Integração em redes de Atenção Primária (APS)

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A integração em redes da atenção
primária (APS) e da atenção ambulatorial
especializada (AAE)
Eugênio Vilaça Mendes (*)
(*) Consultor da Secretaria de Estado de Saúde do
Paraná
A situação epidemiológica no Paraná:
a tripla carga de doenças
• Uma agenda não concluída de
desnutrição e problemas de saúde
reprodutiva
• O crescimento das causas externas
• A forte predominância relativa das
crônicas e de seus fatores de riscos
como tabagismo, inatividade física,
uso excessivo de álcool e outras
drogas e alimentação inadequada
infecções,
doenças
Fonte: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011.
A Lei de Hart: a regra da metade na atenção
às doenças crônicas
100%
100
90
80
70
60
50%
50
Série1
40
25%
30
12,5%
20
10
0
1
2
3
4
casos totais
• casos diagnosticados
• casos controlados
• casos com programas de prevenção
•
Fonte: Hart JT. Rules of halves: implications of increasing diagnosis and reducing dropout for future
workloads and prescribing costs in primary care. British Medical Journal. 42: 116-119, 1992.
Características fundamentais da atenção às
condições crônicas não agudizadas
Fonte: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011
PONTOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIOS E TERCIÁRIOS
H
H
H
H
RT 4
RT 3
H
H
H H
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
PONTOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIOS E TERCIÁRIOS
RT 2
PONTOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIOS E TERCIÁRIOS
RT 1
PONTOS DE ATENÇÃO SECUNDÁRIOS E TERCIÁRIOS
SISTEMAS
DE APOIO
SISTEMAS
LOGÍSTICOS
A estrutura operacional das Redes de Atenção à
Saúde
Sistema de Acesso
Regulado
Registro Eletrônico em
Saúde
Sistema de Transporte em
Saúde
Sistema de Apoio Diagnóstico e
Terapêutico
Sistema de Assistência
Farmacêutica
Teleassistência
Sistema de Informação em
Saúde
APS E PONTOS DE ATENÇÃO
SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA
Unid. de Atenção Primária à Saúde - UAPs
Ambulatório Especializado Microrregional
Ambulatório Especializado Macrorregional
POPULAÇÃO
H Hospital Microrregional
H Hospital Macrorregional
A AAE nas redes de atenção à saúde
• É um equipamento de atenção secundária
• É um equipamento que para ser eficiente deve ter uma
escala de abrangência numa região de mais de 200 mil
habitantes
• É um equipamento destinado ao atendimento de pessoas
portadoras de condições crônicas não agudizadas
• É um equipamento destinado ao atendimentos de pessoas
portadoras de condições crônicas complexas
• É um equipamento para interconsulta de pessoas referidas
pelas equipes de APS
Fonte: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011
Um modelo de atenção às condições
crônicas para o SUS
Nível 3
Gestão
de Caso
Gestão da Condição
de Saúde
1- 5% de pessoas com
condições altamente
complexas
Nível 2
20-30% de pessoas com
condições complexas
Nível 1
Autocuidado Apoiado
70-80% de pessoas
com condições simples
Fonte: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011
O processo de integração entre a APS e a
AAE
• A construção social da APS
• O processo de organização da AAE
Fonte: Mendes EV. A construção social da atenção primária à saúde. Brasília, CONASS, 2015.
Os papéis da APS nas redes de atenção à
saúde
• O estabelecimento e a manutenção da base populacional
das redes de atenção à saúde
• A resolutividade
• A coordenação das redes de atenção à saúde
Fonte: Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação
da estratégia da saúde da família. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2012
A construção social da APS
• Integrar a APS nas redes de atenção à saúde
• Utilizar modelos de atenção à saúde baseados em
evidências
• Identificar os diferentes perfis de demanda
• Ajustar os perfis de oferta aos diferentes perfis de demanda
• Desenvolver e implantar metodologias potentes de
organização da APS: modelo de melhoria, modelo de
educação de adultos (andragogia), gerenciamento de
processos e educação tutorial
Fonte: Mendes EV. A construção social da atenção primária à saúde. Brasília, CONASS, 2015.
