(†) Pelo sinal da Santa Cruz, (†) livrai-nos Deus, Nosso Senhor, (†) dos nossos inimigos, (†) Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. O Sinal da Cruz é uma oração importante que deve ser rezada logo que acordamos, como a nossa primeira oração, para que Deus, pelos méritos da Cruz de Seu Divino Filho, nos proteja durante todo o dia. Com este Sinal, que é o sinal do cristão, nós pedimos proteção contra os nossos inimigos. Que inimigos? SINAL DA CRUZ † Pelo sinal da Santa Cruz: ao traçarmos a primeira cruz em nossa testa, nós estamos pedindo a Deus que proteja a nossa mente dos maus pensamentos, das ideologias nocivas e das heresias, que tanto nos tentam nos dias de hoje e mantendo a nossa inteligência alerta contra todos os embustes e ciladas do demônio; † Livrai-nos Deus, Nosso Senhor: com esta segunda cruz sobre os lábios, estamos pedindo para que de nossa boca só saiam palavras de louvor: louvor a Deus, louvor aos Seus Santos e aos Seus Anjos; de agradecimento a Deus, pois tudo o que somos e temos são frutos da Sua misericórdia e do Seu amor e não dos nossos méritos; que as nossas palavras jamais sejam ditas para ofender o nosso irmão. † Dos nossos inimigos: esta terceira cruz tem como objetivo proteger o nosso coração contra os maus sentimentos: contra o ódio, a vaidade, a inveja, a luxúria e outros vícios; fazer dele uma fonte inesgotável de amor a Deus, a nós mesmos e ao nosso próximo; um coração doce, como o de Maria e manso e humilde como o de Jesus. [...] O Sinal da Cruz bem feito é riquíssimo em significado. Por Ele expressamos três verdades ou dogmas fundamentais da nossa fé: o Dogma da Santíssima Trindade, da Encarnação e da Morte de Jesus Cristo. Quando se diz: "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", você está proclamando o Mistério da Santíssima Trindade. Quando você leva à testa a mão direita aberta, dizendo: "Em nome do Pai" e desce com a mão na vertical e toca na altura do estômago continuando: "e do Filho", você está indicando o mistério da Encarnação: o Filho de Deus desceu ao seio da virgem Maria. Depois, levando a mão direita para o ombro esquerdo completando a cruz tocando o ombro direito, está se indicando a morte de Jesus na Cruz. A cruz é formada de duas partes: uma vertical e outra horizontal. A vertical nos orienta para o céu: é o nosso amor para com Deus. A horizontal se volta para os que estão ao nosso lado: é o amor para com o próximo. Aquele que está mais perto de nós. Os dois amores se entrelaçam um no outro, como as duas hastes da cruz. Um não pode existir sem o outro. Não existe o pedestal da cruz sem os braços e nem os braços sem o pedestal. Os dois se completam. Assim acontece com o amor cristão. Não se pode amar a Deus sem amar o próximo e nem se pode amar o próximo sem o amor a Deus. O CRISTIANISMO É UMA RELIGIÃO REVELADA NINGUÉM NASCE CRISTÃO TORNA-SE CRISTÃO PELA INICIAÇÃO CATECUMENATO É O MÉTODO PROPOSTO PELA IGREJA, DESDE SEU INÍCIO, PARA REALIZAR COMUNITARIAMENTE A INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS É UM PROCESSO REALIZA-SE EM ETAPAS OS RITOS MARCAM A PASSAGEM DE UMA ETAPA PARA OUTRA CATECISMO Séc. I Séc. II Séc. V Séc. IX Séc. XV Didaché (Doutrina para batizados) Homilias e Cartas Pastorais Sermões de Santo Agostinho Perguntas e Respostas Grande século do catecismo Reforma Católica (Catequese e Catecismo) Catecismos ( maior, menor e médio) 1566 primeiro catecismo da Igreja ROTEIRO CREDO SACRAMENTOS VIDA CRISTÁ – MANDAMENTOS PAI NOSSO A Fé que se professa A Fé que se celebra A Fé que se vive a Fé que se reza “Portanto, a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim”. Concílio Vaticano II, Dei verbum, nº9. Sagrada Escritura é a palavra de Deus transmitida por escrito. Sagrada Tradição é a revelação encomendada por Jesus Cristo e o Espírito Santo aos Apóstolos, e transmitida de viva voz à Igreja. A Sagrada Tradição da Igreja é onde melhor encontramos a interpretação e compreensão correta daquilo que Deus diz na Sagrada Escritura e de onde extraímos as certezas de todas as verdades reveladas por Ele e que não podem ser conhecidas apenas com as Escrituras. E isso é assim por estar na Sagrada Tradição a condensação dos estudos e escritos que os santos dos primeiros séculos do cristianismo fizeram das divinas letras. Para garantir que sejam compreendidas por nós, Deus guia a autoridade de ensino da Igreja - o Magistério - para que esta possa interpretar perfeitamente a Bíblia e a Sagrada Tradição. Eis a dádiva da infalibilidade! A fé é um exercício de narração da existência (uma experiência de vida) a partir do encontro com Jesus Cristo. O sujeito desta experiência é: Eu Nós Sempre na primeira pessoa (do singular e do plural). É este exercício que : Da fé como crença para a fé como encontro. Da fé como assentimento de verdades para a fé como adesão pessoal. Da fé como obediência a uma autoridade para a fé como confiança e amor. “Não gostaria de crer se não pudesse perceber que é sensato crer”. Santo Tomás de Aquino “Crer significa, durante toda a vida, a incompreensibilidade de Deus”. Karl Rahner A Fé é uma pura dádiva de Deus, que nós a obtemos se intensamente a pedirmos. A Fé é a força sobrenatural de que necessariamente precisamos para alcançar a salvação A Fé requer a vontade livre e a lucidez do ser humano quando ele se abandona ao convite divino. A Fé é absolutamente segura porque Jesus o garante. A Fé é incompleta enquanto não se tornar operante no amor. A Fé cresce na medida em que escutamos cada vez melhor a Palavra de Deus e permanecemos com Ele na Oração, em vivo intercâmbio. A Fé permite-nos, desde já, a experiência do alegre antegozo do Céu O creio é também chamado de símbolo dos apóstolos – ou símbolo Apostólico. É a profissão de fé batismal, conjunção de duas confissões: a trinitária e cristológica. A forma atual data do século IV: o símbolo de Nicéia de 325. É uma elaboração que nasce no interior das comunidades. Em Deus há uma única essência e três pessoas distintas : Pai Filho e Espírito Santo, cada uma das quais é Deus, sem ser três deuses, mas um único e só Deus. Deus criou o mundo, ainda que a criação seja atribuída ao Pai Deus realizou a Redenção, ainda que só o filho se fez homem e morreu na cruz Deus nos santifica, ainda que a santificação seja atribuída ao Espírito Santo O Homem que vive em estado de graça é templo vivo da Santíssima Trindade. Jo 14,23 O grande prêmio do céu consiste em ver a Deus: contemplar, louvar, amar e gozar por toda a eternidade a Trindade Beatíssima O pai dá normas, serve de modelo, abre possibilidades (ele é lei, modelo e promessa). É também gerador. E na fecundidade permanente do ser e da vida, mostra o cunho materno: “13 Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, 14 porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó”.(Sl 102, 13-14) “8 E, no entanto, Senhor, vós sois nosso pai; nós somos a argila da qual sois o oleiro: todos nós fomos modelados por vossas mãos.” (Is. 64,8) “13Como uma criança que a mãe consola, sereis consolados em Jerusalém” (Is 66,13) Em Jesus aparece a mesma experiência de Deus: Abbá. De Jesus emana uma confiança sem limites em Deus, seu Abbá: “Não vos angustieis” (Mt 6,23-35). “Não tenhas medo” (Mt. 10,26-33). Para Deus “vós valeis mais” que todas as criaturas. (Mt 6,26.30; 10,31) Há um novo tempo que nasce da audácia da ternura: o do homem filial, porque tem segurança de que Deus, é um Deus paternal. “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos...” (Mt.11,25-27). Jesus nos dá o Pai Nosso com a palavra: Abbá... Isto é, a senha de sua mais profunda e original intimidade com o Pai (Aqui, Jesus nos dá a chave para abrir o coração de Deus). “Olhai quanto nos quis o Pai, para chamar-nos filhos de Deus e o sermos de verdade” (1Jo 3,1-3). Tudo isto suscita em nós: esperança, liberdade e confiança. “Deste modo saberemos que vivemos conforme a verdade e tranqüilizaremos nosso coração diante do tribunal de Deus. Porque embora nosso coração nos condene, Deus é maior do que nosso coração, e conhece tudo”. (Jo.3,19-20). "Escuta Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força" (Deuteronômio 6,4-5). O nome de Deus Deus revelou o seu nome a Moisés: "Eu sou o que sou" (Êxodo 3,14), Yahvé. Quer dizer, Deus é. Deus Pai Primeiro artigo do Símbolo. Iniciar a confissão de fé no mistério trinitário: Deus Pai, Deu Filho, Deus Espírito Santo, único Deus, única essência, em três pessoas distintas. Deus Pai todo poderoso Deus é onipotente e clemente: está próximo de nós com a sua Providência para ajudar-nos. Pai-nosso "Vós, pois, orai assim: Pai-nosso" (Mateus 6,9). A filiação do Filho de Deus e a nossa são distintas: Jesus é o Filho de Deus por natureza, da mesma natureza do Pai; A nossa filiação em relação a Deus é por adoção, mediante o dom sobrenatural da graça que se nos infunde no batismo. Os anjos são criaturas puramente espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais, seres pessoais dotados de inteligência e de vontade. Anjo da Guarda O filho de Tobias devia fazer uma viagem longa e cheia de perigos. Procurou um companheiro de viagem e Deus enviou-o ao arcanjo Rafael para o acompanhar e ensinar-lhe o caminho. Nós também vamos a caminho do céu; neste caminho há muitos perigos para a nossa alma e para o nosso corpo. Deus dá-nos um companheiro que está sempre ao nosso lado, ainda que não o vejamos: é o Anjo da Guarda ou Anjo Custódio. Os demônios tentam o homem Os demônios odeiam Deus e todos os que amam Deus. Por isso, desejam que os homens ofendam a Deus e sejam condenados ao inferno. A forma habitual que têm de nos tentarem é incitando as nossas más inclinações ou aproveitando-se delas. A tentação não é pecado; é pecado, se fazemos caso do que nos pede o demônio. Deus criou o homem livre e responsável Afirmar que o homem é criado à imagem de Deus significa que ele é capaz de conhecer e amar, na liberdade, o próprio Criador. Enquanto criado à imagem de Deus, o homem tem a dignidade de pessoa: não é uma coisa mas alguém, capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em comunhão com Deus e com as outras pessoas. Deus criou o homem com corpo e alma Deus formou o corpo do homem "do barro da terra", e lhe inspirou no rosto "alento de vida". Com estas palavras tão simples Deus disse-nos que formou o homem de uma matéria que já existia, e que depois criou diretamente do nada uma alma e a uniu a esse corpo. Depois de Adão e Eva, nós, homens, recebemos o corpo dos nossos pais, mas a alma recebemo-la diretamente de Deus. Igualdade e diferença querida por Deus O homem e a mulher foram criados, quer dizer, queridos por Deus em total Igualdade como pessoas humanas, mas com diferenças morfológicas e peculiaridades psicológicas. "Ser homem" ou "ser mulher“ é uma realidade boa e querida por Deus. O homem e a mulher são, com a mesma dignidade, "imagem de Deus". Os primeiros pais desobedeceram a Deus e pecaram O homem, tentado pelo diabo, deixou apagar no seu coração a confiança em relação ao seu Criador e, desobedecendo-lhe, quis tornar-se «como Deus», sem Deus e não segundo Deus (Gn 3, 5). Assim, Adão e Eva perderam imediatamente, para si e para todos os seus descendentes, a graça da santidade e da justiça originais. Os primeiros pais eram muito felizes no paraíso terreno Deus, levado pelo seu amor, criou os homens para que um dia possam contemplá-lo e viver eternamente junto d’Ele. Deu-lhes o dom da graça santificante. Deus pô-los no paraíso terreno e deu-lhes os dons preternaturais, que deviam ser transmitidos por Adão e Eva aos seus descendentes. Os primeiros pais pecaram Adão e Eva desobedeceram a Deus e pecaram. Foi um pecado de soberba, pois quiseram ser como Deus, e se submeteram ao demônio. Com este pecado perderam a amizade divina (graça) e os dons preternaturais; as suas forças naturais ficaram feridas e sentiram a inclinação para o mal. Ficaram submetidos à concupiscência - inclinação ao pecado -, que não é pecado, mas incita ao mal. Os homens nascem com este pecado e sofrem as consequências Em Adão pecou todo o gênero humano: ao receber dos nossos primeiros pais a natureza, a recebemos manchada com aquela culpa e, portanto, privados da graça e de todos os outros dons. Por termos perdido a harmonia interior, ficamos inclinados ao pecado (concupiscência). Isto é o que se chama pecado original, com que todos nascemos. Consequências do pecado original Todos os homens nascem com as gravíssimas consequências do pecado original, privados da graça e, portanto, em estado de pecado e inclinados ao mal. Os homens também vivem no meio de inumeráveis penas e calamidades e, finalmente, a morte. Pelo pecado original, o demônio adquiriu influência sobre o mundo. Deus apiedou-se dos homens e prometeu-lhes um Redentor Deus compadeceu-se dos homens e prometeu-lhes a redenção futura: prometeu que do gênero humano sairia um Redentor – Jesus Cristo -, que salvaria a humanidade do pecado e das suas consequências. Deus como Jesus Cristo Seu único Filho – Nosso Senhor – nascido do Pai antes de todos os séculos. O Filho é Deus. O Filho é homem. A encarnação é a união mais estreita de Deus com a humanidade. Em Jesus há duas naturezas: divina e humana. Por ele tudo foi feito. Por nós se fez homem (Deus Verbo tem duas naturezas: Uma antes de todos os séculos, outra nos últimos tempos, descendo do céu, se encarnou no seio de Virgem Maria, Mãe de Deus – Definição do Concílio de Constantinopla II, 553). Concebido pelo poder do Espírito Santo. Nasceu da Virgem Maria. Foi