Visualização do documento história da filosofia 3.rtf (537 KB) Baixar HISTÓRIA DA FILOSOFIA Volume terceiro Nicola ABAGNANO DIGITALIZAÇÃO E ARRANJO: ÂNGELO MIGUEL ABRANTES. HISTÓRIA DA FILOSOFIA VOLUME III TRADUÇÃO DE: ARMANDO DA SILVA CARVALHO CAPA DE: J. C. COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO TIPOGRAFIA NUNES R. José Falcão, 57-Porto EDITORIAL PRESENÇA . Lishoa 1969 TíTULO ORIGINAL STORIA DELLA FILOSOFIA Copyright by NICOLA ABBAGNANO Reservados todos os direitos para a língua portuguesa à EDITORIAL PRESENÇA, LDA. - R. Augusto Bil, 2 cIE. - Lisboa TERCEIRA PARTE FILOSOFIA ESCOLÁSTICA i AS ORIGENS DA ESCOLáSTICA § 173. CARÁCTER DA ESCOLáSTICA A palavra escolástica designa a filosofia cristã da Idade Média. O termo scholasticus indicava nos primeiros séculos da Idade Média aquele que ensinava as artes liberais, isto é, as disciplinas que constituíam o trívio (gramática, lógica ou dialéctica, e retórica) e o quadrívio (geometria, aritmética, astronomia e música). Mais tarde passou a chaMar-se também scholasticus ao professor de filosofia ou de teologia, cujo título oficial era o de magister (magister artílim ou magister in theologia) e que a princípio dava as suas lições na escola do claustro ou da catedral e mais tarde na universidade (studium genei-ale). A origem e o desenvolvimento da escolástica encontram-se estritamente ligados às funções docentes, funções que determinaram também a forma e o método de actividade literária dos escritores escolásticos. Como as formas fundamentais do ensino eram duas, a lectio, que consistia no comentário de um texto, e a disputatio, que consistia no exame de um problema tendo-se em consideração todos os argumentos que se possam aduzir pro e contra, a actividade literária dos Escolásticos assume sobretudo a forma de Commentari (à Bíblia, às obras de Boécio, à lógica de Aristóteles e mais tarde às Sentenze de Pedro Lombardo e às outras obras de Aristóteles) ou de recolha de questioni. Recolhas deste género são os Quodlibeta que compreendem as questões que os -aspirantes ao grau de teologia deviam discutir duas vezes por ano (pelo Natal e pela Páscoa) sobre qualquer tema, de quodlibet. As questiones disputatae são muitas vezes o resultado das disputationes ordinariae que os professores de teologÍa mantinham durante os seus cursos sobre os mais importantes problemas filosóficos e teológicos. A conexão da escolástica com a função docente não é um facto puramente acidental e extrínseco; faz parte da própria natureza da escolástica. Todas as filosofias são determinadas na sua natureza pelos problemas que constituem o centro da sua investigação; e o problema da escolástica consistia em levar o homem à compreensão da verdade revelada. Tratava-se portanto de um problema de escola, ou seja, de educação: o problema da formação dos clérigos. A coincidência típica e total do problema especulativo com o problema educativo justifica plenamente o nome da filosofia medieval e não explica os caracteres fundamentais. Em primeiro lugar, a escolástica não é, como a filosofia grega, uma investigação autónoma que afirme a sua independência crítica frente a qualquer tradição. A tradição religiosa é, para a escolástica, o fundamento e a norma da sua investigação. A verdade foi revelada ao homem através das Sagradas Escrituras, através das definições dogmáticas de que a comunidade cristã se serviu para fundamentar a sua vida histórica, através dos padres e doutores inspirados ou iluminados por Deus. Para o homem, trata-se apenas de aproximar-se dessa verdade, compreendê-la na 10 medida do possível, mediante os poderes naturais e com a ajuda da graça divina, e fazê-la sua para assumi-Ia como fundamento da própria vida religiosa. Mas mesmo nesta perspectiva, que é a da própria investigação filosófica, o homem não pode nem deve basear-se apenas nas suas faculdades; a tradição religiosa ajuda-o e deve ajudá-lo fornecendo-lhe, através dos órgãos da Igreja, um guia esclarecedor e uma garantia contra o erro. Trata-se mais de uma obra comum que individual: de uma obra na qual o simples indivíduo não pode nem deve basear-se apenas nas suas forças, mas pode e deve recorrer à ajuda dos outros e especialmente daqueles que a própria Igreja reconhece como particularmente inspirados e apoiados na graça divina. Daí o uso constante das auctoritates na especulação. Auctoritas é a decisão de um concílio, uma expressão bíblica, uma sententia de um Padre da Igreja. O recurso à autoridade é a manifestação típica do carácter comum e superindividual da investigação escolástica, na qual o indivíduo quer sentirse continuamente apoiado e sustentado pela autoridade e tradição eclesiástica. Daqui deriva não se propõe objectivo é encontrar a o outro aspecto fundamental da investigação escolástica. Esta formular ex novo nem doutrinas nem