pelo auxílio financeiro.
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Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método
colorimétrico
Cassandro VT do Amarante1,3; Dilson Antônio Bisognin2,3; Cristiano André Steffens1; Odimar Z
Zanardi1,3; Erlani de O Alves1,4
1
3
UDESC-CAV, C. Postal 281, 88520-000 Lages-SC; 2UFSM-Depto. Fitotecnia, Av. Roraima s/nº, Camobi, 97105-900 Santa Maria-RS;
Bolsista CNPq; 4Bolsista CAPES; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se a viabilidade de utilização de um colorímetro, como
alternativa à utilização de medidor de clorofila, para a quantificação
não destrutiva de clorofilas em folhas. Folhas de couve ‘Manteiga’ e
batata ‘Ágata’, com tonalidades variando de verde amarelado
(clorótica) a verde escuro, foram avaliadas individualmente com um
medidor de clorofila (Minolta SPAD-502) e um colorímetro (Minolta
CR-400, no espaço de cores L, C e ho), seguido de quantificações
destrutivas de clorofilas a, b e totais. Os valores de leitura do medidor de clorofila e da relação ho/(LxC) do colorímetro aumentaram
com o incremento nos teores de clorofilas nas folhas em couve e
batata. Os modelos ajustados entre teores de clorofilas e as leituras
do medidor de clorofila e da relação ho/(LxC) do colorímetro apresentaram valores similares de R2, em ambas as espécies. Os resultados obtidos demonstram que o colorímetro é uma alternativa viável
na avaliação não destrutiva do teor de clorofilas (µg cm-2 de folha),
especialmente de clorofilas a e totais. Para tanto, os valores da relação ho/(LxC) do colorímetro devem ser calibrados com a extração
de clorofilas nas folhas da espécie e genótipo de interesse.
Non-destructive quantification of chlorophylls in leaves by
means of a colorimetric method
Palavras-chave: Brassica oleracea var. acephala, Solanum
tuberosum L., cor da folha, propriedades óticas da folha, absorbância,
refletância.
This work was carried out to evaluate the viability of the use of a
chroma meter as an alternative to the leaf chlorophyll meter for nondestructive quantification of chlorophylls in the leaves. Leaves of kale
(‘Manteiga’) and potato (‘Ágata’) plants, with colors ranging from
yellow-green (chlorotic) to dark green, were individually assessed with
the chlorophyll meter (SPAD-502) and the chroma meter (Minolta
CR-400, at the L, C, and ho color space), and, thereafter, destructively
assessed for total chlorophyll and chlorophylls a and b. The chlorophyll
meter reading and the ho/(LxC) ratio for the chroma meter increased
with the increment of chlorophylls content in the leaves of kale and
potato. The adjusted models between chlorophylls content versus
chlorophyll meter readings and the ho/(LxC) ratio for the chroma meter
had similar R2 in both species. The chroma meter is a viable alternative
for non-destructive assessment of chlorophylls (µg cm-2) in leaves,
especially of chlorophyll a and total chlorophyll. Nevertheless, this
requires the calibration between the ho/(LxC) ratio of the chroma meter
and the chlorophylls extracted from leaves of concerned specie and
genotype.
Keywords: Brassica oleracea var. acephala, Solanum tuberosum
L., leaf color, leaf optical properties, absorbance, reflectance.
(Recebido para publicação em 3 de dezembro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)
(Received in December 3, 2007; accepted in October 31, 2008)
O
conteúdo de clorofilas nas folhas
é influenciado por diversos fatores
bióticos e abióticos, estando diretamente
relacionado com o potencial de atividade fotossintética das plantas (Taiz &
Zeiger, 2002). Portanto, a sua
quantificação é relevante no estudo de
práticas culturais e de manejo visando
aumentar o potencial fotossintético e de
rendimento em espécies vegetais.
O método padrão de determinação
de clorofilas em laboratório (Arnon,
1949), ainda que fácil, apresenta desvantagens, já que resulta na coleta destrutiva
do material vegetal, e é relativamente
demorado (requer tempo necessário para
a extração, via maceração com acetona
ou outro solvente, e posterior leitura em
espectrofotômetro). Com o advento de
medidores portáteis, que utilizam prinHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
cípios óticos não destrutivos, baseados
na absorbância e/ou refletância da luz
pelas folhas, a determinação de clorofilas tornou-se fácil e rápida, podendo ser
realizada diretamente a campo
(Richardson et al., 2002).
O equipamento Minolta SPAD-502
tem sido utilizado na quantificação de
clorofilas, caracterizando-se pela rapidez, simplicidade e, principalmente, por
possibilitar uma avaliação não
destrutiva do tecido foliar. Para a
quantificação de clorofilas, a folha é
presa entre uma haste flexível e outra
rígida (pressionando-se a haste flexível)
no momento da medição. A haste flexível emite luz, que atravessa o tecido foliar e atinge um receptor (fotodiodo de
silicone) na haste rígida, que converte a
luz transmitida em sinais elétricos
analógicos. Por meio do conversor A/
D, esses sinais são amplificados e convertidos em sinais digitais, sendo usados por um microprocessador para calcular a leitura SPAD (“Soil Plant
Analytical Division Value”). A intensidade de cor verde na folha é detectada
no aparelho através da quantidade de luz
absorvida pela folha, nos comprimento
de onda (λ) de 650 nm (vermelho) e 940
nm (vermelho distante próximo). A luz
absorvida no λ de 650 nm (pelas clorofilas, sem a interferência ocasionada
pelos carotenóides) indica a quantidade
de clorofilas, enquanto a quantidade
absorvida próximo do λ de 940 nm serve como referência interna na compensação da espessura e conteúdo de água
da folha (Swiader & Moore, 2002). A
pequena área do sensor do equipamen471
CVT Amarante et al.
to (2 x 3 mm) permite a sua utilização
para a quantificação de clorofilas até
mesmo em folhas de pequeno tamanho.
Este equipamento tem sido utilizado
com sucesso para diagnosticar o estado
nutricional de diversas espécies
hortícolas, como batata (Gil et al., 2002;
Gianquinto et al., 2003; Uddling et al.,
2007), tomate (Guimarães et al., 1999),
pimentão (Godoy et al., 2003; Madeira
et al., 2003), abóbora (Swiader &
Moore, 2002), melão (Azia & Stewart,
2001), entre outras. Todavia, como o
equipamento fornece uma leitura em
unidades arbitrárias (leitura SPAD de
conteúdo de clorofila, na faixa de 0 a
99,9), recomenda-se que o mesmo seja
calibrado com as extrações de clorofilas da cultura de interesse (Markwell et
al., 1995; Azia & Stewart, 2001).
O colorímetro Minolta CR (séries
100, 200 300 e 400) também pode ser
utilizado para a avaliação não destrutiva
da coloração de tecidos vegetais, como
ocorre em frutos (Amarante et al.,
2007). Este equipamento tem sensibilidade similar a do olho humano, com a
vantagem de produzir a mesma leitura,
independente da condição de iluminação do ambiente, já que utiliza uma fonte
interna de luz e um sistema de compensação de leitura, constituído de dois
sensores internos, um que mede a luz
refletida da superfície do tecido vegetal
e outro sensor que mede a luz da fonte
de iluminação. A fonte de luz do equipamento gera radiação difusa (com diferentes ângulos de incidência), e o
sensor interno recebe a luz refletida verticalmente pela superfície do tecido no
espaço de cores L, C e ho (McGuire,
1992). Este sistema usa o mesmo diagrama do espaço de cores L, a e b, porém com coordenadas cilíndricas ao invés de coordenadas retangulares. Os termos L, C e h o indicam brilho
(‘lightness’), cromaticidade e ângulo
hue, respectivamente. Os valores de ho
apresentam as seguintes correspondências quanto às cores da superfície do
tecido vegetal: 0°/vermelho, 90°/amarelo, 180°/verde e 270°/azul. Portanto,
o valor de ho do equipamento permite
quantificar o teor de clorofilas em folhas (folha verde intensa, com elevado
teor de clorofila, apresentando ho próximo de 180º, e folha clorótica, com bai-
472
xo teor de clorofila, apresentando ho próximos de 90º). Em adição ao ho, os valores de L permitem detectar tonalidades de verde (valores baixos
correspondem a coloração verde escura
e valores altos a coloração verde clara),
enquanto os valores de C identificam a
pureza da cor (valores altos indicam
maior desvio a partir do ponto correspondente ao cinza, de menor C). Todavia, este equipamento nunca foi avaliado quanto à viabilidade de utilização na
quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas, através da medição dos
atributos de cor L, C e ho.
Este trabalho foi conduzido visando
avaliar a viabilidade de utilização de um
colorímetro, como alternativa à utilização do medidor de clorofila, para a
quantificação não destrutiva dos teores
de clorofilas em folhas de couve e batata.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas 20 folhas de couve
‘Manteiga’ (Brassica oleracea L. var.
acephala) e 16 folhas de batata ‘Ágata’
(Solanum tuberosum L.), cujas tonalidades variavam de verde amarelado (folha clorótica) a verde escuro. Em ambas
espécies, as folhas foram coletadas cerca de 70 dias após o plantio (em 09/04/
07 e 10/05/07 para couve e batata, respectivamente), em horta comercial localizada no município de Lages-SC.
Foram utilizadas folhas totalmente expandidas, removidas do terço médio das
plantas, no período entre 8-10 h da manhã (com temperatura de 15-18oC e
umidade relativa de 75-85%), transportando-as para o laboratório com o
pecíolo imerso em água destilada para
evitar a desidratação.
Em seis pontos de cada folha, em
ambas as espécies, foram feitas leituras
utilizando o medidor portátil de clorofila SPAD-502 e o colorímetro CR-400
(ambos da Konica Minolta, Japão),
procedendo-se o cálculo da média das
leituras por folha. O colorímetro CR-400
foi utilizado com ponteira de vidro côncava CR-A33f (abertura de 8 mm) para
a quantificação da cor no espaço de cores L, C e ho (McGuire, 1992), sendo as
folhas colocadas sobre superfície branca (folha de papel branco) para evitar
qualquer interferência da cor desta superfície nas leituras de refletância da
folha.
Em cada folha, nos mesmos pontos
onde foram feitas as leituras de cor com
o SPAD-502 e o colorímetro CR-400,
com o auxílio de um furador de rolha,
foram removidos discos (∅=1,6 cm),
nos quais foram determinados a massa
fresca (com uma balança analítica, com
precisão de 0,0001 g) e a área total (com
um integrador de área foliar LI-COR
modelo LI-3050A). Os discos de cada
folha (seis) foram imediatamente
macerado em acetona a 80%, na presença de CaCO3, em ambiente com fonte
de iluminação artificial verde de baixa
intensidade. Os extratos obtidos foram
filtrados através de papel-filtro rápido e
coletados em balões volumétricos de 25
mL, completando-se o volume ao final
da filtragem. A densidade ótica dos filtrados foi lida em espectrofotômetro
(Carl Zeiss, UV-Vis Spekol, Alemanha) nos λ de 645 e 663 nm, utilizando
cubetas de quartzo. A partir dessas leituras, determinou-se a concentração (mg
cm-3) de clorofilas a, b e totais nas soluções de leitura, por meio de fórmulas
propostas por Arnon (1949):
Clorofila a = 12,7 * A663nm – 2,69 * A645nm
Clorofila b = 22,9 * A645nm – 4,68 * A663nm
Clorofilas totais = 20,2 * A645nm + 8,02 * A663nm
Estes valores foram transformados
para teores de clorofilas a, b e totais nas
folhas, expressos em unidades de área
(µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), segundo sugestão de Richardson et al.
(2002).
Foram feitas análises de regressão
linear e não-linear entre as leituras obtidas com o auxílio dos dois equipamentos e os teores de clorofilas a, b e totais
quantificados nas folhas, através da utilização do programa SAS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de leitura do medidor de
clorofila SPAD-502 apresentaram aumento linear em couve (Figura 1) e
quadrático em batata (Figura 2), com o
incremento nos teores de clorofilas a, b
e totais nas folhas.
Houve uma forte relação entre valores de ho, L e C quantificados com o
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico
Figura 1. Relação entre valores de leitura do medidor de clorofila SPAD-502 (A e B) e ho/(L*C) do colorímetro CR-400 (C e D) versus teores de
clorofilas a, b e totais, em unidades de área (µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), em folhas de couve ‘manteiga’ (relationship between the
chlorophyll meter readings of SPAD-502 (A and B) and the ho/(LxC) ratio of the chroma meter CR-400 (C and D) versus contents of chlorophylls
a and b and total chlorophyll, expressed in units of area (µg cm-2) and flesh matter (µg g-1), in kale leaves, cv. Manteiga). CAV/UDESC, Lages,
SC, 2007.
colorímetro CR-400 e os teores de clorofilas a, b e totais, expressos em unidades de área (µg cm-2 de folha) e de
massa fresca (µg g-1), em folhas de couve ‘manteiga’ e batata ‘Ágata’ (dados
não apresentados). Houve aumento do
ho com o incremento nos teores de clorofilas a, b e totais nas folhas de couve
e batata, segundo um modelo
exponencial, indicando uma mudança
de coloração de amarelo (folha
clorótica) para verde intenso. Os valores de L e C reduziram com o aumento
nos teores de clorofilas a, b e totais nas
folhas de couve e batata, indicando uma
redução no brilho e na cromaticidade.
Com o incremento na coloração verde
houve redução exponencial de L e redução linear de C.
A utilização da relação ho/(LxC) resultou em melhor ajuste de modelos com
os teores de clorofilas a, b e totais nas
folhas em couve (Figura 1) e batata (Figura 2), do que a utilização individual
destes atributos de cor (dados não apresentados). Com o incremento nos teores de clorofilas a, b e totais nas folhas
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
em couve (Figura 1) e batata (Figura 2),
houve um aumento assintótico da relação ho/(LxC).
Apenas em folhas de couve, para os
teores de clorofilas a e b expressos em
unidades de área, os modelos lineares
ajustados para os valores da leitura do
medidor de clorofila SPAD-502 apresentaram maior R2 do que os modelos
assintóticos ajustados para a relação ho/
(LxC) do colorímetro CR-400 (Figura
1). Nos demais casos, para os teores de
clorofilas a, b e totais em unidades de
área e de massa fresca foliar, os modelos ajustados para a leitura do medidor
de clorofila SPAD-502 apresentaram
menores valores de R2 comparativamente aos modelos ajustados para a relação
ho/(LxC) do colorímetro CR-400, em folhas de couve (Figura 1) e batata (Figura 2).
Os modelos ajustados para teores de
clorofilas em unidades de área apresentaram maiores valores de R 2 do que
aqueles ajustados para teores de clorofilas em unidades de massa fresca, referente às clorofilas a, b e totais, para a
leitura do SPAD-502 e a relação ho/
(LxC) do colorímetro CR-400, tanto em
couve (Figura 1) como em batata (Figura 2). Portanto, variação que ocorre
na área foliar específica (cm2 g-1 de massa fresca), influenciada por diferenças
entre folhas na espessura do mesófilo e
conteúdo de água, resulta em maior variabilidade nos valores expressos em
unidades de massa fresca foliar (µg g-1).
Portanto, a expressão dos teores de clorofilas em unidades de área (µg cm-2)
deve ser preferida, quando estimada
através da utilização do medidor de clorofila SPAD-502 e do colorímetro CR400, já que resulta em menor erro.
Os modelos ajustados de leitura do
medidor de clorofila SPAD-502 e da
relação ho/(LxC) do colorímetro CR-400
apresentaram maior R2 para a estimativa dos teores de clorofilas a e totais do
que para a clorofila b, tanto em couve
(Figura 1) como em batata (Figura 2).
Resultados similares foram reportados
por Richardson et al. (2002), trabalhando com o SPAD-502 e índices de
refletância espectral em folhas de bétula
473
CVT Amarante et al.
Figura 2. Relação entre valores de leitura do medidor de clorofila SPAD-502 (A e B) e ho/(L*C) do colorímetro CR-400 (C e D) versus teores de
clorofilas a, b e totais, em unidades de área (µg cm-2) e de massa fresca (µg g-1), em folhas de batata ‘Ágata’ (relationship between the chlorophyll
meter readings of SPAD-502 (A and B) and the ho/(LxC) ratio of the chroma meter CR-400 (C and D) versus contents of chlorophylls a and b and
total chlorophyll, expressed in units of area (µg cm-2) and flesh matter (µg g-1), in potato leaves, cv. Ágata). CAV/UDESC, Lages, SC, 2007.
(Betula papyrifera Marsh.), demonstrando que a utilização de métodos não
destrutivos óticos são melhores para a
estimativa dos teores de clorofilas a e
totais do que de clorofila b.
Neves et al. (2005), trabalhando com
o SPAD-502 em algodoeiro, também observaram maior correlação das leituras do
equipamento com os teores de clorofila a
comparativamente a clorofila b. Segundo
estes autores, isto ocorre tendo em vista
que o pico de absorção na faixa vermelha
do espectro pela clorofila a (663 nm), além
de ser maior que o da clorofila b, está
muito próximo do comprimento de onda
emitido pelo SPAD-502 (650 nm). Com
isso, a maior parte da luz vermelha, emitida pelo aparelho, é absorvida pela clorofila a. Portanto, em estudos que visam à
calibração desse aparelho, para se obter
medidas indiretas de clorofila, devem-se
evitar leituras em folhas sombreadas, pois,
nelas, o teor de clorofila b é proporcionalmente maior do que o de clorofila a, quando comparadas com as folhas em pleno
sol (Taiz & Zeiger, 2002).
474
Tanto para a leitura do medidor de
clorofila SPAD-502 como para a relação ho/(LxC) do colorímetro CR-400,
houve aumento na dispersão dos dados,
em relação aos modelos ajustados, com
o incremento nos valores de teores de
clorofilas a, b e totais, em couve e batata (Figuras 1 e 2). Esta dispersão foi
maior para os valores de teores expressos em unidades de massa fresca foliar,
especialmente de clorofilas a e totais.
Portanto, a expressão quantitativa de
clorofilas em unidades de massa fresca
não só apresenta maior erro em relação
a unidades de área, mas esse erro aumenta com o incremento nos teores de
clorofilas nas folhas em couve e batata.
Como a função das clorofilas é absorver quantas de luz incidente, poderse-ia supor que a medição da quantidade de radiação absorvida pela folha com
o SPAD-502 resultaria em uma melhor
estimativa de clorofilas do que a medição da luz refletida pela superfície da
folha, obtida com o colorímetro CR-400.
Todavia, os resultados obtidos mostram
que o colorímetro CR-400 é tão ou mais
eficiente do que o medidor de clorofila
SPAD-502, para a quantificação de clorofilas em folhas de couve e batata.
O SPAD-502, mesmo com sistema
de compensação (luz absorvida no λ de
940 nm) para alterações na espessura e
conteúdo de água da folha, apresenta
grandes variações de leitura entre espécies de plantas (Richardson et al., 2002)
e entre genótipos de uma mesma espécie (Bullock & Anderson, 1998) cultivados em uma mesma condição de ambiente, devido a diferenças na estrutura
e anatomia foliar. Mesmo um genótipo
pode apresentar grandes variações no
índice SPAD, ocasionadas por diferenças nas condições edafoclimáticas
(Paliwal & Karunaichamy, 1995), no
conteúdo de água (Martínez & Guiamet,
2004), estádio fenológico (Paliwal &
Karunaichamy, 1995) e posição/idade da
folha na planta (Hoel & Solhaug, 1998;
Gil et al., 2002). Até mesmo o nível de
radiação no momento da medição interfere na leitura do SPAD-502. Os
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Quantificação não destrutiva de clorofilas em folhas através de método colorimétrico
cloroplastos mudam sua orientação nas
células em resposta ao nível de radiação incidente. Em baixa radiação os
cloroplastos orientam-se ao longo das
paredes celulares superiores e inferiores, perpendicular ao sentido de incidência da luz, enquanto em alta radiação
eles estão orientados principalmente ao
longo das paredes verticais das células,
paralelamente ao sentido de incidência
da luz (Taiz & Zeiger, 2002). Como conseqüência disso, as leituras do SPAD502 são maiores quando medidas em
condições de baixa luminosidade, como
por exemplo no início da manhã ou ao
fim da tarde, ou em folhas sombreadas
da planta (Hoel & Solhaug, 1998;
Martínez & Guiamet, 2004).
Os resultados obtidos demonstram
que o colorímetro CR-400 apresenta viabilidade técnica na avaliação quantitativa não destrutiva dos teores de clorofilas
a, b e totais em folhas de couve e batata,
em substituição ao SPAD-502, através do
cálculo da relação ho/(LxC). Todavia,
deve-se ressaltar que, à semelhança do
que ocorre com o SPAD-502, devem ser
tomados cuidados quanto à idade/posição da folha, estádio fenológico e condições no ambiente de desenvolvimento da
planta a ser utilizada, procedendo-se a
calibração do colorímetro com as extrações de clorofilas da espécie e genótipo
de interesse. Destaca-se ainda que o
colorímetro
apresenta
maior
confiabilidade quando utilizado para a
quantificação do teor de clorofilas em
unidades de área (µg cm-2), especialmente de clorofilas a e totais.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq, à
FINEP e à CAPES pelo apoio financeiro a este projeto.
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Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo
no Vale do São Francisco
Nivaldo D Costa1; Jairton F Araújo2; Carlos Antonio F Santos1; Geraldo M de Resende1; Maria
Auxiliadora C de Lima1
1
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56302-970 Petrolina-PE; 2UNEB/DTCS; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar a produtividade de cultivares de cebola em cultivo orgânico no Vale do São Francisco, conduziram-se
dois experimentos, de maio a outubro de 2005, nos Campos Experimentais de Bebedouro, Petrolina-PE, e Mandacaru, Juazeiro-BA,
em ARGISSOLO e VERTISSOLO respectivamente. O delineamento
experimental utilizado foi em blocos ao acaso, utilizando-se dezoito
e quatorze cultivares de cebola, respectivamente e quatro repetições.
Em ARGISSOLO a produtividade total de bulbos variou de 13,52 a
39,52 t/ha. A produtividade comercial oscilou de 7,45 a 38,32 t/ha,
sobressaindo-se como mais produtivas as cultivares Brisa IPA-12
(38,32 t/ha) e São Paulo (35,86 t/ha) que não evidenciaram diferenças significativas entre si, assim como as cultivares Botucatu-150
(26,41 t/ha) e Pira Ouro (26,37 t/ha), e menos produtivas as cultivares Conquista (7,45 t/ha) e Crioula Alto Vale (7,81 t/ha). Em
VERTISSOLO a produtividade total de bulbos variou de 6,87 a 24,68
t/ha. Sobressairam-se com produtividade comercial as cultivares
Texas Grano PRR (21,56 t/ha) e IPA-10 (17,50 t/ha), que não diferiram entre si. As cultivares Crioula Alto Vale, CNPH-6348, CNPH6436 e CNPH-6206 não tiveram produção comercial de bulbos.
Evaluation of onion cultivars under organic cultivation in
two soil types in the São Francisco Valley, Brazil
Palavras-chave: Allium cepa, adaptação, competição, sistema de
cultivo, rendimento.
Keywords: Allium cepa, adaptation, competition, planting system, yield.
In this research were evaluated the yield of onion cultivars under
organic growth in the São Francisco Valley. Two field trials were
evaluated, one at the Experimental Farm Station of Embrapa Tropical
Semi-Arid, in Petrolina, in an ultisol type and the other at the
Experimental Farm Station of Mandacaru, in Juazeiro, in a vertisol
type, from February to October of 2005. The experimental design was
of randomized complete blocks, with 18 and 14 cultivars, respectively,
and four replications. In the ultisol, the total yield of bulbs ranged
from 13.52 to 39.52 t/ha. The commercial yield ranged from 7.45 to
38.32 t/ha where the cultivars Brisa (38.32 t/ha) and São Paulo (35.86
t/ha) showed the highest yield without statistical difference; Cultivars
Botucatu-150 (26.41 t/ha) and Pira Ouro (26.37 t/ha) also stood out
with high yield without statistical difference. The cultivars Conquista
(7.45 t/ha) and Crioula Alto Vale (7.81 t/ha) presented the worst
performance. In the vertisol the total yield of bulbs ranged from 6.87
to 24.68 t/ha. The cultivars Texas Grano PRR (21.56 t/ha) and IPA-10
(17.50 t/ha) presented the highest yield, without statistical differences.
The cultivars Crioula Alto Vale, CNPH-6348, CNPH-6436 and CNPH6206 presented no commercial yield.
(Recebido para publicação em 5 de dezembro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)
(Received in December 5, 2007; accepted in October 1, 2008)
N
o Brasil, a cebola ocupa o terceiro
lugar em importância econômica
(Souza & Resende, 2002). Em 2006, a
produtividade média nacional, de acordo com o IBGE (2006), foi de 20,4 t ha-1,
sendo que nos estados de Pernambuco
e Bahia, maiores produtores do Nordeste, a produtividade média foi de 18,9 e
24,8 t ha-1, respectivamente.
A agricultura orgânica é definida
como um sistema de produção que evita ou exclui amplamente o uso de fertilizantes minerais, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos para a produção vegetal e alimentação animal e
compostos sintéticos (Ehers, 1996).
Recentemente a preocupação com o
ambiente e a qualidade de vida tem difundido amplamente as correntes de
agricultura alternativa, dentre elas, a
476
agricultura orgânica. Esse sistema de
produção tem crescido continuamente,
em função de uma demanda cada vez
maior por produtos ecologicamente corretos. O Brasil ocupa a 13ª posição mundial quanto à área destinada à agricultura orgânica certificada, com mais de 275
mil hectares. Dentre os alimentos produzidos, destacam-se as oleráceas destinadas ao mercado interno (Trivellato
& Freitas, 2003).
O sistema orgânico para o cultivo de
cebola ainda não é uma realidade
(Vidigal et al., 2002), mas pode ser
factível desde que se disponha de material orgânico suficiente para fornecer
todos os nutrientes necessários para o
crescimento das plantas, e sobretudo
cultivares que melhor se adaptem a este
sistema de cultivo.
A viabilidade de produção das cultivares Beta Cristal e Diamante em sistema orgânico, para produção de
bulbinhos adequados ao processamento
na forma de conservas, é relatado por
Zabaleta et al. (2007). Assim como
Paula et al. (2003) salientam que a produção de cebola orgânica mostra-se viável na Baixada Fluminense, sobretudo
usando cultivares de verão como IAC
Solaris, Roxa Franciscana IPA-10, Alfa
Tropical e Vale Ouro IPA-11.
O sistema convencional de produção de cebola proporcionou menor média geral e maior instabilidade da produtividade, ou seja, propiciou condições
mais instáveis para as cultivares. A média das melhores cultivares no sistema
convencional (50,99 t/ha) foi maior que
a média das melhores cultivares no sisHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São Francisco
tema orgânico (44,23 t/ha). No entanto,
para todas as características a média das
melhores cultivares do sistema convencional foi maior do que as melhores cultivares no sistema orgânico (Rodrigues
et al., 2006).
Dentre os principais problemas de
degradação ambiental, comprovados por
diversos profissionais da área agronômica, têm-se verificado que no meio
rural o declínio da produtividade está
associado à degradação do solo, erosão
e perda de matéria orgânica, degradação do ambiente pela poluição de águas
e do ar por agrotóxicos altamente nocivos à saúde, contaminação de alimentos e queda da qualidade nutricional dos
mesmos (Souza, 1998). No Vale do São
Francisco, por ser uma região semi-árida, a deficiência de matéria orgânica é
uma característica inerente a seus solos,
que limita a produtividade das culturas.
Com a exploração intensiva pelos cultivos contínuos e uso da irrigação, a utilização de fertilizantes orgânicos tornase uma prática indispensável para evitar a degradação dos solos a médio e
longo prazo, o que promoverá maior
sustentabilidade ambiental da produção
e, sobretudo, alimentos saudáveis com
qualidade e ecologicamente corretos.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento produtivo de cultivares de cebola em dois tipos de solos em sistema orgânico de
cultivo.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram conduzidos dois experimentos distintos, de maio a outubro de 2005.
O experimento realizado no Campo
Experimental de Bebedouro, PetrolinaPE foi instalado no solo classificado
(Embrapa, 1999) como: ARGISSOLO
VERMELHO-AMARELO Eutrófico
Plantíco A moderado textura Arenosa
fase Caatinga Híperxerófila relevo plano, com horizonte A: 830 g/kg de areia,
100 g/kg de silte, 70 g/kg de argila, apresentando os resultados da sua análise
química: pH (H2O) = 6,2; Ca = 2,2 cmolc
dm-3; Mg = 0,9 cmolc dm-3; Na = 0,18
cmolc dm-3; K = 0,55 cmolc dm-3; Al =
0,05 cmolc dm-3; P(Mehlich) = 9,0 mg
dm-3 e M.O. = 8,68 g kg-1. O outro experimento foi realizado no Campo ExpeHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
rimental de Mandacaru, Juazeiro-BA,
em VERTISSOLO HÁPLICO Órtico
típico com horizonte A: 373 g/kg de
areia, 149 g/kg de silte, 478 g/kg de argila, apresentando os resultados da sua
análise química: pH (H2O) = 7,6; Ca =
18,8 cmolc dm-3; Mg = 3,1 cmolc dm-3;
Na = 0,10 cmolc dm-3; K = 0,60 cmolc
dm-3; Al = 0,00 cmolc dm-3; P(Mehlich)
= 7,0 mg dm-3 e M.O. = 20,27 g kg-1. O
delineamento experimental utilizado foi
em blocos ao acaso com 18 cultivares
de cebola em Petrolina e 14 em Juazeiro,
respectivamente, com quatro repetições.
Em Petrolina, as cultivares foram: IPA4, IPA-10, IPA-11, Brisa, Alfa São Francisco, Alfa Tropical, Crioula Alto Vale,
São Paulo, Conquista, Régia, Pira Ouro,
Serrana, Botucatu-150, Superprecoce
(EPAGRI-363), CNPH-6436, CNPH6348, CNPH-6206 e Texas Grano-502
PRR; em Juazeiro foram: IPA-10, IPA11, Brisa, Alfa Tropical, Crioula Alto
Vale, Conquista, Régia, Pira Ouro,
Botucatu-150, EPAGRI-363, CNPH6436, CNPH-6348, CNPH-6206 e Texas
Grano-502 PRR. O trabalho teve inicio
em 23/02/05, com a produção de 200 L
de biofertilizante foliar “supermagro
adaptado” com a composição: esterco
caprino fresco (100 kg), fosfato
bicálcico (500 g), molibdato de sódio
(100 g), enxofre ventilado (300g), sulfato de zinco (2,0 kg), sulfato de
magnésio (1,0 kg), sulfato de cobalto (50
g), sulfato de ferro (300 g), sulfato de
manganês (300 g), sulfato de cobre (300
g), cloreto de cálcio (2,0 kg), acido
bórico (1,0 kg), fosfato natural (2,4 kg),
cinza (1,2 kg), leite de vaca (26 L), açúcar mascavo (13 kg) e água não clorada
(200 L), o qual foi deixado por um período de 60 dias para fermentação antes
de iniciar sua aplicação. A semeadura
das cultivares foi realizada em 23/05/
05, em canteiros, utilizando 10 g de sementes de cada genótipo por m², espaçadas em linhas transversais de 0,10 m,
sendo a adubação composta por 60 g/
m2 de torta de mamona, incorporado ao
solo antes da semeadura, e em cobertura aos 15 dias após, além de 60 g/m2 de
torta de mamona.
No ARGISSOLO o preparo do solo
(virgem) teve inicio em 28/03/05, com
o plantio de um coquetel de leguminosas
(mucuna preta, guandu e Crotalaria
Juncea), sendo as mesmas ceifadas no
início da floração em 27/05/05, e em 27/
06/05, procedeu-se uma aração a 30 cm
de profundidade para incorporação das
leguminosas ao solo, seguida de
gradagem. A produção de massa verde
incorporada foi estimada em 4,8 kg/m2,
sendo que em massa seca obteve-se 1,55
kg/m2. No VERTISSOLO o preparo do
solo com quatro anos em pousio, teve
inicio em maio de 2005, com uma aração
a 30 cm de profundidade, seguida de
gradagem.
No ARGISSOLO, a adubação de
plantio constou de 45 kg/ha de N, usando como fonte a torta de mamona + esterco de curral curtido, 90 kg/ha de P2O5,
empregando como fonte o fosfato natural, e 45 kg/ha de K2O usando como fonte o Sul-Po-Mag. No VERTISSOLO, a
adubação de plantio constou de 45 kg/
ha de N, tendo como fonte a torta de
mamona, 45 kg/ha de P2O5 tendo como
fonte o fosfato natural, 45 kg/ha de K2O,
tendo como fonte o Sul-Po-Mag. Em
coberturas foram aplicados 90 kg/ha de
N tendo como fonte a torta de mamona,
sendo o biofertilizante foliar aplicado na
dose de 25 ml/L semanalmente até 30
dias antes da colheita.
O transplantio das mudas foi realizado em 06/07/05 aos 42 dias após a
semeadura (23/05/2005), sendo que o
preparo do solo constou de uma
gradagem, seguida de levantamento dos
canteiros a 0,10 m de altura. Utilizouse o espaçamento de 0,20 entre fileiras
e 0,15 m entre plantas com parcelas de
4,8 m2 (4,0 x 1,2 m), com 6 fileiras por
canteiro. As irrigações foram feitas através de microaspersão e os tratos
fitossanitários realizados com produtos
orgânicos foram aplicados semanalmente até vinte dias antes da colheita com
Vetor 1.000 (aminoácidos de peixe) (1
ml/L); calda bordaleza (3 ml/L), calda
sulfocálcica (10 ml/L) alternadas, EM4 no solo (25 ml/L) por ocasião do
transplantio, sendo as doses de acordo
com a recomendação dos fabricantes e
urina de vaca (10 ml/L) (PESAGRO,
2001), e volume de calda por hectare em
torno de 300 L/ha.
A colheita foi realizada aos 97 dias
após o transplantio e os bulbos permaneceram no campo por um período de
cura de quatro dias ao sol. Após a cura
procedeu-se a avaliação da produtivida477
ND Costa et al.
Tabela 1. Produtividade total, comercial e refugo de cultivares de cebola em sistema orgânico de produção, em ARGISSOLO. Campo Experimental de Bebedouro (total, commercial
yield and refuse of onion cvs. cultivated in an organic system, in a ultisol). Petrolina, Embrapa
Semi-Árido, 2005.
de total, comercial e refugo (bulbos com
diâmetro inferior a 35 mm) de bulbos.
Os dados coletados foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de
5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade; Refugo: bulbos com diâmetro inferior a 35 mm (means followed by the same
letter did not differ from each other in the Tukey test, 5%; Refuse: bulbs with a diameter
minor than 35 mm).
Tabela 2. Produtividade total, comercial e refugo de cultivares de cebola em sistema orgânico em VERTISSOLO (total, commercial yield and refuse of onion cvs. cultivated in an
organic system, in a vertisol). Juazeiro, Embrapa Semi-Árido, 2005.
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si, pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade; Refugo: bulbos com diâmetro inferior a 35 mm (means followed by the same
letter did not differ from each other in the Tukey test, 5%; Refuse: bulbs with a diameter
minor than 35 mm).
478
Nas condições de ARGISSOLO a
produtividade total de bulbos (Tabela 1)
variou de 13,52 a 39,52 t/ha destacandose as cultivares São Paulo (39,52 t/ha) e
Brisa IPA-12 (39,43 t/ha), que não mostraram diferenças entre si. O pior desempenho foi observado para as cultivares
Conquista (13,52 t/ha), Crioula Alto Vale
(13,84 t/ha), CNPH-6206 (1876 t/ha),
EPAGRI-363 (17,01 t/ha), IPA-4 (2126
t/ha) e CNPH-6436 (21,84 t/ha).
Em VERTISSOLO a produtividade
total de bulbos variou de 6,87 a 24,68 t/
ha destacando-se as cultivares Texas
Grano PRR (24,68 t/ha) e Régia (20,33),
que não mostraram diferenças entre si.
O pior desempenho foi para as cultivares Crioula Alto Vale (6,87 t/ha), CNPH6348 (7,18 t/ha), CNPH-6436 (7,50 t/
ha), CNPH-6206 (8,12 t/ha), EPAGRI363 (9,97 t/ha) e Conquista (9,58 t/ha)
(Tabela 2). Pereira et al. (2002) avaliando a cultivar CNPH-6400, observaram
produtividade total de 22,1 t/ha, utilizando 20 t/ha de esterco de curral em
trabalho conduzido em InconfidentesMG, de junho a outubro de 2001. Já
Rodrigues et al. (2006), em Viçosa- MG,
com plantio no período de abril a dezembro de 2003, obtiveram produtividades oscilando 6,03 a 50,52 t/ha em
cultivo orgânico.
A produtividade comercial (Tabela 1)
oscilou entre 7,45 e 38,32 t/ha, sobressaindo-se as cultivares Brisa IPA-12
(38,32 t/ha) e São Paulo (35,86 t/ha), que
não mostraram diferenças significativas
entre si, essa última não diferindo das
cultivares Botucatu-150 (26,41 t/ha) e
Pira Ouro (26,37 t/ha). As cultivares
Conquista (7,45 t/ha) e Crioula Alto Vale
(7,81 t/ha) apresentaram-se como as
menos produtivas. Paula et al. (2003)
obtiveram produtividades comerciais
em cultivo orgânico variando de 0,0 a
65,5 t/ha, de acordo com a época de
plantio e cultivar, enquanto Gonçalves
et al. (2004), avaliando substâncias alHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Desempenho de cultivares de cebola em cultivo orgânico e tipos de solo no Vale do São Francisco
ternativas no manejo de tripes (Thrips
tabaci Lind.), em cebola, Cv. Crioula,
no sistema orgânico obtiveram produtividades variando de 7,1 a 22,4 t/ha.
A produtividade comercial no
VERTISSOLO (Tabela 2) oscilou de
0,00 a 21,56 t/ha, sobressaindo-se as
cultivares Texas Grano PRR (21,56 t/
ha) e IPA-10 (17,50 t/ha) que não evidenciaram diferenças significativas entre si, essa última não diferindo das cultivares Régia (16,66 t/ha), Botucatu-150
(15,41 t/ha) e Brisa (14,16 t/ha). As cultivares Crioula Alto Vale, CNPH-6348,
CNPH-6436, e CNPH-6206 não apresentaram produtividade comercial. Inferiu-se destes resultados que a ausência e/ou o pequeno índice de bulbos comerciais obtidos por essas cultivares
devem-se provavelmente à menor adaptação
dessas
às
condições
edafoclimáticas regionais. Segundo
Melo et al. (1988) e Mascarenhas
(1980), quando as condições climáticas
não satisfazem as exigências da cultivar, especialmente o comprimento do
dia (fotoperíodo) poderá ocorrer a não
formação de bulbos, proporcionando um
elevado índice de plantas improdutivas
(charutos); emissão de pendão floral e
formação de bulbos pequenos
(Galmarini, 1997), o que se observa pela
maior produtividade de refugo apresentado por essas cultivares. Outro fato relevante é que a cebola se desenvolve
melhor em solos de textura média, com
boa produção também em solos arenosos, leves (ARGISSOLO) que favoreçam o desenvolvimento do bulbo. Solos argilosos, pesados (VERTISSOLO),
são desvantajosos (Filgueira, 2008), dificultam a formação de bulbos, além de
deformá-los, aumentando o número de
“charutos” (Fontes, 1980).
Estes resultados de forma geral são
até surpreendentes em termos de boa
produtividade obtida, mesmo sob condições experimentais, sobretudo para o
ARGISSOLO, levando-se em consideração que a produtividade média da cebola nordestina cultivada convencionalmente nos Estados de Pernambuco e
Bahia situam-se em 18,9 e 24,8 t/ha,
respectivamente (IBGE, 2006).
Com relação à produção de refugo
as cultivares IPA-10 (8,21 t/ha), CNPH6206 (7,85 t/ha), CNPH-6436 (6,96 t/
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
ha), Alfa Tropical (6,49 t/ha), Conquista (6,07 t/ha) e Crioula Alto Vale (6,07
t/ha) apresentaram as maiores produtividades de bulbos refugados no
ARGISSOLO (Tabela 1). Já em
VERTISSOLO as cultivares Alfa Tropical (6,56 t/ha), Crioula Alto Vale (6,87
t/ha), CNPH-6348 (7,18 t/ha), CNPH6436 (7,50 t/ha) e CNPH-6206 (8,12 t/
ha) apresentaram as maiores produtividades de bulbos refugados.
Apesar de se obter boas produtividades, cabe salientar a elevada ocorrência de tripes ou piolho (Thrips tabaci
Lind.) verificada nos ensaios, como o
principal problema a ser enfrentado para
a produção orgânica da cultura no Vale
do São Francisco. Esta importância é
explicitada em trabalho de Loges et al.
(2004a) que relatam a surpreendente
produtividade apresentada pelas progênies da cultivar ValeOuro IPA-11, pois
não se esperava que na região do
Submédio São Francisco, devido à elevada população de tripes, fosse possível cultivar cebola sem a aplicação de
defensivos. As progênies de ValeOuro
IPA-11 que apresentaram produção acima da média, apesar das altas
infestações de tripes, indicaram que nível de tolerância pode estar ocorrendo,
porém sem descartar outros mecanismos
como não-preferência observada em
outras cultivares de cebola informada
por Loges et al. (2004b). Nesse sentido
pode-se inferir pela ocorrência generalizada de tripes durante a condução dos
ensaios que algumas cultivares devam
apresentar algum tipo de tolerância a
esta praga, uma vez que os produtos
culturais e fitossanitários utilizados visavam obter um equilíbrio nutricional e
controle de doenças, com nenhuma ação
conhecida sobre a praga. Outro detalhe
é com relação à época de plantio (maio,
período seco) quando o aumento
gradativo da temperatura deve ter proporcionado à praga condições ideais de
disseminação e reprodução, tendo em
vista serem favoráveis ao rápido desenvolvimento da praga (Lorini & Dezordi,
1990) e que, segundo Leite et al. (2004),
observaram aumento populacional de
tripes em todas as cultivares a partir de
julho, possivelmente em função das relações entre umidade relativa (UR) e da
temperatura (T) do ar observadas nos
meses de cultivo.
As cultivares Brisa IPA-12, São Paulo, Botucatu-150 e Pira Ouro, com produtividade comercial acima de 26,0 t/
ha em ARGISSOLO e as cultivares
Texas Grano PRR e IPA-10 em
VERTISSOLO, com produtividade acima de 17 t/ha, mostraram-se potencialmente promissoras para cultivo orgânico nas condições do Vale do São Francisco.
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Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância
agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente
Giovani Olegário da Silva; Jairo Vidal Vieira
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo deste trabalho foi estimar os componentes genéticos
e fenotípicos para caracteres em populações de cenoura, no intento
de orientar estratégias de seleção. Os experimentos foram conduzidos em Lapão (BA) e Embrapa Hortaliças Brasília (DF) no verão de
2004. Foram avaliadas nove populações híbridas de cenoura, utilizando-se delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições
de cada tratamento de 2 m2. Aos 90 dias após o plantio, 15 plantas
competitivas por parcela foram colhidas e avaliadas individualmente para os caracteres rendimento de raiz, comprimento de raiz, comprimento do ombro verde, tipo de ponta, tipo de ombro, diâmetro da
raiz, diâmetro do xilema da raiz, relação diâmetro do xilema/diâmetro da raiz, e cor a* (cor de cor determinado por colorimetria, variando de verde a vermelho) para o xilema e floema. Os dados foram submetidos à análise de variância e foram estimadas a
herdabilidade no sentido amplo na média das parcelas pelo quadrado médio e a correlação entre os caracteres. De acordo com as estimativas de herdabilidade, para os caracteres diâmetro de xilema (0,92
e 0,87), cor a* do xilema (0,96 e 0,95) e relação entre diâmetro de
xilema e diâmetro de raiz (0,87 e 0,91), pode-se aplicar forte pressão de seleção nos dois locais de avaliação. O maior rendimento de
raiz foi associado a maiores diâmetros de raiz e de xilema, bem como
por maiores valores da relação entre diâmetro de xilema e de raiz.
Raízes mais grossas são associadas a menor a* (quantidade de
β-caroteno), principalmente em relação à parte da raiz que é constituída pelo xilema. Pelos valores de correlação, há indicação de que
a seleção para maior teor de carotenóides não pode ser efetuada sem
considerar os caracteres de diâmetro de raiz, que são importantes
componentes do rendimento.
