Sumário 1. Quem é você? ......................................................................................................... 1 2. Funcionamento básico do cérebro .......................................................................... 7 3. Mapas Cerebrais ..................................................................................................... 9 4. Freqüências mentais ............................................................................................. 11 5. Cérebro e Ambiente .............................................................................................. 12 Fonte ......................................................................................................................... 13 1 CÉREBRO - COMO FUNCIONA 1. Quem é você? Tente responder a essa pergunta sem citar filósofos existencialistas ou dramas shakespeareanos e provavelmente lhe restará contar a história da sua vida, suas preferências, emoções, crenças, enfim, tudo aquilo que lhe faz ver o mundo de uma maneira particular. É uma espécie de filme autobiográfico que está agora mesmo em cartaz – por mais concentrado que você esteja na leitura deste artigo. São flashes do último final de semana, do sabor da sobremesa favorita, lembranças da infância mescladas com sensações de alegria, cansaço, fome. Você é capaz de sentir até o tecido da roupa que está usando agora, ou, caso esteja à vontade, a sensação de estar nu. E o mais importante: no fundo, você sabe que essas imagens e sensações são exclusivas. Ninguém, além de você, pode entrar na sua mente e assistir ao mesmo filme. Mas como essa superprodução é escrita, produzida e dirigida no seu cérebro. Ou melhor: como um órgão com a consistência de um pudim é capaz de criar pensamentos, memória, medo, prazer e toda a complexidade que distingue o homem de outras espécies? Se a astronomia explicou com detalhes as milhares de galáxias e a biologia mapeou nossos mais de 30 000 genes, o cérebro sempre foi uma espécie de caixa preta insondável. Como não se conhecia o interior dessa caixa, durante séculos seu estudo ficou restrito às especulações de teólogos e filósofos. Mas isso está mudando. A moderna neurologia tem revelado uma visão surpreendente do órgão mais complexo do corpo e promete deixar o século XXI conhecido como o século em que entendemos o cérebro. “Começamos a decifrar esse mistério”, diz o neurologista português António Damásio, pesquisador da Universidade de Iowa, Estados Unidos, e autor do livro O Mistério da Consciência. “Comparada com a era da corrida espacial, estamos a meio caminho de explorar esse universo chamado cérebro.” 2 Uma única atividade do cérebro requer o trabalho de diversas regiões A analogia com a astronomia não é gratuita. Há no cérebro uma constelação gigante com mais de 100 bilhões de células nervosas, os conhecidos neurônios. A conexão entre os neurônios – sinapses – controla desde as batidas do seu coração até a lembrança de um amor antigo. O número dessas conexões supera o de estrelas nas galáxias e se você resolvesse contar uma delas por segundo, apenas na região do córtex (camada externa do cérebro), precisaria de 32 milhões de anos. Enquanto nossos 100 bilhões de neurônios equivalem ao número de árvores na floresta amazônica, as sinapses seriam cada folhinha de todas essas árvores. Isso explica por que pesando só 1,3 quilo (menos de 2,5% do peso médio de um adulto), o cérebro consome 20% do total de energia produzida no corpo – uma taxa dez vezes maior que a de outros órgãos. O combustível vem dos carboidratos dos alimentos e do oxigênio que respiramos. Por precisar de tanta energia, bastam apenas alguns minutos sem oxigênio para a temida morte cerebral – o momento em que a família tem que decidir sobre a doação dos órgãos do paciente. E mesmo que a medicina possa um dia transplantar qualquer órgão do corpo, não faria sentido receber o cérebro de outra pessoa. Ainda que isso fosse possível, seria mais correto afirmar que foi o cérebro transplantado que recebeu um novo corpo. Confuso? É que para os neurologistas, o cérebro guarda o que você é. Incluindo aí a sua personalidade. A primeira grande prova, na medicina, de que até a personalidade pode mudar após uma mudança física no cérebro surgiu com um bizarro acidente ocorrido em 1848, no Estado de Vermont, EUA. Phineas Gage, um capataz de 25 anos que trabalhava na construção de ferrovias, foi vítima de um “acidente maravilhoso”, segundo a manchete do jornal Vermont Mercury no