ESTRANGEIRISMOS DA LÍNGUA INGLESA NA INFORMÁTICA E NA GESTÃO DE NEGÓCIOS THIAGO DA SILVA GARCIA Monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia de Mococa, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Tecnólogo em Informática – Ênfase em Gestão de Negócios. Orientadora: Rosana Ferrareto Lourenço Rodrigues Mococa 2007 Dedico À minha família, Oscar, Lenita e Carol, pelos valores inestimáveis de amor, amizade e confiança. À minha noiva, Rita, pelo exemplo de presença e compreensão que tem demonstrado junto a mim. AGRADECIMENTOS A Deus, meu Senhor, presente em todos os momentos de minha vida. À Profª. Rosana Ferrareto Lourenço Rodrigues, por sua competência, dedicação e disponibilidade como orientadora. Aos Professores que participaram e contribuíram para minha formação em mais este ciclo que se completa. Aos amigos, por muito contribuírem para minha formação e por proporcionarem momentos inesquecíveis nesta caminhada que agora chega ao fim. A todos que colaboraram e acreditaram na realização deste trabalho, muito obrigado. Se você faz o que sempre fez, vai conseguir sempre o que você conseguiu. Cláudio Márcio RESUMO O objetivo desta pesquisa é analisar a presença e a utilização de estrangeirismos da língua inglesa em duas áreas extremamente influenciadas pela globalização, a Informática e a Gestão de Negócios. No campo da Informática, será possível compreender a origem de algumas palavras e expressões que dão nome a equipamentos e serviços presentes no nosso cotidiano. Na maioria das vezes, referimo-nos a estes equipamentos e utilizamos tais serviços de forma automática, porque já estamos familiarizados com os mesmos em sua grafia em inglês, mas não temos noção dos significados em nosso idioma. Na área de Gestão de Negócios não é muito diferente. A presença dos estrangeirismos é evidente e inevitável. O grande número de empresas multinacionais presentes em nosso país e a quantidade de produtos e serviços nacionais exportados fazem com que o mercado de trabalho esteja cada vez mais globalizado. Assim, é essencial ter profissionais preparados para negociações internacionais, nas quais a língua inglesa é a “senha de acesso”. Todos os dias, ouvimos falar em Business, E-Commerce, Marketing e raramente paramos para nos perguntar o que seria cada uma destas expressões. Contudo, a partir desta pesquisa todos poderão compreender melhor cada uma delas, pois quisemos esclarecer aqui os termos estrangeiros da Informática e da Gestão de Negócios, manipulados pelos profissionais, em sua origem, sentido, estrutura e aplicação. Ao partir da do senso comum, transformamos curiosidade em informação e consolidamos conhecimento através desta pesquisa. Para isso, colhemos fatos e ouvimos as opiniões de dois profissionais, um da Informática e outro da Gestão de Negócios, e registramos suas considerações em um questionário anexo a este trabalho. Também abordamos o lado social da entrada de estrangeirismos da língua inglesa em nosso país. Alguns especialistas, de diversas áreas, mostram-se contrariados e preocupados com uma possível descaracterização do nosso idioma frente ao grande número de estrangeirismos em nosso cotidiano. O fato leva um deputado a elaborar um Projeto de Lei proibindo tais estrangeirismos. Entretanto, vários especialistas, e principalmente um grupo de lingüistas que vêem a presença de palavras de origem inglesa como empréstimos válidos para o nosso idioma, criticam duramente esse Projeto de Lei e apontam falhas em sua composição ao mostrar que os estrangeirismos contribuem para o enriquecimento de nosso vocabulário. ABSTRACT The objective of this research is to analyze the presence and the use of foreign words of the English language in two areas extremely influenced by the business-oriented globalization, Computer science and Business Management. In the field of Computer science, it will be possible to understand the origin of some words and expressions that name the equipment and services present in our daily lives. Most of the time, we refer to these pieces of equipment and use such services automatically, because we are already familiar with them and their spelling in English. Even though, we have no idea of their meanings in our language. In the field of Business Management it is not very different. The presence of the foreign words is evident and inevitable. The great number of multinational companies in our country and the amount of exported national products and services make the work market more into the globalization. Besides, it is essential to have professionals that are prepared for international negotiations, in which the English language is the “password of access”. Every day, we hear terms such as Business, E-Commerce and Marketing but rarely do we stop to ask what these expressions really mean. So, this research will enable a better understanding of each one of these terms. We have intended here to clarify the foreign terms of Computer Science and Business Management, dealt with by professionals, in its origin, meaning, structure and application. Coming from the common sense, we have intended to transform curiosity into information and thus, consolidate knowledge through this research. For this, we have collected facts and have heard the opinions of two professionals, one of Computer Science and another one of Business Management, and registered their considerations in an attached questionnaire to this work. Also we have approached the social side of the entrance of foreign words of the English language in our country. Some specialists, of diverse areas, reveal opposition and concerns about a possible de-characterization of our language toward the great number of foreign words used on a daily basis. The fact takes a representative to elaborate a Project of Law forbidding such foreign words. However, some specialists, and mainly a group of linguists who see the presence of words of English origin as valid borrowings to our language, criticize this Project of Law fiercely and point imperfections in its composition by showing that the presence of foreign words contribute for the enrichment of our vocabulary. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios vii SUMÁRIO INTRODUÇÃO ….....................................................................................................................8 1 - A LÍNGUA INGLESA E A INFORMÁTICA .....................................................................9 1.1- Estrangeirismos informatizados ou Informática estrangeira.............................................11 2 - A INFLUÊNCIA DA LÍNGUA INGLESA NA GESTÃO DE NEGÓCIOS ....................16 2.1 - Estrangeirismos da Língua Inglesa na Gestão de Negócios ............................................18 2.2 - E-Commerce ....................................................................................................................21 2.3 - Os estrangeirismos e as diferenças culturais ...................................................................23 3 – ESTRANGEIRISMOS: DESCARACTERIZAÇÃO OU ENRIQUECIMENTO CULTURAL DA LÍNGUA NO AMBIENTE GESTOR INFORMATIZADO ......................25 CONCLUSÃO..........................................................................................................................32 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................34 ANEXO 1 .................................................................................................................................35 ANEXO 2 .................................................................................................................................40 INTRODUÇÃO Com o fim da Segunda Guerra Mundial houve uma explosão de informatização seguida de uma globalização digital através da grande rede de computadores, a Internet, evidenciando que a língua inglesa seria a base da informática e de suas extensões, forçando a criação de um vocabulário mais técnico que se tornou comum no ambiente informatizado. Mas a informática não foi à única responsável por esta revolução lingüística pela qual estamos passando. O ambiente empresarial, na busca de novos e eficazes métodos de Gestão de Negócios, também tem contribuído para esta invasão da língua inglesa no nosso cotidiano. Ao mesmo tempo em que é possível observar linguagens de programação baseadas em algoritmos desenvolvidos com comandos em inglês, também se torna possível listar diversos serviços, produtos, departamentos, métodos administrativos e outros que constituem a Gestão de Negócios. Todavia, nem todos os brasileiros vêem com bons olhos o crescente número de palavras e expressões de língua inglesa em uso atualmente no português. Muitos brasileiros vêem o grande número de termos ingleses em uso no português como ameaça à cultura nacional ou até mesmo como uma forma de colonização. No ano de 1999, o então Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B – SP), elaborou o projeto de Lei Nº 1676/99 visando à proibição de palavras estrangeiras em todos os meios de comunicação. Tal Lei impõe multas em caso de descumprimento. A partir destas informações, podemos analisar se o domínio e compreensão da língua inglesa ou nos proporcionarão melhor entendimento e maior facilidade para lidar com um ambiente gestor informatizado, ou se estamos sendo apenas coniventes com esta invasão lingüística. 1 – A LÍNGUA INGLESA E A INFORMÁTICA A influência da língua inglesa no vocabulário de outras nações não é uma novidade ou algo que tenha sido iniciado durante o processo de globalização. Tal influência teve início durante o século XVII, quando começaram os processos de migração dos povos europeus, principalmente os ingleses, para o continente americano, para a Austrália e para a Nova Zelândia. Durante os séculos XVIII e XIX, a busca e conquista de novas colônias por parte da Grã-Bretanha tornaram-se mais intensas e efetivas do que no século anterior, levando o idioma inglês através de novas fronteiras. Os EUA, colônia britânica mais desenvolvida pós-independência, tornaram-se uma das nações mais fortes do mundo e, com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, despontaram para o mundo como maior poderio econômico-técnico-científico e com total domínio da informática como afirma o professor do Departamento de Lingüística Aplicada do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp John Robert Schmitz. A expansão da língua inglesa vem de longa data. O primeiro momento é no século XVII com a migração de europeus para o continente americano e para Austrália e Nova Zelândia; o segundo momento ocorreu nos séculos XVIII e XIX com o estabelecimento de verdadeiras "esferas de influência" ou colônias principalmente por parte de Grã-Bretanha na África, no Oriente Médio, na Ásia e na Oceânia. O terceiro momento teve início a partir do fim da Segunda Grande Guerra em 1945 com o surgimento dos EUA como poderio econômico-técnico-científico (SCHMITZ, 1999, p.61). Podemos considerar que, há algum tempo, o inglês deixou de ser propriedade exclusiva de uma nação ou raça, principalmente após o desenvolvimento da informática e expansão da Internet. O professor John Robert Schmitz afirma que desde a década de 60 o inglês já foi oficializado como idioma em aproximadamente 60 países e tem se destacado como novo idioma em outros 20 países diferentes. [...] a partir dos anos 60, foram institucionalizadas outras variedades de inglês, cada uma com a sua norma, sua cultura, seus romancistas e poetas, Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 10 seus próprios dicionários e “novos” falantes nativos. É importante lembrar que o inglês desde muito tempo deixou de ser a propriedade exclusiva de uma nação ou raça; o referido idioma é oficial ou semi-oficial em 60 diferentes países e tem uma posição de proeminência em outros 20 (SCHMITZ, 1999, p.64). No final do século XX, com o aumento e consolidação da informatização, iniciou-se uma aceleração do processo de globalização digital através da Internet, que se tornou uma rede de comunicação em massa, transpondo