Genotypic and phenotypic parameters for economically
important traits of carrot
Palavras-chave: Daucus carota L., herdabilidade, β-caroteno.
The objective of this work was to estimate the genotypic and
phenotypic parameters for traits of carrot populations among
characters in carrot populations, in order to guide the choice of
selection strategies. The experiments were performed at two locations
(Lapão, Bahia State and Brasília, Brazil) in the summer of 2004.
Nine carrot hybrid populations were evaluated in randomized
complete block design with 4 replications and 2 m2 treatments. 90
days after sowing, 15 competitive plants per plot were harvested
and evaluated individually for the characters yield, root length, green
shoulder length, tip type, shoulder type, root diameter, xylem root
diameter, relationship among xylem diameter/root diameter, and both
xylem and phloem a* color (color parameter determined by
colorimetry, varying from green to red). The data were submitted to
variance analyses and the heritability in the wide sense of plot average
was estimated by medium square and the correlation among the
characters. According to the heritability values, for the characters
xylem diameter (0.92 and 0.87), color of a* xylem (0.96 and 0.95)
and ratio among xylem diameter and root diameter (0.87 and 0.91),
strong selection pressure can be applied in the two evaluation places.
Larger root yield was associated with larger root diameter and larger
xylem diameter, as well as by larger values of the ratio among xylem
diameter and root diameter. Thicker roots are associated with smaller
a* (content of β-carotene), mainly in relation to the part constituted
by the xylem. Therefore, through the correlation values, there exist
an indication that selection for larger carotene content cannot be
carried out without considering the characters of root diameter, which
are important yield components.
Keywords: Daucus carota L., heritability, β-carotene.
(Recebido para publicação em 12 de março de 2008; aceito em 1 de outubro de 2008)
(Received in March 12, 2008; accepted in October 31, 2008)
D
entre as estratégias de melhoramento genético empregadas na
cultura da cenoura visando ao desenvolvimento de novas cultivares, destacase o método de seleção recorrente baseado no desempenho de populações de
meios-irmãos. Assim, um aumento na eficiência do processo de melhoramento genético depende sobremaneira da obtenção
de estimativas confiáveis dos componentes genéticos relacionados aos caracteres
de interesse. O emprego do método de
melhoramento de seleção recorrente, com
base no desempenho de famílias de meiosirmãos, tem propiciado avanços signifiHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
cativos na constituição de novas populações de cenoura, adaptadas às condições
edafoclimáticas brasileiras. Entretanto,
pouca informação tem sido registrada sobre os detalhes metodológicos aplicados
durante o processo de desenvolvimento
dessas cultivares.
Neste aspecto, o conhecimento da
magnitude das estimativas de
herdabilidade e correlações entre os diversos caracteres sob seleção é essencial para permitir o estabelecimento de
um conjunto de estratégias e métodos
de melhoramento genético mais efetivos (Alves et al. 2004).
A existência de correlação entre
caracteres indica que a seleção praticada em determinado caráter, pode ocasionar alterações em outros, cujo sentido
pode ou não ser de interesse para o melhoramento. A partir desse conhecimento pode-se construir uma estratégia de
seleção visando determinado caráter de
interesse, com base em outros caracteres
altamente correlacionados ao primeiro,
desde que apresentem maiores
herdabilidades e sejam de mais fácil
medição ou identificação (Cruz et al.
2004; Silva et al. 2006). A herdabilidade
é uma medida do grau em que o fenótipo
481
GO Silva & JV Vieira
Tabela 1. Análise de variância para caracteres de cenoura em nove populações, cultivadas em Lapão, BA. (variance analysis for carrot
characters in nine populations, cultivated in Lapão). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007.
*Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. LS: limite superior por intervalo de confiança; LI: limite inferior por intervalo de
confiança. (*significant to 5% of error probability by F test. LS: Upper limit for confidence interval; LI: Lower limit for confidence
interval); REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO:
tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR:
relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type,
TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/
DR: relation among xylem diameter and root diameter).
é influenciado geneticamente e, portanto,
o grau em que ele pode ser modificado por
seleção fenotípica (Carvalho et al., 2001).
Assim, maiores coeficientes de
herdabilidade proporcionam maiores progressos genéticos com a seleção (Eberhart,
1970).
Vários são os caracteres avaliados nos
programas de melhoramento de cenoura
para o desenvolvimento de novas cultivares. Dentre estes aqueles relacionados com
o rendimento e aparência das raízes são
muito importantes. Além disso, grande
atenção é dada ao teor de β-caroteno, devido à sua influência na saúde humana, por
ser precursor da vitamina A. Michalik et
al. (1985) mostraram a associação entre a
pigmentação mais intensa das raízes, especialmente de sua parte interna, com maior
conteúdo de caroteno. Da mesma forma,
estudos recentes realizados por Pereira &
Nascimento (2002) demonstraram que o
uso de medidas de cor do sistema Hunter
e do sistema CIELAB podem substituir
os
métodos
laboratoriais
espectrofotométricos e cromatográficos,
que são utilizados para a determinação de
carotenóides em cenoura.
O objetivo deste trabalho foi estimar a
herdabilidade e a correlação entre caracteres
em populações de cenoura, de modo a orientar a escolha de estratégias de seleção.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos
em dois locais Lapão (BA), com latitu482
de de 11° 23' 00'’, longitude de 41° 49'
55'’, altitude de 775 m; e Embrapa Hortaliças, Brasília (DF), com latitude de
15° 46' 47'’, longitude de 47° 55' 47'’, e
altitude de 1171 m. Foram avaliadas
nove populações híbridas de cenoura
obtidas por seleção recorrente entre e
dentro de famílias de meios-irmãos, em
cultivos anteriores de populações de
polinização aberta, selecionadas desde
1981, a partir da cultivar Brasília. As
progênies foram cultivadas no verão de
2004, utilizando-se delineamento em
blocos ao acaso com quatro repetições
(blocos), sendo cada parcela constituída por 2 m2, com 6 fileiras. Os tratos
culturais foram os usuais para a cultura.
Por ocasião da colheita, 15 plantas
competitivas, por parcela, foram
coletadas aleatoriamente e avaliadas individualmente para os caracteres rendimento de raiz (g), comprimento de raiz
(mm), comprimento do ombro verde
(mm), tipo de ponta (notas: 1= arredondada, 2= levemente afilada, 3= afilada),
tipo de ombro (notas: 1= cônico, 2= arredondado, 3= plano, 4= côncavo), diâmetro da raiz (mm), diâmetro do xilema
da raiz (mm), relação diâmetro do
xilema/diâmetro da raiz; e variável cor
a* para o xilema e floema, variáveis que
em cenoura são utilizados na estimação
da quantidade de β-caroteno presente
nas raízes (Pereira, 2002). A variável a*
(cor de cor que varia de verde a vermelho) foi determinada por colorimetria,
utilizando-se colorímetro Minolta CR
200b com sistema CIE L* a* b*.
Os dados foram submetidos à análise de homogeneidade de variância (teste de Bartllet, e de normalidade de
Lilliefors). Os caracteres tipo de ombro
e tipo de ponta foram transformados por
para atender a pressuposição
de normalidade. Posteriormente foi realizada análise de variância conjunta e
devido à presença de interação populações e local, realizou-se análise de
variância para cada local. Foram estimadas, ainda, a herdabilidade no sentido amplo com base na média de parcelas pelo quadrado médio (Cruz et al.,
2004) e as correlações fenotípica, genética e ambiental entre os caracteres.
Foram estimados os limites inferiores (LI) e superiores (LS) dos intervalos de confiança para a herdabilidade de
acordo com Knapp et al. (1985). Com
os graus de liberdade associados ao
componente da variância genética estimado, dados por Satterthwaite (Barbin,
1993) a 5% de probabilidade.
Todas as operações estatísticas foram realizadas utilizando-se o aplicativo
computacional Genes (Cruz, 2006).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise conjunta de variância para
os dois ambientes de cultivo indicou que
todos os caracteres avaliados foram sig-
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente
Tabela 2. Resumo da análise de variância para caracteres de cenoura em nove populações, cultivadas em Brasília. (variance analysis for
carrot characters in nine populations, cultivated in Brasília). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2007.
*Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F. LS: limite superior por intervalo de confiança; LI: limite superior por intervalo de
confiança. (*significant to 5% of error probability by F test. LS: Upper limit for confidence interval; LI: Lower limit for confidence
interval); REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO:
tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR:
relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type,
TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/
DR: relation among xylem diameter and root diameter).
nificativos em diferenciar as populações
estudadas. A interação de populações e
ambientes também foi significativa para
todos os caracteres, indicando que os
ambientes não influenciaram da mesma
forma a expressão dos caracteres; por
isso, as inferências foram efetuadas para
cada local. A existência de interação
genótipos e locais confirma a importância de realizar atividades de pesquisa
juntamente às regiões produtoras e não
apenas no local onde o programa de
melhoramento está instalado.
De acordo com a análise de variância
para Lapão (Tabela 1), todos os caracteres
apresentaram-se significativos em diferenciar as populações avaliadas. Os coeficientes de variação experimental (CVe),
em geral, foram reduzidos, com exceção
para comprimento do ombro verde
(30,74%), indicando boa precisão experimental para os demais caracteres. As
estimativas de herdabilidade revelaram
valores elevados (acima de 80%) para os
caracteres rendimento, comprimento do
ombro verde, diâmetro de raiz, diâmetro
do xilema, cor de cor a* do xilema e para
a relação entre diâmetro do xilema e do
floema; foram medianos para os
caracteres comprimento de raiz e tipo de
ponta e de ombro; e foi reduzido para o
cor de cor a* do floema. Herdabilidade
alta, no sentido amplo, para rendimento
também foi verificada por Brar & Sukbija
(1980) com valor de 0,88.
Pela análise de variância para
Brasília (Tabela 2), pode-se verificar que
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
os caracteres, rendimento, comprimento do ombro verde e diâmetro de raiz
não foram significativos para possibilitar a diferenciação entre as famílias avaliadas. Comparativamente aos resultados obtidos para Lapão, BA, verificase que os coeficientes de variação experimental foram superiores; também as
médias favorecendo os caracteres foram
inferiores e as estimativas de
herdabilidade foram mais reduzidas, o
que indica que para Brasília, o ambiente teve maior efeito na redução das expressões de alguns caracteres e na precisão dessas estimativas. Um fato que
parece claro é que o ambiente e a qualidade desse ambiente não permitiu boa
discriminação dos genótipos, para boa
parte dos caracteres, o que sugere que
as condições do primeiro são mais propícias à seleção. Ainda assim, valor
muito elevado do coeficiente de variação experimental foi verificado apenas
para o caráter comprimento de ombro
verde, que não teve seu quadrado médio de tratamento significativo provavelmente pelo elevado valor deste
parâmetro.
Dos sete caracteres que foram significativos em diferenciar as populações
para Gama, DF, quatro revelaram estimativas de herdabilidade superiores aos
obtidos para Lapão, quais sejam, comprimento de raiz, tipo de ombro, cor a*
do floema e relação entre diâmetro do
xilema e da raiz. Para os demais
caracteres tipo de ponta, diâmetro do
xilema e cor a* do xilema, as estimativas obtidas para Brasília foram menores do que aquelas obtidas para Lapão.
No entanto, apenas três dos seis
caracteres expressaram herdabilidade
elevada (acima de 80%) para os dois
locais, a saber: diâmetro do xilema, cor
a* do xilema e relação diâmetro do
xilema e da raiz, sendo mais um
indicativo que a variação experimental
foi maior no segundo local de cultivo.
Para rendimento de raiz, que foi significativo na diferenciação das populações, apenas para Lapão as estimativas
de herdabilidade foram de: 0,31 e 0,81
para Brasília e Lapão, respectivamente.
Valores dentro do intervalo de confiança calculado, também foram verificados
por Korla et al. (1980) e Alves et al.
(2004), com estimativas na ordem de
0,64 e 0,57, respectivamente. Da mesma forma, Vieira (1988) observou valor de 0,48 para herdabilidade e grande
influência do ambiente na expressão
deste caráter.
Para os caracteres comprimento de
raiz, diâmetro de raiz e diâmetro de
xilema, as estimativas de herdabilidade
verificados por Alves et al. (2004) foram de 0,42, 0,29, e 0,57, respectivamente. Da mesma forma, McCollum
(1971) considerou estes caracteres como
tendo reduzidas estimativas de
herdabilidade, indicando que maiores
ganhos com a seleção para estes
caracteres podem ser obtidos para os
locais e população estudadas no presente
483
GO Silva & JV Vieira
Tabela 3. Correlações fenotípicas entre caracteres de cenoura medidos em Lapão, BA (diagonal inferior)1, e Gama, DF (diagonal superior)2.
(phenotipic correlations among measured carrot characters in Lapão (inferior diagonal)1, and Brasília (superior diagonal)2. Brasília, Embrapa
Hortaliças, 2007.
*Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste t de Student, para caracteres com QMT significativos pelo teste F da análise de
variância. (*significant to 5% of error probability for the Student t test, for characters with significant QMT for the F test in the variance
analysis). REND: rendimento de raiz, COMP: comprimento de raiz, COVER: comprimento do ombro verde, TIPP: tipo de ponta, TIPOO:
tipo de ombro, DRAIZ: diâmetro de raiz, DXILE: diâmetro de xilema, A* XIL: cor A* do xilema, A* FLO: cor A* do floema, DX/DR:
relação entre diâmetro do xilema e da raiz. (REND: root yield, COMP: root length, COVER: length of the green shoulder, TIPP: tip type,
TIPOO: shoulder type, DRAIZ: root diameter, DXILE: xylem diameter, a* XIL: color a* of the xylem, a* FLO: color a* of the phloem, DX/
DR: relation among xylem diameter and root diameter).
trabalho, em comparação com os autores citados.
No presente trabalho, as estimativas
de herdabilidade para cor a* do
xilema, que é correlacionado ao teor
de β-caroteno, foram elevadas (0,95 e
0,96), demonstrando que a seleção pode
trazer bons ganhos genéticos. Já para cor
a* do floema as estimativas foram mais
reduzidas, com valores de 0,49 e 0,66;
desta forma, menores ganhos seriam
obtidos em â-caroteno por meio da seleção neste caráter para essa parte da
raiz.
A afirmação de que a coloração de
raízes possui herdabilidade alta concorda com Laferriere & Gabelman (1968)
e com Buishand & Gabelman (1979).
No entanto, estimativas pouco mais reduzidas para teor de β-caroteno foram
obtidas por Santos & Simon (2006),
com índices de 0,28 e 0,42; e por Vieira
(1988), para cor de raízes, que registrou
valores de 0,21 e 0,35. Já TrakaMavrona (1996) verificou também, para
cor de raízes, valores de herdabilidade
um pouco superiores (0,49 e 0,86).
Para os caracteres comprimento de
raiz, tipo de ponta, tipo de ombro e cor
a* de floema, as estimativas baixas de
herdabilidade mostram que o ambiente
teve grande influência na expressão dos
caracteres, em comparação com a correspondente contribuição de ordem
484
genética. Dessa forma, a aplicação de
forte pressão de seleção seria inviável.
Já para diâmetro de xilema, cor a* do
xilema e relação entre diâmetro de
xilema e diâmetro de raiz, em ambos
locais, as herdabilidades foram altas,
podendo-se aplicar maior pressão de
seleção.
As correlações genotípicas e
fenotípicas foram semelhantes e as
ambientais mais reduzidas, principalmente para as associações mais fortes,
o que indica que as correlações
fenotípicas foram pouco influenciadas
por efeito ambiental, e que, portanto,
revelam efeitos de associação de ordem
genética. Na diagonal inferior da Tabela 3 estão discriminadas as correlações
fenotípicas para o local Lapão, e na
diagonal superior as correlações
fenotípicas para o local Brasilia. Correlações altas, iguais ou acima de 0,90,
para Lapão, indicam que maior rendimento de raiz é associado com maiores
diâmetros de raiz e de xilema, bem como
por valores maiores da relação entre diâmetro de xilema e de raiz. A indicação
de que maior diâmetro de raiz é associado com maior rendimento, concorda
com Natarajam & Arumagan, (1980) e
com McCollum (1971), que estimaram
correlações de 0,87, bem como com
Alves et al. (2004), que citaram valor
de 0,54.
Neste local, diâmetros do xilema e
da raiz também correlacionaram entre
si e, consequentemente, com a relação
entre diâmetro de xilema e diâmetro da
raiz. Isso indica que, quanto maior o
diâmetro do xilema, maior é o diâmetro
da raiz. Correlações entre rendimento
com diâmetro de xilema (0,51) e entre
diâmetro de xilema e floema (0,35), foram verificadas também por (Alves et
al. 2004). Além disso, correlações de
0,54 obtidas por Alves et al. (2004),
concordam com as estimativas de correlação do presente trabalho, entre comprimento de raiz e rendimento, com valores de 0,40 e 0,60.
A cor a* do xilema teve correlação
de -0,51 com o diâmetro do xilema para
o local Brasília, e também significativa
e com sinal negativo para o primeiro
local (Lapão). Isso ocorreu também para
a* do floema com diâmetro do xilema
para os dois locais, porém com magnitude um pouco mais reduzida, o que indica que raízes mais grossas são associadas com menor quantidade de βcaroteno, principalmente em relação à
parte da raiz que é constituída pelo
xilema. Isto pode ter ocorrido devido aos
carotenóides serem produzidos até certa fase de desenvolvimento das raízes,
enquanto a matéria seca continua sendo
acumulada, no período em que as folhas
produzem fotossíntese, e a acumulação
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Componentes genéticos e fenotípicos para caracteres de importância agronômica em população de cenoura sob seleção recorrente
de massa e volume total serem maiores
nas raízes mais grossas, de forma que
os carotenóides estariam diluídos por
toda a raiz (Pereira, 2002). Estes resultados denotam que a seleção para maior
teor de carotenóides não pode ser efetuada em separado dos caracteres de diâmetro de raiz, que são importantes componentes do rendimento.
As estimativas de correlação ressaltam a importância desse tipo de análise
nos programas de melhoramento, de
forma a indicar estratégias de seleção
para caracteres que são associados. O
mesmo ocorre para as estimativas de
herdabilidade, as quais indicam para
cada caráter em uma condição específica de ambiente, a predominância de variação de ordem genética ou experimental, informando sobre a pressão de seleção que pode ser aplicada.
Dessa forma, pôde-se verificar que
de acordo com as estimativas de
herdabilidade, para os caracteres diâmetro de xilema, a* do xilema e relação
entre diâmetro de xilema e diâmetro de
raiz, pode-se aplicar forte pressão de
seleção para os dois locais de avaliação.
Maior rendimento de raiz demonstrou
ser associado a maiores diâmetros de
raiz e de xilema, bem como por estimativas maiores da relação entre diâmetro
de xilema e de raiz. Ademais, raízes
mais grossas são associadas a menor
intensidade da cor a* (quantidade de βcaroteno), principalmente em relação à
parte da raiz que é constituída pelo
xilema, de forma que a seleção para
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
maior teor de carotenóides não pode ser
efetuada em separado dos caracteres de
diâmetro de raiz, que são importantes
componentes do rendimento.
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pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra. Horticultura Brasileira 26: 486-491.
Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de
sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra
Liliana Andréa dos Santos1; Diedja de A Bandeira1; Juliana P da Silva2; Elineide B da Silveira1; Andréa
Maria A Gomes1; Rosa de LR Mariano2
1
UFRPE-Depto. Biologia/Microbiologia, 52171-030 Recife-PE; 2UFRPE-Depto. Agronomia/Fitossanidade; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Noventa isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris
(Xcc) de brássicas oriundas de sistemas de produção orgânico das
Zonas da Mata e Agreste de Pernambuco foram caracterizados com
base na sensibilidade a antibióticos e sulfato de cobre e atividade de
esterase. A maioria apresentou alta sensibilidade à tetraciclina
(76,6%), eritromicina (63,3%) e estreptomicina (63,3%), resistência à amoxicilina (70%), gentamicina (40,0%) e norfloxacin (45,5%)
e média sensibilidade (44,4%) ou resistência (44,4%) à neomicina.
Cinqüenta e cinco isolados de Xcc foram resistentes ao sulfato de
cobre na concentração de 50 mg/mL e todos foram sensíveis ao produto na concentração de 200 mg/mL. Atividade de esterase foi apresentada por 92,22% dos isolados. A análise Euclidiana por ligação
simples evidenciou variabilidade entre os isolados separando-os em
sete grupos de similaridade. Foi estudada também a reação de 14
cultivares de brássicas à podridão-negra, utilizando o isolado ‘B21’
de Xcc. As cultivares diferiram significativamente entre si em relação ao período de incubação, incidência e severidade final da doença. Os maiores valores de severidade final da doença foram verificados em brócolos ‘Ramoso’, couve-flor ‘Bola de Neve’ e ‘Piracicaba
de Verão’, e repolho ‘Chato de Quintal’. Os híbridos de couve-chinesa ‘AF 70’, ‘AF 72’, ‘AF 69’ e ‘AF 66’ mostraram-se altamente
resistentes à doença, enquanto que brócolos ‘Ramoso’ e ‘Precoce
Piracicaba’, couve-flor ‘Piracicaba de Verão’ e ‘Híbrido Cindy’ e
repolho ‘60 Dias’ foram medianamente resistentes.
Characterization of strains of Xanthomonas campestris pv
campestris from organic farming systems and reaction of brassicas
to black rot
Palavras-chave: Bactéria, variabilidade, resistência varietal, antibióticos, cobre.
Ninety strains of Xanthomonas campestris pv. campestris (Xcc)
from brassicas grown under organic farming systems in the ‘Mata’
and ‘Agreste’ regions of Pernambuco, Brazil, were characterized
based upon sensitivity to antibiotics and copper sulfate, and esterase
activity. Most of the strains showed high sensitivity to tetracycline
(76.6%), erythromycin (63.3%) and streptomycin (63.3%), resistance
to amoxicilin (70%), gentamicin (40.0%) and norfloxacin (45.5%)
and medium sensitivity (44.4%) or resistance (44.4%) to neomycin.
Fifty-five strains of Xcc were resistant to copper sulfate at 50 mg
mL-1 and all of them to 200 mg mL-1; 92.22% of the strains showed
esterase activity. Strains were grouped in seven similarity groups by
the Euclidean analysis–single linkage. The reaction of 14 genotypes
of brassicas to strain ‘B21’ of Xcc was also studied. The genotypes
significantly differed among them in relation to incubation period,
incidence and disease severity. The highest disease severity was
recorded on broccoli ‘Ramoso’, cauliflower ‘Bola de Neve’ and
‘Piracicaba de Verão’, and cabbage ‘Chato de Quintal’, classified as
highly susceptible to black rot. The Chinese cabbage hybrids ‘AF
70’, ‘AF 72’, ‘AF 69’ and ‘AF 66’ were highly resistant to black-rot,
while broccolis ‘Ramoso’ and ‘Piracicaba Precoce’, cauliflower
‘Piracicaba de Verão’ and ‘Híbrido Cindy’ and cabbage ‘60 Dias’
showed intermediate resistance.
Keywords: bacteria, variability, genetic resistance, antibiotics,
copper.
(Recebido para publicação em 12 de março de 2008; aceito em 17 de outubro de 2008)
(Received in March 12, 2008; accepted in October 17, 2008)
O
sistema de produção orgânico temse destacado como uma das atividades que mais se desenvolve em todo o
mundo, ocupando o Brasil a segunda posição na América Latina, com estimativa
de 800.000 ha de área manejada organicamente (Willer & Yusefi, 2005). Em
Pernambuco, na Zona da Mata, organizações não governamentais como SERTA
(Serviço de Tecnologia Alternativa) e Centro Sabiá dão suporte ao desenvolvimento da agricultura familiar, incluindo a produção de hortaliças orgânicas.
Dentre as doenças bacterianas que
afetam as brássicas nesse sistema de produção destaca-se a podridão-negra, causada por Xanthomonas campestris pv.
486
campestris (Pammel) Dowson (Xcc). Os
sintomas dessa doença podem ser observados em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Geralmente, as folhas
apresentam lesões amarelas em forma de
“V”, com o vértice voltado para o centro, que progridem para a nervura principal, tornando-se necrosadas (Rodrigues
Neto & Malavolta Junior, 1995).
Em 2001, levantamentos em plantios
orgânicos de brócolos (Brassica oleracea
var. italica L.), couve-chinesa (Brassica
pekinnensis L.), couve-flor (Brassica
oleracea var. botrytis L.) e couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala
DC.) no estado de Pernambuco, registraram elevadas prevalências da podridão-
negra, sendo de até 88,9% em couve-flor.
Isto indica a importância da podridãonegra para as culturas de brássicas em
Pernambuco e destaca a adaptabilidade
do patógeno aos ambientes e aos hospedeiros (Peruch et al., 2006).
Apesar do cultivo orgânico de hortaliças estar em franca expansão no Brasil, existe pouco conhecimento sobre
esse sistema, incluindo os aspectos relacionados às doenças de plantas (van
Bruggen, 2001). A expansão da produção orgânica de brássicas não foi acompanhada de estudos sobre a população
de fitopatógenos e da reação de cultivares com resistência a doenças e adaptados a esse sistema.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra
A variabilidade de populações de
patógenos pode estar relacionada à
adaptação a diferentes genótipos do hospedeiro, resposta a fungicidas e antibióticos, habilidade para tolerar substâncias
tóxicas, utilizar substâncias para o crescimento e mudar a virulência em relação às plantas hospedeiras (Casela &
Guimarães, 1996). Alguns estudos têm
constatado variabilidade de isolados de
X. campestris em relação a antibióticos
e produção de esterases (Adhikari &
Basnyat, 1999; Costa et al., 2001;
Quezado-Duval et al., 2003).
A utilização de cultivares resistentes a doenças é uma das alternativas
tecnológicas
com
maior
sustentabilidade e possibilidade de adoção pelos agricultores orgânicos
(Rodrigues et al., 2004). No Brasil, programas de melhoramento em brássicas
visam a obtenção de híbridos e cultivares com maior resistência à podridãonegra, entre outras características (Henz
et al., 1987). No entanto, as pesquisas
estão voltadas principalmente para o sistema de produção convencional.
Os objetivos deste trabalho foram
caracterizar isolados de Xcc de brássicas
em sistema de produção orgânico nas
Zonas da Mata e Agreste de
Pernambuco, com base na sensibilidade a antibióticos e cobre e atividade de
esterase, e avaliar a reação de cultivares à podridão-negra.
MATERIAL E MÉTODOS
Obtenção de isolados de
Xanthomonas
campestris
pv.
campestris - Os isolados de Xcc foram
obtidos a partir de folhas de brássicas
(brócolos, couve, couve-chinesa, couveflor e repolho) com sintomas de podridão-negra, coletadas em 15 áreas de
plantio em sistema de produção orgânico nas Zonas da Mata (município de
Glória de Goitá) e Agreste de
Pernambuco (municípios de Gravatá,
Chã Grande, Garanhuns). Das 15 áreas,
13 (86,7%) caracterizavam-se como
áreas de cultivo familiar com pouca diversidade de hortaliças e produção destinada a cooperativas, e apenas duas tinham mais de 2 ha, com produção vinculada a grandes supermercados. A
maior parte das propriedades (80%) siHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
tuava-se no Agreste de Pernambuco. Os
cultivos orgânicos atendiam às exigências da Instrução Normativa nº 007, de
19/05/1999, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), que dispõe sobre a produção
de produtos orgânicos vegetais e animais.
Para confirmar a identidade dos isolados foram realizados os seguintes testes
diagnósticos:
reação
de
hipersensibilidade em folhas de fumo,
reação de Gram, crescimento
anaeróbico, produção de pigmento fluorescente em meio King B (KMB), colônias amarelas e mucóides em meio extrato de levedura-dextrose-carbonato de
cálcio (YDC), produção de urease, crescimento a 33ºC em YDC, hidrólise do
amido, produção de ácido a partir de
arabinose e teste de patogenicidade em
plantas de repolho (Schaad et al., 2001).
Sensibilidade de isolados de
Xanthomonas
campestris
pv.
campestris a antibióticos - A sensibilidade de 90 isolados de Xcc a antibióticos foi determinada por antibiograma
pelo método de difusão em ágar (Romeiro, 2001). Foram utilizados os antibióticos amoxicilina (AX) 10 µg;
eritromicina (EI) 15 µg; estreptomicina
(ET) 10 µg; gentamicina (GN) 10 µg;
neomicina (NO) 30 µg; norfloxacin
(NOR) 10 µg e tetraciclina (TT) 30 µg.
As placas foram mantidas em incubadora tipo BOD a 28oC por 24h, e avaliadas pela medição do halo de inibição das
colônias, quando presente, em dois sentidos diametralmente opostos. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições,
sendo a unidade experimental constituída por um disco de antibiótico.
Adicionalmente, os isolados foram
classificados em três grupos, de acordo
com as reações de resistência
(halo≤14mm), média sensibilidade
(14mm<halo<20mm) e alta sensibilidade (halo≥20mm), estabelecidas conforme valores médios dos halos de inibição referentes a cada antibiótico (Acar
& Goldstein, 1986).
Sensibilidade de isolados de
Xanthomonas
campestris
pv.
campestris ao cobre – Alíquotas de 5
µl das suspensões (108 UFC mL-1) foram depositadas sobre o meio AN
suplementado com sulfato de cobre
(CuSO4.5H2O), nas concentrações de
200 µg/ml-1 e de 50 µg/ml-1, sendo o sal
diluído em água destilada por agitação
durante 20 minutos e adicionado ao
meio antes de sua autoclavagem
(Quezado-Duval et al., 2003). A viabilidade
dos
isolados
foi
concomitantemente avaliada em meio
AN não-suplementado com o agente
químico. Todas as placas foram incubadas em BOD por 96 h a 28ºC. Na avaliação, foram considerados como resistentes isolados que apresentaram crescimento confluente. O percentual das
populações referente a isolados resistentes foi calculado para cada concentração. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado com 91 tratamentos e quatro repetições, sendo a unidade experimental constituída pelo ponto de crescimento da colônia.
Atividade de esterase de isolados
de Xanthomonas campestris pv.
campestris - Os isolados foram cultivados em meio 523 de Kado durante 36 h
e repicados para quatro pontos
eqüidistantes de uma placa de Petri contendo meio ágar-Tween 80 (Mariano et
al., 2005). As placas foram mantidas em
câmara de crescimento a 28ºC por 48 h,
e avaliadas pela medição do halo de
degradação do Tween 80, quando presente, em dois sentidos diametralmente
opostos. O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado, com três
repetições, sendo a unidade experimental constituída por uma placa com quatro colônias bacterianas.
Reação de cultivares de brássicas
à podridão-negra - Quatorze cultivares comerciais de brássicas (Tabela 1),
sendo três de brócolos, um de couvemanteiga, quatro de couve-chinesa, quatro de couve-flor e dois de repolho, foram avaliados em relação ao isolado
‘B21’ de Xcc. Esse isolado foi obtido
de planta de brócolos em sistema de produção orgânico, sendo selecionado com
base na análise preliminar da variabilidade da população do patógeno (representante do grupo de similaridade com
maior número de isolados) e maior severidade a plantas de repolho no teste
de patogenicidade.
Plantas de brássicas com 30 dias, cultivadas em copos de plástico de 500 mL con487
LA Santos et al.
Figura 1. Reação de 90 isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris a antibióticos:
AX= amoxicilina; EI= eritromicina; ET= estreptomicina; GN= gentamicina; NO= neomicina;
NOR= norfloxacina, TT= tetraciclina (reaction of 90 isolates from Xanthomonas campestris
pv. campestris to the antibiotics: AX= amoxicilin; EI= eritromicin; ET= estreptomicin; GN=
gentamicin; NO= neomicin; NOR= norfloxacin and TT= tetraciclin). Recife, UFRPE, 2007.
Tabela 1. Reação de cultivares de brássicas à podridão-negra, inoculados com o isolado
‘B21’ de Xanthomonas campestris pv. campestris em condições de casa de vegetação e
avaliados 10 dias após a inoculação (reaction of brassica cvs. to the black rot, innoculated
with the ‘B21" isolate of Xanthomonas campestris pv. Campestris under greenhouse
conditions, evaluated 10 days after innoculation). Recife, UFRPE, 2007.
As plantas foram avaliadas diariamente, até 10 dias após a inoculação,
determinando-se os componentes
epidemiológicos: período de incubação
(PI) (número de dias entre a inoculação
e o surgimento dos sintomas); incidência (INC) (porcentagem de plantas com
sintomas da doença em relação ao total
de plantas avaliadas); e severidade final
(SEVF) (estimadas com o auxílio de escala diagramática com níveis de severidade de 1; 2; 4; 8; 16 e 32% de área foliar infectada (adaptado de Azevedo et
al., 2000)). O valor da SEVF foi utilizado para agrupar as cultivares em quatro
classes: 0,1-2,0%= altamente resistente
(AR); 2,1-8,0%= medianamente resistente (MR); 8,1-16,0%= suscetível (SU);
>16,1%= altamente suscetível (AS).
Os dados de sensibilidade a antibióticos e ao cobre e da atividade de esterase
foram submetidos à análise de correlação de Pearson (p=0,05) e os isolados de
Xcc agrupados pela análise da distância
Euclidiana por ligações simples.
Os dados de PI, INC e SEVF também foram submetidos à análise de correlação de Pearson (p=0,05) e análise
de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Duncan (p=0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Período de incubação= número de dias entre a inoculação e o surgimento dos sintomas da
doença; 2incidência= porcentagem de plantas com sintomas da doença em relação ao total de
plantas avaliadas; 3severidade final da doença= estimada com o auxílio de escala diagramática
com níveis de severidade de 1, 2, 4, 8, 16 e 32% de área foliar infectada (adaptado de Azevedo
et al., 2000); 4Reação das cultivares= baseada no valor da severidade (0,1-2,0%= altamente
resistente (AR); 2,1-8,0%= medianamente resistente (MR); 8,1-16,0%= suscetível (SU);
>16,1%= altamente suscetível (AS); 5Médias de seis repetições (médias transformadas log (x
+ 1)) (incubação) ou arcseno (x+1) (severidade); Médias seguidas pela mesma letra na vertical, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade;
tendo mistura de solo/substrato (1:1 v/v),
em condições de casa de vegetação, foram
inoculadas por pulverização com suspensões de Xcc contendo 1x108 UFC mL-1. As
plantas foram mantidas em câmara úmida
488
por 24 horas antes e após a inoculação. O
delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, com seis repetições, sendo a
unidade experimental constituída por duas
folhas da planta.
Foram obtidos 90 isolados
bacterianos, sendo 34 de couve (C), 26
de brócolos (B), 17 de repolho (R), 12
de couve-flor (CF) e 1 de couve-chinesa (CC), identificados como Xcc
(Schaad et al., 2001). Constatou-se grande variabilidade na sensibilidade dos
isolados aos antibióticos. Com base na
classificação de Acar & Goldstein
(1986), 20 isolados (B1, B2, B11, B18,
B19, B26, B27, B32, C2, C8, C20, C26,
C27, C35, C39, C40, C42, CF10, CF11
e R13) foram resistentes a todos os antibióticos, apenas dois isolados (C31 e
CF1) apresentaram alta sensibilidade a
todos os antibióticos, enquanto cinco
isolados (CC1, CF2, CF4, CF6 e CF13)
só não apresentaram alta sensibilidade
à amoxicilina. Variabilidade na reação
a esses antibióticos também foi
verificada em relação a 25 isolados de
Xcc de sistema convencional de
brássicas no estado de Pernambuco,
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Caracterização de isolados de Xanthomonas campestris pv campestris de sistemas de produção orgânico e reação de brássicas à podridão-negra
onde apenas um isolado foi resistente a
todos os antibióticos (Costa et al., 2001).
A maioria dos isolados apresentou
alta sensibilidade à tetraciclina (76,6%),
eritromicina (63,3%) e estreptomicina
(63,3%); resistência à amoxicilina
(70%), gentamicina (40,0%) e
norfloxacin (45,5%); e média sensibilidade (44,4%) ou resistência (44,4%) à
neomicina (Figura 1). Em sistema convencional, estudando 25 isolados de Xcc
Costa et al. (2001) verificaram que a
maioria apresentou resistência à
neomicina, resistência ou média sensibilidade à estreptomicina e alta sensibilidade à tetraciclina. Adhikari & Basnyat
(1999), também em sistema de cultivo
convencional, detectaram variabilidade
dessa bactéria a antibióticos, onde a
maioria apresentou sensibilidade à
tetraciclina e resistência à gentamicina
e eritromicina. A alta sensibilidade aos
antibióticos tetraciclina, estreptomicina
e eritromicina apresentada pela maioria
dos isolados, deve-se provavelmente ao
fato de nenhum desses antibióticos ser
utilizado no sistema de produção orgânico. Isto foi devidamente demonstrado por Costa et al. (2001) com relação à
estreptomicina em sistema convencional, no qual os isolados apresentaram
resistência ou média suscetibilidade a
esse antibiótico. No entanto, mesmo sem
a utilização de antibióticos nesse sistema, alguns isolados apresentaram resistência, como no caso da amoxicilina, o
que pode ser explicado pela ocorrência
de resistência natural em bactérias (Romeiro, 2005).
Cinqüenta e cinco isolados foram
resistentes ao sulfato de cobre na concentração de 50 mg/mL, mas todos foram sensíveis ao produto na concentração de 200 mg/mL. Resistência a teores
baixos de cobre, como a detectada no
presente trabalho, foi verificada também
em isolados de Xanthomonas spp. associadas à mancha-bacteriana do tomate
(Quezado-Duval et al., 2003) e pimentão (Aguiar et al., 2000), em sistemas de
produção convencional. A presença de
isolados de Xcc com resistência ao sulfato de cobre foi inesperada, pois esse
produto não é utilizado pelos agricultores no controle da podridão-negra em sistema de produção orgânico, sugerindo
que esses isolados podem ter sua origem
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Figura 2. Agrupamento de 90 isolados de Xanthomonas campestris pv. campestris de diferentes tipos de brássicas, baseado na análise Euclidiana por ligação simples, considerando
sensibilidade a antibióticos e atividade de esterase (Grouping of 90 isolates of Xanthomonas
campestris pv. campestris to brassica species, based on the Euclidian analysis, considering
the sensibility to antibiotics and activity of the
em brássicas produzidas no sistema de
produção convencional. Na maioria das
áreas estudadas, o sistema convencional
precedeu o orgânico, que apresenta plantios sucessivos de brássicas, cujas mudas são produzidas em canteiros.
Dos 90 isolados analisados, 92,22%
apresentaram atividade de esterase, indicando, no entanto, baixa variabilidade. Resultado similar foi obtido por
Costa et al. (2001) em relação a 20 isolados dessa bactéria oriundos de sistema de produção convencional, onde todos apresentaram atividade esterásica.
A ausência de correlação significativa entre as variáveis analisadas no es-
tudo de variabilidade pode indicar que
as características são determinadas por
diferentes grupos de genes e a população seja espontaneamente recombinada.
Embora as informações sobre o
patossistema Xcc-brássicas em sistema
de manejo orgânico ainda sejam escassas, há existência de diversidade genética na população em estudo. Os dois
tipos de diversidade genética que contribuem para a estrutura genética são as
diversidades gênica e genotípica. A diversidade genotípica está relacionada
com o número e a freqüência dos
genótipos multilocus ou indivíduos geneticamente distintos em uma popula489
LA Santos et al.
ção, enquanto que a diversidade gênica
se refere ao número e freqüência de
alelos em locos individuais numa população. Nos patógenos com reprodução
assexual, como no caso em estudo, medidas de diversidade genotípicas são
mais significantes do que medidas de
diversidade gênica, porque a maioria da
diversidade genética é distribuída entre
linhagens clonais (McDonald & Linde,
2002).
A análise Euclidiana por ligação
simples, utilizando os dados de sensibilidade a antibióticos e cobre e atividade
de esterase, permitiu a distinção de sete
grupos de similaridade de Xcc considerando a distância de ligação 20 (Figura
2). Os isolados B19, C3, R10, B9 e R8
constituíram cinco grupos de similaridade distintos. Os isolados B1, B18, B8,
C39, C42, C40, C11, C2, C26, B27, C6,
C35, R13, B32, B26, C27, B2, CF10,
C20 e B11 formaram outro grupo de similaridade e os demais isolados (59)
formaram um únicogrupo, confirmando a existência de alta variabilidade entre os isolados oriundos de sistema de
produção orgânico. Verificou-se dentro
de um mesmo grupo de similaridade isolados de hospedeiros diferentes, indicando não ser o tipo de hospedeiro de origem o fator que influencia na variabilidade. A causa da variabilidade entre os
isolados de Xcc pode estar associada à
adaptação da bactéria às diferentes espécies de brássicas e/ou cultivares de
uma mesma espécie que são plantadas
numa mesma área pelos agricultores das
Zonas da Mata e Agreste de
Pernambuco. A procedência das sementes, que podem carrear a bactéria, utilizadas na região também pode ser um
possível fator envolvido na variabilidade, tendo em vista que são utilizadas
sementes produzidas por várias empresas. Outra hipótese a ser considerada é
a ocorrência de eventos de
recombinação genética entre populações
filogeneticamente relacionadas.
Na análise da reação das 14 cultivares de brássicas ao isolado ‘B21’ de Xcc
foram detectadas correlações significativas (P=0,05) entre todas as variáveis
analisadas. As correlações negativas
entre o PI e INC e SEVF indicam que a
quantidade de podridão-negra está inversamente relacionada ao tempo de
490
início dos sintomas, enquanto que as
correlações positivas entre INC e SEVF
indicam a dependência dessas variáveis
no desenvolvimento da doença.
As cultivares diferiram significativamente entre si em relação a todas as
variáveis analisadas. Foram formados
quatro, dois e cinco grupos distintos respectivamente para as variáveis PI, INC
e SEVF (Tabela 1). Dentro de um mesmo grupo foram encontrados diferentes
cultivares de brássicas.
Os maiores valores de SEVF foram
verificados em brócolos Ramoso, couve-flor Bola de Neve e Piracicaba de
Verão e repolho Chato de Quintal, classificados como altamente suscetíveis à
podridão-negra. Os híbridos de couvechinesa AF 70, AF 72, AF 69 e AF 66
mostraram-se altamente resistentes à
doença, enquanto que brócolos Ramoso
e Precoce Piracicaba, couve-flor Precoce de Piracicaba e Híbrido Cindy e repolho 60 Dias foram medianamente resistentes (Tabela 1). Em levantamento
da intensidade da podridão-negra em
cultivos de brássicas no sistema de produção orgânico realizado em 2001, a
severidade da doença foi significativamente maior em couve-chinesa do que
brócolos, couve-flor e couve-manteiga
(Peruch et al., 2006). No catálogo de
produtos da empresa de sementes, os
híbridos de couve-chinesa mencionados
acima não são citados como portadores
de resistência/tolerância à podridão-negra (Sakata, 2007).
Para o controle da podridão-negra
são indicados comercialmente, visando
o sistema de produção convencional,
com algum nível de resistência ou tolerância à doença as cvs. de repolhos.
Máster, Máster AG-325, Chumbinho,
Louquinho e os híbridos ESALQ-84,
Mogiano, Saikô, Caribe, HG 18, YRRampo,
YR-Ranshu,
Nozomi,
Matsukase, Kenzan, Fuyutoyo, Blue
Vantage, Dynamo, Red Ball, Green
Valley e Itiro; as cvs. de couve-flor
Verona AG-184, Verona AG-284, Flórida
e Santa Elisa-2 e os híbridos Ikuta,
Jaraguá, Miayai, Shiromaru I, II e III,
Sharon, Sarah e Júlia; as cvs. de brócolos
Condor, Precoce Piracicaba Verão,
Ramoso Santana, Flórida e Baron; e o
híbrido de couve-manteiga F1 Top Bunch
(Maringoni, 1997; Sakata, 2007;
Syngenta, 2007). No entanto, já foram
relatadas diversas raças do patógeno
(Vicente et al., 2001; Kamoun et al.,
1992) indicando que a variabilidade
patogênica existente na população de Xcc
poderá ocasionar reações diferentes dessas cultivares à podridão-negra.
A falta de cultivares adaptadas aos
sistemas de produção orgânica tem sido
destacada como uma das sérias limitações para o manejo de doenças em hortaliças e outras culturas (Bueren, 2002).
