Alimentação com leite materno, desenvolvimento cerebral e os resultados neurocognitivos: Um estudo longitudinal de 7 anos em crianças nascidas com menos de 30 semanas de gestação Breast Milk Feeding, Brain Development, and Neurocognitive Outcomes: 7-Year Longitudinal Study in Infants Bor n at Less Than 30 Weeks'Gestation Mandy B. Belfort, Peter J. Anderson, Victoria A. Nowak, Katherine J. Lee, Charlotte Molesworth, Deanne K. Thompson, Lex W. Doyle, and Terrie E. Inder Pediatr. 2016 Oct;177:133-139.e1 Apresentação: Caíque Acácio Gonçalves Coordenação: Paulo R. Margotto Unidade de Neonatologia do HMIB/SES/DF www.paulomargotto.com.br - Brasília, 1 de outubro de 2016 Consultem o artigo Integral! Breast Milk Feeding, Brain Development, and Neurocognitive Outcomes: A 7-Year Longitudinal Study in Infants Born at Less Than 30 Weeks' Gestation. Belfort MB, Anderson PJ, Nowak VA, Lee KJ, Molesworth C, Thompson DK, Doyle LW, Inder TE. J Pediatr. 2016 Oct;177:133-139.e1. doi: 10.1016/j.jpeds.2016.06.045. Epub 2016 Jul 29 Introdução Em populações saudáveis, de termo, a amamentação parece ser benéfico para o neurodesenvolvimento. (1,3) Um mecanismo proposto que liga a amamentação com o desenvolvimento do cérebro são os efeitos dos nutrientes específicos no leite materno que estão ausentes ou presentes em quantidades inferiores na criança alimentadas com formula. (4) Outro mecanismo é através de uma maior sensibilidade para a criança mostrado por mães que fornecem leite, 5, porque a sensibilidade materna está associada a um melhor neurodesenvolvimento. (6) Correlações entre amamentação e o desenvolvimento infantil podem talvez também ser explicadas em parte por fatores sociais, como a educação materna, renda familiar e QI. Materno. (7) Introdução Os efeitos do leite materno e amamentação no desenvolvimento neurológico podem ser bastante diferentes em lactentes muito prematuros do que naqueles nascidos a termo. Nutricionalmente, leite materno é considerado o alimento ideal para recém-nascidos a termo, mas prematuros exigem taxas maiores de nutrientes para coincidir com as do terceiro trimestre. (8) Mesmo com fortificações, o ganho de peso dos bebês alimentados com leite materno fica atrás da dos prematuros alimentados fórmula, (9,10) sugerindo uma possível desnutrição. Introdução Em prematuros extremos hospitalizados, alimentações são normalmente dadas através de sondas em vez de diretamente no peito, impossibilitando as interações que ocorrem durante o ato de amamentar. No entanto, o tempo investido em amamentar pode refletir diferentes níveis de apego ou sensibilidade. Devido estas diferenças entre os prematuros e os termos, é necessário uma pesquisa focada na avaliação dos potenciais benefícios da ingestão de leite materno no neurodesenvolvimento de crianças pré-termo extremo. Introdução Imagens diretas do cérebro podem elucidar mecanismos que relacionam o leite materno, o crescimento do cérebro, e neurodesenvolvimento. Em recém-nascidos a termo, imagens de ressonância magnética(RM) do cérebro demonstraram um maior desenvolvimento da matéria branca de 10 meses a 4 anos de idade 11 e aos 8 anos de idade(12) e maior espessura cortical em adolescente(13) em relação à exposição precoce da amamentação. Em recém-nascidos prematuros, um pequeno estudo(14) (n = 50) encontrou correlações positivas da ingestão do leite materno com o volume total do cérebro aos 15 anos de idade. Outro estudo (15) de prematuros informou que o maior consumo de leite materno foi associado a uma melhor maturação do corpo caloso no termos (40 semanas pós menstrual ), mas as crianças não foram seguidas após a alta . Mais pesquisas são necessárias para determinar a extensão em que a ingestão de leite materno durante o período neonatal afeta o cérebro de prematuro e se os efeitos persistem além do período neonatal. Os objetivos desse estudo foram Avaliar as associações da ingestão de leite materno durante a internação neonatal, com ressonância magnética nos RN com idade equivalente a termo e nas crianças aos 7 anos de idade, e avaliar os resultados do desenvolvimento neurológico aos 2 e 7 anos de idade. Métodos Foram estudados os participantes do VIBeS, num estudo de coorte longitudinal. 