BEHAVIORISMO

Propaganda
Sumário
1. O Comportamento ................................................................................................... 1
1.1. Introdução ......................................................................................................... 1
1.2. Conceito ............................................................................................................ 1
1.3. Fórmula ou esquema do comportamento .......................................................... 1
1.4. Classificação do comportamento ...................................................................... 2
2. Reflexos .................................................................................................................. 4
2.1. Conceito ............................................................................................................ 4
2.2. Características .................................................................................................. 4
3. O reflexo condicionado ............................................................................................ 5
3.1. Histórico ............................................................................................................ 5
3.2. Experimentos com seres humanos ................................................................... 6
4. A Escola Behaviorista e a Aprendizagem ............................................................... 7
5. Skinner e o Condicionamento Operante (Escola Neo-Behaviorista) ....................... 8
5.1. Introdução ......................................................................................................... 8
5.2. O Experimento .................................................................................................. 9
5.3. Dois Tipos de Condicionamento ...................................................................... 10
5.4. Teoria do Reforço ............................................................................................ 10
Fonte ......................................................................................................................... 13
1
BEHAVIORISMO
1. O COMPORTAMENTO
1.1. Introdução
Como ciência do comportamento, a Psicologia tem por finalidade compreender
o comportamento para poder prevê-lo e até modificá-lo, quando necessário. Os
estudiosos do comportamento têm sido chamados comportamentistas ou
behavioristas pois, em inglês, a palavra correspondente a comportamento é
behavior. O primeiro psicólogo a ser chamado de behaviorista foi o cientista
americano John B. Watson, em 1912.
A vida mental das pessoas (seus sentimentos, aspirações, interesses,
decisões, etc.) se manifesta por seus atos, gestos, palavras, expressões
fisionômicas, realizações, atitudes, etc.. Essas manifestações exteriores da vida
mental é que devem ser observadas pelo psicólogo. Esse método de estudo é
chamado extrospecção.
Para Watson, portanto, este método deveria ser o único método empregado
pelos verdadeiros cientistas, os quais deveriam abandonar a introspecção.
1.2. Conceito
O comportamento tem sido definido como “o conjunto das reações ou
respostas que um organismo apresenta às estimulações do ambiente”.
Todo o organismo está continuamente recebendo estimulações do ambiente e
reagindo a elas. Por isso é que os cientistas afirmam que o organismo vive em um
constante processo de interação com seu ambiente. As relações que mantemos com
o mundo que nos rodeia são de dar-e-receber. Recebemos inúmeras estimulações e
damos respostas a elas.
1.3. Fórmula ou esquema do comportamento
Para simbolizar a dependência entre reação e estimulação, muitas vezes tem
sido empregado um pequeno esquema: E – R, no qual E significa estímulo ou
conjunto de estímulos (situação) e R significa reação ou resposta.
Essa fórmula E – R deve ser lida assim:
“Um estímulo elicia uma reação (ou resposta)”, ou “Uma reação (ou
resposta) é eliciada por um estímulo”.
2
Os estudiosos do comportamento preferem empregar o verbo eliciar no lugar
de provocar ou causar. Dizem, por exemplo: “O sumo da cebola elicia a secreção de
lágrimas, pelas glândulas lacrimais”.
Estímulo é qualquer modificação do ambiente que provoque a atividade do
organismo. Assim, a luz é um estímulo aos olhos, o som aos ouvidos.
Reação ou resposta é qualquer alteração do organismo, (movimentos
musculares ou secreções glandulares), eliciada por um estímulo.
1.4. Classificação do comportamento
1.4.1. Comportamento inato e Comportamento adquirido
Comportamento inato, ou natural (invariável): Há reações que todos os
seres da mesma espécie apresentam todas as vezes que recebem determinada
estimulação. Exemplos:

Nossas pupilas se contraem sempre que aumenta a intensidade da luz no
ambiente em que estamos, e se dilatam quando a luminosidade diminui
(reflexo pupilar).