Evidenciou-se nessa pesquisa que os
agricultores dispõem no mercado de
cultivares de couve-chinesa, brócolos,
couve-flor e repolho com resistência ou
moderada resistência à podridão-negra,
cujo cultivo poderá reduzir as perdas de
produção causadas pela doença. Não se
deve esquecer a possibilidade de quebra da resistência, pela ocorrência de
variabilidade patogênica na população
de Xcc.
AGRADECIMENTOS
À Sakata pelo fornecimento de sementes.
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IBt–Seção de Ornamentais, C. Postal 4005, 01061-970 São Paulo-SP; [email protected]
ABSTRACT
RESUMO
Jussara palm (Euterpe edulis) is a native plant of the Atlantic rainy
forest, with large economic interest. The species is shade-tolerant and
currently it is restricted to certain areas of difficult access. The most
effective way to reintroduce it into the environment or increase the
population density for conservation and commercial exploitation is
promoting seed propagation. Considering that the jussara palm is an
ombrophylous species, this experiment aimed to simulate forest
conditions, with different shade levels, to analyze its influence on seed
germination. After processing the seeds (depulping), 500 seeds were
sown in containers (20 x 30 x 8 cm) filled with forest ground and
grown in five shade levels (0, 20, 40,60, and 80%, simulated using
black shadenet). The experimental design was blocks at random, with
four 25-seed replications. We evaluated the percentage of seed
germination and the Emergence Speed Index (ESI). Seed germination
started 103 days after sowing. Although the percentage of germinated
seeds in the different treatments varied between 53 (0% shade) and
72% (60% shade), there was no significant shade influence over
percentage of seed germination and ESI.
Germinação de sementes de palmiteiro jussara sob diferentes
níveis de sombreamento
Keywords: Euterpe edulis, Arecaceae, emergence speed index,
germination percentage.
O palmiteiro jussara (Euterpe edulis), planta nativa da Mata Atlântica, apresenta grande importância econômica. Atualmente, sua ocorrência é restrita a algumas áreas de difícil acesso. A forma mais eficaz
de reintroduzi-lo no ambiente ou de adensar suas populações com fins
de conservação e exploração comercial é através das sementes. Sendo
o palmiteiro uma espécie esciófila, este experimento visou simular
condições de mata com diferentes níveis de sombreamento e analisar
sua influência na germinação das sementes. Após o beneficiamento
(despolpamento), 500 sementes foram postas para germinar em terra
vegetal contida em caixas (20 x 30 x 8 cm) e distribuídas em cinco
níveis de sombreamento (0, 20, 40, 60 e 80% de sombra, simulado
com sombrite preto). O delineamento experimental adotado foi blocos casualizados, com quatro repetições de 25 sementes. Avaliaramse a porcentagem de germinação e o Índice de Velocidade de Emergência (IVE). As sementes iniciaram sua germinação 103 dias após a
semeadura. Apesar da porcentagem de sementes germinadas nos diferentes tratamentos ter variado entre 53 (0% de sombra) e 72% (60%
de sombreamento), não houve efeito significativo do sombreamento
sobre o percentual de germinação e tampouco sobre o índice de velocidade de emergência.
Palavras-chave: Euterpe edulis, Arecaceae, índice de velocidade
de emergência, porcentagem de germinação.
(Recebido para publicação em 17 de março de 2008; aceito em 30 de outubro de 2008)
(Received in January 9, 2007; accepted in September 30, 2008)
T
he jussara palm (Euterpe edulis
Martius), also known as heart palm
or simply jussara, is native from Brazil
and belongs to the Arecaceae family. It
has a characteristic straight, slender, and
single stipe, without tillers, superficial
adventitious roots, and pinnate and
curved dark green or olive leaves
(Henderson, 2000). The vegetative knob
is formed by the leaf sheath, which can
be green, nut-brown or reddish (Reitz,
1973). The plant reaches up to 15 m
height, with 15-cm stem diameter
(Aguiar, 1986). It is present almost
exclusively at the Atlantic rainy forest,
ranging from South Bahia to North Rio
Grande do Sul. Abundant on the past,
nowadays jussara palm populations are
fragmented and concentrate in natural
492
reserves with difficult access, located in
areas of irregular landscape, unsuitable
for agriculture (Reis et al., 2000).
Jussara palm raises large economic
and ecological interests due respectively
to the extraction of the palm heart and
to its potential as a biological indicator,
consequence of its ombrophylous
behavior: once jussara palm demands
shadow to grow, its absence might
indicate the need to restore the original
vegetal cover (Reis et al., 2000).
Although the heart of palm is the focus
of economic exploitation, Aguiar (1986)
and Reitz (1973) mention the use of the
stipe as laths and rafters in construction
and corrals, manufacture of
agglomerates, and even as fuel for
brickkilns. Leaves are used as house
roof, while leaflets are employed in
braiding. Due to its nice appearance and
elegance, jussara palm is used also in
gardening as an ornamental plant
(Aguiar et al., 2005). In addition, Reitz
(1973) cites the jussara palm fruit juice
as a rich nutrient source, comparable to
chocolate, and the young stem juice, as
useful for healing wounds.
Jussara palm has immature fruits all
year round, while ripen fruits are found
from May to November. Fruits, when
ripen, are spherical and nearly black or
bright black-wine (Reitz, 1973).
Considering that they are well
appreciated by the native fauna, some
animals play an active role in seed
transportation and, therefore, on the
species dispersal. This behavior confers
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Jussara palm seed germination under different shade levels
to jussara palm a relevant ecological and
economic potential to restore and enrich
flora in secondary forests (Reis &
Kageyama, 2000).
Queiroz (2000) states that fruits and
seeds are the only effective way to
assure both reintroduction and increase
on plant density, aiming at conservation
and exploitation. However, seed
germination is affected for several
factors, which jeopardizes the success
of reintroduction. Jussara palm seeds are
sensitive to water losses (recalcitrants)
and, therefore, germinate only in
environments with a minimal humidity
level, between 15 and 30% (Andrade &
Pereira, 1997). Bovi (1978) affirms that
13% humidity is already low enough to
hamper germination. It is likely that
shade also has some influence over
germination. Chazdon (1986, apud
Paulilo, 2000) says that variations in the
amount of photosynthetic active
radiation that reaches the soil due to
movements in the sun and canopy, and
the fall of branches and trees, might have
an relevant influence on plant
photosynthesis,
growth,
and
regeneration. Nevertheless, species of
initial successive phases seem to be
more resistant to these variations than
species that appear only on later phases
(Bazzaz, 1979, apud Paulilo, 2000).
Considering that jussara palm
(Euterpe edulis) is ombrophyla, we tried
to find out in this experiment if the
percentage of seed germination and
plantlet emergence speed index are
susceptible to different shade levels.
MATERIAL AND METHODS
The experiment was carried out at
the Botanic Institute of São Paulo State,
in São Paulo. The climate is temperate,
with wet summers and dry winters. The
average temperature is 19.1 oC; the
average annual air humidity is 81.1%;
and the average annual rainfall is
1,539.9 mm (climatologic normal from
1976 e 2000) (Marques & Funari, 2002).
The experiment started at May 20 and
seed germination lasted from September
09 to November 10, 2003.
We collected 500 visually uniform
ripen fruits in jussara palms grown at
the Agriculture Secretary of São Paulo
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Table 1. Percentage of seed germination and plantlet emergency speed index of jussara
palm under different shades levels (germinação e índice de velocidade de emergência de
sementes de palmiteiro submetidas a diferentes níveis de sombreamento). São Paulo, Instituto de Botânica, 2003.
Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other,
Tukey´s test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si, teste de Tukey, p<0,05).
State. Upon harvest, fruits were
immersed in water for 96 hours,
renewing water every day. After, fruits
were depulped in running water, by
scraping them against a steelnet sieve.
Seeds were dried in the shadow for 24
hours and then (40% of water content)
sown (2 cm deep) in containers (20 x
30 x 8 cm) with forest ground and
sprinkling irrigation, for germination.
Seeds were sown with 0, 20, 40, 60,
and 80% shade, in a screenhouse under
black shadenet. We assessed the
percentage of germination according to
the standard established by Borghetti &
Ferreira (2004), who considered as
germination the uprising of the first
vigorous plantlet; and the plantlet
emergence speed index (ESI), assessed
according to Maguire (1962), who
estimated the daily average number of
emerged plantlets.
The experimental design was blocks
at random, with four 25-seed
replications, adding up 100 seeds per
treatment. We performed analysis of
variance, using the F Test at p<0.05 and
the Tukey test, also at p<0.05, to
compare treatment means.
RESULTS AND DISCUSSION
Germination started 103 days after
sowing. Lorenzi (1992) first postulated
a 30 to 70-day period and, later (Lorenzi,
1996), from three to six months for
jussara palm seeds to start germinating.
Matthes & Castro (1987), also working
with jussara palm, reported an interval
between 14 and 88 days for seed
germination. In greenhouse conditions,
Aguiar (1990) observed germination of
jussara palm seeds already 29 days after
sowing.
Although the percentage of seed
germination ranged from 53% (no
shade) to 72 (60% shade) in the different
treatments, there was no significant
effect of shade nor over percentage of
germination, neither over the emergence
speed index (ESI) (Table 1). The
coefficients of variation of the present
data are relatively high. Nevertheless,
the values are similar to those observed
by Martins et al. (2007) when working
with the red palm heart (Euterpe
espiritosantensis Fernandes) and, later
(Martins et al., 2003), with king palm
(Archontophoenix alexandrae Wendl. &
Drude). It should be stressed that jussara
palm is a native non-domesticated
species and therefore possess a larger
genetic variability than usually found in
horticultural plants. The lowest
germination level (53%) observed in this
experiment, carried out under variable
climatic conditions, was similar to and
higher than what was reported by Aguiar
(1990), respectively in a seed
germinator, with 12-hour photoperiod
and 25ºC, and in greenhouse (10%
germination).
Shade influence over seed
germination is very characteristic to
each species. Klein (1989) noticed that
the germination of stored seeds of four
out of five weeds of cotton fields were
significantly affected by shade.
Tasselflower (Emilia sonchifolia) and
peppergrass (Lepidium virginicum) had
493
AR Tavares et al.
significant variation both at the
percentage of germinated seeds and in
the emergence speed index (ESI), while
small-flower galinsoga (Galinsoga
parviflora) and the Mascarene Island
leaf-flower (Phyllantus corcovadensis)
showed variation only at the ESI. The
remaining fifth species, hyssop-leaf
sandmat (Euphorbia brasiliensis) did
not experience significant variations in
seed germination due to shade, similarly
to the observations in jussara palm in
the current work. Among palm trees,
shade influence over germination is also
variable. Aguiar et al. (2003), when
studying lady palm seeds (Raphis
excelsa) observed that the percentage of
germination increased with shade level,
reaching the highest values, 60.5%, with
80% shade, whilst the lowest percentage
(2%), resulted from plain sun. Instead,
Bulbovas (2000), in a report about
pollution influence over the germination
of jussara palm seeds in Cubatão
County, noted 75% of seed germination
in the control treatment in both glades
and untouched forest areas, which
matches with the results currently
reported.
In opposition to seed germination,
survival of jussara palm plantlets is
significantly influenced by luminosity.
According to Paulilo (2000), jussara palm
plantlets undergo morphological and
physiological alterations in response to
light intensity, tolerating from 20 to 70%
of indirect insolation, but being extremely
sensitive to direct sun beam. Tsukamoto
Filho et al. (2001) presented data from
an intercropping using jussara palm and
Nicaraguan pine (Pinus caribaea Morelet
var. hondurensis Barr. et Golf.), in which
the low relative luminosity, associated to
good humidity levels, favored jussara
palm development. In coconut (Cocos
nucifera), plantlets developed out of
seeds germinated under 50% shade were
taller and heavier (Faria, 2002),
apparently reacting to light just like
jussara palm plantlets. Nakazono et al.
(2001) state that jussara palm plantlets
exposed to either strong insolation or
shade are less competitive, although
intermediate insolation levels, equivalent
to a 400 m2 glade in the canopy, have been
advantageous to plant growth.
494
Results presently reported point to
no significant interference of shade with
percentage of seed germination and
plantlet emergence speed index in
jussara palm.
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Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cereja
Gabriel Mascarenhas Maciel; Ernani Clarete da Silva
UNIFENAS, Setor de Olericultura e Experimentação, C. Postal 23, 37130-000 Alfenas-MG, [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O formato dos frutos do tomateiro é resultado da ação de diversos loci gênicos que podem atuar de diversas formas: isoladamente,
com efeitos pleiotrópicos ou interagindo entre si ou com genes responsáveis pelo peso do fruto. Em função disto, o estudo da herança
desta característica, importante para o melhoramento da espécie,
torna-se complexa e de difícil execução. Este trabalho foi desenvolvido no Setor de Olericultura e Experimentação da Universidade
José do Rosário Vellano (UNIFENAS), de Julho/2003 a Março/2005
com o objetivo de determinar a herança da forma do fruto em tomateiro do grupo cereja. Foram utilizados dois genótipos selvagens e
contrastantes quanto à forma do fruto: fruto comprido (FC) e fruto
redondo (FR). Cruzamentos recíprocos e retrocruzamentos foram
efetuados sendo a forma do fruto, avaliada nas gerações oriundas
desses cruzamentos. Todas as plantas da geração F1 produziram frutos redondos. Em F2, 111 plantas produziram frutos redondos e 47
plantas produziram frutos compridos. No retrocruzamento (F1 x FC)
47 plantas produziram frutos redondos e 42 plantas produziram frutos compridos. Estes resultados, analisados pelo teste de x2 confirmaram segregação mendeliana 3:1 e 1:1 respectivamente. Concluiuse que o formato dos frutos estudados tem herança monogênica. O
alelo que condiciona a forma redonda do fruto tem dominância completa sobre o alelo que confere a forma alongada com possível atuação do locus sun.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, melhoramento,
genética.
Inheritance of fruit shape in cherry tomato group
The tomato fruit shape is a result of action of various gene loci
that can act in several ways: alone, with pleiotropic effects or
interacting with each other or with genes responsible for the fruit
weight. According to this, the study of the inheritance of this
characteristic, very important for the improvement of the species, is
complex and difficult to implement. This work was carried out at
the Horticultural and Experimentation Section of José do Rosário
Vellano University, during the period of July 2003 through March,
2005 with the objective to determine the fruit shape of the cherry
tomato plant. Two wild genotype contrasting tomato plants were
utilised with the fruit shape: long fruit shape (LF) and round fruit
shape (RF). Reciprocal crosses and backcross were realised and the
fruit shape was evaluated in the generations origininated from these
crosses. All plants of the F1 generation produced round shape fruit.
In the F2 generation, 111 plants produced round fruit shape and 47
plants produced long fruit shape. On the backcross generation (F1 x
LF) 47 plants produced round fruit shape and 42 plants produced
long fruit shape. These results when analysed by chi square,
confirmed Mendelian segregation 3:1 and 1:1 respectively. It was
concluded that the studied fruit shape has monogenic inheritance.
The allele that determines fruit round shape has complete dominance
over the allele that determines elongated shape fruit with possible
action of the sun locus.
Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, breeding, genetics.
(Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 30 de setembro de 2008)
(Received in August 15, 2008; accepted in October 31, 2008)
P
ara efeito de identificação, o tomateiro (Lycopersicon esculentum
Mill) foi classificado em grupos, sendo
atualmente considerados seis grupos:
Santa Cruz, Industrial, Salada,
Saladinha, Saladete e Cereja
(Alvarenga, 2000).
Segundo Azevedo Filho & Melo
(2001), o tomateiro do tipo cereja foi
introduzido no Brasil através das fezes
de pássaros migratórios e pelos imigrantes italianos que chegaram ao país no
final do século XIX. As plantas são de
crescimento indeterminado com número de frutos/penca variando de 15 a 50,
de forma redonda ou comprida, pesando entre 10 e 30 gramas, de coloração
vermelho-brilhante (Diez Niclos, 1995;
Filgueira, 2000; Postali et al, 2004). Este
tipo de tomate tem mercado diferenciado e melhores preços e, ultimamente,
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
tem sido usado para ornamentação de
pratos e “couvert” (Alvarenga, 2000).
O tomateiro do grupo cereja, caracterizado pela produção de frutos pequenos,
difere completamente dos objetivos da
produção dos demais grupos onde se
preconiza frutos graúdos como característica desejável (Silva et al., 1997).
Tomateiros silvestres do tipo cereja
apresentam crescimento espontâneo em
qualquer tipo de solo e condições climáticas e têm as sementes disseminadas via fezes de pássaros (Azevedo Filho & Melo, 2001). Provavelmente, devido a esta espontaneidade e ao não uso
de agrotóxicos, as plantas sofreram ao
longo dos anos uma pressão de seleção
natural para rusticidade e tolerância às
principais pragas e doenças. Tais características têm sido aproveitadas por produtores orgânicos no plantio comercial
desta espécie (Azevedo Filho & Melo,
2001). As plantas são vigorosas, de vegetação abundante, agressiva e apresentam frutos de coloração vermelha-intensa, com formas bem definidas e
contrastantes, redondo ou comprido
(Postali et al., 2004).
O estudo da herança de características de importância agronômica em vegetais é uma atividade de grande importância, cujos resultados são amplamente utilizados pelos fitomelhoristas. O
conhecimento do número de genes envolvidos em determinado caráter, a sua
localização no cromossomo, bem como
a sua maneira de interagir, permitem
construir mapas cromossômicos, determinar o critério e a intensidade da seleção, método de condução de população
segregante, assim como determinar
ideótipos de plantas com características
495
GM Maciel & EC Silva
desejáveis (Allard, 1971; Ramalho et al.,
2000; Bueno et al., 2001). Embora poucas características de interesse econômico sigam a herança clássica ou
mendeliana, o seu uso como ferramenta
para a consecução de objetivos de melhoramento vegetal ainda é comum e
pode ser significativamente mais eficiente quando associada às modernas
técnicas de marcadores moleculares
(Ferreira & Grattapaglia, 1995), principalmente quando o melhoramento é assistido por estes marcadores.
Ramalho et al. (2000) relatam em
livro, resultados de estudos da herança
da forma do fruto em tomateiro onde
foram obtidos resultados de herança
monogênica com dominância completa
da forma redonda sobre a forma
alongada.
Segundo Tanksley (2004), os frutos
originários de espécies domesticadas
muitas vezes têm o seu tamanho expressivamente aumentado em relação ao
normalmente encontrado nas espécies
selvagens progenitoras. O autor ainda
cita como exemplo o possível ancestral
selvagem do tomate cultivado,
Lycopersicon
esculentum
cv
Cerasiforme, com dois lóculos e pesando apenas algumas gramas, em contraste a um simples fruto de tomate das variedades modernas que pode conter
muitos lóculos e pesar até 1000 g. Por
outro lado a domesticação de espécies
vegetais com conseqüente aumento no
tamanho dos frutos, tem provocado expressiva variação na sua forma uma vez
que, frutos de tomateiros selvagens e
semi-selvagens são quase invariavelmente redondos enquanto que tomates
cultivados vêm de uma ampla variedade de formas: redondo, oblongo,
piriforme e em forma de torpedo
(Tanksley, 2004). Os genomas de tomateiros cultivados contem menos de 5%
da variação genética de seus congêneres
selvagens (Miller & Tanksley, 1990).
Em outras palavras, segundo Tanksley
(2004), os tomateiros cultivados variam
expressivamente em forma e tamanho
dos frutos, mas têm pouca variação genética em qualquer outra parte de seu
genoma sendo o contrário nas espécies
selvagens. A explicação do aumento na
variação da forma dos frutos do tomateiro é problemática e pode haver diver496
sas explicações. Uma das explicações
diz que a seleção para aumento no tamanho do fruto, pode ter levado à mudanças no seu formato atribuído a fenômenos de pleiotropia (Tanksley, 2004).
Existem robustas evidências que apóiam
esta hipótese no que diz respeito às
mutações as quais têm provocado aumento no tamanho dos frutos por meio
do aumento do número de carpelos /
lóculos (Lippman & Tanksley, 2001).
Estes mesmos autores afirmam que, similarmente, mutações que afetam a forma do fruto podem ter grande efeito
fenotípico em background de frutos pequenos versus frutos grandes. Correlação altamente significativa foi encontrada entre o tamanho do fruto e a forma
do fruto sendo que, frutos maiores, mostraram formas mais extremas do que
seus homólogos de frutos pequenos.
Observa-se que o formato dos frutos do
tomateiro é resultado da ação de diversos loci gênicos que podem atuar de diversas formas. Em função disto, o estudo da herança desta característica,
importante para o melhoramento da espécie, torna-se complexa e de difícil
execução. Por outro lado, estudos de
herança da forma de frutos específicos
para tomateiros silvestres do grupo cereja não foram encontrados na literatura. Assim, objetivo deste trabalho foi
estudar a herança da forma redonda e
comprida de frutos de tomateiro do grupo cereja em genótipos silvestres da espécie.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no município de Alfenas, sul de Minas Gerais,
nas dependências da Universidade José
do Rosário Vellano – UNIFENAS, Setor de Olericultura e Experimentação
(21o14’ S; 45o00’ W, 910 m de altitude)
no período de janeiro de 2003 a fevereiro de 2005.
Foram utilizadas duas linhagens silvestres de tomateiro do grupo cereja
(Figura 1), cujas sementes foram
coletadas nos municípios de Lavras
(MG) e Alfenas (MG). Estes genótipos
têm sido conservados pelo setor de
Olericultura e Experimentação da
UNIFENAS e apresentam características bem definidas e contrastantes quan-
to ao comprimento e ao diâmetro dos
frutos. A linhagem coletada em Lavras
(MG) tem frutos compridos, de coloração vermelha-intensa e ombros verdes.
As plantas são vigorosas e agressivas,
com brotações axilares e florais. As sementes da linhagem coletada em
Alfenas (MG) produzem plantas vigorosas, cujos frutos são redondos e de
coloração vermelha-intensa, sem ombro
verde e com tamanho menor que os frutos compridos. Também produzem com
abundância brotações nas axilas das folhas e nos ramos florais. Ambas as cultivares
são
de
crescimento
indeterminado.
A metodologia utilizada constou de
cruzamentos biparentais recíprocos e
retrocruzamentos da geração F1 para o
genitor de fruto comprido e foi dividida
em etapas distintas. Na primeira etapa
foi avaliada a homozigose dos genitores
e foram efetuados os cruzamentos
biparentais. Sementes de ambos os
genitores foram semeadas em casa-devegetação para a produção de mudas.
Foram utilizadas bandejas de isopor de
128 células e substrato comercial misturado com palha de arroz carbonizada
na proporção de 1:1 e 800 gramas de
adubo formulado 4-14-8 para cada 40
litros da mistura (Frujuelle et al, 2003).
Quando as mudas atingiram quatro folhas definitivas, foram transplantadas
para a casa-de-vegetação. As plantas
foram conduzidas com apenas uma haste
e tutoradas verticalmente. Todos os tratos culturais e fitossanitários foram realizados de acordo com o preconizado
para a cultura.
Para esta primeira etapa foram
conduzidas 50 plantas de cada genitor,
dispostas em espaçamento 1,5 x 0,80 m.
Quando as plantas começaram a emitir
os ramos florais foram selecionadas as
três plantas mais sadias e vigorosas de
cada genitor. O estado da planta é um
bom indicativo de seu estado nutricional, o que, segundo Howlet (1936), tem
influência na produção de pólen. Nos
ramos florais (cacho) das plantas
selecionadas, foram escolhidas antes da
antese as três primeiras flores para a
emasculação (Barrons & Lucas, 1942).
As flores não emasculadas foram todas
eliminadas para evitar possível
autofecundação e formação dos frutos.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Herança do formato do fruto em tomateiro do grupo cereja
Esta operação foi realizada em ambos
os genitores de maneira a permitir os
cruzamentos recíprocos. Utilizando um
vibrador manual, retirou-se pólen de flores completamente abertas em plantas
de ambas as linhagens. Os grãos-de-pólen foram colocados em cápsulas de
sílica-gel devidamente identificadas e
utilizados para polinização de flores
emasculadas no mesmo dia (Dempsey
& Boynton, 1962). As flores
emasculadas que sofreram hibridização
foram marcadas com lã vermelha. As
sementes foram colhidas nos frutos
maduros das flores marcadas. A
homozigose dos genitores quanto à forma dos frutos foi avaliada observandose o formato dos frutos nas 50 plantas
respectivas a cada genótipo parental.
Todas as avaliações de formato dos frutos foram feitas visualmente considerando o diâmetro transversal e longitudinal dos frutos (Figura 1).
A segunda etapa consistiu na colheita e plantio das sementes F1 dos cruzamentos recíprocos. O plantio foi realizado, assim como na primeira etapa,
também em casa-de-vegetação, juntamente com os genitores. Após obtenção
de uma população com 100 plantas F1
(50 plantas de cada cruzamento) e 30
plantas de cada parental, o formato do
fruto foi avaliado na população F1, ao
mesmo tempo em que retrocruzamentos
de F1 para o parental de fruto comprido
foram realizados. Todos os cuidados de
condução da cultura e cruzamentos observados na etapa anterior foram observados também nesta etapa. Sementes F2
oriundas de autofecundação de F1 e sementes dos retrocruzamentos foram colhidas, constituindo assim material para
a terceira etapa do trabalho.
Na terceira etapa, as sementes produzidas na etapa anterior foram utilizadas na produção de mudas, observando-se os mesmos procedimentos das etapas anteriores. Em duas casas-de-vegetação foram constituídas uma população
de 158 plantas da geração F 2
(segregante) e 89 plantas oriundas de
sementes do retrocruzamento. Nas populações F2 e de retrocruzamentos, as
plantas foram contadas e separadas de
acordo com o formato do fruto que produziram. Em seguida os dados foram
submetidos ao teste de c2 de acordo com
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Tabela 1. Número de plantas de tomate-cereja que apresentaram frutos de formato comprido ou redondo (number of cherry-tomato plants that showed tomato-fruit-shaped long or
round). Alfenas, UNIFENAS, 2005.
a freqüência esperada e observada de
frutos compridos e frutos redondos, tendo como hipótese uma segregação
mendeliana 3:1, obtida para herança
monogênica com dominância completa
(Falconer, 1987; Ramalho et al, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os genitores utilizados no cruzamento
foram
fenotipicamente
homozigotos para a característica formato do fruto, uma vez que não foi observada segregação após as
autofecundações (Tabela 1). Todos os
frutos produzidos pela linhagem coletada em Lavras foram compridos, enquanto todos os frutos produzidos pela
linhagem coletada em Alfenas foram
redondos. Observou-se também
dominância completa do fenótipo fruto
redondo sobre fruto comprido, já que na
geração F1 todas as plantas produziram
frutos redondos, independente da direção do cruzamento (Tabela 1). Na geração F2, os valores absolutos indicaram
uma segregação cuja proporção se aproximou de 3:1, uma vez que ocorreram
118 plantas com frutos redondos e 47
plantas com frutos compridos (Tabela 1).
De modo semelhante, no cruzamentoteste realizado entre plantas F 1 e o
genitor de frutos compridos 42 plantas
produziram frutos compridos e 47 plantas produziram frutos redondos, uma
proporção próxima de 1:1. Quando aplicado o teste de x2, os desvios entres as
freqüências observadas e esperadas não
foram significativos (p < 0,05), considerando a hipótese de segregação 3:1 ou
seja, três frutos redondos para cada fruto comprido na geração F2.
Segundo Tanksley (2004) não existe uma completa separação entre loci
que controlam o tamanho dos frutos e
aqueles que controlam a forma dos mesmos. Entretanto, os loci fasciated
(cromossomo 11) e locule-number
(cromossomo 2), responsáveis pelo tamanho dos frutos, afetam também a forma, embora outros loci maiores (fw1.1,
fw2.2, fw3.1 e fw4.1) com a mesma função, exercem largamente seus efeitos no
desenvolvimento dos frutos resultando
em pequena mudança no seu formato.
Da mesma forma, existem três loci
maiores que modulam a forma dos frutos: ovate (cromossomo 2), sun
(cromossomo 7) e fs8 (cromossomo 8)
(Tanksley, 2004). Segregação de um
locus gênico condicionando forma de
pêra nos frutos foi relatada por pesquisadores na década de 1900 (Hendrick
& Boot, 1907; Price & Drinkard, 1908).
Durante este mesmo período outros pesquisadores relataram locus gênico similar causando forma oval nos frutos e que
mais tarde foi demonstrado que estes
genes provavelmente eram alélicos sendo este locus referenciado como ovate
(Lindstrom 1928,1929). Bem mais tarde Ku et al. (1999) demonstraram que
apenas este locus (ovate) poderia
condicionar tanto a forma de pêra quanto
a forma alongada do fruto indexando
comprimento e diâmetro.
Análise de QTL de um cruzamento
entre uma variedade de tomate Yellow
Pear de frutos pequenos e de formato
pêra e uma espécie selvagem, de frutos
redondos (S. pimpinellifolium, LA 1589)
revelou que frutos de formato pêra é largamente determinada por um outro QTL
maior no cromossomo 2 (Ku et al,
1999). Tanksley & Fulton (2007) observaram que este QTL aparentemente
corresponde ao locus gênico ovate. Na
formação dos frutos foram também observados, efeitos de alongamento da for-
497
GM Maciel & EC Silva
Tabela 2. Teste de x2 da hipótese para herança monogênica da característica formato de
fruto em tomate-cereja (chi square test the hypothesis for monogenic inheritance of the
characteristic shape of fruit in cherry tomato). Alfenas, UNIFENAS, 2005.
1
/FO = freqüência observada (frequency observed); 2/ FE = freqüência esperada (freuency expected)
Figura 1. Frutos de linhagens silvestres de tomateiro do grupo cereja com formatos comprido e redondo (fruits round and elongated shape of wild strains of tomato plant of cherry
tomato group). Alfenas, UNIFENAS, 2005.
ma que não se relacionava com uma
mutação de ovate. Estudos revelaram a
presença de um segundo locus maior no
cromossomo 7 envolvido com a forma
de frutos de tomate que foi denominado
sun (Van der knaap & Tanksley, 2001).
Entretanto, estes dois loci diferem entre si em aspectos de importância genética, morfológica e de desenvolvimento. Uma destas diferenças é que sun causa o alongamento do fruto nas duas direções longitudinais mantendo uma simetria bilateral dos frutos enquanto que
ovate resulta em um alongamento
assimétrico do fruto onde o ápice do fruto é mais exagerado que a parte basal
(Van der Knaap et al., 2002). Também,
segundo estes mesmos autores, a forma
de pêra dos frutos nunca foi relacionada com o gene sun.
Segundo Liu et al (2002) a mutação
associada com uma mudança da forma
do fruto de redondo para alongado ou
pêra criou uma parada prematura no
códon do segundo exon. Essa possível
perda de função é consistente com o
comportamento recessivo do alelo que
condiciona fruto de formato alongado
ou de formato pêra.
Portanto, é possível concluir que o
formato dos frutos estudados tem herança monogênica. O alelo que condiciona
a forma redonda do fruto tem
dominância completa sobre o alelo que
498
confere a forma alongada com possível
atuação do locus sun.
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Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
SAMPAIO RA; RAMOS SJ; GUILHERME DO; COSTA CA; FERNANDES LA. 2008. Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de
coco e pó de rocha. Horticultura Brasileira 26: 499-503.
Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e
pó de rocha
Regynaldo A Sampaio; Sílvio J Ramos; Denílson O Guilherme; Cândido A da Costa; Luiz Arnaldo
Fernandes
UFMG-ICA, Av. Universitária, s/no, Bairro Universitário, C. Postal 135, 39404-006 Montes Claros-MG; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar proporções dos resíduos fibra de coco
(FC) e pó de rocha de granito (RG) como substratos na produção de
mudas de tomateiro, cultivar Kada Gigante, realizou-se um experimento em casa de vegetação na UFMG-ICA. Foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições.
Os tratamentos foram constituídos por uma testemunha e seis proporções de fibra de coco (FC) e pó de rocha de granito (RG): T1 Substrato comercial Hortimix®; T2 - 0% FC + 100% RG; T3 - 20%
FC + 80% RG; T4 - 40% FC + 60% RG; T5 - 60% FC + 40% RG; T6
- 80% FC + 20% RG; T7 - 100% FC + 0% RG. O cultivo foi feito em
bandeja de poliestireno expandido com células de 3,5 x 3,5 x 5,0
cm. Foram avaliados o diâmetro do coleto, a altura da planta, o índice de velocidade de emergência, a percentagem de emergência e a
massa fresca e seca da parte aérea e da raiz. Em praticamente todas
as características avaliadas o substrato comercial foi superior aos
substratos contendo fibra de coco e pó de rocha. Considerando-se
apenas os substratos contendo fibra de coco e pó de rocha, as mudas
com melhores características foram obtidas com a mistura de aproximadamente 70% em volume de fibra de coco.
Tomato seedlings production using substrates with coconut
fiber and rock waste
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, resíduo de marmoraria,
reciclagem.
A greenhouse experiment was carried out to evaluate the ratio
of coconut fiber and rock waste, in the tomato seedling production
(cultivar Kada Gigante), in Montes Claros, Brazil. The experimental
design was of randomized complete blocks with four replicates. The
treatments were composed of a control and six ratios of coconut
fiber (FC) and rock waste (RG): T 1 - Commercial Substrate
Hortimix®; T2 - 0% FC + 100% RG; T3 - 20% FC + 80% RG; T4 40% FC + 60% RG; T5 - 60% FC + 40% RG; T6 - 80% FC + 20%
RG; T7 - 100% FC + 0% RG. The cultivation was done in polystyrene
trays with cells of 3.5 x 3.5 x 5,0 cm. Stem diameter, seedling height,
emergency speed index, emergency percentage, root and aerial part
of fresh and dry matter were evaluated. In almost all the evaluated
characteristics the commercial substrate was better than the substrates
containing coconut fiber and rock waste. Among the substrates
containing coconut fiber and rock waste, the seedlings with better
characteristics were obtained with a mixture of approximately 70%
of the volume of coconut fiber.
Keywords: Lycopersicum esculentum, marble residues, recycling.
(Recebido para publicação em 16 de abril de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)
(Received in April 16, 2008; accepted in October 31, 2008)
N
a tentativa de se encontrar soluções
para minimizar o impacto ambiental
causado pelo descarte de resíduos urbanos e industriais, como casca de arroz,
bagaço de cana, casca de pinus, lixo e
resíduo da produção de papel, vários segmentos da sociedade têm se empenhado
no desenvolvimento de pesquisas que
visam o aproveitamento econômico desses materiais, os quais muitas vezes apresentam potencial para o aproveitamento
agrícola, principalmente como substratos
na produção de mudas (Chong, 1999;
Backes & Kämpf, 1991; Flynn et al.,
1995; Souza, 2001; Sainju et al., 2001).
A utilização de resíduos da
agroindústria local como componentes para
substratos pode propiciar a redução dos
custos na produção de mudas, assim como
auxiliar na minimização de impactos
ambientais negativos (Fermino, 1996;
Silveira et al., 2002). Porém, é importante
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
lembrar que os substratos devem apresentar boa capacidade de troca catiônica, estabilidade física e esterilidade biológica e adequados pH, condutividade elétrica, teor de
nutrientes, relação C/N, relação água/ar,
porosidade total, capacidade de retenção de
água e drenagem (Lemaire, 1995; Sassaki,
1997; Borne, 1999; Konduru et al., 1999;
Booman, 2000; Carrijo et al., 2004).
Com a restrição da utilização do xaxim
e da turfa, uma alternativa é a utilização
de matérias primas regionais, como a fibra de coco e o pó de rocha de granito,
que são de fácil obtenção (Theodoro,
2000; Rosa et al., 2001b; Arenas et al.,
2002). Segundo Carrijo et al. (2002), as
boas propriedades físicas da fibra de coco,
a sua não reação com os nutrientes da adubação e longa durabilidade sem alteração
de suas características físicas, assim como
a abundância da matéria prima que é
renovável e o baixo custo para o produtor,
fazem da fibra de coco verde um substrato
dificilmente superável por outro tipo de
substrato, mineral ou orgânico no cultivo
sem solo de hortaliças e flores. Também,
Rosa et al. (2001a) destacam que o pó de
coco verde é um meio de cultivo 100%
natural e pode ser indicado para germinação de sementes, propagação de plantas
em viveiros e no cultivo de flores e hortaliças.
Diante do exposto, o objetivo deste
trabalho foi avaliar a potencialidade da
utilização hortícola do pó de rocha originado da serragem de granito, juntamente com a fibra de coco, na produção
de mudas de tomate.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
casa de vegetação na UFMG-ICA, em
Montes Claros-MG, utilizando-se a cul499
RA Sampaio et sl.
Tabela 1. Características químicas dos materiais utilizados na produção dos substratos para a
produção de mudas de tomateiro (chemical characteristics of the materials used in the production
of substrates for the production of tomato seedlings). Montes Claros, UFMG, 2005.
1
Método da perda por irrigação (Kiehl, 1985) (method for the loss irrigation (Kiehl, 1985));
Método Micro-Kjeldahl (Kiehl, 1985) (2Micro-Kjeldahl method (Kiehl, 1985)); 3Extrator
Mehlich-1 (Defelipo & Ribeiro, 1981) (Mehlich-1 extractor (Defelipo & Ribeiro, 1981));
4
Extrator KCL 1 mol/L (Defelipo & Ribeiro, 1981) (4KCl 1 mol/L extractor (Defelipo &
Ribeiro, 1981)); 5Extrator HNO3/HClO4 (Tedesco et al., 1995) (HNO3/HClO4 extractor
(Tedesco et al., 1995)); 6Extrato de saturação na relação 1:5 (Tedesco et al., 1995) (saturation
extract in a relation 1:5 (Tedesco et al., 1995)).
2
tivar de tomate, Kada Gigante, de 15/
01 a 14/02/05.
Os tratamentos foram constituídos por
uma testemunha e seis proporções, com
base no volume, de fibra de coco verde (FC)
e pó de rocha de granito (RG): T1 - Substrato
comercial Hortimix®; T2 - 0% FC + 100%
RG; T3 - 20% FC + 80% RG; T4 - 40% FC
+ 60% RG; T5 - 60% FC + 40% RG; T6 -
80% FC + 20% RG; T7 - 100% FC + 0%
RG. As características químicas e físicas dos
materiais usados na produção dos
substratos encontram-se na Tabela 1.
A fibra de coco verde foi seca ao
ar durante uma semana e processada
em desintegrador da marca Cremasco®
linha DPCT.4 com peneira de 10 mm.
A quantidade de fibra adicionada aos
tratamentos foi calculada com base no
volume.
O semeio manual foi feito colocando-se uma semente no centro de cada
uma das 128 células da bandeja de
poliestireno expandido de 3,5 x 3,5 x
5,0 cm. O delineamento experimental
foi o de blocos casualizados, com quatro repetições. A unidade experimental
foi constituída por 16 plantas, sendo
avaliados o diâmetro do coleto (D), a
altura da planta (A), o índice de velocidade de emergência (IVE), a percentagem de emergência (E), a massa fresca
da parte aérea (MFPA) e da raiz
(MFSR), e, a massa seca da parte aérea
(MSPA) e da raiz (MSSR). A emergência foi avaliada 20 dias após a semeadura, considerando-se emergidas as sementes que emitiram o caulículo. A altura da planta, medida do coleto até o
ápice da muda, e o diâmetro do coleto,
foram avaliados aos 28 dias após a semeadura. O índice de velocidade de
emergência foi quantificado, utilizandose o método de Maguire (1962), de acordo com a fórmula IVE. = Σ (Pi/Di), em
que: IVE = índice de velocidade de
emergência; Pi = número de plântulas
emergidas no i-ésimo dia de contagem;
Di = número de dias que as plântulas
levaram para emergir no i-ésimo dia de
contagem.
Os dados obtidos foram submetidos
à análise de variância e as médias das
proporções de fibra de coco e de pó de
rocha de granito foram comparadas com
Tabela 2. Valores médios obtidos de percentagem de emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE), diâmetro do coleto (D),
altura da planta (A), massa fresca sistema radicular (MFSR), massa seca sistema radicular (MSSR), massa fresca parte aérea (MFPA) e
massa seca parte aérea (MSPA), em plântulas de tomate, cultivar Kada Gigante, produzidas em diferentes substratos. (average values of
percentage of emergency (E), emergency speed Index (IVE), collect diameter (D), height of the plant (A), fresh matter of roots (MFSR), dry
matter of roots (MSSR), fresh shoots (MFPA) and shoot dry matter (MSPA) in seedlings of tomato, cultivar Kada Gigante, produced on
different substrates). Montes Claros, UFMG, 2005.
ns
Não significativo (no significant; *Difere estatisticamente do substrato comercial pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade (statistically
differs from commercial substrate by Dunnett test at 5% probability); FC = Fibra de coco (FC = coconut fiber); RG = Pó de rocha de granito
(RG = Rock waste).
500
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Produção de mudas de tomateiro em substratos contendo fibra de coco e pó de rocha
Figura 1. Índice de velocidade de emergência (A), percentagem de emergência (B), altura
da planta (C), diâmetro do coleto (D), massa fresca (E) e seca (F) da raiz e massa fresca (G)
e seca (H) da parte aérea de mudas de tomateiro em função da proporção de fibra de coco e
pó de rocha no substrato. (index speed emergency (A), percentage of emergency (B), plant
height (C), diameter of collect (D), weight (E) and dry (F) and the root weight (G) and dry
(H) of shoot of tomato seedlings according to the proportion of coconut fiber and powder of
rock from the substrate). Montes Claros, UFMG, 2005.
*,**,***Significativos a 5; 1 e 0,1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t. significant
at 5; 1 and 0.1% probability, respectively, by the t test).
as do substrato comercial até 5% de probabilidade pelo teste de Dunnett. As médias referentes às proporções de fibra de
coco e de pó de rocha de granito foram
ajustadas a modelos de regressão até
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
10% de probabilidade pelo teste t.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O substrato comercial apresentou
maiores valores de índice de velocidade de emergência, diâmetro do coleto,
altura da planta, massa fresca e seca da
raiz e massa fresca e seca da parte aérea, em relação aos substratos contendo
fibra de coco e/ou pó de rocha de granito (Tabela 2). Tal fato pode ser atribuído à menor densidade e maiores teores
de nitrogênio e fósforo do substrato comercial (Tabela 1), favorecendo a
aeração e respiração das raízes, e maior
nutrição, vigor e crescimento das plantas. Rodrigues (1994) afirma que mudas de tomateiro para processamento
industrial têm melhor desempenho em
substratos que apresentam boas condições de aeração e de armazenamento de
água. Silveira et al. (2002), Oliveira et
al. (2004) e Costa et al. (2007), estudando o desenvolvimento de tomate em
substratos comerciais e alternativos,
destacam melhor desempenho dos
substratos comerciais em razão de suas
melhores características de retenção de
água, aeração e teores de nutrientes.
Também, Arenas et al., (2002) constataram que mudas de tomate crescidas em
substratos contendo mais de 50% de pó
de coco não se desenvolveram tão
vigorosamente quanto aquelas desenvolvidas em turfa, mesmo quando fertilizadas duas vezes semanalmente com
50 mg/L de nitrogênio. Os autores atribuem tal fato à imobilização do nitrogênio disponível pelos microrganismos,
em razão da elevada relação C/N deste
resíduo.
Por outro lado, o substrato comercial apresentou a mesma percentagem
de emergência dos substratos contendo
40% ou mais de fibra de coco (Tabela
2). Neste caso, o aumento na quantidade de fibra de coco em relação ao pó de
rocha pode ter proporcionado maior
aumento na retenção de umidade do
substrato (Tabela 1), favorecendo diretamente a emergência das sementes. A
necessidade de uma adequada retenção
de umidade do substrato em relação à
emergência de sementes e crescimento
das plantas tem sido apontada por
Lemaire (1995) e Fernández-Bravo et
al. (2006), principalmente para volume
de substrato inferior a 2 L. Arenas et al.
(2002), estudando o uso de perlita em
comparação a turfa, fibra de coco e
vermiculita como substratos para a produção de mudas de tomateiro, verifica501
RA Sampaio et sl.
ram que a perlita atrasou a germinação
das sementes em razão da sua menor
retenção de água. Não obstante, Silveira
et al. (2002) observaram que a fibra de
coco proporcionou maior percentagem
de emergência de plântulas de tomateiro (90,63%) do que o substrato comercial (67,18%), porém, as mudas nele
produzidas foram menos vigorosas do
que no substrato comercial, sendo esse
problema corrigido somente quando o
pó de coco foi misturado ao húmus de
minhoca.