dia 22 de setembro daquele ano. Após uma explosão, uma barra de ferro em forma de lança entrou pelo lado esquerdo da sua face, atravessou a base do crânio e saiu como um projétil pelo topo da cabeça. Gage caiu no chão, sofreu convulsões e, logo depois, ocorreu o inesperado: recobrou a consciência e voltou a falar normalmente. Alguns meses após o acidente, os médicos e os amigos de Gage notaram que ele não era o mesmo. Segundo o relato da época, ele sofrera uma mudança abrupta no caráter. Conhecido até então como uma pessoa amigável e trabalhadora, Gage se transformara numa pessoa insuportável, arrogante e indiferente aos outros – para alguns, ele tinha se transformado num cafajeste. Apesar de o acidente ter ocorrido há mais de 150 anos, somente hoje os pesquisadores sabem o suficiente para afirmar que a área afetada no cérebro de Gage, o córtex pré-frontal (camada externa do cérebro logo abaixo da testa), tem um papel importante em nossa capacidade de sentir emoções. As imagens computadorizadas do crânio de Gage e a análise de pacientes que sofreram danos na mesma região mostraram que, quando essa área é afetada, os pacientes parecem incapazes de sentir emoções como antes. Com a perda dessa capacidade, tornam-se geralmente indiferentes, distantes e passam a ter dificuldades para tomar decisões em suas vidas. 3 Descobertas como essas vêm mudando radicalmente o estudo da mente. Até há pouco tempo, as emoções humanas eram assunto quase exclusivo do divã de um psicanalista. Cabia ao terapeuta buscar no histórico do paciente um fato que justificasse a mudança de comportamento. No caso de Gage, seria razoável prever que seu comportamento mudasse devido ao trauma psicológico sofrido. Depois de tudo que passou, ele podia ter concluído que não valia a pena ser o mesmo e mudado radicalmente seu estilo de vida. As novas pesquisas, no entanto, indicam que não foi apenas isso, reacendendo o polêmico debate sobre a relação mente e cérebro. Encontrar no cérebro uma área responsável para cada atributo da mente sempre foi uma tarefa ingrata. No século XVIII, o médico vienense Franz Gall analisou as saliências do crânio de pessoas mortas, tentando encontrar algumas protuberâncias que pudesse associar com a descrição da personalidade dessas pessoas quando vivas. Conhecido como frenologia, esse método mapeou o crânio em 32 regiões. Uma delas, por exemplo, era responsável pela “propensão para roubar” – e se você encontrasse alguém com uma saliência grande nessa área, era melhor ficar de olho na carteira. Mas a frenologia foi para o limbo em 1861, quando o neuroanatomista e antropólogo francês Paul Broca analisou o cérebro de um paciente que tinha distúrbios na fala e acabara de morrer. A área atingida no cérebro desse paciente era completamente diferente da prevista para a fala pela frenologia. E apesar da grande revolução na captação de imagens do cérebro no século XX, só nos últimos 20 anos os cientistas puderam ver finalmente quais áreas do cérebro estão em ação quando lemos, falamos ou estamos assustados. A técnica de Tomografia por Emissão de Posítrons mede a quantidade de energia que cada área consome em uma dessas atividades. O resultado foi o que muitos já desconfiavam: uma única tarefa requer o casamento de várias regiões, mostrando como um dano localizado pode repercutir em outra área aparentemente sem ligação com a região atingida. Assim ficou mais fácil explicar por que a perda das emoções, por exemplo, podia ter conseqüências negativas na capacidade humana de agir racionalmente. Isso mesmo: as emoções, consideradas tradicionalmente pela ciência um entrave para a razão, são, na verdade, muito mais aliadas do que vilãs. “Imagine que você ouvisse um grunhido na floresta e não sentisse medo”, diz Dylan Evans, neurologista da Universidade de Oxford. “Esperaria racionalmente para identificar o animal e então... seria tarde”. Autor do livro Emotions – The Science of Sentiments (Emoções – A ciência dos sentimentos, ainda inédito no Brasil), Dylan diz que até a tristeza, quando não é depressão, tem um papel importante para a inteligência. “A tristeza nos obriga a repensar atitudes, mudar, evoluir”, diz. “Evitá-la a qualquer custo tomando antidepressivos como Prozac pode nos tornar frios, distantes e pessoas menos lapidadas do que poderíamos ser.” Fora do cérebro, o mundo não tem cores, luz, cheiro, sabor ou textura Lembra o doutor Spock, o personagem de orelha pontiaguda da série Jornada nas Estrelas – membro de uma espécie mais inteligente por ser pura razão e zero 4 sensibilidade? Os cientistas estão descobrindo que Spock seria, na verdade, menos inteligente que um humano médio e emotivo. 