Alimentação com leite materno, desenvolvimento

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Alimentação com leite materno, desenvolvimento cerebral e os resultados
neurocognitivos: Um estudo longitudinal de 7 anos em crianças nascidas
com menos de 30 semanas de gestação
Breast Milk Feeding, Brain Development, and Neurocognitive Outcomes:
7-Year Longitudinal Study in Infants Bor n at Less Than 30
Weeks'Gestation
Mandy B. Belfort, Peter J. Anderson, Victoria A. Nowak, Katherine J. Lee,
Charlotte Molesworth, Deanne K. Thompson, Lex W. Doyle, and Terrie E.
Inder
Pediatr. 2016 Oct;177:133-139.e1
Apresentação: Caíque Acácio Gonçalves
Coordenação: Paulo R. Margotto
Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF
www.paulomargotto.com.br - Brasília, 1 de outubro de 2016
Consultem o artigo Integral!
Breast Milk Feeding, Brain Development, and
Neurocognitive Outcomes: A 7-Year
Longitudinal Study in Infants Born at Less Than
30 Weeks' Gestation.
Belfort MB, Anderson PJ, Nowak VA, Lee KJ,
Molesworth C, Thompson DK, Doyle LW, Inder
TE.
J Pediatr. 2016 Oct;177:133-139.e1.
doi: 10.1016/j.jpeds.2016.06.045. Epub 2016 Jul
29
Introdução
 Em populações saudáveis, de termo, a amamentação
parece ser benéfico para o neurodesenvolvimento.
(1,3)
 Um mecanismo proposto que liga a amamentação
com o desenvolvimento do cérebro são os efeitos dos
nutrientes específicos no leite materno que estão
ausentes ou presentes em quantidades inferiores na
criança alimentadas com formula. (4)
 Outro mecanismo é através de uma maior
sensibilidade para a criança mostrado por mães que
fornecem leite, 5, porque a sensibilidade materna está
associada a um melhor neurodesenvolvimento. (6)
 Correlações entre amamentação e o
desenvolvimento infantil podem talvez também ser
explicadas em parte por fatores sociais, como a
educação materna, renda familiar e QI. Materno. (7)
Introdução
 Os efeitos do leite materno e amamentação no
desenvolvimento neurológico podem ser bastante
diferentes em lactentes muito prematuros do que
naqueles nascidos a termo.
 Nutricionalmente, leite materno é considerado o
alimento ideal para recém-nascidos a termo, mas
prematuros exigem taxas maiores de nutrientes para
coincidir com as do terceiro trimestre. (8)
 Mesmo com fortificações, o ganho de peso dos bebês
alimentados com leite materno fica atrás da dos
prematuros alimentados fórmula, (9,10) sugerindo uma
possível desnutrição.
Introdução
 Em prematuros extremos hospitalizados,
alimentações são normalmente dadas através de
sondas em vez de diretamente no peito,
impossibilitando as interações que ocorrem
durante o ato de amamentar.
 No entanto, o tempo investido em amamentar
pode refletir diferentes níveis de apego ou
sensibilidade. Devido estas diferenças entre os
prematuros e os termos, é necessário uma
pesquisa focada na avaliação dos potenciais
benefícios da ingestão de leite materno no neurodesenvolvimento de crianças pré-termo extremo.
Introdução
 Imagens diretas do cérebro podem elucidar
mecanismos que relacionam o leite materno, o
crescimento do cérebro, e neurodesenvolvimento.
 Em recém-nascidos a termo, imagens de
ressonância magnética(RM) do cérebro
demonstraram um maior desenvolvimento da
matéria branca de 10 meses a 4 anos de idade 11
e aos 8 anos de idade(12) e maior espessura
cortical em adolescente(13) em relação à
exposição precoce da amamentação.
 Em recém-nascidos prematuros, um pequeno
estudo(14) (n = 50) encontrou correlações positivas
da ingestão do leite materno com o volume total
do cérebro aos 15 anos de idade.
 Outro estudo (15) de prematuros informou que o
maior consumo de leite materno foi associado a
uma melhor maturação do corpo caloso no
termos (40 semanas pós menstrual ), mas as
crianças não foram seguidas após a alta .