Nossas pálpebras se cerram fortemente sempre que um objeto se aproxima
bruscamente de nossos olhos, e sempre que ouvimos um som muito alto
(reflexo palpebral).
Essas reações não precisam ser aprendidas. Todos os seres humanos, em
estado normal, as apresentam. São chamadas reações inatas e, também, reações
não-variáveis.
Comportamento adquirido ou aprendido (variável): Há reações que alguns
seres apresentam e outros, embora da mesma espécie, não apresentam ou
receberem determinada estimulação. São reações que necessitam de aprendizagem
para se processarem quando o organismo recebe a estimulação. Exemplos:
O gato de uma determinada casa entra na cozinha todas as manhãs ao ouvir o
ruído da porta da geladeira. Outros gatos, ao ouvirem esse mesmo som, não
reagem desse modo.
O cão de uma certa família aproxima-se prontamente, ao ouvir alguém dizer
“Totó”. Outros cães, ao ouvirem esse mesmo som, não reagem desse modo.
Essas reações foram aprendidas. Constituem o comportamento variável ou
adquirido, aprendido.
O estudo do desenvolvimento do comportamento, durante o decorrer de nossa
vida, tem sido realizado pela Psicologia genética ou evolutiva.
3
Observou-se que no início de nossa vida, apresentamos, aos estímulos,
reações que, em sua maioria, são inatas. À medida que amadurecemos, vai
aumentando o número de nossas reações adquiridas ou aprendidas.
Watson e outros psicólogos deram grande atenção ao estudo
comportamento animal. A Psicologia comparativa realiza o estudo
comportamento animal, comparando-o com o comportamento humano.
do
do
Ela tem demonstrado que, nos animais inferiores, predominam as reações
inatas, invariáveis, ao passo que, no ser humanos, predomina o comportamento
variável ou aprendido.
1.4.2. Comportamento respondente e comportamento operante
Recentemente, foi apresentada a distinção entre comportamento respondente
e comportamento operante.
O comportamento respondente consiste nas reações eliciadas por estímulos
conhecidos. Por exemplo, a contração pupilar diante da luz, o movimento de pernas
a uma pancada no tendão.
O comportamento operante consiste nas respostas emitidas pelo organismo
sem que se possa relacioná-las com algum estímulo conhecido. Dizemos apenas
que elas ocorrem. Estas reações são chamadas operantes, porque operam sobre o
ambiente.
Grande parte do comportamento humano é do tipo operante. No
comportamento de tomar uma refeição, conduzir um carro, escrever uma carta,
vemos muito pouco do aspecto respondente.
Nosso organismo apresenta mecanismos de respostas de dois tipos:
Mecanismos pelos quais atua sobre o meio externo. São os músculos
estriados, responsáveis pelas reações voluntárias, nas quais intervém o sistema
nervosos central. São os músculos responsáveis pelas reações ou respostas
operantes. Por exemplo, produção de sucos digestivos por glândulas, movimentos
do estômago e dos intestinos pela contração dos músculos lisos.
4
2. REFLEXOS
2.1. Conceito
Certas respostas que nosso organismo apresenta a determinados estímulos
têm sido chamadas de reflexos. Exemplos:

Quando colocamos alimento na boca, as nossas glândulas salivares
produzem saliva. Ocorreu o reflexo salivar.

Quando uma partícula de poeira atinge nossos olhos, as glândulas
lacrimais segregam lágrimas. É o reflexo lacrimal.

Se dermos uma pancada na rótula (de nosso joelho), a ponta de nosso pé
será projetada para frente. É o reflexo rotuliano ou “patelar”, que os
médicos verificam (batendo com um martelinho na rótula do cliente, que
deverá estar assentado de pernas cruzadas) para observar o
funcionamento do sistema nervoso.

A pupila de nosso globo ocular tem a capacidade de se contrair nos
ambientes iluminados e de se dilatar na penumbra. É o reflexo pupilar.