5 “É claro que há momentos em que a emoção pode perturbar o raciocínio”, diz o neurologista António Damásio. “Mas ela agiliza nossa tomada de decisões.” Damásio diz que um de seus pacientes com danos na mesma região afetada em Gage perdia quase uma hora apenas para marcar a próxima consulta. “Sem emoções, ele tinha que enumerar lado a lado todos os argumentos a favor e contra o dia marcado”, diz. “Não conseguia sentir na pele as conseqüências de suas decisões para agir rapidamente.” Sabe aquele sentimento ruim que você já deve ter sentido na hora de decidir se vai ou não trair uma pessoa de que gosta? São as emoções lhe antecipando na pele o que pode ocorrer caso você vá em frente. Sem o friozinho na barriga, puramente emocional, decisões como essa levariam muito mais tempo. Não é à toa que as emoções são consideradas a porta para a compreensão do maior enigma da mente: a consciência. Aparentemente, qualquer um pode reconhecer a consciência – pelo menos quando está sóbrio e acordado. Mas você já parou para pensar como o mundo seria sem ela? Para Victor S. Johnston, professor de biopsicologia da Universidade Estadual de Novo México, o mundo não passaria de um amontoado de matéria e energia sem cores, luz, cheiro, sabor, textura. Autor do livro Why We Feel? (Por que sentimos?, inédito no Brasil) Johnston diz que nossas experiências conscientes não passam de ilusões criadas para que a espécie humana se adapte melhor ao seu meio ambiente. “O cheiro desagradável de um ovo podre não existe fora da nossa consciência”, diz o pesquisador. “Somos nós que sentimos esse cheiro para evitar que comamos algo cheio de bactérias e venhamos a morrer intoxicados.” Como tudo tem suas compensações, o prazer que experimentamos com o sexo seria o melhor lado dessa ilusão. Tudo para lembrar que você precisa cuidar para que os seus genes continuem a existir, mesmo depois da sua morte. Assim como o prazer proporcionado pelo sexo e por sua sobremesa favorita, as emoções também não existiriam fora do cérebro. É como se o mundo não existisse – e só o que houvesse fosse nossa percepção desse mundo. “O sentimento de um belo pôr-do-sol ou de uma paixão arrebatadora só existe em nossas mentes”, diz Johnston. “Essas sensações são propriedades do cérebro humano, assim como o sistema nervoso de um urubu o programou para sentir prazer diante de um pedaço de carne podre.” Mesmo que a comparação com um urubu não seja lá das mais agradáveis, a visão das emoções como um produto do cérebro e não do mundo exterior vem ajudando os cientistas a entender mais sobre a consciência. “Enquanto a emoção é uma espécie de primeiro sinal do que está acontecendo em nosso corpo e à nossa volta, a consciência é o conjunto de emoções e de outras representações que formam o filme da mente”, diz o neurologista Henrique Del Nero, da Universidade de São Paulo. Mas em que momento a consciência surge no cérebro? Susan Greenfield, pesquisadora da Universidade Oxford e autora de diversos livros sobre o tema, diz que tudo tem início com as conexões entre os neurônios logo após o nascimento. “É nesse momento que o mundo começa a significar alguma coisa para nós.” Daí para a frente, cada vez que escutamos um barulho, conversamos com alguém ou comemos uma torta de sabor diferente, uma imperceptível mudança ocorre no desenho dessas conexões no cérebro. “É como uma constelação que se expande e se contrai, de acordo com a quantidade de conexões que está sendo estimulada”, diz Greenfield. 6 “Quanto mais o mundo passa a ter significado para você, mais conexões são feitas em seu cérebro.” Apesar dos novos modelos da mente, os cientistas reconhecem que ainda falta muito para o entendimento de como essas conexões se articulam para produzir nossa capacidade de refletir sobre a própria existência. “Ainda falta um Newton na neurologia”, diz Henrique Del Nero. “Tudo o que temos são mapas provisórios que podem nos ajudar a decifrar esse universo.” Resta saber se, um dia, essa exploração poderá responder à pergunta que aflige os homens desde que o cérebro se tornou capaz de desvendar o cérebro: existe alguma forma de consciência após a nossa morte? Até mesmo René Descartes, o filósofo francês que, no século XVI, provou que existimos pela consciência “penso, logo existo”, o cérebro era uma máquina pilotada pela alma. Descartes chegou a propor que a alma estava alojada na glândula pineal, que hoje os cientistas atribuem ao sono. “Gostaria de acreditar numa vida eterna, mas não tenho nenhuma evidência de que a consciência existe fora do corpo”, diz o neurologista António Damásio. “De qualquer forma, precisamos ser honestos para reconhecer que a neurologia não pode responder a essa pergunta hoje.” Mesmo que um dia alguém consiga “provar” que não existe nada além da morte física do cérebro, Damásio diz que a vida humana não perderá sua beleza e mistério. “O curioso é que a mesma consciência que nos faz saber que um dia morreremos, nos permite ter uma vida incrivelmente bela”, diz Damásio. 