AULA: TERAPIA DE GRUPO PSICÓLOGA SIMONE HUMEL Surgimento da Psicoterapia de Grupo: Joseph H. Pratt foi o fundador da Psicoterapia de Grupo, que em 1905 pela primeira vez foi empregada com pacientes tuberculosos, no Massachussetts General Hospital (Boston). Pratt observou que enquanto os pacientes aguardavam atendimento na sala de espera desenvolviam relações emocionais que tornavam os pacientes mais animados. A partir desta percepção Pratt passou a se reunir com o grupo (em classes) de pacientes semanalmente, para orienta-los sobre assuntos relacionados à higiene pessoal. Nos encontros era falado das atitudes dos pacientes em consequência da doença, da relação familiar, das diferentes formas com que cada um enfrentava a doença e também eram dados conselhos e esperanças de cura. Os encontros eram considerados proveitoso, pois, os pacientes sempre melhoravam se apresentando mais otimistas e corajosos e depositando confiança no terapeuta. Os grupos – de aproximadamente 20 pacientes - eram realizados semanalmente, em reuniões de 1hora e meia. Próximo ao terapeuta sentavam-se os pacientes mais antigos e de melhor resultado; por vezes pacientes que haviam se curado frequentavam o grupo e recebiam localização privilegiada. Os grupos iniciavam com uma chamada, em seguida recebiam papéis para melhoras ou persistências dos sintomas, também eram realizados exercícios de relaxamento muscular e mental e a leitura de textos que apresentavam conteúdo edificante. Apesar de Pratt, por muitos, ser considerado o fundador da Psicoterapia de Grupo, outros estudiosos também contribuíram grandemente no surgimento e desenvolvimento da Psicoterapia de Grupo: - SCHILDER Em meados da década de 30, Schilder passou a realizar psicoterapia de grupo em nível ambulatorial. As sessões, compostas por 2 a 7 membros, realizavam-se de uma a duas vezes por semana. Homens e mulheres eram tratados em grupos diferentes. Todos os pacientes eram também atendidos, individualmente, antes e durante todo o tratamento. - KURT LEWIN Em 1933, Lewin, psicólogo alemão, mudou-se para os EUA. Alguns anos mais tarde, fundou o Centro de Pesquisa para Dinâmicas de Grupo, na Universidade de Michigan, desenvolvendo estudos experimentais sobre o relacionamento humano, tornando-se um dos pioneiros e responsáveis pelo desenvolvimento desta área. Lewin popularizou a expressão dinâmica de grupo, com significativas contribuições tanto à pesquisa quanto à teoria. 1 AULA: TERAPIA DE GRUPO PSICÓLOGA SIMONE HUMEL - JACOB L. MORENO Moreno desenvolveu uma forma específica e altamente estruturada de terapia de grupo conhecido como Psicodrama. Em 1 de abril de 1921 Moreno organizou o “teatro da espontaneidade”, em Viena, dando início ao que viria ser psicodrama; ele estabeleceu esta data como o começo oficial do psicodrama. - SLAVSON SAMUEL Estabeleceu a atividade de terapia de grupo numa instituição para crianças e adolescentes. Slavson é dos personagens de maior reconhecimento no movimento da psicoterapia de grupo nos Estados Unidos da América, tendo fundado, em 1948, a American Group Psychotherapy Association e, em 1951, a revista International Journal of Group Psychotherapy. - Spotnitz Hyman Contribuiu para a expansão da psicoterapia de grupo. - S.H. FOULKES e WILFRED BION Contribuíram introduzindo conceitos da Psicanálise para o desenvolvimento da Psicoterapia de grupo. - WOLF Na década de 40 também surgiram outras contribuições importantes. Wolf aplicava princípios de psicanálise de acordo com a teoria de Freud, utilizando métodos de livre associação, análise de sonhos e transferência. Adotava o sistema em que alternava a presença e a ausência do terapeuta nas sessões, com o intuito de facilitar a expressão de alguns participantes e, também, oferecer a oportunidade de atuarem sem a interferência da figura paterna representada pelo terapeuta. - Irvin Yalom Ofereceu grande contribuição para o desenvolvimento da Psicoterapia de Grupo. Analisa os fatores terapêuticos, as tarefas do terapeuta, a seleção dos pacientes e a composição dos grupos, as etapas sucessivas do trabalho grupal e grupos de terapia especializados, tais como pacientes agudos 2 AULA: TERAPIA DE GRUPO PSICÓLOGA SIMONE HUMEL internados, enfermos com patologias somáticas, grupos de auto-ajuda e muitos outros. Segundo Yalom (2006a), a necessidade de pertencer é característica do ser humano e quando um grupo inicia-se o que está em jogo é o compartilhamento afetivo do mundo interior de cada um e a aceitação dos outros membros do grupo. “O fato de ser aceito pelos outros desafia a crença do paciente de que ele é basicamente repugnante, inaceitável e detestável. [...] O grupo aceitará um indivíduo desde que ele siga as regras de procedimento do grupo, independentemente de experiências de vida, transgressões ou fracassos sociais passados” (p. 63). Yalom