2.2. Características
Se aproximarmos um objeto do olhos de uma pessoa, ela cerrará
imediatamente as pálpebras, mesmo que queira conservá-las abertas. Se tocarmos
a mucosa da faringe, os músculos desta região se contrairão, produzindo náuseas,
mesmo que queiramos dominá-las.
Todos nós já experimentamos isto – ao pingar colírio em nossos olhos ou ao
pincelarmos a garganta. O piscar e as manifestações de náuseas são reflexos; não
dependem de nossa vontade. São atos involuntários.
Se uma pessoa estiver adormecida e tocarmos levemente a palma de sua mão
com a ponta de um alfinete, ela retirará a mão, mesmo sem despertar. Se fizermos
cócegas levemente na planta de seu pé, ela poderá encolher a perna sem despertar.
Seu organismo reagiu a esses contatos mesmo sem seu conhecimento. Portanto,
foram respostas inconscientes. Elas se dão sem que disso tomemos conhecimento.
É o que acontece com o reflexo pupilar, com a produção de suco gástrico pelo nosso
estômago, com inúmeros movimentos e secreções que nosso organismo executa
para a manutenção da vida, e dos quais nem nos apercebemos.
Além de todas essas reações citadas, também são considerados atos reflexos
o espirro, a tosse, a deglutição, etc..
Portanto, reflexos são respostas ou reações involuntárias e inconscientes que
nosso organismo prontamente apresenta a certas estimulações ou excitações.
5
3. O REFLEXO CONDICIONADO
A expressão reflexo condicionado é empregada pelos fisiólogos para
designar respostas musculares e glandulares que foram adquiridas ou aprendidas
pelo organismo. Os psicólogos preferem a expressão resposta ou reação
condicionada.
Não podemos falar em reflexo condicionado sem mencionar os trabalhos de
Pavlov com cães.
3.1. Histórico
Ivan Petrovich Pavlov, fisiologista russo, fez, em 191l, uma descoberta
importantíssima para a Psicologia – o reflexo condicionado.
Seus trabalhos tiveram todo o apoio do governo russo e foram realizados em
laboratórios adequados. Consistiram na observação do reflexo salivar de cães.
Pavlov abria, em cada um de seus animais, uma fístula próxima às glândulas
salivares e nela colocava uma proveta graduada de modo a permitir a medida da
quantidade de saliva produzida pelo cão.
Na ocasião em que recebia o alimento, a secreção salivar era abundante. Nisto
consiste o reflexo salivar que é natural no cão(E – R).
Pavlov fez com que soasse uma campainha todas a vezes em que o animal
recebesse alimento, isso é, ele emparelhou dois estímulos: som e alimento. Após
algumas refeições precedidas do toque da campainha, Pavlov observou que seus
cães segregavam saliva abundante só em ouvir o som da campainha, mesmo que
não recebesse o alimento. Ele conseguiu que seus cães apresentassem o reflexo
salivar ao ouvir o som da campainha e chamou esse reflexo aprendido ou adquirido
de reflexo condicionado.
Pavlov repetiu seus experimentos apresentando a outros cães, juntamente com
o alimento, não somente sons, mas também luzes, cheiros e outros estímulos, isto é,
emparelhou ao alimento estímulos visuais, olfativos, etc. e os cães apresentaram o
reflexo salivar na ausência do alimento.
Representemos por um esquema, o clássico experimento de Pavlov:
E¹ (alimento) __________R¹ (salivação)
E² (som)______________R² (movimento de orelhas)
E³ (som)______________R¹ (salivação)
Pavlov exibiu seus resultados a grupos de cientistas.
6
Os cuidadosos métodos experimentais de Pavlov capacitaram-no a descobrir
muitos fatos interessantes: para se condicionar o reflexo, é necessário apresentar os
dois estímulos ao mesmo tempo, simultaneamente, ou emparelhar dois estímulos;
ou, então, o estímulo original (alimento) deve ser apresentado pouco depois do
estímulo secundário (som da campainha, por exemplo).