7 2. Funcionamento básico do cérebro Funcionamento simplificado do cérebro humano: Sinais elétricos gerados nos sensores (retina ocular, papilas gustativas etc) caminham pelos axônios. Se esses sinais forem superiores a ~50 mV (limiar do disparo), seguem pelo axônio. Caso contrário, são bloqueados e não prosseguem (são considerados irrelevantes). O sistema é, pois, essencialmente não linear. Os sinais caminham pelo axônio a uma velocidade média de 25 m/s. Não é uma corrente eletrônica, mas uma corrente de íons + de sódio e potássio. Um axônio pode ter vários centímetros de comprimento. São sempre duplicados em paralelo para aumentar a confiabilidade do sistema nervoso. Um "nervo" tem milhares de axônios. Cada axônio tem uma capa isolante de proteína como se fosse um fio elétrico. 8 Antes do sinal elétrico entrar no próximo neurônio, deve passar por uma sinapse, que é o processo de ligação entre o axônio e o dendrito. A passagem não é elétrica, mas química (através da substância serotonina). Se o sinal for superior a um certo limite (threshold), vai em frente; caso contrário, é bloqueado e não segue. Um neurônio recebe sinais através de inúmeros dendritos, os quais são ponderados e enviados para o axônio, podendo ou não seguir adiante (threshold). Na passagem por um neurônio, um sinal pode ser amplificado ou atenuado, dependendo do dendrito de origem, pois a cada condutor está associado um peso (weight) pelo qual o sinal é multiplicado. A memória são os pesos. Cada região do cérebro é especializado em uma dada função, como processamento de sinais auditivos, sonoros, elaboração de pensamentos, desejos etc. Esse processamento se dá através de redes particulares. Cada região do cérebro possui uma arquitetura de rede diferente: varia o número de neurônios, de sinapses por neurônio, valor dos thresholds e dos pesos etc. O valor dos pesos é estabelecido através de treinamentos recebidos pelo cérebro durante sua vida útil. É a memorização. Nota: O cérebro humano possui cerca de 100 bilhões de neurônios, cada um com uns mil dendritos, formando 100 trilhões de sinapses. O cérebro opera a cerca de 100 hertz (cada neurônio pode disparar um pulso 100 vezes por segundo) -muito lento pelos padrões dos computadores onde, por exemplo, um chip Intel 80486 opera a até 100 megahertz, ou a milhões de ciclos por segundo, executando uma instrução por vez. Mas os neurônios do cérebro operam em paralelo e o cérebro humano pode acionar cerca de 10 quatrilhões de interconexões por segundo. Isto excede de longe a capacidade de qualquer máquina hoje conhecida, ou de qualquer máquina já planejada, ou até mesmo de alguma ainda a ser desenvolvida com a tecnologia atual. O cérebro humano pesa 1,5 quilos. (apud Management Information Systems, Laudon & Laudon, Prentice Hall, USA, 1996, p. 661) 9 3. Mapas Cerebrais O Estudo da Função Cerebral no Século XIX Os primeiros 25 anos do século XIX testemunharam um crescente interesse pela localização das funções cerebrais. Sem dúvida, a teoria da frenologia de Franz Joseph Gall foi influente em chamar a atenção do establishment científico para esta possibilidade, mas sua teoria frenológica foi baseada em inferências falhas, e não no método científico. As primeiras descobertas relacionadas a esta questão vieram somente quando anatomistas e fisiologistas desenvolveram novos métodos experimentais para intervir diretamente no cérebro e para ver os resultados destas intervenções sobre o comportamento de animais. Outra abordagem frutífera foi a clínica, ou seja, pacientes com déficits neurológicos ou mentais tiveram seus cérebros estudados após a sua morte, em uma tentativa de correlacioná-los com alterações detectáveis no tecido cerebral. Pierre Flourens A abordagem experimental foi inaugurada pelo fisiologista francês Pierre Flourens por volta de 1825, que usou lesões localizadas do cérebro em coelhos e pombos. Ele foi capaz de abolir a função de movimentos específicos (motricidade) os quais podiam ser observados e documentados. Ele chegou à conclusão que, as funções motoras poderiam na verdade ser atribuídas a regiões particulares do cérebro, mas faltava ainda uma localização mais precisa. Um pombo que teve seu cérebro lesado em um experimento por Flourens Outro fisiologista, o alemão Gortz, também conseguiu realizar lesões localizadas no cérebro de cachorros e mantê-los vivos por longos períodos. Assim, ele foi capaz de separar as funções da manutenção da vida no cérebro, das funções mais superiores. 