fronteiras culturais, sociais e históricas. Através da rede mundial de computadores, os usuários têm acesso a informações do mundo todo, conforme disponibilidade do sistema virtual de informações. Desta forma, o desenvolvimento e a utilização da Internet acabaram permitindo aos seus usuários, a criação de uma linguagem própria. Portanto, de uma maneira ou de outra, os usuários acabam compreendendo o conjunto da rede e os termos que determinam seu conteúdo e funcionamento. O surgimento de uma linguagem universal, no seu sentido amplo, é um dos aspectos mais importantes da globalização digital. Assim, o inglês acabou assumindo essa linguagem, envolvendo a padronização das palavras e dos conceitos sociais, tornando-se segundo Soares: [...] o processo mais eficaz que a história conhece no plano da instauração de uma língua transnacional, ultrapassando modelos imperialistas tradicionais ou processos colonialistas convencionais (SOARES, 1997, p.21). A língua é um campo aberto e ilimitado, passível de alterações de significado e empréstimos lingüísticos, conseqüência da necessidade de se nomear os avanços tecnológicos e as novas conquistas humanas. A formação da linguagem da informática, impulsionada significativamente pela expansão da Internet, passa pela criação e aceitação, ou seja, envolve tanto alguém que cria um novo vocábulo para situar a comunidade popularizando novos termos quanto os que serão sues usuários com freqüência. É importante destacar também, neste instante de popularização de termos, um possível processo de banalização e/ou vulgarização da linguagem, que tem a finalidade de promover uma melhor comunicação entre especialistas e leigos. Neste sentido, afirma Andrade: [...] a banalização permite, dentre outros aspectos, a comunicação entre o leigo e o especialista, e funciona, também, para o iniciante, como instrumento de acesso a um novo universo de discurso (ANDRADE, 1998, p.21). Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 11 Através da difusão da informática, a linguagem da Internet, linguagem digital em uso, constrói-se a partir da língua comum adaptando vocábulos, em grande parte, por meio de empréstimos da língua inglesa. Conseqüentemente, a globalização lingüística em favor da língua inglesa, é uma realidade neste início de século, sobretudo pela chegada de novas tecnologias da informação. Neste sentido, percebemos que não seria bom impedir a disseminação dos termos ingleses na área da informática, por que isso impediria a entrada, no Brasil, de tudo que se refere à área (equipamentos, programas, computadores e toda tecnologia a qual tais termos vêm aplicados). 1.1 – Estrangeirismos informatizados ou Informática estrangeira No vocabulário da informática, onde os conceitos se renovam, ocorrem o “Computês” (computador + inglês + português) e/ou “Informatiquês” (informática + inglês + português) que são processos de popularização da linguagem técnica ou informatizada. Quando os estrangeirismos chegam ao Brasil ou a outros países, a falta de conhecimento da língua inglesa leva nossos técnicos a manterem as palavras em seu estado original, ou seja, em inglês. Dentre os estrangeirismos de informática, encontramos alguns que acabaram se tornando produtivos no português atual, por meio da norma e da fala através do aportuguesamento. Ao se aportuguesar o estrangeirismo “scanner”, aparelho de ultra-sonografia utilizado na informática, para o português “escâner”, criamos também o verbo “escanear” que, na sua forma original, seria “to scan”, ato de visualizar algo ou apenas dar uma olhada em algo. No livro Inglês Made in Brasil, Martinez afirma que: Existe a versão aportuguesada da palavra, “escâner”, mas este livro sempre procurou refletir a realidade da língua. Uma pesquisa feita na Internet deu as provas necessárias para tomar a decisão de deixar a versão com ortografia inglesa: em sites de língua portuguesa, mais de 150.000 exemplos de scanner. Exemplos de escâner: apenas 96. não obstante, o português, na sua maravilhosa flexibilidade e vitalidade inventou a palavra escanear (MARTINEZ, 2003, p.103) Seguindo esta mesma linha do informatiquês, encontramos também o estrangeirismo “start”, ato de iniciar algo e, a partir desta expressão, criamos o verbo “startar” ao invés de utilizarmos o tradicional em português “iniciar”. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 12 Outro verbo muito utilizado no ambiente informatizado é “deletar”, que foi criado a partir da expressão “delete” e que poderia simplesmente ser aplicado em português através dos verbos “apagar” ou “excluir”. Outro exemplo, vindo agora da sonoridade do idioma estrangeiro é um simples estalo, som seco e súbito produzido com ímpeto, que também importamos através da informática. É o “click” que, como as expressões anteriores, usamos para criar o verbo “clicar”, muito aplicado quando se utiliza o mouse. O mouse é uma das ferramentas que compõe o conjunto de hardware e é utilizado para interação entre usuário e máquina. Seus inventores, ingleses naturalmente, o acharam parecido com um camundongo e lhe deram este nome devido à semelhança com o bichinho. O bichinho é cinzento e rabudo, ou era, pois agora fabricam ratinhos de todas as cores, modelos e tecnologias tornado possível à criação de ratinhos sem rabo. Muitos brasileiros, por não conheceram a pronúncia correta, pronunciam musse, confundindo o nome de uma sobremesa com o nome de um objeto que não é macio nem doce. Aquela superfície que serve de piso para o mouse é chamada de mouse pad, que em português poderíamos entender como almofadinha ou tapetinho do rato. O nome deste acessório também tem criado grandes confusões para os brasileiros, por falta de compreensão sintática da língua ou por tentar dar sentido, estão chamando o tapetinho de “pé-de-máusi”. Ao tentar dar sentido ao estrangeirismo emprestado, as variações lingüísticas acontecem. Nesse processo, associações são feitas para facilitar a compreensão do usuário, mesmo que ele desconheça sua origem. O mouse e o mouse pad são acessórios que constituem o hardware. Para Martinez, a palavra hardware é o resultado da junção das palavras hard (duro) e ware (equipamento), desta forma, foi adotada para caracterizar todos os acessórios que constituem a parte física do computador. Antes da expansão da informática, hardware era utilizado toda vez que alguém se referia a ferramentas ou ferragens. Como os primeiros computadores eram mais analógicos e menos digitais, suas estruturas eram enormes e sugeria a utilização de ferragens que determinaram a adoção do nome hardware. Antes da popularização do computador pessoal, hardware significava somente “ferragens”. Uma loja de material de construção, por exemplo, é uma hardware store em inglês. Os primeiros computadores eram enormes e os engenheiros usavam todo tipo de peças de metal e outras ferragens para construí-los (MARTINEZ, 2003, p.99). Outra ferramenta de hardware muito conhecida é o Joystick, popularmente conhecido como um tipo de controle. Tem substituído outra ferramenta do hardware, o teclado, para melhorar o desempenho do usuário em diversos tipos de jogos virtuais. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 13 Joystick é outro exemplo da junção de duas palavras, joy (felicidade) e stick (pau), que ao pé da letra compreendemos como “pau da felicidade”, expressão estranha, mas que na maioria das vezes não é percebida. A aplicação do uso de joystick para jogos de computadores é recente, mas anteriormente já havia sido utilizado, com muito sucesso no início do século passado, em aeronaves de pequeno porte e também em aviões militares que necessitam executar manobras extremas através de comandos simples. Joystick vem de joy (felicidade), e de stick, que é pau, nesse caso, alavanca. No começo do século passado, pequenos aviões tinham um controle que era uma alavanca comprida com uma esfera na extremidade superior, que ficava entre as pernas do piloto. De brincadeira, era chamado de joystick, ou “pau da felicidade” (MARTINEZ, 2003, p.101). A Internet, principal meio de comunicação atualmente e grande contribuinte no processo de globalização, pode até passar despercebida, mas também é um estrangeirismo da língua inglesa. Em 1969, o Pentágono desenvolveu uma rede de computadores chamada ARPAnet. Esta rede fazia parte de uma pesquisa realizada pela “Agência de Projetos de Pesquisa Avançada”, ou seja, ARPA (Advanced Research Projects Agency). O Departamento de Defesa Norte-americano, ao adotar o projeto de pesquisa como uma de suas armas em 1982, sugeriu a mudança do nome do projeto, então uma realidade, para Internet. Não existe uma tradução específica para Internet: para alguns, “Rede Mundial de Computadores”; para outros, “A Grande Rede”. Mas o fato é que ela é tão popular que já está sendo apelidada simplesmente de “The Net”. Tudo começou com interesses militares. A palavra Internet data de 1982, e era o nome dado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos à sua rede de computadores. Originalmente era um programa do Pentágono, chamado ARPA – Advanced Research Projects Agency (MARTINEZ, 2003, p.101) O americano Marc Andreessen, fundador da empresa Netscape, desenvolveu, em 1993, um sistema chamado Mosaic. O sistema Mosaic foi o primeiro browser a ser desenvolvido. O browser é a principal ferramenta de navegação que o usuário utiliza para localizar o que precisar na Internet, ou seja, é o “navegador de Internet”. O termo browser é derivado da expressão inglesa browse, e significa “olhar sem saber o que está procurando”. O verbo to browse em inglês significa “olhar sem saber o que está procurando”, especialmente, quanto a livros e compras. O primeiro browser, ou “navegador de Internet”, foi lançado em 1993. Foi um sistema chamado Mosaic, criado pelo americano Marc Andreessen (MARTINEZ, 2003, p.95). Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 14 Ao falarmos em Internet, não podemos esquecer da World Wide Web, ou simplesmente o acrônimo WWW, como é mais conhecida. Trata-se de um sistema que surgiu em 1993 e possui padrões para armazenar, recuperar, formatar e apresentar informações utilizando uma arquitetura cliente/servidor com padrões aceitos universalmente. A World Wide Web, ou apenas Web, utiliza uma combinação de elementos gráficos, sonoros, textos e hipermídias que lhe permitem administrar todos os tipos de comunicação digital, facilitando a conexão com qualquer parte do mundo. A linguagem padrão é baseada em hipertexto chamada Hypertext Markup Language, ou simplesmente HTML, outro acrônimo muito conhecido na informática. Este padrão de linguagem da Web formata documentos e estabelece a reunião de links (ligações), o que permite o livre acesso a outros documentos armazenados no mesmo computador ou em computadores remoto. Uma das ferramentas mais utilizadas da Internet é o e-mail, ou seja, o correio eletrônico. Ray Tomlinson, engenheiro americano que trabalhava na ARPAnet, foi o inventor do e-mail. Tomlinson tinha como função desenvolver um novo sistema de mensagens que pudesse ser utilizado na rede de computadores. O projeto se chamava send-message (manda mensagem) e ficou caracterizado como um detalhe adicionado por Tomlinson nos endereços de e-mail, a arroba (@). Este símbolo, em inglês, é chamado de ‘at’, ou seja, at this address (neste endereço). “Parecia fazer sentido, usei a arroba para indicar que o usuário estava ‘at’ algum outro computador, e não na rede local”, afirmou Tomlinson. O e-mail, atualmente, deixou de ser apenas uma diversão para troca de mensagens e se tornou um dos mais importantes serviços da Internet. Organizações utilizam-no para facilitar a comunicação entre funcionários e escritórios e para se comunicar com clientes e fornecedores. Pesquisadores usam este recurso para compartilhar idéias, informações e até documentos. Outro serviço on-line conhecido é o chat, no português bate-papo, onde duas ou mais pessoas conectadas simultaneamente à Internet conversam interativamente em tempo real, ao vivo. O verbo to Chat do inglês, representa