29/VI/2008 – 29/VI/2009 GUIÃO: Antonio Rodríguez Carmona MONTAGEM: Antonio García Polo SÉRIE I “VIDA DE SÃO PAULO” 11 – Prisão em Cesareia marítima PRISÃO EM CESAREIA MARÍTIMA Paulo deu testemunho de Jesus em Jerusalém perante o supremo tribunal do povo judeu. Agora dá-lo-á também perante governadores e reis. Está-se a cumprir o que anunciou Jesus: «Hão-de vos entregar aos tribunais, sereis açoitados nas sinagogas, por Minha causa sereis levados diante dos governadores e dos reis, para dar testemunho de Mim diante deles. (Mc 13,9); sereis levados por Minha causa à presença dos governadores e dos reis, para dar testemunho diante deles e diante dos gentios» (Mt 10,18). António Félix, procurador romano de 52 a 60, estava casado com Drusila, uma judia, e conhecia bem os costumes judeus, inclusivamente tinha ideias do nascente movimento cristão. Foi um mau administrador, anti judeu e corrupto. Estamos no ano 58. Quando lhe apresentam o caso de Paulo, decide que espere até que se apresentem perante ele os seus acusadores judeus. Entretanto estará preso no cárcere do pretório de Herodes, o grande palácio construído por Herodes, o Grande e que servia de residência aos governadores romanos. Procurador António Félix Os acusadores apresentaram-se cinco dias mais tarde. Em nome deles fala um tal Tértulo, advogado, que acusa Paulo: «fomenta discórdias entre todos os judeus em todo o mundo, que é cabecilha da seita dos nazarenos e que tentou até profanar o templo, e por isso o prendemos. Tu mesmo poderás, interrogando-o, tomar conhecimento de todas estas coisas de que o acusamos». (Act 24,5-8) Acusadores «Podes certificar-te facilmente que não há mais de doze dias que cheguei a Jerusalém para fazer a minha adoração. Não me encontraram no templo discutindo com alguém, nem fazendo ajuntamento de povo nas sinagogas ou na cidade. Não te podem provar as coisas de que agora me acusam.» (Act 24, 1113). Paulo defende-se: «Depois de muitos anos, vim à minha nação trazer esmolas e oferendas. No meio destas coisas me encontraram purificado no templo, não provocando ajuntamento nem tumulto. Os que me encontraram foram uns certos judeus da Ásia, que deviam comparecer diante de ti e acusar-me, se tivessem alguma coisa contra mim; Porém, digam estes mesmos que me acusam se encontraram em mim alguma culpa, quando compareci no Sinédrio, a não ser estas palavras que proferi em voz alta no meio deles: Eu sou hoje julgado diante de vós por causa da ressurreição dos mortos!». (Act 24,17-21). Explica as circunstâncias da sua detenção: «Eu, porém, confesso-te que, segundo aquele “Caminho” que eles chamam seita, sirvo o Deus de nossos pais, crendo todas as coisas que estão escritas na Lei e nos Profetas, e tenho esperança em Deus, como eles também têm, que há-de haver a ressurreição dos justos e dos pecadores. Por isso, procuro ter sempre a minha consciência sem mancha diante de Deus e dos homens.» (Act 24,11-16). Expõe a sua fé: Félix, que estava bem informado acerca deste “Caminho”, adiou a sentença, dizendo: «Quando o tribuno Lísias vier, examinarei a vossa questão». E deu ordem ao centurião que o mantivesse detido, deixando-lhe alguma liberdade, e não proibisse que os seus lhe prestassem assistência.. (Act 24, 22-23) Procurador António Félix Passados alguns dias, vindo Félix com sua mulher Drusila, que era judia, chamou Paulo e ouviu-o falar da fé em Jesus Cristo. Mas, dissertando ele sobre a justiça, a castidade e o juízo futuro, Félix, atemorizado, disse: «Por agora retira-te; na primeira ocasião te chamarei». Esperava, ao mesmo tempo, que Paulo lhe desse dinheiro; por isso, mandando-o chamar frequentemente se entretinha com ele. (Act 24,2426) Procurador António Félix Passados dois anos, Félix teve por sucessor Pórcio Festo. E, no ano 60, querendo Félix ser agradável aos judeus, deixou Paulo na prisão. (Act 24,27). Prisão O novo procurador foi Pórcio Festo. Governava em Roma o imperador Nero. Na sua tomada de posse, visitou Jerusalém, onde as autoridades judias lhe apresentaram acusações contra Paulo e lhe pediram, por favor, que o mandasse conduzir a Jerusalém, enquanto preparavam uma cilada para o matarem no caminho. Procurador Pórcio Festo Festo respondeu que Paulo devia estar na prisão de Cesareia. «Por isso, disse ele, os que dentre vós são os principais venham comigo e, se algum crime há neste homem, acusem-no». (Act 25,5) Audiência pública * Depois de vários dias, repete-se a audiência contra Paulo, perante Festo. Os judeus apresentam muitas e graves acusações, não só de tipo religioso, como a de profanar o templo, mas também de tipo político, afirmando que actua contra os interesses do imperador. Paulo