conceitos. O seu principal o de compreender a verdade já dada na revelação, e não o de verdade. Deste modo, como a norma da investigação resulta da tradição religiosa, os instrumentos e os materiais dessa investigação são provenientes da tradição filosófica. Esta vive substancialmente à custa da filosofia grega; primeiro a doutrina platónico-agostiniana, depois a aristotélica, fornecem-lhe os instrumentos e os materiais de especulação. A filosofia, como tal, é para ela simplesmente um meio: ancilla theologiae. Claro que as doutrinas o os conceitos que são adoptadas de acordo com aquele 11 objectivo acabam por sofrer uma transformação mais ou menos radical quanto ao seu significado original. Mas a escolástica não se propõe realizar esta transformação de modo intencional o a maior parto das vezes não tem disso consciência. O sentido da historicidade é-lhe estranho. Doutrinas e conceitos surgem livres dos complexos históricos de que fazem parte e considerados independentes dos problemas a que se referem e da personalidade autêntica do filósofo que os elaborou. A Idade Média coloca tudo num mesmo plano e fez dos filósofos mais afastados da sua mentalidade, seus contemporâneos, dos quais é lícito colher os frutos mais característicos para adaptá-los às suas próprias exigências. Nesta estrutura formal que a filosofia medieva apresenta, reflecte-se a própria estrutura social e política do mundo medievaL Este é um mundo constituído como uma hierarquia rigorosa apoiada numa única força que do alto dirige e determina todos os aspectos. Tem-se afirmado em regra que a concepção medieval do mundo se inspira no aristotelismo: com efeito, essa é substancialmente a concepção estoico-platónica à qual acabam por se reduzir e adaptar as próprias doutrinas aristotélicas. O mundo é uma ordem necessária o perfeita na qual todas as coisas têm um lugar e uma função determinados, permanecendo nesse lugar e nessa função pela força infalível que determina e orienta o mundo vindo do alto. Tudo o que o homem pode e deve fazer é conformar-se com esta ordem: o próprio livre arbítrio pode ser utilizado com utilidade desde que integrado nessa conformidade. As instituições fundamentais do mundo medieval, O Império, a Igreja, o Feudalismo, apresentam-se como os defensores da ordem cósmica e como os instrumentos da força que o rege. Essas são dirigidas substancialmente no sentido de fazer surgir todos os bens materiais e espirituais a que o homem pode aspirar, desde o 12 pão quotidiano à verdade, como derivantes da ordem a que pertencem, assim como da hierarquia de que são intérpretes e os guardiães dessa mesma ordem. Num mundo assim constituído, a investigação filosófica não pode desenvolver os seus princípios e a sua disciplina senão a partir da hierarquia em que se concretiza a ordem universal ou da força que se mantém causa dessa estrutura. Como ideia directiva da vida individual e social, a noção desta ordem começa a afirmar-se a partir do século VIII, com o desaparecimento quase total das trocas económicas e culturais e o desaparecimento ou decadência das cidades, deixando de pé apenas uma economia rural paupérrima e fechada. O despertar do tráfego comercial e das artes que se verifica a partir do século XI, as viagens e as trocas provocam a primeira crise da concepção medieval da ordem cósmica. Essas transformações vêm demonstrar, com a própria força dos factos, que o indivíduo pode adquirir para si os bens que se lhe oferecem, incrementá-los o defendê-los com a sua actividade e com a colaboração dos outros. O poder hierárquico começa a surgir, agora, como um limite ou uma ameaça, mais do que uma ajuda ou garantia, à capacidade humana de adquirir ou conservar os bens que são indispensáveis ao homem. A luta pela autonomia comunal, pela libertação das limitações impostas pelo feudalismo, é substancialmente baseada na crença do homem em si próprio, na sua capacidade de providenciar sobre as suas necessidades e de organizar-se em comunidades autónomas que, melhor que as hierarquias impostas de cima, podem providenciar pela sua própria defesa. Nestas condições, a investigação filosófica adquire um respirar novo e uma nova dimensão de liberdade. Os seus pressupostos hierárquicos não são por enquanto postos em dúvida, os seus limites e as suas condições sobrenaturais 13 continuam ainda a ser reconhecidos; mas a parte devida à iniciativa racional do homem começa a aumentar e a reforçar-se, e em certos domínios e em certos Emites tal iniciativa acaba por ser reconhecida como legítima e eficaz. Tenta-se em seguida estabelecer claramente os domínios e os limites de tal iniciativa e julga-se haver realizado um perfeito acordo entre a razão e a fé, ou seja, entre a verdade que o homem pode conseguir com os seus poderes naturais o a que lhe foi revelada pelo alto e imposta pela