o ato de conversar com alguém ou conversar sobre algo e, para isso, os usuários utilizam as Chat rooms, salas de bate-papo. Os grupos de batepapo são divididos em salas com tópico próprio de conversação. Mas uma nova geração de serviço de bate papo, chamado Messenger, o mensageiro, funciona através de mensagens instantâneas e permite ao usuário criar seu próprio grupo de bate-papo e ainda contar com recursos de alerta, imagem e sons. O Chat e o Messenger se tornaram ferramentas de negócios efetivas permitindo conversas e reuniões interativas sobre determinados tópicos. Laudon afirma que: Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 15 A Internet é considerada a maior, mais conhecida e mais utilizada rede de computadores do mundo, e que já faz parte do dia-a-dia da maioria das pessoas. Sua utilização é bastante difundida em todo o mundo, fato que faz com que, pessoas de diversas nacionalidades e culturas, estejam interligadas entre si, através dos inúmeros serviços disponíveis, tais como o e-mail, as páginas em hipertexto (html), grupos de discussão, fóruns de bate-papo (chat), transferência de arquivos. A World Wide Web é como um conjunto de padrões referentes ao armazenamento, organização e apresentação de informações em um ambiente de redes (Laudon, 1999). Através destes serviços de comunicação eletrônica fornecidos pela Internet, os CEOs – Chief Executive Officer (Chefe do Setor Executivo) – passarão a ter em suas mãos novas ferramentas como o E-Commerce, E-Business, E-Services e outros que lhes permitirá expandir e ultrapassar novos limites. Devido a esta grande demanda por novas tecnologias, dentro das quais grande parte dos comandos e operações acontecem em língua inglesa, os CEOs, ao operar as máquinas, devem buscar preparação para lidar com um ambiente de negócios globalizado, e por isso, cada vez mais envolvido por estrangeirismos da desse idioma. 2 – A INFLUÊNCIA DA LÍNGUA INGLESA NA GESTÃO DE NEGÓCIOS Desde o fim da década de setenta e principalmente nas décadas de oitenta e noventa, a globalização tem se fortalecido como nova diretriz para a organização da economia dos mais diferentes países do mundo, atingindo todos os setores da gestão de negócios e da organização social. Atualmente, a somatória da crescente internacionalização e a dependência mútua dos diversos setores de gestão, através da formação de áreas de livre comércio, são características da globalização da economia. A mundialização do capital ou aldeia global, ou ainda mercado único, são expressões utilizadas para caracterizar a globalização. Globalização que conhecemos muito bem e que depende totalmente do capitalismo como afirma Ianni: As metáforas da globalização estão por aí: fim do Estado, fim da Geografia, fim da História, mundialização, aldeia global, mercado único etc. No entanto é preciso lembrar que o capitalismo sempre foi internacional (IANNI, 1997, p.75). As principais características da globalização são a interdependência econômica e a crescente integração entre países de todos os continentes. Hoje, as grandes corporações de empresas transnacionais controlam a economia mundial, gerando um aumento da concorrência entre empresas e profissionais em nível nacional e internacional. A tendência à globalização, como forma de expansão, sempre esteve aliada ao capitalismo através da vontade de se construir uma sociedade global. Desta forma, o conhecimento ocupa um papel estratégico na escolha dos profissionais que, ao ingressarem no mercado de trabalho, serão capazes de aliar qualidade e eficiência. Através da globalização, os estrangeirismos da língua inglesa, já existentes em nosso cotidiano, tornaram-se mais freqüentes e necessários. Há alguns anos, mais exatamente em 16/09/1998, a revista Veja publicou uma matéria com o seguinte título: “O Idioma Mundial – o que os brasileiros precisam fazer para Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 17 aprender”, que indicava e sustentava a língua inglesa como uma senha de acesso ao mundo do trabalho globalizado. Através desta matéria, podemos constatar que o inglês já não é apenas um conhecimento a mais, e sim, um pré-requisito para conquistar um emprego em grandes empresas e principalmente em setores da área de gestão de negócios. O inglês é, em geral, a língua estrangeira mais procurada pelos jovens profissionais brasileiros que almejam posição de destaque no mercado de trabalho globalizado. Este fato retrata a força e presença dos Estados Unidos diante do atual momento da globalização da economia mundial, como afirma Alvarez: Os jovens brasileiros podem ignorar totalmente a economia ou a história, porém suas atitudes frente às línguas refletem muito bem a situação dominante em seu país do ponto de vista político e econômico. No caso do Brasil, por exemplo, rodeado por uma dezena de países de fala espanhola, os jovens não mostram maior interesse pelo estudo do espanhol. Por outro lado, como refere Gómes de Matos no volume IV de “Trends in Lingüistics”, o inglês é visto pelos jovens como o idioma que assegura êxito na vida. Sem dúvida esta atitude está refletindo o domínio considerável dos capitais norteamericanos na economia brasileira e o peso considerável dos Estados Unidos como centro de irradiação ideológica (ALVAREZ, 1986). Assim, essa importância e necessidade da língua inglesa fazem parte das exigências do mercado de trabalho, na medida em que esta vem sendo apontada como “Língua Universal”. Desta forma, a afirmação feita por Gerardo H. Alvarez se torna incompleta, pois percebemos que em muitos outros países a língua inglesa também tem se tornado requisito essencial. Nos países classificados com periféricos ou subdesenvolvidos, como é enquadrado o Brasil, quando se fala do desemprego utiliza-se como justificativa a falta de qualificação do trabalhador. E, no atual contexto histórico, a qualificação também é avaliada mediante o conhecimento ou não da língua inglesa, intitulada como a língua da globalização. O competitivo mercado de trabalho exige cada vez mais dos profissionais. Em um mundo de negócios globalizados, com empresas internacionais instaladas no Brasil e empresas nacionais buscando seu espaço no exterior, a fluência em inglês é item obrigatório. David Goldich, diretor da Paradigm Consultoria, em entrevista ao Informativo CNA – 2005 afirmou que: Multinacionais e mesmo as nacionais, de qualquer segmento, precisam de profissionais que transmitam as informações em mais de um idioma. No mesmo informativo, o diretor de Gestão de Pessoas da TAM deixa clara a importância do inglês em diferentes setores da empresa: [...] o domínio do inglês ainda é o mais importante, muitos cargos administrativos e de manutenção também exigem o domínio do inglês. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 18 Cristina Schumacher, consultora de avaliação e ensino de inglês, expôs em uma entrevista à revista Amanhã que o inglês e a globalização caminham juntos e quem não se adaptar estará alheio ao mercado de trabalho: [...] a globalização acontece no inglês, e quem não tem condições de usar essa ferramenta de comunicação é excluído do processo, fica marginal, assistindo (SCHUMACHER, 1999, p.1). Até que ponto os argumentos veiculados são verdadeiros? Falar com fluência o idioma estrangeiro universal é necessário ou simplesmente operar os estrangeirismos da área de atuação profissional é o suficiente? 2.1 – Estrangeirismos da Língua Inglesa na Gestão de Negócios A língua inglesa é uma linguagem que já pertence ao mundo inteiro. É o idioma comum utilizado como meio de comunicação entre falantes de línguas diferentes. Cada vez que um profissional desenvolve um serviço, a partir de uma nova idéia, ele pensa em divulgá-la para outros países. Esta internacionalização de novos serviços torna cada vez mais importante o uso da língua inglesa, que garante a viabilização da comunicação no mundo profissional, como afirma Martinez: Hoje em dia, o mundo profissional, nas esferas mais altas, virou o mundo da língua inglesa. Quanto mais internacional, mais importante o uso do inglês. Isso significa que se um profissional tem uma idéia nova, e quer que essa idéia saia não só do papel, mas do país também, precisa pensar em como vai mostrar essa idéia ao resto do mundo (MARTINEZ, 2003, p.IX) Segundo Martinez, o inglês é a língua estrangeira mais falada em todo o mundo. Usada oficialmente em mais de 60 países como idioma de todos os meios de comunicação, dos negócios, da tecnologia, da medicina, da ciência, do turismo, dos esportes e da Internet. No mundo dos negócios o Inglês é a língua oficial de empresas como a Nokia (Finlândia), Sansung (Coréia), Siemens (Alemanha), Louis Vuitton (França) e Merloni SpA (Itália). Segundo dados recentes divulgados pela União Européia, na Suécia, 17 das 20 maiores empresas já adotaram a língua inglesa como idioma oficial. Dentre os diversos estrangeirismos utilizados na área de Gestão de Negócios, o “Marketing” está entre os mais conhecidos atualmente. Segundo Martinez, o Marketing, expressão derivada da palavra market (mercado), é compreendido em português como a divulgação e negociação de serviços, idéias e Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 19 mercadorias. Atualmente, o marketing é o principal responsável pela divulgação da imagem das empresas, principalmente das multinacionais. Dos velhos mercados da Inglaterra, to market significava “negociar”, “divulgar” sua mercadoria – normalmente da maneira como se faz ainda hoje nos velhos mercados: aos gritos (MARTINEZ, 2003, p.43). Duas ferramentas muito utilizadas pelo marketing são o “Outdoor” e o “Slogan”. O Outdoor é uma espécie de propaganda ou publicidade realizada “ao ar livre” através de painéis ou cartazes. Os outdoors são estrategicamente instalados em locais de grande circulação de pessoas como avenidas, centros comerciais e sobre edifícios. A palavra outdoor significa literalmente “ao ar livre” e passou por um processo denominado brasilianismo. O nome apropriado dessa forma de propaganda é billboard. Porém, o brasileiro, ao incorporar seu uso, convencionou chamá-la erroneamente de outdoor, uso que aponta, na ordem do sentido, para o lugar em que ela fica. A outra ferramenta, o Slogan, é uma expressão proveniente do exército norte-americano. É algo que descreve a necessidade de se chamar a atenção para uma ordem, para uma tendência e significa “grito de guerra”. As grandes multinacionais e principalmente as grandes marcas de roupas, calçados, cosméticos, automóveis agregam aos seus produtos Slogans que prendem a atenção dos consumidores e os levem a associar o seu dia-a-dia à necessidade do produto. Um Slogan famoso e reconhecido mundialmente é o “Just Do It”, da empresa de materiais esportivos Nike. No livro Inglês Made In Brasil, Martinez descreve outdoor como: Out é fora em inglês, e Door é porta.Outdoor é uma redução de outdoor advertisement (anúncio ao ar livre) ou também outdoor advertising (publicidade ao ar livre) (MARTINEZ, 2003, p.43). E demonstra a origem da expressão Slogan: Prova de que, algumas vezes, o setor bélico oferece algo de interessante, a palavra Slogan veio do gaélico, e significava “grito de guerra” (MARTINEZ, 2003, p.44). Também é muito comum ouvirmos gestores, gerentes, administradores questionarem o “Know How” de novos profissionais ou de novos serviços. O “Know How” nada mais é que a aplicação do conhecimento adquirido pelo profissional ou a capacidade de um serviço suprir as necessidades da empresa. Um empreendedor que deseja investir em seu próprio negócio ou em uma nova idéia dentro da empresa precisa ter “feeling” necessário para saber o melhor caminho a seguir. O feeling é a sensibilidade que o profissional da área de gestão de negócios deve ter para não tomar decisões ao acaso, colocando em risco sua equipe ou a empresa. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 20 Quando uma empresa realiza uma auto-avaliação baseada em parâmetros estabelecidos pela concorrência com a intenção de superá-los, ela está passando por um processo de “Benchmarking”. Este processo é uma forma de estabelecer uma referência que torna possível o nivelamento de medidas subseqüentes. Em 1992, o economista norte-americano Gregory Watson publicou o livro Strategic Benchmarking. Neste livro, Gregory utilizou pela primeira vez a expressão “Best Practice” que caracteriza a prática ou técnica mais eficiente, dentre várias, a ser adotada pela empresa. O grupo de consultoria americano Arthur Andersen foi o primeiro grupo empresarial a introduzir esta expressão no Brasil. É muito comum ver profissionais de setores como financeiro e de planejamento se reunirem para discutir como anda o “overhead” da empresa. Esta expressão, overhead, é muito utilizada quando precisam se referir em geral aos custos operacionais da empresa, que podem estar abaixo ou acima do esperado ou do pré-estabelecido pelos setores competentes. A partir de uma tradução ao pé da letra, poderíamos compreender overhead como algo “em cima da cabeça”, como afirma Martinez: Overhead vem da idéia de alguma coisa “em cima da cabeça”: over (em cima) + head (cabeça), como um teto (pronto para desabar a qualquer momento) (MARTINEZ, 2003, p.44). Outro estrangeirismo da língua inglesa muito comum na gestão de negócios é o Business. Muito se fala sobre business, mas nem todos sabem que business e negócios são a mesma coisa. Um executivo ou empresário é chamado de businessman, ou seja, homem de negócios; no caso das mulheres, temos businesswoman para empresária ou executiva. Um CEO - Chief Executive Officer (Chefe do setor executivo) – é uma pessoa com a mais alta responsabilidade ou autoridade em uma organização ou corporação e também pode ser um businessman. Neste início de terceiro milênio, através da junção da informática com o mundo dos negócios, estamos experimentando um acelerado processo de globalização econômica. Muitas formas de negociações começaram a ser feitas e as empresas que, de alguma forma, estão envolvidas com a tecnologia da informação, inclusive as empresas ligadas à Internet, fazem parte do que vem sendo denominado de “Nova Economia”. A terminologia utilizada nesta “nova economia” vem sendo consolidada como é o caso do termo “E-Business”, ou negociações eletrônicas. Tendo em vista a amplitude das atividades empresariais que estão sendo desenvolvidas por meio da Internet, essa expressão Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 21 tem sido utilizada no sentido de englobar os termos “E-Commerce” (Comércio Eletrônico) e “E-Services” (Serviços Eletrônicos). 2.2 – E-Commerce As empresas utilizam a Web da maneira que mais lhe interessam, buscando sempre a facilidade de acesso às informações aliado ao retorno financeiro que esta pode trazer. O número de empresas com sites na internet cresce a cada dia, pois é uma forma de estarem ligadas, em tempo real, com as partes interessadas, seja um cliente, uma outra empresa ou um investidor. Cabe às empresas aproveitar da melhor forma possível este novo desafio criado pela internet. De acordo com Laudon: A Web vem surgindo gradativamente no ambiente empresarial. Várias empresas utilizam a Web para inúmeros fins. Empresas de jornais, por exemplo, oferecem o mesmo material impresso de forma eletrônica nos seus sites. Outras empresas utilizam a Web como catálogo on-line, onde se mantêm atualizados produtos e preços e permitindo pedidos on-line. As lojas varejistas já utilizam a internet há mais tempo, oferecendo a comercialização de produtos a clientes (LAUDON, 1999). O E-Commerce, ou comércio eletrônico, é caracterizado através da compra e venda de produtos e serviços pela internet, aliado à facilidade de utilizar um browser para o acesso às informações. O número de consumidores no comércio eletrônico tem um extraordinário e constante crescimento, mostrando o grande potencial da Internet no mundo dos negócios. A oferta e o contrato são feitos por transmissão e recepção eletrônica de dados. A respeito do E-Commerce, Korper afirma que: Com a Internet, a empresa pode controlar a compra e a venda de produtos, estando ligado instantaneamente com fornecedores, parceiros e consumidores. Para determinadas empresas, adaptar o seu negócio para o comércio eletrônico não é uma tarefa fácil. Pode exigir a redefinição de marketing, vendas, serviços e produtos, e a interação dos fornecedores (KORPER, 2000). A partir do sistema de E-Commerce, outros três estrangeirismos surgiram na gestão de negócios, o Business-To-Business, o Business-To-Consumer e o Consumer-To-Consumer. O Business-To-Business (B2B), no português, não apresenta uma tradução específica, mas podemos compreender como uma forma de comércio eletrônico entre empresas. Este sistema possui a forma de catálogos eletrônicos, usados para compras entre empresas e permitem que empresas compradoras procurem por produtos, baseados em características e ou preço. Os benefícios destes catálogos são a facilidade de uso, a flexibilidade e a facilidade de Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 22 atualização. Um sistema B2B, se utilizado corretamente, pode contribuir com o corte de custos administrativos, redução do estoque de mercadorias, e obter preços mais competitivos, em relação à tomada de preços com os fornecedores de forma manual. Com a facilidade de conexão entre as empresas de qualquer parte do mundo, possibilita a realização de parcerias de negócios, com variedade de ofertas, à medida que novas empresas irão se cadastrando no sistema. Para simplificar ainda mais, pode-se comparar o B2B à compra e venda por atacado. Segundo Korper o Business-To-Business é: A venda de produtos e serviços entre empresas e automação de sistemas através da integração. Esta categoria de comércio envolve fornecedores, distribuidores, fabricantes, lojas, e outros. A maioria das transações ocorre diretamente entre dois sistemas. Supõe-se que uma empresa fabrique roupas. Para a fabricação da roupa, é necessária a parceria de vários fornecedores, desde os tecidos aos botões costurados. O objetivo do comércio eletrônico é automatizar a cadeia de fornecimento (KORPER, 2000). O Business-To-Consumer (B2C), também não apresenta uma tradução definitiva, podendo ser compreendido como comércio eletrônico entre empresas e consumidores. Ambos são duas categorias de comércio eletrônico que diferem no foco do comércio, às empresas ou indivíduos, cuja abordagem transacional é diferenciada. O termo representa qualquer relação comercial entre uma empresa e um consumidor. Comparando ao B2B, podemos dizer que o B2C equivale ao varejo. A grande vantagem do B2C online é que a pessoa compra sem sair de casa, e, muitas vezes, encontrando até preços melhores. Segundo Korper o Business-To-Consumer : Envolve interação e transação entre uma empresa e seus consumidores. Seu foco é o marketing e a venda de produtos e serviços para o consumidor. Muitas pessoas já conhecem ou utilizaram este sistema na internet. Empresas, tais como Lojas Americanas, Submarino, entre outras que possuem sites de venda aos consumidores. Com alguns cliques do mouse, as pessoas compram passagens aéreas, flores, livros, cds, entre outros. O aliado do comércio eletrônico direcionado ao cliente é a facilidade de uso aliado a economia de tempo e dinheiro para a compra de um determinado produto, substituído pela forma “tradicional”, ou seja, a locomoção até a localização física de determinada loja (KORPER, 2000). O Consumer-To-Consumer (C2C), a exemplo dos dois anteriores, não pode ser traduzido através de uma expressão específica. O termo representa as relações comerciais entre duas pessoas físicas, sem que haja qualquer empresa diretamente envolvida. Os principais representantes do C2C on-line são os leilões virtuais. As empresas servem como mediadoras das transações comerciais entre duas pessoas, garantindo que uma irá receber o produto que pagou e a outra receber pelo que vendeu. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 23 Nestes três tipos de E-Commerce, B2B, B2C e C2C, toda interação e mediação estão impregnadas de termos estrangeiros. 2.3 – Os estrangeirismos e as diferenças culturais Atualmente os CEOs, enquanto mediadores das transações comerciais internacionais, precisam estar atentos e conduzir seus negócios com muita atenção e principalmente sensibilidade quando elementos como o idioma e as diferenças culturais estão envolvidos. Para muitos especialistas, as companhias não estão se preparando de maneira correta para lidar com as diferenças culturais quando colocam seus produtos no mercado internacional. As empresas de software norte-americanas desenvolvem produtos para serem comercializados em todo o mundo. A Microsoft, por exemplo, é a maior vendedora de software e conta com os melhores profissionais da área, mas cometeu um grande erro ao utilizar um formulário de imposto de renda como arquivo Excel. Pegue a Microsoft, a líder mundial em venda de software, por exemplo. Apesar de supostamente estar de acordo com a filosofia “inglês é apenas uma outra língua”, ela ainda está lançando produtos domésticos por todos os lados. Se não fosse assim, por que ela teria incluído um formulário de imposto de renda americano como exemplo de arquivo do “Excel”? Parece que ninguém considerou que isso não seria apropriado ao redor do mundo (Cruz, 2003, p.111). Empresas de software como a Lotus e a Claris, apesar de serem menores, apresentaram maior sensibilidade do que a Microsoft quanto ao idioma e as diferenças culturais. A companhia Lótus desenvolveu a versão arábica do 1-2-3 para Windows com alterações para o idioma local e alterações da interface de modo que a escrita fluísse no sentido contrário indo da direita para a esquerda ao invés de ir da esquerda para a direita, como no idioma original. A Claris entrou no mercado japonês com o seu software de gráficos de negócios, e além da alteração do idioma para o idioma local, ela também adaptou o aplicativo com características específicas e conteúdos voltados para o mercado japonês. Por outro lado, companhias menores como a Lótus têm feito ótimos trabalhos. Um exemplo é a versão arábica do 1-2-3 para windows. Ela não apenas mudou a língua, mas reverteu toda a interface, indo da direita para a esquerda ao invés de esquerda para direita. Claris, outra companhia de software, mandou seu aplicativo de gráficos de negócios, Impacto, para o Japão não apenas com uma mudança de língua, mas características Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 24 específicas para o mercado japonês e conteúdos voltados para o gosto japonês (Cruz, 2003, p.111). A sensibilidade de empresas globalizadas deve transcender a mera preocupação com a operacionalização de produtos domésticos em terrenos estrangeiros. A Pepsi-Cola, por exemplo, teve um problema com seu slogan “Come Alive With Pepsi!” (“Venha à Vida com Pepsi!”). Depois de grande sucesso nos Estados Unidos, a Pepsi iniciou sua campanha internacional e cometeu um grande erro, por falta de sensibilidade, ao traduzir seu slogan literalmente para outras línguas. Na Alemanha o slogan da Pepsi pedia aos alemães para “Saírem dos Túmulos”, e na China dizia que “a Pepsi traz seus ancestrais de volta dos túmulos”. A confusão com o slogan levou a Pepsi a desenvolver um informe publicitário no qual os mortos saem de suas sepulturas em busca de uma lata de Pepsi. Outra empresa que teve problemas, ao comercializar seu produto internacionalmente, foi a General Motors. O veículo Chevy Nova foi um sucesso nos Estados Unidos e em outros países, mas na América Latina o Chevy nunca foi a lugar nenhum. O motivo principal neste caso foi o nome do produto, porque o a expressão “NO VA” em espanhol, língua mais falada na América Latina, significa “Não vai”. Diante destes exemplos, percebemos que as companhias estão aprendendo, da maneira mais difícil, que a falta de sensibilidade na introdução dos estrangeirismos em outros países pode prejudicá-las de maneira irreversível. Muitas pessoas podem avaliar esses enganos, que emergem na e pela língua através do mau uso dos estrangeirismos, como uma descaracterização cultural. 