RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA REMOÇÃO DE CONTAMINANTES EM ÁGUAS RESIDUÁRIAS ATRAVÉS DE ADSORÇÃO E FILTRAÇÃO EM VIDRO RECICLADO Nome do(a) Proponente ou Orientador(a):.Everton Skoronski Nome do(a) Bolsista: Deyse Gonzaga Gomes Campus/Unidade: Tubarão Data do Relatório: 15/09/08 Tipo do Projeto: ( ) PUIC Disciplina ( ) PUIC Continuado ( x ) PUIC Individual 1. Introdução A preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida constituem uma preocupação cada dia mais evidente da sociedade. Neste contexto e como produto de diferentes atividades antrópicas, a discussão acerca da acumulação de metais pesados em alimentos, no solo e na água de consumo humano, tem sido uma constante. (FERNADES, et, all, 2007) A água vem-se tornando uma das maiores preocupações mundiais, dada uma possível crise mundial de abastecimento (POSTEL et al., 1996). Gasi, 1988, afirmou que existem diferentes alternativas para a recuperação ou tratamento de águas residuárias de origens doméstica, industrial ou agrícola, muitas delas complexas e onerosas e outras simples e de baixo custo. O tratamento de águas residuais é efetuado para evitar condições inaceitáveis tais como: Risco para a saúde pública Poluição dos recursos hídricos para os quais são descarregados efluentes – rede hidrográfica, lagos e o mar – até ao ponto que danifica a flora e a fauna aquática ou em que limitam atividades econômicas, sociais e de recreio normais como conseqüência de contaminação ou desoxigenação; Poluição do ambiente em geral, sob a forma de odores desagradáveis ou paisagem alterada e contaminação das águas subterrâneas. Os profissionais que se dedicam a pesquisas relacionadas ao tratamento de água estão sempre almejando o aperfeiçoamento dos processos e operações unitárias existentes ou desenvolvimento de novas tecnologias, visando reduzir custos e aumentar a eficiência do tratamento. (DI BERNARDO, 2003) A industrialização de muitas regiões aumentou a geração de efluentes contendo metais pesados. A maioria dos metais pesados é prejudicial a uma variedade de espécies vivas, incluindo os seres humanos (RODRIGUES, F. R. et al, 2006). Métodos convencionais de tratamento de efluentes contendo metais pesados como precipitação, oxidação ou redução, filtração, troca iônica, tratamento eletroquímico, dentre outros, são muitas vezes restritos por inviabilidade técnica e/ou econômica, especialmente quando os metais estão dissolvidos em grandes volumes de água e em concentrações relativamente baixas (RODRIGUES, F. R. et al, 2006). A adsorção é a adesão de moléculas de um fluido, o adsorvido, a uma superfície sólida, o adsorvente. O grau de adsorção depende da temperatura, da pressão e da área da superfície, sendo que quanto mais poros haver no adsorvente, maior será a adsorção. As forças que atraem o adsorvato podem ser químicas ou físicas. A adsorção é uma operação unitária bastante utilizada no tratamento de água potável, água de serviço e efluentes industriais. Os processos de adsorção utilizados na remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos podem ser representados, de modo simplificado, pela reação A + B AB, em que A representa a substância adsorvida (adsorvato) e B, o adsorvente. (DI BERNARDO, 2003) Diversos tipos de forças químicas, como ligações de hidrogênio, interação dipolo-dipolo e forças de Van de Waals, são responsáveis por manter os compostos na superfície do adsorvente (DI BERNARDO, 2003). Uma das mais importantes características de um adsorvente é a quantidade de substância que pode ser retida na superfície do mesmo. Há muitos modelos matemáticos que procuram descrever a relação entre a quantidade de adsorvato por unidade de adsorvente e a concentração de adsorvato na água, sendo os mais comuns os de Freündlich e Langmuir (DI BERNARDO, 2005) O principal adsorvente utilizado na indústria é o carvão ativado obtido a partir da reação com vapor de água em alta temperatura (SUZUKI, 1990). Embora apresente um adsorvente viável, técnica e economicamente, alguns outros materiais além do carvão ativo podem ser reaproveitados e serem aplicados como adsorventes, puro ou combinados, com carvão ativado. Um desses materiais que poderia ser empregado como adsorvente é o vidro. Atualmente, o vidro representa aproximadamente 7,5% do peso total do lixo doméstico gerado. 2. Objetivos 2.1 Objetivo Geral Este estudo tem o objetivo de promover reaproveitamento de vidros descartados em laboratórios e de viabilizar a sua reutilização na remoção de contaminantes em águas residuárias através de adsorção e filtração. 