crucificado, morto, sepultado (características humanas). Ressuscitou, subiu aos céus, está junto de Deus (características divina). Voltará para julgar os vivos e os mortos. Características divinas Ele é Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro, gerado não criado. Boa Nova para o homem A Boa Nova é o anúncio de Jesus Cristo, «o Filho do Deus vivo» (Mt 16,16), morto e ressuscitado. No tempo do rei Herodes e do imperador César Augusto, Deus cumpriu as promessas feitas a Abraão e à sua descendência enviando «o Seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e nos tornar seus filhos adotivos» (Gal 4, 4-5). O Salvador ou Messias é Jesus Cristo “Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu Seu Filho Unigênito”(Jo 3,16). O Senhor chama-se Jesus, que quer dizer "Salvador". O arcanjo São Gabriel disse assim a São José: A Virgem "dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados" (Mateus 1,21). Jesus Cristo é verdadeiro Deus Porque Ele nos disse e porque o demonstrou com as suas obras. Disse-nos: “Eu e o Pai somos uma mesma coisa; quem me vê a mim vê o Pai; ninguém conhece Pai senão o Filho". Ressurreição de Cristo, a maior prova de que é Deus Jesus Cristo morreu verdadeiramente e ressuscitou também, de verdade. Apareceu repetidas vezes aos seus discípulos, e estes deram testemunho. Os seus inimigos queriam ocultar esta prova da sua divindade (cfr. Mateus 28,11-15). A ressurreição de Cristo é a maior prova de que é Deus, pois ressuscitou pela sua própria virtude. Jesus Cristo está no céu e na Eucaristia. Podemos falar com Ele: escuta-nos e fala-nos, não com palavras, mas sim ao nosso coração. Temos que aprender de Jesus. Ele próprio disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida“ (João 14,6). Porque é que o Filho de Deus se fez homem? O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por causa de nós homens e para nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4). Maria é verdadeira Mãe de Deus Maria gerou o corpo de Jesus, no qual Deus infundiu a alma; e, no mesmo instante, a esse corpo e alma se uniu a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade: o Verbo. Desta forma o Filho de Deus fez-se homem sem deixar de ser Deus. Maria transportou no seu seio Jesus Cristo durante nove meses, com o seu corpo, a sua alma e a sua Divindade, após os quais nasceu em Belém. É verdadeiramente a Mãe de Deus. Maria é nossa Mãe Porque Jesus Cristo é nosso irmão, “o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8,29). Porque Jesus Cristo nos deu como Mãe. “Eis a tua mãe" (João 19,27). Porque Ela intercede por nós, ama-nos como filhos, e pede a Deus o melhor para cada um de nós. Virgindade de Maria Nascido de Maria sempre Virgem – conceito e profecia bíblica. “A Virgem conceberá e dará à luz um filho...” (Is. 7,14). Desde o início do cristianismo confessou-se esta verdade e definiu-se em forma de doutrina, no Concílio de Latrão. A Igreja declara que o corpo de Maria é o espaço onde o Espírito Santo pode fazer morada. Maria não teve outro filho além de Jesus. Virgindade não é, portanto uma questão genital ou sexual. É a afirmação de que Maria concebeu somente por obra do Espírito Santo. Mãe de Deus – Theotókos – Definição no Concílio de Éfeso, 431. Dizer que Maria é Mãe de Deus significa afirmar que Jesus é Deus. Sendo Maria Mãe de Jesus ela é também Mãe do Deus Jesus. Já no Concílio de Constantinopla I, em 381, afirmava-se esta verdade e no Concilio de Calcedônio, em 451 reafirmou-se esse ensinamento. O Concílio Vaticano II (1962-1965) dá esse título a Maria: Mãe de Deus. Para Lucas, Maria é a Arca da Nova Aliança. A portadora de Deus. Principais dogmas e privilégios marianos O maior dom que Deus concedeu a Maria Santíssima é o de ser sua Mãe. E, por ser sua mãe, encheu-a de graça e de extraordinários privilégios. Imaculada Conceição – Verdade professada desde o começo da era cristã. Em 08/12/1854, o Papa Pio IX formulou a doutrina. Maria foi preservada de todo o pecado para que pudesse dar à luz a um filho que também não poderia ter pecado para que salvasse a humanidade pecadora. Assunção de Maria – O Papa Pio XII, em 01/11/1950, definiu a assunção de Maria, após consultar todo o mundo católico de então. Já na era apostólica acreditava-se na assunção de Maria. Mãe e Filho possuem unidade carnal. Seu corpo foi transfigurado como o de Cristo e foi elevado ao céu. Creio no Espírito Santo Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, e «com o Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito foi «enviado aos nossos corações» (Gal 4,6) para recebermos a vida nova de filhos de Deus. Na Bíblia o Espírito Santo aparece ligado ao nascimento da vida, a partir das origens do mundo (Gn 1,2) até a plenitude dos tempos (Ap 22,17). Suscita profetas. Faz surgir libertadores em Israel (Is 61,1-2; Ez 37). No nascimento de Jesus, o Espírito atua de forma mais surpreendente e misteriosa ainda: Jesus nasce por obra do Espírito Santo que desce sobre Maria, e o poder do Altíssimo a cobre com sua sombra (Lc 1,35). O Espírito Santo santifica-nos Temos dito que há um só Deus; portanto, todas as coisas que Deus faz são feitas pelas três Pessoas divinas. Contudo, umas coisas são atribuídas ao Pai, outras ao Filho, e outras ao Espírito Santo. Ao Espírito Santo, que procede do amor do Pai, e do Filho, atribui-se particularmente a santificação dos homens, se bem que a santificação é obra de toda a Trindade. O Espírito Santo e a Igreja No dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos e discípulos, que estavam reunidos no Cenáculo com a Santíssima Virgem. Com a vinda do Espírito Santo, a Igreja abria-se às nações. O Espírito Santo, que Cristo derrama sobre os seus membros, constrói, anima e santifica a sua Igreja. O Espírito Santo santifica principalmente pelos sacramentos A santificação que o Espírito Santo opera em nós consiste em nos unir cada vez mais com Deus; mas, para que o possa conseguir, temos de o deixar atuar na nossa alma. Vivendo sempre na graça de Deus. Recebendo os sacramentos, especialmente a Penitência e a Eucaristia. Escutando o que Ele nos diz por meio dos Pastores da Igreja e das inspirações interiores. São Pedro declara na sua pregação de Pentecostes Jesus de Nazaré foi um homem que Deus confirmou entre vós, realizando por meio d'Ele os milagres, prodígios e sinais que bem conheceis. E Deus, com a sua vontade e presciência, permitiu que Jesus vos fosse entregue, e vós, através de ímpios, o mataste, pregando-O numa cruz. At. 2,22-23 Esta parte do credo quer nos mostrar que o Reino de Deus é conflito, que a humanidade se fecha ao plano de Deus e que Deus nos salva pela cruz. Jesus morre como todo homem, que é mortal por natureza. E Jesus assume também a mortalidade da natureza humana. A morte de Jesus se dá por amor à humanidade, entregando a sua própria vida em sacrifício pela libertação do pecado e para dar-nos vida. É a expressão máxima do amor misericordioso de Deus que nos perdoa e salva pela cruz (2Cor 5,19; Rm 8,32). A favor ou contra Jesus Jesus cura os doentes, toca os leprosos e estes ficam sãos, liberta os possessos do poder do demônio, numa palavra, realiza ações que em Israel se esperam do Messias. Jesus fala de Deus duma maneira nova. Conta parábolas e ensina de tal modo que as pessoas simples compreendem o que Ele diz do Pai Jesus encontra discípulos que lhe confiam a sua vida. Mas há também pessoas que duvidam e O rejeitam. Os seus adeptos são quase sempre gente modesta, com pouca influência: entre os seus seguidores mais próximos, os apóstolos, não há sequer um doutor da Lei. Os dirigentes religiosos, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei, procuram evitar o aparecimento de heresias em Israel. Desde o princípio observam, com desconfiança Jesus e o movimento que Ele suscita. A favor ou contra Jesus Os fariseus e os doutores da Lei procuram levar Jesus a cair numa armadilha. Enviam mensageiros encarregados de espiá-l'O, mas estes nada encontram de negativo contra Ele. Uma vez que os fariseus e os doutores da Lei não acreditam que Jesus é o Messias, põem-se contra Ele e decidem levantar-Lhe um processo, acusando-O de blasfêmia, para assim poderem condená-l'O à morte. Quando o Sumo Sacerdote pergunta a Jesus: "És tu o Messias, o Filho de Deus?", Jesus responde: "Sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso, e vir sobre as nuvens do céu". Então o Sumo Sacerdote rasga as vestes e diz: "Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?". Todos se pronunciaram dizendo que Jesus era réu de morte (Mc 14,61-64). A Nova Aliança Os Evangelhos da Paixão, da morte e da ressurreição de Jesus são os textos mais antigos e mais sagrados da Igreja. Todos os anos a Igreja celebra na "Semana Santa" os últimos dias de Jesus em Jerusalém. Jesus dá um novo sentido à Páscoa judaica: dá-Se a Ele próprio aos seus discípulos sob as espécies do pão e do vinho. Deste modo estabelece a Nova Aliança que Ele sela com o seu sangue. O evangelista São João conta que Jesus, na última Ceia, na véspera da sua morte, ajoelhou-Se diante dos discípulos para lhes lavar os pés. Procede assim para que, com o seu exemplo, compreendam a ordem da Nova Aliança: o "maior" deve fazer-se "pequeno" como Jesus, para servir os seus irmãos e irmãs. Quinta Feira Santa Jesus celebra com os seus discípulos a Ceia pascal. Tomou o pão, partiu-o e deu-o dizendo: "Isto é o meu Corpo que será entregue por vós". Depois tomou o cálice, deu-o aos seus discípulos dizendo: "Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos, para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de Mim". 1 Cor 11,23-25 De manhã, o bispo consagra o óleo santo que se utiliza nos sacramentos do Batismo, Confirmação, Unção dos doentes e Ordem. De tarde, as paróquias celebram o memorial da Ceia pascal. Recebemos o Corpo e o Sangue de Cristo, a Eucaristia, que nos converte em irmãos e irmãs uns dos outros e nos compromete a amar com o amor do próprio Cristo. Domingo de Ramos Jesus chega a Jerusalém em companhia dos seus discípulos para celebrar a festa da Páscoa. Entra na cidade montado num jumento; vem como rei da paz. As pessoas aclamam-n'O. Jesus ensina no Templo. Judas, um dos doze apóstolos, deixa-se corromper e dispõe-se a entregar Jesus. A Igreja comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Em muitas paróquias organizam-se procissões Entregue nas mãos dos homens Depois da Ceia, Jesus dirigiu-Se para o jardim de Getsemani, situado sobre o Monte das Oliveiras. Os discípulos acompanham-n'O. Chegados ao jardim, Jesus diz-lhes: "Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou rezar". Tomando consigo Pedro, Tiago e João, disse- lhes: "A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai". Indo um pouco mais longe, prósta-Se com o rosto por terra e reza: "Pai, se queres afasta de Mim este cálice. Contudo, não se faça a minha vontade mas a tua". Depois volta para junto dos seus discípulos e encontra-os a dormir. Acorda-os e diz a Pedro: "Não pudestes vigiar comigo nem sequer uma hora?" Afastou-Se deles, pela segunda vez, para ir rezar sozinho. Depois volta e encontra-os de novo adormecidos. Afasta-Se uma terceira vez para orar no meio da noite. Em seguida, acorda os discípulos e diz-lhes: "Continuais a dormir? Chegou a hora: eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores". Lc 22 Entregue nas mãos dos homens Arrastam Jesus conduzindo-O à presença do sumo sacerdote para ser interrogado. Quando os membros do Sinédrio Lhe perguntam: "Tu és, portanto, o Filho de Deus?", Jesus responde: "Vós dizeis que Eu sou". Pela manhã levam Jesus a Pôncio Pilatos que, desde o ano 26 ao 36 d.C., era o prefeito romano da Judéia. Acusam Jesus: "Este homem blasfema contra Deus!" e "diz ser Ele mesmo rei!" Pilatos manda flagelar Jesus. Os soldados enterram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos, vestem-Lhe um manto vermelho, ultrajam-n'O e batem-Lhe. Pilatos acaba por pronunciar a sentença: Jesus deve morrer crucificado. Jesus leva a sua cruz até ao Monte do Gólgota, fora dos muros de Jerusalém. Ao meio dia de Sexta-Feira Santa, Jesus é crucificado entre dois criminosos que são executados ao mesmo tempo que Ele. Por volta da hora nona (15h da tarde), expira. Os mensageiros de Cristo dão testemunho de que: Ele é nosso Mediador: entregou-Se a Si mesmo em resgate por nós (1Tm 2,6). Ele é o Cordeiro de Deus: tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Ele é o Filho de Deus: pela sua morte reconciliou-nos com Deus (Rm 5,10). Ele é o servo de Deus: para todos os que Lhe obedecem, tornou-Se fonte de salvação eterna (Hb 5,9). Ele é o Redentor: Deus anulou o documento da nossa dívida, fazendo desaparecer pregando-o na cruz (Cl 2,14). Ele é o Salvador: pelas suas chagas fomos curados (1 Pd 2,24). Foi sepultado José de Arimatéia não pode aceitar que Jesus permaneça na cruz durante a noite. É um homem influente, que até ao momento receou mostrar-se como discípulo de Jesus. Agora atreve-se a fazê-lo. Vai procurar Pilatos e pede-lhe autorização para retirar Jesus da cruz e sepultá-l'O. Pilatos acede ao seu pedido. José envolve o corpo de Jesus com um sudário e deposita-O num túmulo novo escavado na rocha, digno de um mestre de Israel. Fecha-o com uma grande pedra redonda. Algumas mulheres, que acompanharam Jesus até Jerusalém, observam de longe. Nós Vos louvamos, ó Deus, e Vos bendizemos,nós Vos damos graças por Jesus, vosso Filho. Ele partilhou conosco a vida, Ele partilhou conosco a morte. Ele partilhou