10 O cérebro autopsiado de "Tan", o paciente afásico de Broca A abordagem clínica foi utilizada de forma pioneira pelo médico francês Pierre Paul Broca. Em um trabalho clássico, ele estudou o cérebro de um de seus pacientes que era afásico (isto é, ele não poderia falar; de fato, ele era capaz de pronunciar uma única palavra: tan). Após sua morte, Broca descobriu que o cérebro de Tan tinha uma zona destruída por neurosífilis, a qual foi delimitada a um lado dos hemisférios cerebrais anteriores (córtex). Esta parte do cérebro se tornou conhecida como área de Broca e é responsável pelo controle da fala. Fritsch and Hitzig Posteriormente, por volta de 1870, dois fisiologistas alemães, Fritsch e Hitzig, aprimoraram nosso conhecimento sobre a localização cerebral da função, estimulando pequenas regiões com eletricidade, na superfície do cérebro de cães acordados. Eles descobriram que a estimulação de algumas áreas causavam contrações musculares na cabeça e pescoço, enquanto que a estimulação de áreas cerebrais distintas causavam contrações das pernas anteriores ou posteriores. No final do século XIX, o conceito de localização cerebral foi firmemente estabelecido nas neurociências. O próximo século testemunharia o uso aumentado de técnicas sofisticadas em animais e humanos, as quais seriam capazes de construir mapas detalhados das funções cerebrais. 11 4. Freqüências mentais Dependendo do relaxamento, concentração e controle emocional uma pessoa pode oscilar entre os vários estados mentais determinados pelas ondas cerebrais. Existem estágios que funcionam como uma espécie de anestesia da mente, separando a consciência do subconsciente, como acontece num cochilo. As freqüências mentais são 4: A Freqüência Beta caracteriza-se por impulsos elétricos de baixa tensão que oscila em alta freqüência. Este estado corresponde ao estado de vigília, onde os cinco sentidos estão ativados. O fluxo do pensamento em Beta não possui magnetismo, pois se restringe à área consciente, e podemos dizer que os pensamentos em Beta são elétricos em mente livre. Nesse caso o pensamento não possui força o suficiente para comandar ao subconsciente. A Freqüência Alfa possui impulsos elétricos de alta tensão oscilando em baixa freqüência. Quando nos concentramos num determinado pensamento ou situação por mais de 15 segundos nossa aura começa a se expandir e entramos em Alfa. É uma freqüência mental do subconsciente para impressões de programação mental. Alfa é o estágio do pensamento dirigido da atenção concentrada e os cinco sentidos são anestesiados, junto com o consciente, funcionando apenas interiormente na área intra-sensorial. Dizemos que nesse estado o pensamento é eletromagnético, devido ao poder de programar o subconsciente, em mente ocupada. Theta pode ser considerado como um canal intermediário entre Alfa (Consciência Passiva) e Delta (Total Inconsciência). É nessa freqüência que ocorrem os transes hipnóticos ou os planos mais profundos de meditação caracterizado pela sonolência podemos chegar ao estado de coma ou catalepsia sendo iniciado por uma pré-sonolência. Pelo fato da pessoa em Theta estar privada do uso de seu livre arbítrio, devido a inconsciência, o seu estado mental será de mente vazia gerando impulsos magnéticos que vão direto ao subconsciente caracterizando a Percepção Extra-Sensorial. Delta é o estado de total inconsciência operando numa freqüência quase nula sendo o total desligamento do plano material. Nesta fase a pessoa está totalmente inconsciente no seu estado de sono biológico normal, onde a aura desliga-se do corpo físico, mantendo-se ligada através do duplo etérico, por onde o subconsciente transmite as informações físicas para a manutenção da vida e alimentando os mecanismos dos sonhos e pesadelos. Cada freqüência mental possui seus níveis que vão de 1 a 10. Em cada nível a pessoa vai se graduando até passar para o outro nível mais profundo. Por exemplo, uma pessoa em Beta a partir do momento que se concentra num pensamento o estado Beta vai aumentando gradualmente de 1 a 10 à medida que o tempo vai passando, e quando chega em Beta 10 pula para Alfa onde vai, com o passar do tempo, subindo para Alfa 2, Alfa 3 até Alfa 10 onde pula para Theta e assim sucessivamente. 