Fundamentos de Economia Marco Antonio S. Vasconcellos Manuel Enriquez Garcia 4º Edição | 2012 | 1 Capítulo 11 Determinação da Renda e do Produto Nacional: O Lado Monetário 2 11.1 Conceito de Moeda: objeto aceito pela coletividade para intermediar as transações econômicas para o pagamento de bens e serviços. Economia de trocas: necessidade de dupla coincidência de desejos. Moeda mercadoria: forma mais primitiva de moeda na economia. Moeda metálica: originou-se da função de moeda dada aos metais preciosos e, depois, pela implementação da “cunhagem” da moeda. Papel-moeda: origem na moeda-papel, quando pessoas tinham ouro e guardavam em casas especiais que emitiam um certificado de depósito. Bancos comerciais privados: bancos passaram a emitir notas e recibos bancários que circulavam como moeda, dando origem ao papel-moeda. 3 Padrão-ouro: emissão do papel-moeda lastreado em ouro, que acabou se tornando um obstáculo para a expansão das economias nacionais e comércio internacional. Moeda de curso-forçado: a partir de 1920, a emissão de moeda passou a ser livre. Bretton Woods (1944): regime de moeda lastreada, na qual o dólar americano passa a ser moeda internacional respeitando o padrão-ouro. Em 1971, foi suspenso o padrão-ouro e quase todas as moedas nacionais do mundo passaram a ser fiduciárias. 11.2 Funções e tipos de moeda • instrumento ou meio de trocas; • denominador comum monetário; • reserva de valor. 4 11.2.1 Tipos de moeda: • moedas metálicas; • papel-moeda; • moeda escritural ou bancária. As duas primeiras são denominadas moedas manuais, por estarem em poder do público. 11.3 Oferta da moeda: suprimento de moeda para atender às necessidades da coletividade. 11.3.1 Conceito de meios de pagamento: total de moeda à disposição do setor privado não bancário, de liquidez imediata. Liquidez: capacidade da moeda de ser um ativo prontamente disponível e aceito para diversas transações. 5 Os meios de pagamento são dados, tradicionalmente, pela soma da moeda em poder público mais os depósitos à vista nos bancos comerciais: meios de pagamento = moeda em poder público + depósitos à vista nos bancos comerciais Desmonetização da Economia: diminuição da quantidade de moeda sobre o total de ativos financeiros decorrente de as pessoas procurar e se defender da inflação com aplicações financeiras que rendem juros. Monetização da Economia: com inflação baixa, as pessoas mantêm mais moeda que não rende juros em relação aos demais ativos financeiros. 6 Grau de monetização ou desmonetização: M1/M4 Criação e Destruição de Moeda: se devem, respectivamente, devido o aumento do volume de meios de pagamento ou quando se faz uma redução dos meios de pagamento. 11.3.2 Oferta de Moeda pelo Banco Central: o BC regula o montante de moeda, crédito, taxas de juros e câmbio, de forma compatível com o nível de atividade econômica e o equilíbrio do balanço de pagamentos. Suas funções clássicas: • • • • • • • execução da política monetária; banco emissor; banco dos bancos; banco do governo; controle e regulamentação da oferta de moeda; execução da política cambial e administração do câmbio; fiscalização das instituições financeiras. 7 Instrumentos de política monetária: • • • • controle das emissões; depósitos compulsórios ou reservas obrigatórias; operações com mercado aberto; operações de redesconto. O BC afeta o fluxo da moeda pela regulamentação desta e do crédito. 11.3.3 Oferta de moeda pelos bancos comerciais. O multiplicador monetário: parte dos depósitos à vista e compulsórios são guardados pelos bancos comerciais, o restante pode ser emprestado a seus clientes. Multiplicador de base monetária: a base é a soma da moeda em poder do público e das reservas bancárias. 8 Fórmula: m=saldo dos meios de pagamento/saldo da base monetária. 