CONHECENDO AS FUNÇÕES DO CÉREBRO ATRAVÉS DE

Propaganda
CONHECENDO AS FUNÇÕES DO CÉREBRO ATRAVÉS DE CASOS
CLÍNICOS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA(1)
Lucas Nunes de Castro(2), Liane da Silva de Vargas(3), Pamela Billig Mello-Carpes(4)
(1)
Trabalho executado com recursos do Edital PROEXT/MEC; Edital Novos Talentos/CAPES. Edital STEM
CAPES/British Council.
(2) Acadêmico de Fisioterapia. Bolsista PROEXT/MEC. Fundação Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, RS.
[email protected]
(3) Aluna de Pós-Graduação do PPG-Bioquímica. Fundação Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana,
[email protected]
(4)Orientadora, professora adjunta, Fundação Universidade Federal do Pampa. [email protected]
RESUMO: Sabe-se que o cérebro pode sofrer alterações cognitivas e motoras em detrimento de alguma
lesão encefálica. Exemplos disso são os clássicos casos dos pacientes Phineas Gage e Henry Molaison
(HM). Este trabalho tem como objetivo relatar uma ação de divulgação da neurociência a escolares através
do estudo dos casos clínicos citados anteriormente. As ações foram executadas com 116 alunos e 5
professores de escolas públicas, abordando temas como memória integridade do cérebro e plasticidade
neural através de explanações teóricas e atividades práticas. Antes e após a atividade os participantes
responderam questionários sobre o conteúdo e para avaliação das ações. Percebemos que, após as ações
houve um aumento na porcentagem de conhecimento sobre os temas. Ainda, 100% dos professores
relataram ser importante o ensino sobre as funções do cérebro aos escolares, visto que isso pode colaborar
no aprendizado dos alunos. Sendo assim, percebemos que o uso de casos clássicos da ciência, que
instigam a curiosidade dos alunos, pode ser uma estratégia de ensino interessante, contribuindo no
processo de popularização da neurociência no ambiente escolar.
Palavras-Chave: Memória, Neurociência, Popularização da Ciência, Escolares, Casos Clínicos.
INTRODUÇÃO
O avanço nas pesquisas sobre as funções do cérebro tem colaborado continuamente para a
compreensão da consciência humana (CASTRO; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2010). Atualmente, Sabe-se
que este órgão é fundamental para realização das atividades cotidianas, e importante no desenvolvimento
humano, tanto na aprendizagem como na cognição. Porém, também é sabido das alterações cognitivas e
motoras que o cérebro pode sofrer através de alguma lesão encefálica (MARIN; PERRY, 1999).
O estudo de relatos de casos clássicos de pacientes com alguma intercorrência cerebral auxilia na
fundamentação de hipóteses sobre algumas funções do cérebro. Podemos exemplificar os casos de
Phineas Gage e Henry Gustav Molaison, o paciente H.M. Antônio Damásio foi um dos pesquisadores que
aprofundou sua investigação sobre emoção e cognição, buscando reinterpretar a história de Phineas Gage,
que sofreu um acidente de trabalho tendo o lobo frontal cerebral perfurado (CAGNIN, 2008; MARANHÃOFILHO, 2014). Já H.M, apresentou alterações na memória após uma cirurgia que envolveu a remoção de
parte do lobo temporal do cérebro, (LIMA, 2011).
Considerando a importância destes casos clínicos, o presente trabalho tem por objetivo relatar uma
ação que buscou levar informações a respeito do funcionamento do cérebro à escolares da rede pública de
Educação Básica utilizando como ferramenta de ensino a exemplificação dos casos clínicos anteriormente
citados. Ainda, buscamos avaliar o impacto dessa ação como ferramenta auxiliadora na popularização da
neurociência na escola.