2.2 Objetivos Específicos Avaliar parâmetros físico-químicos na filtração. Estudar o comportamento do vidro na adsorção de alguns metais e de azul de metileno. Avaliar parâmetros físico-químicos do meio a ser adsorvidos. Realizar tratamento no vidro para melhor sua capacidade de adsorção. 3. Material e Métodos Preparação do material adsorvente O material adsorvente foi obtido a partir de vidrarias danificadas. As vidrarias foram lavadas com detergente e água corrente e secas em estufa a 100°C. Após, o vidro foi moído em um moinho de bolas e peneirado em peneiras da série Taylor, a fim de se obter uma granulometria mais homogênea, sendo que para a condução dos ensaios de adsorção foi utilizado o material com um diâmetro médio de 0,127 nm. Adsorção Para avaliar a capacidade de adsorção foram preparadas soluções de diferentes concentrações de ferro, fenol, cobre e azul de metileno, como disposto na tabela seguinte: Tabela 01 - Concentrações dos contaminantes utilizados no estudo Contaminante Concentração (mg.L-1) pH Fenol 1, 25, 40, 60, 75, 90 e 100 6,0 Ferro 2, 4, 6, 8 e 10 6,0 e 8,0 Cobre 2, 4, 6, 8 e 10 6,0 e 9,0 Azul de metileno 0,001; 0,005; 0,01; 0,02 e 0,03 6,0 e 9,0 Cada solução teve um volume de 50 mL adicionado em um erlenmeyer com 2,5 g de vidro previamente preparado e teve seu pH ajustado com uma solução tampão. As soluções foram mantidas em agitação. Após 30 minutos de agitação, as soluções foram filtradas. A eficiência da adsorção foi verificada através do monitoramento da concentração do contaminante com técnica calorimétrica em Espectroscopia de Infravermelho Visível. Com os dados obtidos foi calculado o carregamento de cada amostra, ou seja, a quantidade do contaminante (mg), adsorvida por grama de vidro, através da expressão: qeq c 0 ceq .V m equação 1 Onde qeq é o carregamento, Co e Ceq as concentrações iniciais e finais do contaminante em solução (mg.L-1), respectivamente. V é o volume da solução e m a massa de vidro. Determinado os carregamentos, foram traçadas as isotermas de adsorção, onde cada curva é constituída com o carregamento do vidro em função da concentração do contaminante. 4. Resultados: Os resultados obtidos encontram-se em forma de isotermas. Ferro Figura 01: Isotermas de Freündlich para ferro (a) pH = 6,0 (b) pH = 8,0 Figura 02: Isotermas de Langmuir para ferro (a) pH = 6,0 (b) pH = 8,0 Fenol Figura 03: Isotermas do fenol em pH = 6,0, (a) Freündlich (b) Langmuir Cobre Figura 04: Isotermas de Freündlich para cobre (a) pH = 6,0 (b) pH = 9,0 Figura 05: Isotermas de Langmuir para cobre (a) pH = 6,0 (b) pH = 9,0 Azul de metileno Figura 06: Isotermas de Freündlich para azul de metileno (a) pH = 9,0 Figura 07: Isotermas de Langmuir para azul de metileno (a) pH = 6,0 (b) pH= 9,0 5. Conclusões Independentemente da tecnologia de tratamento de água, para obter resultados satisfatórios é importante identificar os fatores que interferem nos processos e operações envolvidos e estabelecer corretamente os parâmetros de projeto e de operação. (DI BERNARDO, 2003) As isotermas mostram que houve uma adsorção significativa do vidro reciclado em todas as soluções testadas. Com exceção da solução de azul de metileno, todas as outras obtiveram bons ajustes nas isotermas de Langmuir e Freündlich. Esse trabalho demonstra a potencialidade de aplicação de vidro reciclado na adsorção de metais. Estudos devem ser conduzidos visando aumentar a capacidade de adsorção do material adsorvente, bem como verificar a possibilidade de adsorção de outros compostos. 6. Referências GASI, T. M. T. Opções para tratamento de esgotos de pequenas comunidades. São Paulo: CETESB, 1988. 36p. (Série Manuais, 3) POSTEL, S. L.; DAILY, G. C.; EHRLICH, P. R. Human appropriation of renewable fresh water. Science, v.271, p.785-788, 1996. FERNANDES, R.B.A.; LUZ, W.V.; FONTES, M.P.F.; FONTES, L.E. F. Evaluation of heavy metal concentrations in vegetable crop cultivation areas in Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 2007, vol.11, n. 1, ISSN 1415-4366. DI BERNARDO, L., Tratamento de água para abastecimento por filtração direta. Rio de Janeiro: Rima, 2003. DI BERNARDO, L., Métodos e técnicas de tratamento de água. Rio de Janeiro: Rima, 2005. RODRIGUES, F., R., et al. Adsorção de metais pesados em serragem de madeira tratado com ácido cítrico. Engenharia sanitária ambiental. Vol 11 – n 1, jan/mar 2006. SUZUKI, M. Adsorption engineering. Elsevier, 1990.