CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e Urbanismo Formulado a partir de imagens e textos do livro “Eficiência energética na arquitetura”, e com meus comentários. Prof. MS António Manuel C P Fernandes 2017.1 COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes INTRODUÇÃO “Embora o clima seja bem distinto em qualquer região da Terra, o ser humano é biologicamente parecido em todo o mundo, sendo adaptável a diferentes condições climáticas ao se utilizar de mecanismos culturais como a vestimenta, a arquitetura e a tecnologia.” O corpo humano tem mecanismos automáticos de imediata resposta ao frio e ao calor, no entanto, sua capacidade de adaptação é, principalmente, cultural, como dito acima. Para se entender o processo como um todo, isto é, as relações entre o homem, a arquitetura e o meio ambiente, precisamos estudar, em primeiro lugar, o comportamento higro-térmico do corpo humano frente às condições térmicas: temperatura, umidade, etc., e temos que ter clareza quanto às formas de troca de calor, a revisão que está em andamento! CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes “O homem é um ser homeotérmico, ou seja, a temperatura interna do organismo tende a permanecer constante independentemente das condições do clima. Com o uso do oxigênio, o organismo promove a queima das calorias existentes nos alimentos (processo conhecido como metabolismo), transformando-as em energia. Assim é gerado o calor interno do corpo. Entretanto, sempre existem trocas térmicas entre o corpo humano e o meio.” Isto é, como está sempre produzindo calor internamente, tem que estar dispersando esse calor para o meio ambiente. Quando se diz que o corpo está em equilíbrio térmico, em conforto, é porque essas trocas estão ocorrendo na quantidade correta para a situação em questão! CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes “Na figura abaixo observa-se que estas trocas podem ocorrer por condução, convecção, radiação e evaporação.” As formas de troca de calor estão sendo estudadas na revisão de termologia: precisamos distinguir com clareza cada uma das formas de troca de calor, caso contrário poderemos tomar decisões equivocadas e projetar soluções incorretas sacrificando o conforto e a sustentabilidade, desperdiçando recursos. As três primeiras, condução, convecção e radiação já foram abordadas e precisam ser melhor entendidas! CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes MECANISMOS TERMORREGULADORES “Havendo ganho ou perda de calor, pode ocorrer uma tendência ao aumento ou à diminuição da temperatura interna do organismo (situada por volta de 37º C), podendo causar danos à saúde e até mesmo a morte. Por este motivo existem mecanismos com a finalidade de manter a temperatura interna constante, chamados termoreguladores, ativados quando as condições térmicas do meio ultrapassam certas faixas.” CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes “Na presença do frio, os mecanismos termoreguladores são ativados com o objetivo de evitar perdas térmicas do corpo ou aumentar a produção interna de calor.” O mecanismo mais importante é a vasoconstrição da epiderme, isto é, ocorre a redução do sangue nos vasos mais próximos à pele tornando-a um excelente isolante térmico e, com isso, diminuindo a perda de calor do organismo. A pele, com isso, se esfria aproximando sua temperatura da temperatura do meio exterior e, assim, reduzindo as perdas de calor por convecção com o ar e por radiação com os elementos do entorno. Outros mecanismos são: o arrepio (reduzindo mais as perdas por convecção com o ar) e o tiritar (o tremor compulsório dos músculos obrigando a um aumento do metabolismo). CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes “No caso do calor, o primeiro mecanismo termoregulador a ser disparado é a vasodilatação periférica, que (...) aumenta a temperatura da pele, incrementando perdas de calor por convecção e por radiação. O segundo mecanismo disparado é também o mais importante para a sensação de conforto térmico: o suor.” O suor, que se forma nos poros da pele, ao sair, por evaporação, resfria a pele aumentando as perdas de calor do organismo e dando a sensação de menor temperatura aparente do meio. Quando a temperatura do ar está elevada mas a umidade do ar está baixa a evaporação processa-se com facilidade, resfriando a pele e tendo mais conforto. Quando a umidade está muito elevada reduz bastante o processo prejudicando o conforto: é o calor úmido, “pegajoso”, desconfortável. Entender o processo de resfriamento evaporativo é essencial. CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes VARIÁVEIS DE CONFORTO TÉRMICO “Do meio se pode extrair os valores da temperatura do ar, temperatura