Descobriu, também, que assim como se pode estabelecer uma resposta, podese também extingui-la. Se Pavlov continuasse apresentando o som da campainha,
repetidas vezes, sem apresentar o alimento logo após, o animal deixava de
apresentar o reflexo salivar ao ouvir o som da campainha. Para que ele
apresentasse novamente o reflexo salivar condicionado, era necessário apresentar
novamente o alimento junto ao som da campainha.
Wladimir Beckterev, outro cientista russo, escreveu o livro Psicologia objetiva.
Essa obra foi traduzida para outras línguas, em1913, e o reflexo condicionado ficou
sendo conhecido nos Estados Unidos e em outros países.
Muitos cientistas americanos se interessaram pelos trabalhos de Pavlov e de
Beckterev. Entre eles figuram, principalmente, John B. Watson (fundador da Escola
Behaviorista), que realizou interessantes trabalhos experimentais sobre o
condicionamento, e atualmente, B.F.Skinner.
3.2. Experimentos com seres humanos
Já se têm realizado observações sobre o condicionamento em seres humanos,
principalmente em crianças e, ao relatá-los, os autores têm empregado a expressão
respostas condicionadas.
Em 1920, na Universidade de Washington, sugeriu-se que a expressão “reflexo
condicionado” deveria ser substituída por “resposta condicionada”, pois não
somente os reflexos podem ser condicionados ou adquiridos, mas também outros
tipos de resposta de nosso organismo, até mesmo as respostas emocionais. (O
termo reflexo é reservado para as reações musculares e glandulares involuntárias e
não aprendidas. Resposta condicionada – RC – é uma expressão mais geral).
N. Krasnogorrski, um aluno de Pavlov, realizou experimentos com bebês: ao
mesmo tempo em que lhes colocava alimento na boca (e portanto se dava
naturalmente o reflexo salivar), apresentava um estímulo sonoro. Repetindo várias
vezes a apresentação simultânea do som e do alimento, conseguiu condicionar o
reflexo salivar ao som.
Florence Mateer, em 1916, realizou experimentos com crianças de mais de 7
anos. Tocava o braço das crianças todas as vezes que lhes colocava na boca um
pedaço de chocolate. Com a repetição, bastava o toque no braço para que as
crianças abrissem a boca imediatamente e salivassem.
7
A Dra. Mateer notou que as crianças normais adquiriam e extinguiam a
resposta muito mais rapidamente que as crianças mentalmente deficientes.
Concluiu, então, que a rapidez com que se dá o condicionamento é um índice
importante de inteligência.
Um psicólogo americano, Hulsey Cason, condicionou o reflexo pupilar
acendendo uma luz forte junto aos olhos de uma pessoa adulta, ao mesmo tempo
em que fazia soar uma campainha. Ele notou que depois de aproximadamente 400
apresentações simultâneas de luz e campainha, a pupila do sujeito se contraía
apenas ao ouvir o som.
4. A ESCOLA BEHAVIORISTA E A APRENDIZAGEM
A aprendizagem é definida como sendo a modificação do comportamento ou
a aquisição de novas respostas ou reações.
Muitos investigadores têm procurado compreender como se realiza o processo
de aprendizagem.
Para a escola de Watson, toda a aprendizagem consiste em condicionar
respostas. A aprendizagem da linguagem oral, a linguagem escrita e mesmo de
emoções não passa de reações que apresentamos a vários estímulos, devido a
certas condições de nossa experiência anterior.
Pelo que foi exposto anteriormente com respeito aos estudos de Pavlov,
pudemos observar que o condicionamento é o resultado de estimulações
simultâneas repetida ou, ainda, de emparelhamento de estímulos (por exemplo,
campainha-alimento). Vimos que o condicionamento é a substituição de um estímulo
primário – ou que, de modo natural, elicia determinada reação (alimento) – por outro
antes indiferente ou neutro (som da campainha).
A aprendizagem consistiria neste processo – adquirir, após condições
especiais, novas reações a estímulos antes indiferentes ou neutros. Arthur I.Gates
exemplifica com muita clareza como se dá a aprendizagem pelo processo de
condicionamento, usando vários exemplos. Vejamos um deles:
“Quando se mostra, à criança, uma folha, esta reage fazendo a representação
mental do objeto. Se, ao mesmo tempo em que o objeto é mostrado, se disser a
palavra “folha” e se repetir esta dupla estimulação (estimulação auditiva mais
estimulação visual) um certo número de vezes, a criança chegará a pensar no objeto
apenas por ouvir a palavra. Assim aprende a significação da linguagem falada. Mais
tarde, podemos mostrar o objeto (ou dizer “folha”) enquanto s criança olha a palavra
impressa “folha”. Com repetição combinada em número suficiente de vezes, ela
aprenderá a pensar no objeto ao ver a palavra impressa. Tempos depois, o objeto,
um retrato do objeto, a palavra falada, escrita ou impressa podem se ligar às
palavras francesas “la feuille” e reagindo aos estímulos simultâneos, a criança
chegará a pensar no objeto ao ver a palavra francesa”.
8
Toda a aprendizagem desta natureza é explicada como resultante de
condicionamento, ou de emparelhamento de estímulos.
Para os behavioristas, educar seria estabelecer “condicionamentos” na
infância.
SUGESTÃO DE LEITURA:
Huxley, Aldous. Admirável mundo novo. Porto Alegre, Ed. Globo, 1982.
5. SKINNER E O CONDICIONAMENTO OPERANTE (ESCOLA NEOBEHAVIORISTA)
5.1. Introdução
Em 1932, B. J. Skinner, da Universidade Havard, relatou uma de suas
observações sobre o comportamento de ratos brancos.
Para seus experimentos, Skinner inventou um aparelho que, depois de passar
por modificações, é hoje muito conhecido e utilizado nos laboratórios de Psicologia.
Este aparelho, chamado caixa de Skinner, consiste em uma caixa retangular,
à prova de luz e de som. Em uma das paredes dessa caixa há um orifício para
fornecimento de água, uma pequena bandeja e uma barra horizontal. Do lado de
fora, ligado à caixa, há um depósito
De bolinhas de alimento; esse depósito deixa cair na bandeja uma bolinha
todas as vezes que a barra for pressionada para baixo. Existe, ainda, fora a caixa
experimental, um mecanismo de registro que anota cada vez que a barra é
pressionada (e aparece alimento na bandeja).
9
5.2. O Experimento
O experimento realizado por Skinner pode ser dividido em três fases:
Na primeira fase, o experimentador prende o rato na caixa experimental, onde
há alimento e água, e aí o deixa para que ele se acostume com o local, chegando a
se alimentar e se movimentar livremente.
A Segunda fase consiste em colocar muitas vezes o rato na caixa, onde o
experimentador o alimenta, apresentando-lhe uma bolinha de comida cada vez na
pequena bandeja. O animal se acostuma com essa situação e com o ruído causado
pela saída da bolinha.
A terceira fase é o experimento propriamente dito: o experimentador deixa o
rato sem comer durante 24 horas. Depois, o coloca na caixa experimental, onde a
bandeja de alimento está vazia. O rato já acostumado com o local por causa do
treino feito anteriormente; aproxima-se da bandeja, não encontra o alimento e, então
começa a fazer movimentos exploratórios.
Em seu comportamento de busca, ele tenta se elevar para cheirar a parede da
caixa, e se apoia, com uma das patas dianteiras ou com ambas, na barra horizontal.
Essa pressão faz baixar a barra e o depósito de alimento deixa cair uma bolinha na
bandeja.
Imediatamente após apanhar e comer a primeira bolinha, o animal pressiona
novamente a barra e, assim, vai repetindo a reação com grande rapidez.
Os ratos aprendem rapidamente a pressionar a barra quando do ato resultou o
aparecimento do alimento.
Skinner verificou que os ratos brancos aprendiam a apresentar, em sua busca
de alimento, um ato que não tinha relação alguma com a alimentação (pressionar a
barra). Tentou, porém, descrever o comportamento do rato em termos do
condicionamento de Pavlov e não conseguiu.
Recordemos o esquema clássico de
apresentado por Pavlov, após observar cães:
condicionamento
de
respostas,
E 1 (alimento) ___________________________ R 1 (salivação)
E 2 (som) ______________________________ R 2 (movimento de orelhas)
10
5.3. Dois Tipos de Condicionamento
Skinner propôs, em 1937,
condicionamento: tipo S e tipo R.
que
reconhecêssemos
dois
tipos
de
O primeiro, tipo S, é o condicionamento clássico, apresentado por Pavlov, e é
chamado RESPONDENTE. O segundo, tipo R, é o condicionamento apresentado
por Skinner e é chamado OPERANTE (ou, também, instrumental).
“O condicionamento tipo S (de Pavlov) consiste na produção de uma resposta
(salivação) por um estímulo identificável (som), que está sob controle do
experimentador.
No condicionamento tipo R, o estímulo específico que evoca inicialmente a
resposta (pressionar a barra) não pode ser identificado... Para todos os propósitos
práticos, a resposta ocorre; é emitida sem qualquer relação com qualquer estímulo
específico.”
No experimento de Skinner, a reação (pressionar a barra) foi repetida por ter
sido seguida de um efeito agradável (aparecimento da bolinha de comida). Verificase, portanto, a Lei do Efeito, de Edward Lee Thorndike O organismo tende a repetir
a reação de efeito agradável e a não repetir a de efeito desagradável.
O efeito agradável que ocorre após o sujeito apresentar uma reação é
chamado REFORÇO. O aparecimento da bolinha de alimento é o estímulo
reforçador da reação de pressionar a barra.
Costuma-se apresentar como diferença entre condicionamento clássico e o
condicionamento operante o fato de o primeiro estar relacionado com o sistema
nervoso autônomo e o segundo, com o sistema nervoso central.
As reações involuntárias (músculos lisos) e também as relacionadas com a
afetividade parecem ser condicionadas de acordo com o condicionamento clássico
(tipo S). Por outro lado, as reações voluntárias (músculos estriados) e também as
relacionadas com os processos mentais superiores parecem ser condicionadas de
acordo com o condicionamento operante (tipo R).
5.4. Teoria do Reforço
5.4.1. Conceito
Skinner denominou reforços os eventos que tornam uma reação mais
freqüente, que aumentam a probabilidade de sua ocorrência. Por exemplo, no
experimento de Skinner, o reforço era o fornecimento de uma bolinha de comida
logo após o animal Ter pressionado a barra.
11
5.4.2. Classificação dos reforços
Skinner classifica os eventos reforçadores em positivos e negativos. Alguns
reforços consistem na apresentação de estímulos, no acréscimo de alguma coisa à
situação (por exemplo, alimento, água). Estes são chamados reforços positivos.
Outros consistem na remoção de alguma coisa da situação (por exemplo, muito
barulho, calor ou frio extremos, choque elétrico). Estes são denominados reforços
negativos.
Em ambos os casos. O efeito do reforço é o mesmo: a probabilidade da
resposta será aumentada.
Exemplos de experimentos com reforços negativos:
Mowrer (1940) usou uma gaiola em que o assoalho transmitia um choque
elétrico cuja intensidade ia aumentando gradualmente, até que (no final de um
minuto) ficava fortíssimo. Em uma das extremidades da gaiola havia um painel; se
este fosse empurrado, o choque voltava ao nível zero e aumentava (outra vez),
gradualmente.
Um rato colocado nessa gaiola, ao receber nos pés o choque elétrico, tornavase muito ativo; durante sua intensa movimentação, esbarrava no painel e o choque
voltava ao nível zero. O condicionamento era rápido: observou-se que o animal se
imobilizava contra o painel depois de o choque Ter cessado.
A aversão a certos sons é encontrada em muitos animais. Entre os ratos, são
conhecidas as convulsões audiogênicas, que se caracterizam por atividade
intensa,
alternada com tremores, prostração e rigidez.
