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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CURSO DE DIREITO
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA – RETÓRICA – RELATIVISMO
1º. semestre
Professora Selma Ap. Cesarin
2011
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA
A partir do século V , começou uma nova fase da Filosofia na
Grécia.
Esse período caracterizou-se essencialmente pela volta do homem
para si mesmo.
Depois de se preocupar principalmente com o mundo (physis),
iniciou-se a preocupação com o homem e este mesmo homem
começou a perceber que ele precisava indagar quem era
realmente.
Nestas circunstancias, em primeiro plano se destacava o homem
que falava bem, o cidadão.
E já que os interesses do atenienses voltavam-se para a realidade
política e civil , voltavam-se, também, para o próprio homem.
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA
Os sofistas e o poder da retórica
Os porta vozes desta nova mentalidade grega foram os Sofistas,
que surgiram discursando em praça pública, enaltecendo a
capacidade e a inteligência dos homens e indo de cidade em
cidade, ensinando os jovens.
Entretanto, eles lecionavam por dinheiro, mediante retribuição,
o que era uma novidade na Grécia e causou muito espanto.
Os sofistas alcançaram grande prestígio e êxito social. Além
disso, eram excelentes oradores e retóricos e,
fundamentalmente, pedagogos.
Sua pretensão era saber e ensinar tudo e defendiam a autosuficiência do homem para resolver os problemas do cotidiano
existencial. Este discurso “embebido nos acontecimentos
sociais, chamou-se Retórica” (ROCHA, p. 12, 2007)
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA
Os sofistas e o poder da retórica
Assim, a Sofística transitava no campo da Retórica e
dizia as coisas de forma que convencessem.
Em análise, o mais importante neste tipo de discurso
não era a verdade. Por isso, foi julgada uma falsa
filosofia e, por ser falsa filosofia, incitou Sócrates e
Platão a reivindicarem o bem pensar, ou seja, a
verdade, e a se oporem aos sofistas.
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA
Por ter como característica ser algo público, dirigido ao cidadão, a Sofística
tinha clara tendência política.
E era, também, uma Paidéia, quer dizer, uma pedagogia, na realidade, a
primeira a existir propriamente.
Apesar da crítica dos socráticos “[...] os sofistas são um marco na passagem
revolucionária do pensamento filosófico ocidental. Por exemplo, eles são
os primeiros a defender em a ideia de justiça com base nas leis
elaboradas pelos homens, leis essas que cada grupo social deverá
desenvolver de acordo com sua própria cultura e ambiente geográfico e
sociopolítico. Uma visão de justiça relativa e absolutamente secular *
em contraposição à justiça mítico-religiosa e superior dos deuses”
(ROCHA, 2007, p.13) que vigorava até então.
* Poder secular: poder temporal, leigo; poder civil do Estado. (SOIBELMAN, 1998.
Verbete: poder secular).
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA
Além da clara tendência política, a Sofística era, também, uma
Paidéia, quer dizer, uma pedagogia, a primeira a existir
propriamente.
Por meio dos diálogos de Platão é possível conhecer vários
sofistas: Hípias, Pródico, Eutidemo e, sobretudo,
Protágoras
e
Górgias
que são considerados os mais importantes.
FILOSOFIA GERAL
SOFISTICA E RETÓRICA
A Retórica era um dos pontos centrais da Sofistica e pode ser
entendida tanto como técnica do discurso como uma reflexão
sobre o próprio discurso.
A palavra Retórica vem do vocábulo grego rector, que
significava orador/político e no início não passava de um
conjunto de técnicas de bem falar e de persuasão usadas em
discussões públicas.
O surgimento da política, na Antiguidade, contribuiu de forma
muita para a propagação da Retórica, pois passou a ser
preciso usar a palavra para persuadir e convencer .
Mas esta arte – a da persuasão – não se limitou à política. Ela
se popularizou e passou a ser necessária em qualquer
circunstância na qual fosse preciso usar a palavra, incluindo
discussões comuns em se quisesse defender determinada
opinião ou ponto de vista.
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA
Além disso, o discurso retórico visava à ação e, assim, propunhase a persuadir e convencer aqueles que estavam ouvindo as
posições do orador.
Justamente por darem tanta importância à ação, a maioria dos
sofistas desprezavam o conhecimento sobre aquilo que
discutiam e se contentavam com opiniões simples, destinando
sua concentração e sua atenção somente às técnicas de
persuasão.