Houve influência das diferentes
proporções de fibra de coco e de pó de
rocha sobre as características das mudas. O índice de velocidade de emergência apresentou ajuste quadrático em relação à mistura de fibra de coco e pó de
rocha, com destaque para o maior índice com 66,25% de fibra de coco na mistura (Figura 1A). A percentagem de
emergência das sementes apresentou
também comportamento quadrático.
Constatou-se, com a relação de 69,32%
de fibra de coco em relação ao pó de
rocha de granito, um percentual máximo de emergência das sementes de
92,22% (Figura 1B). Valores maiores de
pó de rocha em relação à fibra de coco
na composição dos substratos proporcionaram baixos índices de velocidade
de emergência, além de menor desenvolvimento das mudas. Tal fato pode
estar relacionado à redução da aeração
do substrato proporcionado pelo aumento da proporção do pó de rocha, conforme discutido por Lemaire (1995), o qual
aponta que as partículas finas podem
preencher os espaços vazios e alterar a
geometria do espaço poroso, afetando a
circulação de ar e de água no substrato.
Também, Minami (1995) cita que o
substrato é o componente mais sensível
e complexo do sistema de produção de
mudas, sendo que qualquer variação na
sua composição altera o processo final
de produção de mudas, desde a não germinação de sementes até o desenvolvimento irregular das plantas.
A altura das mudas de tomateiro em
relação à mistura da fibra de coco com
pó de rocha foi quadrática (Figura 1C),
obtendo-se altura máxima de 2,54 cm
com 56,5% de fibra de coco na mistura.
Essa foi a melhor relação entre fibra de
coco e o pó de rocha de granito, possi502
velmente por ter proporcionado melhores condições de retenção de água e suprimento de nutrientes para as plantas.
O efeito positivo do uso de substratos
contendo fibra de coco na produção de
mudas de tomate, possivelmente associado a uma maior capacidade de disponibilidade de nutrientes e água, também foi
observado por Carrijo et al. (2004).
O diâmetro do coleto apresentou um
comportamento quadrático com o aumento da fibra de coco na mistura com
pó de rocha, observando-se tendência de
diâmetro mínimo de 0,76 mm na relação de 33,75% de fibra coco. Valores
acima de 33,75% de fibra de coco promoveram aumento deste diâmetro (Figura 1D). Esta superioridade da fibra de
coco em relação ao desenvolvimento das
mudas pode ser explicada pela maior retenção de umidade e maiores teores de
nitrogênio total e fósforo disponível neste
material, conforme verificado na Tabela
1. Além disso, a elevada salinidade do
pó de rocha, caracterizada pela sua
condutividade elétrica, pode ter contribuído para baixar o potencial de água no
substrato nas maiores doses, afetando a
absorção de água pelas plantas. Também,
o pH em torno de 7,5, pode ter reduzido
a disponibilidade dos micronutrientes
para as plantas (Lemaire, 1995).
As massas fresca e seca do sistema
radicular apresentaram ajuste quadrático
em relação às diferentes proporções de
fibra de coco e pó de rocha. Os maiores
valores destas variáveis foram, respectivamente, 0,026 e 0,0022 g, obtidos
com 40 e 100% de fibra de coco em relação ao pó de rocha (Figuras 1E e 1F).
Ficou evidente, portanto, o aumento da
massa seca da raiz com o incremento
da proporção de fibra de coco em relação ao pó de rocha. Tal fato pode estar
associado ao aumento da retenção de
umidade do substrato, conforme já discutido. De acordo com Sturion (1981) o
substrato exerce uma influência
marcante sobre o sistema radicular, atribuído principalmente à quantidade e tamanho das partículas que definem a
aeração e a retenção de água necessários ao crescimento das raízes.
Com relação às massas fresca e seca
da parte aérea, os resultados expressaram resposta quadrática. Verificou-se
que os maiores valores obtidos para es-
tas variáveis foram, respectivamente,
0,45 e 0,0053 g, nas proporções 70 e
75% de fibra de coco, respectivamente
(Figuras 1G e 1H). Constatou-se um
aumento do crescimento e, conseqüentemente, das massas fresca e seca da
parte aérea, onde a proporção de fibra
de coco foi maior que a do pó de rocha
na constituição do substrato. Tal fato
pode ser atribuído à maior capacidade
de retenção de água deste resíduo, como
verificada por Pragana (1998), proporcionando uma condição favorável para
o crescimento de mudas de tomateiro.
Neste estudo, verificou-se que o
substrato comercial proporcionou condições adequadas ao crescimento das
plântulas de tomateiro, haja vista a
maior produção de massa fresca e seca
da parte aérea e do sistema radicular das
mesmas. Por outro lado, ficou evidente
que o pó de rocha de granito ou a fibra
de coco, quando usados puros, não são
substratos ideais para a produção de
mudas de tomateiro, já que as plântulas
se desenvolveram melhor com a mistura dos dois em proporções contendo em
torno de 70% de fibra de coco. Segundo Silveira et al. (2002) o pó de coco
puro não revelou ser um bom substrato
para a produção de mudas, uma vez que
as plântulas não apresentaram bom desenvolvimento. Para ser eficiente como
substrato esse material deverá ser empregado em mistura com outros materiais mais ricos em nutrientes.
Diante do exposto, os resultados sugerem que a fibra de coco pode ser um
componente fundamental na mistura de
substratos recomendados para a produção de mudas de tomateiro.
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Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em
substratos para hortaliças
Ronaldo S de Liz1; Adonai G Calbo2; Osmar A Carrijo1; Carlos Alberto da S Oliveira3
1
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; 2Embrapa Instrumentação Agropecuária, C. Postal 741, 13560-970 São
Carlos-SP; 3UnB, Campus Darci Ribeiro, Asa Norte, 79919-970 Brasília-DF; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected];
RESUMO
ABSTRACT
®
No Brasil, ainda não existe um método padrão, confiável, para a
determinação da curva de retenção de água em todos os tipos de
substratos existentes para o cultivo de hortaliças, principalmente para
substratos à base de fibras longas e curtas, como é o caso do substrato
de coco verde. Assim, neste trabalho, o objetivo foi obter a curva de
retenção de água em substratos para o cultivo de hortaliças, utilizando-se um mini sensor Irrigas®. Foram utilizados os substratos de coco
verde, sem compostagem, compostado durante 45; 90; 135 e 180 dias
e o substrato Plantmax®, utilizado como controle. O delineamento
experimental foi de blocos ao acaso no esquema fatorial 6 x 11
(substrato x tensão) com três repetições. Para o substrato S0; S45;
S90; S135 e S180 as médias obtidas foram porosidade total: 85%;
espaço de aeração: 72%; água facilmente disponível: 4%; água disponível: 9%; água tamponante: 5% e, água remanescente: 4%. O espaço
de aeração (72%), foi indicativo de que é conveniente melhorar a distribuição do tamanho de partículas desse substrato, de modo a reduzir
o espaço de aeração e aumentar a capacidade de retenção de água. O
aumento da tensão de água foi obtido de forma natural, pela evaporação da água das amostras. A utilização do sensor Irrigas® permitiu
rapidez na obtenção dos resultados e possibilitou a medição da tensão
da água, de maneira contínua e paralela, entre tensões de 0 e 11 kPa,
simultaneamente, em três amostras de substrato. Estes resultados tornaram evidente a possibilidade de uso do mini sensor Irrigas® na determinação de curvas de retenção de água em substratos para hortaliças, gerando inclusive perspectivas para a realização de estudos futuros de comparação com outros métodos.
Mini Irrigas sensor in determining the curve of water
retention in substrates for vegetables
In Brazil, no reliable standard method exists to determine the
water retention curve in all available types of substrates for the
cultivation of vegetables, mainly for substrates with long and short
fibers, such as those of green coconut shell. In this work, the objective
was to obtain the substrate water retention curve for the cultivation
of vegetables, using a mini Irrigas® sensor. Green coconut substrate
was used without composting and with composting during 45; 90;
135 and 180 days while the Plantmax® substrate was used as control
in a complete block experimental design with 6 substrates, 11 water
tension levels and three replications. For the substrates S0, S45, S90,
S135 and S180 the obtained average were: total porosity; 85%;
aeration space: 72%; easily available water: 4%; available water:
9%; buffering water: 5% and remaining water: 4%. The aeration
space (72%) was indicative that it is convenient to improve the
particle size distribution of this substrate, in order to reduce the
aeration space to gain water retention capacity. Water tension in the
samples was slowly increased by evaporation as the substrate air
interface and mini Irrigas® sensors enabled the required water tension
measurements, continuously, in three parallel substrate samples for
water tensions ranging from zero to 11 kPa. These results make
evident the possibility of using the mini Irrigas® sensor for the
determination of water retention curves in substrates for growing
vegetables, and also opens the possibility of future studies, aiming
at comparative tests for other methods.
Palavras-chave: cultivo sem solo, mudas, porosidade, teor de água,
fibra de coco verde.
Keywords: soilless cultivation, transplant, porosity, moisture content,
green coconut fiber.
(Recebido para publicação em 22 de outubro de 2007; aceito em 29 de setembro de 2008)
(Received in October 22, 2007; accepted in September 29, 2008)
S
abe-se que, entre outras variáveis físicas e químicas, a divisão arbitrária, indicativa de quanta água, em cada
faixa de tensão, é retida por um substrato
utilizado na produção de hortaliças auxilia na adequação do mesmo. Baseando-se em conceitos empregados a partir
de trabalhos de diversos autores, entre
eles De Boodt & Verdonck (1972); Grolli
(1991); Drzal et al. (1999); Gruszynsk
(2002) e Fermino (2002), a determinação da curva de retenção de água é um
método que fornece informações relacionadas a essa divisão arbitrária que, em
alguns casos, vem sendo definida pelas
variáveis porosidade total (PT), espaço
504
de aeração (EA), água facilmente disponível (AFD), água disponível (AD), água
tamponante (AT) e água remanescente
(AR). Ou seja, a curva de retenção de água
pode fornecer informações indicativas
sobre o teor volumétrico e/ou
gravimétrico de água e sobre a força com
que a água em diferentes tensões é retida
pela matriz de um substrato utilizado no
cultivo de hortaliças.
Neste contexto deve-se considerar
que, para componentes porosos, como
é o caso de substratos utilizados no cultivo de hortaliças, a variável porosidade
total (PT) não deve ser associada à cur-
va de retenção de água e nem considerada como equivalente ao teor
volumétrico e/ou gravimétrico de água
na tensão de zero kPa porque, mesmo
considerando-se que o substrato, nesta
tensão, esteja “saturado”, sabe-se que
considerável quantidade de ar permanece nos poros, juntamente com a água
contida na amostra do substrato (Liz,
2006). Assim, em análise física de
substratos, o quê, em alguns casos, vem
sendo definido como “saturação” é apenas a hidratação do substrato. Por isso,
a correta determinação da porosidade
total deve ser feita com base na densidade de partículas do substrato
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças
desgaseificado, isto é, sem ar entre as
partículas. Na curva de retenção de água
o teor obtido na tensão de zero kPa é,
na realidade, menor que a porosidade
total e, para que raízes de hortaliças tenham adequada provisão de oxigênio,
nas tensões entre 0 e 1 kPa a quantidade
de ar retido entre a água e as partículas
do substrato deve garantir suficiente
aeração sem diminuir a capacidade de o
substrato reter água.
No Brasil, a determinação da curva
de retenção de água em substratos agrícolas ainda não é padronizada e os métodos mais utilizados demandam muito
tempo, são tediosos e necessitam de
equipamentos caros. Por estas razões é
importante a busca por métodos alternativos confiáveis e atraentes para a utilização profissional na análise física em
substratos para plantas.
Assim, com este trabalho, o objetivo
foi obter a curva de retenção de água em
substratos para o cultivo de hortaliças,
utilizando-se a técnica de remoção de
água por evaporação e medição contínua
da tensão da água, por tensiometria a gás,
por meio de um mini sensor Irrigas®.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na
Embrapa Hortaliças, de janeiro de 2005
a setembro de 2006. Curvas de retenção de água em substrato de coco verde, preparado na Embrapa Hortaliças
para a produção de mudas (Carrijo et
al., 2002), sem compostagem e
compostado durante 45; 90; 135 e 180
dias, respectivamente denominados S0,
S45, S90, S135, S180 e em substrato
Plantmax® foram determinadas utilizando-se um sensor Irrigas® (Calbo & Silva, 2005) com cápsula porosa mini (Figura 1A).
Inicialmente, sem compactar a amostra e adaptando a metodologia descrita na
Norma Européia EN 13040 (Associación,
1999), determinou-se a densidade do
substrato seco ao ar (Dsa), a densidade do
substrato seco em estufa (Dse) a 70oC e o
teor de água (Ta) base massa da amostra
de substrato seco em estufa a 70oC, durante aproximadamente 27 horas (Liz et
al., 2006). A densidade do substrato
desgaseificado (Dsd) foi obtida com a utilização de um picnômetro de 500 ml.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Para conter as amostras de substrato
foram utilizados três cilindros
volumétricos de PVC, de 58,9 cm3. No
centro da parede de cada cilindro foi
perfurado um orifício de 3 mm de diâmetro, para a passagem do tubo do
sensor Irrigas® (Figura 1B).
Para possibilitar a contenção e a
hidratação (“saturação”) da amostra de
substrato dentro do cilindro de PVC foram utilizados um anel de borracha e
uma cerâmica porosa (Figura 1C). O
enchimento dos cilindros de PVC com
a amostra de substrato foi padronizado,
utilizando-se a densidade do substrato
seco ao ar (Dsa) e o volume do cilindro,
58,9 cm3.
Depois de preenchidos com o
substrato os cilindros de PVC, individualmente, foram cobertos com uma
tampa (Figura 1 D) e colocados dentro
de recipientes, para a hidratação da
amostra com água destilada, adicionada no recipiente aos poucos, até atingir
o nível da borda superior dos cilindros
de PVC.
Após a hidratação, quando a amostra estava com superfície brilhosa, a tampa do cilindro foi retirada para facilitar
a evaporação da água da amostra (Figura 1D) e o tubo do mini sensor Irrigas®
foi conectado a um compressor de ar e
a um manômetro de mercúrio (Figura
2) utilizando-se mangueiras de 4 mm de
diâmetro interno, restrições de fluxo de
ar e distribuidores de gás de duas e três
saídas (Figura 1E). O compressor de ar,
de membrana, modelo A 240, que opera
com pressão de saída de aproximadamente 25 kPa, a fluxo zero, normalmente é utilizado para oxigenar aquários e o
manômetro de mercúrio de 80 cm de
altura foi construído em forma de “U”
com mangueiras transparentes de 4 mm
de diâmetro interno (Figura 2). O distribuidor de gás de três saídas possibilitou a medição da tensão da água simultaneamente em três amostras de
substrato (Figura 1 F). Nesse distribuidor de gás de três saídas foram
conectadas as restrições de fluxo de ar,
utilizadas para introduzir em cada sensor
Irrigas® um fluxo de ar de aproximadamente 0,5 mL min-1. A restrição de fluxo de ar utilizada foi um segmento de
fio de cobre flexível (multifilamento),
de 1 mm de diâmetro externo e compri-
mento de 14 cm, que proporcionou o
fluxo de ar especificado (Figura 1E).
Detalhes técnicos referentes às propriedades desta fonte de ar de fluxo quase
constante e sobre a aferição necessária
para obter restrições com fluxo de ar
adequado estão descritos em Calbo &
Silva (2005).
Quando o movimento da coluna de
mercúrio se estabilizou, a amostra de
substrato, previamente hidratada, foi considerada “saturada”. A pressão assim
estabelecida é a tensão crítica de
umedecimento (Ts) do sensor Irrigas®
(Calbo & Silva, 2006). Nesse momento,
sem desconectar as mangueiras, foram
determinadas, juntamente, a massa do
conjunto (Mc) e a massa da amostra
saturada (Mas), isto é: (Mc + Mas). Esse
procedimento foi repetido ao se alcançar
cada tensão desejada (1; 2; 3; 4; 5; 6; 7;
8; 9; 10 e 11 kPa). A partir da tensão de 1
kPa, a massa da amostra passou a ser
considerada massa do substrato úmido
(Msu), obtida por meio da equação:
Msu = (Mc + Msu) – (Mc).
A tensão (T) da água na amostra foi
calculada com a equação T = (Ts – P),
na qual P representou a pressão lida no
manômetro (Calbo & Silva, 2006).
Os valores de T, multiplicados por
13,6, razão entre as densidades do mercúrio e da água, representaram, aproximadamente, a tensão em centímetros de
coluna de água; e os valores de tensão
em centímetros de coluna de água, divididos por dez, indicaram os valores
de tensão em kPa.
A porosidade total (PT) foi determinada por meio da equação:
PT = 100 x ((Vc) – (Mse / Dsd)) / (Vc)
na qual Vc foi o volume, em cm3, do
cilindro utilizado para conter a amostra; Mse, a massa, em gramas, da amostra de substrato seco em estufa a 70oC e
Dsd, a densidade, em g cm -3 , do
substrato desgaseificado, determinada a
partir de resultados obtidos com o uso
do picnômetro. A equação utilizada para
determinar a densidade do substrato
desgaseificado foi:
Dsd = Da x (Mps – Mp) /
(Mps – Mp) – (Mpsa - Mpa)
onde: Dsd, a densidade do substrato
desgaseificado; Da, a densidade da
água; Mps, a massa do picnômetro con505
RS Liz et al.
entre 1 e 5 kPa, foi representado por:
AFD = 100 x (Ma_1kPa – Ma_5kPa) /
(Vc x Da).
O percentual de água disponível
(AD), equivalente ao teor volumétrico
de água nas tensões entre 1 e 10 kPa,
foi definido com base na equação:
AD = 100 x (Ma_1kPa – Ma_10kPa) /
(Vc x Da).
O percentual de água tamponante
(AT), equivalente ao teor volumétrico de
água nas tensões entre 5 e 10 kPa, foi
estabelecido por meio da equação:
AT = 100 x (Ma_5kPa – Ma_10kPa) / (Vc x Da)
Figura 1. A = mini sensor Irrigas®; B = cilindro de PVC e posição do mini sensor Irrigas; C
= cilindro de PVC, anel de borracha e cerâmica porosa; D = cilindro com substrato e com
tampa; E = compressor de ar e detalhe das conexões e das restrições e F = vista geral do
sistema. (A = mini Irrigas® sensor; B = cylinder of PVC and the mini Irrigas® sensor position;
C = PVC cylinder, rubber ring and the porous ceramic; D = cylinder with substrate and
cover; E = air compressor and detail of the connections and the restrictions and F = general
system view). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.
e o percentual de água remanescente (AR), equivalente ao teor volumétrico
de água nas tensões de 10 kPa, pela
equação:
AR = 100 x (Ma_10kPa) / (Vc x Da).
O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso com três repetições, dispostos no esquema fatorial 6 x 11, referente a seis composições de substrato:
S0, S45, S90, S135, S180, Plantmax® e,
a onze tensões: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9;
10 e 11 kPa. Os dados da Tabela 1 foram submetidos à análise de variância e
comparação de médias pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. Os dados
da Tabela 2 foram obtidos por meio das
equações apresentadas acima. Os pontos obtidos (Figura 3) foram ajustados e
plotados por meio do aplicativo Soil
Water Retention Curve – SWRC (Dourado Neto et al., 1990), optando-se pelo
modelo de van Genuchten, representado pela equação:Θ = Θr + (Θs – Θr) / [1
+ (h . á) n ] m .
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2. Esquema de montagem do sistema com mini sensor Irrigas® para a determinação
de curvas de retenção de água em substratos para crescimento de hortaliças (project of
assembly of the system with mini Irrigas® sensor for the determination of water retention
curves in substrates for growing vegetables). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.
tendo o substrato; Mp, a massa do
picnômetro vazio; Mpsa, a massa do
picnômetro contendo substrato e água e
Mpa, a massa do picnômetro contendo
água.
O percentual de espaço de aeração
(EA), equivalente ao teor volumétrico
de água nas tensões entre 0 e 1 kPa, foi
determinado por meio da equação:
506
EA = 100 x [(Vc) – (Mse / Dsd) –
(Ma_1kPa / Da)] / (Vc)
na qual: Ma_1kPa foi a massa de água
na tensão de 1 kPa e Da foi a densidade
da água, considerada como sendo igual
a 1 g cm-3.
O percentual de teor de água facilmente disponível (AFD), equivalente ao
teor volumétrico de água nas tensões
Houve efeito significativo para as
variáveis: substrato, tensão e interação
substrato versus tensão. O coeficiente
de variação de 5,41% refletiu boa precisão experimental (Ferreira, 1996). No
entanto, entende-se que é desnecessária
a discussão dos resultados da análise
estatística, visto que as diferenças eram
esperadas, pois foram utilizadas tensões
e, consequentemente, teores de água
diferentes. Vale lembrar que o objetivo
não foi comparar estatisticamente os
pontos das curvas de retenção de água
nos substratos, mas, sim, conseguir
determiná-los com o uso do Irrigas®.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças
A metodologia com o mini sensor
Irrigas® possibilitou a obtenção de pontos da curva de retenção de água em seis
tratamentos, na faixa entre 0 e 11 kPa
de tensão de água, em cerca de cinco
dias.
Durante as pesagens o sistema mini
sensor Irrigas® não precisou ser desligado, possibilitando obter todos os pontos em uma mesma amostra de
substrato. Na câmara de Richard, por
exemplo, é necessário desligar o sistema de pressão para a pesagem de amostras. Segundo Vieira & Castro (1987),
determinar o ponto de equilíbrio entre a
pressão aplicada e a água retida é um
dos maiores problemas na obtenção de
curva de retenção de água. Assim, este
fator, equilíbrio de tensão, foi outra característica positiva do método utilizando o mini sensor Irrigas® pois, quando
o movimento da coluna de mercúrio se
estabilizou no manômetro, isso foi um
indicativo direto de equilíbrio de tensão
de água entre a cápsula porosa e a amostra de substrato.
Na comparação das curvas da Figura 3 percebe-se certa variação, a qual
está associada ao efeito do condicionamento do substrato de coco verde (0; 45;
90; 135 e 180 dias de compostagem); à
diferença no teor inicial de água nas
amostras e, ainda, à diferença de teor
de água retida em cada amostra no momento das determinações, em função do
processo de hidratação da amostra.
Aparentemente a mini cápsula porosa do sensor Irrigas® possibilitou um
bom contato com os substratos. Ao final da análise foi necessário reumedecer
a amostra de substrato de coco verde
para desgrudá-la da mini cápsula porosa do sensor Irrigas®. Adicionalmente,
com a utilização do sistema sensor Irrigas® foi possível dispensar o uso de
estufa para a secagem do substrato ao
final da análise, resultando em economia de energia elétrica e antecipação
na obtenção de resultados. Outra justificativa para utilizar a massa de
substrato seco ao ar nas determinações
físicas em substratos, principalmente
em substratos à base de coco verde, é a
característica de expansão desse tipo de
material que, quando seco em estufa a
70ºC pode sofrer significativa contração de partículas.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Figura 3. Curvas de retenção de água em substratos, determinadas com o uso de mini sensores
Irrigas® (water retention curves in substrates, determinated using mini Irrigas® sensors).
Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.
Tabela 1. Médias de densidades e do teor de água nos substratos utilizados. (density and
moisture content means of the assayed substrates). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.
Médias seguidas da mesma letra nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade; 1Densidade de partículas, determinada pelo método do picnômetro; 2Valores de referência conforme Kämpf (2000); Fermino (2002) e Martínez (2002) (means followed
by the same letter, in the column, did not differ by the Tukey test at 5% of probability;
1
Particle density determined by the pycnometric method; 2Reference values according to
Kämpf (2000); Fermino (2002) and Martínez (2002) ).
A densidade do substrato seco ao ar,
S0; S45; S90; S135 e S180, determinada nas amostras com um teor médio em
torno de 10% de água, ficou dentro da
faixa de 0,10 a 0,30 g cm-3, considerada
ideal para a densidade de substratos utilizados na produção de mudas de hortaliças (Kämpf, 2000; Fermino, 2002). A
densidade de partículas desse mesmo
substrato desgaseificado foi, em média,
de 1,30 g cm-3 (Tabela 1), valor compa-
rável ao de 1,22 g cm-3 obtido por Carrijo
et al. (2003) em um substrato de coco
verde com pré-lavagem das fibras e próximo ao de 1,47 g cm -3 obtido por
Lacerda et al., (2006) em um substrato
denominado pó de coco. Martínez (2002)
relata que para substratos orgânicos a
densidade de partículas deve ser por volta de 1,45 g cm-3. Além da diferença de
teor de água nas amostras, a diferença de
distribuição do tamanho de partículas
507
RS Liz et al.
Tabela 2. Porosidade total (PT), espaço de aeração (EA), água facilmente disponível (AFD),
água disponível (AD), água tamponante (AT) e água remanescente (AR) nos substratos utilizados. (total porosity (PT), aeration space (AE), easily available water (AFD), available water
(AD), buffering water (AT) and remainder water (AR)). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.
1
Valores conforme De Boodt & Verdonck (1972); De Boodt et al. (1974); Penningsfeld
(1983); Carrijo et al. (2002); Fermino (2002); Fermino (2003) e Grassi Filho & Santos
(2004). (1reference values according to De Boodt & Verdonck (1972); De Boodt et al. (1974);
Penningsfeld (1983); Carrijo et al. (2002); Fermino (2002); Fermino (2003) and Grassi
Filho & Santos (2004)).
pode ter influenciado o valor de densidade determinado em cada tratamento,
principalmente no S45 (Tabela 1).
De acordo com as recomendações de
De Boodt & Verdonck (1972), a
porosidade total (PT) média de 85%,
determinada nos tratamentos S0; S45;
S90; S135 e S180 pode ser considerada
ideal para substratos utilizados no cultivo de plantas (Tabela 2).
A porosidade desses mesmos tratamentos, equivalente ao teor volumétrico
de água na tensão de zero kPa (Figura
3), foi, em média, 13%, valor bem menor do que os recomendados por De
Boodt & Verdonk (1972) e do que os de
porosidade total (PT) determinada com
base na densidade das partículas do
substrato. Neste contexto, ainda é importante considerar que o teor
volumétrico de água na tensão de zero
kPa possui pouco valor prático, tendose em vista que o valor nesta condição
transiente pode sofrer alterações em função de diferentes fatores, tais como: distribuição do tamanho de partículas;
quantidade de substrato utilizado para
o enchimento dos cilindros, calculada a
partir da densidade do material ou, ainda, em função da diferença de teor inicial de água na massa de substrato seco
ao ar ou seco em estufa a 70oC.
A porosidade total (PT) do substrato
Plantmax® ficou abaixo da recomendada por De Boodt & Verdonk (1972),
508
possivelmente em função da amostra ter
sido seca ao ar antes das determinações
promovendo maior acomodação de partículas e, consequentemente, aumento
da densidade nesse tratamento (Tabela
2). Segundo Skrebsky et al. (2006) o
substrato Plantmax ® apresenta uma
porosidade total por volta dos 90%.
Conforme Gruszynski (2002) o aumento de densidade em substratos agrícolas
reduz a porosidade total e,
consequentemente, o espaço de aeração.
Por ser o substrato Plantmax® amplamente usado com sucesso na produção
de mudas de hortaliças, sugere-se que a
amostra a ser utilizada para determinação das densidades seja coletada com o
teor de água em que se encontra dentro
da embalagem original. As curvas de
retenção de água (Figura 3) indicam que
o substrato Plantmax®, nas condições
deste experimento, reteve, aproximadamente, o dobro de água que o substrato
de coco verde reteve.
A média do espaço de aeração (EA)
determinada nos tratamentos à base de
coco verde (72%) ficou acima dos
percentuais situados entre 10 e 40% sugeridos como referência por De Boodt
& Verdonck (1972); Penningsfeld
(1983); Carrijo et al. (2002) e Fermino
(2003) (Tabela 2). Esse espaço de
aeração pode ter favorecido a baixa retenção de água nestes tratamentos.
Para os tratamentos S0; S45; S90;
S135 e S180 (Tabela 2), o valor médio
de 4% de água facilmente disponível
(AFD) ficou abaixo dos 20 a 30% recomendados por Carrijo et al. (2002);
Fermino (2003) e Grassi Filho & Santos (2004). Isso indicou que é necessária a realização de mais estudos relacionados à distribuição do tamanho de partículas e ao percentual de macroporos,
visando tornar esse substrato de coco
verde, adequado à produção de mudas.
O percentual médio de água disponível
(AD) nos tratamentos à base de coco
verde (Tabela 2), foi de 9%, situandose abaixo dos 50% sugeridos por De
Boodt et al. (1974). Isso pode ter sido
decorrência da relação entre o volume
do cilindro utilizado para conter a amostra de substrato e a massa de substrato
utilizada para encher o cilindro.
Para a variável água tamponante
(AT) o valor médio determinado nesses
mesmos tratamentos (Tabela 2), foi de
5%, ficando entre 4% e 10% sugeridos
por Fermino (2003). O valor médio de
água remanescente (AR) nos tratamentos à base de coco verde foi de 4% (Tabela 2). Esse valor, obtido na tensão de
10 kPa, pode ser um agravante para a
produção de mudas de hortaliças, principalmente se ocorrerem erros no manejo da irrigação. A fibra de coco verde, após atingir um reduzido teor de
água, pode necessitar de alto volume de
água para iniciar o processo de
reidratação.
Na comparação e/ou apresentação de
resultados de análises físicas de
substratos agrícolas é importante definir que porosidade total (PT) não é equivalente ao teor volumétrico de água na
tensão de zero kPa, como arbitrariamente, em alguns casos, vem sendo definida. A porosidade influencia significativamente nos cálculos das outras variáveis alicerçadas na curva de retenção de
água, principalmente no cálculo do espaço de aeração. Para evidenciar diferenças e possibilitar uma comparação
com os valores na Tabela 2, a seguir, são
apresentados os valores das variáveis
porosidade total (PT) considerada equivalente ao teor volumétrico de água na
tensão de zero kPa e os valores de espaço de aeração (EA) considerados equivalente ao teor volumétrico de água nas
tensões entre zero e 1 kPa, obtidos para
os mesmos tratamentos avaliados: PT
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Mini sensor Irrigas® na determinação da curva de retenção de água em substratos para hortaliças
(%) em S0 (13,94); S45 (11,70); S90
(11,50); S135 (15,60) e S180 (12,30) e
EA (%) em S0 (0,24); S45 (0,54); S90
(0,36); S135 (0.50) e S180 (0,38).
A metodologia utilizada neste trabalho, além de acelerar a obtenção de resultados pode proporcionar maior
confiabilidade quando o objetivo for
determinar a porosidade total (PT), o
espaço de aeração (EA) e as variáveis
alicerçadas na curva de retenção de água
em substratos para plantas.
Os resultados obtidos constituíramse em indicativos da possibilidade de
uso do mini sensor Irrigas® na determinação de curvas de retenção de água em
substratos destinados à produção de
mudas e ao cultivo de hortaliças;
alertaram para a necessidade de adequação do tamanho de partículas desse
substrato de coco verde, visando redução do espaço de aeração e aumento do
teor de água retida, principalmente nas
tensões entre 1 e 5 kPa e, geraram perspectivas para a realização de outros estudos futuros, visando comparar resultados deste com os de outros métodos.
O tempo necessário para obtenção
de resultados; a possibilidade de rompimento da coluna de água quando se
utiliza o método dos funis e a dificuldade de determinação de equilíbrio entre
a pressão aplicada e a água retida na
amostra de substrato, quando se utilizam equipamentos de alta pressão, como
a câmara de Richards, são exemplos de
características importantes para comparações futuras com o uso do mini sensor
Irrigas®, quando o objetivo for determinar a curva de retenção de água em
substratos para plantas.
AGRADECIMENTO
Aos laboratoristas Pedro Maria Basílio do Amaral e João Batista Gomes.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
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Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana
Geraldo M de Resende1; Jony E Yuri2; Rovilson J de Souza3
2
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56302-970 Petrolina-PE; 2UNINCOR, Av. Castelo Branco, 82; Chácara das Rosas, 37410-000 Três
Corações-MG; 3UFLA-Depto Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar a influência de épocas de plantio e
doses de zinco sobre o rendimento da alface tipo americana (Lactuca
sativa L.), realizou-se um experimento no município de Três Pontas-MG, sob delineamento de blocos ao acaso, em parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas pelas
épocas de plantio (outono e inverno) e as subparcelas pelas doses de
zinco (0,00; 0,18; 0,36; 0,54 e 0,72 kg/ha), sendo utilizada a cultivar
Raider. A maior massa fresca total, comercial e circunferência da
cabeça foram observadas no plantio de inverno e o maior comprimento do caule pelo plantio de outono. Os maiores rendimentos de
massa fresca total e comercial e máxima circunferência da cabeça
foram obtidos com as doses 0,45; 0,49 e 0,44 kg/ha de zinco. O
comprimento do caule não foi influenciado pelas doses de zinco.
Influence of planting times and zinc doses on crisphead
lettuce
Palavras-chave: Lactuca sativa, massa fresca total e comercial, micronutrientes.
Keywords: Lactuca sativa, fresh mass, total and commercial yield,
micronutrient.
An experiment was carried out in Três Pontas County, Minas Gerais
State, Brazil to evaluate the influence of planting times and zinc doses
on yield of crisphead lettuce (Lactuca sativa L.), cv. Raider. The trial
was a split-plot arranged as randomized complete block design with
four replications. The main plots (winter and autumn season)
constituted the growing season and, the zinc doses (0.0; 0.18; 0.36;
0.54 and 0.72 kg/ha) were the subplot factors. The highest values of
total and commercial fresh mass and, head circumference were
obtained in the winter season and, of stem length in the autumn season.
The highest yields of total and commercial fresh mass and, of maximum
head circumference were verified using zinc doses of 0.45; 0.49 and
0.44 kg/ha. The zinc doses did not influence the stem length.
(Aceito para publicação em 11 de abril de 2007; aceito em 8 de setembro de 2008)
(Received in April 11, 2007; accepted in September 8, 2008)
A
alface americana vem adquirindo
importância crescente no país. O
plantio deste tipo de alface visa atender
as redes fast food e, atualmente, tem-se
constatado o aumento no consumo desta hortaliça também na forma de salada. É a hortaliça folhosa de maior valor
comercial no Brasil (Santos et al. 2001).
A época de plantio é um fator fundamental no cultivo da alface tipo americana, por se tratar de uma planta bastante influenciada por condições
ambientais uma vez que se adapta melhor às regiões de clima ameno (Moreira
et al., 2001). Por outro lado, o cultivo
em ambiente protegido por cobertura
plástica tem viabilizado a produção de
alface durante todo o ano nas regiões
tropicais e subtropicais. A cobertura protege as plantas contra danos provocados por chuvas, ventos fortes e incidência direta da radiação solar e geada, em
regiões de inverno muito frio
(Castellane & Araújo, 1995).
A temperatura é o fator ambiental
que mais influencia na formação da cabeça pois está relacionada com o
florescimento (Whitaker & Ryder,
1974). De acordo com Sanders (1999),
510
a alface americana se adaptada às condições de temperatura amena, tendo
como ótima a faixa entre 15,5 e 18,3ºC.
Entre 21,1 e 26,6ºC, a planta floresce e
produz sementes. No entanto, pode tolerar alguns dias com temperaturas de
26,6 a 29,4ºC, desde que as temperaturas noturnas sejam baixas.
Outro fator que pode afetar o desenvolvimento da planta é o fotoperíodo, o
qual, segundo Conti (1994), não é problema para o cultivo de verão no Brasil
pois as cultivares européias importadas
já estão adaptadas a dias mais longos
do que os que ocorrem no país. A expansão da cultura está ocorrendo em
áreas de latitudes menores, conseqüentemente, o fotoperíodo não é obstáculo.
Entretanto, em regiões ou localidades de
menores latitudes, normalmente há
ocorrência de temperaturas mais altas.
Nestas situações, há a necessidade de
se escolher áreas de maiores altitudes,
pois estas influenciam diretamente a
temperatura local. Verifica-se que nas
regiões serranas do Rio de Janeiro e no
cinturão verde de São Paulo, em altitudes superiores a 800 m é possível cultivar a alface tipo americana ao longo do
ano. Já em localidades com altitude inferior a 400 m (temperaturas altas), desde que se utilize cultivares adaptadas,
pode-se cultivar a alface na maioria dos
meses (Filgueira, 2000).
Em plantio de inverno, Bueno
(1998) obteve para a cultivar Lorca,
massa fresca total e comercial de 801,2
e 461,2 g/planta, respectivamente; enquanto Mota (1999) obteve 1000,0 e
695,0 g/planta, respectivamente. Já
Alvarenga (1999), usando a cultivar
Raider, obteve massa fresca total e comercial de 1011,0 e 676,8 g/planta, respectivamente. Por outro lado, Yuri et al.
(2002) obtiveram maiores produtividades de massa fresca total, comercial e
circunferência da cabeça com o uso de
várias cultivares em plantio de outono
em comparação com o cultivo de verão.
Também no outono, Yuri et al. (2005)
encontraram resultados semelhantes.
O processo produtivo brasileiro passa por uma fase em que a produtividade, a eficiência, a lucratividade e a
sustentabilidade são aspectos que requerem maior atenção. Neste contexto, os
micronutrientes, cuja importância é conhecida há várias décadas, apenas reHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana
centemente passaram a ser utilizados de
modo rotineiro nas adubações. Em especial tem-se o zinco, cuja importância
é indiscutível em razão das freqüentes
situações de deficiência em culturas em
geral (Abreu et al., 2001).
Os solos brasileiros, de maneira geral, são pobres em zinco devido ao material de origem, uma vez que este elemento nutriente tem como fonte primária os minerais ferro-magnesianos
(Chesworth, 1991), que estão relacionados com rochas básicas, e a maioria dos
solos do Brasil, são formados a partir
de rochas ácidas e, ou, sedimentares. A
produção em áreas de cerrado, normalmente pobres em micronutrientes, principalmente zinco e boro, torna a prática
da adubação com esses nutrientes de
grande importância para a cultura. Segundo Moreira et al. (2001), em alface,
na ausência de Zn, as raízes permaneceram escuras, e as folhas apresentavam
textura coriacéa com necrose nos bordos, menor área foliar, e menor número
de folhas. Os sintomas de carência de
zinco ocorrem, especialmente em baixadas esgotadas pelo cultivo intensivo,
podendo ser corrigidos pela adubação
foliar (Filgueira, 2000).
O efeito positivo do fornecimento de
zinco solução nutritiva em alface é relatado por Moreira et al. (2001) que
observaram com relação à matéria seca
da planta inteira, no nível baixo de P,
não haver efeito da adição de Zn na solução nutritiva; sendo que no nível normal de P, a adição de Zn proporcionou
maior produção de matéria seca, e no
nível alto de P, as doses normal e alta de
Zn proporcionaram maiores incrementos na produção de matéria seca. Fontes
et al. (1982) em estudo conduzido por
dois anos, observaram que na ausência
do Zn ocorreram decréscimos médios
25,5; 31,1 e 17,4%, respectivamente, na
produção total e comercial e na massa
fresca da cabeça de alface. Por outro
lado, Iorio et al. (1996), não encontraram efeitos do Zn e do P sobre área foliar e a produção de matéria seca da parte
aérea e da raiz de alface, em meio
hidropônico.
As informações relativas à aplicação
de zinco na produção de alface, ainda
são restritas e não conclusivas. Por essa
razão, os produtores realizam pulveriHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
zações foliares semanais com produtos
contendo zinco, sem a garantia de que
este procedimento seja adequado, gerando preocupação quanto à sua eficiência
e aproveitamento pela cultura.
Em razão do exposto, realizou-se um
trabalho com o objetivo de avaliar diferentes épocas de plantio e doses de zinco via foliar no cultivo de alface tipo
americana, nas condições do Sul de
Minas Gerais.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no município de Três Pontas, Sul de Minas
Gerais, a uma altitude de 870 m, situada a 21º22’00’’ de longitude sul e
45º30’45'’ de longitude oeste (IBGE,
2004). O solo da área experimental foi
classificado como Latossolo Vermelho
Distroférrico, textura argilosa
(EMBRAPA, 1999), apresentando as
características químicas: K: 99,2 mg dm-3;
P: 44,0 mg dm-3; Ca: 4,3 cmolc dm-3; Mg:
0,8 cmolc dm-3; Al: 0,0 cmolc dm-3; H +
Al: 2,0 cmolc dm-3; Zn: 1,1 mg dm-3; Fe:
29,9 mg dm-3; Mn: 12,2 mg dm-3; Cu:
1,0 mg dm-3; B: 0,6 mg dm-3; pH em H20
(1:2,5): 5,8 e matéria orgânica: 21 g kg-1.
Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro
repetições, em parcelas subdivididas,
sendo as parcelas constituídas pelas épocas de plantio (outono, com semeadura
em 04/02/02 e inverno com semeadura
08/04/02 ) e as subparcelas pelas cinco
doses de zinco (0,00; 0,18; 0,36; 0,54 e
0,72 kg/ha), sendo utilizada a cultivar
Raider. Como fonte de zinco utilizouse o sulfato de zinco (20% de Zn) sendo
a aplicação realizada via pulverização
foliar aos 21 dias após o transplantio.
Utilizou-se um pulverizador manual
com 4 L de capacidade, em máxima
pressão, calibrado para gastar 300 L de
calda por hectare, não sendo usado qualquer tipo de adesivo.
As parcelas experimentais constituíram-se de canteiros com quatro linhas de 2,1 m de comprimento, com
espaçamento entre linhas de 0,30 m e
entre plantas de 0,35 m. As linhas centrais formaram a área útil, desprezando-se as duas plantas de cada extremidade. Os canteiros em número de dois
foram cobertos por estruturas de pro-
teção (túnel alto com 2,0 m de altura,
constituído por tubos de ferro galvanizados, cobertos com filme plástico
transparente de baixa densidade,
aditivado com anti-UV, de 100
micrômetros de espessura) e revestidos
com filme plástico preto “mulching”,
de 4 m de largura e 35 micrômetros de
espessura.
Na adubação de plantio utilizou-se
68 kg/ha de N, 418 kg/ha de P2O5 e 136
kg/ha de K2O, incorporados ao solo com
enxada rotativa na camada de 0,0-0,20
m. As adubações de cobertura foram
realizadas por meio de fertirrigações
diárias durante todo o ciclo da cultura,
totalizando 40 kg/ha de N e 85 kg/ha de
K2O, utilizando como fontes uréia e
cloreto de potássio.
O transplante das mudas, formadas
em bandejas multicelulares de 288 células cada uma, preenchidas com
substrato artificial (Plantmax), foi realizado após 30 dias da semeadura. As
irrigações foram diárias e os demais
tratos culturais foram os comuns à cultura.
A colheita foi realizada aos 74 dias
após a semeadura no outono e aos 92
dias no inverno, sendo avaliadas a massa fresca total e comercial (g/planta);
circunferência da cabeça comercial (cm)
e comprimento do caule (cm). Os dados foram submetidos à análise de
variância, e quando necessário, as médias foram comparadas pelo teste Tukey
a 5%, ou ajustados a equações de regressão polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve efeitos significativos independentes para a época de plantio e doses de zinco para todas as características avaliadas, à exceção do comprimento de caule, que não apresentou efeito
para doses, não se observando efeitos
da interação entre os fatores.
O rendimento de massa fresca total
no cultivo de inverno (942,2 g/planta)
foi significativamente superior ao de
outono (748,8 g/planta) (Tabela 1). Mota
(1999) e Alvarenga (1999) em cultivo
de inverno obtiveram massa fresca total por planta pouco superior com 1000
e 1011 g/planta (cvs. Lorca e Raider,
respectivamente). Já Yuri et al. (2004a)
511
GM Resende et al.
Tabela 1. Massa fresca total e comercial, circunferência da cabeça e comprimento do caule
da alface tipo americana em função da época de plantio (total and commercial fresh mass,
head circunference and stem lenght of crisphead lettuce, depending on the planting season).
Três Pontas-MG, Embrapa Semi-Árido, 2002.
1
Médias seguidas pela mesma letra nas linhas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade (means followed by the same letter in the line did not differ
from each other, Tukey, 5%); **Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste de
F (**significant at the level of 1% probability, F test); *Significativo ao nível de 5% de
probabilidade, pelo teste de F ((*significant at the level of 5% probability, F test).