 Mais pesquisas são necessárias para determinar a
extensão em que a ingestão de leite materno
durante o período neonatal afeta o cérebro de
prematuro e se os efeitos persistem além do
período neonatal.
Os objetivos desse estudo
foram
Avaliar as associações da
ingestão de leite materno
durante a internação neonatal,
com ressonância magnética
nos RN com idade equivalente
a termo e nas crianças aos 7
anos de idade, e avaliar os
resultados do desenvolvimento
neurológico aos 2 e 7 anos de
idade.
Métodos
 Foram estudados os participantes do VIBeS, num estudo
de coorte longitudinal. 224 lactentes nascidos antes de
30 semanas de gestação ou com peso ao nascimento
inferior a1250 gramas ao nascer foram inscritos antes da
idade equivalente à termo no Royal Women’s Hospital
em Melbourne, Austrália, entre julho de 2001 a dezembro
de2003. Os critérios de exclusão incluíram anomalias
congênitas que provavelmente afetam o
desenvolvimento ou a função cerebral. Os pais
assinaram termos de consentimento para os seus filhos
participarem do estudo.
 Os conselhos dos Hospitais Royal Women’s Hospital e
Royal Children’s Hospital aprovaram o estudo. Para essa
análise foram excluídos 44 participantes, devido à falta
de dados de amamentação . Os 180 participantes
restantes possuíam dados e foram incluídos nesta analise
Métodos- Ingestão de leite
materno
 Selecionaram aleatoriamente 20
participantes e verificaram forte
correlação com a ingesta de leite
humano aos 28 dias e aos 40 dias(r=0,95)
 Anotaram o volume diário de ingestão de
leite materno ou fórmula durante o
primeiro ao vigésimo oitavo dia de vida.
 O fortificante do leite humano foi utilizado
de acôrdo cm a prática de cada
Unidade
 A formula para pré-termo foi utilizada
quando o leite da mãe estava
indisponível ou era insuficiente
 Não foi utilizado leite de doadoras
Métodos - RM
 Imagens de RM em RN com idades equivalentes a
termo e aos 7 anos de idade. Os participantes
foram submetidos a ressonância magnética.
Nenhuma analgesia ou sedação foi dada.
 Imagens foram divididas em substância branca ,
matéria cinzenta cortical, matéria cinzenta
nuclear profunda (incluindo gânglios da base e
tálamo), líquor , hipocampo e cerebelo
 Aos 7 anos de idade os participantes foram
submetidos novamente a ressonância magnética
do cérebro. Foram avaliados: Volume cerebral,
substância branca, substância cinzenta cortical e
nuclear profunda (núcleos accubens, caudado,
putamen e pallidum) cerebelar, volume
cerebelar.
Métodos- Avaliações no
desenvolvimento neurológico
aos 2 e 7 anos de idade
 Examinadores treinados aplicaram as escalas Bayley de
Desenvolvimento Infantil, quando as crianças estavam com 2 anos de
idade corrigida. O Bayley-2 compreende o índice de desenvolvimento
mental o qual avalia a cognição e o índice de desenvolvimento
psicomotor, que mede as habilidades motoras.
 Aos 7 anos de idade, foram avaliados: inteligência geral, desempenho
escolar, atenção, memória, línguas/idioma, percepção visual e função
motora.
 Foram associados pontos a cada parâmetro avaliado. Pontuações mais
altas em todos os parâmetros indicam melhor performance.
Metodos- Avaliações no
desenvolvimento neurológico
aos 2 e 7 anos de idade
 Dados como sexo, idade gestacional, exposição a corticosteróide
pré-natal ou pós-natal, necessidade de oxigênio suplementar em
36 semanas, e diagnóstico de sepse ou enterocolite necrosante
foram extraídos do prontuário médico. O índice de risco clínico
para bebês é um indicador de gravidade de doença. (29)
 Também foi calculada uma pontuação para risco social,
compreendendo a idade materna, estado civil dos pais
(casados/divorciados), grau de instrução do cuidador primário do
bebê, o emprego, a renda e a linguagem falada em casa. Os
participantes foram classificados como maior ou menor risco
social.
Métodos- Análises
estatísticas
Foram calculadas duas medidas de ingestão
de leite materno:
1) número de dias em que o lactente
recebeu> 50% de consumo entérico
2) média de ingesta diária de leite materno
Os principais resultados foram a termo
equivalente e 7 anos: volumes cerebrais
regionais e os resultados dos testes de
desenvolvimento neurológico (2 e 7 anos de
idade).