E foi principalmente contra este ensino que Sócrates e Platão se
opuseram.
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA
Ambos sustentavam que a Retórica era a negação da
própria Filosofia.
Platão, em suas obras Górgias e Fedro, estabelece a
distinção clara entre o discurso argumentativo dos
sofistas que, por meio da persuasão, procurava
manipular os cidadãos, e o discurso argumentativo
dos filósofos, que procuravam atingir a verdade por
meio do diálogo, pois , na realidade, só a verdade
importa.
FILOSOFIA GERAL
SOFÍSTICA
Portanto, a Filosofia surge como discurso dirigido à
razão, e não à emoção dos ouvintes .
A rigor, esta é a primeira condição para que a Verdade
possa ser comunicada: não se trata de convencer
ninguém, mas de comunicar ou demonstrar algo que se
pressupõe já adquirido - a Verdade de que o filósofo é
detentor .
FILOSOFIA GERAL
RELATIVISMO
Com os Sofistas, a noção de verdade passou a ser
relativa, já que eles defendiam que a verdade deveria
se moldar à opinião de cada um (CASSIN, 1990,
apud SANTOS, p.66).
Aqui talvez se encontre o ponto central da diferença
entre os Sofistas e Platão, porque este buscava
determinar uma verdade objetiva, independente de
opiniões pessoais, e os sofistas objetivavam uma
verdade que estivesse de acordo com suas opiniões, que
variavam, já que ora defendiam ou lhes interessava
um objetivo e ora outro era o objetivo defendido.
FILOSOFIA GERAL
RELATIVISMO
Além disso, o Relativismo levou o sujeito do
conhecimento a uma posição dominante, justamente
porque a verdade se mostrava de acordo com a
conveniência deste sujeito, no momento histórico e
espaço geográfico nos quais ele se encontrava.
Assim, deve-se entender por Relativismo filosófico a
teoria filosófica fundada na relatividade do
conhecimento.
FILOSOFIA GERAL
RELATIVISMO
Ademais, o Relativismo leva a perceber que toda verdade é
relativa a uma cultura ou sociedade específicas.
O que uma sociedade aprova, será correto para esta sociedade e,
por espelho, tudo o que esta sociedade condenar, será mau
para ela.
Por este raciocínio, percebe-se que o bem e o mal já não são
determinados em absoluto, mas apenas em relação à
determinada sociedade.
Não existem, no Relativismo, social ou cultural, normas finitas e
supremas de bem e de mal para julgar a sociedade, a não ser
aquelas analisadas na própria sociedade que se estuda.
FILOSOFIA GERAL
REFERÊNCIAS
BITTAR, E. C. B.; ALMEIDA, G. A. Curso de Filosofia do Direito. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2008.
BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 2001.
BURNET, J; O despertar da Filosofia Grega. São Paulo: Siciliano, 1994.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13.ed. São Paulo: Ática, 2005.
CORBISIER, R; Enciclopédia Filosófica. Petrópolis: Vozes, 1974.
DINUCCI, A.L. Miscelânea sofística. Cadernos UFS – Filosofia, v. VI, n.1. São Cristovão:
Editora da UFS, p.7-32.
JAPIASSÚ, Hilton; Marcondes, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3.ed. rev. ampl.
Versão eletrônica digitalizado por TupyKurumi.
MARCONDES, D. Iniciação à Filosofia. 6. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
MARQUES, Marcelo P. Os Sofistas: o Saber em Questão. In: FIGUEIREDO, Vinicius (org.).
Filósofos na Sala de Aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, vol. 2.
REALE, Giovani. História da Filosofia Antiga. São Paulo: Loyola, 1994.
REALE, Miguel. Introdução à Filosofia. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
ROCHA, José Manuel S. Fundamentos de Filosofia do Direito:- da Antiguidade a nossos dias.
São Paulo: Atlas, 2007.
SANTOS, Luiz Roberto Alves dos. Ética Sofística: O Papel Educativo da Relativização dos
Valores. Cadernos UFS – Filosofia, v. VI, n.1. São Cristovão: Editora da UFS, p.57-72.
SOIBELMAN, Leib. Enciclopédia Jurídica. Versão Eletrônica 2.0. São Paulo: Elfez. 1998.
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