O Caso de Phineas Gage Phineas Gage foi um trabalhador norte-americano dos caminhos-de-ferro no século XIX que viveu em Cavendish, Vermont. Um dos seus trabalhos consistia em colocar cargas explosivas em grandes blocos de rocha de forma a fragmentá-los. Numa dessas circunstâncias, a detonação ocorreu antes do que estava previsto, tendo como resultado a perfuração do seu crânio pelo bastão de ferro que tinha sido construído especialmente para ele. O bastão entrou pela face esquerda de Gage, trespassa a base do crânio, atravessa a parte anterior do lobo frontal do seu cérebro e sai a alta velocidade pelo topo da cabeça, aterrando no chão a mais de 30 metros de distância. Frontal Notavelmente, Gage nunca perdeu a consciência, ou retomou-a rapidamente (actualmente, ainda há algum debate e controvérsia sobre este assunto), praticamente não sofreu qualquer dor, e estava desperto e alerta quando foi socorrido por um médico 45 minutos após o acidente. Tinha pulsação e visão normal, e depois de um breve período de descanso, voltou a trabalhar ao fim de alguns dias. Contudo, não ficou totalmente ileso deste acidente. http://www.sruweb.com/~walsh/gage5.jpg Descubra mais acerca de Phineas Gage em: http://en.wikipedia.org/wiki/Phineas_Gage Frontal Alterações comportamentais • Novos traços de personalidade: «Gage já não era Gage», o seu corpo pode estar vivo, mas um novo espírito anima-o. • Dissociação do carácter relativamente à cognição (as capacidades intelectuais, como a atenção, percepção, memória, linguagem e inteligência permaneceram incólumes) • Incapacidade de planear o futuro como ser social • Incapacidade de fazer escolhas acertadas • Incapacidade de seguir princípios éticos • Incapacidade de assumir responsabilidade perante si próprio e as outras pessoas • Deixou de mostrar qualquer respeito pelas convenções sociais Implicações do estudo deste caso • António Damásio deduziu algumas questões do caso de Phineas Gage: • Os danos cerebrais afetaram a região do córtex pré-frontal e em particular a faculdade emotiva • Será possível existir um centro moral no cérebro pré-frontal que está associado às emoções? • Uma razão desligada das emoções torna-se ineficaz: como é que as emoções estão ligadas à capacidade de planear o futuro? • Qual o papel das emoções no processo de deliberação ou de decisão? • De que modo é que um défice emocional pode afetar a personalidade e as relações sociais? Solução hipotética de António Damásio • As nossas experiências de decisão são reguladas por marcas emocionais gravadas previamente na nossa memória • Existem sinais automáticos que nos dizem o que é agradável ou desagradável e ajudam a agilizar o processo de decisão • Esses sinais de alarme chamam-se «marcadores somáticos» • Gage deixou de ser Gage a partir do momento em que a lesão cerebral cortou o acesso aos «marcadores somáticos»