Figura 1. Massa fresca total e comercial de alface tipo americana em função de doses de
zinco (total and commercial fresh mass of crisphead lettuce as a result of zinc doses). Três
Pontas-MG, Embrapa Semi-Árido, 2002.
em condições de outono, obtiveram variações entre 594 a 1075 g/planta para
diversas cultivares.
Para massa fresca comercial os resultados do cultivo de inverno (564,9 g/
planta) foram significativamente superiores aos de outono (467,0 g/planta)
(Tabela 1). Estes resultados são inferiores aos obtidos por Alvarenga (1999)
que encontrou em plantio de inverno
uma massa comercial de 677 g/planta.
Por outro lado, Yuri et al. (2004 a), em
cultivo de outono, encontraram variações entre 427 a 739 g/planta entre diferentes cultivares avaliadas. Os melhores resultados obtidos no inverno podem
ser explicados pela origem mediterrânea da alface, que se adapta melhor a
condições de clima mais frio, já que
nesta região as temperaturas médias
variam de 10 a 20ºC (Lindquivist, 1960;
Cásseres, 1980).
512
Quanto à massa fresca total por planta em função das doses de Zn, ajustouse um modelo quadrático. A dose 0,45
kg/ha proporcionou maior massa (Figura 1). Resende et al. (2005a) obtiveram
maior massa fresca total com a dose de
0,36 kg/ha de zinco no outono, enquanto Bebé et al. (2004) observaram um
aumento linear com a aplicação de sulfato de zinco nas doses de 0,0 a 0,6%,
utilizando a cultivar Grand Rapids, no
verão.
Assim como para a produção de
massa fresca total, o melhor ajuste para
os dados de produção de massa fresca
comercial, em função das doses de zinco, foi obtido com modelo quadrático.
A máxima produção (548,9 g/planta) foi
obtida com a dose de 0,49 kg/ha de zinco (Figura 1). Pode-se considerar que
este resultado está de acordo com o que
foi apresentado por Yuri et al. (2003),
que obtiveram maior massa fresca comercial com a dose de 0,41 kg/ha de
zinco em condições de inverno, com a
mesma cultivar. Fontes et al. (1982)
observaram um decréscimo médio de
25,5 e 31,1%, na produção total e comercial, em dois anos de estudo, na ausência da adubação com zinco em diferentes cultivares. Já Moreira et al.
(2001) relataram efeito positivo da adição de zinco associado ao fósforo, na
área foliar e na produção de massa seca
da alface cultivada em solução nutritiva em casa de vegetação. O efeito significativo da aplicação de zinco, com
conseqüente incremento na produtividade, deve-se provavelmente, à sua principal função como ativador enzimático,
estando diretamente envolvido no metabolismo do nitrogênio (Faquin, 1997),
sendo ainda importante para o crescimento (Grewal et al., 1997) e para
manutenção da integridade da membrana plasmática da raiz (Welch & Norvell,
1996).
Para comprimento do caule (Tabela
1) o cultivo de inverno (3,7 cm) foi significativamente inferior ao de outono
(5,7 cm), sendo este efeito observado
apenas para épocas. Yuri et al. (2004a)
observaram variações no comprimento
do caule de diferentes cultivares no outono oscilando entre 2,9 e 4,9 cm.
Salienta-se que a melhor performance
observada do cultivo no período de temperaturas mais baixas (inverno), nos
meses de maio a julho, evidenciando
menor comprimento do caule, é plenamente justificado pela melhor adaptação da cultura, pois, segundo Whitaker
& Ryder (1974), a temperatura é o fator
ambiental que mais influencia na formação de cabeça, uma vez que está relacionada com o florescimento, que por
sua vez acelera-se com maior temperatura. Resende et al. (2005a), salientam
que há uma tendência da alface americana em condições de cultivo de verão
(temperatura mais altas) apresentar
maiores comprimentos de caule comparativamente ao cultivo de inverno onde
esta se mostra perfeitamente adaptada.
Neste contexto, mesmo em condições
de temperaturas intermediárias (outono)
este fato ficou evidenciado.
Não se observou efeito significativo para doses de zinco no comprimento
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Épocas de plantio e doses de zinco em alface tipo americana
do caule que variou de 4,5 a 4,8 cm.
Resultados corroborados por aqueles
obtidos por Resende et al. (2005b) que
também não verificaram efeito da aplicação de zinco no comprimento do caule. Menores comprimentos de caule são
desejáveis para este tipo de alface (americana), principalmente quando destinada à indústria de beneficiamento (onde
as cabeças são fatiadas e embaladas),
minimizando as perdas durante o
processamento. Quando excessivamente
comprido, acarreta menor compacidade
da cabeça e dificulta o beneficiamento,
afetando a qualidade final do produto
(Yuri et al., 2002). Na prática, caules de
até 6,0 cm seriam mais adequados, sendo aceitáveis até 9,0 cm; Acima deste
valor não seria indicado para
processamento industrial (Resende,
2004). Neste contexto, os valores de
comprimento de caule, independente de
épocas e doses de zinco ficaram abaixo
de 6,0 cm, estando dentro da faixa considerada adequada, não afetando a qualidade do produto final.
A circunferência da cabeça comercial foi influenciada significativamente
tanto pela época de plantio (Tabela 1)
quanto pelas doses de zinco (Figura 2).
O plantio de inverno apresentou maior
circunferência (44,1 cm) e menor valor
foi observado para o cultivo de outono,
quanto a circunferência da cabeça comercial atingiu 39,2 cm. Yuri et al.
(2004a) obtiveram variações no plantio
de outono entre 39,2 e 49,2 cm, enquanto em condições de inverno, verificaram-se oscilações entre 35,6 e 49,2 cm
(Yuri et al., 2004b). O efeito do zinco
sobre o crescimento da alface é relatado por Zinc (1966), que obteve maior
número de folhas e massa fresca da cabeça comercial. Fontes et al. (1982)
observaram decréscimo de 17,4% no
tamanho médio da cabeça de alface em
estudo conduzido por dois anos. Salientaram a grande importância do zinco no
desenvolvimento e produção da alface.
A circunferência da cabeça está diretamente relacionada com a massa fresca
da parte comercial, importante para o
produtor, pois a remuneração, neste
caso, ocorre de acordo com a massa fresca da cabeça da alface. Quanto maior a
cabeça, normalmente maior é a massa
fresca da planta. Esta é, também, uma
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
característica importante para a indústria, pois afeta sobremaneira o rendimento no beneficiamento, no qual cabeças muito pequenas, diminuem o rendimento dos operadores.
No que se refere às doses, a circunferência da cabeça, ajustou-se a um
modelo quadrático (Y = 39,6360 +
7,3005X - 8,2396*X2 R2 = 0,93), sendo
que a dose 0,44 kg/ha de zinco proporcionou maior circunferência. Yuri et al.
(2003) obtiveram maior circunferência
da cabeça comercial com a dose de 0,52
kg/ha de zinco em condições de inverno, assim como Fontes et al. (1982),
concluíram ser o zinco de grande importância para o desenvolvimento e produção da alface. Maior circunferência
da cabeça em função da aplicação de
zinco está diretamente relacionada ao
seu comportamento no metabolismo da
planta, como já indicado anteriormente
(Faquin, 1997; Grewal et al., 1997).
Em função dos resultados obtidos no
presente trabalho, pode-se concluir que
o cultivo da alface tipo americana, cv.
Raider, é viável nas duas épocas de cultivo testadas, sendo o plantio sob condições de clima mais ameno (inverno) o
mais adequado para a cultura. Recomenda-se a dose de 0,49 kg/ha de zinco para
maximizar a produtividade comercial.
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Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e
em ambiente protegido
Roberto L Villas Bôas1; Leandro José G de Godoy2; Clarice Backes3; Claudinei Paulo de Lima3; Dirceu M
Fernandes1
1
UNESP-FCA, Depto. Recursos Naturais, Ciência do Solo, C. Postal 237, 18610-907 Botucatu-SP (autor para correspondência);
UNESP-Unidade Diferenciada de Registro, R. Tamekishi Takano, 195, 11900-000 Registro-SP; 3Doutorandos UNESP-FCA;
[email protected]
2
RESUMO
ABSTRACT
Foram avaliadas a exportação de nutrientes por cultivares de
rosas e as características que refletem qualidade em campo e ambiente protegido. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, sendo os tratamentos constituídos por 15 e 12 cvs. em
ambiente protegido e em campo, respectivamente, com três repetições. Cada unidade experimental foi constituída por duas plantas,
sendo coletada uma haste por planta. Foram determinados o diâmetro da haste e do botão floral, comprimento da haste, fitomassa
seca e acúmulo de macro e micronutrientes pelas hastes colhidas.
Plantas que apresentaram hastes com maior comprimento e diâmetro apresentaram também maiores quantidades de nutrientes extraídos. Os nutrientes extraídos em maiores quantidades foram o N e
o K. Com base na quantidade de nutrientes extraídos é possível que
se faça o agrupamento de cvs. para estabelecer uma recomendação
de fertilizantes para as cvs. com exigência nutricional semelhante.
Nutrients exportation and quality of rose cultivars in field
and in a protected environment
Palavras-chave: Rosa sp., nutrientes, extração, flores.
Keywords: Rosa sp., nutrients, extraction, flowers.
The nutrient exportation from rose cultivars and characteristics
that reflect quality in the field and in a protected environment were
evaluated in this research. A completely randomized design was
adopted, and in the protected environment the treatment was
constituted of 15 cvs. and in the field of 12, with three repetitions.
Each experimental unit consisted of two plants, being collected one
branch per plant. Branches and flower bud diameter, branch length,
dry matter and the macro and micronutrients contents in the branches
were determined. Plants with greater length and diameter of branches
also showed larger quantity of extracted nutrients. The nutrients taken
in larger quantities were N and K. Based on the amount of extracted
nutrients, it is possible to establish groups of cvs. with similar
nutritional requirement for the recommendation of fertilizers.
(Recebido para publicação em 8 de agosto de 2007; aceito em 24 de setembro de 2008)
(Received in January 3, 2007; accepted in July 9, 2008)
D
entre os produtos mais importantes da floricultura mundial, as rosas têm se destacado, movimentando
valores da ordem de dez bilhões de dólares anualmente (Guterman, 2002).
Embora existam flutuações no ranking
mundial das flores de corte mais vendidas, a rosa sempre se posiciona entre as
três mais procuradas (Daudt, 2002).
A floricultura brasileira vem conquistando o mercado externo, com aumento
de 30% no valor da exportação de seus
produtos em 2003, tendo o estado de São
Paulo contribuído com 75% do valor da
exportação total de US$20 milhões (Santos & Kiyuna, 2004). O Brasil é um grande produtor de rosas de corte, atendendo
tanto o mercado externo como o interno,
com grande potencial para aumento na
produção (Novaro, 2005).
A rosa apresenta boa facilidade de
cruzamentos, possibilitando gerar híbridos. O primeiro híbrido de rosa foi introduzido em 1867 e desde então mais
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
de 10.000 variedades têm sido obtidas.
Atualmente no Centre for Variety
Research, Holanda, cerca de 2.800 híbridos têm sido submetidos ao registro
de proteção de cultivares e esse número
tem aumentado, em média, 80 variedades por ano (Esselink et al. 2003).
Os países que mais investem em pesquisas para obtenção de novas variedades
são Holanda, Alemanha, Estados Unidos
e Colômbia, patrocinadas geralmente por
empresas privadas (Casarini et al., 2004).
Segundo estes mesmos autores, atualmente, as variedades de rosas são distinguidas
principalmente pela coloração das pétalas, forma do botão, tamanho das hastes,
produtividade (hastes m-2) e resistência às
doenças. O comprimento da haste é uma
característica especial na comercialização
de rosas de corte devido ao aumento do
seu valor comercial de acordo com seu
comprimento (Casarini, 2004).
Os consumidores e principalmente
o mercado estrangeiro exigem quanti-
dade e qualidade das rosas produzidas.
Desse modo é necessário conhecer os
aspectos mais importantes da produção,
sendo que no Brasil existem poucos dados científicos sobre técnicas de produção de flores (Folegatti et al., 2001).
Dentre os tratos culturais envolvidos na
produção de rosas, a nutrição das plantas
assume um papel muito importante. O estudo de necessidade de nutrientes em rosas
tem recebido atenção, pois é fundamental
para conhecer as exigências em fertilizantes, que não provoquem aumento excessivo da condutividade elétrica do solo ou do
substrato, promovendo equilíbrio adequado entre os nutrientes. Entretanto, para elaborar uma solução contendo nutrientes em
quantidades ideais é necessário conhecer a
absorção de cada elemento químico pela
planta, relacionando-as com os fatores
ambientais, substratos e características da
espécie (Eymar et al., 1998).
Vale ressaltar que pode ocorrer uma
diferença dentro da própria espécie, sen515
RL Vilas Bôas et al.
Tabela 1. Comprimento da haste, diâmetro do caule e botão e matéria seca das diferentes
cultivares de roseiras em cultivo protegido e em campo (branch length, stem and bud diameter
and dry matter of different rose cultivars in field and protected environment). Botucatu,
UNESP-FCA, 2007.
Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade
(same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability).
do que cada variedade apresenta uma
necessidade nutricional diferenciada.
Na prática, a adubação feita em rosa
tanto no campo como em cultivo protegido, segue um padrão, não havendo
adubação específica para as cultivares,
exceto quando ocorrerem deficiências
observadas visualmente na planta. No
entanto, observa-se que cultivares de
rosa, além de gerarem hastes de tamanho diferenciado, também variam quanto ao número de hastes por m2.
O objetivo deste trabalho foi avaliar
a exportação de nutrientes por cultiva516
res de rosas e características que refletem qualidade em campo e ambiente
protegido.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo consistiu da instalação de
dois experimentos, em campo e em condições de ambiente protegido realizados
em Holambra II, distrito de
Paranapanema-SP.
No experimento em ambiente protegido utilizou-se uma estufa geminada
do tipo Arco com cobertura de
polietileno de baixa densidade (PEBD)
transparente, com espessura de 0,15
mm, aditivada contra raios ultravioleta
e difusor de luz.
O delineamento experimental utilizado nos experimentos foi inteiramente
casualizado, sendo os tratamentos constituídos por 15 cvs. de rosa em ambiente protegido e 12 em campo, com três
repetições. Cada unidade experimental
foi constituída por duas plantas, sendo
coletada uma haste por planta.
As cultivares utilizados em ambiente protegido foram Adventure, Água,
Avalanche, Bugnat, Carola, El toro,
Leônidas, Lipstique 1, Lipstique 2,
Marlicie, Movistar, Osiana, Vegas,
Virgínia e Wow. Em campo: Ambience,
Carola, Dallas, Dolores, Lipstique,
Miracle, Osiana, Racol, Texas, Tiresk,
Vegas e Virgínia.
O sistema de plantio, tanto em estufa como em campo, foi em canteiros de
0,15 m de altura, sendo as plantas espaçadas de 0,10 m e 1,0 m entre linhas.
Essas cultivares foram fertilizados
através da fertirrigação, não havendo
diferença na quantidade de fertilizante
aplicado em função de cada variedade.
A fertirrigação constituiu de duas fórmulas de fertilizantes específicas para
duas fases de cultivo, uma de formação
e outra de produção. Na fase vegetativa
as quantidades de nutrientes aplicadas
em g planta-1 ano-1 foram: 10 g de N,
2,70 g de P, 10 g de K2O, 2,70 g de Ca,
0,90 g de Mg, 1,30 g de S, 0,05 g de Zn,
0,013 g de Cu, 0,2 g de Fe, 0,06 g de
Mn e 0,04 g de B. Na fase reprodutiva
aplicou-se 20; 5,50; 20 e 5,40 g planta-1
ano-1 de N, P, K2O e Ca, respectivamente, sendo que para os demais nutrientes
utilizou-se a mesma quantidade da fase
vegetativa. O manejo da irrigação foi
realizado fixando a freqüência de irrigação em dois dias.
No início do período de produção,
os ramos basais foram podados para a
brotação das hastes comerciais. No ponto de corte, momento em que as flores
estão fechadas, não cerradas, mas apenas começando a abrir, realizou-se o
corte de cada haste a partir do ponto de
brotamento da mesma.
O comprimento da haste foi medido
entre o ponto de corte até a base do botão utilizando uma régua graduada em
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido
centímetros; o diâmetro foi avaliado na
parte média da haste e o botão na parte
basal, ambos através de um paquímetro
digital graduado em milímetros.
Após realização dessas medidas, as
hastes foram lavadas para a eliminação
de resíduos de agrotóxicos e poeira,
acondicionadas em sacos de papel e secas em estufa de circulação de ar forçada por 72 horas na temperatura de 65°C.
Em seguida, o material foi pesado, determinada a fitomassa seca, moído e
enviado para o laboratório da FCA para
determinação da concentração de nutrientes, de acordo com a metodologia
modificada de Malavolta et al. (1997).
A quantidade de nutrientes extraídos por
haste foi calculada pelo produto da
fitomassa seca e da concentração dos
mesmos.
Os resultados foram submetidos à
análise de variância em cada experimento separadamente (ambiente protegido
e campo) e as médias comparadas utilizando-se teste de Scott-Knott a 5% utilizando o programa Sisvar versão 4.6
(Ferreira, 2003). As correlações foram
feitas pelo método de Pearson.
Tabela 2. Extração de macronutrientes pelos diferentes cultivares de roseiras em cultivo
protegido e em campo (macronutrients extraction by different roses cultivars in a protected
environment and in the field). Botucatu, UNESP-FCA, 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferença entre o comprimento da haste das cultivares avaliadas, sendo que esses valores variaram de 45,7 a
74,8 cm quando cultivadas em ambiente protegido e de 50,9 a 70,8 cm quando
cultivadas em campo (Tabela 1). Em
ambiente protegido, as cultivares que
apresentaram maior comprimento da
haste foram Vegas, Movistar, Leonidas,
Osiana, Marlice, Carola e Vírginia e em
cultivo a campo: Dallas, Dolores, Vegas,
Ambiance, Miracle e Osiana. Verificamse em ambos os experimentos, que as
cultivares com maior comprimento da
haste apresentam tamanho ideal ou próximo ao ideal exigido pelo mercado (70
cm) (Sebrae, 2006).
Casarini (2004) estudando a aplicação de N e K via fertirrigação em rosa,
cultivar Versilha, observou que em todos os tratamentos os valores médios de
comprimento de haste foram abaixo de
50 cm, o que diminui o valor comercial
da produção. Para a floricultura são necessários produtividade e qualidade do
produto ofertado, sendo características
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade
(same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability).
importantes no cultivo de rosas, o tamanho e cor do botão, a durabilidade, além
do diâmetro e comprimento da haste
(Aguirre, 2002).
Observou-se que houve diferença
entre as cvs. quanto ao diâmetro da haste nas duas situações de cultivo (Tabela
1). Em ambiente protegido os maiores
valores foram encontrados em Leonidas,
Adventure, Movistar, Osiana, Vegas,
Virgínia, Bugnat e Lipistique 1. No cultivo em campo as cultivares Ambience
e Dallas apresentaram maiores diâmetros da haste (9 mm). Para Aguirre
(2002) a nutrição de roseira deve ser
diferenciada para cada cultivar, pois
cultivares com haste de maior diâmetro
requerem maior quantidade de nutrientes. Este mesmo autor ressalta ainda a
importância das hastes de maior diâmetro para aumento da durabilidade da flor
após a colheita.
Houve correlação entre o diâmetro
da haste e a quantidade de
macronutrientes extraídos pela planta,
demonstrando que cultivares com maior
diâmetro necessitam de maiores quantidades de nutrientes conforme observa517
RL Vilas Bôas et al.
Tabela 3. Extração de micronutrientes pelos diferentes cultivares de roseiras em cultivo
protegido e em campo (micronutrients extraction by different roses cultivars in a protected
environment and in the field). Botucatu, UNESP-FCA, 2007.
Letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
(same letters in the column do not differ by Scott-Knott test, 5% of probability).
ções de Aguirre (2002). Todas as correlações foram significativas a 1%, sendo
que os valores de R2 para o cultivo protegido foram de 0,77; 0,74; 0,77; 0,72;
0,72 e 0,66 para N, P, K, Ca, Mg e S,
respectivamente. Para o cultivo em campo foram observados os valores de R2:
N = 0,92; P = 0,87; K = 0,84; Ca = 0,88;
Mg = 0,87 e S = 0,95.
Para o cultivo em campo a cultivar
Carola apresentou maior diâmetro de botão (37,6 mm), quando comparada às demais, sendo que para essa mesma cultivar
em ambiente protegido o diâmetro do bo518
tão foi de 28,7 mm, resultado inferior aos
valores obtidos para Avalanche, Bugnat e
Lipstique 2 (Tabela 1). Casarini (2004)
obteve valor médio de diâmetro de botão
de 25,53 mm ao estudar a cultivar Versilha.
Verifica-se que ocorreu diferença
entre as cultivares para fitomassa seca
nos dois experimentos (Tabela 1). As
cultivares Leonidas, Movistar, Osiana,
Vegas e Virgínia obtiveram maior
fitomassa seca quando comparadas às
demais. Para o cultivo em campo as cultivares Ambience e Dallas apresentaram
maiores valores de matéria seca.
Verifica-se que houve diferença entre as cultivares em relação às quantidades de macro e micronutrientes nas
haste nos dois experimentos (Tabelas 2
e 3). Em ambiente protegido a cultivar
Leonidas apresentou maior acúmulo de
nitrogênio.
Para
os
demais
macronutrientes, outras cultivares igualaram-se estatisticamente.
Cabrera (2002) avaliando a cultivar
Bridal Wite sobre quatro porta-enxertos (R. manetti, R. x odorata, R. x Natal Briar e R. x Dr. Huey) verificou diferença entre as mesmas nos teores de
P, K, Mg, Mn, Fe, B e Zn podendo dessa forma influenciar na quantidade de
nutrientes extraídos pelas plantas, ressaltando a necessidade nutricional diferenciada, mesmo dentro da mesma
espécie.
No cultivo em campo, em geral, as
cultivares Ambience e Dallas extraíram
maiores quantidades dos nutrientes,
correspondendo também às cultivares
que produziram maior fitomassa seca.
A
extração
média
dos
macronutrientes (mg haste-1) pelas cultivares em ambiente protegido e em
campo foi: N (234) > K (177) > Ca (100)
> P (26) > Mg (24) = S (24) e N (249) >
K (205) > Ca (108) > P (27) > Mg (24)
> S (22), respectivamente. Para os micronutrientes a média em µg haste-1 no
cultivo protegido foi: Mn (2,50) > Fe
(1,70) > Zn (1,54) > B (0,40) > Cu
(0,19). Em campo: Zn (1,22) > Fe (1,11)
> Mn (0,99) > Cu (0,71) > B (0,41).
Os nutrientes mais exportados pelas
plantas foram o N e K, que segundo
Casarini et al. (2004) são os nutrientes
exigidos em maiores quantidades pelas
rosas, pois apresentam funções importantes e distintas no desenvolvimento da
roseira. O nitrogênio é absorvido em
maior quantidade na fase de crescimento vegetativo quando a planta desenvolve mais massa foliar e reservas de
carboidratos que posteriormente serão
usados na formação de ramos basais, formando assim o esqueleto da roseira; já o
potássio é absorvido em maior quantidade na fase de desenvolvimento do botão
floral conferindo tamanho e coloração às
pétalas (qualidade da floração).
A variação na quantidade de nutrientes absorvidos sugere que as cultivares
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Exportação de nutrientes e qualidade de cultivares de rosas em campo e em ambiente protegido
devam receber adubações específicas.
Se for dividido o maior valor de extração pelo menor tem-se para cada nutriente a variação máxima obtida entre
cultivares foi de: N 2,6, P 3,0, K 2,9, Ca
3,5, Mg 3,6 e S 2,9 vezes. Apesar dos
valores de extração serem maiores para
N e K, para Mg, nutriente em relação
ao qual é muito comum de se observar
deficiência em roseiras, as diferenças
são maiores e uma complementação foliar com esse nutriente parece ser uma
alternativa para as culturas.
Segundo Padilha (1999) a extração
de nutrientes depende do tamanho da
planta (grande, médio e pequeno), onde
as maiores extraem as seguintes quantidades de N, P e K: 19,2; 5,5 e 20,9 g
planta -1 ano-1, respectivamente. Com
uma produção de 54 hastes planta-1 ano-1,
essas quantidades correspondem a 354
mg haste-1 de N, 102 mg haste-1 de K e
386 mg haste-1 de K. Verifica-se na Tabela 2 que a quantidade de N extraída
pela cultivar Dallas em campo (343 mg
haste-1) é semelhante à encontrado por
Padilha (1999); entretanto as cultivares
Leonidas em ambiente protegido e
Ambience em campo apresentaram valores maiores de N exportados, 392 e
406 mg haste-1, respectivamente. Verifica-se também que as quantidades de P
e K extraídas pelas hastes foram inferiores aos dados observados por Padilha
(1999).
Em relação aos demais nutrientes, os
níveis requeridos pela planta por ano são
5,41; 1,71 e 1,30 0,04; 0,013; 0,194 e
0,06 g planta-1 para Ca, Mg, S, B, Cu,
Fe e Mn, respectivamente.
Considerando apenas a haste colhida e uma produção média de 100 hastes
por m2 por ano, tem-se que a necessidade mínima de fertilizante a ser aplicada
seria de 406 kg ha-1 de N, 105 kg ha-1 de
P2O5, 413 kg ha-1 de K2O, 180 kg ha-1 de
Ca, 44 kg ha-1 de Mg e 38 kg ha-1 de S.
Tamimi & Matsuyama (1999) utilizan-
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
do a cultivar Odorata no Havaii verificaram uma remoção de 256,2 kg ha-1 de
N, 30,0 kg ha-1 de P, 187,5 kg ha-1 de K,
116,3 kg ha-1 de Ca, 26,0 kg ha-1 de Mg
e 21,1 kg ha-1 de S com uma densidade
de 10 plantas por m2 gerando uma população de 61.775 plantas por hectare e
produção média de 30 hastes por planta
por ano.
Como não é possível estabelecer
uma recomendação de fertilizantes para
cada cultivar, uma solução seria o agrupamento das cultivares em exigências
diferenciadas.
Com base na extração de nutrientes
pelas diferentes cultivares, as mesmas
poderiam ser agrupadas em quatro categorias de acordo com exigência nutricional: muito alta, alta, média e baixa.
Em ambiente protegido: muito alta:
Leonidas, Movistar e Vegas; alta: Carola e Virgínia; média: Adventure,
Avalanche, Bugnat, Lipstique 1,
Lipstique 2, Marlicie e Osiana; baixa:
Água, El toro e Wow. Em campo: muito alto: Ambience e Dallas; alto:
Lipstique, Osiana e Vegas; médio: Carola, Dolores, Texas Tirex; baixo:
Miracle, Racol e Virgínia.
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519
KLUGE RA; VITTI MCD; SASAKI FF; JACOMINO AP; MORETTI CL. 2008. Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated
with citric acid. Horticultura Brasileira 26: 520-523.
Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots
treated with citric acid
Ricardo A Kluge1; Maria Carolina D Vitti1; Fabiana F Sasaki1; Angelo P Jacomino2; Celso L Moretti3
1
USP-ESALQ, Depto. Ciências Biológicas, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; 2USP-ESALQ, Depto. Produção Vegetal; 3 Embrapa
Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]
ABSTRACT
RESUMO
Beet roots cv. Early Wonder were graded for firmness, color and
size, and were peeled inside a cold room (10°C). Roots were then
shredded (2 mm thick), sanitized for 6 minutes (NaClO/200 mg L-1),
rinsed and centrifuged. Fresh-cut beet roots were then treated for 5
minutes with citric acid in the following concentrations: 0 (control),
500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1. The material was centrifuged
again, placed in trays, wrapped with PVC plastic film, and stored at
5°C and 85-90% HR for 10 days. Every two days, treatments were
analyzed for respiratory activity and betacyanin and betaxanthin
contents. The application of citric acid caused the reduction of
respiratory rate in the fresh-cut tissue. In the second day of storage,
control showed the highest respiratory activity among treatments,
reaching around 77 mL CO2 kg-1 h-1. Citric acid solution dips in a
concentration higher than 500 mg L-1 contributed to a decrease in
respiratory activity and no peak in CO2 evolution was observed. There
were significant differences among all treatments during the storage
period for the contents of betacyanin, which were around 40; 45; 48;
51 and 55 mg 100 g-1 for the fresh-cut material treated with 0; 500;
1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric acid, respectively. Also, levels
of betaxanthin were around 25; 29; 33; 35 and 39 mg 100 g-1 for the
material treated with 0; 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric
acid, respectively. The application of citric acid after minimal
processing apparently have the ability to reduce respiratory rate and
the degradation of pigments, which contributes to extend the shelf
life of the fresh-cut product.
Atividade respiratória e metabolismo dos pigmentos de
beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico
Keywords: Beta vulgaris L., respiration, betacyanin, betaxanthin,
minimal processing.
Beterrabas ‘Early Wonder’ foram selecionadas quanto à firmeza, cor e tamanho e descascadas em câmara fria (10ºC). As raízes
foram cortadas (2 mm de espessura), sanitizadas, enxaguadas e
centrifugadas. As beterrabas foram tratadas com ácido cítrico nas
concentrações: 0 (controle), 500; 1000; 1500 e 2000 mg L-1. O produto foi novamente centrifugado, colocado em bandejas envoltas
com filme de PVC e armazenado a 5ºC e 85-90% de umidade relativa durante 10 dias. A cada dois dias, foram avaliados a atividade
respiratória e os teores de betacianina e betaxantina nos tratamentos. A aplicação de ácido cítrico nas diferentes concentrações reduziu a taxa respiratória nos tecidos minimamente processados. No
segundo dia de armazenamento, o tratamento controle apresentou a
maior atividade respiratória alcançando valores próximos a 77 mL
CO2 kg-1 h-1. A aplicação de ácido cítrico igual ou maior a 500 mg L-1
contribuiu para o decréscimo da atividade respiratória e o pico na
evolução de CO2 não foi observado. Foi verificada diferença significativa entre os tratamentos durante todo o armazenamento para os
teores de betacianina, tendo sido observados valores ao redor de 40;
45; 48; 52 e 55 mg 100 g-1 para os produtos tratados com 0; 500;
1.000; 1.500 e 2.000 mg L -1, respectivamente. Os níveis de
betaxantina para beterrabas minimamente processadas foram ao redor de 25; 29; 33; 35 e 39 mg 100 g-1 para os tratamentos de 0; 500;
1.000; 1.500 e 2.000 mg L-1, respectivamente. A aplicação de ácido
cítrico é sugerida durante o processamento mínimo como forma de
reduzir a taxa respiratória e a degradação de pigmentos, contribuindo assim para o aumento da vida de prateleira de produtos minimamente processados.
Palavras-chave: Beta vulgaris L., betalaína, betacianina,
betaxantina, processamento mínimo.
(Recebido para publicação em 27 de março de 2008; aceito em 31 de outubro de 2008)
(Received in March 27, 2008; accepted in October 31, 2008)
D
uring the past few years fresh-cut
products have grown rapidly both
in the foodservice sector and at the retail
level. Focusing consumer convenience,
they are prepared and handled aiming at
offer a fresh and healthy product (Moretti
& Sargent, 2002). The obtaining of freshcut products involves many steps such
as cleaning, washing, trimming, coring,
slicing, shredding, and other related
operations (Cantwell, 2000).
520
Fresh-cut business is an activity
showing exponential increase in many
countries, especially in large
metropolitan areas, such as São Paulo,
one of the biggest cities in Brazil, where
supermarkets sell around US$ 4 million
of fresh-cut products monthly,
considering both fruits (54%) and
vegetables (46%) (Rojo & Saabor, 2002).
In general, fresh-cut products have a
short shelf life, which is mainly due to the
mechanical stresses. In the cut surface,
cells and membranes are damaged leading
to alterations in the whole tissue
metabolism. Many authors have observed
increasing in carbon dioxide and ethylene
evolution (Brecht, 1995; Moretti et al.,
2000, 2002a), water loss (Moretti &
Sargent, 2000), alterations in flavor and
aroma (Moretti et al., 2002b), decline in
levels of nutrients such as ascorbate (Gil
et al., 2006), development of off-odors
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Respiratory activity and pigment metabolism in fresh-cut beet roots treated with citric acid
(Beaulieu, 2006), and increase in the
activity of enzymes related to enzymatic
browning, e.g., phenylalanine-ammonialyase (PAL), polyphenol oxidase (PPO) and
peroxidase (POD) (Degl’Innocenti et al.,
2005). Kato-Noguchi & Watada (1997)
observed that respiratory activity of freshcut carrots was drastic reduced by the
addition of citric acid, which is related to
the inhibition of phosphofrutokinase, which
catalyzes the phosphorilation of fructose 6phosphate into fructose 1,6-bisphosphate,
in the glycolitic pathway of the respiratory
metabolism.
Among many fruit and vegetable
crops that are being processed in Brazil,
beet roots are increasing in importance.
They are pink-reddish in color due to
the presence of a group of pigments
named
betalain,
which
was
misdesignated as anthocyanin due to the
presence of nitrogen in their molecule.
These pigments were soluble in water
and are divided in two groups:
betacyanin (related with the red color)
and betaxanthin (related with the yellow
color). These two groups of pigments
are present in beet roots and are involved
with the characteristic color of this
vegetable crop (Fenema, 1995).
One of the main technological
problems found by processors dealing
with fresh-cut beet roots is the
significant
discoloration
and
dehydration of the minimally processed
material. Washing and rinsing
operations carried out after slicing have
favored the loss of betacyanin and
betaxanthin, since these pigments are
soluble in water (Nilson, 1970).
The factors mentioned above, the
economical importance of this vegetable
crop, as well as the lack of information
in the consulted literature regarding the
study of fresh-cut beet roots focusing
pigments degradation, the present work
was carried out aiming to study the
effects of citric acid in the respiratory
activity and in the content of betalain in
fresh-cut beet roots.
MATERIAL AND METHODS
Beet roots cv. Early Wonder were
obtained from a local grower in
Piracicaba, São Paulo State, Brazil, and
taken to the postharvest laboratory.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Figure 1. Respiratory activity of fresh-cut beet roots treated with citric acid and stored at
5°C for 10 days. Vertical bars represent ±SD. (atividade respiratória de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico e armazenadas a 5°C por 10 dias. Barras verticais representam o desvio padrão da média). Piracicaba, ESALQ, 2007.
Roots were graded for firmness, color
and size.
Roots were peeled inside a cold
chamber (10±1°C) and immersed in
cold water (5±0,5°C) for 2 minutes to
reduce the abrasion stress. Roots were
then shredded (2 mm thick), sanitized
for 6 minutes (NaClO/200 mg L-1) in
order to reduce the risks of
microbiological contamination, and
rinsed for 1 minute (3 mg L -1 free
chlorine) to remove chlorine in excess.
The fresh-cut material was centrifuged
at 2,200 rpm for 1 minute to remove the
water excess.
Fresh-cut beet roots were then treated
for 5 minutes with citric acid in the
following concentrations: 0 (control,
immersion in water), 500; 1,000; 1,500 and
2,000 mg L-1. The material was centrifuged
again in the same conditions mentioned
above. Minimally processed beet roots
were placed in trays and wrapped with PVC
plastic film, 14 mm thick, and stored at 5°C
and 85-90% RH for 10 days.
Every two days, the treatments were
analyzed for respiratory activity and
betacyanin and betaxanthin contents.
For the respiratory activity analysis, 180
g of fresh-cut beet roots were placed in
a hermetic sealed jar (0,6 L), which was
tightly closed and stored at 5C for 1 hour.
Air samples were taken from the glass
jars using a syringe and the respiratory
activity was analyzed in a CO2 analyzer.
Betacyanin and betaxanthin were
determined according to Kluge et al.
(2006). Two grams of the previous frozen
samples were grinded with 5 mL of
distilled water. The homogenate was
placed in tublets and centrifuged (15,000
rpm) at 4°C for 40 minutes. One mL of
the supernatant was added to 24 mL of
distilled water in test tubes. The solution
was then homogenized in a Vortex and
absorbance was read at 476, 538 and 600
nm.
Calculations were carried out
according to the following equations: x
= 1,095 (a-c); y = b-z-x/3.1; and z = ax, where: a = absorbance at 538 nm; b =
absorbance at 476 nm; c = absorbance
at 600 nm; x = absorbance of
betacyanin; y = absorbance of
betaxanthin; and z = absorbance of
impurities.
Analyses were performed using a
completely randomized design, with 30
treatments arranged in a factorial
scheme (five concentrations of citric
acid and 6 sampling times), with 5
replications. Data were subjected to
analysis of variance and the least
significance difference (Fisher L.S.D.)
procedure was carried out. Differences
between any two treatments larger than
the sum of two standard deviations were
always significant (pd<0.05).
RESULTS AND DISCUSSION
The application of citric acid in
different concentrations caused the
reduction of CO2 evolution in the fresh521
RA Kluge et al.
Figure 2. Betacyanin (A) and betaxanthin (B) content of fresh-cut beet roots treated with
citric acid and stored at 5°C for 10 days. Vertical bars represent ±SD. (conteúdo de betacianina
(A) e betaxantina (B) de beterrabas minimamente processadas tratadas com ácido cítrico e
armazenadas a 5°C por 10 dias. Barras verticais representam o desvio padrão da média).
Piracicaba, ESALQ, 2007.
cut tissue (Figure 1). In the second day
of storage, control showed the highest
respiratory activity among treatments,
reaching around 77 mL CO2 kg-1 h-1.
After the fourth day of storage, carbon
dioxide evolution of the untreated tissue
stabilized around 30 mL CO2 kg-1 h-1,
but remained continuously higher than
beet root treated with 1,000 to 2,000 mg
L-1 of citric acid (Figure 1).
A citric acid application higher than
500 mg L-1 contributed to a decrease in
respiratory activity and no peak in CO2
evolution was observed (Figure 1). After
the second day of storage, carbon
dioxide evolution stabilized at 25; 18;
10 and 3.5 mL CO2 kg-1 h-1 for 500,
1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1 of citric
acid treatment, respectively.
Results are similar to the findings of
Kato-Noguchi & Watada (1997) who
observed that the respiratory activity of
fresh-cut carrots was reduced when
citric acid concentration was increased.
The peak in CO2 evolution verified in
522
the untreated material was probably
related to the stress occurred by the time
of processing, which caused a disruption
in cell tissues, allowing respiratory
substrates reaction with their respective
enzymes. This kind of result in minimally
processed beet root no treated with citric
acid was also observed by Vitti et al.
(2003). In treated beet roots the stress was
reduced as the concentration of citric acid
increased. On the other hand, immersion
in citric acid solutions caused probably a
reduction in the activity of
phosphofrutokinase, with subsequent
reduction in the synthesis of pyruvic acid
in the glycolysis pathway (Kato-Noguchi
& Watada, 1997). The subsequent
reduction in the respiratory activity
observed in the untreated material after
the fourth day was probably related to
the self-regulation of the respiratory
activity due to the high production of ATP
(Purvis,1997).
There were significant differences
among treatments during the storage
period for the contents of betacyanin,
which were around 40; 45; 48; 51 and
55 mg 100 g-1 for the fresh-cut material
treated with 0; 500; 1,000; 1,500 and
2,000 mg L-1 of citric acid, respectively
(Figure 2A). On the other hand, the
levels of betaxanthin in fresh-cut beet
roots were around 25; 29; 33; 35 and 39
mg 100 g-1 for the material treated with
0; 500; 1,000; 1,500 and 2,000 mg L-1
of citric acid, respectively (Figure 2B).
Nilson (1973) observed the content
of betacyanin and betaxanthin is cultivar
dependent, and the levels of these
pigments are around 45 to 210 and 20
to 140 mg 100 g-1, respectively. Thus,
due to the processes of sanitation and
rinsing, there is a significant loss of color
in the fresh-cut material. The immersion
in citric acid solutions or other
antioxidant appears to protect the tissue
against pigment degradation. As the
concentration of the citric acid solution
increased, the pigment loss decreased
(Figure 2). Salgado (1997) verified that
treatments with an antioxidant, such as
ascorbic acid, increased the stability of
betalain in beet roots. The author
suggested that 400 mg L-1 was the best
concentration to prevent pigment
degradation. The combination of citric
and ascorbic acids had no synergistic
effect in preventing pigment
degradation when compared to the
application of one antioxidant alone
(Attoe & Elbe, 1985).
According to our results, it is
suggested that the application of citric
acid after minimal processing have the
ability of reducing carbon dioxide
evolution and minimizing the
degradation of pigments, which
contributes to extend the shelf life of the
fresh-cut product.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors thank to FAPESP
(Fundação de Amparo à Pesquisa do
estado de São Paulo) for providing
financial resource for the execution this
experiment (proc. no 01/00750-2).
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Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus1
Isac N Rodrigues2; Maria Teresa G Lopes2; Ricardo Lopes3; Aildo da S Gama4; Christiano P Milagres2
2
UFAM-FCA, Mini Campus, Av. Gal Rodrigo Otávio, 3000, 69077-000, Manaus-AM; 3Embrapa Amazônia Ocidental, C. Postal 319,
69011-970 Manaus-AM 4Escola Agrotécnica Federal de Manaus, Av. Alameda Cosme Ferreira, 8045, 69083-000 Manaus-AM;
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Na avaliação de cultivares de hortaliças, os rendimentos médios
mais elevados nos ensaios de competição, associados a fatores de
qualidade, são utilizados como critérios de recomendação para plantio. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as cultivares de
alface Frisella, Deisy, Tender Green, Lollo Bionda, Itapuã 401,
Marisa, Verônica, Banchu New Red Fire e Hortência nas condições
climáticas da região de Manaus, sob cultivo protegido e a campo.
Foram avaliadas as características: massa fresca total, massa fresca
comercial, diâmetro da cabeça e altura. As cultivares de alface Marisa,
Itapuã 401 e Hortência são opções mais adequadas para o cultivo
protegido e a campo na região, incluindo-se para o cultivo a campo
a cultivar Verônica, a qual apresentou a melhor produção na avaliação realizada neste ambiente.
Performance of lettuce cultivars in Manaus region
In the evaluation of vegetable cultivars, the high average yield
in the competition assays associated to quality factors are utilized as
criteria to recommend cultivars. In the present work we evaluated
the lettuce cultivars Frisella, Deisy, Tender Green, Lollo Bionda,
Itapuã 401, Marisa, Verônica, Banchu New Red Fire and Hortência
under the climatic conditions of the region of Manaus, under protected
and conventional cultivation. The evaluated characteristics were: total
and commercial weight, plant diameter and height. The lettuce
cultivars Marisa, Itapuã 401 and Hortência presented higher
production in both environments adding Verônica with best
production under conventional cultivation.
Palavras-chave: Lactuca sativa, cultivo protegido, Amazônia.
Keywords: Lactuca sativa L., protected-cultivation, Amazon.
(Recebido para publicação em 3 de janeiro de 2007; aceito em 9 de julho de 2008)
(Received in January 3, 2007; accepted in July 9, 2008)
A
alface (Lactuca sativa L.) desta
ca-se por ser a principal hortaliça
folhosa comercializada no Brasil, maior
produtor da América do Sul, com uma
área cultivada de aproximadamente 30
mil ha e uma produção de 311 mil toneladas. Estima-se que o agronegócio da
alface atinja aproximadamente R$ 2,1
bilhões/ano (Sakate et al., 2002; Sala,
2004). Os estados de São Paulo e Minas Gerais são os responsáveis pela
maior parte da produção (IBGE, 2004).
A necessidade de se produzir hortaliças de alta qualidade, com planejamento da produção agrícola e redução dos
custos por unidade de produção, tem
levado a um aumento do uso do cultivo
protegido para a produção de oleráceas.
A decisão da implantação em cultivo
convencional (sem cobertura plástica)
ou protegido depende da análise das
vantagens e desvantagens de cada sistema.
1
Na região amazônica as condições
climáticas causam consideráveis perdas
para os agricultores. As chuvas torrenciais em certos meses do ano danificam
as plantas e a alta umidade relativa do
ar e do solo proporcionam um ambiente
favorável à proliferação de fungos e
bactérias, o que provoca uma redução
significativa na produção e na qualidade das hortaliças. O cultivo protegido é
a alternativa tecnológica que vem diminuindo a lacuna na produção de hortaliças no estado do Amazonas. Este tipo
de cultivo pode aumentar o período de
colheita e a produtividade, garantir a
produção em praticamente qualquer
época e fornecer produtos com qualidade para atender à demanda do mercado
local, promovendo o desenvolvimento
agrícola e a geração de renda na região
(Sganzerla, 1995).
A alface é uma planta de clima
subtropical e, em temperaturas entre 12
e 22ºC produz folhas de melhor qualidade. Temperaturas acima de 20ºC favorecem a emissão do pendão floral com
a interrupção da fase vegetativa. O produto torna-se impróprio para consumo
e comercialização, devido à ocorrência
de sabor amargo das folhas, em função
do acúmulo de látex (Filgueira, 2003).
Temperaturas elevadas associadas a
grande pluviosidade, favorecem a incidência de doenças (Radin et al., 2004;
Jackson et al., 2005; Sanders, 2005).
Existe escassez de cultivares melhoradas especificamente para ambientes com
temperatura elevada dificultando a difusão dos plantios de alface (Silva et al.
1999). Para a maioria das cultivares, as
temperaturas mínima e máxima toleráveis situam-se entre 6 e 300C (Mota et
al., 2003; Radin et al., 2004).
Em cultivo protegido, a alface apresenta alta produtividade e o produto
possui qualidade e boa aceitação no
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Agronomia Tropical (FCA-UFAM), financiado pela FAPEAM.
524
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus
mercado. Vários trabalhos apresentam
resultados superiores de produção e qualidade em cultivo protegido comparado
com a produção em cultivo sem proteção, ou seja, a campo (Nunes, 1986;
Cardoso & Lourenço, 1990; Dantas &
Escobedo, 1998; Radin et al., 2004).
No município de Iranduba-AM, o
pimentão é cultivado continuadamente na
mesma área, ocasionando sérios problemas em relação ao ataque de pragas e
doenças (Gama, 2004). A alface pode ser
uma alternativa interessante para os produtores de pimentão na rotação de culturas em ambiente protegido, podendo diminuir a incidência de doenças e pragas.
As cultivares de alface devem ser
avaliadas nas condições específicas nas
quais serão plantadas em larga escala.
Uma boa cultivar deve apresentar, em
diferentes condições de ambiente, alta
produtividade e qualidade. Partindo desse pressuposto, o presente trabalho
objetivou caracterizar, sob condições
climáticas da região de Manaus, cultivares de alface desenvolvidas em outras
regiões para identificar as que apresentam potencial para cultivo local.
MATERIAL E MÉTODOS
Cultivares de alface foram avaliadas
a campo e em cultivo protegido tipo
capela, com 6 m de largura por 30 m de
comprimento, com altura do pé direito
de 2,8 m, abertas nas laterais e coberta
com polietileno transparente de 100 mm
de espessura.
O experimento sob cultivo protegido foi conduzido em área de produtor,
na Fazenda Amazônia, município de
Iranduba-AM, de novembro a dezembro de 2004. As temperaturas médias
mínima e máxima próximas às plantas
variaram de 24,5 a 32ºC. A amostra do
solo apresentou o pH (H2O) de 5,05;
256,84 g kg-1 de matéria orgânica; 179
mg dm-3 de P; 497 mg dm-3 de K; 87 mg
dm-3 de Na; 2,10 cmolc dm-3 Ca e 1,10
cmolc dm-3 Mg; 5,44 cmolc dm-3 acidez
potencial; 9,91 cmolc dm-3 capacidade de
troca de cátions; saturação por bases
45,1%. Com base na análise química de
solo, efetuou-se a calagem, dois meses
antes do plantio, para elevar a saturação por bases a 70%. Foram instaladas
mangueiras de irrigação por aspersão
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
para acelerar a solubilização do calcário
e, posteriormente, construídos canteiros
de 1,20 m de largura, 0,30 m de altura.
Na adubação de base foi usado 1,0 kg
m-2 de esterco de galinha curtido. Foram realizadas adubações de cobertura,
aos 10 e aos 20 dias após transplantio
das mudas, com uréia 0,1% em adubação foliar na água de irrigação.
O experimento a campo foi conduzido em área de produtor, no Sítio São
Miguel Arcanjo, em Manaus-AM, de
agosto a setembro de 2004. As temperaturas médias máxima e mínima próximas às plantas variaram de 24 a 31º
C. A amostra do solo apresentou as seguintes características químicas: pH
(H2O) de 4,9; 33,10 g kg-1 de matéria
orgânica; 144 mg dm-3 de P; 60 mg dm-3
de K; 18 mg dm-3 de Na; 2,14 cmolc dm3
Ca e 0,15 cmolc dm-3 Mg; 6,04 cmolc
dm-3 acidez potencial; capacidade de troca de cátions 8,48 cmolc dm-3; saturação
por bases 28,7%. Com base na análise
química de solo, efetuou-se a calagem,
dois meses antes do plantio, para elevar
a saturação por bases a 70%. Como adubação de base utilizou-se 23,80 g m-2 de
cloreto de potássio, 63,50 g m -2 de
superfosfato simples e 2,0 kg m-2 de esterco de galinha curtido. Os canteiros
foram construídos com 1,20 m de largura, 0,30 m de altura. Para adubação
de cobertura aplicou-se a mesma do cultivo protegido (uréia 0,1% em adubação foliar na água de irrigação).
Foi empregado o delineamento estatístico de blocos casualizados com três
repetições e parcelas compostas de três
fileiras com 7 plantas cada em
espaçamento de 30 x 30 cm, sendo as linhas externas consideradas como
bordadura. As mensurações foram realizadas apenas na fileira central (parcela
útil). Foram avaliadas nove cultivares de
alface crespa: Frisella, Tender Green,
Lollo Bionda, Itapuã 401, Marisa,
Verônica, Banchu New Red Fire,
Hortência e Deisy. A cultivar Deisy não
foi avaliada no experimento a campo.
As mudas foram produzidas em viveiro com tela antiafídeo utilizando bandejas de 128 células e substrato comercial Plantmax HT®. O transplantio de
mudas foi realizado aos vinte dias após o
semeio, quando as mudas apresentavam
pelo menos quatro folhas definitivas.
O controle fitosanitário nos dois sistemas de cultivo foi realizado por meio
de pulverizações preventivas com
oxicloreto de cobre (50 g 20 L-1 água),
imidacloprid (6 g/20 L de água),
thiacloprid (4 mL/20 L de água). Foi
realizada uma aplicação de imidacloprid
logo após o transplantio e uma com
thiacloprid 15 dias após a aplicação de
imidacloprid. Foram realizadas duas
aplicações com oxicloreto de cobre aos
8 e 16 dias após o tansplantio. Na irrigação dos dois experimentos, utilizouse o sistema por gotejamento com fita
gotejadora auto compensado com emissores espaçados de 0,30 m, vazão de 1,6
L h-1, com dois emissores por planta e
água obtida de poço artesiano. O manejo da irrigação foi realizado diariamente a fim de elevar a umidade do solo à
capacidade de campo, permitindo-se a
variação da tensão dentro da faixa de
umidade facilmente disponível, ou seja,
aproximadamente 5 kPA. Quando atingia de 10 a 20 kPa reiniciava nova irrigação, conforme descrito por Trani &
Carrijo (2004).
A colheita foi realizada aos 49 e 58
dias após a semeadura em cultivo protegido e a campo, respectivamente,
quando as plantas apresentaram o máximo de desenvolvimento vegetativo na
formação da roseta, exceto para Lollo
Bionda e Frisella que apresentaram
avançada fase reprodutiva em ambos os
experimentos. O período da colheita foi
determinado visualmente a partir da
experiência dos agricultores locais que
consideram as exigências do mercado,
plantas com máximo de crescimento
vegetativo e que apresentam sabor agradável (não amargo).
Foram avaliados a massa fresca média total; (massa fresca média da planta
completa (caule, raiz e folhas), em g
planta-1 (MT)); massa fresca comercial
(massa fresca da planta após retirada da
parte não comercializável (região do sistema radicular e das folhas externas
contendo manchas e injúrias), em g planta-1 (MC)); diâmetro da planta (maior
distância entre extremidades da planta,
em cm planta-1 (DP)) e altura da planta
(distância do solo até a parte mais alta
da planta, em cm planta-1 (AP)).
Foram realizadas análises de
variância individual dos experimentos e
525
IN Rodrigues et al.
Tabela 1. Massa fresca comercial (MC), Massa fresca total (MT), altura (AP) e diâmetro
(DP) de nove cultivares de alface crespa cultivados em cultivo protegido (commercial weight
(MC), total weight (MT), plant height (AP) and diameter (DP) of nine lettuce cultivars
under protected cultivation). Manaus, UFAM, 2004.
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05
(means followed by same letter in the column did not differ from each other by the Tukey
test, p<0,05).
Tabela 2. Massa fresca comercial (PC), Massa fresca total (PT), altura (AP) e diâmetro
(DP) de oito cultivares de alface crespa cultivados a campo (commercial weight (MC), total
weight (MT), height (AP) and diameter (DP) of eight lettuce cultivars, cultivated in the
field). Manaus, UFAM, 2004.
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05
(means followed by same letter in the column did not differ from each other by the Tukey
test, p<0,05); *Dados transformados para log x (data transformed in log x).
as médias comparadas pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na colheita, 100% das plantas das
cultivares Lollo Bionda e Frisella, tanto no cultivo protegido como a campo,
apresentaram avançado estágio da fase
reprodutiva. No experimento em cultivo protegido (Iranduba-AM), aos 31
dias após o semeio, e no campo
(Manaus-AM), aos 36 dias após o semeio, observou-se alongamento da haste
e paralisação do desenvolvimento das
folhas ponteiras (indícios de
526
pendoamento precoce). Portanto, estas
cultivares podem ser considerados não
adaptadas às condições de cultivo utilizadas.
No cultivo protegido (IrandubaAM), todas as plantas das parcelas da
cultivar Tender Green apresentaram
queima nos bordos das folhas. Temperaturas muito elevadas podem provocar,
em cultivares de alface mais sensíveis,
uma desordem fisiológica conhecida
como “tipburn”, sensibilidade que compromete a absorção de cálcio pela planta causando sintoma de queima nos bordos das folhas (Beninni et al., 2003). No
cultivo protegido não se verificou plan-
tas com a ocorrência de pragas ou doenças que comprometesse a qualidade comercial, em virtude dos pequenos danos se localizarem em folhas externas.
Com exceção das cultivares Tender
Green, Lollo Bionda e Frisella, todas as
demais apresentaram ausência de
pendoamento, queima nos bordos das
folhas e de injúrias ocasionadas por ataque de insetos e doenças.
Na colheita a campo (Manaus-AM),
folhas de algumas plantas isoladas contendo lesões foram analisadas no laboratório de Fitopatologia da UFAM. Detectou-se a presença de cercosporiose
(Cercospora longissima), doença que
ocorre geralmente no final do ciclo da
cultura. Porém, não houve considerável
perda na qualidade e no rendimento das
plantas que comprometesse a qualidade comercial. Com exceção das cultivares Lollo Bionda e Frisella, todas as
demais apresentaram ausência de injúrias consideráveis ocasionadas por ataque de insetos e doenças e de
pendoamento.
No cultivo protegido o efeito das
cultivares foi significativo para todas as
características. As cultivares mais produtivas, considerando massa fresca total (MT) e massa fresca comercial (MC),
foram Marisa (318,3 g e 278,9 g), Itapuã
401 (305,5 g e 269,7 g), Hortência
(292,4 g e 259,0 g) e Tender Green
(277,1 g e 256,1 g), com valores superiores a cultivar Verônica (232,8 g e
201,1g), a mais cultivada pelos produtores locais (Tabela 1). Contudo, no caso
do MT, as diferenças entre as médias das
cultivares mais produtivas e Verônica
não foram estatisticamente significativas. A MC das cultivares Marisa e
Verônica foram superiores aos relatados
por Faria Junior et al. (2000), em cultivo protegido, no estado de São Paulo,
142,7 g e 130,2 g, respectivamente, indicando que algumas cultivares de alface desenvolvidas em outras regiões podem apresentar boa adaptação às condições da região de Manaus. A cultivar
Marisa apresentou maior média (20,9
cm) para altura de planta (AP), porém
estatisticamente diferente apenas da cultivar Banchu New Red Fire (14,85 cm),
que apresentou a menor AP. O maior
diâmetro de planta (DP) foi a cultivar
Itapuã (39,4 cm), diferente estatisticaHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Desempenho de cultivares de alface na região de Manaus
mente apenas das cultivares Banchu
New Red Fire (30,1 cm), Frisella (26,9
cm) e Lollo Bionda (19,8 cm).
No experimento a campo o efeito das
cultivares foi significativo apenas para
a variável DP. Os coeficientes de variação variaram de 11,83% (DP) a 41,17%
(MT) (Tabela 2). Devido à baixa precisão experimental verificada na avaliação a campo (alto CV), o teste de médias não foi eficiente nesse ambiente,
sendo diferenciadas estatisticamente
apenas as médias da característica DP
(Tabela 2). Para essa variável a maior
média foi da cultivar Itapuã 401 (27,73
cm), contudo, diferindo estatisticamente apenas das médias das cultivares
Frisella (17,11 cm) e Lollo Bionda
(13,60 cm). A cultivar Verônica apresentou MT (104,6 g), PC (96,7 g) e AP (17,1
cm) associados a alto DP (26,2 cm).
Os resultados demonstram que devido ao pendoamento precoce, as cultivares Lollo Bionda e Frisella não se
adaptam às condições climáticas predominantes na região de Manaus e as cultivares Marisa, Itapuã 401 e Hortência
são boas opções para o cultivo na região, tanto para cultivo protegido no
período seco como a campo no período
chuvoso. Além de ser tradicionalmente
plantado pelos horticultores locais, a
cultivar Verônica revelou maior rusticidade e adaptação a períodos de intensa
precipitação. Assim, ainda se apresenta
como melhor opção para cultivo convencional, pois possui também grande
aceitação no mercado local.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Em geral, as cultivares que se adaptam ao clima da região de Manaus, tornam-se impróprias para o consumo depois de 48 a 50 dias após a semeadura
em cultivo protegido nos meses de agosto, setembro e outubro, e depois de 57 a
60 dias no cultivo a campo nos meses
de novembro, dezembro e janeiro, enquanto as cultivares não adaptadas têm
o período total correspondente à fase
vegetativa muito curto, aproximadamente de 20 a 25 dias a menos. Comparativamente, na avaliação de desempenho das cultivares adaptadas, considera-se como superiores aquelas que atingem em menor tempo o maior peso comercial, mantendo sabor agradável.
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roseiras cultivadas em vaso. Horticultura Brasileira 26: 528-532.
Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade
de roseiras cultivadas em vaso
Thales VA Viana1; Alexandre M Alves2; Valdemício F de Sousa3; Benito M de Azevedo4; Raquel Aparecida
Furlan5
1
4
UFC-Depto. Eng. Agrícola, C. Postal 12168, 60455-970 Fortaleza-CE; 3Embrapa Meio Norte, C. Postal 01, 64006-220 Teresina-PI;
UFC-DENA; 2Mestrando UFC; 5bolsista CNPq; [email protected]; [email protected]; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O cultivo de flores no estado do Ceará vem se ampliando nos
últimos anos, principalmente nas regiões serranas que proporcionam clima favorável ao desenvolvimento de diversas culturas. Entretanto, poucos são os trabalhos desenvolvidos nessa área, fazendo
com que os produtores se utilizem do empirismo no desenvolvimento dos cultivos. Por conseguinte, esse trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos do número de plantas (2, 3 e 4) e da quantidade de drenos (1 e 8) por vaso no número de hastes por vaso da roseira, em ambiente protegido. O experimento foi conduzido na Empresa Reijers, no município de São Benedito-CE, sendo o delineamento experimental em blocos casualizados em arranjo fatorial 3 x 2,
com quatro repetições. Avaliou-se o número de hastes com 35, 40,
50 e 60 cm e, o número total de hastes por vasos de 12,0 L. As
maiores quantidades de plantas por vaso proporcionaram um maior
número de hastes por área, mas com predomínio de hastes de menor
valor comercial. A utilização de um menor número de plantas por
vaso resultou em um menor número de hastes por área, mas em
maior número de hastes com maior valor comercial. A utilização de
vasos com maior número de drenos reduziu o número total de hastes
por vaso.
Planting density and number of drains influencing the
productivity of rose plants cultivated in pots
Palavras-chave: Rosa sp., floricultura, ambiente protegido.
Keywords: Rosa sp., floriculture, protected environment.
The cultivation of flowers in Ceará State has expanded during
the last years, especially in highland areas with a favorable climate
for several crops. However, there exist only limited research in this
area, so that producers work empirically with those crops.
Consequently, this research aimed to evaluate the effects of the
number of plants (2, 3 and 4) and the amount of drains (1 and 8) per
pot on the number of stems per pot, in a protected environment. The
experiment was carried out in São Benedito, Ceará State, Brazil,
following a 3 x 2 factorial randomized block design with four
repetitions. The number of stems with 35, 40, 50, 60 cm and, the
total number of stems per pots of 12.0 L were evaluated. The highest
number of plants per pot provided the greatest number of stems per
pot, but with a predominance of lower commercial value. On the
other hand, the least number of plants per pot resulted in few stems
per area which were better evaluated commercially. The use of pots
having more drains reduced the total number of stems per pot.
(Recebido para publicação em 18 de outubro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2008)
(Received in October 18, 2007; accepted in October 30, 2008)
A
roseira (Rosa sp) pertencente à família Rosácea é cultivada desde os
tempos remotos. Seu hábito de crescimento pode ser ereto, trepador ou reptante; as
folhas são dispostas de forma alternada e
as flores podem ocorrer de forma solitária
ou em cacho, sendo o fruto do tipo aquênio
(Folegatti et al., 2001; Barbosa, 2003).
A roseira sempre desempenhou papel
de destaque entre as plantas ornamentais,
sendo hoje uma das floríferas mais apreciadas no mundo (Folegatti et al, 2001;
Seagri, 2002; Salagnac, 2003). O mercado mundial de flores e plantas ornamentais está em plena expansão e tem como
principal exportador a Holanda, seguida
pela Colômbia e pela Itália. O Brasil tem
participação pouco expressiva no mercado mundial, mas esta participação vem se
expandindo ao longo dos anos
(Matsunaga, 1995; Rego et al., 2004).
528
No Ceará, a floricultura vem se destacando nos últimos anos, principalmente nas regiões serranas que proporcionam um clima favorável ao desenvolvimento de diversas culturas, dentre elas
a roseira. O Estado começou a despertar para a produção comercial de rosas
principalmente na região da serra da
Ibiapaba, onde empresas de grande porte
estão sendo instaladas, proporcionando
um crescimento significativo desta atividade (Seagri, 2002).
O número de plantas por recipiente
influencia a disponibilidade de água e
nutrientes para as plantas. Normalmente,
nos recipientes com menor densidade de
plantas observa-se melhor arquitetura do
sistema radicular (Parviainen, 1981),
maior volume de raízes, melhor absorção
de nutrientes e obtenção de plantas vigorosas com melhor qualidade. Entretanto,
menores densidades de planta implicam
em maiores custos para os produtores e,
normalmente, em menores produtividades
por área (Bezerra, 2003).
O maior número de plantas por vaso
resulta em menor crescimento e vigor,
por restringir o desenvolvimento do sistema radicular (Bezerra, 2003). Nesmith
& Duval (1998) relatam que a restrição
das raízes afeta o crescimento, a
fotossíntese, o teor de clorofila nas folhas, a absorção de água e nutrientes, a
respiração, o florescimento e até a produção. Além disso, a maior quantidade
de raízes em recipiente com pequena
capacidade volumétrica, contribui para
a redução do espaço poroso.
Segundo Costa et al. (2005), a drenagem consiste na retirada do excesso
de água do solo a uma taxa que permita
uma exploração econômica das cultuHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade de roseiras cultivadas em vaso
ras e uma utilização por longo tempo
da área. O teor de umidade disponível
no solo, dentro de uma faixa ótima em
que não há excesso ou déficit hídrico,
constitui um dos parâmetros imprescindíveis para o desenvolvimento das culturas, facilitando o transporte de nutrientes através das raízes. Por outro lado, as
condições de umidade excessiva na zona
radicular são adversas para a maioria das
culturas, devido à deficiência no teor de
oxigênio no solo, comprometendo o
transporte de nutrientes através do sistema radicular e tornando as plantas
mais suscetíveis às doenças e à deficiência nutricional. Kanwar et al. (1988)
ressaltam que a difusão do oxigênio através de poros cheios de ar é aproximadamente 10.000 vezes mais rápida que
através de poros cheios de água; conseqüentemente, a taxa de difusão de oxigênio através da água é freqüentemente
o fator limitante da respiração das raízes.
Segundo Gervásio (2003), ao contrário dos cultivos em solo, o manejo da
irrigação em recipientes pequenos como
em vasos, apresenta algumas particularidades como maior freqüência de irrigação, em virtude do reduzido volume
de substrato disponível para a planta.
Essas particularidades implicam em
maiores riscos de excesso hídrico, os
quais devem ser prevenidos com um
maior controle da irrigação. Além disso, a forma e o tamanho do recipiente
influenciam a dinâmica da movimentação da água. De acordo com Fermino
(2002), quanto menor a altura do recipiente, menos elevado será o fluxo de
água em seu interior. Dessa forma, a
reduzida altura de determinados recipientes costuma dificultar a drenagem,
elevar a capacidade de retenção de água
e, com isso, promover o encharcamento
do substrato.
O excesso hídrico ocasiona a diminuição da pressão de oxigênio (hipoxia)
ou a falta total ou parcial do mesmo
(anoxia), dificultando a respiração das
plantas e conseqüentemente, diminuindo a produção de energia necessária para
a síntese e translocação dos compostos
orgânicos e a absorção ativa dos mesmos. A falta de oxigênio nas raízes também provoca a redução na fotossíntese
e prejudica a conversão da matéria orgânica, pelos microorganismos, em forHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
mas solúveis que a planta pode
reutilizar. Ocorrendo, portanto, menor
crescimento das plantas (Rego et al.,
2004).
Basicamente, a falta de aeração
constitui o principal agente de injúrias
às plantas. Algumas evidências disponíveis indicam que efeitos deletérios são
também produzidos pela atividade microbiológica em condições anaeróbicas.
A extensão de danos causados às culturas, por tais condições adversas, varia
com a espécie vegetal, a duração da
inundação, o estádio de desenvolvimento, além da temperatura prevalecente à
época da inundação (Costa et al., 1994).
Esse estudo teve como objetivo, avaliar os efeitos do número de plantas e
da quantidade de drenos por vaso no
número de hastes da roseira por vaso,
em ambiente protegido.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado de novembro de 2004 a fevereiro de 2005 na unidade de produção da agroempresa Reijers,
localizada no sítio Lagoa, no município de
São Benedito, CE (04° 03’S, 40° 53’W;
883m). O clima foi classificado, segundo a
metodologia de Köppen, como Am, clima
tropical chuvoso característico de áreas elevadas. O ambiente protegido utilizado no
experimento apresentava 197 m de comprimento, 66 m de largura, totalizando 1,3
ha. A estrutura de sustentação era metálica
em formato de arco, com pé-direito de 4,0
m, abertura para saída de ar tipo lanternim
e coberta por polietileno de baixa densidade (PEBD).
O experimento foi constituído por
uma linha de vasos em fileira dupla, tendo cada uma 87 vasos, num total de 174.
As plantas de roseiras utilizadas foram
da cultivar akito; flor de coloração branca e botão pequeno, com ótima aceitação no mercado europeu. As mudas foram feitas em bandejas com fibras de
mesocarpos de casca de coco queimado
a partir de estacas com cerca de 5 cm de
tamanho, que foram imersas por cinco
segundos no hormônio AIB (ácido indolbutírico) a uma concentração de 2000
ppm, tendo sido transplantadas para os
vasos aos 25 dias após o plantio.
Durante o desenvolvimento da cultura foram realizados tratos culturais
como a desponta, que consistiu na retirada das primeiras folhas da muda para
quebrar a dominância apical. Com o desenvolvimento da cultura realizou-se o
agóbio, que consistiu no rebaixamento
lateral da planta sem a danificação do
caule, para a formação de uma massa
foliar capaz de gerar hastes de qualidade. Realizaram-se também limpezas dos
vasos, onde todo material vegetal depositado sobre o substrato foi retirado para
evitar a decomposição e a incidência de
doenças. Realizaram-se ainda desbrotas,
onde se retiravam os brotos secundários
evitando a deformação da haste, assim
como a fixação de apenas um botão.
Durante o ciclo foram realizadas aplicações preventivas de defensivos químicos
para o controle de pragas e doenças.
As principais pragas e doenças
identificadas que atuavam sobre a cultura na região foram o ácaro que é a praga mais comum sendo facilmente encontrada no interior das estufas, o tripes,
pulgão, oídio, míldio e botrytis. Para o
controle dessas pragas e doenças foram
utilizados, principalmente, os defensivos malationa, oxicloreto de cobre,
endosulfan, abamectin e dimethoate.
As plantas foram irrigadas por
gotejamento,
constituído
por
gotejadores com vazão de 1,0 L h-1, com
um emissor por vaso. A irrigação foi
realizada diariamente e era dividida em
pulsos, onde cada pulso compreendia
quinze minutos, totalizando uma aplicação diária de 4,0 mm da solução aquosa. Os vasos (volume de 12 L) possuíam
orifícios na parte inferior, com diâmetro de 1,0 cm para a drenagem do excesso de água, que era reaproveitada.
A adubação foi realizada diariamente via fertirrigação. As quantidades aplicadas foram definidas por meio de análises químicas e de fertilidade do
substrato e das folhas.
O delineamento experimental foi em
blocos casualizados, em arranjo fatorial
3 x 2, onde cada tratamento apresentava
quatro parcelas constituídas de seis vasos, totalizando vinte e quatro. Foram
avaliados três quantidade de plantas por
vaso (2, 3 e 4) sob duas quantidades de
dreno (1 e 8). As bordaduras entre as parcelas constituíram-se de quatro vasos,
deixando-se ainda cinco vasos como
bordaduras no final e no início da linha.
529
TVA Viana et al.
Tabela 1. Números de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo sob as densidades de 2,
3 e 4 plantas/vaso (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle under
densities of 2, 3, and 4 plants/pot). São Benedito, UFC, 2005.
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%
(means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’s
test, p≤0,05).
Tabela 2. Número de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo sob 1 e 8 drenos por
vaso (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle under 1 and 8 drains per
pot). São Benedito, UFC, 2005.
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%
(means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’s
test, p≤0,05).
Os tratamentos foram nomeados em conformidade com a quantidade de plantas
e o número de drenos por vaso, ou seja,
o tratamento 3P1D correspondia a três
plantas e um dreno por vaso, o 3P8D
correspondia a três plantas e oito drenos
por vaso e, assim, sucessivamente.
A colheita das rosas foi realizada dos
52 aos 59 dias após o transplantio
(DAT), em conformidade com o padrão
para exportação das hastes (quando as
4 primeiras pétalas desprendiam-se do
botão floral). Foram avaliados os números de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e o
número total de hastes por vaso.
Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e quando significativo pelo teste F usou-se o teste
de Tukey a 5% de probabilidade. As
análises foram realizadas por meio do
programa estatístico SAEG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentados os
números de hastes de 35, 40, 50 e 60
530
cm e total/vaso/ciclo nas densidades 2,
3 e 4 plantas/vaso. O teste de Tukey
(5%), mostra diferenças significativas
entre os tratamentos para as variáveis
analisadas, exceto para o número de
hastes de 60 cm/vaso/ciclo.
Com relação ao número de hastes de
35 cm por vaso, os maiores valores foram obtidos com a utilização de 3 e 4
plantas/vaso, que diferiram estatisticamente em relação ao tratamento em que
se utilizou 2 plantas/vaso. Resultado semelhante ocorreu com a variável número de hastes de 40 cm por vaso. Entretanto, para o número de hastes de 50 cm
por vaso, o melhor resultado obtido foi
com a utilização de 2 plantas/vaso e os
menores com 3 e 4 plantas/vaso. O
maior número total de hastes por vaso
ocorreu quando se utilizou 3 plantas/
vaso, valor este que não diferiu do obtido com a utilização de 4 plantas/vaso
(Tabela 1). Apesar de muitos autores relatarem que a menor quantidade de plan-
tas por vaso aumenta o desenvolvimento das mesmas (Parviainen, 1981;
Nesmith & Duval, 1998), muitos ressaltam uma redução na produção por área
(Nesmith & Duval, 1998; Bezerra,
2003), nesse caso no número de hastes
por vaso. Por conseguinte, nos vasos
com mais plantas, e conseqüentemente
menos substrato por planta, a maior
competição por nutrientes resultou em
hastes menores mas, como o número de
plantas era maior, a produtividade total
também foi maior.
A produção total foi menor nos vasos com menos plantas, mas a produção de hastes de maior valor de mercado (50 e 60 cm) foi maior (Tabela 1).
Provavelmente, a maior quantidade de
substrato disponível por planta permitiu o deslocamento de maior quantidade de nutrientes, possibilitando o desenvolvimento de hastes de maior comprimento. Relato semelhante fizeram Luz
et al. (2000).
Em síntese, com relação às densidades de plantas/vaso, pode-se afirmar que
maiores densidades implicaram em
maior número de hastes por área, mas
com predomínio de hastes de menor
valor comercial. Já a utilização de menos plantas por vaso resultou em menor
número de hastes por área, mas em
maior quantidade de hastes de maior
valor comercial.
Na Tabela 2 são apresentados os valores observados para o número de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/
ciclo sob 1 e 8 drenos por vaso. Houve
diferença significativa entre os tratamentos somente para o número de hastes de 40 cm por vaso e o número total
de hastes por vaso.
Com relação ao número de hastes de
40 cm por vaso, o melhor resultado foi
encontrado no tratamento com um dreno. Resultado semelhante foi obtido
também com a variável número total de
hastes por vaso (Tabela 2). Esses resultados demonstram que provavelmente
a utilização de um dreno mantém disponível por maior tempo uma maior
quantidade de água e nutrientes para as
plantas, em relação à utilização de oito
drenos, possibilitando a melhor nutrição
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Densidade de plantas e número de drenos influenciando a produtividade de roseiras cultivadas em vaso
das plantas. Isso provavelmente acontece porque o substrato não apresenta
uma estruturação significativa visto que
o mesmo é substituído no início dos
cultivos. Essa explicação corrobora com
os comentários feitos por Fermino
(2002) e Gervásio (2003).
Os resultados da análise de variância
com relação à interação número de plantas versus número de drenos por vaso
estão apresentados na Tabela 3. Todas
as variáveis apresentaram diferenças
significativas.
A maior produção de hastes de 35
cm por vaso ocorreu com os tratamentos 4P8D (quatro plantas e oito drenos
por vaso) e 3P1D. Já a produção de hastes de 40 cm foi mais evidenciada somente em 3P1D. Para as hastes de 50cm,
o melhor desempenho ocorreu com o
tratamento 2P1D, que não diferiu estatisticamente dos tratamentos 2P8D,
4P1D e 3P8D. Com relação às hastes
de 60 cm de comprimento, as de maior
valor de mercado, a menor produção foi
observada com o tratamento 4P8D. Em
complemento, o número total de haste
por vaso apresentou o maior valor no
tratamento 3P1D (Tabela 3).
De modo geral, o tratamento 3P1D
produziu o maior número de hastes por
vaso, mas com supremacia nas hastes
de menor tamanho. Caso ao produtor
seja mais interessante a quantidade e não
a qualidade, o mesmo deve optar por
este tratamento. Caso ele deseje hastes
maiores (50 e 60 cm), o produtor pode
optar por 2 plantas/vaso. Resultado semelhante quanto à densidade de plantas
foi obtido por Folegatti et al. (2001).
Em síntese, a utilização de 3 plantas
e 1 dreno por vaso permite a maior produção total por hastes. Nessa condição,
há maior competição por nutrientes, em
comparação com a condição 2 plantas/
vaso, implicando em hastes menores, mas
em maior número, devido ao maior número de plantas por vaso. Redução no
crescimento das plantas em função da redução da disponibilidade de nutrientes
também foi relatada por Carneiro (1983),
Backes & Kãmpf (1991), Mascarenhas
(1993), Nesmith & Duval (1998) e Bezerra (2003). Por outro lado, a utilização
de um só dreno em vasos deve aumentar
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Tabela 3. Número de hastes de 35, 40, 50 e 60 cm e total/vaso/ciclo nos diferentes tratamentos (number of stems of 35, 40, 50, and 60 cm and total/pot/cycle in different treatments).
São Benedito, UFC, 2005.
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%
(means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey’s
test, p£0,05).
o período em que a solução fertirrigante
fica disponível às raízes das plantas aumentando a absorção dos nutrientes e,
conseqüentemente, dos diferentes processos fisiológicos dependentes dos
macro e micronutrientes contidos na solução fertirrigante. Redução da intensidade de drenagem em função de um menor número de drenos, também foi relatada por Costa et al. (2005).
Pode-se concluir que as maiores densidades de plantas por vaso proporcionaram maior número de hastes por área,
mas com predomínio de hastes de menor valor comercial. A utilização de menores densidades de plantas por vaso resultou em menor número de hastes por
área, mas em maior número de hastes
com maior valor comercial. A utilização
de vasos com maior número de drenos
reduziu o número total de hastes por vaso.
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de nitrogênio. Horticultura Brasileira 26: 533-536.
Rendimento do maxixeiro adubado com doses de nitrogênio
Ademar P de Oliveira1,4; Arnaldo Nonato P de Oliveira2,4,5; Anarlete U Alves3; Edna U Alves1; Damiana F
da Silva2; Rodolfo R Santos2; Francisco de Assis P Leonardo2
1
UFPB-CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; 2Graduando em Agronomia, UFPB; 3Pós-graduando em Agronomia, UFPB; 4Bolsista
CNPq; 5Bolsista PIBIC; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o efeito de doses crescentes de nitrogênio sobre o rendimento do maxixeiro, cv. Nordestino, realizou um
trabalho na UFPB, em Areia-PB, entre maio e setembro de 2006, em
delineamento experimental de blocos casualizados, com seis tratamentos (0; 50; 100; 150, 200 e 250 kg ha-1 de N), e quatro repetições. Foram utilizadas parcelas de 20 plantas, espaçadas de 2 x 1 m.
Foram avaliados a massa média de frutos, o número e a produção de
frutos por planta e a produção de frutos. A massa média de frutos
atingiu valor máximo de 21 g na dose de 155 kg ha-1 de N. O número
máximo (21 frutos) e a produção máxima de frutos por planta de
maxixe (469 g) foram alcançados com 153 e 187 kg ha-1 de N, respectivamente. A dose de 188 kg ha-1 de N foi responsável pela produção máxima de 12,7 t ha-1 de frutos. A dose de máxima eficiência
econômica foi a de 183 kg ha-1de N, cuja aplicação proporcionou
produção de 12,7 t ha-1 de frutos comerciais, significando incremento de 9,4 t ha-1 na produção de frutos, em relação à ausência do N.
Yield of the gherkin plant fertilized with nitrogen doses
Palavras-chave: Cucumis anguria L., adubação mineral, produção.
The effect of increasing nitrogen doses was evaluated on the
gherkin yield, cv. Nordestino. This study was carried out on the period
from May to September 2006, at the Universidade Federal da Paraíba,
in Areia, Paraiba State, Brazil, in an experimental design of
randomized blocks with six treatments (0; 50; 100; 150, 200 and
250 kg ha-1 N) and four replications. Twenty plants per plot were
used, on a spacing of 2 x 1 m. Fruit average mass, number and fruits
production per plant, and yield of fruits were evaluated. Fruits average
mass reached the maximum value of 21 g using the dose of 155 kg
ha-1 of N. The maximum number (21 fruits) and the maximum fruits
production per plant of gherkins (469 g) were reached with 153 and
187 kg ha-1 of N, respectively. The dose of 188 kg ha-1 of N was
responsible for the maximum yield of 12.7 t ha-1 of fruits. For the
highest maximum economic efficiency the dose of 183 kg ha-1 of N
was responsible for the yield of 12.7 t ha-1 of commercial fruits,
meaning a development of 9.4 t ha-1 in the fruits productivity, relative
to N absence.
Keywords: Cucumis anguria L., mineral fertilization, yield.
(Recebido para publicação em 15 de outubro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)
(Received in October 15, 2007; accepted in October 31, 2008)
O
maxixe, pertencente à família das
cucurbitáceas, tem seus frutos ricos em cálcio e outros minerais, como
fósforo, ferro, sódio e magnésio, além
de vitaminas A, C e do complexo B. Foi
introduzido da África pelos escravos,
disseminando-se pelas Américas e pelo
mundo. No Brasil, é muito consumido
nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, sendo comercializado diariamente nos mercados e feiras livres; enquanto que na região Sul e parte da região
Sudeste, sua comercialização é intermitente e, em geral, regionalizada. Em centros consumidores, como São Paulo,
onde a população nordestina é grande,
encontra-se maxixe com mais facilidade do que nas cidades do interior. É utilizado na forma de fruto imaturo, podendo ser consumido in natura (salada),
em conserva (picles) ou cozido (refogados, sopas, etc.). Na Região Nordeste, é empregado para o preparo de um
prato denominado de maxixada. De
modo geral, é uma hortaliça subutilizada
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
como alimento tanto no Brasil como no
resto do mundo (Bates et al., 1999;
Robinson & Decker-Walters, 1997).
O maxixe adapta-se melhor a solos
arenosos, leves e soltos. Quanto à sua
fertilização, muitos produtores não realizam adubações, pois ele se beneficia de
resíduos de nutrientes aplicados anteriormente. Não obstante, em solos pobres é
recomendado o fornecimento de matéria
orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio
(Pimentel, 1985; Filgueira, 2000).
As exigências de nitrogênio pelas
plantas variam dependendo do estádio
de desenvolvimento e, em algumas culturas, o excesso desse nutriente pode
causar desenvolvimento vegetativo em
detrimento da produção. Em outras espécies, pode proporcionar folhas mais
suculentas e suscetíveis a doenças ou
reduzir a produção. Portanto, seu fornecimento em doses adequadas favorece o crescimento vegetativo, expande a
área foliar e eleva o potencial produtivo
das culturas (Raij, 1991).
Em algumas hortaliças produtoras de
frutos comercializáveis, o nitrogênio
desempenha papel fundamental. No
morangueiro, o fornecimento de N proporcionou a mais elevada produção de
frutos por planta (Bonini et al., 2000).
No pimentão, o N na forma amoniacal
elevou a produção comercial de frutos
(Silva et al., 2000). No tomateiro, aplicado via fertirrigação promoveu elevação na produção de frutos comerciais
(Kano et al., 2000). Em feijão-vagem
proporcionou incremento na produção
de vagens (Oliveira et al., 2003a). No
quiabeiro o aumento na produtividade
de frutos pode ser obtido pelo uso de
adubação nitrogenada em cobertura
(Oliveira et al., 2003b).
No maxixeiro, são poucas as informações sobre o emprego do nitrogênio
na sua fertilização. Para solos pobres
Pimentel (1985) recomenda aplicar apenas 30 g de uréia em cobertura e
Filgueira (2000) recomenda o fornecimento 30 kg ha-1 de nitrogênio na se533
AP Oliveira et al.
a derivada primeira da equação de regressão à relação entre preços do insumo
(R$/kg de N e do produto (R$/kg de frutos) (Raij, 1991; Natale et al., 1996),
sendo os vigentes em Areia-PB em dezembro de 2006, de R$ 2,5/kg de N e
R$ 1,0/kg de frutos, ressaltando-se, porém, que o preço do quilograma de frutos correspondeu ao utilizado pelo produtor, podendo variar a cada ano, conforme a demanda e oferta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Massa média de frutos de maxixeiro em função de doses crescentes de N. (average
weight of the gherkin fruits depending on increasing N levels.). Areia, UFPB, 2006.
meadura e 40 kg ha-1 em adubação de
cobertura. Portanto, diante da escassez
de informações para adubação
nitrogenada nessa cultura, conduziu-se
este trabalho com o objetivo de avaliar
a produção do maxixeiro em função de
doses crescentes de nitrogênio.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em área
experimental da Universidade Federal
da Paraíba, em Areia, entre maio e setembro de 2006 em solo Neossolo
Regolítico Psamítico Típico (Embrapa,
1999), textura areia franca, com as características química e física: pH = 6,9;
P = 11,24 mg dm-3; K = 54,12 mg dm-3;
Al+3 = 0,00 cmolc dm-3; Ca2+ = 3,35 cmolc
dm-3; Mg2 + = 0,65 cmolc dm-3; Na+ = 0,07
cmolc dm-3; H + Al = 2,56 cmolc dm-3;
SB = 4,21 cmolc dm-3; CTC = 6,77 cmolc
dm-3 e matéria orgânica = 14,93 g kg-1
(Embrapa, 1997); areia = 841,50 g kg-1;
silte = 88,00 g kg-1; argila = 70,50 g kg-1;
densidade global = 1,37 g cm-3; densidade de partículas = 2,61 g dm -3; e
porosidade total = 0,47 m3 m-3. O preparo do solo constou de roçagem, capinas e abertura de covas de plantio.
Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com seis
tratamentos (0, 50, 100, 150, 200 e 250
kg ha-1 de N), e quatro repetições. As parcelas continham 20 plantas espaçadas de
2,0 m entre fileiras e 1,0 m entre plantas.
A instalação da cultura foi realizada por
meio de semeadura direta, colocando-se
quatro sementes por cova da cultivar
Nordestino, produzida e comercializada
534
pela Hortivale, realizando-se desbaste
quinze dias após, para duas plantas.
A adubação seguiu as recomendações
do Laboratório de Química e Fertilidade
de Solo da UFPB e consistiu da aplicação de 10 t ha-1 de esterco bovino, 80 kg
ha-1 de P2O5 e 20 kg ha-1 de K2O no plantio e do fornecimento das doses de N
descritas no delineamento experimental
associadas a 50 kg ha-1 de K2O, parceladas em quantidade iguais, aos 30 e 60
dias após a semeadura. Foram utilizadas
como fontes de P 2O 5, N e K 2O,
superfostato triplo, uréia e cloreto de potássio, respectivamente. Realizaram-se os
tratos culturais normais para a cultura,
incluindo irrigação por aspersão, com
turno de rega de três vezes por semana,
nos períodos de ausência de precipitação
e capinas com auxílio de enxadas.
As colheitas, em número de 12, foram efetuadas a cada três dias, entre 60 e
120 dias após a semeadura, quando os
frutos se encontravam imaturos e com
coloração verde intensa. Os frutos colhidos foram transportados para o galpão,
para avaliação das características: massa média, número e produção de frutos
por planta e produtividade de frutos.
Os resultados obtidos foram submetidos a análises de variância e de regressão polinomial, utilizando o teste F para
comparação dos quadrados médios. Na
análise de regressão, foram testados os
modelo linear, quadrático e cúbico, sendo selecionado aquele capaz de melhor
expressar cada característica, empregando-se o SAEG (2000).
A dose de máxima eficiência econômica de N foi calculada igualando-se
As análises de variância e de regressão revelaram efeitos significativos das
doses de N (p<0,05) sobre a massa média de frutos, número e produção de frutos por planta e produtividade de frutos, onde as médias se ajustaram a modelos quadráticos de regressão.
A massa média de frutos atingiu valor máximo de 21 g na dose de 155 kg
ha-1 de N (Figura 1), superior àquele
verificado por Leal et al. (2000) de 19,6
g para a cv. Maxixe do Norte, no sistema convencional de produção, mas foi
inferior ao obtido por Modolo & Costa
(2000) que determinaram massa média
de fruto de 37,4 g, também para um
acesso de maxixe do tipo comum. O
número máximo (21 frutos) e a produção máxima de frutos por planta de
maxixe (469 g) foram alcançados com
153 e 187 kg ha-1 de N, respectivamente (Figuras 2 e 3). Esses valores foram
menores do que aqueles verificados por
Azevedo Filho & Melo (2003) que obtiveram médias de 41 frutos por planta
e produção média de 1,47 kg de frutos
por planta. A superioridade dos resultados obtidos por Modolo & Costa
(2000), para a massa média de frutos e
por Azevedo Filho & Melo (2003), para
o número e produção de frutos por
planta, possivelmente se deva à variabilidade genética entre maxixes do tipo
comum, bem como às condições controladas dos experimentos desses autores, que envolveram fertirrigação por
gotejamento.
Foi calculada a dose de 188 kg ha-1
de N como aquela responsável pela produção máxima de 12,7 t ha-1 de frutos
(Figura 4). A fórmula obtida para determinação da dose de máxima eficiência
econômica de N foi:
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Rendimento de maxixe adubado com doses de nitrogênio
Figura 2. Número de frutos por planta em maxixeiro adubado com doses crescentes de N.
(number of fruits on gherkin plants fertilized with increasing N levels). Areia, UFPB, 2006.
Figura 3. Produção de frutos por planta em maxixeiro adubado com doses crescentes de N.
(yield of fruits on gherkin plants fertilized with increasing N doses). Areia, UFPB, 2006.
12,7 t ha-1 de frutos comerciais, o que
representa incremento de 9,4 t ha-1 de
frutos, em relação à ausência do insumo.
A dose de máxima eficiência econômica de N foi próxima daquela responsável pela produção máxima de frutos. Sob o ponto de vista do rendimento, o resultado obtido em função da dose
de N responsável pela produção máxima de frutos, superou a produtividade
de 4,0 a 5,0 t ha-1 relatada por Filgueira
(2000) como adequada para a espécie,
e as produtividades médias do estado do
Maranhão de 8,0 t ha-1 (Martins, 1986)
e a do estado de São Paulo, de 12 t ha-1
(Melo & Trani, 1998), indicando os benefícios do seu emprego na produção de
frutos no maxixeiro. O nitrogênio, fornecido em quantidade adequada, desde
o início do desenvolvimento nas culturas, em geral, estimula o desenvolvimento da parte aérea e incrementa a sua
produção (Filgueira, 2000). No melão
(Faria et al., 2003) e na melancia (Garcia
& Souza, 2002), obtiveram incrementos de mais de 40% na produtividade de
frutos pelo uso de nitrogênio.
Embora o nitrogênio seja exigido na
maioria das hortaliças (Pereira & Fontes, 2005), alguns autores verificaram
queda no rendimento em hortaliças frutos em função de doses elevadas de nitrogênio (Bonini et al. 2000; Oliveira et
al., 2003b; Oliveira et al., 2003c). Para
o maxixeiro, doses acima de 188 kg ha-1
de N, proporcionaram queda na produção de frutos, o que pode indicar que
esta hortaliça é sensível a doses excessivas desse elemento.
REFERÊNCIAS
Figura 4. Produtividade de frutos do maxixeiro em função de doses crescentes de N (yield
of fruits on gherkin plant depending on increasing N doses). Areia, UFPB, 2006
99,715 – Y,
Dose de N = —————
2. (0,2646)
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
onde Y é a relação entre os preços
do insumo e do produto. Dessa forma a
dose mais econômica de N foi de 183
kg ha-1, para Y = 2,5, com produção de
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Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RN
Salvador B Torres1; Fabrícia N de Oliveira2; Regina C de Oliveira3; João B Fernandes4
1
EMPARN/UFERSA-Depto Ciências Vegetais, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 3UFERSA-Depto Ciências Vegetais; 4EMPARN/
Embrapa, C. Postal 188, 59062-900 Natal-RN; 2Estudante; bolsista CNPq; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade e caracterizar a morfologia de dez acessos de caupi [Vigna unguiculata (L.)
Walp.], nas condições edafoclimáticas do município de Mossoró,
RN. Dez acessos (Amapá, BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda,
Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira, Pingo-de-ouro, Rabo-de-peba
e Sempre-verde) foram avaliados em experimento de campo, de agosto/2006 a junho/2007, em Mossoró. Verificou-se que todos os
genótipos de caupi apresentaram hábito de crescimento
indeterminado e semi-enramador volúvel, exceto o ‘BRS Potiguar’
que revelou comportamento semi-enramador. O número de sementes variou de 12 a 16 por vagem. Para a região de Mossoró, pode ser
indicado como melhor alternativa ao produtor, o acesso Amapá, por
ser mais precoce, possuir maior número de vagens por planta e maior
produtividade, seguido de BRS Potiguar e Casca-de-seda.
Yield and morphology of cowpea accessions in Mossoró, Rio
Grande do Norte State, Brazil
Palavras-chave: Vigna unguiculata, morfologia vegetal, rendimento.
Keywords: Vigna unguiculata, plant morphology, yield.
The objective of this work was to evaluate the productivity and to
describe the morphology of ten cowpea [Vigna unguiculata (L.) Walp.]
accessions in the edaphoclimatic conditions of Mossoró, Brazil. The
accessions Amapá, BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda, Coruja,
Costela-de-vaca, João-vieira, Pingo-de-ouro, Rabo-de-peba and
Sempre-verde were evaluated in a field experiment from August 2006
to June 2007. The majority of accessions was of indeterminate and
semi-branched voluble growth habit; only BRS Potiguar was semibranched. The number of seeds per pod varied from 12 to 16. For the
Mossoró region, the accession Amapá is considered be the best
alternative for small farmers. This accession is earlier maturing,
presents a high number of pods per plant and high yield. Other
promising genotypes are BRS Potiguar and Casca-de-seda.
(Recebido para publicação em 17 de outubro de 2007; aceito em 1 de outubro de 2008)
(Received in October 17, 2007; accepted in October 1, 2008)
O
caupi [Vigna unguiculata (L.)
Walp.], conhecido no Nordeste brasileiro por feijão-macassar ou feijão-decorda, é uma cultura de grande importância para o desenvolvimento agrícola
da região Nordeste, tanto no aspecto econômico quanto no nutricional, pois é o
alimento básico na dieta das populações
mais carentes, exercendo função social
no suprimento das necessidades
nutricionais dessa camada da população.
No Brasil, o caupi é cultivado predominantemente no sertão semi-árido da
região Nordeste e em pequenas áreas na
Amazônia (Maia, 1986). Ainda segundo este autor, é uma das leguminosas
mais adaptadas, versáteis e nutritivas
(23-25% de proteína) entre as espécies
cultivadas. A cultura ocupa cerca de 11
milhões de hectares, distribuídas nas
regiões tropicais e subtropicais da África, Ásia e América (Singh et al., 2002).
A caracterização morfológica fornece uma série de informações a respeito
da variabilidade genética de cada material estudado. Esses dados auxiliam na
caracterização de germoplasma, possibilitando avanços na descrição da diverHortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
gência genética entre linhagens (Singh,
2001).
Os trabalhos de melhoramento de
caupi no Brasil ainda são escassos e as
cultivares disponíveis estão sendo utilizadas sem se considerar as suas possíveis diferenças de comportamento nas
diversas regiões de cultivo. Portanto, a
caracterização morfológica de linhagens
de caupi é importante porque possibilita o registro e identificação, facilitando
o acesso a esse material em busca de
plantas com boa resposta em termos de
produtividade e comportamento em diferentes condições ambientais.
O objetivo deste trabalho foi avaliar
a produtividade e caracterizar a
morfologia de dez acessos de caupi nas
condições edafoclimáticas do município
de Mossoró, RN.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em
campo da UFERSA, em Mossoró, cujas
coordenadas geográficas são 5º11’ de
latitude sul e 37º20’ de longitude oeste.
O clima da região, segundo a classifi-
cação de Koppen, é seco e muito quente, com duas estações climáticas: uma
seca que vai geralmente de junho a janeiro e outra chuvosa, de fevereiro a
maio, apresentando temperatura média
anual de 27ºC, precipitação
pluviométrica anual irregular com média de 673 mm, umidade relativa do ar
de 68% e luminosidade de 241,7 h mês-1
(Amaro Filho, 1991). A análise de solo
indicou: pH em água = 6,8; P disponível = 149,00 mg dm-3; K = 93,00 mg
dm-3; Al trocável = 0,0 cmol dm-3; Ca+2
+ Mg = 3,75 cmol dm-3 e matéria orgânica = 14,2 g dm-3.
O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com dez
tratamentos e quatro repetições. As parcelas experimentais foram constituídas
por 30 plantas (três fileiras de dez plantas), sendo as avaliações realizadas na
fileira central. Os tratamentos compuseram-se dos acessos de caupi: Amapá,
BRS Potiguar, Canapu, Casca-de-seda,
Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira,
Pingo-de-ouro, Rabo-de-peba e Sempreverde, que foram obtidas junto a pequenos produtores e feiras livres de diver537
SB Torres et al.
Tabela 1. Análise de variância e médias dos caracteres número de dias para emergência (NDE), hábito de crescimento (HC), período médio
para início do florescimento (PMIF), porte da planta (PP), comprimento da vagem (CV), número de vagens por planta (NVP), número de
sementes por vagem (NSV), peso 100 sementes (PCS) e produtividade (P) de dez acessos de feijão-vigna [Vigna unguiculata (L.)
Walp.](variance analysis and average values of the characteristics number of days to emergence (NDE), growth habit (HC), average
period to emit flowers (PMIF), plant stature (PP), pod length (CV), number of pods per plant (NVP), number of seeds per pod (NSV),
weight of 100 seeds (PCS) and yield (P) of 10 cowpea accessions). Mossoró, UFERSA, 2007.
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; *,**significativo aos níveis de 5%
e 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente (means followed by the same letters in the column did not differ from each other,
Tukey test, 5%; *,**significant at 5% and 1% probability through F test, respectively).
sos municípios do estado do Rio Grande do Norte.
Antes da semeadura, realizou-se o
preparo do solo, seguido de gradagem e
coveamento com enxadão. No momento
da semeadura, aplicou-se por cova um
litro de esterco bovino curtido e seco. O
espaçamento adotado foi de 1,00 x 0,50
m, sendo semeadas em cada cova três
sementes. Após a germinação, foi realizado o desbaste, deixando-se uma planta por cova. O controle de plantas invasoras foi realizado por meio de duas capinas manuais no período anterior ao
florescimento. Durante a condução da
cultura foram realizadas pulverizações à
base de deltametrina 2,5E, para combater a cigarrinha do feijoeiro (Empoasca
krameari). Foram realizadas irrigações
por gotejamento, de forma a suplementar as necessidades da cultura, próximo
ao final do período chuvoso.
Durante o experimento foram anotados o período para emergência das
plântulas, hábito de crescimento, período médio para início do florescimento,
porte da planta, comprimento médio da
vagem, número médio de vagens por
planta, número médio de sementes por
vagem, peso de 100 sementes e produtividade. Os dados de produção e de
medições de vagens foram submetidos
à análise de variância e a comparação
538
de médias foi feita pelo teste Tukey, a
5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificaram-se diferenças estatísticas significativas entre os genótipos para
todas as características analisadas (Tabela 1). O período de emergência variou de quatro a seis dias, sendo os
genótipos Casca-de-seda e Canapu o
mais precoce e tardio, respectivamente,
embora não tenham diferido significativamente dos demais genótipos. Todos
os acessos expressaram hábito de crescimento indeterminado e porte da planta semi-enramador volúvel, exceto BRS
Potiguar, que se revelou semienramador.
Houve diferenças de até 36 dias entre acessos para que, pelo menos 50%
das plantas estivessem em floração. Os
acessos Amapá e BRS Potiguar detiveram 50% das plantas em floração aos
55 e 56 dias, respectivamente, após a
semeadura, enquanto o acesso Pingo-deouro foi o mais tardio, atingindo este
índice aos 91 dias.
O comprimento médio da vagem
variou de 14 a 25 cm, para Pingo-deouro e Costela-de-vaca, respectivamente. Nesse sentido, observa-se que os
acessos Canapu, Rabo-de-peba e Pingo-
de-ouro obtiveram tamanhos de vagens
abaixo dos padrões comerciais, que, segundo Pereira et al. (1992), Silva &
Oliveira (1993) e Miranda et al. (1996)
é acima de 20 cm de comprimento.
Comprimentos de vagens superiores a
20 cm foram verificados nos acessos
Amapá, BRS Potiguar, Casca-de-seda,
Coruja, Costela-de-vaca, João-vieira e
Sempre-verde.
Com relação ao número de vagens
por planta, destacou-se o acesso Amapá,
com 11 vagens. Por outro lado, Canapu
e Pingo-de-ouro contiveram os menores números de vagens por planta, seguidos por João-vieira e Rabo-de-peba.
Coruja e Sempre-verde expressaram
o maior número de sementes por vagem,
16 e 15, respectivamente; enquanto para
os demais a variação foi de 12 a 13, não
havendo diferença estatística significativa. Observa-se ainda que o peso médio de 100 sementes variou de 15,86 g
(Pingo-de-ouro) a 23,47 g (Costela-devaca).
O acesso mais produtivo foi Amapá,
com 1,60 t ha-1, tendo produzido o maior
número e vagens por planta; seguido por
BRS Potiguar (1,51 t ha-1) e Casca-deseda (1,39 t ha-1). Por sua vez, os acessos menos produtivos, em ordem decrescente, foram Rabo-de-peba (0,49 t ha-1),
Canapu (0,46 t ha-1) e Pingo-de-ouro
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RN
(0,34 t ha-1), que produziram, também,
o menor número de vagens por planta.
Considerando que o caupi é uma significativa fonte de proteína e de renda
para a população menos favorecida da
região Nordeste, os resultados desta pesquisa fornecem subsídios para programas de melhoramento, visando a seleção de materiais adaptados às condições
edafoclimáticas da região.
Face aos resultados obtidos, para a
região de Mossoró, pode ser indicado
como alternativa de cultivo experimental ao produtor, o acesso Amapá, por ser
mais precoce, possuir maior número de
vagens por planta e maior produtividade. BRS Potiguar e Casca-de-seda poderão também atender a esse propósito
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
por apresentarem produtividade e comprimento de vagens superiores além de
serem precoces.
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híbrida do tipo “Tetsukabuto”. Horticultura Brasileira 26: 540-542.
Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto”
Warley Marcos Nascimento; Karuliny G Coimbra; Raquel A Freitas; Leonardo S Boiteux
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília-DF; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
A abóbora tipo “Tetsukabuto” é um híbrido interespecífico, macho estéril, resultante do cruzamento entre Cucurbita maxima e C.
moschata. Uma das estratégias utilizadas para produção comercial
de frutos de “Tetsukabuto” tem sido o plantio adjacente e
concomitante de acessos de C. maxima ou C. moschata como
polinizadores. Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de
diferentes acessos de C. maxima como fontes de pólen para produção comercial de abóbora tipo “Tetsukabuto”. A cultivar de moranga
‘Exposição’ e o acesso ‘Nirvana’ foram utilizados como polinizadores
para produção de frutos de dois híbridos do tipo varietal
“Tetsukabuto” (‘Jabras’ e ‘Kyoto’). Foram avaliados os tratamentos
(cruzamentos) Jabras x Exposição, Jabras x Nirvana, Tetsukabuto x
Exposição, Tetsukabuto x Nirvana, em quatro repetições. Foram determinados os parâmetros massa dos frutos, diâmetro dos frutos,
espessura da polpa, número e massa de sementes. O acesso ‘Nirvana’
(cultivar em fase de validação) pode ser utilizado na produção comercial como polinizador de abóboras deste grupo varietal sem nenhum prejuízo quando comparado com a moranga ‘Exposição’.
Efficiency of Cucurbita maxima accessions as pollinators in
the commercial production of pumpkin (‘Tetsukabuto’ type)
Palavras-chave: Curcubita maxima, Curcubita moschata, produção de híbridos, qualidade de sementes.
Keywords: Curcubita maxima, Curcubita moschata, hybrid
production, seed quality.
‘Tetsukabuto’ pumpkins are interspecific hybrids between
Cucurbita maxima x C. moschata accessions. Such hybrids, however,
are often male-sterile due to the impaired ability of the staminate
flowers to produce functional pollen. The use of intervening rows of
staminate (pollen-donor) plants is one strategy employed in order to
have commercial fruit production. In the present work, two C.
maxima accessions [‘Exposição’ (E) and ‘Nirvana’ (N)] were
employed as pollen-donors (staminate parents) and their efficiency
was compared considering fruit and seed yield parameters. Two
pistillate Tetsukabuto hybrids [‘Jabras’ (J) and ‘Kyoto Tetsukabuto’
(KT)] were employed in four possible unidirectional crosses (J x E,
J x N, KT x E and KT x N). Fruits were produced using standard
manual pollination techniques done on a daily basis (during the
morning). After harvesting, the following traits were evaluated: fruit
weight, fruit diameter, fruit flesh depth, number of seeds per fruit
and total seed weight. The results indicated that both staminate parents
are equivalent for all traits. The accession ‘Nirvana’ (a cultivar in a
pre-release stage) could be considered a commercial alternative to
‘Exposição’ (the traditional staminate parent under Brazilian
conditions) due to its improved fruit quality attributes, which could
provide an additional source of revenues for the ‘Tetsukabuto’
growers.
(Recebido para publicação em 18 de junho de 2008; aceito em 15 de setembro de 2008)
(Received in June 18, 2008; accepted in September 15, 2008)
A
abóbora híbrida “Tetsukabuto”,
também denominada abóbora japonesa ou cabotiá, é resultante do cruzamento
entre linhagens selecionadas de moranga
(Cucurbita maxima Duch.) – empregadas
como genitores femininos – e linhagens de
abóbora (C. moschata Duch. et Poir.), empregadas como genitores masculinos
(Amarante et al., 1994; Bisognin, 2002).
Híbridos pertencentes a este grupo
varietal, originário de programas de melhoramento genético implementados no
Japão (Robinson & Decker-Walters, 1997),
revelaram excelente adaptação ao cultivo
no Brasil (Pereira, 1999). Atualmente, as
abóboras do tipo “Tetsukatuto” ocupam o
sétimo lugar dentre as hortaliças em cultivadas no Brasil (Pereira, 1999).
540
As formas híbridas “Tetsukabuto”
possuem elevada importância sócio-econômica em diferentes regiões do país,
com expressiva área plantada, devido a
uma série de características positivas, tais
como rusticidade, precocidade, uniformidade, elevado potencial produtivo, qualidade organoléptica (incluindo textura,
sabor e reduzido tempo de cozimento) e
prolongada conservação pós-colheita
quando comparada com cultivares locais
de polinização aberta (Tavares, 1999).
Os híbridos interespecíficos do tipo
“Tetsukabuto” possuem flores masculinas estéreis, necessitando, para sua
frutificação adequada, de técnicas
indutoras de partenocarpia via aplicação
de reguladores de crescimento (Pereira,
1999; Pasqualetto et al., 2001) ou do
plantio simultâneo de plantas
polinizadoras (Pedrosa et al., 1982).
Várias são as cultivares polinizadoras
utilizadas na produção comercial de frutos de abóbora híbrida, as quais podem
ocupar até 20% da área cultivada. Estudos realizados na região do Distrito Federal revelaram maior eficiência da cultivar de moranga ‘Exposição’ na formação e na produção dos frutos da abóbora híbrida “Tetsukabuto”. A maior eficiência da moranga ‘Exposição’ está
diretamente relacionada com a sua grande produção de pólen, que aumenta as
chances de fecundação dos frutos das
plantas femininas pelos insetos
polinizadores e resulta em maior freqüência no número de frutos comerciais
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Eficiência de acessos de Cucurbita maxima como polinizadores de abóbora híbrida do tipo “Tetsukabuto”
em condições de campo (Pereira, 1999).
A cultivar ‘Exposição’, entretanto, possui baixo valor de mercado dos seus frutos, sendo, em alguns casos, destinados
à alimentação animal.
Estudos comparativos de variedades
polinizadoras de híbridos “Tetsukabuto”
são escassos na literatura. Neste contexto, alguns novos genótipos estão sendo
desenvolvidos pelo programa de melhoramento da Embrapa Hortaliças visando agregar valor à produção de frutos
das cultivares polinizadoras de híbridos
“Tetsukabuto”. Um acesso de C.
maxima, denominado ‘Nirvana’, foi
considerado promissor, em decorrência
de suas características de coloração extremamente atrativas da casca e polpa
dos frutos, contendo teores mais elevados de alfa e beta-caroteno e boas características organolépticas (textura e
sabor). Este tipo de moranga poderia ser
utilizado como uma polinizadora alternativa, agregando, desta forma, maior
valor às plantações de “Tetsukabuto”.
Este trabalho teve como objetivo
comparar a eficiência de dois acessos
de C. maxima como fontes de pólen para
produção comercial de abóbora híbrida
tipo “Tetsukabuto”.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi implementado, na Embrapa Hortaliças, um ensaio em telado, de setembro a dezembro de 2005, visando avaliar a eficiência relativa de polinização
na produção comercial de abóbora tipo
‘Tetsukabuto’ de dois acessos de
moranga: ‘Nirvana’ (Embrapa Hortaliças) e ‘Exposição’ (Horticeres). O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado com quatro
repetições. Foram utilizados como
genitores femininos dois híbridos
“Tetsukabuto”: ‘Jabras’ (Embrapa Hortaliças) e ‘Tetsukabuto’ (Kyoto). A disposição no telado foi de 1:2, ou seja, uma
linha de cada um dos polinizadores para
duas linhas de ‘Jabras’ e duas linhas de
‘Tetsukabuto’ (Kyoto), sendo estas dispostas de maneira alternada. Desta forma, o ensaio foi composto pelos tratamentos (cruzamentos) ‘Jabras’ x ‘Exposição’; ‘Jabras’ x ‘Nirvana’;
‘Tetsukabuto Kyoto’ x ‘Exposição’,
‘Tetsukabuto Kyoto’ x ‘Nirvana’, em
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Tabela 1. Características dos frutos de dois híbridos de abóbora tipo “Tetsukabuto” (‘Jabras’
e ‘Tetsukabuto Kyoto - TK’) polinizados por dois acessos (‘Exposição’ e ‘Nirvana’) de
moranga (Cucurbita maxima). (fruit characteristics of ‘Tetsukabuto’ type pumpkin hybrids
(‘Jabras’ and ‘Tetsukabuto Kyoto-TK’) pollinated by two squash (Cucurbita maxima)
accessions (‘Exposição’ and ‘Nirvana’). Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005.
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade. (means followed by the same letter within a column are not significantly
different according to Tukey’s test at p<0.05).
quatro repetições.
A semeadura dos acessos
polinizadores foi realizada 15 dias antes da semeadura dos híbridos, visando
assegurar a sincronia com o período de
florescimento destes materiais genéticos
(Pessoa, 1998). Os tratos culturais realizados seguiram as mesmas exigências
do cultivo da cultura da abóbora, sendo
os ramos principais tutorados e os secundários desbrotados. O florescimento
iniciou aproximadamente 35 dias após
a semeadura. A polinização manual foi
realizada diariamente no período da
manhã. Foi utilizada a proporção de flores de 1:1, ou seja, uma flor do
polinizador para cada flor a ser
polinizada, fornecendo assim, condições
de igualdade de polinização. Este processo teve duração de aproximadamente 60 dias, quando se procedeu a colheita dos frutos. Após a colheita, os frutos
foram avaliados quanto à qualidade e à
eficiência de polinização. Foram analisadas as características massa dos frutos (kg), diâmetro dos frutos (cm), espessura da polpa (cm), número de sementes por fruto e massa de sementes
secas por fruto (g). Os dados obtidos
foram submetidos à análise de variância
e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste Tukey em 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os tratamentos (duas cultivares de
morangas utilizadas como polinizadores
para produção comercial de abóboras
tipo ‘Tetsukabuto’) não diferiram esta-
tisticamente entre si em nenhuma das
variáveis avaliadas (Tabela 1). A massa
de frutos variou de 1,19 a 1,35 kg, com
frutos variando de 14,27 a 16,06 cm de
diâmetro. Estes valores se encontram
dentro da média de 1 a 2 kg dos frutos
comerciais de abóbora do tipo
‘Tetsukabuto’ (Silva et al., 1999). O diâmetro e a espessura da polpa dos frutos
também não diferiram quanto aos
polinizadores (Tabela 1).
É interessante notar que, embora não
significativo, o híbrido ‘Jabras’ produziu maior massa e quantidade de sementes do que o híbrido ‘Tetsukabuto
Kyoto’, independente do polinizador
utilizado. Os resultados sugerem que o
acesso ‘Nirvana’ pode ser utilizado
como polinizadora de abóboras do tipo
‘Tetsukabuto’. Este acesso não diferiu
da moranga ‘Exposição’ para nenhuma
das características avaliadas. A moranga
‘Exposição’ é a cultivar mais utilizada
para esta finalidade no Brasil. Por sua
vez, ‘Nirvana’ (uma cultivar em fase de
validação) é promissora devido a suas
características de coloração laranja intensa tanto da casca quanto da polpa dos
frutos, contendo teores mais elevados dos
pigmentos carotenóides com ação de próvitamina A (alfa e beta-caroteno).
‘Nirvana’ apresenta também um conjunto de boas características organolépticas
(textura, sabor e coloração da polpa). O
acesso ‘Nirvana’ apresenta-se, desta forma, como uma nova e promissora alternativa aos produtores comerciais de abóboras híbridas, que além de utilizarem essa
cultivar como polinizadora, poderão também comercializar seus frutos com preços potencialmente mais elevados.
541
WM Nascimento et al.
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Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
indice analitico / analytical index
Abóbora (Cucurbita moschata) (Cucurbita maxima)
Produção e marketing .......................................................... 6
Cucurbita maxima como polinizador, Tetsukabuto, qualidade de semente ................................................................... 540
Abobrinha italiana (Cucurbita pepo)
Heterogeneidade, precisão experimental, tamanho de parcela, frequencia de colheita ................................................... 35
Tamanho de parcela, ambiente protegido, massa de frutos .... 335
Alface (Lactuca sativa)
Sistema de cultivo, consórcio, Lycopersicon esculentum ... 158
Mudas, fertilizante orgânico, substrato ........................... 186
Cobertura do solo, ervas espontâneas, ndívia, leguminosa,
ndíviaio, manejo orgânico ............................................... 216
Esterco bovino, uréia, produtividade, acúmulo de nitrato, adubação orgânica .................................................................. 227
Condutividade elétrica, taxa de crescimento, força iônica,
solução nutritiva ............................................................... 262
Pendoamento precoce, herdabilidade, tolerante ao calor 354
Condutividade, casca de arroz carbonizada, ndív de minhoca, mudas .......................................................................... 359
Chalara elegans, Thielaviopsis basicola, podridão-negra
de raíz ............................................................................... 398
Thielaviopsis basicola, Chalara elegans, resistência genética ................................................................................ 409
Herança, formato de fruto, grupo cereja ......................... 495
Mudas, substratos, fibra de coco, pó de rocha, reciclagem .... 499
Época de plantio, dose de zinco, alface tipo americana, massa fresca ............................................................................ 510
Cultivo protegido, Amazonia, cultivares ......................... 524
Alho (Allium sativum)
Puccinia porri, tebuconazole, trifloxistrobin, ferrugem . 268
Pseudoperfilhamento, nutrição, ndíviaio, potássio, cobertura
morta ................................................................................. 330
Batata (Solanum tuberosum)
Área foliar, medida linear, modelo estatístico .................. 83
Ambiente protegido, mini-tubérculo, adubação nitrogenada . 116
Insecta, Aleyrodidae, mosca-branca, resistência, Bemisia
tabaci ................................................................................ 221
Ganho por seleção, herdabilidade, aparência, rendimento ..... 325
Fluorescência de clorofila, transformação genética, resistência a PVY ......................................................................... 383
Batata doce (Ipomoea batatas)
Cultivo orgânico, carotenóide, b-caroteno, extrusão ...... 112
Beterraba (Beta vulgaris)
Estresse por excesso de água ............................................. 74
Deficiência nutricional, crescimento ............................... 292
Atividade respiratória, metabolismo,processamento mínimo,
ácido cítrico, betalaína, betacianina, betaxantina ........... 520
Cebola (Allium cepa)
Germinação, vigor, plântula, fisiologia de sementes,
maturação de umbela ......................................................... 78
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Rendimento de bulbo, adaptação, genótipos, semi-árido ..... 97
Macho-esterilidade, PCR, híbrido, citoplasma “S”, “T”
e “N” ................................................................................ 308
Cultivo orgânico, tipo de solo, adaptação, competição, rendimento, sistema de cultivo ................................................ 476
Cebolinha (Allium fistulosum)
Petroselinum crispum, Arracacia xanthorriza Bancroft, razão de área equivalente, consórcio .................................. 287
Cenoura (Daucus carota)
Interação genótipo x ambiente, estabilidade fenotípica, densidade de plantio ................................................................ 88
População de planta, minicenoura, rendimento, adubação
química e orgânica ........................................................... 276
Componente fenotípico, caracteres agronômicos, seleção recorrente, herdabiliade, â-caroteno ................................... 481
Chicória (Cichorium endivia)
Análise de crescimento, agrotêxtil, macronutrientes ........ 50
Eruca sativa, consórcio, rentabilidade, época de plantio 316
Couve-chinesa (Brassica rapa var. chinensis)
Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgânica, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibiótico, cobre ....................................................................... 486
Couve de folhas (Brassica oleracea var. acephala)
Vigor, solução salina, potencial fisiológico de sementes, envelhecimento de sementes ............................................... 144
Quantificação não destrutiva de clorofila, método colorimétrico,
Solanum tuberosum, absorbância, reflectância .................. 471
Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgânica, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibiótico, cobre ....................................................................... 486
Couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis)
Hidrocondicionamento, germinação, vigor, produção ... 165
Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgânica, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibiótico, cobre ....................................................................... 486
Feijão-caupi (Vigna unguiculata)
Genótipo x ambiente, qualidade culinária ...................... 404
Produtividade, morfologia vegetal, caupi, rendimento ......... 537
Feijão-fava (Phaseolus lunatus)
Adubação orgânica e mineral, produtividade, retorno
economico ........................................................................ 251
Hortaliças
Produção e marketing .......................................................... 6
Plutella xylostella, controle biológico, parasitóide de ovos,
razão sexual ...................................................................... 194
Extrator, micronutriente, fibra de coco, casca de pinus, turfa,
disponibilidade de cobre .................................................. 202
Plutella xylostella, controle biológico, parasitismo, ovos, razão sexual, agressividade, traça-das-crucíferas .............. 259
Imigração, introdução de variedades, intercâmbio de
germoplasma .................................................................... 428
543
Mini sensor Irrigas, curva de retenção de água, substrato, cultivo sem solo, mudas, porosidade, fibra de coco ............ 504
Sustentabilidade energética, produção orgânica, produtividade, sistema de cultivo ....................................................... 433
Perfil do consumidor, processamento mínimo, pesquisa de
mercado ............................................................................ 441
Inhame (Dioscorea cayennensis)
Pós-colheita, dormência, emergência, altura de plantas,
rizoma-semente ................................................................ 154
Jiló (Solanum gilo)
Produção e marketing .......................................................... 6
Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) .....
Allium fistulosum, Petroselinum crispum, razão de área equivalente, consórcio ............................................................ 287
Mangarito (Xanthosoma mafaffa)
Nutrição mineral, latossolo vermelho amarelo ............... 102
Maxixe (Cucumis anguria)
Produção e marketing .......................................................... 6
Dose de nitrogênio, produtividade, adubação mineral ......... 533
Melancia (Citrullus lanatus)
Maytenus ilicifoli,, análise de crescimento, microclima, manejo, poda, intensidade luminosa, Espinheira santa ......... 40
Plantas daninhas, interferência, produtividade ............... 107
Melão (Cucumis melo)
Adubação orgânica, irrigação, fertilização, qualidade ..... 15
Processamento mínimo, cloreto de cálcio, quelato
aminocálcico, vida útil ....................................................... 56
Cultivo protegido, fibra da casca de coco, produção ...... 197
Manejo da planta, poda, raleio, produtividade, qualidade de
fruto, número de frutos, número de folhas ...................... 209
Competição, híbrido, manejo, densidade de plantio, melão
pele de sapo ...................................................................... 236
Firmeza de polpa, sólidos solúveis, cátions trocáveis, qualidade de fruto ..................................................................... 271
Matéria seca, cultivo sem solo, densidade de plantio, carga
de frutos, relação fonte:dreno .......................................... 342
Condutividade elétrica, matéria fresca, carga de frutos, concentração salina ................................................................ 348
Rizoctoniose, resistência genética ................................... 401
Crescimento, acúmulo de N, P e K, água salina, matéria
seca ................................................................................... 452
Processamento mínimo, tratamento químico, respiração,
parâmetro físico ............................................................... 458
Conservação pós-colheita, melão Charentais, 1-MCP, refrigeração, atmosfera modificada, etileno, filme plástico ............... 464
Melão rendilhado, profundidade de gotejo, cobertura morta,
produtividade, conservação pós-colheita ........................ 447
Morango (Fragaria x ananassa)
Sólidos solúveis, acidez titulável, sabor, caracterização química .................................................................................. 371
PALMITO
Jussara (Euterpes edulis)
Porcentagem de germinação,sombreamento, índice de velocidade de emergência ....................................................... 492
544
Pupunha (Bactris gasipaes)
Altura, fitomassa, relação fitométrica, área foliar .......... 138
Pepino (Cucumis sativus)
Monóico, ginóico, biologia reprodutiva, florescimento, viabilidade de pólen, fecundação, hormonio ......................... 30
Diaphania nitidalis, resíduo de agrotóxico, deltametrina, broca-das-cucurbitáceas ........................................................ 321
Pimenta longa (Piper hispidinervum)
Micropropagação, semente artificial, unidade encapsulável,
alginato de sódio, carvão ativado ...................................... 93
Pimentão (Capsicum annuum)
Manejo, ambiente protegido, modelo de cultivo em Manaus 121
Cera, filme de PVC, refrigeração, pós-colheita .............. 170
Plantas medicinais
Egletes viscosa, macela, óleo essencial, extrato etanólico,
extrato clorofórmico, época de colheita ............................ 26
Mentha arvensis, menta, nutrientes, hidroponia, solução nutritiva .................................................................................. 61
Etnobotânica, fitoterapia, Amazônia ............................... 244
Lippia sidoides, alecrim-pimenta, micropropagação, regulador
de crescimento, propagação in vitro, segmento nodal ........ 255
Melissa officinalis, melissa, manejo, adubação nitrogenada,
biomassa, altura de corte ................................................. 312
Pfaffia glomerata, fáfia, ginseng brasileiro, propagação, crescimento ............................................................................. 375
Cymbopogon citratus, capim-limão, Cymbopogon flexuosus,
manejo, intervalo de corte, capim limão ......................... 379
Pfaffia glomerata, fáfia, biomassa, b-ecdisona, sazonalidade
de produção ...................................................................... 393
Plantas ornamentais
Ananas comosus var. erectifolius, abacaxi ornamental, cultura de tecidos, enraizamento, multiplicação ....................... 45
Aechmea blanchetiana, bromélia, adubação foliar, nitrato de
potássio, aclimatização, cultivo in vitro .......................... 175
Aster ericoides, aster, latossolo, nutrição mineral, estufa, adubação nitrogenada e potássica ......................................... 190
Dendrathema grandiflorum, crisântemo, Liriomyza spp, manejo de inseto, composto silicatado ................................. 240
Rosa sp., rosa, exportação de nutrientes, ambiente protegido
CC1763
Rosa sp., rosa, densidade de plantio, número de drenos em
vaso, produtividade, ambiente protegido ........................ 528
Repolho (Brassica oleracea var. capitata)
Vigor, solução salina, potencial fisiológico de sementes, envelhecimento de sementes ............................................... 144
Caracterização, Xanthomonas campestris, produção orgânica, podridão-negra, variabilidade, resistência varietal, antibiótico, cobre ....................................................................... 486
Rúcula (Eruca sativa)
Chicorium ndívia, consórcio, rentabilidade, época de plantio .. 316
Salsa (Petroselinum crispum)
Allium fistulosum, Arracacia xanthorriza Bancroft, razão de
área equivalente, consórcio ............................................. 287
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Urucu (Bixa orellana)
Germinação, vigor de sementes, dormência, envelhecimento
acelerado, maturação de sementes .................................... 19
Taioba (Xanthosoma sagittifolium)
Produção e marketing .......................................................... 6
Taro (Colocasia esculenta)
Avena strigosa, plantio direto, cama de aviário, produção orgânica ............................................................................... 149
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Tomate (Lycopersicon esculentum)
Sistema de cultivo, consórcio, Lactuca sativa ................ 158
Tutoramento, severidade de doença, danos por insetos, sistema de condução ................................................................ 180
Caixa K, dano pós-colheita, dano físico, tomate de mesa231
Tabela de vida da cultura, podridão apical, manejo de pragas,
ambiente protegido .......................................................... 281
Marcador RAPD, descritor morfológico, descritor
multicatogórico ................................................................ 364
545
agradecimentos aos revisores / thanks to reviewers
Ademar Pereira de Oliveira ................................... UFPB-PB
Adriana Ramos ...................................................... Ilheus-BA
Adriano Bandelli .............................................. VORTEX-RS
Adriano do Nascimento Simões ............................. UFV-MG
Agostinho Dirceu Didonet ....... Embrapa Arroz e Feijão-GO
Alessandra Mayumi Tokura .................................. UNIDERP
Alice Maria Quezado Duval ........... Embrapa Hortaliças-DF
Alice Nagata .................................... Embrapa Hortaliças-DF
Alineaurea Florentino Silva ................ Embrapa Semi-Árido
Álvaro Vilela de Resende ................. Embrapa Cerrados-DF
Amauri Alves de Alvarenga ................................. UFLA-MG
Amauri Bogo ....................................................... UDESC-SC
Ana Christina Brasileiro Vidal .............................. UFPE-PE
Ana Maria Resende Junqueira ................................. UnB-DF
Ancélio Ricardo de Oliveira Gondim ................. UNESP-SP
Anderson Fernando Wamser ............................. EPAGRI-SC
Angela Maria Ladeira .................... Instituto de Botânica-SP
Angela Maria Soares ............................................ UFLA-MG
Antonia dos Reis Figueira ................................... UFLA-MG
Antonio Carlos Maringoni ................................... UNESP-SP
Antônio Ismael Inácio Cardoso ........................... UNESP-SP
Antonio Nolla ........................................................ Toledo-PR
Arie Fitzgerald Blank ............................................... UFS-SE
Arione da Silva Pereira ....... Embrapa Clima Temperado-RS
Armando Reis Tavares ................... Instituto de Botânica-SP
Atelene Normann Kämpf Consultoria Normann Kämpf-RS
Auri Brackmann .................................................... UFSM-RS
Candido Athayde Sobrinho ............. Embrapa Meio Norte-PI
Carlos Alberto Aragão ......................................... UNEB-BA
Carlos Alberto Simões do Carmo ................... INCAPER-ES
Carlos Eduardo Ferreira de Castro ........................... IAC-SP
Carlos R F Grosso ................................................ UNESP-SP
Carlos Roberto Bueno ........................................... INPA-AM
Caroline Jacome Costa ..................... Embrapa Cerrados-DF
Cesar Augusto Brasil Pereira Pinto ..................... UFLA-MG
Cesar Bauer Gomes ............ Embrapa Clima Temperado-RS
Charles Martins de Oliveira .............. Embrapa Cerrados-DF
Cláudia Pombo Sudré ............................................ UENF-RJ
Claudio Sanzonowicz ....................... Embrapa Cerrados-DF
Cristiaini Kano .......................................................... IAC-SP
Cristina Duda de Oliveira .................................... UNESP-SP
Cynthia Torres de Toledo Machado . Embrapa Cerrados-DF
Daniela Lopes Leite ............ Embrapa Clima Temperado-RS
Derly J. H. da Silva ................................................. UFV-MG
Diego Resende de Queirós Pôrto ........................ UNESP-SP
Dilermando Perecin ............................................. UNESP-SP
Dirceu Pratissoli ..................................................... UFES-ES
Eder Pereira Gomes ................................................ UEM-PR
546
Edison Ryoiti Sujii ........................... Embrapa Cenargen-DF
Edmilson José Ambrosano ....................................... IAC-SP
Edson Hiydu Mizobutsi .........................................................