defende-se, negando tudo e eles não podiam provar as acusações. Audiência pública * Festo intervém, convidando-o a ir a Jerusalém para ser julgado aí de novo. Paulo, que conhecia as intenções dos judeus, responde: Procurador Pórcio Festo Então Festo, depois de conferenciar com o seu conselho, respondeu: «Apelaste para César; irás a César». (Act 25,12). Apelação a César «Estou diante do tribunal de César, é lá que devo ser julgado; nenhum mal fiz aos judeus como tu muito bem sabes. Se lhes fiz algum mal ou coisa digna de morte, não recuso morrer mas, se nada há daquilo de que estes me acusam, ninguém me pode entregar a eles. Apelo para César!». (Act 25,10-11). * Realmente Festo estava desorientado. Como confessa o próprio mais adiante, a conclusão que tirou desta audiência foi a de que discutiam algumas questões sobre a sua religião e sobre um certo Jesus já morto e que Paulo afirmava estar vivo. (Act 25,19). Procurador Pórcio Festo * Enviar um preso aos tribunais de César implica preparar uma ampla informação descrevendo a causa. Festo não tem coisa certa que escrever ao imperador, mas aproveita a ocasião de uma visita que recebeu de um ilustre judeu por motivo da sua chegada. Trata-se de Herodes Agripa II, um neto de Herodes, o Grande, que conseguiu de Roma o governo de Calcis e o poder de nomear o sumo sacerdote judeu. Conta-lhe o seu problema e acordam que Paulo compareça perante eles e explique o seu caso. Herodes Agripa II * Será a ocasião para que Paulo dê testemunho também perante reis. No dia seguinte, tendo ido Agripa e Berenice com grande pompa, e entrado na sala de audiência com os tribunos e pessoas principais da cidade, foi trazido Paulo por ordem de Festo. Agripa disse, pois, a Paulo: «É-te permitido falar em tua defesa». Então Paulo, estendendo a mão, começou a sua defesa. : (Act 25,23; 26,1) Herodes Agripa II + Depois de um breve preâmbulo, Paulo conta as suas origens judias e o seu período de perseguidor. Sempre acreditei nas promessas feitas por Deus, especialmente na promessa da ressurreição dos mortos. Por esta promessa estou preso. + Explica-o, contando a aparição de Jesus ressuscitado às portas de Damasco: Começa a sua defesa - Levado por tais intuitos, indo eu a Damasco com poder e comissão dos príncipes dos sacerdotes, ao meio-dia vi, ó rei, no caminho, uma luz do céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou em volta de mim e dos que iam comigo. Tendo todos nós caído por terra, - ouvi uma voz que me dizia em língua hebraica: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra o aguilhão”. - Então, eu disse: “Quem és tu, Senhor?”. … Caminho de Damasco - E o Senhor respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e põe-te em pé, porque Eu te apareci para te constituir servidor e testemunha das coisas que viste e daquelas pelas quais Eu te aparecerei ainda, livrando-te deste povo e dos gentios, aos quais agora te envio a abrir-lhes os olhos, a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam o perdão dos pecados e a herança entre os santos, mediante a fé em Mim”. - «Desde então, ó rei Agripa, não fui rebelde à visão celeste. (Act 26,1319) Aparição de Jesus + Depois resume a sua actuação como apóstolo cristão, dando a sua versão do que sucedeu realmente na esplanada do templo de Jerusalém. + Tudo o que ele anuncia está de acordo com Moisés e os profetas, pois não é mais do que o que eles anunciaram: que o Cristo havia de padecer, que seria o primeiro a ressuscitar dos mortos e que anunciaria a luz a este povo e aos gentios». (Act 26,23). Resumo * Festo não compreende este tipo de linguagem e interrompe Paulo, em alta voz: «Estás louco, Paulo; o muito saber desorienta o teu espírito!». * Paulo respondeu: «Eu não estou louco, ó óptimo Festo, mas digo palavras de verdade e de sabedoria. Destas coisas tem conhecimento o rei, a quem falo com toda a liberdade, pois creio que nada disto lhe é desconhecido, porque nenhuma destas coisas se passou a um canto. Acreditas, ó rei Agripa, nos Profetas? Eu sei que acreditas». Réplica Agripa respondeu a Paulo: «Por pouco me não persuades a fazer-me cristão!». E Paulo replicou: « Prouvera a Deus que, por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos me ouvem, se fizessem hoje tais como eu sou, exceptuando estas cadeias!». (Act 26,24-29). Conclusão Os presentes concluem que realmente não há motivo de morte ou prisão: Então levantou-se o rei, o governador e Berenice e os que estavam sentados com eles. Tendo-se retirado à parte diziam entre si: «Este homem não fez coisa que seja digna de morte nem de prisão». E Agripa disse a Festo: «Ele podia ser solto se não tivesse apelado para César». (Act 26,30-31).