224 lactentes nascidos antes de 30 semanas de gestação ou com peso ao nascimento inferior a1250 gramas ao nascer foram inscritos antes da idade equivalente à termo no Royal Women’s Hospital em Melbourne, Austrália, entre julho de 2001 a dezembro de2003. Os critérios de exclusão incluíram anomalias congênitas que provavelmente afetam o desenvolvimento ou a função cerebral. Os pais assinaram termos de consentimento para os seus filhos participarem do estudo. Os conselhos dos Hospitais Royal Women’s Hospital e Royal Children’s Hospital aprovaram o estudo. Para essa análise foram excluídos 44 participantes, devido à falta de dados de amamentação . Os 180 participantes restantes possuíam dados e foram incluídos nesta analise Métodos- Ingestão de leite materno Selecionaram aleatoriamente 20 participantes e verificaram forte correlação com a ingesta de leite humano aos 28 dias e aos 40 dias(r=0,95) Anotaram o volume diário de ingestão de leite materno ou fórmula durante o primeiro ao vigésimo oitavo dia de vida. O fortificante do leite humano foi utilizado de acôrdo cm a prática de cada Unidade A formula para pré-termo foi utilizada quando o leite da mãe estava indisponível ou era insuficiente Não foi utilizado leite de doadoras Métodos - RM Imagens de RM em RN com idades equivalentes a termo e aos 7 anos de idade. Os participantes foram submetidos a ressonância magnética. Nenhuma analgesia ou sedação foi dada. Imagens foram divididas em substância branca , matéria cinzenta cortical, matéria cinzenta nuclear profunda (incluindo gânglios da base e tálamo), líquor , hipocampo e cerebelo Aos 7 anos de idade os participantes foram submetidos novamente a ressonância magnética do cérebro. Foram avaliados: Volume cerebral, substância branca, substância cinzenta cortical e nuclear profunda (núcleos accubens, caudado, putamen e pallidum) cerebelar, volume cerebelar. Métodos- Avaliações no desenvolvimento neurológico aos 2 e 7 anos de idade Examinadores treinados aplicaram as escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil, quando as crianças estavam com 2 anos de idade corrigida. O Bayley-2 compreende o índice de desenvolvimento mental o qual avalia a cognição e o índice de desenvolvimento psicomotor, que mede as habilidades motoras. Aos 7 anos de idade, foram avaliados: inteligência geral, desempenho escolar, atenção, memória, línguas/idioma, percepção visual e função motora. Foram associados pontos a cada parâmetro avaliado. Pontuações mais altas em todos os parâmetros indicam melhor performance. Metodos- Avaliações no desenvolvimento neurológico aos 2 e 7 anos de idade Dados como sexo, idade gestacional, exposição a corticosteróide pré-natal ou pós-natal, necessidade de oxigênio suplementar em 36 semanas, e diagnóstico de sepse ou enterocolite necrosante foram extraídos do prontuário médico. O índice de risco clínico para bebês é um indicador de gravidade de doença. (29) Também foi calculada uma pontuação para risco social, compreendendo a idade materna, estado civil dos pais (casados/divorciados), grau de instrução do cuidador primário do bebê, o emprego, a renda e a linguagem falada em casa. Os participantes foram classificados como maior ou menor risco social. Métodos- Análises estatísticas Foram calculadas duas medidas de ingestão de leite materno: 1) número de dias em que o lactente recebeu> 50% de consumo entérico 2) média de ingesta diária de leite materno Os principais resultados foram a termo equivalente e 7 anos: volumes cerebrais regionais e os resultados dos testes de desenvolvimento neurológico (2 e 7 anos de idade). Métodos- Análises estatísticas Estimou-se associações entre os riscos e os resultados na regressão linear, ajustadas usando equações de estimativas generalizadas com uma estrutura de correlação permutável para agrupamento devido a nascimentos múltiplos. No modelo 0 foi ajustado para o sexo da criança, idade exata no momento da avaliação, e idade gestacional ao nascimento. No modelo 1 a pontuação para risco social (maior vs menor), e modelo 2 foram incluídas variáveis que refletem gravidade de doença neonatal. No modelo 3 foi incluído ganho de peso para explorar o seu efeito mediador, considerando que ajustando a pontuação para a mudança de peso desde o nascimento a termo iria fortalecer as associações entre ingestão de leite materno com os resultados, devido a associações de ingestão de leite materno e menor ganho de peso e menor ganho de peso com resultados menores. Resultados A Tabela I apresenta características dos participantes, que tinham taxas de complicações perinatais e resultados típicos de imaturidade no nascimento. O número médio de dias do dia 0-28 em que crianças receberam leite materno como> 50% da sua alimentação era de 21. (SD 7). A média de ingestão de leite materno nos primeiros 28 dias foi de 90 mL /kg / d (SD 43). Gestações múltiplas composta representam 45% do grupo do estudo. Quando elas são comparadas com gestação de filho único, a média de ingestão de leite materno para múltiplo foi ligeiramente inferior (86 ml / kg / d). Resultados Resultados A Tabela II mostra as associações lineares dos volumes cerebrais estimados aos equivalentes a termo com o número de dias durante os quais leite materno compreendida > 50% de consumo entérico durante os primeiros 28 dias de vida. Em um modelo ajustado apenas para idade, sexo, e idade gestacional ao nascimento (modelo 0), para cada dia adicional de leite materno > 50% do consumo, o volume de substância cinzenta nuclear profunda era 0,11 cc / d maior IC 95%, 0,02-0,20). Esta associação persistiu após ajuste adicional para a pontuação de risco social (modelo 1) e marcadores de doença neonatal (modelo 2, 0,15 cc / d; 95% CI, 0,05-0,25). Além disso o ajuste para ganho de peso neonatal (Modelo 3) não se alterou essas estimativas. Outros volumes cerebrais não foram associados significativamente com dias de ingestão de leite materno de> 50% . Resultados A Tabela III mostra associações de ingestão de média de leite materno nos dias 0-28 com volumes cerebrais a termo, com evidência para uma relação com o volume do hipocampo (0,02 cc por 10 mL / kg / d ; 95% CI, 0,01-0,03), que persistiu após o ajuste para variáveis. Associações de ingestão média diária de leite materno com outros volumes cerebrais parece ser mínima. Resultados Resultados A Tabela IV, mostra a associações de ingestão de leite materno com volumes cerebrais estimados aos 7 anos de idade, com ajuste para a idade, sexo e idade gestacional, o volume intracraniano foi maior (2,67 cc / d com o leite materno> 50% da ingestão; 95% CI, 0.37 4,97). Com o ajuste para risco social e doença neonatal, a estimativa manteve-se semelhante (2,42 cc / d), mas o IC 95% incluíram 0 (0.19-5.04). Observou-se também uma pequena associação com o volume do hipocampo que foi atenuada com ajuste das variáveis. Houve pouca evidência de associações entre a ingestão de leite materno médio diário e outros volumes cerebrais regionais aos 7 anos de idade (Tabela III). Resultados Resultados Houve também pouca evidência de associação entre ingestão de leite materno e o score Bayley aos 2 anos de idade (Tabela V). Em relação aos resultados de 7 anos, no modelo 0, o QI em larga escala foi de 0,5 pontos (95% CI 0,3-0,8) mais elevado para cada dia adicional de ingestão de leite materno acima de 50%; estimativas foram semelhantes com ajuste adicional para variáveis (modelos 1-3). Observou-se um padrão semelhante para QI verbal, matemática e memória. Funcionamento motor também foi maior com o aumento dos dias de leite materno acima 50% com as variáveis ajustadas. (Tabela IV); por exemplo, 0,1 pontos por dia (IC de 95%, 0.03- 0,2) após ajuste para risco social e fatores de doença neonatal (Modelo 2). A Tabela VI mostra associações semelhantes de QI em larga escala com média diária de ingestão de leite materno (0,7 pontos por 10 ml / kg / d; 95% CI, 0,1-1,3) que foi ligeiramente atenuado com ajuste das variáveis. Associações positivas da ingestão media diária de leite materno com a memória também foram observadas, enquanto que a ingestão de leite materno maior foi associado com escores de percepção visual mais baixos (-0,2 pontos por 10 mL / kg / d; IC 95%, -0,3, -0,03 no modelo 2. Resultados Resultados Discussão Em um estudo de coorte contemporâneo de 180 prematuros extremos, foram encontradas associações favoráveis de ingestão de leite materno nos primeiros 28 dias de vida com os resultados do desenvolvimento neurológico em 7 anos de idade. Por exemplo, o QI foi de 0,5 ponto maior por dia adicional em que a ingestão de leite materno foi de> 50% da ingestão enteral total e 0,7 pontos pela ingestão de leite materno adicional por 10ml / kg / d. Os resultados sugerem um impacto substancial da ingestão de leite materno no primeiro mês de vida em prematuros extremos e o neurodesenvolvimento avaliado em idade escolar. O estudo também demonstrou associações da ingestão de leite materno com o tamanho do substância cinzenta nuclear profunda e hipocampo na idade equivalente a termo, embora este efeito não estava presente nos volumes cerebrais avaliados aos 7 anos de idade. Discussão Estudos anteriores apoiando efeitos benéficos da ingestão de leite materno e resultados do neurodesenvolvimento em prematuros crianças, (10,34,35) tem limitações na previsão das atividades cognitivas tardias (26,37). Avaliação na idade escolar como no presente estudo também permite a medição mais pormenorizada do funcionamento cognitivo, incluindo a memória, atenção e desempenho escolar. Esses parâmetros são particularmente importantes para avaliar prematuros extremos, que são propensos a dificuldades nestes áreas. (38-41) Discussão Foram identificados apenas 2 estudos (42,43) de prematuros extremos ou muito baixo peso (<1500 g) nascidos em 1990 ou além dessa data que avaliaram a ingestão de leite materno ou aleitamento materno em relação ao medidas de desenvolvimento neurológico em idade escolar. Uma analise (42) dos dados do estudo EPIPAGE de crianças francesas com idade gestacional <33 semanas mostrou que o risco de um baixo neurodesenvolvimento na idade de 5 anos foi substancialmente menor (OR, 0,7; 95% CI, 0,5-0,9) para crianças que estavam sendo amamentadas no momento da alta. Uma limitação notável no estudo EPIPAGE foi o método de categorização de lactentes baseados em qualquer versus nenhum leite materno no momento da alta hospitalar. Esse método pode ter levado a uma subestimação do efeito tamanho, se muitas das crianças que receberam leite materno no início da internação não receberam no momento da alta. No entanto o presente estudo detalhou a quantidade de leite humano ingerida durante os primeiros 28 dias de vida O presente mostrou evidências entre de associação entre a ingestão de leite materno e medidas de leitura, matemática, memória e função motora. Em geral, parece que a maior exposição ao leite materno está associada não só com maior inteligência geral, mas também com melhor desempenho escolar, memória, e função motora em crianças que nasceram prematuras extremas. Discussão Em contraste com os resultados desse estudo , um estudo (43) norte americano de lactentes de extremo baixo peso não mostraram vantagens da ingestão do leite materno ou amamentação através de 6 meses de idade em um bateria de testes em 6-8 anos de idade, incluindo a inteligência geral, habilidade verbal, habilidades motoras , e as habilidades visuais-espaciais, e uma pequena vantagem em testes de habilidade motora visuais.No entanto... Uma das principais diferenças nesse estudo era sua dependência de relatos dos pais do tipo e duração da amamentação (<1 semanas, 1-4 semanas, 4-6 meses e ≥ 6 meses), ao passo que o presente estudo foi utilizado o registro médico para quantificar o volume de leite materno ingerido nos primeiro 28 dias de internação neonatal Discussão . É possível que o cérebro do prematuro seja mais sensível aos efeitos benéficos do leite materno em particular antes do termo, quando os processos de desenvolvimento tais como crescimento axonal, dendrítico e sinaptogênicos estão em curso e diferentemente dos processos que predominam no pós termo, como mielinização. Discussão Neste estudo, houve pouca evidência estatística para associações entre a ingestão de leite materno e a pontuação de Bayley em 2 anos de idade. No entanto, a estimativa de efeito para o índice de Desenvolvimento Mental (0,4 pontos por dia recebendo> 50% de leite materno) foi semelhante em magnitude à estimativa para IQ aos 7 anos (0,5 pontos por dia), com uma maior variabilidade nas estimativas em 2 do que aos 7 anos. Em um maior estudo de coorte Americano mais abrangente (~ 1000 participantes) (44) de baixo peso extremo (<1000 g), para cada 10 mL de ingestão média diária de leite materno, o Índice de Desenvolvimento Mental em 18 meses foi de 0,5 pontos mais altos. No presente estudos os resultados foram semelhante em magnitude (0,4 pontos superior). Alguns (10), mas não todos (34,45) estudos anteriores descobriram resultados semelhantes desde a infância ate a idade pré-escolar. Discussão O presente estudo é o único em que foram avaliadas as mesmas crianças, tanto em 2 e 7 anos de idade. Em um analise anterior (2) de crianças nascidas a termo que se submeteram avaliação cognitiva aos 3 e 7 anos, os presentes autores encontraram efeitos benéficos de uma maior duração e exclusividade do aleitamento materno sobre a cognição em 7, mas não 3 anos de idade. É possível que a avaliação precoce na infância seja muito cedo para detectar efeitos sutis que são mais evidentes na idade escolar. Também é possível que a influência de determinantes compartilhados com a amamentação e neurodesenvolvimento, como fatores econômicos, ambientais e sociais aumente ao longo do tempo. Discussão Outra característica do estudo foi a análise dos volumes regionais cerebrais em relação à ingestão precoce em prematuros extremos. Em particular, verificou-se que uma maior dose de leite materno (mais dias em que o leite materno constituiu > 50% do consumo) foi associado com maior massa cinzenta nuclear profundo. O tálamo e gânglios basais são as principais estações de retransmissão no cérebro (46) e são fundamentais para a conectividade cortical e eficaz no funcionamento neural. Reduções nos volumes do tálamo e gânglios basais foram previamente associados com mais deficiências em crianças pré-termos. (7-49) Também notou-se que uma maior ingestão média diária de leite materno foi associado com um maior volume do hipocampo em equivalente a termo. Discussão O hipocampo é importante para a memória e aprendizado(50) e foi mostrado anteriormente neste estudo de coorte que o volume maior do hipocampo está associada a melhor memória (51). Em outro estudo foi observado efeito semelhante em adolescentes que nasceram pré-termos. (52) Em geral, estes conclusões sobre o volume de matéria cinzenta nuclear profunda e hipocampo podem oferecer pistas sobre os mecanismos pelos quais leite materno influencia resultados no neurodesenvolvimento tardio. Discussão Os pontos fortes do estudo incluem a alta taxa de acompanhamento ate 7 anos, com medidas detalhadas do neurodesenvolvimento e imagens de ressonância magnética cerebral realizadas em 2 momentos diferentes. Avaliações futuras de dados obtidos desse estudo de coorte em relação a ingestão de leite materno poderiam incluir medidas difusas que refletem a organização microestrutural da substância branca. (16). Não foi possível avaliar o crescimento do cérebro durante a internação neonatal (por exemplo, mudança do tamanho ao nascer até o termo) que seria de interesse, uma vez que há preocupações que mesmo o leite humano fortificado pode não produzir adequada nutrição aos prematuros extremos (9,10.42) Discussão O estudo focou no consumo de leite materno nos primeiros 28 dias de vida, com a vantagem que havia muito pouco atrito que é devido a transferência precoce ou alta que poderiam distorcer os resultados. Em um subconjunto dos participantes, ingestão durante os primeiros 28 dias era altamente correlacionada com a ingestão mais tarde na hospitalização; A ingestão continuada após 28 dias contribuiu para os resultados. Uma limitação desse estudo é que não foram coletadas informações sobre a ingestão de leite materno ou de amamentação após a alta. Discussão Além disso, como qualquer estudo observacional, é sujeito a confusão residual. É notável que muitas das estimativas não foram afetadas pelo ajuste para os riscos sociais e outros; no entanto, nos faltaram dados sobre o QI materno ou estilo parental e, portanto, não poderia ajustar para esses potenciais fatores de confusão. Descobriu-se que uma maior alimentação com leite materno nos primeiros 28 dias de vida foi associado com maior volume de massa cinzenta nuclear profunda e volume do hipocampo em idade equivalente a termo, e com maior QI, desempenho acadêmico, memória, e pontuação motora aos 7 anos de idade em prematuros extremos. Estes resultados fornecem suporte para recomendações nacionais e internacionais para fornecer o leite materno como a dieta principal para crianças prematuras ABSTRACT Objetivos Determinar a associação da ingestão de leite materno após o nascimento com manifestações neurológicas com a idade equivalente a termo e 7 anos de idade em crianças prematuro extremos Desenho do estudo Foram estudados 180 recém-nascidos em uma gestação <30 semanas ou <1.250 gramas de peso de nascimento inscritos no Victorian Infant Brain Studies (VIBeS) de 2001-2003. Calculou-se o número de dias no quais as crianças receberam mais de 50% de leite materno por via enteral de 0-28 dias de vida. Os resultados incluíram volumes cerebrais medidos por ressonância magnética na idade equivalente a termo e 7 anos de idade e testes cognitivos (coeficiente de inteligência (QI), leitura, matemática, atenção, memória, linguagem, percepção visual) e teste motor aos 7 anos de idade. Foram ajustados: idade, sexo, situação de risco social e doença neonatal em regressão linear. Resultados Um maior número de dias em que crianças receberam acima de 50% do leite materno foi associado com maior volume nuclear da massa cinzenta profunda na idade equivalente a termo(0,15 cc / d; 95% CI, 0,05-0,25); e com melhor desempenho aos 7 anos de idade nos testes de QI (0,5 pontos / d; 95% CI, 0,2-0,8), matemática (0,5; 95% CI, 0,1-0,9), memória (0,5; 95% CI, 0,1-0,9) e função motora (0,1; 95% CI, 0,0-0,2) testes. Não foram observadas diferenças nos volumes cerebrais regionais aos 7 anos de idade em relação a amamentação. Conclusão Amamentação nos primeiros 28 dias de vida foi associado com uma maior volume nuclear de massa cinzenta profunda em idade equivalente a termo e melhor QI, desempenho escolar, memória e função motora aos 7 anos de idade em prematuros extremos REFERENCES Nota do editor do site, Dr. Paulo R. Margotto Consultem também! Aqui e Agora Estudando Juntos! Há 22 anos já discutíamos! 1994 Construindo o cérebro do recémnascido (efeito da nutrição na composição do cérebro infantil) Forestes Cockburn. Realizado por Paulo R. Margotto Crescimento do cérebro: 750gs ao nascer e 1100gs com 01 ano. A quantidade de energia que o cérebro do bebê absorve é grande: 65% do insumo de energia vai para o cérebro, muito pouco vai para o fígado, músculos e outros tecidos. O cérebro do bebê humano exige uma grande quantidade de energia para construir novas estruturas, bem como para as suas novas funções. Para isto, é importante a ingestão de gordura. A córtex representa 45% do total do cérebro (350gs); se removermos a água, a córtex tem um peso seco (tecido sólido de 125gs); 75gs destes 125gs são de gordura, sendo 50gs dos 75gs constituídos de fosfolipídios e destes, 4gs no RN que recebe leite materno, será composto do ácido DHA (ácido ducosahexanóico). O DHA é responsável pela fluidez dos impulsos nervosos pela membrana celular. O leite humano não é idêntico: o teor de DHA varia de diferentes partes do mundo, estando na dependência da dieta materna. As mulheres que comem muito peixe têm maiores teores de DHA em seu corpo e em seu leite. Para o RN alimentado ao seio, a sua inteligência e a sua visão ocorrem antes dos RN alimentados com fórmulas artificiais. O RN no peito tem maior acuidade visual e inteligência aos 3 anos se eles tiveram o DHA nas membranas celulares há 2 meses. “Apenas uma pequena percentagem de RN humanos deve correr o risco de ingerir fórmulas artificiais” (Forestes Cockburn) 2006 Leite Materno e Desenvolvimento Cerebral • • • Giancarlo Q. Fonseca, Gisela Maria L. Menezes, Paulo R. Margotto Efeitos Benéficos do Leite Materno na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais no Processo de Desenvolvimento de crianças nascidas com Baixo peso aos 18 meses de idade. O estudo apresenta os efeitos benéficos do Leite Materno no desenvolvimento de crianças nascidas com extremo baixo peso na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais aos 18 meses de idade. Estudo Prospectivo realizado com coleta de dados nutricionais, incluindo alimentação enteral e parenteral e seguimento de 1035 crianças com extremo baixo peso aos 18 meses de idade corrigida na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais. • Resultados: Foram avaliadas 775 (74,9%) crianças alimentadas com leite materno e 260 (25,1%) que não foram alimentadas com leite materno, sendo os dois grupos de crianças similares em suas características neonatais de morbidade, incluindo os dias de hospitalização. •A análise dos ganhos entre o leite humano e não-humano foram ajustados conforme a idade, nível educacional, estado civil e etnia das mães, bem como outros parâmetros. •Para avaliar os resultados obtidos pelas crianças, foram utilizadas as escalas Baley (Índice de Desenvolvimento Mental, Índice de Desenvolvimento Psicomotor, Escala de Avaliação de Comportamento e incidência de novas hospitalizações). • As crianças alimentadas pelo LM obtiveram índices maiores de Desenvolvimento Mental ≥85, maiores pontuações no Índice de Desenvolvimento Psicomotor e melhor desempenho na Escala de Avaliação de Comportamento nos aspectos relacionados à orientação e engajamento, regulação motora e pontuação total. • Não ocorreram diferenças estatisticamente significativas em relação a ocorrência de paralisia cerebral moderada ou severa, cegueira ou dano auditivo entre os dois grupos estudados. Também não houve diferença estatisticamente significativa em relação a média de peso, estatura e perímetro cefálico entre os dois grupos (ambos com 18 meses de idade). •Para cada aumento de 10mL/kg/dia de LM acrescentados à dieta, o Índice de Desenvolvimento Mental crescia cerca de 0,53 pontos, o Índice de Desenvolvimento Psicomotor crescia cerca de 0,63 pontos, a Escala de Avaliação de Comportamento crescia cerca de 0,82 pontos e a incidência de novas hospitalizações apresentava queda de 6%. • O volume médio de LM por quilo por dia foi calculado e crianças alimentadas pelo Leite Materno foram divididas e avaliadas conforme a quantidade de leite ingerida. • As diferenças no Índice de Desenvolvimento Mental e Índice de Desenvolvimento Psicomotor foram significativas. Na Escala de Avaliação de Comportamento houve 14% de diferença nos índices entre as crianças que receberam quantidades mais altas e as que receberam quantidades mais baixas de LM • Em relação aos resultados (Índice de Desenvolvimento Mental, Índice de Desenvolvimento Psicomotor, Escala de Avaliação de Comportamento e incidência de novas hospitalizações), apenas os valores acima do percentil 80 de quantidade de LM na alimentação foram significativamente diferentes dos valores obtidos pelo grupo que não utilizou o mesmo. 2010 Impact of breast milk on intelligence quotient, brain size, and white matter development. Isaacs EB, Fischl BR, Quinn BT, Chong WK, Gadian DG, Lucas A. Pediatr Res. 2010 Apr;67(4):357-62. doi: 10.1203/PDR.0b013e3181d026da. Embora os resultados observacionais que ligam leite materno para pontuações mais altas nos testes cognitivos podem ser confundidos por fatores associados à escolha das mães a amamentar, tem sido sugerido que um ou mais componentes do leite materno facilitam o desenvolvimento cognitivo, especialmente em prematuros. Porque as pontuações cognitivas estão relacionadas com o tamanho da cabeça, temos a hipótese de que o leite materno media efeitos cognitivos por afetar o crescimento do cérebro. Foram utilizados dados detalhados de um ensaio randomizado de alimentação para calcular percentagem de leite materno na dieta infantil de 50 adolescentes exprematuros (28 semanas/peso de 1230g). Os exames de ressonância magnética foram obtidos (média de idade = 15 anos e 9 meses), permitindo o cálculo de volumes de cérebro total (TBV) e substância branca e cinzenta (WMV, GMV). No grupo total a percentagem de leite materno na dieta correlacionou com o quociente de inteligência verbal (VIQ); em meninos, com todas as pontuações de QI, TBV e WMV. VIQ foi, por sua vez, correlacionada com WMV e, em meninos somente, adicionalmente, com TBV. Sem relações significativas foram observadas em meninas ou com substância cinzenta. Estes dados suportam a hipótese de que o leite materno promove o desenvolvimento do cérebro, o crescimento assunto que particularmente o branco. O efeito seletivo no sexo masculino está de acordo com animais e provas humana em relação aos efeitos de gênero da dieta precoce. Nossos dados têm importantes implicações na saúde neurobiológica e pública e identificam áreas para futuros estudos. 2013 Perinatal clinical antecedents of white matter microstructural abnormalities on diffusion tensor imaging in extremely preterm infants. Pogribna U, Yu X, Burson K, Zhou Y, Lasky RE, Narayana PA, Parikh NA. PLoS One. 2013 Aug 29;8(8):e72974. doi: 10.1371/journal.pone.0072974. eCollection 2013.Artigo Integral! A coorte prospectivo de prematuros extremos (N = 86) e controles saudáveis a termo(N = 16) foram submetidos a tensor de difusão (DTI) em idade equivalente a termo. Região de medidas com base em interesses na microestrutura da substância branca foram quantificadas em sete regiões cerebrais vulneráveis e foram avaliadas diferenças entre os grupos. Na coorte de prematuros, análises de regressão linear múltipla foram realizados para identificar os fatores clínicos independentes associados com anormalidades microestruturais. RESULTADOS: Os prematuros apresentaram média (desvio padrão) da idade gestacional de 26,1 (1,7) semanas e peso ao nascer de 824 (182) gramas. Comparados aos controles a termo, a coorte de prematuros apresentou anormalidades microestruturais generalizados em 9 de 14 medidas regionais. Corioamnionite, enterocolite necrotizante, lesão da substância branca na ultrassonografia craniana e aumento da duração da ventilação mecânica foram negativamente correlacionados com microestrutura regional. Por outro lado, os esteróides pré-natais, sexo feminino, maior duração da terapia de cafeína e uma maior duração do uso do leite humano foram fatores favoráveis independentes. Lesão da substância branca na ultrassonografia craniana foi associada com um cinco semanas ou mais de atraso na maturação do corpo caloso; cada adicional de 10 dias de uso do leite humano foi associado com um período de três a quatro semanas no avanço da maturação do corpo caloso. OBRIGADO! Drs. Fabiana, Giane, Caique , Joseleide, Paulo R. Margotto, Larissa, Ana Lúcia e Maira