2 1. INTRODUÇÃO Segundo Golçalvez 2013, a questão relacionada aos estoques perpassa o viés de manter a disponibilidade do produto para satisfazer a demanda na ponta de consumo. Objetivamente, o que a gestão de estoque procura encontrar é um meio-termo entre a oferta de produtos e o atendimento à demanda. Essa busca contínua tem por objetivo primordial a redução de todos os custos envolvidos na gestão dos estoques e no suprimento dos materiais. Importante lembrar que os estoques são periodicamente renovados e essa renovação tem um custo adicional que está relacionado ao processo de aquisição do produto e sua reposição no estoque. Saber equacionar esses problemas é a grande missão da gestão de estoques. 2. TIPOS DE ESTOQUE 2.1 ESTOQUE DE PROTEÇÃO O estoque de proteção, também conhecido como estoque isolador, tem como objetivo compensar as incertezas envolvidas na demanda e no fornecimento. Exemplo, um supermercado não consegue prever com precisão o que, o quanto e quando seus consumidores pedirão. 2.2 ESTOQUE DE CICLO O estoque de ciclo ocorre principalmente nas empresas que operam com vários produtos, ou porque as operações possuem múltiplos estágios. Considere que uma empresa fabrique os produtos A, B, C e D. Ela não pode fabricar os quatro simultaneamente, mas comercializa os quatro simultaneamente. Portanto, deve programar sua produção de maneira a produzir os quatro tipos de produtos numa quantidade tal que supra completamente a demanda 2.3 ESTOQUE DE ANTECIPAÇÃO Estoque de antecipação é aquele que a empresa forma quando antecipa sua produção para atender a uma demanda futura esperada. Isso ocorre principalmente em situação de demanda sazonal. Por exemplo, antes do inverno as empresas produzem mais agasalhos (formam estoques de antecipação) para atender a maior demanda futura. 2.4 ESTOQUE DE CANAL Estoque de canal é aquele que se encontra no canal de distribuição. Em outras palavras, é o 3 estoque em trânsito. Os estoques de materiais não podem ser transportados instantaneamente de um ponto a outro. 3 DECISÕES DE ESTOQUE Na gestão dos estoques, duas perguntas básicas se colocam diante do gestor: Quanto comprar? Quando comprar? A primeira pergunta refere-se à data em que se deve realizar a compra de certa quantidade de um produto com o objetivo de suprir a demanda durante certo período de tempo; enquanto a segunda visa determinar a data na qual essa encomenda deverá ser efetuada. 3.1 CUSTO DE ESTOQUE A armazenagem de materiais compreende dois tipos de custos: Custos variáveis: custos de operação e manutenção dos equipamentos, manutenção dos estoques, materiais operacionais e instalações, obsolescência e deterioração e custos de perdas; Custos fixos: equipamentos de armazenagem e manutenção, seguros, benefícios a funcionários e folha de pagamentos e utilização do imóvel e mobiliário. Em relação aos custos associados à gestão de estoques, estes podem ser separados em três áreas principais (Garcia et al., 2006, p.14): Custos de manutenção de estoques: custos proporcionais a quantidade armazenada e ao tempo que esta fica em estoque. Um dos custos mais importante é o custo de oportunidade do capital. Este representa a perda de receitas por ter o capital investido em estoques em vez de o ter investido noutra atividade económica (Garcia et al., 2006, p.15); Custos de pedido: custos referentes a uma nova encomenda, podendo esses custos ser tanto variáveis como fixos. Os custos fixos associados a um pedido são, o envio da encomenda, receber essa mesma encomenda e inspeção. (Garcia et al., 2006, p.15); Custos de falta: custos derivados de quando não existe estoque suficiente para satisfazer a procura dos clientes em um dado período de tempo (Garcia et al., 2006, p.16). 