Métodos- Análises
estatísticas
 Estimou-se associações entre os riscos e os resultados na regressão
linear, ajustadas usando equações de estimativas generalizadas
com uma estrutura de correlação permutável para agrupamento
devido a nascimentos múltiplos.
 No modelo 0 foi ajustado para o sexo da criança, idade exata no
momento da avaliação, e idade gestacional ao nascimento.
 No modelo 1 a pontuação para risco social (maior vs menor), e
modelo 2 foram incluídas variáveis que refletem gravidade de
doença neonatal.
 No modelo 3 foi incluído ganho de peso para explorar o seu efeito
mediador, considerando que ajustando a pontuação para a
mudança de peso desde o nascimento a termo iria fortalecer as
associações entre ingestão de leite materno com os resultados,
devido a associações de ingestão de leite materno e menor ganho
de peso e menor ganho de peso com resultados menores.
Resultados
 A Tabela I apresenta características dos participantes, que
tinham taxas de complicações perinatais e resultados típicos
de imaturidade no nascimento. O número médio de dias do
dia 0-28 em que crianças receberam leite materno como>
50% da sua alimentação era de 21. (SD 7). A média de
ingestão de leite materno nos primeiros 28 dias foi de 90 mL /kg
/ d (SD 43). Gestações múltiplas composta representam 45%
do grupo do estudo. Quando elas são comparadas com
gestação de filho único, a média de ingestão de leite
materno para múltiplo foi ligeiramente inferior (86 ml / kg / d).
Resultados
Resultados
 A Tabela II mostra as associações lineares dos volumes cerebrais
estimados aos equivalentes a termo com o número de dias durante
os quais leite materno compreendida > 50% de consumo entérico
durante os primeiros 28 dias de vida.
 Em um modelo ajustado apenas para idade, sexo, e idade
gestacional ao nascimento (modelo 0), para cada dia adicional de
leite materno > 50% do consumo, o volume de substância cinzenta
nuclear profunda era 0,11 cc / d maior IC 95%, 0,02-0,20). Esta
associação persistiu após ajuste adicional para a pontuação de
risco social (modelo 1) e marcadores de doença neonatal (modelo
2, 0,15 cc / d; 95% CI, 0,05-0,25).
 Além disso o ajuste para ganho de peso neonatal (Modelo 3) não se
alterou essas estimativas. Outros volumes cerebrais não foram
associados significativamente com dias de ingestão de leite
materno de> 50% .
Resultados
 A Tabela III mostra associações de ingestão de
média de leite materno nos dias 0-28 com volumes
cerebrais a termo, com evidência para uma
relação com o volume do hipocampo (0,02 cc por
10 mL / kg / d ; 95% CI, 0,01-0,03), que persistiu
após o ajuste para variáveis. Associações de
ingestão média diária de leite materno com outros
volumes cerebrais parece ser mínima.
Resultados
Resultados
 A Tabela IV, mostra a associações de ingestão de leite materno com
volumes cerebrais estimados aos 7 anos de idade, com ajuste para
a idade, sexo e idade gestacional, o volume intracraniano foi maior
(2,67 cc / d com o leite materno> 50% da ingestão; 95% CI, 0.37
4,97).
 Com o ajuste para risco social e doença neonatal, a estimativa
manteve-se semelhante (2,42 cc / d), mas o IC 95% incluíram 0 (0.19-5.04).
 Observou-se também uma pequena associação com o volume do
hipocampo que foi atenuada com ajuste das variáveis.
 Houve pouca evidência de associações entre a ingestão de leite
materno médio diário e outros volumes cerebrais regionais aos 7
anos de idade (Tabela III).
Resultados
Resultados
 Houve também pouca evidência de associação entre ingestão de leite
materno e o score Bayley aos 2 anos de idade (Tabela V).
 Em relação aos resultados de 7 anos, no modelo 0, o QI em larga escala
foi de 0,5 pontos (95% CI 0,3-0,8) mais elevado para cada dia adicional
de ingestão de leite materno acima de 50%; estimativas foram
semelhantes com ajuste adicional para variáveis (modelos 1-3).
