Setor Externo da Economia Professor: Marcus Antônio Teodoro Batista – Universo(Go) Parte II: Determinantes do Produto Capítulo 10: Setor Externo Objetivo do Capítulo estudar as principais relações entre o país e o resto do mundo; como as relações entre países afetam o desempenho econômico; a relação entre desempenho econômico e regimes cambiais. TRANSAÇÕES ENTRE PAÍSES • Bens e serviços X bens e serviços: especialização (vantagens comparativas) • Bens e serviços X haveres/obrigações: alocação intertemporal • Haveres X haveres: diversificação de riscos BALANÇO DE PAGAMENTOS • É o registro sistemático das transações entre residentes e não-residentes de um país durante determinado período de tempo REGISTRO: PARTIDAS DOBRADAS • Contas Operacionais: fatos geradores de recebimentos ou transferências. • Entrada (crédito) e saída (débito) (ii) Contas de Caixa: movimento de meios de pagamento à disposição do país: • Haveres a curto prazo; • Ouro monetário; • DES; • Reservas no FMI. • Aumento (débito) e diminuição (crédito) MÉTODO DE PARTIDAS DOBRADAS Tipos de Transações · Transações autônomas - acontecem por si mesmas, são motivadas pelos interesses dos agentes (empresas, consumidores, governo). · transações compensatórias - destinadas a financiar o saldo final das transações autônomas. As transações compensatórias “zeram” o saldo do Balanço de Pagamento. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS • Dois grandes grupos: (i) Transações Correntes: movimentação de bens e serviços (ii) Movimento de Capitais: deslocamentos de moeda, créditos e títulos representativos de investimento PARTIDAS DOBRADAS • Dado as partidas dobradas, o somatório dos lançamentos deve ser zero Assim: Saldo em transações correntes + Saldo da conta de capitais = ZERO Ou seja: TC > 0 CK < 0 ou TC < 0 CK > 0 TRANSAÇÕES CORRENTES: 3 GRUPOS (i) Balança comercial: – Exportações (+) – Importações (-) (ii) Balança de serviços: – Não-fatores: viagens, fretes, seguros etc. – Fatores: lucros, dividendos, juros etc. (iii) Transferências unilaterais: não existe contrapartida (doações, remessa de imigrantes, reparações de guerra etc.) CAPITAIS • Movimento de Capitais: deve-se distinguir entre o que representa transação operacional e o que corresponde à fonte de financiamento do saldo do BP. CAPITAIS • Capitais Autônomos: voluntários (investimento direto, empréstimos, amortizações) • Capitais Compensatórios: contas de caixa, empréstimos de regularização e atrasados CAPITAIS • MK = KA + KC Como: TC = - MK TC = - (KA + KC) TC + KA = - KC ERROS E OMISSÕES • Imperfeições nas estatísticas fazem com que TC + KA - KC Como KC é medido de forma precisa, introduz-se essa conta na parte de cima do BP TC + KA + Erros e omissões = - KC ESTRUTURA DO BP (I) Balança comercial (II) Balanço de serviços (III) Transferências unilaterais (IV) Saldo do BP em TC (I + II + III) (V) Capitais autônomos (VI) Erros e omissões (VII) Saldo do BP (VIII) Capitais compensatórios SALDO EM TC • Significa quanto o país importa ou exporta de poupança para financiar a formação de capital • TC > 0 S > I envia poupança para financiar I no resto do mundo (C + I < Y) • TC < 0 S < I recebe poupança externa para financiar I (C + I > Y) BALANÇO DE SERVIÇOS: FATORES E NÃO-FATORES • Transferência Líquida de Recursos ao Exterior: saldo das exportações e importações de bens e serviços não-fatores • Renda Líquida Enviada ao Exterior: é o saldo dos serviços fatores mais as transferências unilaterais • TC = TLRE - RLEE PASSIVO • Passivo Externo Líquido = Saldo de Empréstimos e Capitais Externos • Aumento do Passivo Externo: déficit em TC • Variação do passivo = RLEE - TLRE (i x D) QUESTÕES • • • • Aumento no passivo hoje piora TC no futuro Limite ao endividamento: TC futuro superavitário para pagar Teoria do Ciclo da Dívida Externa K externo XS ou MS para garantir pagamento (x > i) BALANÇO DE PAGAMENTOS INDICADORES DA SITUAÇÃO EXTERNA • Índice ou coeficiente de vulnerabi-lidade: relação dívida externa líquida/exportações, mostra-nos quantos anos de exportação são necessários para pagar a dívida externa • Parcela das exportações comprome-tida com o pagamento de juros da dívida externa INDICADORES DA SITUAÇÃO EXTERNA • Quanto de importações está garantido pelas reservas do país caso não entre nenhuma divisa no país • Grau de abertura: (exportações + importações) / PIB INDICADORES DA SITUAÇÃO EXTERNA INDICADORES DA SITUAÇÃO EXTERNA INDICADORES DA SITUAÇÃO EXTERNA TAXA DE CÂMBIO • Transações entre países requerem compatibilização entre diferentes moedas • Taxa de câmbio: relação entre moedas de diferentes países (preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira) Mercado Cambial • Mercado cambial é o mercado em que as moedas dos diferentes países são transacionadas. • Quem demanda moeda estrangeira: importadores, pessoas que possuem dívida com o exterior, multinacionais situadas no Brasil, turistas que viajam para o exterior etc. • Quem oferta moeda estrangeira: exportadores brasileiros; estrangeiros que querem investir no Brasil, tomadores de empréstimo no exterior; turistas estrangeiros no Brasil etc. VALORIZAÇÃO E DESVALORIZAÇÃO • Desvalorização: moeda nacional passa a valer menos em moeda estrangeira • Valorização: moeda nacional passa a valer mais em moeda estrangeira TAXA DE CÂMBIO REAL • Relativo de preço entre o produto estrangeiro e o produto nacional TAXA DE CÂMBIO REAL = (E x P*)/P = taxa de câmbio real E = taxa de câmbio nominal P* = preço do produto estrangeiro em moeda estrangeira P = preço do produto nacional em moeda nacional DETERMINANTES DA TAXA DE CÂMBIO • Longo prazo: competitividade • Lei do Preço Único: na ausência de barreiras, produtos homogêneos devem ter o mesmo preço em diferentes países quando medidos na mesma moeda • Ajustamento via mercado: concorrência perfeita EXEMPLO • Big Mac Preço do Big Mac em Nova York = US$ 3.00 Preço do Big Mac em São Paulo = R$ 6,00 E x US$ 3.00 = R$ 6,00 E = 2,00 R$/US$ GENERALIZANDO: PARIDADE DO PODER DE COMPRA E = P/ P* onde: P = nível geral de preços internos P* = nível geral de preços no exterior COMPORTAMENTO DA TAXA DE CÂMBIO • E = - * • Comportamento da taxa de câmbio segue o diferencial entre a inflação interna e a inflação externa • Desvalorização real: E > - * (aumenta a competitividade) • Valorização real: E < - * (diminui a competitividade) DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO • Curto prazo: Arbitragem • Arbitragem: mecanismo pelo qual o retorno dos diferentes ativos se igualam • Taxa de câmbio no curto prazo reflete o movimento de capitais EXEMPLO • Considere 2 alternativas de aplicação: ARBITRAGEM • Retorno de aplicar no Brasil = i • Retorno de aplicar no exterior = i* + E • Arbitragem: i = i* + E Se i > i* + E : entrada de recursos Se i < i* + E : saída de recursos COMO SE DÁ A ARBITRAGEM • EF = valor esperado para taxa de câmbio no futuro Dado EF : i = i* + [(EF - E)/E] • Se i > i* + E entrada de capital valoriza taxa de câmbio hoje até que expectativa de desvalorização iguale o retorno COMO SE DÁ A ARBITRAGEM • Se i < i* + E saída de recursos desvaloriza taxa de câmbio até que a nova desvalorização esperada iguale o retorno COMO SE DÁ A ARBITRAGEM REGIMES CAMBIAIS • Taxa de Câmbio Fixa: Banco Central se compromete a comprar e vender moeda estrangeira à taxa estipulada. – Ajustamento do mercado via quantidade: Bacen deve ter reservas suficientes e “compromete” controle monetário REGIMES CAMBIAIS • Taxa de Câmbio Flutuante: taxa se ajusta para igualar oferta e demanda – Não existe desequilíbrio no BP – Isola política monetária (Fixa X Flutuante: Volatilidade) OUTROS REGIMES CAMBIAIS • Bandas cambiais • Flutuação suja • Taxa real de câmbio fixa DETERMINAÇÃO DA RENDA • Determinação da renda em uma economia aberta Mercado de bens: Y = C + I + G + (X - M) MODELO IS/LM: ECONOMIA ABERTA • IS: Y = C(YD) + I(i) + G + (X - M)(;Y;Y*) • LM: M/P = L(Y;i) Note que agora temos 2 equações e três variáveis: necessidade de alguma restrição MODELO IS/LM: ECONOMIA ABERTA • Considere em mundo com livre mobilidade de capital, isto é, valem as condições de arbitragem i = i* + expectativa de E • E com expectativas estáveis, isto é: expectativa de E = 0; EF = E • Então: arbitragem: i = i* MODELO IS/LM: ECONOMIA ABERTA • A restrição i = i* significa que é um país muito pequeno que pode financiar/aplicar seus déficits/superávits sem afetar a taxa de juros internacional MODELO IS/LM: ECONOMIA ABERTA O modelo fica: • IS*: Y = C(YD) + I(i) + G + (X - M)(;Y;Y*) • LM*: M/P = L(Y;i*) i = i* MODELO IS/LM: ECONOMIA ABERTA TAXA DE CÂMBIO FLUTUANTE • Aumento do gasto autônomo: TAXA DE CÂMBIO FLUTUANTE • Aumento da oferta de moeda TAXA DE CÂMBIO FIXA • Aumento do gasto autônomo TAXA DE CÂMBIO FIXA • Aumento na oferta de moeda CONCLUSÕES • Taxa de câmbio flutuante, livre mobilidade de capital e expectativas estáticas: – Política fiscal ineficaz – Política monetária eficaz • Taxa de câmbio fixa: – Política fiscal eficaz – Política monetária ineficaz SEM HIPÓTESE DE EXPECTATIVA ESTÁTICA i = i* + [(EF - E)/E] (i - i*)E = EF - E E = EF /(i - i* + 1) iE iE i*E i* E INCORPORANDO NO MODELO • IS: • LM: INCORPORANDO NO MODELO AUMENTO NO GASTO AUTÔNOMO AUMENTO NA OFERTA DE MOEDA