conosco o túmulo: De que havemos de ter medo? Deus criou o homem - Adão e Eva - à sua imagem: criou-os homem e mulher. E abençoa-os. Ama-os: a eles e a todos os seus filhos e aos filhos dos seus filhos, a quem confiou a terra. O seu amor abarca não só os que Lhe são fiéis e respeitam os seus mandamentos, mas também todos os que nunca ouviram falar d'Ele e que, por isso, não O procuram, não O encontram e ignoram como viver para Lhe agradar. Deus quer partilhar a sua vida com todos. O tempo passa. Os homens morrem. Morrem os que vivem sem Deus ou contra Ele, mas também todos os que O amam: Adão e Eva, Abraão e Moisés, Sara, Rebeca e Miriam, David e Salomão, Elias e Amós, Zacarias e Isabel, Simeão e Ana, João Batista e toda a multidão de pessoas das quais só Deus conhece o nome e o amor. Terão eles esperado em vão? Esquece Deus a sua fidelidade? Nós acreditamos que Deus não levou a Boa Nova só aos vivos. Acreditamos que Jesus desceu à mansão dos mortos e que ali proclamou também: Completou-se o tempo. O Reino de Deus está a chegar. Estais resgatados. Deus é misericordioso com todos os que O amam. Isto quer dizer que a morte perdeu o seu poder, não pode reter os que amam a Deus. Jesus Cristo, o Senhor, morreu por todos. Todos pertencem à comunidade dos vivos fundada por Ele. Jesus está vivo O Filho de Deus fez-Se homem. Um homem que nasceu e que morreu sobre a cruz. O seu corpo foi sepultado. Existem testemunhas disso. Não só os homens e as mulheres que O tinham seguido em Jerusalém, mas também os acusadores. Os quatro evangelistas referem que pela manhã cedo, no dia de Páscoa, algumas mulheres vão ao túmulo de Jesus levando perfumes. Ao chegar à sepultura, encontram retirada a grande pedra que a fechava. Entram no túmulo e vêem um jovem vestido de branco, sentado à direita. Assustam-se. Mas o anjo diz-lhes: "Não vos assusteis. Procurais Jesus de Nazaré que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde O puseram. Agora deveis ir dizer aos seus discípulos e a Pedro que Ele vai à vossa frente para a Galiléia" (Mc 16,1-7). Os discípulos dizem: Jesus não está morto. Ele vive: apareceu-nos. A nossa história com Ele, a sua história conosco, não terminou. Na sua primeira epístola aos Coríntios (1Cor 15,5-8), São Paulo enumera-os: Primeiro lugar Pedro, a pedra sobre a qual Jesus edificou a sua Igreja. Depois, os Doze que Ele escolheu como apóstolos. A seguir, quinhentos irmãos dos quais alguns já morreram. Posteriormente Jesus apareceu a Tiago,que preside à comunidade cristã de Jerusalém e ainda a todos os discípulos. Por último apareceu igualmente a São Paulo no caminho de Damasco, quando este perseguia os cristãos. Nós viveremos A ressurreição de Jesus Cristo é o centro e o coração da nossa fé. A celebração da Vigília Pascal é a solenidade mais sagrada do ano litúrgico. Numa das comunidades da Igreja primitiva, havia pessoas que duvidavam da ressurreição do Senhor. É a elas que São Paulo se dirige por carta nestes termos: "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã também a vossa fé... Permaneceis ainda nos vossos pecados... Deste modo, os que morreram em Cristo também pereceram. Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens" (1Cor 15,14-19). Acreditamos que Jesus, nosso Senhor, está vivo. Que Ele partilhará a sua vida com todos os que confiam n'Ele. Acreditamos que o Ressuscitado é causa de esperança para todos: no fim da nossa vida, não é o nada o que nos espera, mas a plenitude de Deus. Acreditamos que com Jesus começou a transformação, a redenção do mundo. Acreditamos que o Espírito Santo de Jesus vive e atua no nosso mundo. Acreditamos que Jesus Cristo voltará no dia do Juízo. Que Ele há de libertar os homens e as criaturas de todo o mal e de todo o sofrimento que os oprime, que os levará à plenitude e lhes dará uma vida sem fim. Os discípulos de Jesus viveram a experiência da Sexta-Feira Santa: Jesus, indefeso e abandonado, pendia da cruz. A sua vida extinguiu-se na morte. Depositaram seu corpo num túmulo e fecharam a entrada com uma grande pedra: sinal de que, no fim, a morte tem poder sobre a vida. No encontro com o Senhor ressuscitado, vivem a experiência que acaba com tudo o que julgavam saber sobre a vida e a morte. Jesus vem ao seu encontro. Eles reconhecem-n'O - sim, é Ele, o Crucificado. É-lhes familiar e, ao mesmo tempo, estranho. Entra, mesmo com as portas fechadas. Está presente e desaparece. Entre o medo e a dúvida, os discípulos começam a pensar e a acreditar no que está para além da morte: Deus ressuscitou o seu Filho dos mortos e recebeu-O na glória com a sua condição humana. Os discípulos afirmam: Jesus subiu ao céu e Deus deu-Lhe o lugar de honra, à sua direita Deus exaltou-O acima de todos Jesus fracassou entre os homens. "Os seus não O receberam." (Jo 1,11). Mas Deus ressuscitou-O e acolheu-O. Dá a seu Filho o lugar de honra à sua direita, constituindo-O deste modo Senhor de toda a criação. A expressão "sentado à direita do Pai" tem um significado especial, para os cristãos de então que, tal como Jesus, procedem do judaísmo: Deus, o Senhor e Rei, escolheu Israel como seu povo. Os reis que governam em Jerusalém são considerados representantes de Deus. Não governam a título pessoal, mas em nome de Deus. Enquanto não esquecerem isto, Deus estará com eles. Deus exaltou-O acima de todos Sabemos por um salmo o que era dito ao rei no dia da sua entronização: "Senta-te à minha direita, até que eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés" (SI 110,1). Numa das primeiras profissões de fé, os cristãos proclamam: "Ele é o Senhor, maior e mais poderoso que todos os senhores do mundo". Esta confissão é uma afirmação essencial da nossa fé. A comunidade louva num hino o Senhor a Quem Deus exaltou: Por isso Deus O exaltou e Lhe deu o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.Fil. 2,9-1 Subiu ao céu Quando os primeiros cristãos confessam que o seu Senhor "subiu ao céu", referemse ao Antigo Testamento. No livro dos Gênesis fala-se do patriarca Henoc, que andou com Deus e, depois, foi por Ele elevado ao céu (Gn 5,24). Acreditamos também que o grande profeta Elias foi arrebatado ao céu num carro de fogo no meio de um turbilhão (2Rs 2,11). Eliseu, seu discípulo, fica só e compreende que lhe é pedido continuar a obra de Elias. São Lucas descreve, no fim do seu Evangelho, como Jesus Se despede dos seus discípulos: Vai com eles a Betânia, ergue as mãos e abençoa-os enquanto eles se prostram diante d'Ele. E é nesta atitude de benção que Ele Se eleva ao céu (Lc 24,5052). No início do seu segundo livro, os Atos dos Apóstolos, narra de novo a ascensão de Jesus a fim de mostrar claramente como a história terrena de Jesus desemboca na história da Igreja: durante quarenta dias - um período de tempo sagrado - o Senhor ressuscitado aparece aos seus discípulos e fala com eles do Reino de Deus. Depois eleva-Se a seus olhos e uma nuvem - o próprio Deus - O oculta. A partida e a nova comunidade Já não podem vê-l'O diretamente nem tocá-l'O nem interrogá-l'O como quando estava entre eles. A separação significa também despedida. São João transmite-nos no seu Evangelho "discursos de despedida": são palavras do Senhor que parte, nas quais os discípulos encontram respostas e consolação. Não se perturbe o vosso coração! Acreditai em Deus e acreditai também em Mim. Na casa de meu Pai existem muitas moradas; se não fosse assim, Eu ter-volo-ia dito, porque vou preparar-vos um lugar. E, quando Eu for e vos tiver preparado um lugar, voltarei e levar-vos-ei comigo, para que, onde Eu estiver, vós estejais também(Jo14,1-3). Se Me amais, obedecereis aos meus mandamentos. Então, Eu pedirei ao Pai e Ele dar-vos-á outro Consolador para que permaneça convosco para sempre: o Espírito da Verdade (Jo 14,15-17). É melhor para vós que Eu vá, porque, se não for, o Consolador não virá a vós. Mas, se Eu for, enviar-vo-l'O-ei (Jo 16,7). Eu saí de junto do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai (Jo 16,28). A partida e a nova comunidade Jesus está junto do Pai. Os homens e as mulheres que põem n'Ele a sua confiança permanecem no meio da fragilidade da vida e da imperfeição do mundo. No entanto, a luz que Jesus veio acender no mundo não está apagada. A esperança que as suas palavras e ações suscitaram no coração dos homens, não está morta. DE ONDE HÁ DE VIR A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS Jesus voltará Os primeiros discípulos crêem que o Senhor voltará brevemente. Já não como um homem entre os homens - de quem não se pode duvidar nem rejeitar - mas, desta vez, com o poder e a glória de Deus. Isto significa que nunca mais ninguém poderá duvidar da sua autoridade nem contestar os seus plenos poderes. Todos reconhecerão n'Ele o Enviado de Deus, o Messias, o Salvador, o Juiz que, com plena autoridade de Deus, pronuncia a sentença final sobre os homens, e leva a criação à sua plenitude: o Reino e o Reinado de Deus tornam-se realidade. Os primeiros cristãos não tardaram em dar conta de que a sua impaciência os levava a um impasse. Compreendem que o tempo de Deus não é à medida do tempo do homem. E que é sempre válida a palavra de Jesus que anuncia o seu retorno: "Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos no céu nem o Filho, mas unicamente o Pai" (Mc 13,32). DE ONDE HÁ DE VIR A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS Jesus voltará Compreendem também que, com a "ascensão" de Jesus, começou uma nova era: a sua e nossa era, a da Igreja. Por isso, eles não podem continuar na "montanha" a olhar para o Senhor que sobe ao céu. A sua missão são os homens, em qualquer lugar onde se encontrem, seja qual for o seu modo de vida. A sua missão é a terra - até aos seus confins. São responsáveis pela luz: para que ela não se extinga; responsáveis pela esperança: para que, enraizada em Jesus Cristo, não morra. Que todos tenham o mesmo direito a aderir, pela fé, a Jesus Cristo. Só a Deus pertence decidir quando acabará, com a segunda vinda de seu Filho, a terra que Ele criou no princípio. A Igreja de Jesus Cristo define-se como uma comunidade que espera o regresso do seu Senhor e Lhe prepara o caminho. Todos os anos celebra o Advento: uma assembléia preparada a ir ao encontro d'Aquele que vem. DE ONDE HÁ DE VIR A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS Ele julgará os vivos e os mortos o seu discurso em casa de Cornélio, o centurião romano, São Pedro declara: "Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Deus O constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. Sobre Ele os profetas dão o seguinte testemunho: todo aquele que acredita em Jesus recebe, em Seu nome, o perdão dos pecados" (At 10,42-43). As palavras sobre o julgamento inspiram-nos medo: somos apenas homens. E qual é o homem que pode subsistir diante de Deus? As palavras sobre o Juiz infundem-nos coragem: porque conhecemos Jesus. Não temos por que teme-l'O. A sua mensagem é uma Boa Nova. Ele sabe como os homens se esforçam por fazer a vontade de Deus, respeitar os preceitos de Moisés, os "Dez Mandamentos" e todas as prescrições particulares que os mestres de Israel foram acrescentando ao longo dos séculos. Jesus diz: "Vinde a Mim todos os que estais afadigados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas, pois o meu jugo é suave, e a minha carga leve" (Mt 11,28-30). DE ONDE HÁ DE VIR A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS Ele julgará os vivos e os mortos Numa outra ocasião, Jesus diz o que será tido em conta no Juízo Final: amar a Deus, viver para Lhe agradar e dar aos irmãos e irmãs o que necessitam: pão aos famintos, água aos que têm sede, um teto aos que não têm lar, roupa aos nus, visitar os doentes e os prisioneiros. Todos os que fizeram isto, fizeram-no por Jesus mesmo sem o saber. O Senhor dir-lhes-á então: Vinde, o Pai está à vossa espera! Ireis ver como os homens podem ser felizes. Ireis viver, com Ele, nessa comunhão a que chamamos céu. Os outros, os que detestam Deus, não vivem no seu espírito, não dão aos irmãos e irmãs o que precisam: não socorrem os famintos, não dão água aos que têm sede, nem teto aos estrangeiros, nem roupa aos nus, nem visitam os doentes e os prisioneiros - foi a Jesus a quem recusaram todas estas coisas, mesmo sem o saber. Vão dar conta de como os homens podem ser infelizes. Eles próprios se excluíram da comunhão definitiva com Deus (cf. Mt 25). Senhor, Tu virás no fim dos tempos. O fim do meu tempo é a morte. Senhor, vem ao meu encontro! Acolhe-me junto de Ti! Sê para mim um juiz clemente e faz do dia da minha morte o dia da minha ressurreição! Concede-me ser feliz junto de Ti, entre os que são benditos de teu Pai! O Espírito Santo de Deus Não O podemos ver, reter nem mostrar. Não podemos dispor d'Ele. Mas podemos sentir a sua existência e a sua ação, por exemplo: Quando um homem ou uma mulher fala de Deus, de tal modo que outros abraçam a fé; Quando duas pessoas põem fim a uma discórdia e se reconciliam; Quando alguém que agiu mal repara as suas faltas; Quando uma pessoa amargurada pelo ódio começa a amar; Quando alguém, que só pensava em si, abre os olhos para o sofrimento dos outros; Quando uma pessoa sai em defesa das plantas e dos animais, da água e do ar - da vida posta em perigo pelo homem. CREIO NO ESPÍRITO SANTO O Espírito que dá a vida A Bíblia começa pelas origens. Então - antes de Deus ter pronunciado a sua primeira palavra - não havia mais do que desolação e vazio, águas impetuosas e trevas: a morte - Mas o Espírito de Deus paira sobre as águas: a vida. Com estas imagens, os mestres de Israel afirmam que Deus está em tudo e sobre tudo o que vive, se desenvolve e cresce sobre a terra. O seu Espírito é a prova de que a criação nunca está desligada de Deus: não está abandonada ao acaso, à mercê da mente humana ou mesmo de espíritos maléficos. Um dos mestres bíblicos narra como começou a história de Adão, "o homem": O próprio Deus insuflou nas suas narinas um hálito de vida e o homem converteu-se em ser vivo. Isto quer dizer: o ser humano - homens, mulheres e crianças - vivem da vida de Deus. Por isso são capazes de compreender Deus, fazer a sua vontade, tornar-se homens à sua imagem. O espírito Santo é o Dom supremo que Deus concede ao homem. Sopra onde quer. Mas o homem pode recusar o Espírito, fechar-se a Ele. CREIO NO ESPÍRITO SANTO Ele que falou pelos profetas A Bíblia fala de homens e de mulheres a quem Deus dá o seu Espírito. Atrevem-se, com coragem, a contradizer os reis, a acusar os falsos profetas e os sacerdotes infiéis, a denunciar a heresia e o pecado. As pessoas que se relacionam com eles sentem que Deus atua neles, que o Espírito Santo fala através desses homens. Por isso, os homens inspirados são credíveis e dignos de confiança. Israel tem um modo especial de falar do Espírito quando se trata do Messias. Um dos profetas diz d'Ele: Deus dá-Lhe o espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento, de piedade e temor de Deus (Is 11,2). É a esta palavra profética que nós temos presente quando evocamos os "sete dons" do Espírito Santo. O Espírito de Deus não é um dom só para alguns eleitos. O Ressuscitado enviou aos apóstolos e a todos os seus discípulos o dom do Espírito Santo (Jo 20,22). No Juízo Final, quando a fraqueza e a maldade dos homens forem julgadas e restar apenas o amor e a bondade de Deus pelos homens, o Espírito será dado a todos: "Derramarei o meu espírito sobre os teus filhos e a minha benção sobre a tua descendência" (Is 44,3). CREIO NO ESPÍRITO SANTO Jesus Cristo, cheio do Espírito Santo Jesus vive e atua na unidade com o Espírito Santo. Foi pela ação do Espírito Santo que Maria O concebeu. Por isso a celebramos com as palavras: "Ave Maria, cheia de graça". Movido pelo Espírito, João Batista declara: "Quanto a mim, eu batizo-vos com água... mas Aquele que vem depois de mim... batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo" (Mt 3,11). Quando Jesus vai ao Jordão para Se fazer batizar por João Baptista, os céus abrem-se. E eis que uma voz vinda dos céus diz: "Tu és o meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências.“ É pela força do Espírito Santo que Jesus resiste a Satanás, que quer tentá-l'O no deserto para O desviar da sua missão (Mc 1,11-13). CREIO NO ESPÍRITO SANTO Jesus Cristo, cheio do Espírito Santo Jesus vive e atua na unidade com o Espírito Santo. Jesus sabe porque é enviado. Em Nazaré, a sua cidade, vai à sinagoga, ao Sábado e lê uma passagem do profeta Isaías: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos, e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor“ . E todos compreendem o que Jesus quer dizer quando afirma: "Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir" (Lc 4,18-21). Jesus prepara os seus discípulos para o tempo em que já não estará com eles. O evangelista São João conta como Jesus Se despede dos apóstolos. Encoraja-os e diz-lhes como poderão permanecer seus amigos. Promete-lhes um Consolador, um Paráclito. Alguém que reze por eles quando as palavras lhes faltarem. Alguém que lhes diga como defender-se quando forem acusados e perseguidos por sua causa. Promete-lhes o seu Espírito Santo. A Igreja do nosso tempo é uma comunidade com dimensões mundiais. Comunica a fé aos que a ela se incorporam pelo Batismo e ensina-os a viver como cristãos. Cumpre assim a missão que lhe foi conferida por Jesus Cristo, até que Ele volte na sua glória. Os cristãos perguntam: quando, onde e como começou a igreja? A resposta é nos dada na "história da fundação" que São Lucas nos relata nos Atos dos Apóstolos: APOSTÓLICA No começo era o Espírito Santo. Os apóstolos e os discípulos de Jesus encontravam-se reunidos numa casa. Maria, a Mãe de Jesus, estava presente, assim como outras mulheres. Esperavam o Paráclito que Jesus tinha prometido e oravam juntos. E aconteceu que, cinquenta dias depois, o sopro do Espírito de Deus desceu do céu sobre eles como um vendaval, encheu a casa e acendeu uma chama nos corações. Já não sentem medo dos que perseguiram e condenaram Jesus. Os discípulos ficaram repletos de entusiasmo. Não podiam ficar fechados por mais tempo, tinham de sair para anunciar a Boa Nova. As pessoas nas quais vive o Espírito de Jesus, compreendem-se umas às outras, mesmo que não falem a mesma língua. Não se sentem estranhas entre si. Nesse mesmo dia de Pentecostes, São Pedro, o primeiro dos apóstolos, pronuncia o discurso que inaugura a missão em favor de Cristo. A sua pregação foi tão convincente que todos os que o escutavam sentiram-se tocados no coração. Nesse dia - diz-nos São Lucas vários milhares de pessoas abraçaram a fé, receberam o Batismo e entraram na comunidade de Jesus Cristo: irmãos e irmãs, a Igreja de Cristo. Todos eram assíduos ao ensinamento dos Apóstolos e à fração do pão. Mantinham-se fiéis à comunhão fraterna e davam a cada um segundo a sua necessidade. Dizemos São Pedro e pensamos no Papa que dirige a Igreja como seu sucessor. Dizemos São Paulo ou São Tiago e pensamos em todos os que transmitem o Evangelho. Dizemos São Bernardo ou Santa Teresa e pensamos em todos os que consagram a sua vida a Deus. Dizemos Santa Clara ou São Francisco e pensamos em todos os que são pobres com os pobres. Dizemos São Martinho ou Santa Isabel e pensamos em todos os que partilham. Dizemos São Vicente de Paula e pensamos em todos os que vivem para os outros. Dizemos São Maximiliano Kolbe e pensamos em todos os que dão a vida pelos irmãos. Dizemos "cristãos" e pensamos em todos os que são vivificados pelo Espírito. A Igreja una O Espírito Santo não agiu somente no começo da Igreja. Continua a vivificá-la e a sua ação torna-se nela perceptível. Por isso a Igreja só pode ser "una": tem um só Senhor, uma só fé, um só Batismo; forma um só corpo movido por um só Espírito, orientado para uma única esperança. Toda a Igreja sofre quando algumas pessoas ou grupos discutem sobre interpretações doutrinais e normas de vida, provocando divisões no seio da comunidade. Por amor à unidade e a Jesus, a Igreja não deve deixar jamais de procurar a reconciliação, nem de implorar o perdão das suas próprias faltas e dos outros. Se assim não fosse, Jesus teria rezado em vão: "Peço-Te, Pai, que todos sejam um" (Jo 17,21). A Igreja una é santa Santa, mas não por si mesma, pois só Deus é Santo. Ele ama a Igreja, a comunidade de homens e mulheres que confessam o seu Filho Jesus Cristo como Senhor, que transmitem a Boa Nova e dão testemunho dela com a própria vida. Nem sempre conseguem isto. É por esta razão que a Igreja de Jesus Cristo é também uma Igreja de pecadores: comunidade de homens que se extraviam no caminho, que atraiçoam o amor, que quebram a aliança, que permitem o mal e até o fazem. Homens que necessitam de perdão e de misericórdia para serem, por sua vez, misericordiosos com os outros. Deus santifica a Igreja apesar das limitações humanas e deficiências dos seus dirigentes e fiéis. Por isso a Igreja é e continua a ser para o mundo o sinal visível da santidade de Deus. Porque Deus a santifica, ela consegue resistir aos poderes do mundo. A Igreja una, santa é católica O Deus único é o Deus de todos os homens. Olha para eles com benevolência e deseja conduzi-los, onde quer que se encontrem e em todos os tempos, à salvação, de que Ele mesmo é o centro. A Igreja de Jesus Cristo é a depositária da herança do Senhor e anuncia Cristo como a esperança de todos os homens. Ela é sinal e penhor do seu amor redentor. Não só para aqueles que são batizados no seio da Igreja católica romana, mas para todos os que vivem reconciliados com Deus. Também as pessoas que servem a Deus noutras confissões cristãs e noutras religiões e até as pessoas que não sabem nada de Deus, participam do amor de Deus e da esperança, da qual Jesus Cristo é o garante. Todas estas pessoas estão de certo modo relacionadas com a Igreja una. Por isso a Igreja está - em virtude da sua própria natureza - aberta a todos: Católica (= universal). A Igreja una, santa, católica é apostólica Desde o início do seu ministério público, Jesus chama e reúne discípulos para que O acompanhem, escutam o que diz e vejam o que faz. Dentre eles, escolhe doze homens para que sejam suas testemunhas, desde o Batismo no Jordão até à sua ressurreição. Envia os Doze, os apóstolos, para que possam ir, em seu nome, aonde Ele não vai pessoalmente, anunciem a Boa Nova e curem os enfermos. O Ressuscitado confiou a São Pedro, o primeiro entre os apóstolos, uma responsabilidade especial na Igreja. Os doze apóstolos são o fundamento da Igreja. Proclamam o Evangelho. Conservam os ensinamentos de Jesus e, com o auxílio do Espírito Santo, defendem a verdade plena e não falsificada. Os apóstolos transmitem a sua missão e o seu mandato a outros. A sucessão dos bispos de Roma remonta, sem interrupção, a São Pedro. Em comunhão com os bispos, sucessores dos apóstolos, o Papa, como sucessor de São Pedro, guia a Igreja no seu caminho através do tempo. A Hierarquia e Ministérios A Igreja vê nascer no seu seio uma hierarquia e ministérios bem definidos; o primeiro e supremo mestre da Igreja é o bispo de Roma: o Papa. Os bispos, sucessores dos apóstolos, velam nas Igrejas locais para que a fé se conserve intacta. Ordenam sacerdotes para que dirijam as comunidades paroquiais. Os sacerdotes presidem à oração e atuam como intercessores, anunciam o Evangelho às suas respectivas comunidades, administram os sacramentos e celebram a Eucaristia. Prestam assistência aos que lhes são confiados e acompanham-nos no seu caminho para Deus. "No grau inferior da hierarquia estão os diáconos, aos quais foram impostas as mãos, 'não em vista do sacerdócio, mas do serviço'" (Lumen Gentium 29)... "Entre outros serviços, pertence aos diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí-la, assistir ao Matrimônio e abençoálo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade" (Catecismo da Igreja Católica 1569-1570). A vida consagrada a Deus O homem foi criado para a mulher e a mulher para o homem. Contudo, sempre houve e continua a haver, na Igreja, homens e mulheres que vivem voluntariamente o celibato. São homens e mulheres que descobrem a sua felicidade - e se encontram a si mesmos - na ausência de bens e de família, e na obediência a outra pessoa. Esses homens e mulheres, que se sabem chamados por Deus, agrupam-se em comunidades de vida e serviço. Ao longo da história da Igreja, apareceram - e continuam ainda a aparecer - esses institutos religiosos, quase sempre para responder a uma necessidade do seu tempo: para uns o mais importante são os ofícios divinos e a adoração; outros levam uma vida ritmada pela oração e o trabalho. Outros dedicam-se a ensinar e proclamam o Evangelho; outros ainda, ocupam-se dos pobres, das crianças que ninguém quer, dos doentes, deficientes e moribundos. As ordens e congregações religiosas denominam-se, frequentemente, segundo o nome do seu fundador: São Bento, São Francisco, São Vicente de Paula. Outras, têm o nome referente à sua missão: Filhas da Caridade, Missionárias da Caridade, Irmãos das Escolas Cristãs. Acreditar na "santa igreja católica" e na "comunhão dos santos" está intimamente ligado. A Igreja é a pátria daqueles que, por meio de Jesus Cristo, participam do que é santo: do sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, do perdão dos pecados, do amor de Deus pelos homens. A Igreja comunica a fé; com o pleno poder de Jesus, administra os sacramentos e funda assim a "comunhão dos santos". Jesus funda a comunidade Só no interior duma comunidade o homem pode chegar a ser o que realmente é. Só em sociedade pode desenvolver os seus dons, pôr em ação o mais peculiar do seu ser e, deste modo, realizar-se a si mesmo. Sabemos que a comunidade é vital para nós, e no entanto, só com muitas dificuldades aprendemos a viver em sociedade. Escutando a palavra de Jesus, aprendemos a natureza da comunidade que Ele funda. Nesta comunidade, os pequenos são grandes. Jesus toma nos braços as crianças e diz aos adultos: Sede como elas. Jesus escolhe pescadores do lago de Tiberíades para apóstolos e confia-lhes a missão de congregar e dirigir a sua Igreja. Nesta comunidade todos têm uma oportunidade: Jesus deixa-Se convidar pelos publicanos e come com eles; fala do Reino de Deus com uma mulher. E diz aos pecadores: Deus perdoou-vos. E aos ricos: Dai aos pobres. Nesta comunidade, os desanimados e os desfavorecidos encontram o que esperam: Jesus cura os doentes e os deficientes; devolve a liberdade aos que estão possuídos e oprimidos pelo mal. Aprendizagem da vida comunitária Nas comunidades cristãs reúnem-se pessoas de todo o gênero e origem que, na vida quotidiana pouco têm em comum: judeus e pagãos, ricos e pobres, homens e mulheres, comerciantes e lavradores, mestres e artesãos, jovens e idosos, pessoas de êxito e fracassados, sãos e doentes, proprietários de terras e trabalhadores assalariados. Todos partilham o que para eles é importante: a fé em Jesus, a confiança na sua palavra, o lugar à mesa, a esperança na vida que Ele promete aos que O seguem. Quando rezam, fazem-no como Ele lhes