radiante, umidade relativa e velocidade do ar, através de instrumentos como o termômetro de bulbo seco, o termômetro de globo, o psicrômetro giratório e o anemômetro.” A resposta humana ao ambiente térmico depende da temperatura do ar, da velocidade do ar, da umidade relativa do ar e da temperatura radiante do entorno: o corpo humano, na sua avaliação de conforto ou desconforto, integra, simultânea e instantaneamente, as quatro variáveis acima descritas e dá seu veredito: ou sente frio, ou sente calor, ou está confortável! CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes “Quanto maior a atividade física, tanto maior será o calor gerado pelo metabolismo. É importante ao arquiteto saber a função de sua arquitetura de forma a prever o nível de atividade realizado no seu interior...” O metabolismo é o processo bioquímico que converte o alimento em energia e sempre libera calor que terá que ser dispersado para o meio pelo organismo. Em clima frio isso torna-se fácil (até demais...) mas em clima quente a tarefa será mais complexa e melindrosa. CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes “A resistência térmica da roupa também é de grande importância na sensação de conforto térmico do homem. Esta variável é medida em clo: do inglês clothing.” A permeabilidade da roupa interfere na passagem do vapor d’água e a sua cor na absorção da radiação, portanto, mais escuras no frio e mais claras no calor! A pele troca calor com a roupa por condução, convecção e radiação. Quanto maior a resistência térmica da roupa – mais roupa, portanto, ou mais grossa, menos calor passa por ela: daí chamar-se a roupa de frio de roupa quente e em climas quentes e amenos de roupa leve. CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo Prof. MS Antonio Manuel Fernandes COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO “Fanger derivou uma equação geral de conforto para calcular a combinação das variáveis ambientais (...) atividade física e vestimenta. (...) O voto médio predito consiste em um valor numérico que traduz a sensibilidade humana ao frio e ao calor. O PMV para conforto térmico é zero, para o frio é negativo e para o calor é positivo” O PMV, de -3 a +3, no eixo horizontal e no vertical o percentual de insatisfeitos, o PPD. A norma ISO 7730 (1984), adotou o trabalho de Fanger e recomenda que a PPD deve ser menor que 10% (PMV entre -0,5 e +0,5). CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Do calor ao conforto... Alterando uma a uma... Utilizando o programa CONFI (um algorítmo que calcula o PMV e o PPD de Fanger... Prof. MS Antonio Manuel Fernandes 1 Tar (°C) 29 UR (%) 80 Var (m/s) 0.1 T rad med (°C) 30 Roupa (clo) 0.8 Meta (w/m²) 160 PMV (-3/3) 2.8 PPD (%) 98 CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Do calor ao conforto... Alterando uma a uma... Utilizando o programa CONFI (um algorítmo que calcula o PMV e o PPD de Fanger... Prof. MS Antonio Manuel Fernandes 1 2 3 4 5 6 26 7 Tar (°C) 29 26 UR (%) 80 Var (m/s) 0.1 T rad med (°C) 30 Roupa (clo) 0.8 Meta (w/m²) 160 PMV (-3/3) 2.8 2.4 2.1 1.8 1.5 1.3 0.4 PPD (%) 98 92 83 72 55 43 9 40 0.8 40 0.8 24 24 0.4 0.4 116 CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Do frio ao conforto... Alterando... Prof. MS Antonio Manuel Fernandes 1 Tar (°C) 18 UR (%) 50 Var (m/s) 0.4 T rad med (°C) 19 Roupa (clo) 0.5 Meta (w/m²) 70 PMV (-3/3) -2.8 PPD (%) 99 Este programa fará os cálculos mas o importante é reconhecer e explicar o motivo da melhora ocorrida no nível de conforto utilizando os conceitos adquiridos nos estudos da revisão de Termologia e que ainda estão em andamento: as formas de transferência de calor! CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Do frio ao conforto... Alterando... Prof. MS Antonio Manuel Fernandes 1 2 3 4 5 6 19 7 Tar (°C) 18 19 UR (%) 50 Var (m/s) 0.4 T rad med (°C) 19 Roupa (clo) 0.5 Meta (w/m²) 70 PMV (3/+3) -2.8 -1.7 -1.3 -1.1 -0.9 -0.8 -0.4 PPD (%) 99 62 43 33 26 20 9 80 0.2 80 0.2 21 21 0.8 0.8 80 Este programa fará os cálculos mas o importante é reconhecer e explicar o motivo da melhora ocorrida no nível de conforto utilizando os conceitos adquiridos nos estudos da revisão de Termologia e que ainda estão em andamento: as formas de transferência de calor! CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo COMPORTAMENTO HIGRO-TÉRMICO DO CORPO HUMANO Prof. MS Antonio Manuel Fernandes REFERÊNCIAS LAMBERTS, R; DUTRA, L; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética na arquitetura. S. Paulo: PW Editores, 1997. FERNANDES, A. M. C. P. Clima, homem e arquitetura. Goiânia: Trilhas Urbanas, 2006. EVANS, J. M. Programa “CONFI”. Centro de Investigación Habitat y Energia; FADU; UBA; 1993 CONFORTO TÉRMICO na Arquitetura e no Urbanismo