METODOLOGIA
As ações relatadas foram realizadas através do programa “POPNEURO: Ações para a divulgação e
popularização da Neurociência”, realizado em quatro escolas públicas de Uruguaiana-RS. Participam do
programa 116 alunos da Educação Básica, com idades entre 9 a 11 anos e5 professores. São realizadas
ações semanais. As atividades aqui relatadas foram realizadas em duas semanas consecutivas e ambas
consistiram em uma aula teórica seguida de uma atividade prática para fixação do conteúdo. Na primeira
semana o tema referiu-se à memória e aprendizagem, sendo usada como base a história do paciente HM, o
qual tinha uma forma de epilepsia que não respondia a tratamento medicamentoso, sendo então submetido
á uma cirurgia que envolveu a remoção de parte do lobo temporal cerebral, incluindo a área de formação
hipocampal. A cirurgia trouxe sequelas: incapacidade de formar novas memórias. A partir disto, foi
investigado durante anos por cientistas interessados em descobrir a relação da área removida com a
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
amnésia a qual foi acometido. Este estudo possibilitou estabelecer alguns princípios sobre as estruturas
envolvidas na formação das memórias (LIMA, 2011). Na segunda semana trabalhou-se a história de
Phineas Gage, um indivíduo hígido, que após um acidente de trabalho sofreu danos no lobo frontal do
cérebro. Após o incidente, foi acometido por uma alteração de personalidade e déficit na tomada de
decisões, o que prejudicou suas relações sociais. Esta abordagem serviu de base para explanação sobre
plasticidade neural.
Antes e após cada ação foram disponibilizados questionários referentes ao conteúdo da aula para
avaliação da aprendizagem. Após as ações o questionário também envolvia questões para avaliar a
qualidade das atividades propostas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise dos questionários sobre a primeira aula, podemos observar que antes das
atividades 91,05% dos participantes relatou ter algum conhecimento sobre o que é memória, após a
atividade esta percentagem aumentou para 98,35%. Quando questionados sobre como a memória é
formada, antes das atividades 29,26% dos estudantes referiu conhecer o assunto, após a atividade este
percentual foi de 55,28%. Na segunda aula, quando perguntado aos alunos se a consequência de uma
lesão no cérebro depende da área afetada, 64,5% responderam que sim antes das atividades, pós, este
percentual aumentou para 83,6%.
Observamos, assim, que a ação obteve resultado satisfatório e o público interagiu ativamente com
as atividades propostas. Trazer conteúdos sobre neurociência para o conhecimento e realidade dos alunos
é um desafio, mas é importante, visto que auxilia no seu conhecimento científico (RACHID, 2012).
Além dos alunos 100% dos professores destacou a importância do ensino sobre as funções do
cérebro, e que isso pode colaborar futuramente no aprendizado dos escolares.
CONCLUSÕES
Nossos resultados permitem concluir que o estudo do cérebro a partir dos casos clínicos se mostra
uma importante ferramenta que contribui para o entendimento das funções cerebrais e pode ser utilizado
como estratégia de ensino, contribuindo no processo de popularização da neurociência no ambiente
escolar.
REFERÊNCIAS
CAGNIN, S. Algumas contribuições das neurociências para o estudo da relação entre o afeto e a cognição. Revista
Estudos e Pesquisas em Psicologia,Rio de Janeiro , v. 8, n. 2, ago. 2008 .
CASTRO, F. S; LANDEIRA-FERNANDEZ, J.. Alma, mente e cérebro na pré-história e nas primeiras civilizações
humanas. Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 23, n. 1, p. 141-152, Apr. 2010.
LIMA, S. M. C. C. A memória de curto prazo e a síndrome de down: a relação entre contextos de
desenvolvimento. 2011. 88 f. Tese (Doutorado em Estudos de Comportamento; Psicologia Fisiológica) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2011.
MARANHÃO-FILHO, P. Mr. Phineas Gage e o Acidente Que Deu Novo Rumo à Neurologia. Revista Brasileira de
Neurologia. Volume 50. Nº 2. abr-maio-jun, 2014.
MARIN, O; PERRY, D. Neurological aspects of music perception and performance. In: DEUTSCH, Diana (Ed.) The
Psychology of music – second edition. San Diego: Academic Press, p. 653-724, 1999.
RACHID, I. (2012). “Construindo a excelência em gestão escolar: curso de aperfeiçoamento: Módulo VIII – O
impacto da neurociência na sala de aula”. Secretaria de Educação. Recife: Secretaria de Educação do Estado.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Download