3 – ESTRANGEIRISMOS: DESCARACTERIZAÇÃO OU ENRIQUECIMENTO CULTURAL DA LÍNGUA NO AMBIENTE GESTOR INFORMATIZADO A língua falada por um determinado povo é e sempre foi afetada por palavras e expressões de uma outra língua. Essas palavras podem ser denominadas empréstimos ou estrangeirismos. Na atualidade, é a língua inglesa que exerce forte influência nas línguas faladas ao redor do mundo. Com o avanço da globalização tecnológica enfrentada pelo mundo e, de certa forma, liderada por falantes da língua inglesa, tornou-se ainda mais rápido e eficiente à influência dessa língua na fala de outros povos. Ao mesmo tempo, uma emergente relação comercial cede, sem grande ou nenhum esforço, ao apelo da máquina globalizante capitalista, explorando a associação entre a língua inglesa, a informática e a gestão de negócios. É neste e por este novo cenário mundial que as línguas sofrem influências mútuas de forma ímpar, revelando, por muitas vezes, um cidadão multilíngüe em uma conotação nova, que reconhece a ação do intercâmbio sócio, cultural e econômico na língua de um dado povo. A presença de inúmeros estrangeirismos de origem inglesa no português do Brasil reflete a condição do inglês como idioma internacional, de amplo acesso no mundo. Atualmente é o idioma falado nos quatro continentes por aproximadamente 500 milhões de pessoas, que consideram o referido idioma sua língua materna, como destaca Martinez: Tendo viajado a vários países do mundo, posso afirmar, com toda certeza, que o inglês não é mais americano, nem britânico, nem australiano. O inglês pertence ao mundo inteiro, sendo o idioma comum quando convergem falantes de línguas diferentes. Já existem quase 500 milhões de falantes de inglês como língua materna (MARTINEZ, 2003, p.IX). Para muitos especialistas no campo dos estudos lingüísticos, como John Robert Schmitz, neste início de milênio, querendo ou não, o inglês é o latim do século XXI. Está fadado a ser, em um mundo cada vez mais globalizado e internacionalizado, o veículo Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 26 transmissor de conhecimento tecnológico, científico e cultural. Para os que o dominam, um passaporte para o emprego e uma garantia de prestígio e ascensão social. Com relação à linguagem, o filósofo Ludwig Wittgenstein afirma em sua obra, Philosophical Investigations, que “Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”. Através desta afirmativa de Wittgenstein percebemos que os profissionais de áreas diretamente ligadas à globalização, como informática e gestão de negócios, devem buscar o conhecimento da língua inglesa que é a senha de acesso ao mundo globalizado. Segundo John Robert Schmitz, a existência de vocábulos estrangeiros em um determinado idioma, para alguns indivíduos, representa uma postura colonialista e uma perda de soberania ao passo que para outros a introdução de termos de origem estrangeira simboliza um avanço científico-tecnológico. Não é uma tarefa muito fácil conciliar estas duas posições. Para alguns especialistas, o inglês é um verdadeiro carrasco que se infiltra em outras línguas e promove uma revolução cultural. Nelly Carvalho afirma que: A língua é o testemunho e a prova insofismável do domínio cultural. Ela denuncia influências e correntes ideológicas, mais do que se possa imaginar (CARVALHO, 1989, p.26). No ano de 1999, o então Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B), atualmente no PL, elaborou o Projeto de Lei Nº 1676/99 visando à proibição de palavras estrangeiras em todos os meios de comunicação, argumentando que a presença de estrangeirismos está desfigurando ou descaracterizando o nosso idioma. A História nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua. Por quê? Porque é o modo mais eficiente, apesar de geralmente lento, para impor toda uma cultura - seus valores, tradições, costumes, inclusive o modelo socioeconômico e o regime político. (REBELO, 2001). Em 28 de março de 2001, ao expor suas justificativas à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), acusou o processo de globalização de ser abusivo e lesivo ao idioma português à níveis culturais. Foi assim no antigo oriente, no mundo greco-romano e na época dos grandes descobrimentos. E hoje, com a marcha acelerada da globalização, o fenômeno parece se repetir, claro que de modo não violento; ao contrário, dá-se de maneira insinuante, mas que não deixa de ser impertinente e insidiosa, o que o torna preocupante, sobretudo quando se manifesta de forma abusiva, muitas vezes enganosa, e até mesmo lesiva à língua como patrimônio cultural. (REBELO, 2001). Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 27 Aldo Rebelo se mostrou desconfortável com a distância que está se criando entre os habitantes das cidades, expostos constantemente aos estrangeirismos, e os habitantes rurais, que por terem pouco contato com as expressões importadas, apresentam dificuldades para compreender os serviços e produtos disponíveis principalmente em setores informatizados. Outro detalhe destacado pelo deputado foi o fato de que muitos estrangeirismos são usados sem critérios lingüísticos, na escrita e na fala, ao mesmo tempo em que se poderia utilizar vocábulos similares em português. Segundo Caia Fittipaldi, integrante do grupo dos Lingüistas Brasileiros para a Democracia, assim como temos de defender as línguas indígenas contra o avanço das línguas uniformizantes de colonização, assim temos de defender o português do Brasil, no século XXI, contra o avanço do inglês norte-americano da globalização desigual. Não há aqui nenhuma xenofobia: cada vez que se defende uma língua local (seja um idioma indígena, seja uma língua nacional, dá na mesma), defende-se, sim, a diversidade cultural e lingüística. Caia Fittipaldi é defensora do Projeto de Lei Nº 1676/99, de Aldo Rebelo, e concorda com a criação de leis que obriguem a proteção e preservação de tudo que é natural em uma nação, principalmente o idioma, do ataque estrangeiro. Temos de cuidar de preservar o português do Brasil contra o avanço do inglês norte-americano que, convenhamos, nada tem de 'natural' e é movido só pelos interesses comerciais das finanças e das comunicações transnacionais, que se espalham pelo planeta em busca de mercados consumidores, doa a quem doer (FITTIPALDI, 2001). Ainda em sua justificativa, o deputado Aldo Rebelo alegou que o momento era muito oportuno para a criação do Projeto de Lei e destacou três pontos que poderiam reforçar sua argumentação. O primeiro ponto seriam os indícios claros de descontentamento e preocupação da sociedade brasileira frente à constante descaracterização que a língua portuguesa vem sofrendo com a presença dos estrangeirismos. Ele ilustrou este argumento citando uma matéria intitulada “Quero a minha língua de volta!” publicada pelo Jornal do Brasil (2001), de autoria do poeta brasileiro José Enrique Barreiro. Outro ponto abordado foi o interesse dos meios de comunicação em massa, que estavam reagindo de forma positiva ao proposto pelo projeto. Bastava observar a grande quantidade de colunas e artigos que abordavam o tema, publicados em revistas e jornais de maior circulação. Os programas televisivos e de rádio também não deixavam a desejar e levavam ao ar matérias sobre a língua portuguesa, especialmente sobre o seu uso no padrão culto. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 28 O terceiro e último ponto seria o desejo e o interesse expressados pelo jovem universitário brasileiro em se comunicar corretamente em português tanto na forma escrita quanto na forma oral. A justificativa para este ponto foi a matéria publicada pela revista Época em 14/06/1999, com o título “A ciência de escrever bem”, que tratou justamente de abordar o interesse dos jovens pela escrita correta. Apesar das justificativas e pontos mencionados pelo deputado, um grupo de lingüistas composto por Pedro M. Garcez (UFRS), Ana Maria Stahl Zilles (PUC-RS), Marcos Bagno (USP), John Robert Schmitz (PUC-SP, Unesp e Unicamp), José Luiz Fiorin (USP), Sírio Possenti (Unicamp), Paulo C. Guedes (UFRS), tendo como principal organizador Carlos Alberto Faraco (UFPR) publicou o livro “Estrangeirismos – Guerras em Torno da Língua”. O livro foi baseado no Projeto de Lei de Aldo Rebelo e contém vários artigos elaborados pelo grupo de lingüistas, que apontam equívocos e falhas cometidas pelo deputado no decorrer da elaboração do mesmo. É preciso deixar bem claro para o país e para o Congresso Nacional os graves equívocos contidos no projeto.(Faraco, 2001, p.12). O primeiro equívoco cometido pelo deputado foi à iniciativa de propor “a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa” com o objetivo de punir o uso de estrangeirismo no nosso idioma. Segundo Faraco, as línguas mudam nem para o bem nem para o mal, mas sim para atender às necessidades dos usuários da língua. O lingüista José Luiz Fiorin afirma no artigo “Considerações em torno do projeto de lei”, um dos artigos do livro, que a língua não é homogênea como prega o deputado Aldo Rebelo ao afirmar que para ele a língua portuguesa em uso no Brasil é um sistema homogêneo, passível de ser compreendida por qualquer cidadão em qualquer “rincão” do vasto território brasileiro. Todas as línguas apresentam variações. Não há línguas estáticas, na visão de J. L. Fiorin, ou mesmo imutáveis; se assim fosse ainda estaríamos falando latim. Acreditar que no Brasil todos falam e se compreendem mutuamente em todos os lugares do país é, no mínimo, utopia, ou ignorância pura dos aspectos lingüísticos das variações regionais. Neste mesmo artigo, José Luiz Fiorin analisa o Projeto de Lei através de três pontos de vista. O primeiro é pela política lingüística, e nesse ponto ele estabelece que uma política lingüística começa com a identificação de um problema, “que não é de natureza lingüística, mas de ordem política, econômica ou cultural”. No caso do Projeto de Lei o problema lingüístico é a dificuldade de comunicação que terão os moradores rurais diante do uso Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 29 excessivo e desnecessário de estrangeirismos. O segundo problema apresentado dia respeito à dificuldade da comunicação, pela invasão de palavras estrangeiras, e a descaracterização do idioma em virtude desta influência. O terceiro problema refere-se à descaracterização do idioma. Os dois primeiros problemas podem ser resolvidos rapidamente, pois “qualquer pessoa é capaz de aprender qualquer setor do vocabulário, se ele tiver algum sentido para ela”, ou seja, basta que o estrangeirismo faça parte do dia-a-dia do usuário da língua, como por exemplo, os termos de origem inglesa que compõem o vocabulário do mundo do futebol córner, pênalti, off-side etc. Quanto ao terceiro problema, José Luiz Fiorin afirma que “um idioma se caracteriza por uma gramática e por um fundo léxico comum. Se em nenhum dos dois casos o estrangeirismo afetar a base estrutural da língua não haverá descaracterização do idioma”. Através desta análise de Fiorin, percebemos que em nenhum dos casos mencionados por Rebelo, os estrangeirismos podem ameaçar os elementos que compõem o nosso idioma. Isto se deve porque é a gramática que sistematiza as pronúncias dos empréstimos estrangeiros e porque o chamado fundo léxico comum, no caso da língua portuguesa, é formado por palavras herdadas do latim. Outro colaborador deste livro é Paulo Coimbra Guedes, que afirma: O discurso do deputado Aldo Rebelo, em seu projeto de lei, é o mais retrógrado, obscurantista e autoritário de todos os que, no Brasil, falam de língua (GUEDES, 2001, p.137). Segundo Paulo Coimbra Guedes, o inglês norte-americano não é o único idioma a abusar do povo brasileiro, como sugere o ilustre deputado. Também abusam e causam danos à nossa cultura o latim e o francês. Ele também esclarece que nós mesmos causamos danos irreversíveis à cultura brasileira, extinguindo diversas das línguas indígenas que foram faladas no Brasil, por meio de uma lei imposta por Pombal. Sobre isso, o lingüista e colaborador Marcos Bagno, em seu texto “Cassandra, Fênix e outros mitos” afirma que a proibição da língua geral cortou os vínculos do povo brasileiro com seus ancestrais indígenas, esmagando a semente do que talvez fosse a constituição de uma identidade nacional verdadeira. Desta forma, em vez de procurarmos nossas raízes em nosso próprio espaço físico e cultural, nós vivemos buscando identificação com possíveis nomes e ancestrais em outros países e principalmente no Velho Continente, a Europa. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 30 Este tipo de atitudes conservadoras, que extinguem línguas e determinam variações no idioma como erradas e incultas, é o mesmo tipo de conservadorismo do qual está pautado o deputado Aldo Rebelo, autor do referido Projeto de Lei. No artigo “Estrangeirismos: desejos e ameaças”, de Pedro M. Garcez e Ana Maria Stahl Zilles eles abordam uma preocupação inicial de conceituar o termo estrangeirismo relacionando-o aos conflitos dentro da comunidade que faz o empréstimo, por ocorrerem choques da associação de estrangeirismos versus valores culturais. Neste mesmo artigo Garcez e Zilles afirmam que: Os conflitos causados por questões lingüísticas, envolvendo estrangeirismos, são discursos superficiais e equivocados sobre a natureza da linguagem (GARCEZ e ZILLES, 2001). Na visão dos autores deste artigo, os estrangeirismos desaparecem aos poucos ou são incorporados naturalmente à língua tornando-se difícil identificar a origem do estrangeirismo tomado como empréstimo. Garcez e Zilles também entendem o “esforço” do deputado Aldo Rebelo para proteger a língua portuguesa, mantendo-a livre de influências externas, como uma idéia subentendida de mantê-la livre também dos ataques e influências internas que promovam variações desprestigiadas da língua, faladas pelos que não têm poder, que não escrevem e não consomem. Segundo Sírio Possenti, o Projeto de Lei cria possibilidades de preconceito lingüístico ao proibir o uso de estrangeirismos e reconhece que a língua pode ser um meio de dominação, como destaca Rebelo ao justificar o Projeto de Lei. Mas sugere também, em tom irônico, que este Projeto inibe a entrada de produtos que trazem consigo seus nomes e outras expressões, como, por exemplo, a informática, área cujos elementos são os que mais colaboram para a adoção de estrangeirismos. Depois retifica: Não digo que se deva inibir a entrada de produtos, mas imagino que, sem isso, eles serão inevitavelmente acompanhados de elementos da língua de origem dos produtos sem que nada possa fazer para atuar diretamente sobre o fenômeno (a não ser coletar multas) (POSSENTI, 2001, p.165). Fiorin compara a ideologia utilizada por Aldo Rebelo, em seu discurso, com a ideologia de setores conservadores, como é o caso do gramático Napoleão Mendes Almeida, que defendia a tese de que aqui no Brasil se falava uma variação imprecisa e incorreta da língua portuguesa, também influenciada pela mestiçagem e por falas indígenas. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 31 Fica claro na leitura de todo o livro que, sempre que uma língua influencia outra, os discursos nacionalistas surgem tentando prever uma situação apocalíptica gerada por tais estrangeirismos. Nestes discursos, não é verificado que as línguas mudam. Desta forma, os estrangeirismos não representam o fim de uma língua, tampouco a descaracterização ou o empobrecimento da língua que recebe o empréstimo. O processo é justamente o contrário, tal invasão de estrangeirismos, no caso os da língua inglesa na língua portuguesa, não empobrece, mas enriquece ao incorporar termos que não são previstos em seu vocabulário. O vocabulário do português foi formado de empréstimos do árabe, das línguas germânicas, do italiano, do espanhol, do francês, das línguas africanas, das línguas indígenas, entre outras. Entre os intercâmbios lingüísticos, pode-se dizer que o português não só recebeu influência das línguas estrangeira como também as influenciou (FIORIN, 2001, p.125). Deste ponto de vista, se o estrangeirismo não altera a estrutura da língua, não causa problema de comunicação e, assim, não ameaça a língua, Possenti afirma: O que constitui uma língua é sua gramática, isto é, seus sons (sua distribuição), seus padrões silábicos, sua morfologia (seu sistema flexional, por exemplo), sua sintaxe. Neste domínio, o português está absolutamente intocado (POSSENTI, 2001, p.164). Marcos Bagno dá um exemplo de como o estrangeirismo não altera a estrutura da língua: “O Office-boy flertava com a baby-sitter no hall do shopping center.” Esta oração obedece às regras de sintaxe e morfologia da língua portuguesa, apesar dos termos serem em língua estrangeira (BAGNO, 2001, p.74). Este fato, relatado acima, demonstra que, mesmo diante de expressões estrangeiras, a estrutura da língua está intacta. Portanto, os estrangeirismos incorporados na língua em uso na Informática e/ou na Gestão de Negócios não a descaracterizam, mas enriquecem as relações estabelecidas por ela. Ao contrário, os estrangeirismos funcionam como passaporte de entrada e saída, de veiculação de idéias que dão sentido às negociações e à comunicação. CONCLUSÃO Ao longo deste trabalho, procuramos abordar, de maneira clara e direta, a presença de estrangeirismos da língua inglesa em nosso dia-a-dia. Fruto do elevado nível de globalização que estamos atravessando, a língua inglesa tornou-se o principal idioma na comunicação mundial e está presente em todos os seguimentos. Nesta pesquisa, em especial, abordamos a presença de estrangeirismos, em dois seguimentos específicos, a Informática e a Gestão de Negócios. Na informática, a presença de estrangeirismos da língua inglesa é inevitável e comum por que foi nos Estados Unidos que a informática se fortaleceu, evoluiu e tornou-se acessível ao resto do mundo. Na Gestão de Negócios, os estrangeirismos chegaram um pouco mais tarde, como efeito do processo de globalização, que trouxe número significativo de empresas multinacionais. É exatamente neste ponto que a Informática e a Gestão de Negócios convergem para uma mesma direção e passam a caminhar juntamente através da evolução da Internet que, proveniente da informática, permitiu o acesso a qualquer ponto do mundo, ao promover negociações em tempo real. Com os dois seguimentos caminhando juntos, a carga de estrangeirismos no nosso vocabulário tornou-se ainda mais comum, e percebemos que os profissionais que desejam ter sucesso precisam ter conhecimento da língua inglesa. É importante destacar que, em qualquer seguimento profissional, a comunicação clara e objetiva pode ser o ponto principal para determinar o sucesso e fazer a principal diferença entre você e seus concorrentes. Apesar da preocupação de algumas pessoas e do Projeto de Lei do deputado Aldo Rebelo contra os estrangeirismos, seu uso não implica na descaracterização do nosso idioma. É importante salientar que todas as línguas passam por transformações e vão se modificando com o tempo. O português falado hoje é diferente do português falado há 50 anos e também será diferente do português falado daqui a 50 anos. Não é uma descaracterização, é uma evolução natural que ocorre a partir do surgimento de novos vocábulos. O que descaracteriza a língua é a falta de sentido na veiculação dos estrangeirismos e/ou na falta de sensibilidade cultural que pode ocasionar perda nas negociações internacionais. A língua é ponte entre as diversas áreas do conhecimento, que Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 33 representa conceitos e viabiliza usos. Reproduzir estrangeirismos sem atentar para seu sentido é prejudicial. Não traduzi-los é, por vezes, uma escolha necessária para não se perder o impacto do sentido que trazem consigo de sua cultura e para agilizar a comunicação. Tal sensibilidade serve ora para preservar sua origem, ora para se auto-afirmar e construir sua identidade enquanto parte dela. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 34 REFERÊNCIAS ALVAREZ, Gerardo H. (1986). El Papel de Las Lenguas Extranjeras en América .México: mimeo. ANDRADE, M. M. 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Revista Veja: O Idioma Mundial – o que os brasileiros precisam fazer para aprender. (Edição de 16/09/98) (páginas 125 a 128); SCHUMACHER, Cristina. Revista Amanhã: economia & negócios. Entrevista: o inglês que o mundo vai falar, dezembro de 1999, nº149, p.1-3. Disponível em <http://amanha.terra.com.br/arquivo/149/Vista/vista_1.html> Acesso em 23 abr 2007. SCHMITZ, john robert.Globalização, a língua Inglesa e o Brasil. Disponível em <http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/out2000/pagina19-Ju155.html> Acesso em 14 mar 2007. SCHMITZ, john robert. A LÍNGUA PORTUGUESA E O POLÊMICO PROJETO DE LEI Nº 1.676, DE 1999. TODAS AS LETRAS : REVISTA DE LÍNGUA E LITERATURA,São Paulo: v. 2, n. 2, p. 59-66, 2000. SOARES, Delfim. A Globalização numa perspectiva sociocibernética, In: Revista Contracampo, p.20-23.nº1. Mestrado da UFF, jul/dez/1997. Disponível em: http://www.uff.br/mestcii/cc2.htm Acesso em 23 abr 2007. ANEXO 1 Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 36 PROJETO DE LEI N°1676, DE 1999 (Do Sr. ALDO REBELO) (versão aprovada na CCJ) Dispõe sobre a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa e dá outras providências. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Nos termos do caput do art. 13, e com base no caput, I, § 1° e § 4° do art. 216 da Constituição Federal, a língua portuguesa: I- é o idioma oficial da República Federativa do Brasil; II- é forma de expressão oral e escrita do povo brasileiro, tanto no padrão culto como nos moldes populares; III- constitui bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro. Parágrafo único. Considerando o disposto no caput, I, II e III deste artigo, a língua portuguesa é um dos elementos da integração nacional brasileira, concorrendo, juntamente com outros fatores, para a definição da soberania do Brasil como nação. Art. 2º Ao Poder Público, com a colaboração da comunidade, no intuito de promover, proteger e defender a língua portuguesa, incumbe: I- melhorar as condições de ensino e de aprendizagem da língua portuguesa em todos os graus, níveis e modalidades da educação nacional; II- incentivar o estudo e a pesquisa sobre os modos normativos e populares de expressão oral e escrita do povo brasileiro; III- realizar campanhas e certames educativos sobre o uso da língua portuguesa, destinados a estudantes, professores e cidadãos em geral; IV- incentivar a difusão do idioma português, dentro e fora do País; V- fomentar a participação do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa; VI- atualizar, com base em parecer da Academia Brasileira de Letras, as normas do Formulário Ortográfico, com vistas ao aportuguesamento e à inclusão de vocábulos de origem estrangeira no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa § 1º Os meios de comunicação de massa e as instituições de ensino deverão, na forma desta lei, participar ativamente da realização prática dos objetivos listados nos incisos anteriores. § 2º À Academia Brasileira de Letras incumbe, por tradição, o papel de guardiã dos elementos constitutivos da língua portuguesa usada no Brasil. Art. 3º É obrigatório o uso da língua portuguesa por brasileiros natos e naturalizados, e pelos estrangeiros residentes no País há mais de 1 (um) ano, nos seguintes domínios socioculturais: I- no ensino e na aprendizagem; II- no trabalho; III- nas relações jurídicas; IV- na expressão oral, escrita, audiovisual e eletrônica oficial; V- na expressão oral, escrita, audiovisual e eletrônica em eventos públicos nacionais; VI- nos meios de comunicação de massa; VII- na produção e no consumo de bens, produtos e serviços; VIII- na publicidade de bens, produtos e serviços. § 1º A disposição do caput, I- VIII deste artigo não se aplica: I- a situações que decorram da livre manifestação do pensamento e da livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, nos termos dos incisos IV e IX do art. 5º da Constituição Federal; II- a situações que decorram de força legal ou de interesse nacional; III- a comunicações e informações destinadas a estrangeiros, no Brasil ou no exterior; IV- a membros das comunidades indígenas nacionais; V- ao ensino e à aprendizagem das línguas estrangeiras; VI- a palavras e expressões em língua estrangeira consagradas pelo uso, registradas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa; VII- a palavras e expressões em língua estrangeira que decorram de razão social, marca ou patente legalmente constituída. § 2º A regulamentação desta lei cuidará das situações que possam demandar: I- tradução, simultânea ou não, para a língua portuguesa; II- uso concorrente, em igualdade de condições, da língua portuguesa com a língua ou línguas estrangeiras. Art. 4º Todo e qualquer uso de palavra ou expressão em língua estrangeira, ressalvados os casos excepcionados nesta lei e na sua regulamentação, será considerado lesivo ao patrimônio cultural brasileiro, punível na forma da lei. Parágrafo único. Para efeito do que dispõe o caput deste artigo, considerar-se-á: I- prática abusiva, se a palavra ou expressão em língua estrangeira tiver equivalente em língua portuguesa; Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 37 II- prática enganosa, se a palavra ou expressão em língua estrangeira puder induzir qualquer pessoa, física ou jurídica, a erro ou ilusão de qualquer espécie; III- prática danosa ao patrimônio cultural, se a palavra ou expressão em língua estrangeira puder, de algum modo, descaracterizar qualquer elemento da cultura brasileira. Art. 5º Toda e qualquer palavra ou expressão em língua estrangeira posta em uso no território nacional ou em repartição brasileira no exterior a partir da data da publicação desta lei, ressalvados os casos excepcionados nesta lei e na sua regulamentação, terá que ser substituída por palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data de registro da ocorrência. Parágrafo único. Para efeito do que dispõe o caput deste artigo, na inexistência de palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa, admitir-se-á o aportuguesamento da palavra ou expressão em língua estrangeira ou o neologismo próprio que venha a ser criado. Art. 6º. A regulamentação desta lei tratará das sanções administrativas a serem aplicadas àquele, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que descumprir qualquer disposição desta lei. Art. 7º A regulamentação desta lei tratará das sanções premiais a serem aplicadas àquele, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que se dispuser, espontaneamente, a alterar o uso já estabelecido de palavra ou expressão em língua estrangeira por palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa. Art. 8º À Academia Brasileira de Letras, com a colaboração dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, de órgãos que cumprem funções essenciais à justiça e de instituições de ensino, pesquisa e extensão universitária, incumbe realizar estudos que visem a subsidiar a regulamentação desta lei. Art. 9º O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo máximo de 1 (um) ano a contar da data de sua publicação. Art. 10. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. JUSTIFICATIVA A História nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre outro se dá pela imposição da língua. Por quê? Porque é o modo mais eficiente, apesar de geralmente lento, para impor toda uma cultura seus valores, tradições, costumes, inclusive o modelo socioeconômico e o regime político. Foi assim no antigo oriente, no mundo greco-romano e na época dos grandes descobrimentos. E hoje, com a marcha acelerada da globalização, o fenômeno parece se repetir, claro que de modo não violento; ao contrário, dá-se de maneira insinuante, mas que não deixa de ser impertinente e insidiosa, o que o torna preocupante, sobretudo quando se manifesta de forma abusiva, muitas vezes enganosa, e até mesmo lesiva à língua como patrimônio cultural. De fato, estamos a assistir a uma verdadeira descaracterização da língua portuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária de estrangeirismos - como "holding", "recall", "franchise", "coffee-break", "selfservice" - e de aportuguesamentos de gosto duvidoso, em geral despropositados - como "startar", "printar", "bidar", "atachar", "database". E isso vem ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não é exagero supor que estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar, a comunicação oral e escrita com o nosso homem simples do campo, não afeito às palavras e expressões importadas, em geral do inglês norteamericano, que dominam o nosso cotidiano, sobretudo a produção, o consumo e a publicidade de bens, produtos e serviços, para não falar das palavras e expressões estrangeiras que nos chegam pela informática, pelos meios de comunicação de massa e pelos modismos em geral. Ora, um dos elementos mais marcantes da nossa identidade nacional reside justamente no fato de termos um imenso território com uma só lingua, esta plenamente compreensível por todos os brasileiros de qualquer rincão, independentemente do nível de instrução e das peculiaridades regionais de fala e escrita. Esse um autêntico milagre brasileiro - está hoje seriamente ameaçado. Que obrigação tem um cidadão brasileiro de entender, por exemplo, que uma mercadoria "on sale" significa que esteja em liqüidação ? Ou que "50% off" quer dizer 50% a menos no preço? Isso não é apenas abusivo; tende a ser enganoso. E à medida que tais práticas se avolumam (atualmente de uso corrente no comércio das grandes cidades), tornam-se também danosas ao patrimônio cultural representado pela língua. O absurdo da tendência que está sendo exemplificada permeia até mesmo a comunicação oral e escrita oficial. É raro o documento que sai impresso, por via eletrônica, com todos os sinais gráficos da nossa língua; até mesmo numa cédula de identidade ou num talão de cheques estamos nos habituando com um "Jose" - sem acentuação! E o que falar do serviço de "clipping" da Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados, ou da "newsletter" da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano da Presidência da República, ou, ainda, das milhares de máquinas de "personal banking" do Banco do Brasil - Banco DO BRASIL - espalhadas por todo o País? O mais grave é que contamos com palavras e expressões na língua portuguesa perfeitamente utilizáveis no lugar daquelas (na sua quase totalidade) que nos chegam Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 38 importadas, e são incorporadas à língua falada e escrita sem nenhum critério lingüístico, ou, pelo menos, sem o menor espírito de crítica e de valor estético. O nosso idioma oficial (Constituição Federal, art. 13, caput) passa, portanto, por uma transformação sem precedentes históricos, pois que esta não se ajusta aos processos universalmente aceitos, e até desejáveis, de evolução das línguas, de que é bom exemplo um termo que acabo de usar - caput, de origem latina, consagrado pelo uso desde o Direito Romano. Como explicar esse fenômeno indesejável, ameaçador de um dos elementos mais vitais do nosso patrimônio cultural - a língua materna -, que vem ocorrendo com intensidade crescente ao longo dos últimos 10 a 20 anos? Como explicá-lo senão pela ignorância, pela falta de senso crítico e estético, e até mesmo pela falta de auto-estima? Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha complacência cultural, e, assim, conscientizar a nação de que é preciso agir em prol da língua pátria, mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma espécie. É preciso agir com espírito de abertura e criatividade, para enfrentar - com conhecimento, sensibilidade e altivez - a inevitável, e claro que desejável, interpenetração cultural que marca o nosso tempo globalizante. Esse é o único modo de participar de valores culturais globais sem comprometer os locais. A propósito, MACHADO DE ASSIS, nosso escritor maior, deixou-nos, já em 1873, a seguinte lição: "Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos, é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade." (IN: CELSO CUNHA, Língua Portuguêsa e Realidade Brasileira, Rio de Janeiro, Edições Tempo Brasileiro Ltda., 1981, p. 25 - na ortografia original de 1968). Os caminhos para a ação, desde que com equilíbrio machadiano, são muitos, e estão abertos, como apontado por EDIRUALD DE MELLO, no seu artigo O português falado no Brasil: problemas e possíveis soluções, publicado em CADERNOS ASLEGIS, n° 4, 1998. O Projeto de Lei que ora submeto à apreciação dos meus nobres colegas na Câmara dos Deputados representa um desses caminhos. Trata-se de proposição com caráter geral, a ser regulamentada no pormenor que vier a ser considerado como necessário. Objetiva promover, proteger e defender a língua portuguesa, bem como definir o seu uso em certos domínios socioculturais, a exemplo do que tão bem fez a França com a Lei n° 75-1349, de 1975, substituída pela Lei n° 94-665, de 1994, aprimorada e mais abrangente. Quer-me parecer que o PL proposto trata com generosidade as exceções, e ainda abre à regulamentação a possibilidade de novas situações excepcionais. Por outro lado, introduz as importantes noções de prática abusiva, prática enganosa e prática danosa, no tocante à língua, que poderão representar eficientes instrumentos na promoção, na proteção e na defesa do idioma pátrio. A proposta em apreço tem cláusula de sanção administrativa, em caso de descumprimento de qualquer uma de suas provisões, sem prejuízo de outras penalidades cabíveis; e ainda prevê a adoção de sanções premiais, como incentivo à reversão espontânea para o português de palavras e expressões estrangeiras correntemente em uso. Nos termos do projeto de lei ora apresentado, à Academia Brasileira de Letras continuará cabendo o seu tradicional papel de centro maior de cultivo da língua portuguesa do Brasil. O momento histórico do País parece-me muito oportuno para a atividade legislativa por mim encetada, e que agora passa a depender da recepção compreensiva e do apoio decisivo da parte dos meus ilustres pares nesta Casa. A afirmação que acabo de fazer deve ser justificada. Primeiramente, cumpre destacar que a sociedade brasileira já dá sinais claros de descontentamento com a descaracterização a que está sendo submetida a língua portuguesa frente à invasão silenciosa dos estrangeirismos excessivos e desnecessários, como ilustram pronunciamentos de lingüistas, escritores, jornalistas e políticos, e que foram captados com humor na matéria Quero a minha língua de volta!, de autoria do jornalista e poeta JOSÉ ENRIQUE BARREIRO, publicada há pouco tempo no JORNAL DO BRASIL. Em segundo lugar, há que ser lembrada a reação positiva dos meios de comunicação de massa diante da situação que aqui está sendo discutida. De fato, nunca se viu tantas colunas e artigos em jornais e revistas, como também programas de rádio e televisão, sobre a língua portuguesa, especialmente sobre o seu uso no padrão culto; nesse sentido, também é digno de nota que os manuais de redação, e da redação, dos principais jornais do País se sucedam em inúmeras edições, ao lado de grande variedade de livros sobre o assunto, particularmente a respeito de como evitar erros e dúvidas no português contemporâneo. Em, terceiro lugar, cabe lembrar que atualmente o jovem brasileiro está mais interessado em se expressar corretamente em português, tanto escrita como oralmente, como bem demonstra a matéria de capa - A ciência de escrever bem - da revista ÉPOCA de 14/6/99. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 39 Por fim, mas não porque menos importante, as comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil se oferecem como oportunidade ímpar para que discutamos não apenas o período colonial, a formação da nacionalidade, o patrimônio histórico, artístico e cultural da sociedade brasileira, mas também, e muito especialmente, a língua portuguesa como fator de integração nacional, como fruto - tal qual a falamos - da nossa diversidade étnica e do nosso pluralismo racial, como forte expressão da inteligência criativa e da fecundidade intelectual do nosso povo. Posto isso, posso afirmar que o PL ora submetido à Câmara dos Deputados pretende, com os seus objetivos, tão-somente conscientizar a sociedade brasileira sobre um dos valores mais altos da nossa cultura - a língua portuguesa. Afinal, como tão bem exprimiu um dos nossos maiores lingüistas, NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA, no Prefácio de sua Gramática Metódica da Língua Portuguesa (28ª ed., São Paulo, Edição Saraiva, 1979), "conhecer a língua portuguesa não é privilégio de gramáticos, senão dever do brasileiro que preza sua nacionalidade.... A língua é a mais viva expressão da nacionalidade. Como havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade se somos os primeiros a descuidar daquilo que a exprime e representa, o idioma pátrio?". Movido por esse espírito, peço toda a atenção dos meus nobres colegas de parlamento no sentido de apoiar a rápida tramitação e aprovação do projeto de lei que tenho a honra de submeter à apreciação desta Casa legislativa. Sala das Sessões, em 28 de março de 2001. Deputado ALDO REBELO ANEXO 2 Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 41 QUESTIONÁRIO Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios Objetivo: Demonstrar a opinião de dois profissionais, um da área de Informática e outro da área de Gestão de Negócios, a fim de ilustrar de maneira prática os argumentos de minha pesquisa. Dados Pessoais: Nome Completo: Mauricio Masili Data de nascimento: 10/09/1969 Grau de instrução: superior incompleto Formação Acadêmica: Bacharel em Administração Nome da empresa: Design Works Informática Ltda Cargo que ocupa na empresa: Administrador Proficiência na Língua Inglesa: Assinale a alternativa que melhor descreve seu nível de inglês. Como é seu inglês? Lê Escreve Compreende Fala ( ( ( ( )Bem )Bem )Bem )Bem (X)Razoavelmente ( )Razoavelmente (X)Razoavelmente ( )Razoavelmente ( )Pouco (X)Pouco ( )Pouco (X)Pouco Painel de Opiniões: Informe os dados das questões abaixo: 1- Como você classificaria o contato que tem com inglês atualmente em sua função ou cargo na empresa: ( ) Muito Contato (X) Contato Razoável ( ) Pouco Contato 2- Até que ponto você classificaria a língua inglesa como uma “senha de acesso” ao mercado de trabalho globalizado: ( ) É um dos principais requisitos. (X) É importante, mas não é essencial. ( ) Não faz diferença. 3- Você tem contato com profissionais da sua área que têm um nível elevado de conhecimento do inglês? (X) Sim ( ) Não Se a resposta for positiva, cite os cargos que os profissionais ocupam: Administradores, Técnicos de Suporte, Vendedores. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 42 Painel de Opiniões: Disserte a respeito das questões abaixo: 1- Na sua opinião, qual é o papel e a importância (ou não) da língua inglesa na Informática? Cite exemplos da ocorrência de termos em inglês no seu dia-a-dia profissional. A língua inglesa é de grande importância em qualquer ramo de atividade. Na Gestão de Negócios com foco em informática em especial, visto que a área de tecnologia se desenvolve muito nos países desenvolvidos como Estados Unidos e Japão e a língua predominante em documentação é o inglês. O inglês é uma língua em comum nos meios de negócios e acadêmicos. Para haver intercâmbio, é imprescindível o conhecimento do inglês. No meu dia-a-dia, uma quantidade muito grande de termos em inglês é utilizada. Seria impossível citar todos, mas, como uma pequena amostra, posso citar: internet, IP, Wireless, e-mail, browser, software, hardware entre outros. 2- Como é sua identificação (ou não) com a língua inglesa ou com características a ela relacionadas? Identifico-me muito. 3- Neste momento, em que o mercado de trabalho busca analisar o nível de conhecimento de seus profissionais, você acredita que saber inglês é essencial? Justifique sua posição. Não vejo como essencial, mas sim como diferencial. Muitos profissionais não deixam de ser contratados por não saberem inglês, mas acaba tendo preferência quem tem domínio da língua. 4- Atualmente, nas escolas especializadas no ensino da língua inglesa, encontramos nas salas de aula diversos tipos de profissionais de variadas áreas: Empresários bem sucedidos, comerciantes, vendedores, médicos, entre outros. Na sua opinião, este fato é reflexo da globalização? Justifique. Se discordar, atribua uma razão para a expansão da língua inglesa. Sim, vejo como efeito direto da globalização e também relacionado com a resposta da questão anterior. O conhecimento e o domínio da língua inglesa são um diferencial para o profissional que deseja novos horizontes para sua carreira. 5- Em sua empresa, qual o número de profissionais conhecedores do inglês? Um profissional. 6- Você encara a expansão da língua inglesa no mercado de trabalho através do uso de estrangeirismos na Informática e na Gestão de Negócios como benéfica ou prejudicial à Comunicação Empresarial da Língua Portuguesa? Justifique. Os defensores da língua portuguesa não olham com bons ares esta questão, pois possuem uma defesa crítica do uso da língua mãe em nosso país. Mas em áreas onde a dependência à Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 43 tecnologia é grande (e, em nosso país, não criamos, ao longo dos anos, uma cultura de investimento em educação e ciência) temos que nos sujeitar, por necessidade, à importação de ciência, que já vem carregada dos termos técnicos (que são todos em inglês). Outro fator é que o significado de uma palavra em inglês, quando traduzido para o português, fica muito extenso. Assim o termo em inglês fica mais rápido para falar. 7- Porque a escolha e qual é o significado do nome da empresa? O nome Design Works significa: Design: Esta palavra, como substantivo, é geralmente traduzida como projeto, esquema, esboço, rascunho, plano, delineação, modelo ou composição; algo para ser executado ou construído. Como verbo, significa projetar, planejar, esquematizar, desenhar, traçar, esboçar, delinear. Works: Como substantivo, tem o significado de trabalho, tarefa, serviço, esforço, empreendimento ou obra. Como verbo, significa trabalhar, produzir, executar, funcionar. Assim, o nome “Design Works” tem um amplo significado, espelhando apropriadamente as atividades da empresa, que atua de forma ampla e diferenciada no mercado de informática. Em suma, pode-se dizer que “Design Works” significa que tudo o que fazemos, todos os nossos esforços, empreendimentos e serviços, são planejados e pensados desde o princípio. Isto resume o por que da escolha deste nome, pois é a nossa imagem. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 44 QUESTIONÁRIO Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios Objetivo: Demonstrar a opinião de dois profissionais, um da área de Informática e outro da área de Gestão de Negócios, a fim de ilustrar de maneira prática os argumentos de minha pesquisa. Dados Pessoais: Nome Completo: Venilton Amaral Data de nascimento: 14/11/1960 Grau de instrução: superior completo Formação Acadêmica: Bacharel em Administração Nome da empresa: Cory Produtos Alimentícios Ltda. Cargo que ocupa na empresa: Diretor Industrial Proficiência na Língua Inglesa: Assinale a alternativa que melhor descreve seu nível de inglês. Como é seu inglês? Lê Escreve Compreende Fala (X)Bem ( )Bem (X)Bem (X)Bem ( )Razoavelmente (X)Razoavelmente ( )Razoavelmente ( )Razoavelmente ( ( ( ( )Pouco )Pouco )Pouco )Pouco Painel de Opiniões: Informe os dados das questões abaixo: 1- Como você classificaria o contato que tem com inglês atualmente em sua função ou cargo na empresa: (X) Muito Contato ( ) Contato Razoável ( ) Pouco Contato 2- Até que ponto você classificaria a língua inglesa como uma “senha de acesso” ao mercado de trabalho globalizado: (X) É um dos principais requisitos. ( ) É importante, mas não é essencial. ( ) Não faz diferença. 3- Você tem contato com profissionais da sua área que têm um nível elevado de conhecimento do inglês? (X) Sim ( ) Não Se a resposta for positiva, cite os cargos que os profissionais ocupam: Gerentes, Gestores de Qualidade, Técnicos. Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 45 Painel de Opiniões: Disserte a respeito das questões abaixo: 1- Na sua opinião, qual é o papel e a importância (ou não) da língua inglesa na Gestão de Negócios? Cite exemplos da ocorrência de termos em inglês no seu dia-a-dia profissional. A língua inglesa é o idioma que abre portas. É o idioma universal no mundo das negociações nesta era de globalização. Negociações entre falantes da língua portuguesa e de alguma língua oriental, por exemplo, vão usar o inglês como idioma comum. No meu dia-a-dia, uso muitos termos em inglês em e-mails, reuniões, procedimentos, normas, nomes de produtos. Aqui na Cory , por exemplo, nosso produto carro-chefe é a bala icekiss. Alguns outros termos, só pra citar , são print, briefing, spread, MBA, botton line, royalts, flow up, staff, check in, password, mailing list, feeling, layout, joint venture entre outros. 2- Como é sua identificação (ou não) com a língua inglesa ou com características a ela relacionadas? Particularmente, gosto de inglês e me comunico neste idioma por necessidade e com muita vontade. 3- Neste momento, em que o mercado de trabalho busca analisar o nível de conhecimento de seus profissionais, você acredita que saber inglês é essencial? Justifique sua posição. Sim, é essencial, principalmente nos grandes centros. Talvez nem tanto por aqui, em nossa região. Mas já há estudos prevendo que, em pouco tempo, o mercado de trabalho não verá mais a língua inglesa como um diferencial na contratação de um profissional. Esta será uma habilidade ‘arroz com feijão’, como um pré-requisito. Estamos em um mundo em que, se você vai para uma entrevista de emprego somente com o inglês, isso não será suficiente. As empresas esperam algo mais do candidato e exigem, além de um excelente domínio de inglês, o domínio de outras línguas também, como o espanhol, por exemplo. 4- Atualmente, nas escolas especializadas no ensino da língua inglesa, encontramos nas salas de aula diversos tipos de profissionais de variadas áreas: Empresários bem sucedidos, comerciantes, vendedores, médicos, entre outros. Na sua opinião, este fato é reflexo da globalização? Justifique. Se discordar, atribua uma razão para a expansão da língua inglesa. Atribuo esta expansão também à globalização, mas a hegemonia americana contribui para estabelecer sua expansão como benéfica e para proteger seus interesses políticos e econômicos. Além disso, a estrutura da língua é simples e mais fácil de ser aprendida que outros idiomas. Todos esses fatores contribuem para a manutenção do inglês enquanto língua universal. Porém, vale afirmar que palavras estrangeiras usadas em nosso dia a dia podem ser motivo de exclusão de certos níveis sociais. Mas não só quanto ao uso de estrangeirismos. Isso pode acontecer com palavras mais sofisticadas do português também. Por exemplo, um indivíduo de escolaridade superior trabalha em um certo local onde o público alvo são pessoas de escolaridade muito inferior poderá usar termos que estes cidadãos poderão não entender o significado. Sendo assim a exclusão não pode estar definida somente ao estrangeirismo, mas sim a nossa própria língua também. 5- Em sua empresa, qual o número de profissionais conhecedores do inglês? Estrangeirismos da Língua Inglesa na Informática e na Gestão de Negócios 46 Aqui em Arceburgo, por volta de oito funcionários. Em Ribeirão Preto, talvez o dobro disso. 6- Você encara a expansão da língua inglesa no mercado de trabalho através do uso de estrangeirismos na Informática e na Gestão de Negócios como benéfica ou prejudicial à Comunicação Empresarial da Língua Portuguesa? Justifique. Acredito que os estrangeirismos complementam as brechas deixadas na comunicação. Há termos que são ‘importados’ junto com as tecnologias e práticas administrativas e que, se traduzidos, perdem seu efeito e sentido. Se usados com senso crítico, só têm a contribuir.