O processo de construção social da APS
Fonte: Mendes EV. A construção social da atenção primária à saúde. Brasília, CONASS, 2015
A importância da APS na AAE:
produção de consultas de APS e de
consultas especializadas no SUS do
Paraná, 2015
•
•
•
•
Consultas de APS: 14.772.151
Consultas especializadas: 5.222.124
Percentual de consultas médicas de APS e de AAE: 35,3%
Percentual de referenciamento da APS para a AAE em
Toledo: 5%
• Aplicando-se o percentual de Toledo a todo o estado seriam
necessárias 738.607 consultas especializadas por ano
Fontes:
Huçulak M. Comunicação pessoal. 2016.
Freitas FO. A atenção primária à saúde na UBS São Francisco, Toledo, Paraná. Curitiba, 5º encontro da Rede Mãe
Paranaense, 2016.
A organização da AAE
• Quem se beneficia da AAE?
• As diferenças entre as clínicas da APS e da AAE
• Os modelos de AAE
É possível que todos as pessoas com condição
crônica sejam cuidadas na atenção ambulatorial
especializada? O caso da hipertensão arterial no
estado do Paraná
•
•
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•
•
•
•
População total: 11.242.720 habitantes
População exclusiva SUS: 8.263.399 (73,5%)
1.156.875 habitantes
1,5 consulta com cardiologista habitante/ano: 1.753.313 consultas/ano
Produção de consultas médicas por cardiologista por ano considerando
1/3 da carga de trabalho somente para hipertensão arterial, com carga
horária de 20 horas/semana para o SUS: 1.160
Número de cardiologistas necessários para a atenção à hipertensão
arterial no SUS no estado do Paraná: 1.495
Número de cardiologistas no estado do Paraná em 2015: 759
Fontes: Estimativa do apresentador
Scheffer M et al. Demografia médica no Brasil 2015. São Paulo, Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de
Medicina da USP/Conselho Federal de Medicina, 2015
Quem se beneficia da atenção ambulatorial
especializada?
Fontes:
Department of Health. Supporting people with long-term conditions: a NHS and social care model to support local innovation
and integration. Leeds, Long Term Conditions Team Primary Care/Department of Health, 2005
Porter M, Kellogg M. Kaiser Permanente: an integrated health care experience. Revista de Innovación Sanitaria y Atención
Integrada. 1: 1, 2008
Os fundamentos da organização da AAE
nas redes de atenção à saúde
• O princípio da suficiência
• O princípio da coordenação
• O princípio da complementaridade
Fonte: Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da
consolidação da estratégia da saúde da família. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2012
O princípio da suficiência nas redes de
atenção à saúde
• Numa rede de atenção à saúde não deve haver
redundâncias ou retrabalhos entre a APS, os pontos de
atenção secundários e terciários e os sistemas de apoio
• Esse princípio garante a atenção no lugar certo e com o
custo certo nas redes de atenção à saúde
Fonte: Francesc JM et al. La gobernanza em las redes integradas de servicios de salud (RISS): contextos, modelos
y actores em America Latina. Washington, Organizacion Panamericana de la Salud, 2011
O princípio da coordenação
•
•
•
•
•
A coordenação dos fluxos externos da AAE é de responsabilidade
da APS
Essa coordenação faz-se por meio da estratificação dos riscos da
população e das referências das pessoas portadoras de
condições crônicas complexas
Essa coordenação convoca um modelo inovador de regulação
assistencial com referência direta da APS para a AAE sem passar
pela decisão da central de regulação
Esse processo de coordenação implica relações pessoais entre as
equipes de da APS e da AAE
Esse processo exige comunicação pronta e fluida entre as
equipes de APS e da AAE (utilização de matriciamento e de redes
sociais)
Fonte: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011
O princípio da complementaridade: as
clínicas da APS e da AAE são diferentes,
mas complementares
APS
CAMPO
Ambiente do cuidado
•
•
•
foco na pessoa
foco na saude
foco em problemas pouco
definidos vistos no início
AAE
•
•
•
•
foco no orgão ou sistema
foco na doença
foco em problemas bem
definidos vistos mais tarde
ambiente muito medicalizado
•
ambiente pouco
medicalizado
•
aceitam-se falsos negativos
que podem ser minimizados
pela repetição de exames
cuidado disperso em vários
problemas
•
•
provas em série
•
aceitam-se
sobrediagnósticos mas não
se aceitam falsos negativos
concentração do cuidado
num único problema ou num
número mínimo de
problemas
provas em paralelo
Continuidade do cuidado
•
continuidade sustentada
•
continuidade relativa
Resultados
•
menores custos e iatrogenias
•
maiores custos e iatrogenias
Formas de atuação dos
profissionais
•
•
Fontes:
Cunillera R. Arquitetura e modelo de atenção: níveis e gestão de processos assistenciais. Rio de Janeiro: ENSP/FIOCRUZ; 2012.