hierarquia. Mas até este equilíbrio começa a romper-se a partir dos últimos decénios do século XIII; e agora não se renuncia à fé nem se denuncia, na sua totalidade, a concepção h-ierárquica da ordem cósmica, mas alarga-se e reforça-se o âmbito da iniciativa racional e a investigação filosófica debruça-se sobre domínios que já nada têm a ver com os objectos da fé e nos quais pode avançar com a sua força autónoma. Sobre este desenvolvimento, que compreende os aspectos sociais e políticos como os filosóficos do inundo ocidental nos séculos da Idade Média, se funda a caracterização da filosofia escolástica como o problema da relação entre razão e fé e a sua periodização fundada nas diversas formas de resolver tal problema. É evidente que deste ponto de vista o problema da relação entre razão e fé não é um problema puramente especulativo. É também um problema especulativo considerável se nos basearmos no confronto entre os textos filosóficos e os textos religiosos e as suas interpretações e implicações; mas não é apenas isto. É sobretudo o problema do papel que pode e deve ter a -iniciativa racional do homem na busca da verdade e da direcção da vinda individual e colectiva, perante a posição que deve ocupar a ordem cósmica e a hierarquia que a representa. Por isso é também o Problema da liberdade que o homem pode reivin14 dicar por si e das limitações que tal liberdade deve encontrar as hierarquias que governam o mundo. É, em suma, o problema dos novos domínios da indagação (a natureza, a sociedade) que se apresentam ao homem à medida que ele reivindica, pela sua razão, uma maior autonomia. Se designarmos, nos termos que assim ficam expostos, o "problema escolástico" pode ser facilmente abordado para se poder dar conta da continuidade e da variedade, das concordâncias e das polémicas do pensamento medieval. Isso pode permitir que nos apercebamos de que a ortodoxia e a heterodoxia religiosas fazem parte igualmente deste pensamento como fazem parte as especulações políticas e os interesses, que se mantiveram ou ressurgiram, pela natureza e pela ciência; e que as tendências heréticas, as rebeliões filosóficas, teológicas ou políticas que, em certa medida, sempre o caracterizaram, não constituem os aspectos históricos fundamentais a mesmo título que as grandes sínteses doutrinais nas quais a iniciativa racional do homem e as exigências da fé e da hierarquia eclesiástica parecem ter encontrado um compromisso efectivo. O que este conceito do problema escolástico pretende excluir é a tentativa de considerar a própria escolástica no seu conjunto como uma síntese doutrinal homogénea ria qual se hajam unificado e fundido os contributos individuais. Esta noção da escolástica parece sugerida pela vontade de privilegiar o aspecto da existência (real ou presumida) de uma concordância plena e definitiva entre a razão e a fé: aspecto que é característico da síntese tomista. Mas este privilégio não tem nenhuma base histórica e não terá outro efeito que o de excluir da escolástica, considerada como a única filosofia existente na Idade Média, uma parte importante dos pensadores medievais. Uma preferência ideológica, historiograficamente insustentável, está na base deste privilégio. A filosofia medieval, tal 15 como a filosofia de qualquer outro período, pode ser descrita o caracterizada apenas com base no seu Problema dominante, e não nas soluções que foram dadas a esse mesmo -problema. A continuidade desta filosofia pode ser reconhecida apenas com o fundamento da unidade do seu problema e das diferenças nas soluções apresentadas. E a periodização da mesma pode ser efectuada apenas com base na prevalência de uma ou de outra das soluções fundamentais. A esta exigência responde a periodização tradicional que distingue quatro fases na escolástica. A primeira, chamada pré-escolástica, é a do renascimento carolíngio, durante a qual é pressuposta e admitida pura e simplesmente a identidade da razão e da fé. Na segunda, chamada altaescolástica, que vai da metade do século XI até ao fim do século XII, o problema da relação entre a razão e a fé começa a esboçar-se e a ser posto claramente na base da antítese potencial entre os dois termos. Na terceira, que vai de 1200 aos primeiros anos de 1300, organizam-se os grandes sistemas escolásticos que constituem o que se costuma chamar o "florescimento da escolástica". Na quarta, que compreende o século XIV, verifica-se a dissolução da escolástica pela reconhecida insolubilidade do problema que foi seu fundamento. Todavia, ainda que acabada como período histórico, a escolástica permanece actual para exprimir a exigência, para o homem que vive numa tradição religiosa, de compreender e justificar racionalmente essa mesma tradição. Esta exigência surge com frequência ao longo da história da filosofia. Outras formas de escolástica, recorrendo às formas filosóficas na altura dominantes, apresentar-se-ão no ulterior decurso do pensamento filosófico. 