propõe Fatores Terapêuticos que proporcionam a compressão do material emergente ao longo do processo grupal, bem como em situações específicas da interação dos participantes. São eles: UNIVERSALIDADE: Identificar que outros membros do grupo vivenciam situação e sentimentos semelhantes, assim os doentes integrados num grupo deixam de se sentir sozinhos e em isolamento, passando a experimentar alívio ao perceberem que não estão isolados com os seus problemas. COESÃO: Nestas psicoterapias os membros de um grupo tornam-se muito unidos, oferecem apoio uns aos outros e criam relacionamentos muito significativos e válidos para a terapia funcionar. É a atração que os membros sentem por seu grupo e pelos demais membros. DESENVOLVIMENTO DAS TÉCNICAS DE SOCIALIZAÇÃO: É aprendizagem social e desenvolvimento de habilidades sociais básicas; os pacientes integrados nos grupos aprendem a distinguir e a deixar de apresentar comportamentos inadequados através da simples observação uns dos outros e dos comentários honestos e bem recebidos que fazem. INSTILAÇÃO DE ESPERANÇA: Perceber que o grupo já ajudou outros participantes; Em um grupo misto, com membros em diferentes estágios de recuperação, um membro pode ser inspirado e encorajado por outro membro que tem de superar os problemas que ainda estão lutando. TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÕES: Além do trabalho terapêutico o grupo pode oferecer uma grande rede de informações sobre a doença, serviços e outros assuntos. 3 AULA: TERAPIA DE GRUPO PSICÓLOGA SIMONE HUMEL COMPORTAMENTO IMITATIVO: Reprodução do comportamento de outro membro por julgá-lo adequado e satisfatório; ALTRUÍSMO: Satisfação em oferecer ajuda a outros membros do grupo. APRENDIZAGEM INTERPESSOAL: Aprender a interagir com outras pessoas por meio de relacionamentos em grupo, recebendo retornos – feedbacks – que poderão contribuir para o autoconhecimento. COMPREESÃO DE SI MESMO: Refere-se a um estágio mais avançado do autoconhecimento, onde o sujeito passa a ter mais insights sobre sua problemática e assim mais acesso a possibilidades de mudanças. FATORES EXISTENCIAIS: Reconhecimento de que alguns fatos da vida são inerentes à condição humana e não há como evitá-los. CATARSE: É uma descarga emocional com compartilhamento de sentimentos internos, profundos, proporcionando alívio de sentimentos que causam sofrimento. RECAPITULAÇÃO CORRETIVA DO GRUPO FAMILIAR PRIMÁRIO: Reviver experiências insatisfatórias e conflitos com o grupo familiar primário no convívio em grupo e, assim, reelaborar sua experiência familiar de maneira corretiva. CARACTERÍSTICAS DA PSICOTERAPIA DE GRUPO A Psicoterapia de Grupo tem uma ação benéfica que orienta e reeduca os pacientes com base nas interações e comunicações que ocorrem no interior dos grupos organizados com fins terapêuticos. Seu objetivo é oferecer ao paciente um ambiente de acolhimento para que ele possa perceber a dinâmica de sua doença e buscar alternativas para construir uma nova forma de viver, assim também resignificando a sua vida e suas escolhas; pois quando o sujeito resiginifica o olhar que possui de si mesmo, tende a modificar sua condição através do desejo de tratar-se e levar uma vida mais saudável e reduzindo o sofrimento. 4 AULA: TERAPIA DE GRUPO PSICÓLOGA SIMONE HUMEL A escolha da técnica a ser utilizada é importante porém o resultado positivo do tratamento em grupo se faz primordialmente quando existe uma forte Aliança Terapêutica. Também chamada de vínculo, a Aliança terapêutica, diz respeito a uma relação dual: paciente e terapeuta. Refere-se à empatia e confiança, a capacidade de estabelecer uma relação de trabalho entre a dupla, que ocorre após o contrato e é à base do processo psicoterápico. É considerada como a base do tratamento porque, a partir da postura de acolhimento e escuta atenta do terapeuta favorece um clima de confiança e respeito. Sentir-se compreendido é condição essencial para que o paciente continue seu tratamento. O Terapeuta tem papel fundamental nas Psicoterapias de Grupo, ele deve: - Assumir a liderança do grupo. - Possuir sensibilidade para perceber o grupo e as potencialidades dos pacientes. - Promover a saúde no tratamento. - Conhecer o histórico de cada paciente previamente para oferecer a melhor indicação de tratamento. - Estabelecer os limites e regras do grupo. - Saber escutar sem julgar. - Estabelecer distanciamento saudável do seu cliente para não se envolver emocionalmente. - Manter o controle do grupo. - Ter em mente o seu posicionamento, para que não leve as dificuldades para o lado pessoal. - Se manter informado e sempre buscar novos conhecimentos. O Terapeuta é uma forte referência para os integrantes do grupo e por isso é fundamental que ele tenha autoconhecimento, perceba seus limites, busque ajuda quando necessário e tenha supervisão adequada. 5