ensinou: "Pai Nosso...". Chamam-se uns aos outros "irmãos" e "irmãs". Esta atitude fraterna não é evidente num mundo que mede o prestígio dum homem ou duma mulher segundo o modo como se impõem aos outros. Os cristãos não recebem automaticamente esta capacidade com o Batismo. Cada pessoa, no seio da comunidade, pode cometer erros, pecar contra o próximo, falhar. Já as primeiras comunidades tiveram esta experiência. Podemos aprender delas como viver com os nossos erros e as nossas faltas. : Somos batizados em nome do mesmo Deus. Partimos o mesmo pão. Partilhamos a mesma esperança. Respeitamos os mesmos mandamentos. Acreditamos na mesma palavra. Celebramos o mesmo Deus único. Os santos em Jesus Cristo "Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa..." (1 Pd 2,9). Através destes títulos honoríficos, São Pedro exalta a sua comunidade de homens e de mulheres, que se reconhecem pecadores diante de Deus e dos seus semelhantes. Encoraja-os a converterem-se no que Deus quer que sejam. O povo de Deus não é constituído só por pessoas que vivem contemporaneamente na Igreja visível. Dela fazem parte, também, os mortos que estão ainda a caminho para a comunhão plena com Deus, assim como numerosos bem-aventurados que contemplam Deus face a face. A Igreja celebra anualmente a comunhão dos Santos na solenidade de Todos os Santos e na Comemoração dos fiéis defuntos (dias 1 e 2 de Novembro, respectivamente). Nós, os cristãos, confessamos a nossa fé no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos e na remissão dos pecados. Estas verdades estão intimamente ligadas entre si; cada uma delas faz referência às restantes e todas elas têm a ver com o encargo que o Senhor ressuscitado confiou aos seus apóstolos quando os enviou em missão: "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Todo aquele que acreditar e for batizado, será salvo; aquele que não acreditar, será condenado" (Mc 16,15-16). Aquele que sela a sua fé em Jesus Cristo pelo Batismo, está reconciliado com Deus pela morte de Jesus: os pecados são-lhe perdoados. Por isso o Batismo é o primeiro sacramento e o mais importante para o perdão dos pecados. A missão do Senhor "O Senhor ressuscitado deu aos seus apóstolos uma missão e pleno poder para administrar o Batismo aos que crêem e incorporá-los assim na sua Igreja. São João atesta, e descreve-a deste modo: na tarde de Páscoa, os discípulos encontravam-se reunidos. Tinham as portas fechadas por medo dos judeus. "Jesus veio e colocou-Se no meio deles e disse-lhes: "A paz esteja convosco!" ...Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus então disselhes de novo: "A paz esteja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós". Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: "Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ficar-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficar-lhes-ão retidos" (Jo 20,19-23). Eu não te condeno O evangelista São João fala-nos dos escribas e fariseus que trouxeram uma mulher a Jesus, dizendo-Lhe: "Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante delito de adultério. Ora Moisés, na lei, mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes? Jesus ficou em silêncio. Como eles persistissem em interrogá-LO, disse-lhes: "Aquele de entre vós que estiver sem pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra". Os acusadores ouvem a resposta e compreendem-na. Um após outro foram-se embora e Jesus ficou a sós com a mulher. Então perguntoulhe: "Mulher, onde estão os outros? Ninguém te condenou?" Ela respondeu: "Ninguém, Senhor". Disse-lhe Jesus: "Eu também não te condeno; vai e não voltes a pecar" (Jo 8,1-10). Eu não te condeno Na sua hora suprema Jesus diz ao ladrão que está crucificado "à sua direita": "Em verdade, te digo, hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23,43). Jesus não culpa ninguém pelas suas falhas. Alivia os que se sentem oprimidos pelo peso das suas faltas e levanta-os. Não procura que os culpados sejam condenados e punidos, mas que, absolvidos, vivam uma vida nova, não esquecendo que Deus os ama. Assim, poderão aceitar-se a si próprios porque Deus os aceita. Não podemos comprar o perdão nem podemos merecê-lo; ninguém tem direito ao perdão. O perdão, podemos pedi-lo humildemente para nós e para os outros: a bondade de Deus é sem limites. Aquele que recebeu gratuitamente o perdão pode viver com a sua falta e crescer com ela; pode tornar-se bom e misericordioso num mundo que condena e castiga. Assim como nós perdoamos Quando um homem comete uma falta que não pode reparar, facilmente está disposto a pedir perdão. Mas quando lhe é pedido a ele que perdoe ao seu próximo, dificilmente está disposto a renunciar aos seus "direitos". São Pedro queria sabê-lo com exatidão. Pergunta a Jesus: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar ao irmão que me ofende? Sete vezes?" A oferta que São Pedro faz está longe de ser mesquinha. Mas quando ouve a resposta de Jesus, compreende que o perdão requer uma outra medida: "Setenta vezes sete", o que significa: sem conta, cada vez que um irmão necessitar de perdão (Mt 18,21-22). Ir ao encontro do outro, estender-lhe a mão, dizer a primeira palavra, dar o primeiro passo, aceitar o outro com as suas faltas, fazer triunfar o amor sobre o rancor e a vingança, romper o círculo vicioso da culpabilidade e do castigo, continuar o caminho juntos. Quando os cristãos dizem que crêem na ressurreição dos mortos e na vida eterna, não significa que eles pretendam escapar à morte e ao sofrimento. Não pretendem consolar os seus semelhantes desfavorecidos e marginalizados, com a esperança duma vida melhor. Quando os cristãos dizem que crêem na ressurreição dos mortos e na vida eterna, querem dizer: acreditamos que nós - os seres humanos -, a terra e tudo o que nela cresce, tem um futuro melhor. Cremos com fé, que esse futuro será bom. Melhor do que tudo o que podemos imaginar e sonhar. Pois é Deus quem no-lo concederá. Nós cremos firmemente, e assim o esperamos, que, tal como Cristo ressuscitou dentre os mortos e que vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo Ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia. (Catecismo da Igreja Católica 989). Ele não é um Deus de mortos Para que servem todos os esforços, se todos sabem que hão de morrer? Porque é que a uns se concede uma longa vida, enquanto outros morrem antes que a vida tenha realmente começado para eles? O homem é incapaz de encontrar uma resposta válida, para todas estas questões. As pessoas cuja história nos é contada na Bíblia conhecem os seus limites. Mas experimentam também que, para além desses limites, é possível uma esperança. Sentem que estão abertos a Deus. N'Ele põem a sua esperança. E Deus é fiel para com eles. Em Jesus, mostrou-nos que é mais forte que a morte. Desde a Páscoa da sua ressurreição, Ele consola cada mulher e cada homem que chora junto da sepultura duma irmã ou dum irmão: Eu sou a ressurreição. Aquele que acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá. Jo 11,25 Como ressuscitarão os mortos ? A nossa linguagem, as nossas palavras, referem-se a este mundo e à sua realidade. Para o mundo e realidade de Deus, as palavras faltam-nos. Os primeiros cristãos já dão conta disto, quando perguntam: como será a ressurreição dos mortos? Que acontece ao corpo que se decompõe na sepultura? Uma pessoa incapacitada, continuará a sê-lo depois de ressuscitar? Quando uma criança morre, tornar-se-á adulta no céu? O que acontece a todos os que morreram e morrem na esperança em Deus e na fé em Jesus Cristo? Onde se encontram eles enquanto esperam que passe a última noite deste tempo e que brilhe o dia de Deus sobre uma nova terra? Perante todas estas questões - e ainda outras - nós não temos melhor resposta do que aquela que São Paulo dirige aos Coríntios: Nós anunciamos o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, tudo o que Deus preparou para aqueles que O amam. 1Cor 2,9 Os cristãos e a morte A morte inspira medo aos homens - mesmo àqueles que confiam em Deus. Porque a morte significa despedida e separação. Nenhum moribundo deve envergonhar-se do seu medo. Também Jesus, na cruz, chamou o Pai. Todo o moribundo pode clamar com Jesus, quando se aproxima a sua hora. Com Jesus, todo o moribundo pode estar seguro que o Deus de misericórdia transformará todo o medo em júbilo e encherá as suas mãos vazias. Cremos que, na morte, Deus vem ao nosso encontro. Abrem-se os olhos que a morte fechou. Encontramo-nos diante de Deus: cada um com a sua própria história, o seu amor e a sua culpa. Para os que crêem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna. Prefácio da missa dos defuntos A vida eterna Viver plenamente, viver para sempre, não num repouso eterno mas numa plenitude inconcebível, não temer nada nem ninguém, nem mesmo a sua própria fraqueza; ser a pessoa que Deus imaginou quando a chamou pelo seu nome. Viver com Deus, celebrar a festa da vida - quem poderá dizer exatamente o que isso será? Os profetas de Israel e o vidente São João, o profeta cristão do fim dos tempos, falanos, em imagens, do que será esta nova vida para nós. Não fala do céu como um lugar indefinido que existe nalgum lugar acima das nuvens. O céu é onde está Deus, onde as pessoas vivem com Ele como seu povo. O mundo antigo, carregado de pecado e corrompido pelo homem, desapareceu. Uma nova terra, tal como Deus a quis desde o início, serve de pátria ao homem. Um mundo onde Deus está, sendo a sua luz e vida. Por isso esse mundo não necessita de sol nem de lua. E, na nova Jerusalém, já não há casas de pedra, nem templo onde encontrar Deus. Deus está lá, habitando entre os homens. Amém, sim, assim seja A profissão de fé apostólica (Credo) é um dos textos fundamentais da fé cristã. Nasceu nos primeiros séculos da Igreja, quando se quis conservar por escrito o essencial da fé dos cristãos. Cada frase, cada enunciado, foram formulados de tal modo - muitas vezes depois de longos debates - que os cristãos podem encontrar neles a diferença entre a fé e a heresia. O Credo ou Símbolo dos Apóstolos é válido para toda a Igreja. Quem é batizado na Igreja de Jesus Cristo, tem que aderir a ele. Durante a Vigília Pascal, a assembléia dos fiéis renova as promessas do seu Batismo. Esta profissão de fé de toda a Igreja deve pronunciá-la e repeti-la cada um conjuntamente e para si mesmo. Não é em vão que ela começa pelas palavras "Eu creio" e termina por "Amém". Quem diz "Amém" confirma a sua decisão. Amém - sim, assim seja, eu adiro, aceito. Este Evangelho é válido para mim. Agradeço ao Senhor por isto. Viver em Cristo: os sacramentos "Eu estou convosco para sempre até ao fim do mundo": assim prometeu o Ressuscitado aos seus discípulos. No dia de Pentecostes, apercebem-se do modo como Jesus cumpre a sua promessa. Entusiasmados, descem a rua e proclamam: Que todos o saibam! Jesus de Nazaré, que foi suspenso numa cruz e morreu, é o Senhor, o Messias. Ressuscitou! Deus exaltou-O e deu-Lhe o lugar de honra à sua direita. E voltará na sua glória. Acreditai n'Ele e tende confiança no Evangelho que nós vos anunciamos. Assim vai crescendo a comunidade dos fiéis em toda a parte onde o Evangelho é proclamado como Boa Nova. Constituem-se comunidades. O Senhor destinou a sua Igreja para dar testemunho - através da sua presença em favor dos homens e do culto celebrado com eles - de que Deus é bom para com todos e quer oferecer-lhes a salvação. A Igreja, em si, é sinal do amor e da proximidade do Deus escondido. É o sacramento inaugural sobre o qual se fundam todos os sacramentos que ela oferece aos que proclamam e vivem a fé tal como a Igreja a transmite desde a época dos apóstolos. Sete sacramentos A Igreja celebra - como legado sagrado do seu Senhor - sete sacramentos. Estes são ordenados à vida e à fé de cada pessoa. Neles e através deles, Jesus oferece-Se aos homens. Administrar os sacramentos não é unicamente falar da pertença a Deus e da redenção. Os sacramentos são disso sinais efetivos e transmitem verdadeiramente essa pertença a Deus e essa redenção. Sinais da salvação que Jesus instituiu na sua igreja. O Batismo é o fundamento da nossa entrada na Igreja de Jesus Cristo no começo da vida. Pela Confirmação, os jovens são fortalecidos e santificados pelo dom do Espírito. A Eucaristia concede aos fiéis a participação na vida do seu Senhor e faz deles uma comunidade. O sacramento da Penitência oferece ao pecador reconciliação e perdão. O doente recebe da unção esperança e consolação. Ordem, confere-se aos diáconos, sacerdotes e bispos, um serviço particular na Igreja. No sacramento do Matrimônio, os esposos prometem mutuamente amor e fidelidade; a comunidade que eles formam é imagem da comunhão dos crentes instituída por Deus. Sacramentais "A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são, à imitação dos sacramentos, sinais sagrados que significam realidades, sobretudo de ordem espiritual, e se obtêm pela oração da Igreja. Por meio deles dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e santificam as várias circunstâncias da vida" . A Igreja institui os sacramentais para santificar certos ministérios, certas circunstâncias da vida cristã, assim como o uso de certos objetos. Para isso pronunciase uma oração, frequentemente acompanhada dum sinal particular (por exemplo: a imposição das mãos, o sinal da cruz, a aspersão de água benta. Dizemos "consagração“ quando se trata de uma pessoa (por exemplo, a abadessa dum mosteiro) ou quando um objeto (altar, igreja, sino) é