4 4 LOTE ECONÔMICO DE COMPRA Lote econômico é a quantidade ideal de material a ser adquirida em cada operação de reposição de estoque, onde o custo total de aquisição, bem como os respectivos custos de estocagem são mínimos para o período considerado. Este conceito aplica-se tanto na relação de abastecimento pela manufatura para a área de estoque, recebendo a denominação de lote econômico de produção, quanto à relação de reposição de estoque por compras no mercado, passando a ser designado como lote econômico de compras. Figura 1: Gráfico Quantidade de perdido x tempo 4.1 FORMULAS DE CUSTO E LEC Q D Ct = Ce × 2 + Cp × Q (Eq. 1) Onde: Ct = Custo Total 2 Cp∗D LEC = √ Ce (Eq. 2) Ce = Custo de manutenção de uma unidade no estoque por período de tempo (envolve custo de capital, armazenagem e obsolescência); Cp = Custo de pedir (envolve custo de pedir e de desconto no preço). D = Taxa de demanda; Q = Tamanho do pedido. 5 LOTE ECONÔMICO DE PRODUÇÃO 5 Dá-se o nome de Lote Econômico de Produção (LEP) a quantidade ótima que uma empresa irá produzir. Segundo Moreira 2011, a aplicação é possível sempre que o item em questão for fabricado em lotes, utilizando-se máquinas que servem também a outros produtos, dentro do sistema de produção intermitente por lotes. 5.1 DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DO LOTE ECONÔMICO Para a determinação do tamanho de um lote econômico deve-se de maneira geral definir uma quantidade cujo custo de fabricação seja minimizado, considerando os custos diretos, insumos, mão de obra, tempo de máquina, e os custos de estoque. Esses custos são: custo de setup (preparação da máquina ou manutenção), custo unitário de produção, e custo de manutenção de estoque. O custo de setup considera-se todo aquele que é necessário para a preparação da máquina para a produção. O custo de manutenção dos estoques tem custo diferenciado, pois, nota-se a finalização do processo produtivo. A posse do estoque tem um custo bastante significativo e nota-se por unidade de tempo e armazenagem. Para a análise deste custo é importante observar o juros do capital imobilizado, o risco de obsolescência do produto, taxas e impostos determinados por sua fabricação, perda por deterioração e as despesas com a instalação, tais como aluguel, despesas administrativas, etc. 5.2 EQUAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO LOTE ÓTIMO Quando a produção é mais rápida que a demanda, obtemos estoques. M 2 = Estoque médio (Eq. 3) Ce = Ceu × Est. Médio Onde: Ce = custo de estoque; Ceu = custo de estoque unitário. Figura 2: Reabastecimento Gradual (Eq. 4) 6 Onde: P = Produção [Taxa/Unidade de tempo]; D = Demanda [Taxa/Unidade de tempo] Q = Tamanho do lote; M = Nível máximo de estoque; P - D = Declive de entrada de estoque; M Q ( ) P M×P Q = M×P (Eq. 5) Q = P−D M= Q× (Eq. 6) P−D (Eq. 7) P Estoque médio = M 2 = Q(P−D) 2P (Eq. 8) Segue a equação (9) para o cálculo de um lote pequeno, levando em conta o custo de preparação. D Cp = Cpu × Np = Cpu × Q CT = Cp + Ce Ce = Ceu × (Eq. 9) (Eq. 10) Q(P−D) 2P D Cp = Cpu × Q (Eq. 11) (Eq. 12) Onde a quantidade econômica será: LEP = √ 2×Cpu ×D D p Ceu ×(1− ) Onde: Cpu = Custo de preparação unitário; D =Demanda; Ceu = Custo de estoque unitário; P = Quantidade produzida. (Eq.13) 7 Figura 3: Custos x Tamanho do lote Os pedidos são geralmente programados para deixar certo nível de estoque médio de segurança quando o pedido chega. O nível de estoque de segurança é influenciado pela variabilidade da demanda e do lead time do fornecimento. O uso do nível de ressuprimento como um gatilho para a colocação de um pedido de reabastecimento necessita da revisão contínua dos níveis de estoque. Isso pode ser consumidor de tempo e caro. 6 CRÍTICAS AO LEP E LEC A abordagem, segundo Slack et. al. 1996, para determinação da quantidade de pedido que envolve otimização de custos de manutenção de estoque sempre tem sido sujeita a críticas. Abordaremos três classes de críticas relativas a pressuposições incluídas nos modelos, custos reais de estoque em operações, uso dos modelos como instrumentos