11.4 Demanda de moeda: quantidade de moeda que o setor privado não bancário retém, em média, seja com o público ou no cofre das empresas ou em depósitos nos bancos comerciais. Razões pelas quais se retém moeda: • demanda de moeda para transações; • demanda de moeda por precaução; • demanda de moeda por especulação. 11.5 O papel das taxas de juros 11.5.1 Taxa de juros nominal e taxa de juros real: medem, respectivamente, o preço pago a poupador por suas decisões de poupar; e mede o retorno de uma aplicação em termos de quantidades de bens. 9 11.6 Moeda, nível de atividade e inflação: interligação entre o lado real e o lado monetário da economia 11.6.1 Teoria quantitativa da moeda: relação entre volume de moeda e lado real da economia. Velocidade-renda da moeda: número de vezes que o estoque de moeda passa de mão em mão, em certo período, gerando produção e renda. V = PIB nominal/ saldo dos meios de pagamento Teoria quantitativa de moeda: MV = nível geral de preços x nível de renda nacional 10 11.6.2 Moeda e políticas de expansão do nível de atividade Instrumentos para promover a política monetária expansionista: • reduzir taxa de juros básica; • aumentar as emissões de moeda, na medida das necessidades dos agentes econômicos; • diminuir a taxa do compulsório; • recomprar títulos políticos no mercado; • diminuir a regulamentação no mercado de crédito. Elasticidade dos investimentos em relação às taxas de juros: resposta dos investimentos em relação à taxa de juros de mercado. 11.6.3 A relação entre a oferta monetária e o processo inflacionário: política antiinflacionária deve centrar-se mais 11 no controle da demanda agregada. Instrumentos recomendados de política monetária seriam dirigidos no sentido de “enxugar” os meios de pagamento: • • • • • aumento da taxa de juros básica (Selic); controle das emissões pelo Banco Central; venda de títulos públicos, retirando moeda de circulação; elevação da taxa sobre as reservas compulsórias; alteração das normas e regulamentação da concessão de créditos. 11.6.4 Eficácia das políticas monetária e fiscal: pode ser avaliada a partir de sua velocidade de implementação, pelo grau de intervenção na economia e pela importância relativa das taxas de juros e do multiplicador keynesiano. 12 Influência do papel da taxa de juros e do multiplicador keynesiano: a) Quanto maior a sensibilidade dos investimentos em relação à taxa de juros, maior a eficácia da política monetária. b) Quanto maior a sensibilidade da demanda especulativa relativamente à taxa de juros, menor a eficácia. c) Quanto maior o valor do multiplicador keynesiano de gastos, maior eficácia da política fiscal. 11.7 Sistema financeiro: deve ser forte e bem diversificado para atrair poupanças nacionais e estrangeiras. 11.7.1 Segmentos do sistema financeiro: Mercado monetário: são feitas operações de curto prazo com a finalidade de suprir as necessidades de caixa dos diversos agentes 13 econômicos. Mercado de Crédito: são atendidas as necessidades de recursos de curto, médio e longo prazo, principalmente oriundas da demanda de crédito para aquisição de bens de consumo duráveis e da demanda de capital de giro das empresas. Mercado de Capitais: segmento que supre exigências de recursos de médio e de longo prazos, com vistas à realização de investimentos em capital. São típicos desse mercado os derivativos. Mercado Cambial: compra e venda de moeda estrangeira, para atender a diversas finalidades. Mercado de Seguros, Capitalização e Previdência Privada: são coletados recursos financeiros ou poupanças destinados à cobertura de finalidades específicas. 14 Mercados Primários e Secundários: são, respectivamente, aqueles em que se realiza primeira compra/venda de um ativo recém-emitido e aqueles que negociam ativos financeiros já negociados anteriormente. Mercados à Vista, Futuros e Opções: • à vista: negociam apenas ativos com preços à vista; • futuros: negociam os preços esperados de certos ativos e mercadorias para certa data futura; • de opções: negociam opções de compra/venda de determinados ativos em data futura. 15