 Observou-se um padrão semelhante para QI verbal, matemática e
memória.
 Funcionamento motor também foi maior com o aumento dos dias de
leite materno acima 50% com as variáveis ajustadas. (Tabela IV); por
exemplo, 0,1 pontos por dia (IC de 95%, 0.03- 0,2) após ajuste para risco
social e fatores de doença neonatal (Modelo 2).

A Tabela VI mostra associações semelhantes de QI em larga escala
com média diária de ingestão de leite materno (0,7 pontos por 10 ml /
kg / d; 95% CI, 0,1-1,3) que foi ligeiramente atenuado com ajuste das
variáveis.
 Associações positivas da ingestão media diária de leite materno com a
memória também foram observadas, enquanto que a ingestão de leite
materno maior foi associado com escores de percepção visual mais
baixos (-0,2 pontos por 10 mL / kg / d; IC 95%, -0,3, -0,03 no modelo 2.
Resultados
Resultados
Discussão
 Em um estudo de coorte contemporâneo de 180 prematuros extremos,
foram encontradas associações favoráveis de ingestão de leite materno
nos primeiros 28 dias de vida com os resultados do desenvolvimento
neurológico em 7 anos de idade.
 Por exemplo, o QI foi de 0,5 ponto maior por dia adicional em que a
ingestão de leite materno foi de> 50% da ingestão enteral total e 0,7
pontos pela ingestão de leite materno adicional por 10ml / kg / d. Os
resultados sugerem um impacto substancial da ingestão de leite materno
no primeiro mês de vida em prematuros extremos e o neurodesenvolvimento avaliado em idade escolar.
 O estudo também demonstrou associações da ingestão de leite materno
com o tamanho do substância cinzenta nuclear profunda e hipocampo
na idade equivalente a termo, embora este efeito não estava presente
nos volumes cerebrais avaliados aos 7 anos de idade.
Discussão
 Estudos anteriores apoiando efeitos benéficos da ingestão de
leite materno e resultados do neurodesenvolvimento em
prematuros crianças, (10,34,35) tem limitações na previsão das
atividades cognitivas tardias (26,37).
 Avaliação na idade escolar como no presente estudo
também permite a medição mais pormenorizada do
funcionamento cognitivo, incluindo a memória, atenção e
desempenho escolar.
 Esses parâmetros são particularmente importantes para avaliar
prematuros extremos, que são propensos a dificuldades nestes
áreas. (38-41)
Discussão
 Foram identificados apenas 2 estudos (42,43) de prematuros
extremos ou muito baixo peso (<1500 g) nascidos em 1990 ou além
dessa data que avaliaram a ingestão de leite materno ou
aleitamento materno em relação ao medidas de desenvolvimento
neurológico em idade escolar.
 Uma analise (42) dos dados do estudo EPIPAGE de crianças
francesas com idade gestacional <33 semanas mostrou que o risco
de um baixo neurodesenvolvimento na idade de 5 anos foi
substancialmente menor (OR, 0,7; 95% CI, 0,5-0,9) para crianças que
estavam sendo amamentadas no momento da alta.
 Uma limitação notável no estudo EPIPAGE foi o método de
categorização de lactentes baseados em qualquer versus nenhum
leite materno no momento da alta hospitalar. Esse método pode ter
levado a uma subestimação do efeito tamanho, se muitas das
crianças que receberam leite materno no início da internação não
receberam no momento da alta.
 No entanto o presente estudo detalhou a quantidade de leite
humano ingerida durante os primeiros 28 dias de vida
 O presente mostrou evidências entre de associação
entre a ingestão de leite materno e medidas de
leitura, matemática, memória e função motora.
 Em geral, parece que a maior exposição ao leite
materno está associada não só com maior
inteligência geral, mas também com melhor
desempenho escolar, memória, e função motora em
crianças que nasceram prematuras extremas.
Discussão
Em contraste com os resultados desse estudo , um
estudo (43) norte americano de lactentes de extremo
baixo peso não mostraram vantagens da ingestão do
leite materno ou amamentação através de 6 meses de
idade em um bateria de testes em 6-8 anos de idade,
incluindo a inteligência geral, habilidade verbal,
habilidades motoras , e as habilidades visuais-espaciais,
e uma pequena vantagem em testes de habilidade
motora visuais.No entanto...