destinado exclusivamente ao uso litúrgico. Diz-se "benção" quando os homens (crianças, viajantes, peregrinos) ou coisas (casas, alimentos, automóvel, animais) são confiados à proteção de Deus. O Batismo O Batismo é o sacramento comum a todos os cristãos. A Igreja administra-o segundo a missão que o Senhor lhe confiou: "De todos os povos fazei discípulos, batizandoos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28,19). A pregação de São Pedro em Jerusalém, no dia de Pentecostes, chega ao coração de muitos ouvintes. Perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: "Que devemos fazer?" E São Pedro responde: "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois recebereis do Pai o dom do Espírito Santo" (At 2,37-38). O Batismo estabelece uma relação pessoal com Jesus. Significa também a inserção na comunidade dos fiéis, a Igreja. Realiza o perdão dos pecados e marca o início duma nova vida como irmão ou irmã de Jesus Cristo, filho ou filha de Deus. Os batizados rezam: "Pai nosso que estais nos céus". O Batismo é um começo, primícias de Deus que é preciso fazer frutificar ao longo de toda a vida: "Sepultados com Cristo no Batismo, estais também ressuscitados com Ele, porque acreditastes na força de Deus que O ressuscitou dos mortos" (Cl 2,12). O Batismo Qualquer pessoa pode receber o Batismo e pode administrá-lo - ainda que ela própria não esteja batizada -, desde que o faça com a intenção da Igreja. O Batismo é válido para sempre. Nenhum pecado suprime a aliança selada pelo Batismo. As pessoas que se fazem batizarem idade adulta passam por uma fase de aprendizagem da fé. Incorporam-se na Igreja de forma orgânica. Quando os pais e padrinhos trazem uma criança junto à água do Batismo, querem transmitir-lhe não apenas a vida mas também a fé, e prometem conduzir e acompanhar essa criança no caminho da fé. Batismo significa "mergulhar na água", elemento da vida. Quando uma pessoa não batizada dá a sua vida por Jesus Cristo (martírio), recebe o "batismo de sangue". Falamos também de "batismo de desejo" quando os não batizados que praticam o bem, se comprometem pelo próximo e deste modo - às vezes sem o saberem - seguem a Cristo. O Batismo administra-se do seguinte modo: o celebrante derrama água três vezes sobre a cabeça do batizando enquanto diz: "Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". O Batismo Durante a Vigília Pascal, os fiéis - adultos e crianças - renovam as promessas batismais. Durante a Vigília Pascal, a água batismal é consagrada: Olhai agora, Senhor, para a vossa Igreja, e dignai-Vos abrir para ela a fonte do Batismo. Receba esta água, pelo Espírito Santo, a graça do vosso Filho Unigênito, para que o homem, criado à vossa imagem, no sacramento do Batismo seja purificado das velhas impurezas e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo. A Confirmação O sacramento da Confirmação é administrado nos nossos dias ainda um pouco como no tempo dos apóstolos. O bispo - ou o seu representante autorizado -estende as mãos sobre o confirmando e invoca para ele o dom do Espírito Santo. Depois impõe a cada um as mãos, chama-o pelo seu nome e diz: "Recebe por este sinal o dom do Espírito Santo." Ao mesmo tempo unge a fronte do confirmando com o santo crisma, marcando-o assim com o sinal do Espírito Santo. Tal como o Batismo, a Confirmação imprime também à alma um caráter espiritual, um selo indelével; é por isso que não podemos receber este sacramento mais do que uma vez. O dom do Espírito Santo torna aquele que o recebe capaz de converter-se em "sal da terra e luz do mundo" (Mt 5,13-14), de testemunhar Jesus Cristo, através da sua vida e dos seus atos, de tal modo que todos pensem: é um cristão que fala e age como tal. A Confirmação Na Igreja ocidental, a Confirmação é administrada aos jovens como "sacramento da maturidade cristã", dado que, ao serem batizados em crianças, foram os pais e padrinhos que pronunciaram a profissão de fé. Agora que começam a viver e a agir de forma independente, pronunciam eles próprios o seu "sim" à comunidade de fé que os integrou pelo Batismo. Dizem sim a Cristo e proclamam a sua disponibilidade para com Ele, assim como a vontade de não negar a sua fé. Declaram o seu consentimento para se comprometerem em favor da Igreja e para ajudarem os seus irmãos e irmãs. Confirmação: "A Confirmação completa a graça batismal; ela é o sacramento que dá o Espírito Santo, para nos enraizar mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais solidamente em Cristo, tornar mais firme o laço que nos prende à Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada de obras" (Catecismo da Igreja Católica 1316). Os adultos recebem a Confirmação juntamente com a Eucaristia. A Eucaristia O sacramento da Eucaristia é o centro e o coração de toda a liturgia da Igreja de Jesus Cristo. Pois é nela que se cumpre - dia após dia, em toda a terra - a missão confiada aos apóstolos por Jesus, na vigília da sua Paixão. Ele disse-lhes: "Fazei isto em memória de Mim". Por isso a nossa celebração está fundada no memorial da última Ceia de Jesus, tal como São Paulo relata no seu testemunho desta sagrada tradição. Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de Mim". Do mesmo modo, depois da Ceia, tomou também o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de Mim". Cor 11, 23-25 A Eucaristia Chamamos Eucaristia, ao pão consagrado que recebemos na Missa e que adoramos a todo o momento. Quando queremos dizer que o sacrifício de Jesus se torna presente na celebração eucarística, falamos de "Santo Sacrifício". O nome de "Santa Missa" está ligado ao fim da celebração, o envio (missio) dos fiéis, a fim de que todos testemunhem Jesus Cristo, na vida quotidiana, onde quer que vivam. A Igreja - cada paróquia - celebra a Eucaristia como comunidade de louvor e de ação de graças, como comunidade que participa na Santa Ceia e também como comunidade chamada a comprometer-se como sacrifício de Jesus Cristo. Deste modo, faz mais do que conservar unicamente a memória do que Deus fez por nós por meio de Jesus Cristo. Nesta celebração o próprio Cristo está verdadeiramente presente. E nós participando na Eucaristia assumimos a nossa condição cristã. A Eucaristia A Santa Missa consta de quatro partes: Ritos iniciais, com a saudação mútua, a preparação penitencial, a súplica ao Senhor – Kyrie -, o Glória e a oração de abertura. Liturgia da palavra : são lidos três textos da Bíblia: o primeiro, do Antigo Testamento ou dos Atos dos Apóstolos; o segundo, de uma das epístolas (cartas) apostólicas; o terceiro, dos Evangelhos. O celebrante, explica a palavra de Deus a fim de que cada um compreenda como se pode ser cristão, hoje. Ao Domingo e nas celebrações solenes, reza-se o Credo (profissão de fé). Na oração universal, a assembléia apresenta a Deus as necessidades da Igreja e do mundo. Liturgia eucarística - a assembléia celebra a Ceia do Senhor. Reúne-se à volta do altar. O sacerdote, atuando em nome de Cristo, diz então a oração eucarística. Em nome de Jesus Cristo e investido de pleno poder no seu ministério, o sacerdote diz e faz o que Jesus disse e fez. Assim, consagra os dons que levamos ao altar, pão e vinho, no Corpo e no Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo: este é o mistério da nossa fé. Ritos Finais – Mensagem, Canto de Ação de Graças e Bênção Final. Penitência e Reconciliação No início de cada celebração eucarística, dizemos todos juntos: "Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas em pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis, por mim a Deus, nosso Senhor.“ Rezamos assim porque sabemos que somos humanos. Podemos fazer e pensar o mal. Rezamos assim, colocando a nossa confiança no Senhor Jesus Cristo, que diz de Si mesmo: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mt 9,13). Ele começa o seu ministério público pelo mandamento: "Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo" (Mt 4,17). Aos que se escandalizam por Ele andar com pecadores, responde: "Há mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." (Lc 15,7). Penitência e Reconciliação Investido de pleno poder pelo Pai, Jesus oferece aos pecadores reconciliação e perdão: uma nova vida. A sua Igreja, comunidade de irmãos e irmãs de Jesus, é o lugar onde o filho pródigo e a filha perdida, experimentam - quando se arrependem - os braços estendidos do Pai e a Sua alegria de ter reencontrado um irmão ou um filho. É nesta missão da Igreja que o evangelista São João pensa quando conta que Jesus está entre os apóstolos na tarde de Páscoa, sopra sobre eles o Espírito Santo, e dá-lhes o poder de perdoar os pecados. Também São Mateus pensa neste ministério de reconciliação quando testemunha o que Jesus promete a São Pedro, a pedra fundamental da sua Igreja: "O que ligares na terra ficará ligado nos céus, e o que desligares na terra ficará desligado nos céus" (Mt 16,19). A remissão dos pecados, que proclamamos no Credo, é possível a cada um de nós, de modo concreto no sacramento da penitência. Cada batizado pode receber o sacramento da reconciliação por meio dum sacerdote que obteve da Igreja a autoridade para o fazer. Quem, depois do Batismo, cometeu uma falta grave, deve reconciliar-se com Deus antes de poder comungar. Exige-se do pecador que ele reconheça a sua falta tendo a firme resolução de mudar de vida; confesse a sua falta estando disposto a reparar, na medida do possível, a injustiça cometida, e a aceitar a penitência que lhe é imposta pelo confessor. Penitência e Reconciliação Arrependimento: Significa afastar-se do mal e dispor-se decididamente a um novo começo. Quando falamos do sacramento da Penitência, insistimos em que o pecador tem a firme vontade de reparar a sua culpa. Falamos de Confissão ou sacramento da Reconciliação quando se trata da confissão individual dos pecados. Perdão: "A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua a ser o único meio ordinário para a reconciliação com Deus e com a Igreja" (Catecismo da Igreja Católica 1497). Pecado: "Os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. "Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em simultâneo, três condições: Tem tem por objeto uma matéria grave; É cometido com plena consciência; E de propósito. "Comete-se um pecado venial matéria leve, não se observa a medida prescrita pela lei moral. matéria grave, se desobedece à lei moral, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento“. Unção dos Enfermos Quando as pessoas adoecem, a sua vida muda. Já não podem ir ao encontro dos outros, apenas podem esperar que outros venham ao seu encontro. Deixam de ser "rentáveis". Já não valem nada para a sociedade, perdem a coragem e a esperança. Jesus não evitou os doentes. Fez-lhes ver que Deus os ama. Curou muitos deles. Porque a sua Igreja não é somente uma comunidade de fé mas também de vida, cada um deve poder sentir que tem nela um irmão, uma irmã: visitar os doentes é uma obra de misericórdia. Desde o princípio, a Igreja tem uma solicitude muito particular para com os doentes: "Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente e o Senhor o restabelecerá e, se tiver cometido pecados, estes lhe serão perdoados" (Tg 5,14-15). O sacramento da Unção dos enfermos pode ser administrado no hospital ou numa igreja, e várias pessoas podem recebê-lo ao mesmo tempo. Se a doença perdura ou piora, o doente pode receber o sacramento várias vezes. Unção dos Enfermos Ainda hoje, o sacramento é administrado da mesma maneira. O sacerdote reza pelo doente e com o doente. Unge-lhe a fronte e as mãos com o óleo sagrado. Por esta santa unção e pela sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo; para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos. Depois da unção, o doente recebe a santa comunhão, o "viático" . Quem confia a sua vida a Jesus, quem vive com Jesus, pode ter a certeza de que não será afastado desta comunhão, mesmo em caso de doença ou de perigo de morte. Os fiéis podem apoiar-se no seu Senhor. Ele sabe o que é o sofrimento. Podem pedirLhe ajuda. Podem unir o seu próprio sofrimento ao de Jesus - pela vida do mundo. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, e ninguém morre para si mesmo. Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Rom 14, 7,8. Ordem A Igreja de Jesus Cristo é uma comunidade de louvor e de ação de graças, de vida e de partilha. A comunidade dos que estão reconciliados com Deus pelo seu Senhor Jesus Cristo. Toda a pessoa batizada e confirmada participa do sacerdócio de Jesus Cristo. Por isso falamos de "sacerdócio comum" dos crentes. Isto significa que cada um, segundo a sua própria vocação, participa na missão de Jesus Cristo. A primeira epístola de São Pedro (2,9) recorda a uma comunidade perseguida a sua dignidade: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus, para proclamar as obras maravilhosas d'Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável". Como comunidade de fiéis, a Igreja tem necessidade de mensageiros, pessoas chamadas por vocação, que em nome de Cristo e com o seu amor, mantenham a unidade e velem pela fidelidade comum à fé. O ministério eclesial sacramental tem três níveis: os bispos, os presbíteros e os diáconos. Todos participam no sacerdócio de Jesus Cristo: o seu ministério funda-se n'Ele; são representantes da Igreja. Ordem O bispo dirige um distrito eclesiástico chamado "diocese". Na diocese, o bispo é responsável pela proclamação do Evangelho, do culto divino e da solicitude para com os pobres. Como sucessores dos apóstolos, os bispos decidem a quem vão confiar um ministério na Igreja; ordenam diáconos e presbíteros. O primeiro dentre eles é o bispo de Roma, o Papa. Ele é o sucessor de São Pedro, ao qual o Ressuscitado confiou o seu rebanho (Jo 21,15-17). Os presbíteros (chamados vulgarmente sacerdotes ou padres) são ordenados pelo bispo. Investidos do pleno poder de Jesus, guardam e dirigem a comunidade cristã. Proclamam e explicam o Evangelho, presidem à celebração da Eucaristia e administram os sacramentos. No rito da ordenação, o bispo unge-os e impõe-lhes as mãos, antes que o façam todos os outros presbíteros presentes na cerimônia. Os presbíteros recém ordenados prometem, solenemente, obediência ao seu bispo. Os diáconos, auxiliares dos bispos e dos presbíteros, são também ordenados pelo bispo e destinados ao serviço da diocese e da paróquia. Matrimônio É amando que o homem se torna plenamente o que ele é. Pois Deus - que é amor criou-o à sua imagem: homem e mulher (Gn 1,27). Quando um homem e uma mulher se encontram, se amam, já não querem viver um sem o outro; então, prometem fidelidade para toda a vida. Ambos administram mutuamente o sacramento do Matrimônio. E porque não se trata somente do amor destas duas pessoas, mas também do amor de Deus, fazem esta promessa em público, diante do padre que representa a Igreja e das testemunhas. A sua união é selada por um dom mútuo entre ambos: tornam-se "um só corpo e uma só alma" encontrando assim a sua plenitude e a felicidade. Do seu amor pode nascer uma nova vida: o homem e a mulher tornam-se pai e mãe. A sua vida dilata-se. Cada criança é um dom de Deus, mas também uma responsabilidade. Por isso é bom que os esposos projetem a sua vida diante de Deus e da sua consciência. Matrimônio O Matrimônio é uma aliança para toda a vida. Jesus disse: "O que Deus uniu não o separe o homem." (Mc 10,9). Para muitos esta palavra é dura, pois não há garantia de êxito numa relação: as pessoas podem enganar-se, o amor pode acabar perante a doença ou em situações de sofrimento. Pode acontecer que duas pessoas que se amavam, não se compreendam mais. Já não são capazes de dialogar entre si, tornamse estranhas uma para a outra. Há casamentos que fracassam. Mas os cristãos devem confiar que, mesmo neste caso, não os abandona o amor de Deus nem da Igreja de Cristo. "A unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade, são essenciais ao Matrimônio. A poligamia é incompatível com a unidade do Matrimônio; O divórcio separa o que Deus uniu; a recusa da fecundidade desvia a vida conjugal do seu 'dom mais excelente', o filho (Gaudium et Spes 50,1)" (Catecismo da Igreja Católica 1964). As Bem Aventuranças As Bem aventuranças ou beatitudes, expressam como deve ser a vida do cristão, onde está sua verdadeira realização e como conseguirá obter não somente a felicidade, mas a vida eterna. Não em vão as bem-aventuranças foram chamadas "O compêndio do Plano de Deus para o Homem". Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem os mansos porque herdarão a terra. Bem aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem aventurados os que são perseguidos por causa da Justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos porque será grande a vossa recompensa nos céus. A dignidade da pessoa A dignidade do homem nasce de ser criado por Deus a sua imagem e semelhança, de ter sido reconciliado por Cristo e de estar chamado, mediante a graça, a alcançara sua plenitude na bem-aventurança do céu. Como pode o homem chegar à felicidade do céu? Mediante o exercício de sua liberdade, praticando o bem, cumprindo em sua vida o amoroso plano que Deus tem para ele. A liberdade é a capacidade que o homem tem de executar por si mesmo ações deliberadas. A liberdade é no homem sinal eminente da imagem divina. A liberdade humana alcança seu grau máximo quando o homem descobre o plano de amor que Deus tem para ele e o vive plenamente em sua atuação diária. Moralidade dos atos humanos A liberdade faz do homem um sujeito moral. Quando atua de maneira deliberada, o homem é responsável pelos seu atos. Os atos humanos, ou seja, os atos livremente realizados após um juízo de consciência, são moralmente bons ou maus. A bondade ou maldade de um ato humano depende do objeto eleito, da intenção ou fim que se busca e das circunstâncias da ação. Para que um ato seja moralmente bom requer-se por sua vez que seja bom no objeto, no fim e nas circunstâncias. Nunca, um fim bom jamais justificaria o uso de meios maus, porque o ato seria sempre mau; por conseguinte, não está permitido fazer um mal para obter um bem. Somente a inteligência e a vontade intervêm nos atos humanos deliberados? Não, as paixões também intervêm, que são os impulsos da sensibilidade, e segundo dependam ou não da razão e da vontade, há nas paixões bem ou mau moral. A consciência moral Cada homem leva em seu coração uma lei. Por isto, com sua inteligência e vontade pode distinguir o bem e o mal, o justo e o injusto, o permitido e o proibido. Para ajudar a esta luz interior da consciência, que às vezes é escurecida pelo pecado e as paixões, Deus deu os Dez Mandamentos, que servem para todos e para sempre, e são norma de felicidade e do bom andamento de cada pessoa e da sociedade. É necessário formar a consciência moral para que seja boa e segura. A consciência moral é um juízo da razão pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um ato concreto. A consciência pode equivocar-se se não está bem formada, porque frente a um ato concreto poderia fazer um juízo errôneo contra a razão e a lei divina. A consciência é formada com o conhecimento da lei de Deus tal como a ensina o Magistério da Igreja, com a prática das virtudes, a oração, a petição de conselho especialmente no direcionamento espiritual e na recepção freqüente do sacramento da Penitência. A s Virtudes No Batismo, Deus infunde na alma, sem nenhum mérito nosso, as virtudes. Virtudes são disposições habituais e firmes para fazer o bem. Desdobram-se em: Teologais - têm como objeto a Deus • Fé é a virtude pela qual cremos em Deus, em tudo o que Ele nos revelou e que a Santa Igreja nos ensina como objeto de fé. • Esperança é a virtude l pela qual desejamos e esperamos de Deus, com uma firme confiança, a vida eterna, porque Deus nos prometeu. • Caridade é a virtude pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor a Deus. Morais - têm como objeto os bons atos humanos • Prudência é a virtude que dispõe da razão prática para discernir, em toda circunstância, nosso verdadeiro bem e escolher os meios justos para realizá-lo. • Justiça é a virtude que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. • Fortaleza é a virtude que assegura a firmeza e a constância na prática do bem, até mesmo nas dificuldades. • Temperança é virtude que modera a atração para os prazeres sensíveis e procura a moderação no uso dos bens criados. Os mandamentos No Antigo Testamento, Deus entregou os Dez Mandamentos a Moisés no Sinai para ajudar a seu povo eleito a cumprir a lei divina. Jesus Cristo, na lei evangélica, confirmou os Dez Mandamentos e os aperfeiçoou com sua palavra e com seu exemplo. Nosso amor a Deus se manifesta no cumprimento dos Dez Mandamentos e dos preceitos da Igreja. Definitivamente, todos os Mandamentos se resumem em dois: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo, e ainda mais, como Cristo nos amou. Os mandamentos 1º Mandamento Amarás a Deus sobre todas as coisas Existe um único Deus, Criador de todas as coisas. O primeiro dever do homem é reconhecê-lo como seu Deus e Criador, dar-Lhe glória e o devido culto, amá-Lo. Amamos a Deus sobre todas as coisas quando obedecemos sem condições e estamos dispostos a perder tudo antes que ofendê-Lo. Este é um mandamento do qual pouco nos confessamos, entretanto, quantas faltas de amor nós realizamos. Devemos amar a Deus com todo coração e toda alma, como corresponde à nossa condição de filhos de Deus. Os mandamentos 2º Mandamento Não tomarás Seu Santo Nome em vão Devemos ter um grande respeito ao santo Nome de Deus e não pronunciálo nunca de maneira desrespeitosa ou desnecessária. Não devemos jurar em falso ou sem necessidade. Jesus ensinou a rezar no Pai Nosso: Santificado seja o vosso Nome. Repetimos isso muitas vezes ao fazer o sinal da Cruz e ao dizer a invocação: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo (fazendo uma inclinação de cabeça). Quão formoso é saber usar bem na vida cotidiana: graças a Deus; se Deus quiser; por Deus; com o favor de Deus; Deus te guarde; Adeus; que Deus te abençoe; que Deus te acompanhe; vai com Deus, etc. Os mandamentos 3º Mandamento Guardar dias santo e festas Deus nosso Senhor quer que a cada semana dediquemos a ele um dia de festa para dar-lhe glória e para nosso bem e descanso. Esse dia já não é o Sábado como no Antigo Testamento, mas sim no Domingo, porque é o dia em que Jesus Cristo ressuscitou glorioso do sepulcro. Os Apóstolos começaram a celebrar neste dia da Ressurreição e a Igreja colocou neste mesmo dia a obrigação de escutar a Missa inteira todos os domingos e feriados religiosos de preceito juntamente com o descanso dominical. Quando não há sacerdote ou existe algum impedimento grave para assistir à Santa Missa, deve-se procurar participar em uma liturgia ou em orações especiais ao Senhor ; além disso deve-se santificar e observar o descanso dominical. Os mandamentos 4º Mandamento Honrarás a teu Pai e tua Mãe Deus quer que os filhos amem a seus pais e os honrem sendo obedientes, respeitosos, carinhosos com eles e, além disso, que lhes ajudem no que necessitem. Temos este dever para com todo aquele que tem uma autoridade sobre nós, como professores, diretores, autoridades civis ou militares, etc. Do mesmo modo, este mandamentos manda aos pais a amar e velar pelo bem de seus filhos, proporcionando-lhes uma boa educação e atendendo-os o melhor possível em suas necessidades. Ao falar destes deveres, trata-se de atender ao corpo e a alma, no material e espiritual da pessoa. O grande exemplo nos deu Jesus de Nazaré, que sendo Deus, obedecia e estava sujeito a sua Mãe, a Virgem, e a São José. Os mandamentos 5º Mandamento Não matarás Só Deus é dono da vida humana. Os homens devem respeitá-la. Matar voluntariamente um ser humano inocente é pecado, quer seja por homicídio, suicídio, eutanásia, violência, guerra injusta ou aborto, ainda que o cadáver seja muito pequeno. É também pecado contra o quinto mandamento: odiar, guardar rancor, inimizade, desejar o mal, insultar, olhar com maus olhos e escandalizar. Se aprendemos a amar, não nos custará perdoar de coração quando alguém nos ofende. Isto não impede o direito e o dever da pessoas e da sociedade à legítima defesa. Por isso, as legítimas autoridades podem impor justas penas aos agressores e inclusive, recorrer á pena de morte em caso de extrema gravidade, esgotados todos os meios incruentos que seriam mais conformes com a dignidade da pessoa humana. Os mandamentos 6º Mandamento Não cometerás atos impuros O sexto mandamento da Lei de Deus nos proíbe todos os pecados contrários à castidade; entre os mais graves estão a masturbação, a fornicação, a pornográfica, a práticas homossexuais e o adultério. O sexto mandamento proíbe também todo ato, olhar ou conversa contrária à castidade. Os pecados contra a pureza, cometidos com pleno conhecimento e consentimento pleno, são sempre graves. Os principais meios para guardar a santa pureza são: a oração, a confissão e a comunhão freqüentes, a devoção à Santíssima Virgem, a modéstia e a guarda dos sentidos e a fuga das ocasiões de pecar, como conversas, olhares, leituras, amizades e espetáculos desonestos Os mandamentos 7º Mandamento Não roubarás O sétimo mandamento da Lei de Deus nos manda respeitar os bens alheios e pagar as dívidas. Proíbe tirar ou reter algo alheio contra a vontade de seu dono e causar dano ao próximo em seus bens. Os que roubaram ou causaram dano ao próximo em seus bens estão obrigados, além de confessar seu pecado, a restituir o mal adquirido e a reparar quanto antes os danos causados. Os mandamentos 8º Mandamento Não dirás falso testemunhos ou mentiras O oitavo mandamento da Lei de Deus proíbe: testemunhar falsamente em juízo, caluniar ao próximo, dizer qualquer classe de mentira, murmurar, julgar mal ao próximo, revelar sem motivo seus defeitos e toda ofensa contra a honra e a boa fama dos demais. Aquele que difama ou calunia ao próximo, além de confessar seu pecado tem a obrigação grave de restituir-lhe a honra e a fama que lhe foi tirada. O oitavo mandamento manda aos que trabalham nos meios de comunicação social que informem sempre de acordo com a verdade, a liberdade e a justiça, e que respeitem a boa fama do próximo e das instituições. Os mandamentos 9º Mandamento Não consentirás pensamentos ou desejos impuros O nono mandamento da Lei de Deus nos manda que sejamos puros e castos em pensamentos e desejos. Os pensamentos e desejos impuros são pecado quando a vontade se compraz deles, ainda que nãos e realize o ato impuro; mas não são pecado quando a vontade não os consente e procura rejeitá-los. A pureza de coração é alcançada com a oração, a mortificação e a prática da castidade juntamente com a pureza de intenção e de olhar.. Os mandamentos 10º Mandamento Não cobiçarás os bens alheiros O décimo mandamento proíbe a cobiça do bem alheio, que é a raiz do roubo, da pilhagem e da fraude; proíbe deixar-se levar pela concupiscência dos olhos, que leva a tantos pecados; e proíbe a avareza e a inveja, que são inimigas da ordem e