Eduardo Dal´Ava Mariano ............................. UNICAMP-SP
Egídio Bezerra Neto ............................................ UFRPE-PE
Eliana Paula Fernandes Brasil ................................ UFG-GO
Elizanilda Ramalho de Rego ................................. UFPB-PB
Eloisa Aparecida Belleza Ferreira ......... Embrapa Cerrados-DF
Ernani Clarete da Silva ........................................ UFLA-MG
Evander Alves Ferreira ....................................... UEMC-MG
Fernando Campos Mendonça ..... Embrapa Pecuária Sudeste-SP
Fernando Luiz Finger ............................................. UFV-MG
Flávia Cristina dos Santos ................ Embrapa Cerrados-DF
Flavia França Teixeira ............ Embrapa Milho e Sorgo-MG
Francisco C. Maia Chaves ... Embrapa Amazonia Ocidental-AM
Francisco L. A. Câmara ....................................... UNESP-SP
Francisco Vilela Resende ................ Embrapa Hortaliças-DF
Gabriel Belfort Rodrigues ................................... UFLA-MG
Georgea Rita Burck Duarte ................................. Pelotas-RS
Geovani Bernardo Amaro ............... Embrapa Hortaliças-DF
Geraldo Milanez de Resende .............. Embrapa Semi-Árido
Germani Concenço ................................................. UFV-MG
Germano Leão Demolin Leite ............................ UFMG-MG
Gil Rodrigues dos Santos ........................................ UFT-TO
Giovani Olegário Silva ................... Embrapa Hortaliças-DF
Gisele Rodrigues Moreira ...................................... Vitória-es
Glauber Henrique de Souza Nunes ................. UFERSA-RN
Haydée Siqueira Santos ....................................... UNESP-SP
Hélcio Costa .................................................... INCAPER-ES
Helio Grassi Filho ................................................UNESP-SP
Helvécio De-Polli ....................... Embrapa Agrobiologia-RJ
Ignácio Aspiazú ....................................................... UFV-MG
Ítalo Ludke ...................................... Embrapa Hortaliças-DF
Itamar Rosa Teixeira ............................................... UEG-GO
Izabel Cristina do Santos ................................ EPAMIG-MG
Jacimar Luis de Souza .................................... INCAPER-ES
Jackson Kawakami ............................................... UEPG-PR
Jadir Borges Pinheiro ...................... Embrapa Hortaliças-DF
Jeandson Silva Viana ............................................. UFPB-PB
Jesus G. Töfoli .................................... Instituto Biológico-SP
Joao Batista Duarte ................................................. UFG-GO
Joao Batista Vida ..................................................... UEM-PR
João Ito Bergonci ................................................ UFRGS-RS
Joaquim Gonçalves de Pádua ......................... EPAMIG-MG
Jonny Everson Scherwinski ............. Embrapa Cenargen-DF
Jony Eishi Yuri ............................................. UNINCOR-MG
José Alberto Caram de Souza Dias .......................... IAC-SP
José Carlos Lopes .................................................. UFES-ES
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
José de Barros de França Neto ................. Embrapa Soja-PR
José Guilherme Marinho Guerra ...... Embrapa Agrobiologia-RJ
José Hortêncio Mota ............................................ UFGD-MS
José Lindorico Mendonça ............... Embrapa Hortaliças-DF
José Maria Pinto ............................ Embrapa Semi-Árido-PE
José Ricardo Peixoto ................................................ UnB-DF
Juan Saavedra del Aguila .................................... ESALQ-SP
Juliano Tadeu Vilela de Resende ............. UNICENTRO-PR
Jurandi Gonçalves de Oliveira .............................. UENF-RJ
Juscelino Antonio Azevedo .............. Embrapa Cerrados-DF
Juvenil Cares ............................................................ UnB-DF
Leandro Borges Lemos ........................................UNESP-SP
Leilson Costa Grangeiro .................................. UFERSA-RN
Leonora Mansur Mattos .................. Embrapa Hortaliças-DF
Lindamir Hernandez Pastorini .................................. URI-RS
Luciana M. de Carvalho . Embrapa Tabuleiros Costeiros-SE
Luciane Vilela Resende ....................................... UFLA-MG
Luciano Esteves Peluzio ......................................... UFV-MG
Luiz Alexandre Peternelli ....................................... UFV-MG
Luiz Antonio Augusto Gomes ............................. UFLA-MG
Luiz Antonio Biasi ................................................. UFPR-PR
Luiz Carlos Prezotti ........................................ INCAPER-ES
Luiz Carlos S. Caetano ........................................ Pesagro-RJ
Luiz Vitor Egas Villela Junior ................................ FAEF-SP
Marcelo Tavares ..................................................... UFU-MG
Marcia de Nazare O Ribeiro ................................ UFLA-MG
Marciel João Stadnik ............................................. UFSC-SC
Marcos Aurelio Carolino de Sá ........ Embrapa Cerrados-DF
Marcos David Ferreira ................................... UNICAMP-SP
Maria Aico Watanabe .............. Embrapa Meio Ambiente-SP
Maria Aparecida Nogueira Sediyama .................... UFV-MG
Maria Cristina Rocha Cordeiro ........ Embrapa Cerrados-DF
Maria de Fátima Guimarães .................................... UEL-PR
Maria Esmeralda Soares Payão Demattê ............ UNESP-SP
Maria José Granate ................................................. UFV-MG
Maria Nilda Lofego Otoboni ............................... UNESP-SP
Maria Zuleide de Negreiros ............................. UFERSA-RN
Marina Castelo Branco ................... Embrapa Hortaliças-DF
Marinalva Woods Pedrosa .................................. Viçosa-MG
Marinice Oliveira Cardoso .. Embrapa Amazonia Ocidental-AM
Mario Puiatti ........................................................... UFV-MG
Marisa Toniolo Pozzobon ................ Embrapa Cenargen-DF
Marta Simone Mendonça Freitas .......................... UENF-RJ
Maryzélia Furtado de Farias ............................ São Luis-MA
Mauricio Jose Fornazier ................................. INCAPER-ES
Maurício Ursi Ventura ............................................. UEL-PR
Max José de A. Faria Júnior ................................ UNESP-SP
Miguel Michereff Filho ................... Embrapa Cenargen-DF
Milza Moreira Lana ........................ Embrapa Hortaliças-DF
Mírian Josefina Baptista ................. Embrapa Hortaliças-DF
Mirtes Freitas Lima ......................... Embrapa Hortaliças-DF
Monalisa Alves Diniz da Silva .................... Uberlandia-MG
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Monica Ferreira de Abreu ......................................... IAC-SP
Mônica Sartori de Camargo ...................................... IAC-SP
Nand Kumar Fageria ................ Embrapa Arroz e Feijão-GO
Natan Fontoura da Silva ......................................... UFG-GO
Nei Peixoto .............................................................. UEG-GO
Nestor Antonio Heredia Zarate............................ UFMS-MS
Nilson Borlina Maia ................................................. IAC-SP
Nilton Rocha Leal .................................................. UENF-RJ
Norberto da Silva ................................................. UNESP-SP
Nuno Rodrigo Madeira ................... Embrapa Hortaliças-DF
Obertal da S. Almeida ........................................... UESB-BA
Olinda Maria Martins ...................... Embrapa Cenargen-DF
Onkar Dev Dhingra ................................................. UFV-MG
Oscar José Smiderle ........................... Embrapa Roraima-RR
Osmar Rodrigues Brito ............................................ UEL-PR
Pablo Forlan Vargas ............................................ UFMG-MG
Paulo Antônio de Souza Gonçalves .................. EPAGRI-SC
Paulo Roberto R. Chagas .... Centro de Pesq.Mokiti Okada-SP
Paulo Sérgio Lima e Silva ............................... UFERSA-RN
Pedro Dantas Fernandes ....................................... UFCG-PB
Raquel R. B. Negrelle ............................................ UFPR-PR
Regina Maria Monteiro de Castilho .................... UNESP-SP
Renata da Silva Brant ............................ UNIMONTES-MG
Renato Amabile ................................. Embrapa Cerrados-DF
Ricardo Antonio Ayub .......................................... UEPG-PR
Ricardo Monteiro Corrêa ..................................... UFLA-MG
Rita de Cássia Mirella Resende ........................... UFLA-MG
Roberta Marins Nogueira Peil ............................. UFPEL-RS
Ronaldo Setti de Liz ....................... Embrapa Hortaliças-DF
Rosana Fernandes Otto ......................................... UEPG-PR
Rubens Duarte Coelho .............................................. USP-SP
Rui Sales Júnior ............................................... UFERSA-RN
Sally Ferreira Blat ..................................................... IAC-SP
Sami J. Michereff ................................................. UFRPE-PE
Sebastião Elviro de Araújo Neto ....... Univ.Fed.do Acre-AC
Sebastião Wilson Tivelli ........................................... IAC-SP
Semíramis Rabelo R. Ramos .... Embrapa Clima Temperado-RS
Shizuo Seno .......................................................... UNESP-SP
Siegfried Mueller ............................................... EPAGRI-SC
Silvaldo Felipe da Silveira ..................................... UENF-RJ
Silvio Tavares ............................................................ IAC-SP
Simone Costa Mello ........................................... ESALQ-SP
Sissi Kawai Marcos .................................................. FEB-SP
Tânia Beatriz G.A. Morselli ................................. UFPEL-RS
Tatiana da Silva Duarte ......................................... UFSM-RS
Thales Vinicius de Araujo ........................................ UFC-CE
Thiago Leandro Factor ............................................. IAC-SP
Valéria Aparecida Modolo ........................................ IAC-SP
Wagner Bettiol ........................ Embrapa Meio Ambiente-SP
Waldir Marouelli ............................. Embrapa Hortaliças-DF
Waldo Alejandro Ruben Lara Cabezas ..................... IAC-SP
547
indice dos autores / index of authors
Abreu CA ....................................... 202
Abreu MF ....................................... 202
Aguiar FFA ........................... 175; 492
Albertini S ...................................... 458
Almeida AHB ................................... 15
Almeida DL ................... 112; 149; 216
Almeida GC ....................................... 6
Alves AM ....................................... 528
Alves AU ............... 154; 251; 292; 533
Alves DS ........................................ 102
Alves EO ........................................ 471
Alves EU ....................... 154; 251; 533
Alves JC ......................................... 227
Alves LS ......................................... 107
Alves RE ................................. 56; 464
Amarante CVT ............................... 471
Anderson MD ..................................... 6
Andrade DEGT .............................. 401
Anjos RSB ...................................... 186
Araújo JF ........................................ 476
Araújo ML ...................................... 364
Araújo RC ...................................... 227
Argandoña EJS ............................... 371
Arrigoni-Blank MF ........................ 255
Arruda FB ...................................... 330
Arruda JA ....................................... 227
Ascheri JLR .................................... 112
Azevedo BM .................................. 528
Bacarin MA .................................... 383
Bacchis S ........................................ 348
Backes C ......................................... 515
Bandeira DA .................................. 486
Banzatto DA ..................................... 88
Baptista GC .................................... 321
Barbosa JC .............................. 50; 158
Barros FLS ..................................... 240
Barros GAA ................................... 404
Barros ZJ ............................................ 6
Becker WF ..................................... 180
Begiato GF ..................................... 458
Belisário DRS ................................ 107
Beltrame Neto E ............................. 447
Bento CS ........................................ 364
Bezerra AME ................................... 26
Bezerra Neto F ............................... 236
Binoti ML ....................................... 441
548
Bisognin DA .................................. 471
Blank AF ........................................ 255
Blat SF ............................................ 398
Boiteux LS ..................................... 540
Borges RD ...................................... 186
Bovi MLA ...................................... 138
Bovi OA ........................ 312; 375; 379
Braga EJB....................................... 383
Braz LT .................................... 88; 197
Calábria IP ...................................... 276
Calbo AG ........................................ 504
Camargo CK .................................. 371
Camargo GGT ................................ 231
Camargo LKP ................................ 371
Camargo MS ......................... 190; 330
Caramori PH .................................... 40
Cardoso EA .................................... 251
Carmello QAC ............................... 190
Carpes RH ............................... 35; 335
Carrijo OA ...................................... 504
Carvalho FIF .................................. 325
Casali VWD ................................... 433
Cassol D ......................................... 383
Castoldi R ....................................... 197
Cavalcante Neto JG ....................... 186
Cecilio Filho AB ..... 50; 158; 292; 316
Cecon PR ....................... 216; 433; 464
Ceddia MB ..................................... 216
Charlo HCO ................................... 197
Chaves SWP ................................... 447
Chu EP ........................................... 175
Coelho RD ...................................... 447
Coimbra KG ................................... 540
Collier LS ....................................... 359
Cometti NN .................................... 262
Corrêa Júnior C .............................. 393
Cortez DAG ................................... 393
Costa AS ......................................... 255
Costa CA ............................... 102; 499
Costa CC ........................................ 316
Costa CJ ......................................... 144
Costa CP ................................ 398; 409
Costa FHS ........................................ 93
Costa ND ................. 97; 308; 388; 476
Costa RNT ........................................ 74
Cruz IB ........................................... 441
Cruz IS .................................. 154; 251
Daher RF ........................................ 364
Dalvi LP ......................................... 194
Dias JRPS ....................................... 458
Dias NS .......................................... 452
Diola V ............................................. 30
Diotto AV ....................................... 138
Dornelas CSM ................................ 251
Duarte SR ....................................... 452
Duarte TS .............................. 342; 348
Duda CD ........................................... 88
Durigan JF ...................................... 170
Espindola JAA ...................... 149; 216
Fabri EG ......................................... 398
Falqueto AR ................................... 383
Feijó S .............................................. 35
Feitosa SS ....................................... 359
Feltrim AL ............................... 50; 158
Fernandes DM ......................... 68; 515
Fernandes EC ................................. 268
Fernandes JB .................................. 537
Fernandes LA ........................ 102; 499
Fernandes MS ................................ 262
Fernandes PD ................................. 452
Ferraz ACO .................................... 231
Ferraz MGS .................................... 404
Ferraz P .......................................... 447
Ferreira EA ....................................... 45
Ferreira HA .................................... 186
Ferreira MD ................................... 231
Ferreira MGR ................................. 244
Figueiredo MA ................................. 45
Finger FL ................................... 6; 464
Folegatti MV .................................. 138
Foltran DE ...................................... 330
Fonseca IM ..................................... 292
Fonseca MJO ................................. 112
Fontes PCR ............. 83; 116; 209; 281
Franco AA ...................................... 321
Franco ATO .................................... 231
Freire Junior M .............................. 112
Freitas KCS .................................... 186
Freitas RA ............................... 78; 540
Fritsche Neto R .............................. 325
Furlan RA ....................................... 528
Furlani PR ...................................... 202
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Galati VG ....................................... 170
Galvão H ............................................ 6
Gama AS ............................... 121; 524
Garcia DC ........................................ 35
Gassi RP ......................................... 287
Gheyi HR ....................................... 452
Giampaoli P ................................... 175
Giordano LB .................................. 428
Godim ARO ................................... 292
Godoy LJG ..................................... 515
Gomes AMA .................................. 486
Gomes LAA ................................... 359
Gonçalves LSA .............................. 364
Grangeiro LC .......................... 97; 158
Guedes RS ........................................ 93
Guerra JGM ........................... 149; 216
Guerra MP ........................................ 30
Guilherme DO ................................ 499
Guimarães MA ............................... 116
Heredia Zárate NA ......................... 287
Hiroce R ......................................... 330
Holtz AM ........................................ 194
Jacomino AP .................................. 520
Johansson LAPS .............................. 40
Junqueira KP .................................... 45
Kanashiro S ........................... 175; 492
Kikuti ALP ..................................... 165
Kluge RA ....................................... 520
Lani ERG ....................................... 116
Ledo AS .......................................... 255
Leeuwen R ..................................... 316
Leite DL ......................................... 308
Leonardo FAP ....................... 154; 533
Levien SLA .................................... 271
Lima CP ......................................... 515
Lima HN ......................................... 121
Lima MAC ..................................... 476
Lima MR ........................................ 244
Lima RV ........................................... 19
Liz RS ............................................. 504
Loges V .......................................... 354
Loos RA ......................................... 281
Lopes JC ........................................... 19
Lopes MTG ........................... 121; 524
Lopes R .......................................... 524
Lopes SJ .................................. 35; 335
Lorentz LH ..................................... 335
Lourenção AL ................................ 221
Lucio AC .......................................... 35
Lúcio AD ........................................ 335
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Ludwig F .......................................... 68
Luz JMQ ......................................... 276
Macedo CMP ................................... 19
Machado FLCM ............................... 56
Machado GM ................................. 441
Maciel CDG ................................... 107
Maciel GM ..................................... 495
Madeira NR .................................... 428
Maia NB ................................ 375; 379
Mangan FX ........................................ 6
Marchese A .................................... 371
Marcos Filho J ................................ 165
Mariano RLR ................................. 486
Mario M ......................................... 379
Martins ER ..................................... 102
Martins Filho S .............................. 240
Martins FM .................................... 107
Mary W .......................................... 262
Matias GCS .................................... 262
May A ............................ 312; 375; 186
Medeiros DC .................................. 186
Medeiros Filho S .............................. 26
Medeiros JF ..................... 15; 271; 452
Medeiros SLP ................................... 61
Mello SC ........................................ 190
Melo B ............................................ 276
Melo PCT ....................................... 447
Mendonça AB ................................ 255
Mendonça RU .................................... 6
Menezes JB .................................... 464
Mesquita LX .................................. 236
Michereff S .................................... 401
Miguel ACA ................................... 458
Milagres CP.................................... 524
Ming LC ......................................... 393
Miranda Filho HS .......................... 221
Miranda LV ...................................... 40
Miranda NO ................................... 271
Monteiro ROC ............................... 447
Montezano EM ............................... 342
Moraes ARA ......................... 375; 379
Morais H........................................... 40
Moreira M .......................................... 6
Moreira MA ................................... 116
Moretti CL ...................................... 520
Morgado CMA ............................... 170
Mota PRD ........................................ 68
Moulin MM .................................... 364
Moura MF ...................................... 154
Mueller S ........................................ 180
Nascimento WM ..................... 78; 540
Ness RLL ......................................... 74
Nunes GHS .................... 97; 186; 236;
Nunes SV ........................................... 6
Ogassavara FO ............................... 170
Oliveira ANP ................. 154; 251; 533
Oliveira AP .................... 154; 251; 533
Oliveira CAS .................................. 504
Oliveira FF ..................................... 216
Oliveira FL ..................................... 149
Oliveira FN .................................... 537
Oliveira KC .................................... 236
Oliveira LDM ................................... 26
Oliveira RC .................................... 537
Oliveira RGS .................................. 240
Oliveira VR .................................... 308
Orth AI ............................................. 30
Padua Junior AL ............................. 202
Paludo AL ...................................... 335
Pasqual M ......................................... 45
Passos RR ....................................... 240
Paulus D ........................................... 61
Paulus E ............................................ 61
Paye HS .......................................... 240
Peil RMN .............................. 342; 348
Pereira AS ...................................... 325
Pereira EWL ................................... 236
Pereira JES ....................................... 93
Pereira MG ..................................... 364
Pereira TNS .................................... 364
Pereira VA ...................................... 240
Perez R ........................................... 441
Peters JA ........................................ 383
Picanço MC .................................... 281
Piedade SMS .................................. 447
Pinheiro MQ .................. 312; 375; 379
Pinto JM ......................................... 388
Polanczyk RA ....................... 194; 240
Poletine JP ...................................... 107
Pontim BCÁ ................................... 287
Pôrto ML ........................................ 227
Prado RM ....................................... 292
Pratissoli D ............................ 194; 240
Pria MD .......................................... 268
Puiatti M ........................ 116; 209; 464
Quast A ........................................... 287
Queiroga RCF ................................ 209
Ramos A ......................................... 138
Ramos AM ..................................... 441
Ramos DP ...................................... 492
549
Ramos SJ ............................... 102; 499
Ramos VJ ....................................... 221
Rech J ............................................. 287
Reifschneider FJB .......................... 428
Resende GM .................. 388; 510; 476
Resende JTV .................................. 371
Resende LV .................................... 354
Rezende BLA .................. 50; 158; 316
Rezende JC ....................................... 45
Ribeiro RLD .......................... 149; 216
Ricci MSF ...................................... 216
Rocha JN .......................................... 40
Rodrigues AC ................................. 359
Rodrigues IN .................................. 524
Rodrigues MA ................................ 308
Rodrigues R .................................... 364
Sacconi LV ..................................... 312
Sala FC .................................. 398; 409
Sales Júnior R ....................... 236; 401
Sampaio Júnior JD ......................... 116
Sampaio RA .......................... 102; 499
Samra AG ....................................... 312
Sanches J ........................................ 170
Santana DG .................................... 276
Santos CAF ............. 97; 308; 404; 476
Santos FC ......................................... 45
Santos GM ........................................ 97
Santos ICCN .................................. 404
Santos ICN ..................................... 308
Santos JP ........................................ 180
Santos LA ....................................... 486
Santos MRA ................................... 244
Santos RHS .................................... 433
Santos RR ....................................... 533
550
Santos VF ....................................... 354
Sasaki FF ........................................ 520
Sawasaki HE .................................. 330
Schammass EA .............................. 221
Schmitz DD .................................... 383
Schmitz GCB ................................... 93
Shirahige FH .................................. 447
Silva AF .......................................... 194
Silva DF ......................................... 533
Silva DJH ....................................... 281
Silva EC ......................................... 495
Silva EE .......................................... 149
Silva EO ........................................... 56
Silva GO ................................ 325; 481
Silva GS ......................................... 158
Silva JP ........................................... 486
Silva LA ........................................... 74
Silva LN ......................................... 194
Silva MAD ..................................... 276
Silva MCC ................................. 15; 83
Silva MS ......................................... 221
Silva RA ......................................... 321
Silva RAN .......................................... 6
Silva VV ......................................... 149
Silveira EB ..................................... 486
Silveira ER ....................................... 26
Soares AG ...................................... 112
Sousa PHM .................................... 441
Sousa VF ........................................ 528
Souto TA ........................................ 354
Souza AP ........................................ 227
Souza JL ......................................... 433
Souza JO .................................... 15; 97
Souza JRP ........................................ 40
Souza MCM ................................... 354
Souza PA ........................................ 464
Souza RJ ......................................... 510
Souza VQ ....................................... 325
Souza-Dias JAC ............................. 221
Spoto MHF ..................................... 458
Steffens CA .................................... 471
Storck L ................................... 35; 335
Strassburger AS .............................. 348
Sudré CP ......................................... 364
Tavares AR ............................ 175; 492
Tavares M ....................................... 231
Teixeira LD .................................... 398
Teixeira WG ................................... 121
Torres AC ....................................... 383
Torres SB ........................................ 537
Trani PE .......................................... 330
Trevizan LRP ................................. 321
Trzeciak MB ................................... 144
Vargas PF ....................................... 197
Vasconcelos JP ................................. 74
Velini ED ........................................ 107
Veras FS ......................................... 186
Viana RG .......................................... 83
Viana TVA ...................................... 528
Vieira JV................................ 276; 481
Vieira MC ....................................... 287
Villala FA ....................................... 144
Villas Bôas RL ......................... 68; 515
Vitti MCD ...................................... 520
Wamser AF ..................................... 180
Yuri JE ............................................ 510
Zagonel J ........................................ 268
Zanardi OZ ..................................... 471
Zonta E ........................................... 262
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
normas para publicação / instructions to authors
NORMAS PARA PREPARAÇÃO E SUBMISSÃO
DE TRABALHOS
GUIDELINES FOR PREPARATION AND
SUBMISSION OF PAPERS
O periódico Horticultura Brasileira é a revista oficial da Associação Brasileira de Horticultura. Horticultura Brasileira destina-se à publicação de artigos técnico-científicos que envolvam
hortaliças, plantas medicinais, condimentares e ornamentais e
que contribuam significativamente para o desenvolvimento desses setores. O periódico Horticultura Brasileira é publicado a
cada três meses. Os artigos podem ser enviados e/ou publicados
em português, inglês ou espanhol. Para publicar em Horticultura
Brasileira é necessário que o primeiro autor do trabalho seja
membro da Associação Brasileira de Horticultura (ABH) ou das
Associações Nacionais com que a ABH mantenha Acordo de
Reciprocidade, e esteja em dia com o pagamento da anuidade.
Trabalhos em que o primeiro autor não cumpra os requisitos
acima também poderão ser submetidos. Neste caso, é necessário
que seja recolhida a taxa de tramitação ampliada, tão logo o trabalho seja aceito para revisão.
Os trabalhos enviados para Horticultura Brasileira devem
ser originais, ainda não relatados ou submetidos à publicação
em outro periódico ou veículo de divulgação. Está também
implícito que os aspectos éticos e o atendimento à legislação
vigente do copyright tenham sido observados durante o desenvolvimento do trabalho. Após a submissão à Horticultura
Brasileira e até o final de sua tramitação, é vedada a submissão do trabalho, em todo ou em parte, a qualquer outro periódico ou veículo de divulgação. Caso o trabalho seja aceito
para publicação, Horticultura Brasileira adquire o direito exclusivo de copyright para todas as línguas e países. Não é
permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos publicados sem autorização por escrito da Comissão Editorial.
O periódico Horticultura Brasileira é composto das seguintes seções:
1. Artigo convidado: tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial;
2. Carta ao Editor: assunto de interesse geral. Será
publicada a critério da Comissão Editorial que poderá, ainda,
submetê-la ao processo de revisão;
3. Pesquisa: artigo relatando informações provenientes
de resultados originais de pesquisa obtidos por meio de aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja
reproducibilidade é claramente demonstrada;
4. Comunicação Científica: comunicação ou nota científica relatando informações originais resultantes de observações de campo ou provenientes de experimentos menos complexos, realizados com aplicação rigorosa de metodologia
científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada;
5. Página do Horticultor: trabalho original referente a
resultados de utilização imediata pelo setor produtivo como,
por exemplo, ensaios originais com agrotóxicos, fertilizantes
ou competição de cultivares, realizados com aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada;
Horticultura Brasileira is the official journal of the
Brazilian Association for Horticultural Science. Horticultura
Brasileira publishes papers on vegetable crops, medicinal and
condimental herbs, and ornamental plants. Papers that give a
significant contribution to the scientific and technological
development of horticultural crops are highly appreciated.
Horticultura Brasileira is published quarterly and accepts and/
or publishes papers in English, Portuguese, and Spanish. For
the paper to be eligible for publication, first author must be
member of the Brazilian Association for Horticultural Science
(ABH) or of a National Horticultural Association with which
ABH possesses a Reciprocity Agreement, in both cases with
the annual fee paid. In case first author does not fall into the
previous categories, papers may be still submitted, regarding
that the broad processing fee is paid as soon as the manuscript
is considered accepted for reviewing.
Horticultura Brasileira publishes original papers, which
have not been submitted to publication elsewhere. It is implicit
that ethical aspects and fully compliance with the copyright
laws were observed during the development of the work. From
submission up to the end of the reviewing process, partial or
total submission elsewhere is forbidden. With the acceptance
for publication, publishers acquire full and exclusive copyright
for all languages and countries. Unless the publishers grant
special permission, no photographic reproductions,
microform, and other reproduction of a similar nature may be
made of the journal, of individual contributions contained
therein or of extracts therefrom.
Horticultura Brasileira has the following sections:
1. Invited paper: papers dealing with topics that arouse
interest, invited by the Editorial Board;
2. Letter to the Editor: deals with a subject of general
interest. The Editorial Board makes a preliminary evaluation
and can accept or reject it, as well as submit it to the reviewing
process;
3. Research: paper describing an original study, carried
out under strict scientific methods. The reproducibility of
studies should be clearly demonstrated;
4. Scientific Communication: communication or
scientific note, reporting field observations or results of less
complex original studies, carried out under strict scientific
methods. The reproducibility of studies should be clearly
demonstrated;
5. Grower’s page: original communication or short note
describing information readily usable by farmers, as for
example, results from studies regarding the evaluation of
pesticides or fertilizers, or cultivar comparative performance.
Such studies must have been carried out under strict scientific
methods and their reproducibility should be clearly
demonstrated;
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
551
6. Nova Cultivar: relato de novas cultivares e
germoplasma, contendo origem, descrição e disponibilidade,
com dados comparativos.
Submissão dos trabalhos
O texto deve ser composto em programa Word 6.0 ou versão superior, em espaço 1,5, fonte Times New Roman, tamanho doze. Páginas e linhas devem ser numeradas. Adicione ao
final do texto todos os demais componentes do trabalho (figuras, tabelas e gráficos). Formate o arquivo para página A4 e
toda as margens para 3 cm, imprima e envie uma cópia. Inclua
também um CD contendo o arquivo do trabalho. Imagens de
baixa resolução não serão aceitas. Os trabalhos deverão ter no
máximo 16 laudas (36.000 caracteres, excluindo os espaços).
Se forem necessárias orientações quaisquer que não estejam
relacionadas aqui, entre em contato com a Comissão Editorial
ou consulte os últimos números de Horticultura Brasileira.
Os trabalhos submetidos entrarão em tramitação somente se:
1. estiverem acompanhados da anuência de todos os autores,
que devem assinar a carta de encaminhamento ou a primeira página do trabalho. Caso um ou mais autores não possa(m) assinar, a
razão deve ser mencionada na carta de encaminhamento. Neste
caso, o autor correspondente deverá se responsabilizar pela(s)
anuência(s) faltante(s). Mensagens eletrônicas da anuência ou
cópias gráficas destas serão aceitas, desde que indubitavelmente
enviadas da conta eletrônica de quem as concedeu;
2. estiverem em total acordo com estas normas;
3. forem considerados aptos para tramitação pelo Editor
Associado.
Quando aceito para tramitação, o autor correspondente
receberá uma mensagem eletrônica e será solicitado o recolhimento da taxa de tramitação, no valor de R$ 55,00, quando
o primeiro autor for associado à ABH e estiver com a anuidade em dia; ou da taxa de tramitação ampliada, no valor de R$
295,00, quando o primeiro autor não é associado da ABH.
Trabalhos rejeitados não serão devolvidos.
A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro:
1. Título: limitado a 15 palavras ou 90 caracteres, excluindo os espaços. Utilize nomes científicos somente quando as espécies em questão não possuírem nomes comuns no
idioma utilizado no trabalho;
2. Nome dos autores: nome(s) próprio(s) completo(s) do(s)
autor(es). Abrevie somente o(s) sobrenome(s) intermediário(s).
Por exemplo, José Maria Fontana Cardoso, deve aparecer como
José Maria F Cardoso. Utilize números super-escritos para relacionar autor(es) e endereço(s). Observe o padrão nos números
mais recentes de Horticultura Brasileira;
3. Endereço dos autores: nome da instituição e departamento, instituto, faculdade ou similar, quando for o caso, com endereço completo para correspondência, de todos os autores. Inclua o
endereço de correio eletrônico de todos os autores. Utilize números super-escritos para relacionar autor(es) e endereço(s). Observe o padrão nos números mais recentes de Horticultura Brasileira;
4. Resumo e palavras-chave: limitado a 1.700 caracteres,
excluídos os espaços. Selecione até seis palavras-chave ou termos
para indexação, iniciando sempre pelo nome(s) científico (s) da(s)
espécie(s) em questão. Não repita palavras que já estejam no título;
552
6. New Cultivar: communications or scientific notes
reporting recent cultivar and germplasm release. It must
include information on origin, description, seed availability,
and comparative data.
Manuscript submission
Prepare your text in Word® 6.0 or superior, in 1,5 space, font
Times New Roman 12 points, with pages and lines numbered.
Add images, figures, tables, and charts to the end of your text
and compile all files (text, figures, tables, and charts) in a single
document. Format the document for A4 page, 3-cm margins. Print
and submit. Send along a CD-ROM containing a copy of the
file. Low-resolution images are not adequate for publication. The
file must not exceed 16 pages (36,000 characters, excluding
spaces). If further information is needed, please contact the Editorial Board or refer to recently released issues.
A paper will be eligible for the reviewing process if:
1. accompanied by a signed agreement-on-publishing from
all authors. A signature on the first page of the original paper or on
the submission letter is accepted. In case one or more authors can
not sign it, the reason(s) must be stated in the submission letter. In
this case, the corresponding author takes the responsibility.
Electronic messages or their hardcopies with the agreement-onpublishing are accepted when sent from an electronic account
unequivocally managed by the agreeing author;
2. in full compliance to these guidelines;
3. the Associate Editor considered it adequate for peer
reviewing.
When accepted for reviewing, the corresponding author will
receive an e-mail alert with instructions for paying the processing
fee (US $ 30.00; E $ 20.00, when first author is affiliated to ABH
and has no debts with it) or the broad processing fee (US $ 150.00;
E $ 100.00) when first author is not affiliated. Rejected papers
will not be returned to the author(s).
Papers published in Horticultura Brasileira have the
following format:
1. Title: limited to 15 words or 90 characters, excluding
spaces. Use scientific names for the species the paper is dealing
with only when there is no common name in the idiom used
in the paper;
2. Name of authors: Author(s) name(s) in full.
Abbreviate only middle family names. Do not abbreviate
Christian names. For example, Anne Marie Sullivan Radford
should appear as Anne Marie S Radford. Use superscript
numbers to relate authors to addresses. Please refer the most
recent issues of Horticultura Brasileira for formatting;
3. Addresses: Name of the Institution and Department,
if applicable, with full corresponding post address for all
authors. Include authors´ e-mail addresses. Use superscript
numbers to relate addresses to authors. Please refer the most
recent issues of Horticultura Brasileira for formatting;
4. Abstract and keywords: abstract limited to 1,700
characters (excluding spaces). Select up to six keywords or indexing
terms, starting with the scientific name(s) of the organism(s) the
study deals with. Do not repeat words that are already in the title;
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
5. Title, abstract, and keywords: o título em inglês, o
abstract e as keywords devem ser versões adequadas de seus
similares em inglês. Não utilize tradutores eletrônicos de texto;
6. Introdução
7. Material e Métodos
8. Resultados e Discussão
9. Agradecimentos, quando for o caso;
10. Referências: não exceda o limite de 30 referências
bibliográficas. Assegure-se de que no mínimo a metade das
referências foi publicada recentemente (no máximo, há dez
anos). Casos excepcionais serão considerados. Para tanto, solicita-se que os autores apresentem suas razões na carta de
submissão. Evite citar resumos e trabalhos apresentados e publicados em congressos e similares;
11. Figuras, quadros e tabelas: o limite para figuras, quadros e tabelas é três para cada categoria, com limite total de
cinco. Casos excepcionais serão considerados. Para tanto, solicita-se que os autores apresentem suas razões na carta de submissão. Assegure-se de que figuras, quadros e tabelas não são
redundantes. Enunciados e notas de rodapé devem ser bilíngües.
Os enunciados devem terminar sempre indicando, nesta ordem,
o local, instituição responsável e o ano de realização do trabalho.
Este roteiro deverá ser utilizado para trabalhos destinados
às seções Pesquisa e Comunicação Científica. Para as demais
seções veja padrão de apresentação nos artigos publicados
nos últimos números de Horticultura Brasileira. Para maior
detalhamento consulte os números mais recentes de
Horticultura Brasileira, disponíveis também nos sítios eletrônicos www.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista.
Prefira a citação bibliográfica no texto entre parênteses, como
segue: (Resende & Costa, 2005). Quando houver mais de dois
autores, utilize a expressão latina et alli abreviada, em itálico,
como segue: (Melo Filho et al., 2005). Quando houver mais de
um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, diferencieos por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do
trabalho, como segue: 2005a, 2005b, no texto e nas referências.
Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), em
anos diferentes, separe os anos por vírgula, como segue: (InoueNagata et al., 2003, 2004). Quando vários trabalhos forem citados em série, utilize a ordem cronológica de publicação.
Na seção Referências, organize os trabalhos em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor. Quando houver mais
de um trabalho citado cujos autores sejam exatamente os mesmos, utilize a ordem cronológica de publicação. Utilize o padrão
internacional na seção Referências, conforme os exemplos:
a) Periódico
MADEIRA NR; TEIXEIRA JB; ARIMURA CT;
JUNQUEIRA CS. 2005. Influência da concentração de
BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinhasalsa. Horticultura Brasileira 23: 982-985.
b) Livro
FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura. Viçosa: UFV. 402p.
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
5. Abstract, title, and keywords in Portuguese or
Spanish: abstract, title, and keywords in Portuguese or
Spanish must be adequate versions of their similar in English.
Horticultura Brasileira will provide Portuguese versions for
non-Portuguese speaking authors;
6. Introduction;
7. Material and Methods;
8. Results and Discussion;
9. Acknowledgements, when applicable;
10. References: authors are asked to not exceed 30
bibliographic references. Make sure that at least half of the
references were published recently (up to 10 years).
Exceptional cases will be considered, regarding that authors
state their reasons at the submission letter. Avoid citing
conference abstracts;
11. Figures and tables: the limit for tables, figures, and
charts is three for each, with a total limit of five. Exceptional
cases will be considered, regarding that authors state their
reasons at the submission letter. Please, make sure that tables,
figures, and charts are not redundant. Titles and footnotes must
be bilingual. Titles should always be finished by presenting,
in this sequence, place, responsible institution, and year(s) of
data gathering.
This structure will be used for manuscripts of the sections
Research and Scientific Communication. For other sections,
please refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira,
available
also
at
www.scielo.br/hb
e
www.abhorticultura.com.br/Revista.
Bibliographic references within the text should be
cited as (Resende & Costa, 2005). When there are more
than two authors, abbreviate the Latin expression et alli,
in italics, as follows: (Melo Filho et al., 2005). References
to studies done by the same authors in the same year
should be distinguished in the text and in the list of
References by the letters a, b, etc., as for example: 1997a,
1997b. In citations involving more than one paper from
the same author(s) published in different years, separate
years with commas: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004).
When citing papers in tandem in the text, sort them
chronologically.
In the section References, order citations alphabetically,
according to first author’s family name, without numbering.
When there is more than one paper from exactly the same
authors, list them chronologically. References should appear
accordingly to the international format, as follows:
a) Journal
GARCIA-GARRIDO JM; OCAMPO JA. 2002. Regulation
of the plant defense response in arbuscular mycorrhizal
symbiosis. Journal of Experimental Botany 53: 13771386.
b) Book
BREWSTER JL. 1994. Onions and other vegetable alliums.
Wallingford: CAB International. 236p.
553
c) Capítulo de livro
FONTES EG; MELO PE de. 1999. Avaliação de riscos na
introdução no ambiente de plantas transgênicas. In: TORRES AC; CALDAS LS; BUSO JA (eds). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília:
Embrapa Informação Tecnológica/Embrapa Hortaliças. p.
815-843.
d) Tese
SILVA C. 1992. Herança da resistência à murcha de
Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: USP
– ESALQ. 72p (Tese mestrado).
e) Trabalhos completos apresentados em congressos
(quando não incluídos em periódicos. Mantenha a citação de
trabalhos apresentados em congresso ao mínimo possível).
Anais
HIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC; FURLANI
PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR. 1977.
Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4.
Anais... Salvador: SBF. p. 357-364.
CD-ROM
AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF.
2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e qualidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
OLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB
(CD-ROM).
f) Trabalhos apresentados em meio eletrônico:
Periódico
KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just
online journalism. APS News Online. Disponível em http:/
/www.hps.org/hpsnews/19065.html. Acessado em 25 de
novembro de 1998.
Trabalhos completos apresentados em congresso (mantenha a citação de trabalhos apresentados em congressos ao
mínimo possível)
SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos do
paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais eletrônicos... Recife: UFPe. Disponível em: http://
www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Acessado em
21 de janeiro de 1997.
Sítios eletrônicos
USDA - United States Department of Agriculture. 2004, 15
de novembro. World asparagus situation & outlook. Disponível em http://www.fas.usda.gov/
Em caso de dúvidas, entre em contato com a Comissão
Editorial ou consulte os números mais recentes de Horticultura
Brasileira.
Processo de tramitação
Os artigos serão submetidos à Comissão Editorial, que
fará uma avaliação preliminar (escopo do trabalho, atendimento às normas de publicação, qualidade técnica e qualidade do texto). A decisão da Comissão Editorial (adequado para
tramitação, ou não adequado) será comunicada ao autor de
554
c) Book chapter
ATKINSON D. 2000. Root characteristics: why and what to
measure? In: SMIT AL; BENGOUGH AG; ENGELS C;
van NORDWIJK M; PELLERIN S; van de GEIJN SC
(eds). Root methods: a handbook. Berlin: Springer-Verlag.
p. 1-32.
d) Thesis
DORLAND E. 2004. Ecological restoration of heaths and
matgrass swards: bottlenecks and solutions. Utrecht:
Utrecht University. 86p (Ph.D. thesis).
e) Full papers presented in conferences (when not
included in referred journals. Avoid as much as possible citing
papers presented in conferences)
Proceedings
VANJOST M; CLARCK CK; BENSON W. 2007. Lettuce
growth in high soil nitrate levels. In: INTERNATIONAL
CONFERENCE ON NITROGEN USE IN
HORTICULTURE, 4. Annals... Utrecht: ISHS p. 122-123.
CD-ROM
LÉMANGE PA; DEBRET L. 2004. Rhizoctonia resistance
in green asparagus lines In: EUROPEAN SYMPOSIUM
OF VEGETABLE BREEDING, 17. Proceedings... Lyon:
Eucarpia (CD-ROM).
f) Papers published in electronic media
Journal
KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just
online journalism. APS News Online. Available in http://
www.hps.org/hpsnews/19065.html. Accessed in
November 25, 1998.
Full papers presented in conferences (Avoid as much
as possible citing papers presented in conferences)
DONOVAN WR; JONHSON L. 2007. Limits to the progress
of natural resources exploration. In: International congress
of plant genetic resources, 12. Annals... Adelaide: ASGR.
Available in http://www.asgr.au/annals/conference/
aus012.htm. Accessed in January 21, 2008.
Electronic Sites
USDA - United States Department of Agriculture. 2004,
November 15. World asparagus situation & outlook.
Available in http://www.fas.usda.gov/
For further orientation, please contact the Editorial
Board or refer to the most recent issues of Horticultura
Brasileira.
The reviewing process
Manuscripts are submitted to the Editorial Board for a
preliminary evaluation (scope, adherence to the publication
guidelines, technical quality, and command of language).
The Editorial Board decision (adequate for reviewing, not
adequate) will be e-mailed to the correspondence author.
If modifications are needed, the author may submit a new
version. If the manuscript is adequate for reviewing, the
Editorial Board forwards it to at least two ad hoc reviewers
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
correspondência por via eletrônica. Caso sejam necessárias
modificações, os autores poderão submeter uma nova versão
para avaliação. Caso a tramitação seja aprovada, a Comissão
Editorial encaminhará o trabalho a pelo menos dois assessores ad hoc, especialistas na área em questão. Tão logo haja
dois pareceres, o trabalho é enviado a um dos Editores Científicos da área, que emitirá seu parecer: (1) recomendado para
publicação, (2) necessidade de alterações ou (3) não recomendado para publicação. Nas situações 1 e 3, o trabalho é
encaminhado ao Editor Associado. Na situação 2, o trabalho
é encaminhado aos autores, que devem elaborar uma nova
versão. Esta é enviada à Comissão Editorial, que a remeterá
ao Editor Científico para avaliação. O Editor Científico poderá recomendar ou não a nova versão. Em ambos os casos, o
trabalho é remetido para o Editor Associado, que emitirá o
parecer final. A Comissão Editorial encaminhará o parecer
para os autores.
Nenhuma alteração é incorporada ao trabalho sem a
aprovação dos autores. Após o aceite em definitivo do trabalho, o autor de correspondência receberá uma cópia eletrônica da prova tipográfica, que deverá ser devolvida à
Comissão Editorial em 48 horas. Nesta fase não serão aceitas modificações de conteúdo ou estilo. Alterações, adições, deleções e edições implicarão em novo exame do trabalho pela Comissão Editorial. Erros e omissões presentes
no texto da prova tipográfica corrigida e devolvida à Comissão Editorial são de inteira responsabilidade dos autores. Horticultura Brasileira não adota a política de distribuição de separatas.
Idioma de publicação
Em qualquer ponto do processo de tramitação, os autores
podem manifestar seu desejo de publicar o trabalho em um
idioma distinto daquele em que foi escrito, desde que o idioma escolhido seja um dos três aceitos em Horticultura Brasileira, a saber, Espanhol, Inglês e Português. Neste caso, os
autores tanto podem providenciar a tradução versão final aprovada para o idioma desejado, quanto autorizar a Comissão
Editorial a providenciá-la. Quando a versão traduzida
fornecida pelos autores não atingir o padrão idiomático requerido para publicação, a Comissão Editorial encaminhará
o texto para revisão por um especialista. Todos os custos decorrentes de tradução e revisão idiomática serão cobertos pelos
autores.
Cobrança por página publicada
Não é cobrada nenhuma taxa por página até a quinta página publicada. A partir da sexta página, inclusive, cobra-se uma
taxa por página no valor de R$ 150,00.
Os originais devem ser enviados para:
Horticultura Brasileira
Caixa Postal 190
70.359-970 Brasília – DF
Tel.: (0xx61) 3385-9088/9049
Fax: (0xx61) 3556-5744
Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
of the specific research area. As soon as they evaluate the
manuscript, it is sent to a related Scientific Editor. The
Scientific Editor analyzes the manuscript and forwards it
back to the Editorial Board, (1) recommending for
publication, (2) suggesting modifications or (3) do not
recommending for publication. In situations 1 and 3, the
manuscript is reviewed by the Associate Editor, who holds
the responsibility for the final decision. In situation 2, the
manuscript is returned to the author(s), who, based on the
suggestions, produces a new version, which is forwarded
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Portuguese, and Spanish. In this case, authors can either
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IAC - Centro de Horticultura
Caixa Postal 28
13.012-970 Campinas – SP
Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374
E-mail: [email protected]
556
E-mail: [email protected]
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of fees related to the ABH should be addressed to:
Associação Brasileira de Horticultura
IAC - Centro de Horticultura
Caixa Postal 28
13.012-970 Campinas – SP
Brazil
Tel./Fax: 00 55 (19) 3241-5188 extension 374
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Hortic. bras., v. 26, n. 4, out.-dez. 2008
Arte da capa de Cecília Reifchneider;
www.tipovivo.com
Comemoração dos 200 anos
da vinda da Família Real ao
Rio de Janeiro
É chegado a Portugal O tempo
de padecer, Se te oprime a cruel
França Sorte melhor hás de ter
(versos populares compostos na
nova sede do Reino, o Rio de Janeiro, após a saída precipitada da
Corte de Lisboa para o Brasil)
Neste ano em curso, todos os quatro números da nossa Horticultura
Brasileira contêm em suas capas
ilustrações alusivas a eventos comemorativos. Assim, na capa da
revista 26(1) está representado o
ano internacional da batata. Na
revista 26(2), em comemoração
aos 100 anos da imigração japonesa, a capa apresenta diversos
personagens, japoneses ou descendentes destes, que, de forma
direta ou indireta, tiveram importante contribuição no desenvolvimento da olericultura do Brasil.
O número 26(3) tem em sua capa
hortaliças exóticas cultivadas no
Brasil, introduzidas por imigrantes de diversas etnias, representando nossa cultura multirracial,
com forte influência em nossos
hábitos alimentares. Finalizando,
o último número de 2008, a revista 26(4), é dedicada à contribuição portuguesa à olericultura
do Brasil e à comemoração dos
200 anos da vinda da Família Real
portuguesa a Salvador, em 22 de
janeiro de 1808 e, Rio de Janeiro, em 7 de março de 1808.
Em 29 de novembro de 1807, o
Príncipe Regente de Portugal, que
ainda não usava o título Dom
João VI, acompanhado por toda
sua família, inclusive o futuro herdeiro do trono, Pedro, com apenas oito anos de idade, embarca
rumo ao Brasil. O motivo desta
fuga baseia-se no avanço de
Napoleão Bonaparte e suas tropas sobre terras pertencentes a
diversos países europeus, alterando consideravelmente as fronteiras da Europa.
Se, por um lado, Portugal tornouse “órfão”, o Rio de Janeiro ganhava proporções de capital um
reinado europeu. A emigração da
Família Real de Portugal trouxe
consigo profundas alterações comerciais e culturais, importantes
para o futuro do Brasil. Destacam-se aqui a fundação do Jardim
Botânico no Rio de Janeiro e a
criação do Banco do Brasil, ambos existentes até hoje.
A colonização do Brasil pelos
portugueses trouxe repercussão
profunda na nossa agricultura,
pelo intercâmbio de material vegetal entre o Brasil, Portugal e as
colônias portuguesas. Quero dar
destaque aqui às hortaliças. Para
maiores detalhes convido os leitores a se deleitarem com o artigo convidado, publicado neste
número.
Finalmente, a capa desta revista, traz azulejos portugueses
estilizados, representando as
hortaliças hoje populares no
Brasil, resultado do intercâmbio
entre Portugal, suas colônias e
o nosso país.
(Sieglinde Brune, coordenadora executiva e editorial da
Horticultura Brasileira;
[email protected])
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