Uma das principais diferenças nesse estudo era sua
dependência de relatos dos pais do tipo e duração da
amamentação (<1 semanas, 1-4 semanas, 4-6 meses e
≥ 6 meses), ao passo que o presente estudo foi utilizado
o registro médico para quantificar o volume de leite
materno ingerido nos primeiro 28 dias de internação
neonatal
Discussão
 . É possível que o cérebro do prematuro seja mais
sensível aos efeitos benéficos do leite materno em
particular antes do termo, quando os processos de
desenvolvimento tais como crescimento axonal,
dendrítico e sinaptogênicos estão em curso e
diferentemente dos processos que predominam no
pós termo, como mielinização.
Discussão
 Neste estudo, houve pouca evidência estatística para associações
entre a ingestão de leite materno e a pontuação de Bayley em 2
anos de idade. No entanto, a estimativa de efeito para o índice de
Desenvolvimento Mental (0,4 pontos por dia recebendo> 50% de
leite materno) foi semelhante em magnitude à estimativa para IQ
aos 7 anos (0,5 pontos por dia), com uma maior variabilidade nas
estimativas em 2 do que aos 7 anos.
 Em um maior estudo de coorte Americano mais abrangente (~
1000 participantes) (44) de baixo peso extremo (<1000 g), para
cada 10 mL de ingestão média diária de leite materno, o Índice de
Desenvolvimento Mental em 18 meses foi de 0,5 pontos mais altos.
No presente estudos os resultados foram semelhante em
magnitude (0,4 pontos superior).
 Alguns (10), mas não todos (34,45) estudos anteriores descobriram
resultados semelhantes desde a infância ate a idade pré-escolar.
Discussão
 O presente estudo é o único em que foram avaliadas as mesmas
crianças, tanto em 2 e 7 anos de idade.
 Em um analise anterior (2) de crianças nascidas a termo que se
submeteram avaliação cognitiva aos 3 e 7 anos, os presentes autores
encontraram efeitos benéficos de uma maior duração e exclusividade
do aleitamento materno sobre a cognição em 7, mas não 3 anos de
idade. É possível que a avaliação precoce na infância seja muito cedo
para detectar efeitos sutis que são mais evidentes na idade escolar.
 Também é possível que a influência de determinantes compartilhados
com a amamentação e neurodesenvolvimento, como fatores
econômicos, ambientais e sociais aumente ao longo do tempo.
Discussão
 Outra característica do estudo foi a análise dos volumes
regionais cerebrais em relação à ingestão precoce em
prematuros extremos.
 Em particular, verificou-se que uma maior dose de leite
materno (mais dias em que o leite materno constituiu > 50% do
consumo) foi associado com maior massa cinzenta nuclear
profundo.
O tálamo e gânglios basais são as principais estações de
retransmissão no cérebro (46) e são fundamentais para a
conectividade cortical e eficaz no funcionamento neural.
 Reduções nos volumes do tálamo e gânglios basais foram
previamente associados com mais deficiências em crianças
pré-termos. (7-49)
 Também notou-se que uma maior ingestão média diária de
leite materno foi associado com um maior volume do
hipocampo em equivalente a termo.
Discussão
 O hipocampo é importante para a memória e
aprendizado(50) e foi mostrado anteriormente neste
estudo de coorte que o volume maior do
hipocampo está associada a melhor memória (51).
 Em outro estudo foi observado efeito semelhante em
adolescentes que nasceram pré-termos. (52) Em
geral, estes conclusões sobre o volume de matéria
cinzenta nuclear profunda e hipocampo podem
oferecer pistas sobre os mecanismos pelos quais leite
materno influencia resultados no neurodesenvolvimento tardio.
Discussão
 Os pontos fortes do estudo incluem a alta taxa de
acompanhamento ate 7 anos, com medidas detalhadas do
neurodesenvolvimento e imagens de ressonância magnética
cerebral realizadas em 2 momentos diferentes.
 Avaliações futuras de dados obtidos desse estudo de coorte
em relação a ingestão de leite materno poderiam incluir
medidas difusas que refletem a organização microestrutural da
substância branca. (16).