Em um experimento, dois ratos foram colocados, diariamente, em uma caixa
experimental que continha uma cigarra de som bastante alto. A cigarra tocava
durante uma hora, cessando por um minuto, quando a barra fosse pressionada. A
resposta de pressionar a barra foi rapidamente condicionada, e o animal permanecia
perto da barra nos períodos de silêncio.
O neo-behavioristas chamam de PUNIÇÃO a apresentação de um estímulo
reforçador negativo (ou estímulo aversivo) ou a remoção de um reforçador positivo.
5.4.3. Papel do Reforço
O papel do reforço é tornar uma resposta freqüente no comportamento do
indivíduo, garantir a manutenção dessa resposta, ou, em outras, evitar sua extinção.
Vamos considerar bem esses dois termos opostos: extinção e manutenção de
uma resposta.
Extinção: é a remoção de uma resposta do comportamento de um organismo.
12
Exemplos:

O rato deixará de pressionar a barra se esta reação não mais for seguida
do aparecimento de comida

O cão deixará de aumentar sua secreção salivar se o som da campainha
não mais for seguido de alimento.
Em nossa vida diária, também observamos o fenômeno da extinção de
respostas:

Deixamos de telefonar a um amigo após várias chamadas em que seu
telefone não atenda.

Deixamos de mandar e-mail a uma pessoa após várias mensagens a que
ela deixe de responder.

Deixamos de procurar nossa caneta na bolsa após a termos procurado
inutilmente, várias vezes, por a havermos perdido.
Manutenção de uma resposta é o oposto de extinção. Esse assunto foi
estudado por Pavlov, por Skinner e outros.
Para a manutenção da reação salivar condicionada em cães, Pavlov fazia,
periodicamente, a apresentação do reforço (alimento) juntamente com o som da
campainha.
Os experimentadores têm-se ocupado com o papel do reforço, investigando
vários aspectos desse assunto, tais como a quantidade de reforço para cada reação,
o número de reforços, a demora do reforço, etc.
5.4.4. Conclusões
Desde 1950 tem-se expandido muito o estudo do condicionamento operante,
não apenas usando ratos, mas também animais de outras espécies e ainda seres
humanos.
A aplicação prática que se tem feito dos estudos experimentais do
condicionamento operante é baseada na eficácia da administração sistemática de
recompensas (reforços) a um organismo, quando queremos que ele apresente
certas reações.
Essa aplicação prática requer que se faça o levantamento dos eventos que
reforçam um dado indivíduo. Controlemos as reações, utilizando as conseqüências
reforçadoras. Isto é importante em todos os campos em que o comportamento figura
em destaque: educação, governo, família, clínica, indústria, etc..
13
Exemplos:
- O industrial que deseja que seus empregados trabalhem com eficiência
precisa providenciar para que o comportamento deles esteja sendo reforçado
convenientemente, não somente com salários, mas também com adequadas
condições de trabalho.
- Para ensinar uma criança a ler, a jogar bem um jogo, etc. precisamos elaborar
um programa de reforços educacionais no qual as respostas adequadas sejam
“recompensadas” sistematicamente.
- Em educação, faz-se a “modelagem” do comportamento, isto é, reforça-se
cada resposta que se aproxima da resposta desejada.
5.4.5. Instrução Programada
Skinner formulou um método didático conhecido como Instrução programada
ou aprendizagem programada.
É um método de ensino individual que leva o aluno a estudar sem a
intervenção direta do professor.
Apresenta-se sob a forma de textos especiais (livros ou apostilas) ou, ainda,
de “máquinas de ensinar”.
As características deste método são: a matéria a ser aprendida é apresentada
em pequenas partes; estas são seguidas de uma atividade cujo acerto ou erro é
imediatamente verificado (nisto consistindo o reforço). O estudo é individual e o
aluno progride em sua própria velocidade.
SUGESTÃO DE LEITURA:
Skinner, B. F. Walden Two, São Paulo, EPU, 1977.
FONTE
http://www.ambm.org.br/professoraieda/paginas/ano1.htm
Download