ÉTICA II T C D UMA ABORDAGEM SOBRE A ÉTICA UMA ABORDAGEM SOBRE A ÉTICA Faremos uma abordagem sobre a Ética e sua relevância no ensino de filosofia. Para isso, precisamos compreender o que é Ética, portanto, vamos defini-la, segundo Japiassú – Marcondes (2006, p. 97): “ Ética: (grego ethike, de ethikós: que diz respeito aos costumes). Parte da filosofia prática que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral (finalidade e sentido da vida humana, os fundamentos da obrigação e do dever, natureza do bem e do mal, o valor da consciência moral, etc.), mas fundada num estudo metafísico do conjunto das regras de conduta consideradas como universalmente válidas. Diferentemente da moral, a ética está mias preocupada em detectar os princípios de uma vida conforme à sabedoria filosófica, em elaborar uma reflexão sobre as razões de se desejar a justiça e a harmonia e sobre os meios de alcançá-las (...)”. 1 Podemos compreender que, a ética investiga as ações humanas, inspirada pelo bem ou mal, os deveres e as obrigações com a sociedade, com os indivíduos entre si. O estudo da filosofia fornece um direcionamento para que possamos pensar e questionar nossa concepção de mundo e nossos valores, capacitando-nos a obter um espírito crítico para avaliar com objetividade os acontecimentos da vida particular, e dos indivíduos da sociedade na qual estamos inseridos. A Ética é uma das principais ramificações da filosofia, e está inter- relacionada com a moral e a política, além de abranger outras esferas. No período da filosofia antiga, Sócrates (470 – 399 a.C.) direcionou sua busca em como viver corretamente. Seus ensinamentos estavam pautados em entender e definir os conceitos de justiça, virtude, coragem, covardia e assim por diante, privilegiando as questões morais. Portanto, sua contribuição foi veementemente de caráter ético. 1 JAPIASSÚ, Hilton, MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia, 4º ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2006, 309 p. ISBN 8571100950 Nos diálogos de Platão, Sócrates afirmava que aqueles que tem conhecimento tem virtude e que o resultado do saber é a bondade, portanto, para um indivíduo ser feliz faz-se necessário ser bom, e para ser bom precisa ser sábio. Nota-se, portanto, a estreita relação entre o saber, a virtude e a felicidade. Aristóteles (384- 322 a.C.) em sua obra Ética a Nicômaco, analisa a relação do caráter e da inteligência com a felicidade, fazendo um apanhado geral do prazer, das virtudes e da felicidade. Na concepção de Aristóteles a virtude é a própria felicidade e a sabedoria prática a própria política. Segundo Aristóteles (livro X, p. 228): “(...) a felicidade não está em passatempos e divertimentos, e sim nas atividades virtuosas”. Observa-se que a ética gira em torno da felicidade e da virtude. No período da filosofia medieval e renascentista, Santo Tomás de Aquino destacou-se, sintetizando o pensamento grego e a doutrina católica numa filosofia cristã, estabelecendo uma nova concepção ética, na qual o homem ético é dotado de razão, podendo ter uma vida moral exemplar. O Movimento Renascentista, a Reforma e a Contra Reforma, os novos rumos do cristianismo, fez o homem mudar sua relação com Deus, isto é, passou a ser mais direta, sem intermediário. A responsabilidade individual torna-se mais importante que a obediência a autoridade. E é nesse momento que o pensamento filosófico cristão cessa, a religião e a ética separam-se. Com a ruptura do feudalismo, nasce uma nova consciência, ou seja, todos passam a lutar por um mesmo ideal, portanto, torna-se necessário um líder na sociedade, alguém que represente, comande e defenda a nação. Assim o novo homem estabelece fundamentos éticos sem base religiosa. Dentro do contexto sócio-político, da época, Thomas Robbes, John Locke, David Hume, Kant, entre outros, buscam caminhos para obter uma sociedade justa, desligada da religião. As dimensões que envolvem a vida humana, ou seja, as relações sociais, a moral, os valores, a vida política, são analisadas, sofrem mudanças, pois, o homem sendo um ser social, isto é, não vive isolado, aperfeiçoa seu aprendizado na convivência comunitária, portanto, as transformações precisam ir de encontro com as necessidades atuais do contexto histórico-social. A garantia do funcionamento e da estabilidade social, é uma atividade política, ou seja, uma atividade da qual todos participam, já a moral sustenta a sociedade, isto é, traz um certo equilíbrio. Dessa forma percebemos a reciprocidade entre ética e política, ética e moral, uma vez que, ambas buscam explicar e fundamentar as ações práticas da existência humana. Por isto, o estudo da ética harmoniza-se com o estudo da política, pois, ambas estão centradas no homem, na política analisando a relação exterior do homem enquanto pertence a um sistema; na moral, por se está regras da vida, ou melhor, conforme Bório (2000, p.61): “ A moral é um conjunto de normas, prescrições e valores que regulamentam o comportamento dos indivíduos na sociedade”. E mais adiante (2000, p.67): “ Como um sistema social de regulamentação, a função da moral é garantir o funcionamento, a estabilidade da vida em sociedade e a possibilidade de melhorá-la”. Observamos, que, a ética é uma investigação sobre qual é a melhor maneira do agir humano, portanto, são reflexões sobre como agir. E a política é uma investigação filosófica sobre qual é o melhor governo, o que é justiça e como deve ser o comportamento das pessoas em suas relações de convivência. Concluímos, que, o objetivo do homem é ser feliz, e para alcançar a felicidade faz-se necessário ter sabedoria para agir corretamente. Ao estudarmos a ética desenvolvemos a capacidade de refletir sobre nossas ações, o comportamento das pessoas nas relações de convivência, obtemos uma consciência mais ampla em relação as regras (moral) que conduzem a sociedade da qual estamos inseridos, e as formas de organização no âmbito social, econômico e político. BIBLIOGRAFIA Aristóteles, Ética a Nicoâco, texto integral- tradução Pietro Nassetti, São Paulo, Martin Claret, 2007, 240p. JAPIASSÚ, Hilton, MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia, 4º ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2006, 309p. ISBN 8571100950. CORDI, Cassiano, SANTOS, Antônio Raimundo dos, BÓRIO, Elizabeth Maia, CORREA, Antônio Avelino, VOLPE, Neusa Vendramin, LAPORTE, Ana Maria, ARAÚJO, Silvia Maria de, SCHLESENER, Anita Helena, RIBEIRO, Luiz Carlos, FLORIANI, Dimas, JUSTINO, Maria José. Para Filosofar, 4º ed. São Paulo, Scipione, 2000, 311p.