 Não foi possível avaliar o crescimento do cérebro durante a
internação neonatal (por exemplo, mudança do tamanho ao
nascer até o termo) que seria de interesse, uma vez que há
preocupações que mesmo o leite humano fortificado pode
não produzir adequada nutrição aos prematuros extremos
(9,10.42)
Discussão
 O estudo focou no consumo de leite materno nos
primeiros 28 dias de vida, com a vantagem que
havia muito pouco atrito que é devido a
transferência precoce ou alta que poderiam
distorcer os resultados.
 Em um subconjunto dos participantes, ingestão
durante os primeiros 28 dias era altamente
correlacionada com a ingestão mais tarde na
hospitalização;
 A ingestão continuada após 28 dias contribuiu para
os resultados.
 Uma limitação desse estudo é que não foram
coletadas informações sobre a ingestão de leite
materno ou de amamentação após a alta.
Discussão
 Além disso, como qualquer estudo observacional, é sujeito a
confusão residual.
 É notável que muitas das estimativas não foram afetadas pelo
ajuste para os riscos sociais e outros; no entanto, nos faltaram
dados sobre o QI materno ou estilo parental e, portanto, não
poderia ajustar para esses potenciais fatores de confusão.
Descobriu-se que uma maior alimentação com leite materno nos
primeiros 28 dias de vida foi associado com maior volume de
massa cinzenta nuclear profunda e volume do hipocampo em
idade equivalente a termo, e com maior QI, desempenho
acadêmico, memória, e pontuação motora aos 7 anos de
idade em prematuros extremos.
Estes resultados fornecem suporte para
recomendações nacionais e internacionais para
fornecer o leite materno como a dieta principal
para crianças prematuras
ABSTRACT
Objetivos
Determinar a associação da
ingestão de leite materno
após o nascimento com
manifestações neurológicas
com a idade equivalente a
termo e 7 anos de idade em
crianças prematuro extremos
Desenho do estudo
 Foram estudados 180 recém-nascidos em uma
gestação <30 semanas ou <1.250 gramas de peso de
nascimento inscritos no Victorian Infant Brain Studies
(VIBeS) de 2001-2003. Calculou-se o número de dias no
quais as crianças receberam mais de 50% de leite
materno por via enteral de 0-28 dias de vida. Os
resultados incluíram volumes cerebrais medidos por
ressonância magnética na idade equivalente a termo e
7 anos de idade e testes cognitivos (coeficiente de
inteligência (QI), leitura, matemática, atenção,
memória, linguagem, percepção visual) e teste motor
aos 7 anos de idade. Foram ajustados: idade, sexo,
situação de risco social e doença neonatal em
regressão linear.
Resultados
 Um maior número de dias em que crianças
receberam acima de 50% do leite materno foi
associado com maior volume nuclear da massa
cinzenta profunda na idade equivalente a
termo(0,15 cc / d; 95% CI, 0,05-0,25); e com melhor
desempenho aos 7 anos de idade nos testes de QI
(0,5 pontos / d; 95% CI, 0,2-0,8), matemática (0,5;
95% CI, 0,1-0,9), memória (0,5; 95% CI, 0,1-0,9) e
função motora (0,1; 95% CI, 0,0-0,2) testes. Não
foram observadas diferenças nos volumes
cerebrais regionais aos 7 anos de idade em
relação a amamentação.
Conclusão
Amamentação nos primeiros 28
dias de vida foi associado com
uma maior volume nuclear de
massa cinzenta profunda em
idade equivalente a termo e
melhor QI, desempenho escolar,
memória e função motora aos 7
anos de idade em prematuros
extremos
REFERENCES
Nota do editor do site, Dr. Paulo
R. Margotto
Consultem também! Aqui e
Agora
Estudando Juntos!
Há 22 anos já discutíamos!
1994
Construindo o cérebro do recémnascido (efeito da nutrição na
composição do cérebro infantil)
Forestes Cockburn. Realizado por
Paulo R. Margotto

Crescimento do cérebro: 750gs ao nascer e 1100gs com 01 ano. A quantidade
de energia que o cérebro do bebê absorve é grande: 65% do insumo de
energia vai para o cérebro, muito pouco vai para o fígado, músculos e outros
tecidos. O cérebro do bebê humano exige uma grande quantidade de energia
para construir novas estruturas, bem como para as suas novas funções. Para isto,
é importante a ingestão de gordura.

