Ian Rodrigues FLUP 2013-2014 TGIP - II Pais melhores têm testículos menores Estudo revela situação de perda e ganho entre a capacidade de acasalamento e o envolvimento enquanto progenitor. Sarah Zhang 9 de Setembro de 2013 Homens com testículos maiores foram avaliados, em inquéritos, como tendo menor envolvimento enquanto progenitores, e a neuroimagiologia revelou que demonstram menos atividade numa área da parte do cérebro que processa as recompensas. SAM EDWARDS/ALAMY Pais com testículos menores relacionam-se mais com a educação da criança e o cérebro deles reage mais ao ver fotos dos próprios filhos, segundo uma investigação publicada online hoje no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Biólogos evolucionistas têm vindo a observar nos primatas masculinos uma situação de perda e ganho entre as capacidade de acasalamento para produzir mais crias e o tempo que os machos passam a cuidar delas. Por exemplo, os chimpanzés machos, que são particularmente promíscuos, têm testículos duas vezes maiores que os dos humanos, produzem bastante esperma e de uma forma geral não actuam como progenitores. Em contraste, os gorilas machos têm testículos relativamente pequenos e protegem as crias. O estudo mais recente sugere que os humanos, cujo cuidado paternal varia imenso, demonstram casos de ambas as abordagens. Ian Rodrigues FLUP 2013-2014 TGIP - II A análise comporta medições do volume testicular, actividade cerebral e comportamento paternal, destacou Peter Gray, um antropologista na Universidade de Nevada, em Las Vegas, que não esteve envolvido no estudo. “Temos aqui algo que ata todos estes nós, e fá-lo de uma forma mesmo interessante.” A equipa de investigação – liderada por James Rilling, um antropologista da Universidade Emory em Atlanta, na Geórgia – tinha como objectivo averiguar por que razão alguns pais estão mais envolvidos enquanto progenitores do que outros. Os investigadores recrutaram 70 pais de crianças com um ou dois anos, e examinaram os cérebros e testículos dos homens através de uma máquina de imagem de difusão por ressonância magnética (IRM) Os pais, assim como as mães das crianças, preencheram inquéritos a avaliar o empenho dos pais nos cuidados parentais. Pais orgulhosos Quando mostraram aos homens fotografias dos próprios filhos, aqueles considerados melhores pais pelas companheiras demonstraram mais actividade na área tegumentar ventral (ATV) do cérebro, parte do sistema de recompensas. Homens com testículos maiores tiveram uma avaliação pior nos inquéritos sobre o seu envolvimento com os filhos e demonstraram menos actividade na ATV. Uma vez que o tamanho dos testículos está correlacionado com a quantidade de espermatozóides, Rilling e a sua equipa consideraram o tamanho como sendo uma medida de capacidade de acasalamento. Os investigadores também analisaram os níveis de testosterona dos homens e confirmaram uma descoberta anterior que afirma que os pais que se envolvem na educação dos filhos têm níveis hormonais mais baixos. “É um passo bastante controverso e importante," diz Sarah Hardy, uma antropologista emérita da Universidade da Califórnia, em Davis. Ela acrescenta que é preciso mais investigações para determinar se certos homens estão predispostos pela biologia a ser mais atenciosos. Os autores desta investigação dizem que mesmo que os homens estejam predispostos a exercerem a sua função enquanto pais de uma certa forma, pais atenciosos podem ser educados para tal, assim como podem ter o talento nato. O facto de os níveis de testosterona mudarem quando um pai passa mais tempo com o filho sugere flexibilidade no que toca à perspectiva do pai quanto ao seu papel enquanto progenitor. Charles Snowdown, um psicólogo na Universidade de Wisconsin-Madison, salienta que as próprias estatísticas desta investigação revelam que o tamanho dos testículos explica apenas uma fracção das variações dos cuidados paternais. “Há muitas outras Ian Rodrigues FLUP 2013-2014 TGIP - II variantes que afectam a paternidade” disse ele, citando como exemplos o ambiente social e experiências anteriores a cuidar de irmãos mais novos enquanto estes homens ainda eram crianças. Rilling e a sua equipa querem testar como o tamanho dos testículos é afectado por factores como a genética ou o facto de o homem ter um pai ausente. Ficaram surpresos ao encontrar tão pouca investigação sobre como o tamanho dos testículos muda em resposta aos acontecimentos ao longo da vida. “A imagiologia testicular constitui um nicho especial, neste momento”, disse Rilling.