Diferenças e preconceitos nas práticas corporais

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Diferenças e preconceitos nas
práticas corporais
• É possível nos relacionarmos de maneira diferente com as
pessoas se ampliarmos o olhar em direção ao ser humano.
Não é possível desconsiderar a dimensão cultural que
influencia as ações humanas, e que por estas é influenciada.
Por isso não podemos considerar as pessoas somente por
suas características corporais, pois não existe uma dimensão
física isolada de características biológicas, culturais, sociais e
psíquicas. Esse mesmo corpo é preciso ser visto e
interpretado dentro de um contexto sociocultural.
• “Podemos considerar, ao invés de suas semelhanças
biológicas, suas diferenças culturais; podemos reconsiderar
nossos critérios de análise sobre o corpo, fugindo de padrões
preconceituosos que durante muitos anos subjugaram e
excluíram pessoas da prática de educação física. Podemos
substituir padrões inatistas por critérios mais dinâmicos e
culturais na intervenção promovida pela área.”
•
Jocimar Daolio. Educação Física e o Conceito de Cultura.
Diferenças e preconceitos nas práticas corporais
• Por muito tempo, e ainda hoje, muitas pessoas consideram o
corpo como uma estrutura somente biológica, composta por
ossos, músculos e outros órgãos que mantêm em
funcionamento. Esse pensamento dissociava, por exemplo, o
físico da mente, sem considerar que o desenvolvimento da
mente(intelecto/ cognição) influencia diretamente nas ações
físicas/ corporais, e que o desenvolvimento do físico está
relacionado intimamente com o pensamento. O físico foi
considerado muitas vezes como uma máquina, ou como um
objeto, que pode ser descartado, substituído, recondicionado
ou deixado de lado. Nós, entretanto, seguiremos uma linha de
pensamento que não consegue dissociar o corpo físico dos
aspectos psicológicos, sociais e culturais, em que as ações
motoras são diretamente influenciadas pelas características
biológicas, mas também pelas sociais, históricas e políticas.
• Dentro dessa maneira de pensar, lidaremos na Educação Física
com o conceito de cultura corporal do movimento, que deixa
de lado a idéia de estudar somente o movimento, ou o corpo
humano, ou ainda o esporte, para estudar sobre um ser
humano cultural, a pessoa com um papel importante dentro
da dinâmica de construção da cultura relacionada a aspectos
corporais do movimento.
• Para que essas ideias se tornem concretas, será necessário
levar em consideração que os aspectos culturais influenciam e
são influenciados. Ou seja, ao mesmo tempo em que nós
escolhemos quais atividades corporais iremos praticar e como
as iremos praticar a partir de características culturais, nós
somos os construtores dessa cultura e podemos efetivamente
propor e efetivar mudanças que tragam novo significado a
essa prática. Entender e respeitar as diferenças culturais e os
distintos significados que uma prática pode ter para diferentes
pessoas é parte importante dentro da formação humana.
As pessoas são diferentes. Esse fato é óbvio, mas infelizmente há
quem tenha dificuldades de entender e aceitar isso. Aceitar as
diferenças não é fazer o que os outros fazem, ou gostar do que os
outros gostam, é respeitar as pessoas como elas são, com
pensamentos e formas distintas de agir.
• Além disso, também somos diferentes em nossas características
físicas, tanto em questões estéticas, por exemplo, pessoas com
sobrepeso, magras demais, musculosas de mais, altas, baixas ou até
mesmo o “tido”padrão ideal de corpo. E será que ele existe? ( mas
esse é um assunto para o próximo bimestre).Quanto em questões
de cor da pele, sexo(masculino ou feminino), sexualidade(
heterossexual, homossexual), deficiência física ou cognitiva.
• Grande parte desse problema(preconceito) está em não saber
dividir o mesmo ambiente ou o mesmo espaço com pessoas
diferentes ou não pensar no outro. Mas como aprender a utilizar o
mesmo espaço ou viver no mesmo ambiente respeitando as
diferenças? Uma das maneiras é provocar essas situações, por
exemplo, em uma aula de Educação Física, homens e mulheres
jogando juntos. No nível competitivo, no qual o único objetivo é
vencer, os homens levariam vantagem pela sua constituição física,
pela força, porém, se o objetivo é conviver com as diferenças,
vamos jogar juntos. Não é necessária uma regra que proíba uma ou
outra ação no jogo, mas incentivar o respeito as diferenças faz com
que os homens não usem a força para disputar uma bola com as
mulheres.
• Dentro das aulas de Educação Física, outros preconceitos
também acontecem, por exemplo, a exclusão dos gordinhos,
ou dos muito magros, dos “nerds”, ou ainda dos que não
possuem habilidades específicas para o jogo. O grande desafio
para essas aulas, é pensar e tomar atitudes para que todos
tenham a possibilidade de praticar as atividades juntos,
independentemente de sexo, raça, religião, quantidade de
gordura corporal ou habilidade motora.
• Assim como para a convivência em sociedade todos devemos
respeitar as diferenças e aprender a conhecer e olhar as
pessoas como elas são, independente de padrão social, cor da
pele, sexo, religião, maneira de se vestir, etc... Só e apenas
assim saberemos o significado de viver harmoniosamente em
sociedade.
Uma excelente leitura relacionada a esse tema é o livro: Nelson
Mandela e o jogo que uniu a África do Sul. John Carlin escreve sobre
um momento importante na história da África do Sul, a delicada
transição do apartheid, regime que remetia a muitos anos de opressão
e segregação para um regime democrático e igualitário.
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