A córtex representa 45% do total do cérebro (350gs); se removermos a água, a
córtex tem um peso seco (tecido sólido de 125gs); 75gs destes 125gs são de
gordura, sendo 50gs dos 75gs constituídos de fosfolipídios e destes, 4gs no RN que
recebe leite materno, será composto do ácido DHA (ácido ducosahexanóico).
O DHA é responsável pela fluidez dos impulsos nervosos pela membrana celular.

O leite humano não é idêntico: o teor de DHA varia de diferentes partes do
mundo, estando na dependência da dieta materna. As mulheres que comem
muito peixe têm maiores teores de DHA em seu corpo e em seu leite.

Para o RN alimentado ao seio, a sua inteligência e a sua visão ocorrem antes
dos RN alimentados com fórmulas artificiais.

O RN no peito tem maior acuidade visual e inteligência aos 3 anos se eles
tiveram o DHA nas membranas celulares há 2 meses.
“Apenas uma pequena percentagem de RN humanos deve correr
o risco de ingerir fórmulas artificiais” (Forestes Cockburn)
2006
Leite Materno e
Desenvolvimento Cerebral
•
•
•
Giancarlo Q. Fonseca, Gisela
Maria L. Menezes, Paulo R.
Margotto
Efeitos Benéficos do Leite Materno na Unidade de Cuidados
Intensivos Neonatais no Processo de Desenvolvimento de
crianças nascidas com Baixo peso aos 18 meses de idade.
O estudo apresenta os efeitos benéficos do Leite Materno no
desenvolvimento de crianças nascidas com extremo baixo peso
na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais aos 18 meses de
idade.
Estudo Prospectivo realizado com coleta de dados nutricionais,
incluindo alimentação enteral e parenteral e seguimento de
1035 crianças com extremo baixo peso aos 18 meses de idade
corrigida na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais.
• Resultados: Foram avaliadas 775 (74,9%) crianças alimentadas com
leite materno e 260 (25,1%) que não foram alimentadas com leite
materno, sendo os dois grupos de crianças similares em suas
características neonatais de morbidade, incluindo os dias de
hospitalização.
•A análise dos ganhos entre o leite humano e não-humano foram
ajustados conforme a idade, nível educacional, estado civil e etnia das
mães, bem como outros parâmetros.
•Para avaliar os resultados obtidos pelas crianças, foram utilizadas as
escalas Baley (Índice de Desenvolvimento Mental, Índice de
Desenvolvimento Psicomotor, Escala de Avaliação de Comportamento e
incidência de novas hospitalizações).
• As crianças alimentadas pelo LM obtiveram índices maiores de
Desenvolvimento Mental ≥85, maiores pontuações no Índice de
Desenvolvimento Psicomotor e melhor desempenho na Escala de
Avaliação de Comportamento nos aspectos relacionados à orientação
e engajamento, regulação motora e pontuação total.
• Não ocorreram diferenças estatisticamente significativas em relação a
ocorrência de paralisia cerebral moderada ou severa, cegueira ou dano
auditivo entre os dois grupos estudados. Também não houve diferença
estatisticamente significativa em relação a média de peso, estatura e
perímetro cefálico entre os dois grupos (ambos com 18 meses de idade).
•Para cada aumento de 10mL/kg/dia de LM acrescentados à dieta, o
Índice de Desenvolvimento Mental crescia cerca de 0,53 pontos, o
Índice de Desenvolvimento Psicomotor crescia cerca de 0,63 pontos, a
Escala de Avaliação de Comportamento crescia cerca de 0,82 pontos e
a incidência de novas hospitalizações apresentava queda de 6%.
• O volume médio de LM por quilo por dia foi calculado e
crianças alimentadas pelo Leite Materno foram divididas e
avaliadas conforme a quantidade de leite ingerida.
• As diferenças no Índice de Desenvolvimento Mental e Índice
de Desenvolvimento Psicomotor foram significativas. Na Escala de
Avaliação de Comportamento houve 14% de diferença nos
índices entre as crianças que receberam quantidades mais altas
e as que receberam quantidades mais baixas de LM
• Em relação aos resultados (Índice de Desenvolvimento Mental,
Índice de Desenvolvimento Psicomotor, Escala de Avaliação de
Comportamento e incidência de novas hospitalizações), apenas
os valores acima do percentil 80 de quantidade de LM na
alimentação foram significativamente diferentes dos valores
obtidos pelo grupo que não utilizou o mesmo.
