PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Paradigmas em Estudos Organizacionais: o que fundamenta a ideia de paradigmas- da exclusividade à metatriangulação paradigmática Prof. Lindomar Silva • Quais questões estão postas nos textos? • Para que servem os paradigmas como visão da realidade? • Modos de ver indicam modos de não ver.... • Que conhecimentos eles trazem? • Qual a importância para o trabalho de vocês? • Qual a diferença entre estes textos e os da aula anterior?:. Diferença entre aula anterior e estes textos • Nos textos anteriores era sobre teorias, narrativas; estes sobre mudanças, mas no sentido dos pressupostos que movem os cientistas e como eles explicam o mundo e concebem a ciência: anteriormente, apesar de narrativas e teorias diferentes, o modelo mental(paradigma) era quase o mesmo • Lá era a evolução das teorias, aqui sobre os paradigmas, pressupostos, etc; aqueles elementos intrínsecos ao pesquisador Importância dos textos • Burrel e Morgan(1979)- por sua colaboração para a construção de uma visão paradigmática sobre os estudos organizacionais e demonstrar o que fundamenta cada um dos paradigmas • Caldas(2005)- por sua resenha e introdução aos textos que são analisados, e destaques sobre a importância dos textos • Morgan(2005) – por seu avanço na perspectiva de propor avanços em abordagens paradigmáticas diferentes da hegemônica(funcionalista) e por contribuir com a relação entre paradigmas, metáforas • Burrel (2006): O texto é sobre paradigmas, estruturas, mapas cognitivos, teorias que nós usamos para descrever a forma pela qual abordamos e confrontamos nosso objeto de estudo(439) Os teóricos de organizações, assim como os cientistas de outras disciplinas, com frequência abordam seu objeto de estudo a partir de um marco de referência baseado em pressuposições inquestionáveis”( Morgan, 2007, p. 13) Por muito tempo, a administração (explanandum) foi explicada, disseminada ou estudada(explanans) seguindo o paradigma positivista/estruturalista( Burrell, 2006) O texto como uma reflexão de como os estudos organizacionais saíram de uma perspectiva modernista e evoluem para a perspectiva pós-moderna e funcionalista positivista para outros paradigmas( Foucault, Derrida, etc) Paradigma -definição • Realizações científicas universalmente reconhecidas que durante algum tempo fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”( KUHN, 2009, p.13) • visão implícita ou explícita da realidade. A visão de mundo de cada teórico ou escola de pensamento. Neste sentido, há um grupo de suposições que caracterizam e definem uma dada visão de mundo dos pesquisadores que trabalham com teorias dentro deste paradigma(MORGAN, 2007, p. 13) • Premissas, práticas e acordos compartilhados numa comunidade científica( LEWIS e GRIMES, 2007, p. 34 Paradigmas e metáforas e estudos Organizacionais: Burrell e Morgan(1979) Considerações iniciais: • defendem que a teoria social pode utilmente ser concebida em termos de 4 paradigmas-chave baseados sobre grupos diferentes de suposições metateóricas sobre a natureza da ciência social e a natureza da sociedade. Os 4 paradigmas estão fundados em visões mutuamente exclusivas do mundo social(p.viii)-cada um tratando de seu mundo • Em relação à teoria das organizações, cada paradigma gera teorias e perspectivas que estão em fundamental oposição às outras geradas em outros paradigmas. Paradigmas e metáforas e estudos Organizacionais: Burrell e Morgan(1979) É preciso que cada teórico saiba bem em que se fundamenta sua teoria para poder conhecer o que fundamenta os demais teóricos que lhe são opostos. Ao conhecer bem seus fundamentos, e conhecer os demais, ele pode adequadamente saber as fronteiras entre os fundamentos de sua teoria e das teorias de outros teóricos; Mesmo que alguns teóricos não tenham consciência das suposições que fundamentam suas pesquisas, é claro que eles usam, mesmo, inconscientemente os fundamentos de alguma destas suposições. A consciência sobre estas suposições, faz com que os teóricos tragam para seu objeto de estudo um quadro de referência que reflete uma série inteira de suposições sobre a natureza do mundo social e a maneira na qual ele pode ser investigado. Paradigmas em estudos Organizacionais: Burrell e Morgan(1979) Às vezes os teóricos estão reunindo em um mesmo trabalho de pesquisa, suposições sobre o mundo social que são diametralmente opostos. As conclusões de Burrel e Morgan(1979) permitiram definir um esquema teórico( mapa intelectual) sobre quais teorias sociais poderiam ser agrupadas de acordo com suas fontes e tradições; toda teoria, mesmo que pareça “fora do ar”, tem uma história estabelecida por trás dela. Assim, cada uma das teorias pode ser alocada em um dos 4(quatro) paradigmas definidos pelos autores; Os conceitos de um paradigma não podem ser facilmente interpretados nos termos dos conceitos de outro paradigma (incomensurabilidade). Compreender um novo paradigma exige que ele seja explorado de dentro deste novo paradigma, em termos de sua própria problemática. Os fenômenos que não se ajustam aos limites do paradigma frequentemente nem são vistos. Os cientistas também não estão interessados em novas teorias; mostram-se intolerantes com aquelas inventadas por outros. Em vez disso, a ciência normal está dirigida para a articulação daqueles fenômenos e teorias já fornecidos pelo paradigma( KUHN, 2009, p. 45) Paradigmas em estudos Organizacionais: Burrel e Morgan, 1979 • Como os autores definiram os paradigmas: Pressupostos Caracterização Natureza da Ciência Social Objetivista Subjetivista Natureza da Sociedade Sociologia da Regulação Sociologia da Mudança Radical • Características dos paradigmas Subjetivista Sociologia da mudança radical Objetivista Sociologia da mudança Radical Subjetivista Sociologia da Regulação Objetivista Sociologia da Regulação Pressupostos sobre A natureza da ciência Social • Os autores caracterizam os paradigmas em função 4 pressupostos: • Ontologia: como é a realidade a ser investigada • Epistemologia: como o conhecimento é obtido • Natureza humana: relação do ser humano com seu ambiente • Metodologia: como abordar o objeto de pesquisa • Estes quatro pressupostos vão definir a natureza da ciência no que se refere aos critérios objetividade –subjetividade • No quadrante apresentado por Burrel e Morgan, a identificação da teoria e fenômenos vai classificá-los como subjetivista ou subjetivista. • No que se refere à metodologia, Burrel e Morgan consideram que diferentes ontologias, epistemologias e modelos de natureza humana levam os cientistas a metodologias diferentes( Burrel, e Morgan, 1979, p. 2) A dimensão Objetivista - Subjetivista Abordagem subjetivista para ciências Sociais Abordagem objetivista para ciências Sociais Nominalismo Ontologia Realismo Anti-Positivismo Epistemologia Positivismo Voluntarismo Natureza Humana Determinismo Ideográfico metodologia Nomotético Garantir o rigor teórico-metodológicoepistemológico-ontológico Pressupostos sobre a Natureza da Sociedade • O debate: • Ordem X Conflito • Sociologia da Regulação x Sociologia da Mudança Radical • Duas teorias da sociedade: ordem e conflito A visão da ordem ou integração da sociedade enfatiza O conflito ou visão da coerção da sociedade enfatiza Estabilidade Integração Coordenação Funcional Consenso Mudança Conflito Desintegração Coerção Ordem X Conflito • Teorias funcionais estão envolvidas com processos que servem para manter os padrões dos sistemas: estão interessadas na explanação do status quo. Semelhante à ciência Normal de Kuhn(2009)- interessada em manter seus limites e teorias. • Teoria do conflito buscam explicar o processo e a natureza da mudança estrutural Sociologias: regulação e mudança Regulação Mudança Radical • Enfatizam a unidade e coesão da sociedade • Regulação das ações humanas • Busca compreender porque a sociedade é mantida como uma entidade • Busca compreender porque a sociedade é mantida junta em vez de desmoronar • Ele está interessado em compreender as forças sociais que impedem a visão Hobesiana de guerra de todos contra todos tornar-se realidade • Descobrir explicações para a mudança radical, o conflito estrutural profundamente arraigado • Busca explicações para os modos de dominação e das contradições estruturais • Sociologia interessada na emancipação do homem de suas estruturas que limitam seu potencial e impedem seu desenvolvimento • É visionária e utópica naquilo que olha como potencialidades A dimensão regulação - mudança Sociologia da Regulação tem relação com Sociologia da mudança radical tem relação com Status quo Mudança radical Ordem social Conflito estrutural Consenso Modos de dominação Integração social e coesão Contradições Solidariedade Emancipação Satisfação de necessidades Privação Atualidade (realidade presente) Potencialidades Os paradigmas: as bases da ciência Social e da Sociedade Sociologia da Mudança Radical Objetivista Subjetivista Sociologia da Regulação Os paradigmas: as bases da ciência Social e da Sociedade Sociologia da Mudança Radical Humanista radical Estruturalista Radical Objetivista Subjetivista Interpretativista funcionalista Sociologia da Regulação Os paradigmas: as bases da ciência Social e da Sociedade Sociologia da Mudança Radical Busca livrar o ser humano das restrições sociais, critica-se o status quo, vê a sociedade Humanista como anti-humana. Do ponto Radical de vista da ciência social é nominalista, voluntarista, antipositivista e ideográfica. Coloca ênfase na dominação, emancipação, potencialidades Subjetivista e privação Interpreta tivista Busca entender o mundo social a partir da experiência subjetiva do indivíduo; considera o indivíduo parte importante no processo de construção da teoria; do ponto de vista da ciências social é nominalista, anti-positivista, voluntarista e ideográfico; também busca compreender o status quo, a ordem social, o consenso, integração social, e coesão Destaca o conflito estrutural, os modos de dominação, contradições e privações; Do ponto de visa da ciência social é realista, positivista, determinista e nomotético; Os conflitos e mudanças geram a emancipação do homem Estruturalis ta Radical Objetivista Explicações do status quo, da ordem social, da integração social, da solidariedade, e da necessidade de satisfação. Do ponto de vista da ciência social, funcionalista é: realista, positivista, determinista e nomotético; busca explicações racionais para o mundo social; usa métodos das ciências naturais para problemas sociais Sociologia da Regulação Paradigmas e metáforas e estudos Organizacionais: Observações • Morgan, apesar de ter escrito o texto com Burrel e Morgan(1979), acaba em dado momento descolando-se um pouco da visão paradigmática para avançar na descrição metaparadigmática. Neste sentido, seria possível pensar não na exclusividade de um ou outro paradigma, mas a utilização de vários para tentar construir um conhecimento mais amplo sobre o objeto de estudo. • É preciso reconhecer as limitações de cada paradigma, teoria ou metáfora, dando espaço para análise multi, trans ou pluri paradigmática. As considerações finais de Morgan(1996) em cada um dos capítulos do livro a imagem das organizações permitem entender a necessidade desse reconhecimento das fragilidades e limitações de cada metáfora ou paradigma. • Esse reconhecimento das limitações de paradigmas e metáforas é o caminho utilizado pelo próprio Morgan e por Lewis e Grimes(2007) para reelaborarem as perspectivas sobre a segregação de cada paradigma para pensar em um metaparadigma ou em uma visão multiparadigmática, e na metatriangulação Discussão • Como o seu trabalho se enquadra nestas categorizações de Burrel e Morgan, a partir da visão da ciência Social e da Natureza da Sociedade? Discutir em grupos de 5.. • Atividade é buscar enquadrar o trabalho nas dimensões descritas por Burrel e Morgan, a partir da ontologia, epistemologia, natureza humana e metodologia • Classificar também em função da Natureza da Sociedade: o que você vai fazer está adequado em qual das dimensões sociologia da regulação ou da mudança radical As metáforas Metáforas • A metáfora é o exercício intelectual do pesquisador que permite apreender o mundo concreto, por meio de elementos simbólicos; • Ela atua por meio de intersecção e sobreposição, ao tentar efetuar comparações entre os objetos de análise e a metáfora que simbolicamente representa aquele objeto. • Poderíamos pensar na ideia do Tipo Ideal de Weber- temos o que significa uma máquina(pelas suas características). Se estas características são encontradas em nossa organização, pode-se dizer que ela é mecanicista, pois se adequa ao tipo ideal e à metáfora da máquina. Paradigmas e metáforas e estudos Organizacionais: Metáforas • Concepção: é por meio de metáforas que os teóricos implícita ou explicitamente escolhem suas estruturas de referência para desenvolver suas pesquisas. Por exemplo, pensar que a organização é uma máquina é muito diferente de pensá-la como um organismo vivo, ou uma realidade socialmente construída, ou um sistema político, etc.(MORGAN, 2005, p. 63) • A utilização da metáfora serve para gerar uma imagem para se estudar o objeto: o que é este objeto para o pesquisador: Máquina? Organismo?cultura? Paradigmas e metáforas e estudos Organizacionais: Metáforas • A escolha de uma metáfora indica apenas o que seria uma organização para o pesquisador. Como ele pensa ser a organização(máquina, organismo, realidade social construída, etc). O paradigma está acima da metáfora em termos conceituais, e permite ao pesquisador alocar-se dentro de concepções de mundo que defendam seu ponto de vista. Por exemplo: • Metáfora da Cultura: paradigma funcionalista ou interpretativista? • Funcionalista: Schein, Deal e Kennedy, Ouchi pensam a cultura como algo perfeitamente gerenciável, • Interpretativista: Geertz, Sahlins, Carrieri pensam a cultura como algo socialmente construído e longe da visão positivista da realidade dada. Paradigmas e metáforas e estudos Organizacionais: Metáforas • Nenhuma metáfora pode captar a natureza total da vida organizacional; • É preciso, por isso, pensar na análise metametafórica das organizações • É preciso pensar em utilizar as concepções de outras metáforas e abordagens para a compreensão maior das organizações. Mesmo firmado em seu ponto de vista, ampliar a concepção teórica pode favorecer uma apreensão maior do objeto; • Essa visão é uma contestação ao próprio trabalho de Burrell e Morgan(1979) que defendiam uma incomensurabilidade entre os paradigmas: ou um ou outro- Morgan começa a divergir, entendendo a necessidade de se pensar em triangular metáforas, paradigmas e teorias • Logo, para entender qualquer fenômeno organizacional, devem ser utilizadas muitas ideias metafóricas diferentes Paradigmas e metáforas: suas relações • “ Analisando como as atividades específicas(teorias, metodologias) da resolução de quebra-cabeças estão relacionadas a determinadas metáforas que, por sua vez, estão em concordância com determinada visão de mundo, o teórico pode se tornar muito mais consciente do papel que desempenha em relação à construção social do conhecimento científico”(MORGAN, 2005, p. 60) • Assim, a relação entre Paradigmas, metáforas e teorias e metodologias precisa ficar bem definida no escopo do trabalho do pesquisador. Um paradigma encaminha uma metáfora que encaminha um grupo de teorias e metodologias que se enquadram neste modelo teórico. Paradigmas, Metáforas e teorias Interpretativista Funcionalista Metáfora da Máquina Taylor Fayol Metáfora Orgânica Teoria de sistema Teoria da Contingênci a Metáfora Realização Etnometodo logia Metáfora do Texto Hermenêutica Paradigmas, Metáforas e teorias Humanista Radical Metáfora Prisão Psíquica Teoria Crítica Teoria antiorga nização Estruturalismo Radical Metáfora Instrumento de Dominação Teoria organizacional Radical Paradigmas: a caminho da multiplicidade de paradigmasmetatriagulação – Lewis e Grimes, 2007 • Toma como base os trabalhos de Burrel e Morgan(1979) • Considera que a partir da década de 90 começa-se a ampliar o estudo de paradigmas alternativos como o interpretativista e críticos • Em contrapartida, esse movimento tem aumentado o distanciamento entre teóricos de paradigmas diferentes, • Inibindo as possibilidades de conversão entre estes teóricos, o que poderia ser útil para o desenvolvimento do conhecimento científico • Por isso, os autores se apoia na seguinte questão: como conduzir pesquisas baseadas em vários paradigmas? Paradigmas: a caminho da multiplicidade de paradigmasmetatriagulação – Lewis e Grimes, 2007 • Sugere-se então que se busque desenvolver teorias mais inclusivas, no lugar de se aumentar as fronteiras e a guerra entre os teóricos de cada paradigma • O uso de paradigmas conflitantes sobre um mesmo objeto pode fornecer informações sobre o fenômeno complexo que é a organização • Para dar conta desta complexidade organizacional e da necessidade de pensar em ampliar a capacidade explicativa dos teóricos, recorrem os autores a ideia da METATRIANGULAÇÃO, como uma estratégia de aplicação da diversidade paradigmática para promover maior insight e criatividade Paradigmas: a caminho da multiplicidade de paradigmasmetatriagulação – Lewis e Grimes, 2007 • A investigação multiparadigmática envolveria três aspectos principais: • A) revisões multiparadigmáticasenvolvem o reconhecimento de divisões e interligações na teoria existente( por exemplo, pela caracterização dos paradigmas X e Y) • B) Pesquisa multiparadigmática: envolve a utilização empírica de lentes paradigmáticas (X e Y) para coleta e análise dos dados e para o cultivo de suas diversas representações dos fenômenos organizacionais • C) construção teórica multiparadigmática- envolve justapor e fazer ligações entre os insights paradigmáticos conflitantes( X e Y) para obter um novo entendimento Z Paradigmas: a caminho da multiplicidade de paradigmas-metatriagulação – Lewis e Grimes, 2007 Paradigmas: a caminho da multiplicidade de paradigmasmetatriagulação – Lewis e Grimes, 2007 Paradigmas: a caminho da multiplicidade de paradigmasmetatriagulação – Lewis e Grimes, 2007 ATIVIDADE Com o mesmo trabalho realizado na etapa anterior o que poderia ser investigado a partir de outros paradigmas?