COLÉGIO ADVENTISTA DE SANTA MARIA EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO Rua Visconde de Pelotas, 586 – Nossa Senhora do Rosário – CEP 97010-440 Fone/Fax: (55) 3221-8410 – Santa Maria – RS www.casantamaria.org.br CULTURA Cultura significa cultivar, e vem do latim colere. Genericamente a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é. É comum dizermos que uma pessoa não possui cultura quando ela não tem contato com a leitura, artes, história, música, etc. Se compararmos um professor universitário com um indivíduo que não sabe ler nem escrever, a maior parte das pessoas chegaria à conclusão de que o professor é “cheio de cultura” e o outro, desprovido dela. Mas, afinal, o que é cultura? Para o senso comum, cultura possui um sentido de erudição, uma instrução vasta e variada adquirida por meio de diversos mecanismos, principalmente o estudo. Quantas vezes já ouvimos os jargões “O povo não tem cultura”, “O povo não sabe o que é boa música”, “O povo não tem educação”, etc.? De fato, esta é uma concepção arbitrária e equivocada a respeito do que realmente significa o termo “cultura”. Não podemos dizer que um índio que não tem contato com livros, nem com música clássica, por exemplo, não possui cultura. Onde ficam seus costumes, tradições, sua língua? O conceito de cultura é bastante complexo. Diversos sentidos da palavra variam consoante a aplicação em determinado ramo do conhecimento humano: Agricultura; Ciências Sociais; Biologia; Antropologia e, Filosofia. Em uma visão antropológica, podemos o definir como a rede de significados que dão sentido ao mundo que cerca um indivíduo, ou seja, a sociedade. Essa rede engloba um conjunto de diversos aspectos, como crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, etc. Já em biologia a cultura é uma criação especial de organismos para fins determinados. Cultura também é definida em ciências sociais como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração através da vida em sociedade. Seria a herança social da humanidade ou ainda de forma específica, uma determinada variante da herança social. De acordo com a Filosofia a cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou o comportamento natural. É uma atitude de interpretação pessoal e coerente da realidade, destinada a posições suscetíveis de valor íntimo, argumentação e aperfeiçoamento. Além dessa condição pessoal, cultura envolve sempre uma exigência global e uma justificação satisfatória, sobretudo para o próprio. Podemos dizer que há cultura quando essa interpretação pessoal e global se liga a um esforço de informação no sentido de aprofundar a posição adotada de modo a poder intervir em debates. Essa dimensão pessoal da cultura, como síntese ou atitude interior, é indispensável. Por que estudar a cultura sob a ótica da Filosofia? As indagações filosóficas sobre a cultura abrem um leque de questões que contribuem para uma compreensão mais aprofundada dessa realidade, dentre as quais podemos citar: a delimitação do conceito de cultura; a relação cultura e trabalho, enquanto ação humana sobre a natureza; a capacidade simbólica do ser humano que reveste de significação a natureza e tudo aquilo que ele cria através de sua ação, ou seja, a sua capacidade de atribuir significação às coisas que o tira do mundo natural e o lança no mundo humano; e, por fim, as implicações advindas dessa capacidade de criar e recriar o seu próprio mundo, na medida em que ele mesmo se vê mergulhado num universo de significações que o modelam e dizem como ele dever ser, agir e viver. Noutras palavras, a questão de saber até onde o ser humano é livre frente ao próprio universo cultural por ele criado e no qual está inserido. Dada a infinita possibilidade humana de simbolizar, as culturas são múltiplas e variadas: são inúmeras as maneiras de pensar, de agir, de expressar anseios, temores e sentimentos em geral. Por isso mudam as formas de trabalhar, de se ocupar com o tempo livre, mudam as expressões artísticas e as maneiras de interpretar o mundo, tais como o mito, a filosofia ou a ciência. Nesse processo de transformação, vale lembrar que a ação humana é coletiva, por ser exercida como tarefa social, pela qual a palavra toma sentido pelo diálogo. Ninguém pode ser considerado verdadeiramente solitário, nem mesmo o ermitão, porque sua escolha de se afastar faz permanecer a cada momento, em cada ato seu, a negação e, portanto, a consciência e a lembrança da sociedade rejeitada. Seus valores, erigidos contra os da sociedade, se situam também a partir dela. A recusa de se comunicar é ainda um modo de comunicação. O mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos por outros, de modo que, as nascer, a criança encontra um mundo de valores já dados, onde ela vai se situar. A língua que aprende, a maneira de se alimentar, o jeito de se sentar, andar, correr, brincar, o tom da voz nas conversas, as relações familiares; tudo, enfim, se acha codificado. Até na emoção, ficamos à mercê de regras que educam desde a infância nossa expressão. Todas as diferenças existentes no comportamento modelado em sociedade resultam da maneira pela qual são organizadas as relações entre os indivíduos. É por meio delas que se estabelecem os valores e as regras de conduta que nortearão a construção da vida social, econômica e política. Como fica, então, a individualidade diante do peso da herança social? Haveria sempre o risco de o indivíduo perder sua liberdade e a autenticidade? Martin Heidegger, filósofo alemão alerta para o que chama de “mundo do man”: man seria o equivalente no português ao pronome reflexivo se ou o impessoal a gente. Veste-se, come-se, pensa-se, não como cada um gostaria de se vestir, comer ou pensar, mas como a maioria faz. Os sistemas de controle da sociedade aprisionam o indivíduo numa rede aparentemente sem saída. Assim como a massificação pode ser decorrente da aceitação sem crítica de valores impostos pelo grupo social, também é verdade que a vida autêntica só pode ocorrer na sociedade e a partir dela. Justamente aí encontramos o paradoxo da nossa existência social. Se o processo da humanização se faz por meio das relações pessoais, será dos impasses e confrontos surgidos nessas relações que a consciência de si poderá emergir lentamente. Ao mesmo tempo que nos reconhecemos como seres sociais, também somos pessoas, temos uma individualidade que nos distingue dos demais. Portanto, a sociedade é condição da alienação e da liberdade;nela o ser humano pode se perder, mas pode também se encontrar. Sendo assim, a noção de cultura evoca um aspecto imaterial: modo de ser e de viver de um povo, expresso num corpo complexo de significações linguísticas criado, aceito e transmitido pelo grupo, a cultura imaterial; e também um aspecto material: produção de objetos e utensílios para a sobrevivência, conforto e organização do grupo social, a cultura material. A cultura é, portanto, um processo que caracteriza o ser humano como ser de mutação, de projeto, que se faz à medida que transcende, que ultrapassa a própria experiência Referências: O conceito de cultura numa perspectiva filosófica. In: Filosofia: Bolg do Epitácio. Disponível em: http://filosofiaprofrodrigues.blogspot.com.br/2011/04/o-conceito-de-cultura-numaperspectiva.html. Acessado em 13/10/2014. MARIA LUCIA DE ARRUDA ARANHA. FILOSOFANDO, INTRODUÇÃO À FILOSOFIA , 2003. O que é cultura? Disponível em: http://www.alunosonline.com.br/filosofia/o-que-ecultura.html Cultura. Disponível em: http://www.significados.com.br/cultura/