2010

Impact of breast milk on intelligence quotient, brain size, and white
matter development.
Isaacs EB, Fischl BR, Quinn BT, Chong WK, Gadian DG, Lucas A.
Pediatr Res. 2010 Apr;67(4):357-62. doi:
10.1203/PDR.0b013e3181d026da.
Embora os resultados observacionais que ligam leite materno para pontuações
mais altas nos testes cognitivos podem ser confundidos por fatores associados à
escolha das mães a amamentar, tem sido sugerido que um ou mais
componentes do leite materno facilitam o desenvolvimento cognitivo,
especialmente em prematuros. Porque as pontuações cognitivas estão
relacionadas com o tamanho da cabeça, temos a hipótese de que o leite
materno media efeitos cognitivos por afetar o crescimento do cérebro. Foram
utilizados dados detalhados de um ensaio randomizado de alimentação para
calcular percentagem de leite materno na dieta infantil de 50 adolescentes exprematuros (28 semanas/peso de 1230g). Os exames de ressonância magnética
foram obtidos (média de idade = 15 anos e 9 meses), permitindo o cálculo de
volumes de cérebro total (TBV) e substância branca e cinzenta (WMV, GMV). No
grupo total a percentagem de leite materno na dieta correlacionou com o
quociente de inteligência verbal (VIQ); em meninos, com todas as pontuações
de QI, TBV e WMV. VIQ foi, por sua vez, correlacionada com WMV e, em meninos
somente, adicionalmente, com TBV. Sem relações significativas foram observadas
em meninas ou com substância cinzenta. Estes dados suportam a hipótese de
que o leite materno promove o desenvolvimento do cérebro, o crescimento
assunto que particularmente o branco. O efeito seletivo no sexo masculino está
de acordo com animais e provas humana em relação aos efeitos de gênero da
dieta precoce. Nossos dados têm importantes implicações na saúde
neurobiológica e pública e identificam áreas para futuros estudos.
2013
Perinatal clinical antecedents of white matter microstructural abnormalities on
diffusion tensor imaging in extremely preterm infants.
Pogribna U, Yu X, Burson K, Zhou Y, Lasky RE, Narayana PA, Parikh NA.
PLoS One. 2013 Aug 29;8(8):e72974. doi: 10.1371/journal.pone.0072974. eCollection
2013.Artigo Integral!
 A coorte prospectivo de prematuros extremos (N = 86) e controles
saudáveis a termo(N = 16) foram submetidos a tensor de difusão (DTI) em
idade equivalente a termo. Região de medidas com base em interesses
na microestrutura da substância branca foram quantificadas em sete
regiões cerebrais vulneráveis e foram avaliadas diferenças entre os
grupos. Na coorte de prematuros, análises de regressão linear múltipla
foram realizados para identificar os fatores clínicos independentes
associados com anormalidades microestruturais. RESULTADOS: Os
prematuros apresentaram média (desvio padrão) da idade gestacional
de 26,1 (1,7) semanas e peso ao nascer de 824 (182) gramas.
Comparados aos controles a termo, a coorte de prematuros apresentou
anormalidades microestruturais generalizados em 9 de 14 medidas
regionais. Corioamnionite, enterocolite necrotizante, lesão da substância
branca na ultrassonografia craniana e aumento da duração da
ventilação mecânica foram negativamente correlacionados com
microestrutura regional. Por outro lado, os esteróides pré-natais, sexo
feminino, maior duração da terapia de cafeína e uma maior duração do
uso do leite humano foram fatores favoráveis independentes. Lesão da
substância branca na ultrassonografia craniana foi associada com um
cinco semanas ou mais de atraso na maturação do corpo caloso; cada
adicional de 10 dias de uso do leite humano foi associado com um
período de três a quatro semanas no avanço da maturação do corpo
caloso.
OBRIGADO!
Drs. Fabiana, Giane, Caique , Joseleide, Paulo R. Margotto, Larissa, Ana Lúcia e
Maira
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