prescritivos. Pressuposições incluídas nos modelos Para manter os modelos do tipo LEC relativamente simples foi necessário fazer pressuposições relativas a estabilidade de demanda, existência de um custo de pedido fixo e identificável, custo de manutenção de estoque, etc. Embora nenhuma dessas pressuposições sejam estritamente verdade, a maioria delas pode aproximar-se da realidade, e pequenos erros não vão afetar significativamente o custo total de uma quantidade de pedidos perto da ótima. Uso dos modelos como instrumentos prescritivos A ênfase do LEC é tentar determinar custos representativos de pedidos e de manutenção de estoque e, então, otimizar decisões de pedidos à luz desses custos. Implicitamente, os custos 8 são tomados como fixos, no sentido de que a tarefa do gerente de produção é descobrir quais são os verdadeiros custos, em vez de mudá-los. 7 QUANDO COLOCAR UM PEDIDO? Quando temos uma demanda constante e entrega instantânea, a decisão de colocar um pedido de reabastecimento é clara: o pedido será colocado logo que o nível de estoque atingisse zero. Como podemos observar na figura 4, o lead time para um pedido chegar, neste caso, é de duas semanas, assim o ponto de ressuprimento é o ponto no qual o estoque vai cair para zero menos o lead time do pedido. Figura 4: o nível de ressuprimento e o ponto de ressuprimento são derivadas do lead time e da taxa de demanda (SLACK, 1996). Porém para que isso ocorra tanto a demanda quanto o lead time de pedido são perfeitamente previsíveis, mas, na maioria dos casos, isso não acontece. É provável que esses fatores sofram variações e produzam um perfil igual à figura 5. Dessa maneira é necessário fazer pedidos de reabastecimento um pouco antes do que ocorreria no caso de uma situação puramente determinística. O resultado disso é algum estoque ainda presente quando os pedidos de reabastecimento chegam, que é denominado como estoque de segurança (s). A estatística-chave no cálculo de quanto estoque de segurança permitir é a distribuição de probabilidade, que é uma combinação de distribuições que descreve a variação do lead time e a taxa de demanda durante o lead time. Se o estoque de segurança é estabelecido abaixo do 9 menor limite dessa distribuição, haverá faltas a cada ciclo de reabastecimento. Se o estoque de segurança é estabelecido acima do limite superior de distribuição, não há chance de faltas ocorrerem. A figura 5 mostra que, nesse caso, o primeiro pedido de reabastecimento chegou depois de t1, resultando em um uso no lead time de d1.O segundo pedido de reabastecimento levou mais tempo, t2, e a taxa de demanda também foi mais alta, resultando em um uso do lead Nível de estoque time d2. Figura 5: o estoque de segurança (s) ajuda a evitar faltas de estoque quando a demanda e/ou lead time de pedido são incertos (SLACK, 1996). 7.1 Revisões contínuas e periódicas Abordagem de revisão contínua é a abordagem que descrevemos para a tomada da decisão de instante de reabastecimento. Para tomar decisões dessa forma, os gerentes de produção precisam continuamente rever os níveis de estoque de cada item e colocar um pedido quando o nível de estoque atinge o nível de ressuprimento. Porém esse método pode consumir muito tempo. Uma abordagem alternativa, mas que sacrifica o uso de uma quantidade de pedido fixa é chamada abordagem de revisões periódicas. Em vez de pedir em um nível de ressuprimento predeterminado, a abordagem periódica pede em intervalos de tempo regulares e fixos. 10 REFERÊNCIAS Custos de estoques. Disponível em: https://portogente.com.br/portopedia/78665-custos-deestoques SLACK, N. et al. Administração da Produção. São Paulo: ATLAS, 1996. GOLÇALVEZ, Paulo Sergio. Logística e cadeia de suprimentos: o essencial. Barueri: MANOLE, 2013. MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. Slides complementares. Disponível em: https://sistemasprodutivos.wordpress.com/slidescomplementares/