da concórdia entre os indivíduos, as famílias, os povos e as nações. Pela cobiça dos bens alheios, quantas rinhas e inimizades entre irmãos, entre povos! Quantas desavenças familiares e adultérios por desejar a mulher do próximo! O décimo mandamento da Lei de Deus nos ensina a viver desprendidos dos bens materiais e a trabalhar com diligência para melhorar nossa situação atual com o coração aberto às necessidades dos demais. A oração do Senhor Jesus conhece as orações da comunidade judaica. Ele louva, dá graças e reza no seio da assembléia dos fiéis. Ao Sábado, assiste com os seus discípulos ao culto divino, na sinagoga. Às refeições, canta com eles os salmos de David. Por vezes, afasta-Se para rezar sozinho. Um dia, de manhã cedo, os discípulos encontram-n'O em oração, num lugar deserto (Mc 1,35). Noutra ocasião, Jesus envia os discípulos numa barca para a outra margem do lago enquanto fica a rezar na montanha (Mc 6,46). Um dos discípulos pergunta a Jesus: "Senhor, ensina-nos a rezar" (Lc 11,1). E Jesus ensina-lhes a oração de todos os cristãos, o Pai Nosso. O Pai Nosso é exposto no Evangelho de São Lucas (Lc 11,2-4) numa versão abreviada; no de São Mateus (6,9-13) numa versão mais longa. É este texto mais longo que se tornou a oração de todos os cristãos. Pai nosso que estais no céu Jesus, o Filho de Deus, leva consigo até junto de seu Pai, todos aqueles que, cheios de confiança, se tornaram seus irmãos e irmãs. Como filhos e filhas de Deus, têm o direito de O invocar através de um nome que exprime a sua pertença e intimidade: Abba, papá (paizinho). Quando dizemos: "Pai Nosso que estais nos Céus", queremos dizer que, por Ele e junto d'Ele, tudo o que significa a palavra "céu" torna-se para nós realidade: felicidade, segurança, paz, vida em plenitude. A paternidade de Deus estende-se também aos filhos e filhas que vivem experiências desagradáveis com os pais biológicos: que não são amados, mas rejeitados; que não são aprovados, mas censurados; que não são encorajados, mas condenados; que não são libertados, mas oprimidos. Na comunidade dos crentes, estas pessoas descobrem irmãos e irmãs que lhes permitem experimentar aquilo que lhes tinha sido negado. Ainda que meu pai e minha mãe me abandonem, o Senhor me acolherá.. Sl 27,10 Santificado seja o Vosso Nome Santificar o Nome de Deus não significa que O glorifiquemos só dentro dos muros das igrejas nas orações comuns, que O silenciemos e afastemos de tudo o que tem a ver com o mundo. Santificar o Nome de Deus significa que O pronunciamos, que Lhe cantamos cânticos e O damos a conhecer Que contamos com Ele, quando se trata de assuntos do mundo. Que manifestamos que o Nome de Deus é mais importante, para nós, do que todos os nomes dos poderosos por quem sentimos muito respeito. Que O damos a conhecer entre as nações, pois quando o Nome de Deus é santificado, também o nosso é santificado com Ele. Santificar o Nome de Deus significa: chamar os outros pelo seu nome, tanto os que estão perto como os que estão longe; não precisamos de humilhar o nome do outro receando que o nosso seja esquecido: "Não tenhas medo... chamei-te pelo teu nome: tu és meu" (Is 43,1). Venha a nós o Vosso reino Os crentes aguardam que o Reino de Deus se faça realidade. Escutam atentamente quando Jesus diz: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1,15). No povo judeu muitos esperam o começo do Reino de Deus, o seu Reino. Acreditam que Deus virá, na pessoa do Messias, completar o que eles não podem fazer por si próprios: vencer os inimigos do seu povo, expulsar os romanos do país, e reinar, desde Jerusalém - o centro do mundo - sobre todas as nações, ser um rei poderoso sobre o trono de David. Jesus diz aos seus discípulos: vivam de tal maneira que da vossa fé, da vossa esperança e da vossa caridade, que crescer. Deixai os vossos cálculos. Só Deus conhece o dia sede vigilantes a fim de não faltardes à festa de Deus. E vosso Reino! os outros vejam através o Reino de Deus está a e a hora. Quanto a vós, suplicai: Venha a nós o Seja feita a Vossa vontade Que quer Deus de mim? Porque no mundo onde vivemos, nas nossas sociedades, é a vontade do homem que conta: a vontade do pai e da mãe, dos professores. Mas ninguém pergunta se o que eles fazem seguindo a sua vontade é também a vontade de Deus. Sabemos também que Jesus rezou no jardim de Getsémani, na noite antes da sua morte: "Pai, se é da tua vontade, afasta de Mim este cálice! Contudo, que não se faça a minha vontade, mas a tua!" (Lc 22,42). No dia seguinte, Jesus é crucificado. Os homens fizeram d'Ele o que quiseram. Mas Deus não O abandonou. Ressuscitou dos mortos o seu Filho. Jesus é o penhor da nossa esperança. Podemos apoiar-nos n'Ele quando a desgraça nos bate à porta A vontade de Deus está na nossa confiança na sua presença em nós mesmos no meio do sofrimento, no seu auxílio mesmo quando não o compreendemos. A sua vontade é que haja paz na terra e vida para todos os homens. Sentimos a vontade de Deus na nostalgia que nos dá alento, no amor aos nossos semelhantes e na esperança que não nos permite duvidar. Sentimos também a vontade de Deus nas perguntas para as quais não temos respostas. Assim na terra como no céu. Esta conclusão se refere a todos os três primeiros pedidos do Pai Nosso. Essa, à primeira vista, poderia significar simplesmente que o nome de Deus seja santificado, o seu reino seja cumprido e a sua vontade, realizada. Nesse sentido, teria já um grande valor como oração universal e missionária idônea a destacar a soberania universal de Deus sobre a criação. Mas pode significar também que, como no céu, a santificação do nome de Deus, o cumprimento do seu reino e a ação da sua vontade já têm alcançado a perfeita realização, o cristão que deseja alcançá-la deve retirar os critérios de avaliação das suas ações, não do mundo, mas do ensinamento de Jesus. Se na oração do Pai Nosso desejamos sintonizar-nos com a universalidade do conteúdo destes três primeiros pedidos, nada nos resta que repetir com São Francisco de Sales: “Jesus, eu só tenho um desejo: faça que sejam meus todos os seus desejos”. O pão nosso de cada dia, nos daí hoje Na segunda parte do Pai Nosso, pedimos ao Pai que Ele nos dê o necessário para o nosso sustento: o pão nosso de cada dia nos dai hoje. Outrora, no deserto, os antepassados fizeram a experiência do pão dado por Deus e do modo como o dá. Tal como o orvalho da manhã, assim caiu do céu o maná cobrindo a terra. O suficiente para saciar o homem. Cada um podia apanhar o que necessitava. Deus dá-nos a sua palavra. Dá-nos o seu pão. Dá-nos Jesus, seu Filho. Na Eucaristia, Ele próprio Se torna nosso pão quotidiano. Quando pedimos a Deus o nosso pão de cada dia, referimo-nos a tudo o que necessitamos para viver: o pão e a água, o calor e o lar, o trabalho e a comunidade, a sua bênção. Deus dá-nos a terra sobre a qual cresce o trigo e o arroz, a mandioca e o milho: o "fruto da terra e do trabalho dos homens" a fim de que partilhemos com os que têm fome. Perdoai-nos as nossas ofensas A quinta petição do Pai Nosso consta de duas partes: uma súplica e uma promessa. "Perdoai-nos as nossas ofensas" é uma oração comum a todos os homens pois não existe um só que não tenha cometido faltas. Ofendemos a Deus quando não respeitamos a sua Palavra, quando não nos preocupamos com a sua vontade. Quando pensamos que poderíamos viver sem Ele e contra Ele. Quando construímos o nosso próprio reino. Tornamo-nos culpados quando não confiamos n'Aquele que nos dá o seu Filho amado, Jesus Cristo, que Se fez homem, a fim de chegarmos a Deus. Jesus é para todos e para sempre o penhor do amor e da ternura do Pai pelos homens. Ele, que conhece o Pai como ninguém, diz-nos como Deus perdoa. Tornamo-nos culpados com o nosso próximo quando não partilhamos o nosso pão, quando não vivemos uns para os outros, mas uns contra os outros. Quando nos ofendemos mutuamente, nos rebaixamos uns aos outros, quando mentimos. Perdoai-nos as nossas ofensas A quinta petição do Pai Nosso consta de duas partes: uma súplica e uma promessa. "assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido", está em consonância com a petição e vai ao encontro do nosso ser natural. Saber sofrer a injustiça é bem mais difícil do que cometê-la. Aquele que é ultrajado, traído, enganado ou explorado, pensa na vingança: Há de mas pagar! Hei de pagar-te com a mesma moeda! Há de saber quem eu sou! Não te perdoarei nunca! Já não te conheço... Nesse momento, os amigos passam a inimigos, os íntimos a estranhos. Todos nós ficamos presos numa engrenagem de injustiça e de culpabilidade, se pensarmos que a vingança é a única reação possível à injustiça recebida. Jesus mostra-nos que é possível romper essa engrenagem: podemos fazer com que o amor seja mais forte que a ofensa e a ira; podemos dialogar com aquele que cometeu uma injustiça conosco, podemos dar-lhe uma oportunidade e também a nós próprios. Perdoai-nos as nossas ofensas Jesus diz-nos como o perdão é importante: Portanto, se ao levares a tua oferenda ao altar, aí te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa aí a tua oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois volta para apresentar então a tua oferenda. Mt 5, 23-24 Não podemos dizer sinceramente a oração que Jesus nos ensinou, enquanto cada um de nós não perdoar ao outro, de todo o coração. Perdoa as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos ofende. Vem ao nosso encontro como nós vamos ao encontro dos outros. Dá-nos a mão, como nós damos a mão uns aos outros. Não contes as nossas faltas como nós não contamos as dos outros. Tem paciência conosco como nós a temos também com os outros. Dá-nos ainda uma oportunidade como nós a damos também aos outros. Não nos deixes cair em tentação como nós nos apoiamos uns aos outros. Livra-nos do mal para que todos juntos possamos louvar-Te. Não nos deixeis cair em tentação Deus concede aos homens a liberdade - e com ela, a capacidade de assumir as decisões pessoais - para uma vida feita de confiança em Deus, na sua Palavra e nos seus mandamentos, ou então, para uma vida sem Deus A dúvida pode surgir no nosso coração: Deus não me ama, não me vê, não Se preocupa comigo. O tentador trata de nos seduzir: Porque te agarras a Deus? Ele não te dá nada. Sem Ele irás muito mais longe, terás uma vida mais fácil, à vontade... A história da sedução, do amor traído, começa com o primeiro homem. A tentação significa: ser posto à prova, fazer uma experiência que ameaça o meu equilíbrio, que exige a minha decisão. "Caímos" em tentação. Na tentação é a minha liberdade que está em jogo. Trata-se de mim e do meu Deus. Quando pedimos a Deus que nos preserve e fortaleça na tentação, devemos estar próximos uns dos outros, apoiar-nos e assistir-nos mutuamente. E devemos velar para que ninguém tente o outro, não o faça tropeçar. Quando alguém está só e débil, facilmente pode cair. Quando muitos estão juntos na fé, são capazes - com a ajuda de Deus - de resistir, com firmeza, aos poderes do mal. Mas livrai-nos do mal O mal está presente em toda a parte - não é preciso procurá-lo. As catástrofes naturais, os tremores de terra, as inundações, os acidentes de vária ordem destroem a vida de muitas pessoas. As vítimas perguntam: "Porquê? Que fiz eu para merecer isto?" Com frequência os homens fazem mal uns aos outros. Não podemos confiar uns nos outros. Quando suplicamos "Livrai-nos do mal", apresentamos toda a miséria do mundo ao Pai celeste. Pensamos nas catástrofes que nos ameaçam, mas também no mal em que nos vemos implicados - sem que nos tenham consultado - ou no qual implicamos outros. Pensamos nos regulamentos e leis feitos de modo a que as guerras não acabem, que os poderosos o sejam cada vez mais, os ricos cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres e os que dependem, cada vez mais dependentes. Mas livrai-nos do mal Como cristãos, nós não acreditamos unicamente no "Mal", mas também no "Maligno". A tradição da fé cristã afirma: isto é obra do maligno. Ele é também inimigo do homem. Ele quer separar-nos de Deus. Quer afastar-nos da vontade de Deus e conquistar-nos com o seu plano de ódio e inveja; afastar-nos do caminho que conduz à vida, ao seguimento de. O mistério obscuro das forças do Mal faz-nos sofrer. Mas nós acreditamos que o Deus de Jesus Cristo é mais forte que todos os poderes do Mal no mundo. No último dia, o Senhor voltará - e com Ele, o novo mundo de Deus, no qual Deus será tudo em todos Rezamos assim em cada celebração eucarística: "Livrai-nos de todo o mal, Senhor, e dai ao mundo a paz em nossos dias, para que, ajudados pela vossa misericórdia, sejamos livres do pecado e de toda a perturbação, enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo nosso Salvador. Nós vos louvamos, nós vos bendizemos, nós vos damos graças É legítimo dirigir súplicas a Deus porque Ele nos atende com amor. Podemos pedir porque Ele tem o poder de dar o que nós necessitamos. Ele é senhor da sua criação e toda a vida é criada para O louvar. Quem acredita que Deus é amigo dos homens, que Ele está próximo das suas criaturas em tudo o que lhes acontece, sente que é bom pertencer a Deus, dar-Lhe graças e cantar seus louvores. E ouvi todas as criaturas do Céu, da terra, de debaixo da terra, e do mar, e todos os seres vivos, proclamarem: "O louvor, a honra, a glória e o poder pertencem Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro pelos séculos dos séculos!“ Ap 5,13. Desde os primeiros tempos da Igreja, o Pai Nosso termina com o louvor da assembléia: