Economia Monetária II 20ª aula Prof: Francisco Eduardo Pires de Souza Email: [email protected] A Teoria da Política Monetária Novo-Clássica • Em finais dos anos 1970, Robert Lucas, Neil Wallace e Thomas Sargent lideraram a revolução dos Novos-Clássicos, baseada na hipótese das expectativas racionais. • Novos-clássicos divergem dos monetaristas quanto a teoria das expectativas: expectativas racionais (“forward-looking”) x expectativas adaptativas (“backward-looking”) • Implicação da hipótese de expectativas racionais => DM=>DP=>agentes se antecipam elevando P e W => política monetária é ineficaz para alterar produção e emprego mesmo no curto prazo, já que os efeitos sobre preços e salários são imediatos. O modelo novo-clássico e a ineficácia da política monetária • Ponto de partida=> equilíbrio: U = Un • Função oferta de Lucas: Ut = Un – a(pt-pet) a>0 (1) • (1) => Ut = Un sempre que a realidade confirma as expectativas de p • As expectativas inflacionárias são dadas por: pet= E (pt/It-1) (2) Ou seja, a expectativa para a inflação corrente leva em conta todas as informações disponíveis no período imediatamente anterior. • As informações relevantes se referem sobretudo à política monetária, dado que o modelo usado pelos agentes corresponde ao “modelo verdadeiro” (segundo monetaristas e novos-clássicos), segundo o qual: pt=(DM/M)t + dt (3) (variação da oferta monetária mais uma variação inesperada da demanda) O modelo novo-clássico e a ineficácia da política monetária • E as expectativas inflacionárias estariam diretamente ligadas à variação do estoque monetário: • pet = (DM/M)et (4) • Não havendo choque não antecipados de demanda, podemos substituir (3) e (4) em (1), obtendo: • Ut = Un – a[(DM/M)t - (DM/M)et ) (5) • E se os agentes econômicos conhecem a regra de variação do estoque monetário [(DM/M)et = (DM/M)t ] temos: • Ut = U n A Eficácia da Política Monetária de Surpresa • Suponha (seguindo Sargent e Wallace) que o governo adote um procedimento de expansão monetária descrito pela função: • (DM/M)t = y(Ut-1-Un) + f (6) onde y>0 e f é elemento de política monetária de surpresa, conhecido apenas pelas AM (“carta na manga”) • Agentes formam suas expectativas de acordo com a regra que é conhecida, isto é: • (DM/M)et = y(Ut-1-Un) (7) • Substituindo (6) e (7) em (5), tem-se: • Ut = Un – af a>0 (8) • Logo, qualquer desvio da taxa de desemprego em relação à natural será causada por alterações não antecipadas no estoque de moeda. Intervenções discricionárias que pegam os agentes econômicos de surpresa causam tais desvios. Novos-clássicos x Friedman x Tobin • Friedman – desemprego fica abaixo do natural se agentes econômicos são “iludidos”. Como? Se a política monetária torna-se mais expansionista do que no ano anterior, agentes são iludidos porque esperavam a mesma inflação do ano anterior e a inflação corrente é superior a do ano passado. Mas se a política continua assim, eles aprendem e a taxa de desemprego volta à natural. • Novos-clássicos – se as autoridades fazem uma política mais expansionista, eles imediatamente incorporam nas suas expectativas (não ficam apenas olhando para trás). Só são iludidos se um elemento de surpresa é introduzido na política monetária. • Tobin: os keynesianos não podem aceitar a proposição dos novos clássicos, monetaristas e também policymakers de que o pleno emprego é aquele que é consistente com a estabilidade de preços, seja lá qual for a taxa de desemprego. Em suas palavras: “Neither are Keynesians prepared, as monetarists and new classical economists and policy makers often appear to be, to resolve the dilema (entre inflação e desemprego) tautologically by calling full employment whatever unemployment rate results from policies that stabilize prices”. Tobin, J., Policies for Prosperity, pág.11. A superneutralidade da moeda na teoria dos ciclos reais • O que explica as flutuações ou ciclos econômicos? • Modelo Sargent-Lucas – ciclos “monetários”, i.e., causados por surpresa monetária/inflação não antecipada. • Modelo dos ciclos reais (Charles Plosser) - agentes incorporam modelo do BC e antecipam perfeitamente a política monetária. Flutuações do produto são explicadas por choques reais (produtividade, choque político, choques de oferta de commodities, etc). Exclui-se qualquer possibilidade da moeda não ser neutra. A Curva de Oferta de Lucas • No LP, em que, por definiçao, inexistem choques, Y = Y* => nível de produção agregada gerada pelo nível de emprego quando U=Un. Percepção de que houve alta geral dos preços desloca a curva de oferta de CP para a esquerda DM de surpresa desloca D para D’