lopes JMC. Princípios da medicina de família e comunidade. In: Gusso G, Lopes JMC. Tratado de medicina de família e comunidade:
princípios, formação e prática. Porto Alegre, Artmed, 2012
Os modelos de organização da atenção
ambulatorial especializada
• O modelo da organização fragmentada em silos: o
modelo SILOS
• O modelo da organização em redes de atenção à saúde:
o Modelo do Ponto de Atenção Secundária Ambulatorial
(modelo PASA)
Fonte: Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2011
As características do modelo SILOS
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É referido pelo modelo de atenção aos eventos agudos
É organizado de forma autônoma, sem relação com a organização da APS
A fragilidade da APS para exercitar a coordenação da atenção nas RASs: a
regulação feita por centrais de regulação
Os especialistas e os generalistas atuam em silos que não se comunicam
Os generalistas não coordenam a atenção
Há uma competição predatória entre especialistas e generalistas
O produto final é uma consulta médica, uma prescrição e/ou um
pedido/realização de exame complementar
Os sistemas de referência e contrarreferência ou inexistem ou são
desorganizados
Os generalistas e os especialistas atuam de forma despersonalizada
A atenção é muito concentrada no médico especialista
A atenção é muito concentrada na consulta médica presencial de curta
duração
Os sistemas de referência e contrarreferência não operam com base em
estratificação de riscos
A fragilidade dos registros eletrônicos em saúde
A forte presença do efeito velcro
A AAE limita-se à função assistencial
Fonte: Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da
consolidação da estratégia da saúde da família. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2012
As características do modelo PASA
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É referido pelo modelo de atenção às condições crônicas
Ponto de atenção fechado
Necessidades de atenção programadas na APS
Acesso regulado pela APS com base na estratificação dos riscos
A definição conjunta por generalistas e especialistas de critérios de referência e
contrarreferência segunda a estratificação de risco e sua padronização por meio de
protocolos clínicos com base em evidência
Os acordos sobre procedimentos clínicos para reduzir redundâncias ou retrabalhos
Os acordos sobre exames complementares para reduzir duplicações
Atenção prestada por uma equipe multiprofissional trabalhando de forma
interdisciplinar
O produto final da atenção é um plano de cuidado interdisciplinar para ser
executado na APS
A incorporação de novas formas de encontro clínico além da consulta presencial
face a face
O conhecimento pessoal de especialistas e generalistas
A atuação clínica conjunta de especialistas e generalistas em planos de cuidados
compartilhados
A vinculação de generalistas a especialistas envolvendo a regionalização da
atenção especializada
O envolvimento de especialistas em atividades educacionais da equipe da APS, em
segunda opinião, em supervisão e em pesquisa
A busca da complementaridade entre generalistas e especialistas
Fonte: Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da
estratégia da saúde da família. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde, 2012
A ampliação da estrutura da oferta no modelo
PASA
• Estrutura da demanda
• Estrutura da oferta
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Por condições crônicas estabilizadas
Por condições crônicas instáveis
Fonte:
Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção
primária à saúde: o imperativo da consolidação da
estratégia da saúde da família. Brasília, Organização PanAmericana da Saúde, 2012.
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Consultas médicas
Consultas de enfermagem especializada
Dispensação de medicamentos e farmácia
clínica
Solicitação/coleta e oferta de exames
complementares
Consultas com outros profissionais
especializados
Grupos operativos
Grupos terapêuticos
Atendimentos compartilhados a grupos
Atendimentos conjuntos de especialistas e
generalistas
Atendimentos contínuos
Atendimentos à distância
Atendimentos por pares
Apoio ao autocuidado
gestão de casos
Provisão de segunda opinião
Educação permanente para profissionais da
APS
Pesquisa clínica
Uma reflexão sobre as relações entre a APS
e a AAE
“Deve-se proteger as pessoas dos especialistas
inadequados e proteger os especialistas das pessoas
inadequadas”
J. Fry
Fonte: Gusso G. O panorama da atenção primária à saúde no Brasil e no mundo: informações e saúde.
Florianópolis, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 2005
Disponíveis para download gratuito em:
www.conass.org.br
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