16 § 174. O RENASCIMENTO CAROLINGIO Os séculos VIII e IX -assinalam a concentração das forças sobreviventes da cultura nos grandes impérios do Ocidente: o império árabe e o império carolíngio. Tanto um como o outro tomaram possível um -renascimento cultural. Carlos Magno, pela própria necessidade de garantir a unidade do seu império e de administrá-lo, necessidade que exigia o emprego de numerosos funcionários dotados de uma corta cultura, promoveu e encorajou os estudos. No período precedente, estes eram cultivados apenas nas regiões periféricas: por um lado, nas cidades da Itália meridional, como Nápoles, Amalfi e Salerno; por outro, nos mosteiros ingleses e irlandeses. Na época carolíngia converteramse no património das grandes Abadias, que exerceram a função que primeiramente havia pertencido às cidades. Nos fins do século VIII, a obra de Alcuíno foi o início da -reconstrução intelectual da Europa. Tendo nascido em 730 na Inglaterra, Alcuíno formou-se na escola episcopal de York; em 781 foi chamado pelo imperador Carlos Magno para dirigir a Escola Palatina e transformou-se no organizador dos estudos no império franco. Morreu no ano de 804. As obras de Alcuíno são quase exclusivamente constituídas por extractos tirados de outros autores. A sua Gramática foi obtida em Prisciano, Donato, Isidoro, Beda; a sua Retórica num texto de Cícero De inventione, a sua, Dialéctica num texto pseudo-agostiniano sobre as categorias. Mesmo o texto De animae ratione ad Eulaliam Virginem, que é o primeiro tratado de psicologia da Idade Média, não passa de uma série de extractos de Agostinho e Cassiano. Alcuíno é o grande organizador do ensino no reino franco. Foi ele quem ordenou os estudos segundo as sete disciplinas do trívio e do quadrívio, o a que chama as sete colunas da sabedor-ia (Patri. 17 Lat., 101, 853 c). No seu escrito teológico sobre a Trindade (De fide Sanctae et individuae Trinítatis, três livros), Alcuíno trata da essência divina, das propriedades de Deus, da trindade das pessoas, da encarnação e da redenção, mantendo-se em tudo fiel à especulação de Santo Agostinho. Tal como este, insiste na impossibilidade de se conceber e exprimir a essência divina, em relação à qual as categorias, que servem para compreender as coisas finitas, adquirem um novo significado. Em Deus tudo se identifica: o ser, a vida, o pensamento, o querer e o agir, e no entanto Ele é a simplicidade absoluta. Num escrito seu sobre a alma, dedicado à Jovem Eulália, Alcuíno define a alma como "o espírito intelectual ou racional, sempre em movimento, sempre vivo e capaz de boa ou má vontade>. A alma assume vários nomes consoante as suas funções: chama-se alma enquanto vivifica; espírito quando contempla; sentido enquanto sente; ânimo enquanto sabe; mente enquanto compreende; razão enquanto julga; vontade enquanto consente; memória enquanto lembra. Mas estas funções diversas não são próprias de várias substâncias, apesar de serem indicadas com nomes diferentes: constituem todas uma alma única (De animae ratione, 11). AIcuíno distingue nela três partes, de acordo com a doutrina platónica: a racional, a irascível e a apetitiva. As três partes da alma racional, memória, inteligência e vontade reproduzem a Trindade divina (segundo a doutrina de Agostinho). A alma é o fundamento da personalidade humana, mas o eu na sua totalidade pertence não só à alma como também ao corpo. A alma é incorpórea o como tal imortal. O seu bem mais @levado é Deus e o seu destino é o de amar a Deus. Para tal destino a alma prepara-se através das virtudes; e entre estas Alcuíno coloca não apenas as cristãs: fé, esperança e caridade, como também as pagãs: pradêwia, 18 justiça, força e temperança, das quais dá definições platónicas de De officiis de Cicero. A obra de Alcuíno sucedeu como abade ano da sua morte, levantava a questão foi continuada pelos seus sucessores. Fredegiso, de S. Martinho de Tours e foi, a partir de 819, chanceler de Ludovico o Pio, compôs uma obra na de se saber se o nada é alguma coisa ou não (De que lhe até 834, qual se nihilo et tenebris). Fredegiso conclui que o nada de certo modo é; e de facto, se se nega ,isso, essa mesma negação é já alguma coisa e por isso o nada de certa maneira é (Patr. Lat., 105. ., 751). O próprio facto de o nada ter um nome demonstra a sua realidade, uma vez que um nome que não se refira a qualquer coisa real não pode ser pensado. A expressão bíblica de que o mundo foi criado do nada demonstra também a sua realidade; porque do nada procedem todos os elementos e ainda a luz, os anjos e as almas dos homens. Discípulo de Alcuíno foi Rabano Mauro. Nascido na Mogúncia no ano de 776 ou ... 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