Dignas autoridades, colegas premiados e convidados ao evento: Ter sido escolhido como Pesquisador Gaúcho é uma grande honra e agradeço a FAPERGS pela minha indicação. O caminho que me fez chegar a essa premiação, além dos seres queridos da família, tem sido facilitado pelo meu Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária iniciado em 1993 e pelo qual passaram mais de 200 alunos, 5 pós-doutores, 16 doutores, 46 mestres e mais de 80 bolsistas e voluntários de IC. Com eles compartilhei estudos, pesquisas e publicações no contexto onde trabalhei, atualmente no nosso Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFRGS ao qual agradeço a indicação do meu nome para o Prêmio. Minha contribuição científica se relaciona com a pesquisa aplicada aos problemas psicossociais, como tem sido o desemprego, os imigrantes econômicos latino-americanos, os atingidos pela seca no interior do estado, a violência das nossas torcidas organizadas, os comportamentos de risco dos jovens, os efeitos psicossociais da pobreza, e atualmente voltados ao fortalecimento e promoção da saúde com foco especial na infância e adolescência, visando o uso e significado do tempo livre, os direitos das crianças e adolescentes e seu bem-estar associado aos aspectos comunitários, ambientais, interpessoais e pessoais (espiritualidade e sentido de vida). Aprofundei na fundamentação metodológica do trabalho científico. Meu empenho em avançar em Análise Multivariadas de dados, disciplina da qual sou professor no Doutorado, assim como o estudo em metodologias participativas e qualitativas, me instrumentalizou por ter uma visão da complexidade dos problemas e da abordagem metodológica mista. Outra característica da pesquisa tem sido o nível participativo e a devolução de dados debatida junto as comunidades. Temos elaborado três programas de Intervenção Psicoeducativa e Social para adolescentes, docentes e pais voltados a Inserção Ocupacional do Jovem no Trabalho, ao Uso e Organização do Tempo Livre dos Adolescentes conforme seus Projetos de Vida, e atualmente ao Fortalecimento e desenvolvimento do Bem-estar em Crianças e Adolescentes. Esses programas passam pela validação em projetos piloto e fazem parte das nossas publicações, disponíveis para os interessados. Como imigrante e pesquisador em Porto Alegre, constatei que a pesquisa no Brasil, diferente de outros países, possui uma infraestrutura invejável com suas agências de fomento, CNPq, CAPES e as Fundações Estaduais, que incentivam a pesquisa, cada vez mais voltada aos projetos internacionais conjuntos e às publicações internacionais de impacto. Esse sistema que acredito que todos queremos defender é para nos um orgulho deste Estado e deste Brasil, que com as suas crises e dificuldades, mantêm a consciência alerta sobre a necessidade do investimento na formação dos seus recursos humanos e no desenvolvimento humano e tecnológico. O pesquisador também passa por dificuldades? No meu caso cabe destacar os momentos difíceis de uma transição institucional não desejada onde senti a importância e o apoio do CNPq ao pesquisador assim como ajuda do SINPRO_RS, que com sua sabia condução conseguiu a restituição dos meus direitos como professor e pesquisador. A eles minha gratidão permanente. Gostaria terminar salientando que os rumos da produção e formação científica devem expressar alguns valores que para mim foram muito relevantes: O compromisso social que responda ao para que e ao por quê da pesquisa e que vise o desenvolvimento da nossa sociedade; a necessidade da abertura interdisciplinar devido aos desafios e complexidade dos problemas sociais e a necessidade da construção de redes nacionais e internacionais onde o Rio Grande do Sul e suas universidades tenham um lugar de destaque no âmbito científico e tecnológico. Atte. Prof. Jorge Castellá Sarriera