12 5. Cérebro e Ambiente O cérebro humano é a mais complexa entidade existente no planeta - talvez mesmo no universo. Sua população, composta por células nervosas (ou neurônios) e células gliais, são em número semelhante ao número de estrelas de nossa galáxia, ou seja, na ordem de centenas de bilhões. As células nervosas comandam a motricidade, a sensibilidade e a consciência; as células gliais sustentam e mantém vivos os neurônios. A atividade das células nervosas constroem um mundo interno que se molda a medida que interage com o ambiente externo. O canal de comunicação entre estes dois ambientes são os nossos sentidos (tato, olfato, visão, audição e gustação) fornecidos por alguns de nossos órgãos que possuem células especializadas que convertem as mensagens de luz, de som, de imagens, de cheiro de sabor e de dor, em códigos compreensíveis para o cérebro, ou seja, em sinais elétricos, que são registrados no cérebro, e este, através de suas células, envia respostas de volta ao ambiente. A constante interação de mensagens e respostas entre estes dois ambientes é que determina a nossa experiência, sobrevivência e evolução de nosso mundo. São estas células que permitem, desde perceber o perigo, evitá-lo ou correr dele, até a criação de condições que permitem levar o homem à lua, construir aviões a jato ou trens supersônicos e reconstruir genes humanos. Toda experiência gera transformação. A interação de nosso universo interno com o mundo externo, gera o remodelamento de ambos os ambientes para fins de adaptação. De fato - e esta foi uma descoberta significativa das neurociências - a diversidade cultural do ambiente provoca mudanças no cérebro. Novos ramos de células interconectados (conexões sinápticas) são adicionados e ampliados em resposta à experiência e à aprendizagem, alcançando assim, regiões mais amplas do cérebro. Estas células "experientes" remodelam também o comportamento humano, seja em resposta de adaptação ao meio externo, seja para a evolução dele. Será esta uma das chaves para aumentarmos a nossa inteligência? 13 Na tentativa de conhecer o cérebro, não podemos esperar respostas simples e imediatas. Há centenas de anos o homem tenta entender esta pequena massa de células pesando pouco mais de um quilo, que se ajusta em apenas uma de suas mãos, mas que é dotada do mais alto grau de complexidade e mistério. Poderá o homem, com o seu cérebro, entender o cérebro do homem? Muitos cérebros, vivos e vivazes, ao longo de alguns séculos, vêm dando respostas brilhantes a muitos pontos obscuros, mas sua inteligência, tempo de investigação e métodos utilizados não têm sido suficientes para esclarecer centenas e centenas de dúvidas sobre esta questão. Talvez o homem precisasse de mais alguns milhares de anos para poder triplicar suas células nervosas, se superdotar de inteligência, refinar sua intuição e aprimorar a tecnologia, para então avançar significativamente o seu entendimento sobre este intrigante órgão. Entretanto, sabemos que isso é impossível através dos meios naturais. Mesmo que uma pessoa estude muito e multiplique suas conexões cerebrais através da experiência, isso não é repassado a seus filhos. Para que isso acontecesse, seria necessário modificar os genes que controlam a reprodução celular e o número de neurônios, e é apenas a seleção natural que é capaz de fazer isso, ao longo de centenas de milhares de anos. Sabemos que o Homo sapiens tem o mesmo tamanho de cérebro há pelo menos 100 mil anos, apesar de todo o progresso da Humanidade. A única possibilidade é o uso da engenharia genética, ou seja, a modificação artificial de nossos genes através de técnicas da biologia molecular. Talvez seja possível criar crianças super-inteligentes. Tecnicamente isso é possível, mas tratase de um dificílimo problema ético e moral. Teríamos o direito de fazer isso ? Será que não geraríamos monstros incontroláveis ? Como se diz, a Natureza é sábia. A interação entre o cérebro e o ambiente é lenta, e talvez isso tenha uma razão de ser. Fonte http://www.cerebromente.org.br/n01/Amb_env/cer_amb.htm